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Intensivão da Produção

Por Guilherme Cysne


Objetivo do Workshop

- Entender os principais aspectos e etapas da produção


musical, listando os conhecimentos prioritários e urgentes
para se caminhar no sentido de um resultado profissional.

- Organizar o estudo e poupar anos de garimpo na internet.


● Equipamentos
● Estrutura e montagem do
estúdio

Tópicos Gerais
● Softwares
● Gravação
● Edição
● Mixagem
● Masterização
● Conclusões
Equipamentos

- Computador

- Interface de Áudio

- Microfones

- Monitores

- Acessórios: teclado MIDI, pedestal,


pop filter.

- Pré externo e Mesa de Som.


Computador

- É a peça principal do estúdio. Armazena e processa o áudio.

- Hoje em dia, mesmo arquivos de alta resolução são facilmente processados e


armazenados por computadores atuais simples (5 anos para cá).

- Não é necessário usar máquinas de marca.

- Não é necessário ter super configurações.


Interface de Áudio

- Faz a conversão do sinal elétrico em dados de computador. Separa o mundo real


do virtual.

- Resolução mínima: 24/44.1

- Deve possuir: pelo menos 1 canal (mic e inst), com pré, Phanton Power, saída
para monitores/fones, conexão USB 2.0.
Microfones
- Transdutores de sinal. Transformam o som mecânico em sinal elétrico.

- Regra geral: Dinâmicos (menos sensíveis) / Condensadores (mais sensíveis).

- Aspectos principais de escolha do mic na gravação:

● Versatilidade: quanto maior a extensão de frequência e mais equilibrada, mais versátil é o


mic. Analisar a curva de frequência.

● Sensibilidade: Volume da fonte x sensibilidade do mic / Relação sinal-ruído.

● Padrão polar: cardióide / Microfone = lanterna.

- Qual microfone comprar primeiro? Ideal: um dinâmico e um condensador.


Monitores

- São caixas de som para acompanhamento auditivo da produção.

- Prioritário: extensão de frequência / imagem stereo convencional.

- Secundário: definição / fidelidade. $$$

- Devem ser ativos, para não precisarem de amplificação externa.

- OBS: Não são substituídos totalmente por fones.


Pré externo e Mesa de som

- Pré: dá ganho nos sinais elétricos que entram no sistema.

- Mesa: centro de controle de um estúdio/palco.

- Não são necessários no universo do Home Studio porque as interfaces de áudio


geralmente possuem prés interno eficientes; e as DAWs (softwares principais)
fazem justamente a função da mesa de som.
Acessórios

- Teclado MIDI - controla instrumentos virtuais através de linguagem MIDI.

- Pop filter - protege o microfone de sopros.

- Outros: pedestais, cabos, afinador, plugs e conectores.


Estrutura e
montagem

- Cômodos

- Problemas acústicos

- Montagem

- Limitações e paliativos
Cômodos

- Condições ideais:

● Dimensão de 70 m³ a 100 m³ (m³ = largura x comprimento x altura)

● Poucos paralelismos.

● Espalhamento sonoro homogêneo. (cálculos de ressonância, reverberação, outros).

- Não é comum que Home Studios atendam às condições ideais.

- OBS: Um cômodo maior é melhor do que dois pequenos. Cuidado com subdivisões.
Problemas acústicos
- Isolamento - controle sobre entrada e saída de som do ambiente. Envolve obra e
compra de materiais caros.

- Tratamento - controle da qualidade do som dentro de um ambiente.

● Ondas estacionárias, mascaramentos, flutter eco, má distribuição de frequências,


etc...

- Basicamente, a correção se dá através do uso de material absorvedor e difusores,


com dimensões e densidades adequadas e estrategicamente posicionados. NÃO
adianta encher de espuma!
Montagem

- Proporcionalidade. Elementos distribuídos de forma homogênea.

- Monitores devem ter dimensão adequada e respeitar as distâncias previstas no


manual. Ideal: 5”

- Monitores devem estar na altura da cabeça do técnico e mecanicamente


isolados.

- No Sweet spot (ponto audição) deve haver a formação de triângulo equilátero


entre técnico e monitores.
Limitações e paliativos
- Como vimos é muito difícil iniciar um Home Studio atendendo a todas as condições ideais. Essa não
deve ser uma preocupação inicial e sim uma busca de médio longo prazo.

- Existem paliativos para contornar a maioria dos problemas mais comuns. Estude o comportamento do
seu ambiente, detecte seus reais problemas antes investir em correções. (apostila)

- De qualquer forma, é necessário respeitar as limitações da sua estação de trabalho. Não force a barra.
Se necessário terceirize algumas etapas da produção.

- O mais IMPORTANTE é não deixar de produzir música por conta de limitações estruturais ou de
equipamentos. É possível adquirir conhecimento e ter ótimos resultados, mesmo no início, sob
condições adversas. NÃO PERCA TEMPO!
Softwares

- Sistema Operacional

- Asio

- Painel de controle da interface

- DAW

- Plugins
Sistema Operacional

- É o sistema principal instalado no seu computador. As opções são de 32 ou 64


bits, dependente de seu processador.

- Sistemas operacionais 32 bits possuem um limite menor para uso de RAM, por
isso 64 bits é mais indicado.

- Sua DAW e Plugins serão relativos ao SO.

- Dica: Windows resolve a sua vida. Pode acreditar.


Asio

- Não é um software e sim um protocolo criado pela Steinberg. Permite a


interação entre softwares e interface com baixa latência.

- Em plataformas PC, a interface de áudio precisará de um driver Asio instalado


no SO e que será indicado na DAW, para reconhecimento da mesma.

- Obs: Boas marcas dão assistência de atualização de drivers por muitos anos.
Fique ligado.
Painel de Controle da Interface

- A maioria das Interfaces de áudio possuem um software que controla várias


funções do equipamento.

- Dentre as mais importantes estão o roteamento e mix dos sinais, controle de


buffer size e resolução.

- Obs: Boas placas oferecem painéis de controle bastante completos e com


funções extras que podem facilitar sua vida.
DAW

- Sigla de Digital Audio Workstation. É um tipo de software principal, que


coordena todos os equipamentos e processos da produção musical.

- Uma boa DAW deve ser capaz de:

● Gravar e editar áudio e MIDI com recursos vastos.

● Rodar os principais protocolos de plugins.

- NÃO EXISTE A MELHOR DAW (repita diariamente por 15 min)


Plugins

- São softwares extras que rodam dentro da DAW, adicionando funções extras a
esta. Possuem diferentes protocolos, sendo o VST mais conhecido e usado.
- Os plugins podem ser divididos em quatro categorias: Tratamento / Edição /
Medição e Instrumentos. As 3 primeiras categorias são bem servidas na maioria
das DAWs (plugins nativos), já a última é menos e geralmente é necessário
completar com softwares extras.
- Dica: Plugins Free são uma ótima opção. Home Studio Livre
- Obs: evite excesso de plugins (Pacote Waves / Fabfilter).
Gravação

- Pré-produção

- Áudio

- MIDI

- Timbre e execução
Pré-produção

- É a fase de preparação, antes de começar a “fabricação” de sua música.

- Realize reuniões, defina conceitos e estéticas.

- Ensaie e corrija as composições (tonalidade/andamento/arranjos/letras…).

- Defina um dead line e um cronograma.

- Agende e providencie todos os preparativos.


Áudio

- Também conhecida como captação é a fase de registro dos elementos musicais. Atualmente, o
processo mais comum é a gravação de cada elemento individualmente.

- Formato ideal: Wav (ou qualquer outro arquivo sem perdas) com resolução de 24/44.1

- Regra de ouro: não deixe clipar. No sistema digital temos um limite de intensidade de volume que não
deve ser ultrapassado: 0 dB.

- Nível ideal: Picos entre -10 a -5 dB (utilize um medidor de Peak da DAW).

- Obs: não é mais necessário gravar sinais “hot” (próximos de 0 dB). Monitorar esse limite só irá te
desconcentrar em relação ao que realmente interessa.
MIDI
- Atualmente, no universo digital, é comum o uso de instrumentos virtuais que utilizam linguagem MIDI.

- Os instrumentos virtuais são de dois tipos: Sintetizadores (que criam o som) e Samplers (que
reproduzem amostras pré-gravadas).

- Não é necessário ter um dispositivo MIDI dedicado. A princípio, pode-se usar o teclado do computador
ou escrever manualmente.

- O instrumento MIDI é gravado da mesma forma que um instrumento convencional, porém num
formato diferente.

- Para alterar o resultado da gravação, basta acessar a janela de edição MIDI. Muitos parâmetros podem
ser modificados para aprimorar uma execução. É simples e rápido.
Timbre e execução
- O foco da etapa de Gravação é tirar um bom timbre e conseguir uma boa execução.

● Timbre: bom instrumento (não quer dizer $$$), regulado, cordas/peles novas, boa
condição de captação (equipamento/estrutura/tempo).

● Execução: bom músico/cantor, ensaiado, boa condição de captação.

- Não perca tempo com ensaio, criação, conferência de arranjos e outras distrações. Tenha
tudo planejado (boa pré-produção).
Edição

- Tempo

- Limpeza

- Afinação

- MIDI
Tempo

- Conceito: a fase de Edição cuida do aprimoramento e correção das execuções.


Não existe milagre, quanto pior a execução, mais artefatos negativos.
- Na edição de tempo, os itens gravados são deslocados para a posição correta.
- Grid: grade de subdivisão dos compassos, que deve ser regulada de acordo com
o arranjo musical. Obs: domínio rítmico é muito importante.
- Dica: em 90% das vezes, utilizo edições manuais para os itens de áudio, porque
consigo estar mais atento aos detalhes e evitar artefatos.
Limpeza

- As edições de limpeza dizem respeito à retirada de todo conteúdo não útil das
tracks. Mesmo gravações profissionais podem possuir vazamento e/ou ruídos
indesejados.
- As limpezas geralmente são pontuais retiradas manualmente, ou gerais,
retiradas com recursos automáticos.
- Os dois recursos automáticos mais comuns são o Gate e o Noise Suppressor.
- O Gate muta o conteúdo entre as execuções e o Noise Suppressor suprime os
conteúdos simultâneos à fonte.
Afinação
- A afinação é um ponto crítico e uma preocupação ao longo de todo processo de produção.
Todo cuidado e planejamento prévio para evitar desafinações devem ser tomados, pois
mesmo os recursos de edição mais avançados, são limitados e deixam artefatos negativos,
principalmente fontes com somas de sons (instrumentos de harmonias, coros…).

- Uma das ferramentas mais eficientes, principalmente na afinação de sons consecutivos


(melodias), é o software Melodyne.

- Nele o som se apresenta graficamente de uma forma especial e pode ser manipulado
através de diferentes ferramentas.
Mixagem

Conceito: A fase de Mixagem visa a preparação de


uma mistura harmoniosa dos elementos,
minimizando conflitos e valorizando a estética.

- Levelling

- Equalização

- Compressão

- Ambiência
Levelling

- Praticamente todos os processos afetam comportamento de volume do


material, de forma que dominar a prática com volumes (levelling) é uma das
principais habilidade na mixagem.

- Resumo: Adequar volume int. ( - 3 dB Peak e -18 dB LUFS) + volume ext. (alto,
porém confortável).

- Dica: assista a aula de Levelling no Youtube.


Equalização

- O equalizador altera o conteúdo de frequências de um material e serve tanto


para corrigir conflitos, quanto para valorizar a estética.

- Resumo:

● Compreenda as diferentes bandas do Eq.


● Domine os grupos /fenômenos / alvos (fenômenos por elemento).
- Dica: estude uma tabela de equalização.
Compressão
- O compressor controla a variação de intensidade de volume de um elemento.

- O compressor e equalizador são os principais responsáveis pela “cola” da mix. Evitando saltos dos
elementos, seja por frequência ou dinâmica. A cola é um dos principais atributos de uma boa mix.

- O compressor tem alto poder de correção/valorização de um timbre, porém é bem menos intuitivo do
que o equalizador.

- Resumo:

● Domine os parâmetros do compressor.


● Domine os raciocínios, principalmente as combinações de Attack e Release.
- A princípio, evite compressores com muitos parâmetros fixos e não visíveis (como algumas emulações
de hardware) .
Ambiência
- Numa condição controlada de estúdio, geralmente grava-se os elementos com o mínimo de influência
do ambiente. Fonte isolada.

- A audição de elementos excessivamente secos não é prazerosa e a reconstrução das ambiências


através do uso de softwares é um processo comum da etapa de Mixagem.

- As duas principais ferramentas para essa finalidade é o Reverb e o Delay, que simulam o resultado da
interação do som com o ambiente.
- O Reverb simula o efeito de reverberação (prolongamento do som) e o Delay simula o efeito de eco
(repetição do som).
- A princípio, utilize presets para os Reverbs e domine os parâmetros do Delay. É comum o uso desses
efeitos em Bus FX (tracks dedicadas aos efeitos e que recebem o sinal de outras tracks).
Masterização

- Aprimoramento da Mix

- Limiter

- Em que volume finalizar?

- Exportação
Aprimoramento da Mix
- Não existe um conceito muito claro para a etapa de Masterização. Didaticamente, divido
em duas fases: aprimoramento / finalização.

- A fase de aprimoramento refere-se aos tratamentos gerais sobre a mix e não track à track.
Ou seja, deixa-se de misturar elementos e aborda-se a mistura como um todo.

- As ferramentas usadas nessa fase variam entre os técnicos, mas é comum que sejam
usadas: equalizadores, exciters, stereoizers, compressores e outras.

- Dica: a princípio, concentre-se em compreender o uso de compressão lenta para


aprimoramento da cola da mix.
Limiter
- Na fase de finalização da produção, uma das principais preocupações é atingir um volume
que atenda aos padrões comerciais.

- Geralmente é utilizado uma ferramenta chamada Limiter, que protege o sistema contra
sobrecarga de picos que podem gerar clips e que por isso, permite a elevação do volume
da música.

- O Limiter possui um uso simples: configura-se o teto de saída para um valor próximo do
limite de sobrecarga do sistema digital (0 dB) e adiciona-se ganho ao material até atingir o
nível desejado.

- Na prática, o Limiter funciona como uma espécie de Compressor radical.


Em que volume finalizar?
- Uma pergunta comum, até mesmo entre estudantes de nível intermediário. A resposta é que não existe
um padrão comercial definitivo. Este costuma variar de acordo com a finalidade da produção.

- Atualmente dois padrões se destacam como os mais comuns: CD e Streaming (Spotify, Youtube,
iTunes).

- Finalizações para CD tendem a volumes bastante altos: - 0.2 Peak / 8 a 6 dB LUFS.

- O problema é que o uso de Limitação radical para alcance de volumes altos tem degradado a qualidade
das produções em geral.

- Por isso, finalizações para Streaming seguem orientação de organizações sérias do áudio, que sugerem
níveis mais saudáveis de volume: -1 dB Peak / 16 a 14 LUFS.
Exportação
- Após os procedimentos de master, a música está pronta para a exportação.

- Na DAW deve-se definir as configurações do arquivo final:

● Arquivo stereo, sem perdas (Wav, Aiff…)


● Resolução 16/44.1 (padrão CD)
- É comum o uso de Dither, um recurso que permite a redução da resolução de 24/44.1
utilizada ao longo da produção, para a resolução final de 16/44.1, com o mínimo de
degradação.
Conclusões
Conclusões

- NÃO existe MELHOR nem PIOR em áudio. Respostas rápidas não são precisas.
Não tenha preguiça, pesquise o que se adapta melhor para você.
- Leia o manual e domine bem os recursos de uma DAW, mas não tenha medo de
explorar outras.
- Estude teoria musical. Vai auxiliar principalmente na pré, gravação e edição.
- “Arranhe” o máximo de instrumentos que conseguir. Vai te dar intimidade e
sotaque em diferentes universos.
Conclusões

- Conhecimento > Equipamento / Estrutura / Softwares

- Bons recursos podem te ajudar, mas não te salvar.

- Foque primeiro em ter um bom resultado. Deixe valores agregados para depois (usar
analógico, contratar estúdios e profissionais renomados).

- Cuidado com os mitos.

- Não seja “Maria vai com as outras”. Cuidado com o uso de receitas, sem fundamento.

- Cuidado com o GARIMPO DE CONTEÚDO.

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