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Carlos Augusto da Silveira Paulo Ferreira Chor Joana Ferreira Carolina de Oliveira Brasil

Lobo
José-Ricardo Pereira Lira Juliana Zielinsky Yonenaga Frederico Souza Gabriela Barbero R.
Goulart
Sérgio Vieira Miranda da Silva Alessandro Torresi Rafael Barbosa da Silva Beatriz Peralva Avella
Frederico Kastrup de Faro Daniela Cunha Atem Gabriela Cristina Monteiro Flavio Ahmed
Joana Maciel Ribeiro Marcos Rolim da Silva Maria Eduarda B. Maria Luiza Faveret
Gamborgi

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DESEMBARGADOR(A) RESPONSÁVEL PELO


PLANTÃO DA SEÇÃO DE DIREITO PÚBLICO DO E. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
ESTADO DE SÃO PAULO

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SHOPPING CENTERS – ABRASCE​, ​ASSOCIAÇÃO


CIVIL inscrita no CNPJ sob o nº 42.585.588/0001-32, com sede na Cidade e Estado de São
Paulo, na Rua Castilho, nº 392, 19º andar, Brooklin Paulista, CEP 04.568-010, vem, por seus
advogados ao final assinados (​Doc. nº 1​), com fundamento nos arts. 5º, LXX, “b”, da
Constituição Federal, e 1º da Lei nº 12.016/2009, impetrar o presente

MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO​, ​COM PEDIDO DE LIMINAR​,

com o objetivo de coibir violação a direito líquido e certo de seus associados, causada por
inconstitucional, ilegal, desproporcional e irrazoável ato praticado pelo Exmo. Sr.
GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO​, ​Sr. João Doria, domiciliado no Palácio dos
Bandeirantes, na Av. Morumbi, nº 4.500, bairro Morumbi, São Paulo/SP, CEP nº 05.650-905,
ato esse consistente na edição do Decreto Estadual nº ​(...)​, ​o qual reestabelece a Bandeira
2

Vermelha de classificação de risco, para os efeitos do Decreto nº 64.994/2020 (Plano


São Paulo), nos dias 25 e 27 de dezembro de 2020 e 01 a 03 de janeiro de 2021, com
evidentes, irreversíveis e ilegais prejuízos ao setor de ​shopping centers​, pelas razões a
seguir expostas:

.I.
POSSIBILIDADE DE AJUIZAMENTO DO ​WRIT
NO PLANTÃO JUDICIAL DA 2​ª​ INSTÂNCIA DO E. TJSP

O presente mandado de segurança é impetrado contra ato do Governador do Estado


de São Paulo, autoridade que goza da prerrogativa de foro estabelecida pelo art. 74, inc. III,
da Constituição Estadual de São Paulo, ​in verbis​:

Artigo 74 - Compete ao Tribunal de Justiça, além das atribuições previstas nesta Constituição,
processar e julgar originariamente:
(...)
III - os mandados de segurança e os “habeas data” contra atos do Governador, da Mesa e da
Presidência da Assembleia, do próprio Tribunal ou de algum de seus membros, dos
Presidentes dos Tribunais de Contas do Estado e do Município de São Paulo, do
Procurador-Geral de Justiça, do Prefeito e do Presidente da Câmara Municipal da Capital;
(...).

Por tal motivo, este ​writ se amolda à hipótese descrita no art. 1º, inc. I, da Resolução
nº 71 do Conselho Nacional de Justiça, in verbis:

Art. 1º O plantão judiciário, em primeiro e segundo graus de jurisdição, conforme a previsão


regimental dos respectivos Tribunais ou juízos, destina-se exclusivamente ao exame das
seguintes matérias:
(...)
I – pedidos de habeas corpus e mandados de segurança em que figurar como coator
autoridade submetida à competência jurisdicional do magistrado plantonista; (​ ...).

Acrescente-se que, segundo o art. 2º, ​caput​, do Provimento CSM nº 2014/2012:

“​(...) ​a competência do plantão de Segunda Instância se destina, exclusivamente, ao exame


das matérias previstas na Resolução 495/2009 (matérias a que aludem o artigo 1º do
Provimento nº 579/97, com a redação alterada pelo Provimento nº 1.154/06 e os artigos 3º e
7º do Provimento nº 654/99, ​observado, ainda, o disposto na Resolução nº 71 do
Conselho Nacional de Justiça, quando a autoridade envolvida sujeitar-se à competência
do Tribunal de Justiça​), no Provimento nº 1.950/2012 e no Provimento nº 2.005/2012​”​.
3

Logo, demonstrado está que o ajuizamento desta demanda perante o Plantão Judicial
de 2ª Instância encontra perfeito fundamento nas normas regulamentares aplicáveis.

.II.
O OBJETO DO ​WRIT

.II.1.
Considerações iniciais
A ilegal e inconstitucional proibição de funcionamento
presencial dos shopping centers, nos dias 25 a 27 de dezembro, e 01 a 03 de janeiro

A Associação Brasileira de Shopping Centers – ABRASCE é entidade de classe


legalmente constituída e em funcionamento desde 1976 (art. 1° do Estatuto Social anexo –
Doc. n° 01​), com intensa atividade em todos os estados do país, possuindo relevante
atuação na defesa dos interesses dos seus associados, inclusive no Estado de São Paulo,
local de sua sede, onde congrega, como afiliados, os principais shopping centers do Estado
(vide a anexa lista de associados – ​Doc. n° 02​).

Na posição de entidade responsável pela representação adequada do setor de


shopping centers (conforme reiteradamente reconhecido por esse e. TJSP e, também, pelo
e. Supremo Tribunal Federal), a Impetrante se viu obrigada a interceder em prol de seus
associados, tendo em vista as inconstitucionais restrições impostas ao setor de shopping
centers, decorrentes do Decreto Estadual de São Paulo nº ​(...)​, publicado no Diário Oficial do
dia ​(...)​.

Importante de pronto salientar que o ato ora impugnado constitui medida inteiramente
estranha a todas as políticas públicas de combate à pandemia de COVID-19 até aqui
implementadas em qualquer dos estados do país, aí incluídas aquelas praticadas em São
Paulo – SP, até ontem.

Observe-se que, desde o início da pandemia, as autoridades vêm determinando


providências do tipo: “​a contar desta data, somente serviços essenciais podem funcionar​”; ou
“​o comércio fica autorizado a funcionar de __hs a __hs​”, entre outras possibilidades. De
tempos em tempos, a regulação do comércio é revista, em linha com a estratégia de
enfrentamento da doença.

No caso do ato aqui impugnado, a imposição do ​Exmo. Sr. Governador de Estado​,


porém, é inteiramente desconectada de qualquer padrão de política sanitária de compate à
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COVID 19. Aleatoriamente, sem explicação lógica, o Executivo decidiu fechar o comércio
nos dias 25 e 27 do mês em curso, autorizando a reabertura nos dias 28, 29, 30 e 31, para,
adiante, fechar novamente os estabelecimentos, mas apenas nos dias 01, 02 e 03 de janeiro
de 2021, liberando o comércio a partir do dia 04 subsequente, sem nova previsão de
fechamento.

Sobrevém, então, a pergunta inevitável: por que o comércio não deve abrir nos dias
25, 26 e 27, mas pode funcionar nos dias 28, 29, 30 e 31?! Porque, após funcionar na
semana do dia 31, o comércio deve fechar nos três dias iniciais de janeiro, para retomar
suas atividades logo em seguida, a partir do dia 04?!

Como esse “feriados” – indesejados, aleatórios e infundados - seriam capazes de


controlar a pandemia? Que outra cidade, no Brasil e no mundo, adotou esse sistema artificial
de intercalação de dias úteis, cujo único efeito é desorganizar o funcionamento das
empresas e sua estrutura de pessoal, em período especialmente caro às atividades
comerciais.

A inusitada da determinação governamental mais parece atender a expectativas


midiáticas do que ao interesse da população, que vem manifestando nos veículos de
imprensa sua incompreensão (e incorformismo) com esse exótico lockdown casual e
aleatório, aos soluços, o qual, a todas as luzes, não tem a menor chance de influir no
processo pandêmico.

Mas se o ato coator é bizarro para o comércio em geral, sua existência, tida como
ordem de fechamento dos shopping centers, constitui verdadeira aberração jurídica.
Vejamos.

.II.2.
Histórico de medidas governamentais, até o Ato Coator

Tal Decreto – embora ​sui generis – é apenas o capítulo mais recente da extensa lista
de medidas tomadas pelo Estado de São Paulo, tendo como justificativa a contenção do
avanço da pandemia da COVID-19, com profundo impacto sobre o setor de comércio e
shopping centers.

Em primeiro lugar, expediu-se o Decreto Estadual nº 64.881, de 22.03.2020 (​Doc nº


x​), cuja vigência foi estendida até o dia 04.01.2021 pelo Decreto Estadual nº 65.320, de
30.11.2020 (​Doc. nº x​). O Decreto nº 64.881, desde sua redação original, continha restrição
ao funcionamento de shopping centers mediante atendimento presencial, conforme redação
5

abaixo:

“Art. 1º Fica decretada medida de quarentena no Estado de São Paulo, consistente em


restrição de atividades de maneira a evitar a possível contaminação ou propagação do
coronavírus, nos termos deste decreto.

Art. 2º Para o fim de que cuida o artigo 1º deste decreto, fica suspenso:
I-o​ atendimento presencial ao público em estabelecimentos comerciais e prestadores de
serviços, especialmente em casas noturnas, "s ​ hopping centers​", galerias e
estabelecimentos congêneres, salões de beleza e barbearias, academias de esporte de todas
as modalidades e centros de ginástica, ressalvadas as atividades internas;”.

Nada obstante a gravidade das medidas impostas pelo Poder Público, o setor de
shopping centers apresentou postura absolutamente colaborativa, não tendo apresentado,
em momento algum, oposição às restrições adotadas pelo Estado de São Paulo.

E, após longos dois meses de fechamento quase completo dos shopping centers
(com exceção de serviços essenciais e alguns serviços passíveis de atendimento via ​delivery
ou ​drive thru​), o Estado de São Paulo institituiu, mediante o Decreto nº 64.994, de 28 de
maio de 2020 (​Doc. nº x​), o Plano São Paulo, voltado a possibilitar a reabertura gradual do
comércio e serviços, através de um monitoramento constante das condições epidemiológicas
de cada região do Estado, definida pela circunscrição de seu respectivo Departamento
Regional de Saúde​1​.

Para que ocorresse tal reabertura gradual, referido Decreto estabeleceu critérios de
classificação de cada região em quatro fases, denominadas Vermelha (Fase 1), Laranja
(Fase 2), Amarela (Fase 3) e Verde (Fase 4), conforme definido por seu art. 5º:

“​Art. 5º As condições epidemiológicas e estruturais a que alude o artigo 3º deste decreto


determinarão a classificação das áreas de abrangência dos Departamentos Regionais de

1
A divisão regionalizada do monitoramento das condições epidemiológicas, tendo como critério os Departamentos
Regionais de Saúde, foi determinada pelo art. 3º do Decreto Estadual nº 64.994:
“​Art. 3º Para fins do disposto no artigo 2º deste decreto, as condições epidemiológicas e estruturais no Estado serão
aferidas pela medição, respectivamente, da evolução do COVID-19 e da capacidade de resposta do sistema de saúde.
§ 1º A evolução do COVID-19 considerará o número de casos confirmados da doença, de modo a identificar o intervalo
epidêmico no período avaliado.
§ 2º A capacidade de resposta do sistema de saúde considerará as informações disponíveis na Central de Regulação de
Ofertas e Serviços de Saúde - CROSS, prevista na Lei nº 16.287, de 18 de julho de 2016, e no Censo COVID-19 do
Estado, a que alude a Resolução nº 53, de 13 de abril de 2020, da Secretaria da Saúde.
§ 3º A aferição a que alude o "caput" deste artigo será realizada:
1. de forma regionalizada, preferencialmente em conformidade com as áreas de abrangência dos Departamentos
Regionais de Saúde organizados nos termos do Decreto nº 51.433, de 28 de dezembro de 2006;
2. por meio do Sistema de Informações e Monitoramento Inteligente - SIMI, instituído pelo Decreto nº 64.963 , de 5 de
maio de 2020.​”
6

Saúde do Estado em quatro fases, denominadas vermelha, laranja, amarela e verde, de


acordo com a combinação de indicadores de que trata o ​Anexo II deste decreto​.
§ 1º Às fases de classificação corresponderão diferentes graus de restrição de serviços e
atividades.
§ 2º Em qualquer caso, as restrições não poderão prejudicar o exercício e o funcionamento de
serviços públicos e atividades essenciais a que alude o § 1º do artigo 2º do Decreto nº 64.881
, de 22 de março de 2020.
§ 3º O Secretário da Saúde, mediante resolução, publicará periodicamente a classificação das
áreas nas respectivas fases.​”

E, conforme se depreende do ​caput do dispositivo acima transcrito, os critérios para


classificação das regiões são aqueles definidos pelo Anexo II do Decreto nº 64.994. A
redação atual do Anexo II é aquela definida pelo Decreto Estadual nº 65.319, de 30.11.2020
(​Doc. nº x​).

Já no que toca às restrições e medidas a serem tomadas por cada setor de economia,
a depender da fase em que cada região se encontra, as diretrizes são aquelas constantes do
Anexo III do Decreto nº 64.994, cuja redação vigente foi estabelecida pelo Decreto Estadual
nº 65.357, de 11 de dezembro de 2020:

De acordo com tais critérios, desde o dia 04.09.2020 (data da divulgação da 12ª
Atualização do Plano São Paulo – ​Doc. nº x​), todas as regiões do Estado apresentaram
condições para funcionamento de shopping centers, ainda que com restrições (as quais
foram devidamente acatadas pelo setor), condição que permaneceu até a divulgação do 16º
Balanço do Plano São Paulo, em 30.11.2020 (​Doc. nº x​).
7

Efetivamente, após haver compartilhado com as autoridades paulistas os esforços


para o combate à pandemia, inclusive adotando onerosas medidas operacionais internas
para viabilizar a suspensão do funcionamento dos empreendimentos, no período ​de ___ a
___ de 2020, os shoppings paulistas não pouparam investimentos para aprender a lidar com
o chamado ​Novo Normal​, em condições de garantir a compatibilização do funcionamento
dos empreendimentos com o concomitante combate à propagação da Covid-19.

Ilustra a seriedade dessa atitude da Abrasce a carta que encaminhou aos prefeitos e
governadores do país, em 23.11.2020, como os seguintes dizeres:

“​Desde o início da pandemia do novo coronavírus, o setor de shopping centers tem investido
muitos recursos e agido com muita responsabilidade. Além de medidas econômicas junto a
lojistas para a preservação de empregos, que somam mais de 5 bilhões de reais, os
shoppings do país assumiram o compromisso de agir coordenadamente em relação às
medidas de segurança para a saúde pública.

Para isso, a Abrasce elaborou, em parceria com a área de consultoria do Sírio-Libanês, um


dos mais respeitados centros de saúde da América Latina, um Protocolo de Operações, com
orientações rígidas para garantir a saúde e segurança de todas as pessoas. Este protocolo
não apenas se tornou modelo para todo o setor, como serviu de referência para diferentes
setores de nossa economia.

Estas diretrizes foram e continuam sendo seguidas como prioridade por todos os shoppings
do país. ​Mesmo durante períodos em que houve queda no número de casos e
afrouxamento de algumas restrições pelo Poder Público, nossos empreendimentos
nunca negligenciaram a atenção e os cuidados necessários para garantir a máxima
segurança às pessoas. Não podemos ser responsabilizados e penalizados pelo
aumento de casos de COVID no País.​

Os shoppings são ambientes monitorados e não são fontes de contágio, uma vez que
as pessoas circulam em espaços amplos, controlados e sem aglomeração. Ao longo
dos últimos meses, provamos que estamos capacitados, habilitados e seguros.​

Oito meses após do início da crise, o Poder Público está mais bem preparado para enfrentar e
controlar o avanço da doença. Acreditamos que seja possível agir pontualmente, isto é,
identificando e agindo sobre os reais focos da doença, sem que isso prejudique totalmente a
economia do país, já fragilizada diante desta crise. Outros países do mundo, especialmente
na Europa, têm caminhado nesta direção.

Nossa maior preocupação foi e continuará sendo a saúde das pessoas. Todavia,
sabemos que também devemos olhar para aspectos e medidas de natureza econômica
para garantir renda para milhares de empresas e os mais de três milhões de brasileiros
8

que trabalham em nosso setor. Neste sentido, reiteramos nosso compromisso com a
segurança e com todos os cuidados.​

Colocamos o setor à disposição para ajudar em ações e campanhas públicas de


conscientização da população no combate ao coronavírus, através dos nossos canais
de comunicação, a fim de manter o comércio aberto e a atividade econômica ativa.​

Esperamos contar com a compreensão e a confiança do Poder Público de que nossos


shoppings são seguros e nossos protocolos, efetivos.

Atenciosamente,

Glauco Humai Presidente da Abrasce”​ (​Docs. nºs x e​ y​).

De outro lado, a demonstrar a confiança do setor nas operações de dezembro, confira-se


a correspondência enviada pela Abrasce a seus Associados, ​em 14 de dezembro de 2020 (dois
dias após a ampliação para 12hs/dia do período de funcionamento dos shoppings em São
Paulo)​, nos seguintes termos:

“Prezado associado,

Nosso setor foi e continua sendo exemplar ao longo desta pandemia. Foram muitas
ações, investimentos, inovações e protocolos. Com isso, a ABRASCE, no diálogo com o
Poder Público, conseguiu mostrar a reponsabilidade e o cuidado que temos com lojistas,
funcionários e consumidores, trazendo equilíbrio entre saúde e economia.

A ABRASCE solicitou aos governos a ampliação do horário de funcionamento dos


​ este momento, às
Shoppings, pois queremos evitar tumultos ou aglomerações. N
vésperas da data mais importante do ano para o nosso setor, muitos governos
estaduais e prefeituras municipais tiveram um entendimento correto e de muita
responsabilidade de, mesmo ainda em meio à Pandemia, ampliar o horário de
funcionamento dos nossos equipamentos.​

O momento exige maior diálogo com o nosso público consumidor.

Sugerimos que, através dos canais disponíveis (Facebook, Instagram, Linkedin,


WhatsApp, Website, Mídia interna), os Shoppings orientem seus consumidores a
usar todo o horário de atendimento ao público, dando preferência a horários
alternativos, ampliando o espaçamento, e evitando a ida aos Shoppings nos
horários de pico.

Esta medida ajudará os governos e a saúde pública, e também trará cuidados com
consumidores e população em geral, em linha com o que defendemos como retomada
consciente.
9

Continuaremos fazendo tudo o que estiver em nosso alcance para preservar a segurança
e saúde daqueles que frequentam nossos Shoppings.

Um grande abraço,

Glauco Humai

Presidente da ABRASCE”​ (​ ​Doc. nº x​).

A VERDADE É QUE TUDO ENCAMINHAVA O SETOR PARA SEU


FUNCIONAMENTO REGULAR NO PERÍODO DE FIM DE ANO, VALENDO REITERAR
QUE, ​POR FORÇA DO DECRETO 65.357/2020 (​Doc. nº x​), ​OS SHOPPING VOLTARAM A
OPERAR 12 HORAS POR DIA NO ESTADO DE SÃO PAULO A PARTIR DO DIA
12/12/2020​.

Diante disso, as expectativas dos shoppings para dezembro – o mês mais importante
do calendário do comércio – eram as melhores possíveis, o que conferia uma esperança de
recuperação de eventuais perdas sofridas em decorrência da pandemia de COVID-19. Tanto
os shoppings, quanto os lojistas, se prepararam para as vendas de final de ano, embalados
pela autorização pública de funcionamento em regime de 12 horas por dia. Compraram
estoques, mobilizaram empregados, contrataram milhares de trabalhadores temporários (até
porque o aumento da jornada, de 8h/d para 12h/d impactou o quadro de pessoal dos
comerciantes), tudo isso para atender a uma expectativa, ainda que moderada, por força dos
protocolos da pandemia, extremamente importante para o setor, que tem no mês de
dezembro seu principal período de realização de negócios.

Para demonstrar a importância do mês de dezembro para o setor, junta-se, nesta


ocasião, estudo realizado pela Impetrante, em parceria com a Cielo, a qual evidencia que os
shopping centers registraram um crescimento significativo de 64%, apenas na semana do
dia 14 a 20 de dezembro. Em comparação com a semana equivalente do mês de novembro,
isso representa um aumento de 68,9% nas vendas. Evidente, pois, a centralidade do mês de
dezembro para a saúde do segmento, situação acentuada no tão sofrido ano de 2020 (​Doc
nº x​).

Sucede, no entanto, que, no dia 22 de dezembro de 2020, às vésperas das festas de


Natal e Ano Novo, os shopping centers foram surpreendidos pela notícia de que todas as
regiões do Estado de São Paulo regrediriam para a Fase 1 – Bandeira Vermelha, entre os
dias a suscitar i fechamento dos shoppings nos dias 26 e 27 de dezembro de 2020, e 02 e
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03 de janeiro de 2021 (em acréscimo aos feriados de 25/12 e 01/01), o que resultaria no
fechamento dos shoppings – de forma aleatória – nessas datas.

Tal anúncio foi seguido da publicação, na data de hoje, ​23.12.2020​, do ​Decreto nº (...)
e da ​Resolução nº (...) da Secretaria de Saúde, atos esses que concretizaram o anúncio
realizado ​na véspera​, relegando todas as regiões paulistanas à Bandeira Vermelha e, assim,
impondo, de fato, tal como anunciado, o fechamento do setor de shopping centers em todo o
Estado de São Paulo, entre os dias 25 a 27 de dezembro de 2020, e 01 a 03 de janeiro de
2021.

No entanto, a imposição de fechamento dos shopping centers, ​em período crucial


para o comércio​, mostra-se desarrazoada e desproporcional, tendo em vista a estrutura
privilegiada ofertada por esses estabelecimentos, do ponto de vista sanitário, e dos rígidos
protocolos a que estão submetidos os empreendimentos dessa natureza, características
estas que possibilitam a tomada de medidas efetivas para a prevenção da COVID-19 nesses
ambientes, ​em lugar do fechamento do complexo ao público,​ como se passa a expor.

​ s medidas de segurança ofertadas pelos shopping centers do Estado de São


.II.3.A
Paulo

Como se adiantou acima, inexistem motivos para se determinar o fechamento dos


shopping centers no Estado de São Paulo, no período compreendido pelos dias 25 a 27 de
dezembro de 2020, e 01 a 03 de janeiro de 2021. De fato, os shoppings centers associados
da Impetrante oferecem estrutura impecável de prevenção da COVID-19, mediante a
imposição de rígidos protocolos elaborados pelos principais ​experts em saúde do país, na
perspectiva sanitária.

Sucede que os espaços dos shoppings e a sua estrutura organizacional, com


administração única, centralizada e coordenada, permitem controle permanente e absoluto
da repressão à formação de aglomerações, com respeito às determinações estaduais e
municipais sobre distanciamento social, no âmbito do combate à pandemia, além de
garantirem, através de diretrizes perfeitamente definidas, o cumprimento dos cuidados
determinados pelas autoridades, especialmente no que diz respeito a medidas de
higienização e sanitização.

Com o objetivo de zelar pela saúde e bem-estar dos frequentadores dos shopping
centers brasileiros, a ABRASCE solicitou a especialistas do Hospital Sírio-Libanês (aos quais
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submeteu as pertinentes sugestões dos principais grupos empreendedores do país) a


elaboração de um Protocolo de Operação exemplar e à prova de críticas, a ser seguido
pelos shoppings, visando à manutenção de ambientes coletivos totalmente seguros a
colaboradores e frequentadores, a fim de que os empreendimentos se habilitem a efetuar a
reabertura de suas atividades (​Docs. nºs 04, 05, 06, 07, 08 e 09​).

Como parte deste documento, além de recomendações pertinentes a higienização e


aferição de temperatura, há um guia com recomendações específicas sobre o uso e a
manutenção dos aparelhos de refrigeração e climatização dos empreendimentos durante o
período da pandemia (​Doc. nº 05​), a fim de preservar a qualidade do ar no interior dos
empreendimentos e, por conseguinte, a saúde de consumidores e operadores.

Em acréscimo a essas medidas, há também um protocolo especialmente concebido


para garantir a segurança no interior de bares, restaurantes e lanchonetes, que vem sendo
implantado com absoluto sucesso em centenas de shopping centers Brasil afora (​Doc. nº
08​).

Todas essas recomendações, vale destacar, foram construídas com base em dados
fornecidos pelas áreas de Operações dos principais grupos de shopping centers do Brasil,
além de consultores e protocolos internacionais, como a ASHRAE (Estados Unidos) e
RHEVA (União Europeia) – vide documentos integrantes do ​Doc. nº 05​.

Ditos protocolos, aliás, já fundamentaram até hoje a reabertura de ​(...) shoppings no


país, conforme relação anexa (​Doc. nº 10​).

Entre essas medidas, permitimo-nos citar, a título exemplificativo, as seguintes:

● Não promoção de atividades que possam atrair grande número de público;

● Atenção especial para restaurantes e praças de alimentação, com possível


isolamento da área ou funcionamento com separação e distanciamento das
mesas, tanto das praças de alimentação, quanto dentro dos próprios
restaurantes, reduzindo o número de cadeiras, sempre com disponibilização
de álcool gel para uso dos clientes;

● Uso de máscaras pelos funcionários do shopping e dos lojistas;

● Permanência em home office de colaboradores que estejam no grupo de risco


12

● Uso de máscaras pelos consumidores e frequentadores.

● Auxílio na disseminação de campanhas e informações relacionadas à saúde


pública e à prevenção da disseminação do COVID-19;

● Aferição de temperatura na entrada dos empreendimentos, com a utilização de


termômetros para aferir, a distância, a temperatura dos funcionários e clientes
que ingressarem no shopping.

● Manutenção de canais de comunicação frequentes e assertivos, com


orientações de saúde e bem-estar;

● Realização de controle de acesso de clientes, estabelecendo distanciamento


mínimo entre pessoas, com proibição de formação de filas ou, se necessário,
com demarcações e sinalizações no piso;

● Controle da qualidade do ar no interior dos empreendimentos, com


substituições constantes de filtros de ar condicionado, utilização de pastilhas
bactericidas nas bandejas e aumento da ventilação para troca de ar; e

● Higienização, desinfecção e limpeza constantes dos ambientes comuns.

Nesse sentido, entende a ABRASCE que o funcionamento dos shoppings tem o


condão de proporcionar acesso a comércio e serviços em ambientes rigidamente
controlados, com protocolos bem definidos e detalhados de operação.

Essa circunstância fica igualmente evidenciada com o vídeo elaborado pela


ABRASCE, que ilustra o Protocolo acima mencionado em formato áudio-visual. Clique aqui
para assistir: ​https://www.youtube.com/watch?v=hHhMVA1nyxk&feature=youtu.be

VALE MENCIONAR, POR OPORTUNO, QUE O PRÓPRIO PLANO SÃO PAULO


POSSUI PROTOCOLO SANITÁRIO ESPECÍFICO PARA SHOPPING CENTERS, O QUAL É
IGUALMENTE SEGUIDO À RISCA PELO SETOR (​Doc. nº ​___​).

Assentadas essas premissas, tem-se que o presente ​writ é ajuizado para se garantir o
direito líquido e certo dos associados da Impetrante ao pleno exercício do princípio
13

constitucional da livre iniciativa​, que não se encontra, de qualquer modo, em confronto


com as medidas voltadas à contenção do avanço ​da COVID-19, tendo em vista as estruturas
e modo de funcionamento privilegiados dos shopping centers, os quais possibilitam um
controle efetivo das medidas sanitárias prescritas pelo Poder Público e pelos principais
experts​ do país em assuntos sanitários .

.III.
LEGITIMIDADE E CABIMENTO

Como acima já antecipado, a ABRASCE é entidade de classe legalmente constituída


e em funcionamento desde 1976 (art. 1° do Estatuto Social em anexo – integrante do Doc. nº
01), com intensa e relevante atuação em Tribunais de Justiça de diversos Estados na defesa
dos interesses dos seus associados. Nessas condições, detém legitimação ​ad causam para
impetrar mandado de segurança coletivo em defesa do interesse de seus membros ou
associados, nos termos dos artigos 5º, LXX, “b”, da Constituição Federal e 21 da
Lei nº 12.016/2009.

Acrescente-se que a ABRASCE possui diversos shoppings associados no Estado de


São Paulo (​Doc. nº 02​), os quais serão imensamente prejudicados pela ordem de
fechamento discriminação contido no ​Decreto (...)​, cuja ilegalidade desponta pelo tratamento
desarrazoado a um setor que, além de já se encontrar combalido pelas medidas impostas
pelo Poder Público ao longo de quase todo o ano de 2020, oferta estrutura exemplar, do
ponto de vista sanitário, para a prevenção da COVID-19.

Para casos assim, o Estatuto Social da Impetrante contém previsão para a defesa
judicial de seus associados, seja no âmbito individual ou no coletivo:

“​ARTIGO 2º – A Associação tem por finalidade:

a) representar os associados perante quaisquer órgãos, autoridades ou entidades, públicas ou


privadas, nacionais ou estrangeiras, para fins de promoção e defesa dos interesses do setor
de shopping centers e encaminhamento de questões relacionadas com os objetivos sociais da
ABRASCE;
b) ​promover quaisquer medidas judiciais ou extrajudiciais, individuais ou coletivas, no
interesse dos associados, tais como, exemplificativamente​: m ​ andado de segurança
coletivo​; ação direta de inconstitucionalidade em face de leis ou atos normativos federais
contrários à Constituição Federal; representação de inconstitucionalidade em face de normas
estaduais, municipais ou distritais contrárias, respectivamente, às Constituições Estaduais ou
14

à Lei Orgânica do Distrito Federal; ação declaratória de constitucionalidade; arguição de


descumprimento de preceito fundamental; requerimento de edição, revisão ou cancelamento
de enunciado de súmula vinculante; (...)​”.

Vale destacar que a legitimidade ​ad causam da ABRASCE para a impetração de


Mandado de Segurança Coletivo é amplamente reconhecida junto aos mais diversos
Tribunais do país, listando-se como exemplo: MS Coletivo nº 0006685-72.2010.8.19.0000,
impetrado pela ABRASCE perante o e. TJRJ; MS Coletivo nº 22672-13.2001 - 443/2011,
impetrado pela ABRASCE perante o e. TJMT; e MS Coletivo nº 0636643-63.2013.8.04.0001,
Impetrado pela ABRASCE perante o TJAM.

No que concerne ao cabimento da presente ação mandamental, o art. 21 da Lei nº


12.016/2009, estabelece, em seu parágrafo único, que “​os direitos protegidos pelo mandado
de segurança coletivo podem ser” (...) “individuais homogêneos, assim entendidos, para
efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da
totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante.”​

No caso dos autos, os direitos (líquidos e certos) protegidos estão incontestavelmente


enquadrados na hipótese acima, já que a (inconstitucional) proibição imposta pela
Autoridade Coatora atinge, indistinta e homogeneamente, a todos os associados da
Impetrante localizados no Estado de São Paulo.

Com a impetração em foco, objetiva-se afastar a proibição que pesa sob todos os
associados da Impetrante estabelecidos neste Estado, de modo a lhes garantir tratamento
adequado, tendo em vista sua condição de funcionamento responsável e com observância
de todos os protocolos sanitários voltados à prevenção da COVID-19, sendo certo que, não
fosse a instauração desta demanda coletiva, o cenário hoje seria de ajuizamento
concomitante de uma enxurrada de medidas individuais virtualmente idênticas, tanto dos
shoppings associados, como de seus inúmeros lojistas, individualmente, contrariando a ​ratio
e os princípios que ensejaram o reconhecimento da legitimidade da via coletiva para a
proteção de direitos como aqueles em debate nestes autos.

Veja-se, sobre o tema, o seguinte acórdão do E. STJ:

“​As ações coletivas foram concebidas em homenagem ao princípio da economia processual.


O abandono do velho individualismo que domina o direito processual é um imperativo do
mundo moderno. Através dela, com apenas uma decisão, o Poder Judiciário resolve
15

controvérsia que demandaria uma infinidade de sentenças individuais. Isto faz o Judiciário
mais ágil.”​ (STJ – 1ª Seção, Min. Humberto Gomes de Barros MS nº 5.187/DF

Logo, é perfeitamente cabível o presente mandado de segurança coletivo, no que


toca aos direitos tutelados nesta demanda, ora impetrado pela ABRASCE nos termos do
artigo 5º, LXX, “b”, da Constituição Federal e demais disposições pertinentes.

.IV.
FUNDAMENTOS JURÍDICOS: A
EVIDÊNCIA DA VIOLAÇÃO A DIREITO LÍQUIDO E CERTO

.IV.1.
Ausênca de fundamentação para o fechamento dos shoppings

A instituição das medidas de enfrentamento à pandemia da Covid-19 envolve


delicada ponderação de valores fundamentais constitucionais, como, por exemplo, de um
lado, os direitos à vida e à saúde (artigos 5º, caput, e 6º, caput, da CRFB) e, de outro, a
restrição às liberdades de locomoção (art. 5º, XV, da CRFB) e de iniciativa (arts. 1º, IV, e
170, caput, da CRFB), assim como a suspensão da busca do pleno emprego (arts 1º, IV, e
170, VIII, da CRFB).

No caso concreto, o sopesamento adequado dos princípios e regras constitucionais


em colisão não decorre apenas de avaliações de caráter jurídico ou político, mas depende,
sobremaneira, de estudos técnico-científicos que justifiquem o sacrifício de certos direitos,
em proveito de outros. Tudo precisa ser feito às claras, diante da necessidade de supressão
de direitos constitucionais em proveito de garantias – também constitucionais – que
merecem preponderar em determinado conflito normativo.

Assim é que, no caso da pandemia da COVID-19, para que se demonstre que a


defesa da vida e da saúde da população justifica o estabelecimento de restrições ao direito
constitucional das pessoas de livremente empreender atividades lícitas, impõe-se à
Administração Pública o dever de demonstrar que considerou, adequadamente, os impactos
negativos da atividade empresarial atingida sobre a crise de saúde pública que se pretende
debelar.
16

Essa linha de raciocínio, que encontra fundamento direto na hermenêutica


constitucional, tem hoje respaldo, também, no art. 20 da Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro (“LINDB”):

“Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em
valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da
decisão.”

Ao exigir “​que sejam consideradas as consequências práticas da decisão”​ pelo gestor


público, o texto legal concretiza o dever constitucional de que a atividade regulatória seja
pautada por uma análise de custo-benefício, especialmente na solução de conflito de
princípios e/ou regras constitucionais.

É valiosa a lição de Marçal Justen Filho sobre o tema, colhida em artigo doutrinário
intitulado “Art. 20 da LINDB - Dever de transparência, concretude e proporcionalidade nas
decisões públicas”, publicado em edição especial da Revista de Direito Administrativo sobre
as inovações promovidas em 2018 na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro:

“As inovações introduzidas pela Lei nº 13.655/2018 destinam-se preponderantemente a


reduzir certas práticas que resultam em insegurança jurídica no desenvolvimento da atividade
estatal. O art. 20 relaciona-se a um dos aspectos do problema, versando especificamente
sobre as decisões proferidas pelos agentes estatais e fundadas em princípios e valores de
dimensão abstrata. A finalidade buscada é reduzir o subjetivismo e a superficialidade de
decisões, impondo a obrigatoriedade do efetivo exame das circunstâncias do caso concreto,
tal como a avaliação das diversas alternativas sob um prisma de proporcionalidade.
(...)
A previsão dos efeitos práticos da decisão a ser adotada, para fins de ponderar os valores
escolhidos, consiste num processo mental de natureza lógica, fundado no conhecimento
técnico e na experiência.
O dispositivo exige que a autoridade competente formule uma projeção quanto aos possíveis
cenários resultantes da decisão adotada. (...). Esses juízos fundam-se no conhecimento
técnico-científico e na experiência da vida social.”

Exige-se, assim, a indicação de evidências científicas de que a medida adotada é: (i)


adequada à consecução de benefícios sociais constitucionalmente legítimos; (ii) necessária
em relação a alternativas acessíveis para a produção de benefícios semelhantes com
menores custos sociais; e (iii) não apresenta desproporção injustificada entre seus potenciais
benefícios e prejuízos, no que diz respeito a valores tutelados pela Constituição Federal.
17

No caso das medidas de contenção à pandemia da COVID-19, a atuação estatal é


ainda vinculada aos termos da Lei Federal nº. 13.979/2020, que impõe aos estados e
municípios o dever de estabelecer e acompanhar, com base em evidências científicas, as
medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública no âmbito de suas
competências, ​in verbis​:

“Art. 3º - Para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional


decorrente do coronavírus, as autoridades poderão adotar, no âmbito de suas competências,
dentre outras, as seguintes medidas: (...)

§ 1º - AS MEDIDAS PREVISTAS NESTE ARTIGO SOMENTE PODERÃO SER


DETERMINADAS COM BASE EM EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS E EM ANÁLISES SOBRE AS
INFORMAÇÕES ESTRATÉGICAS EM SAÚDE E DEVERÃO SER LIMITADAS NO TEMPO E
NO ESPAÇO AO MÍNIMO INDISPENSÁVEL À PROMOÇÃO E À PRESERVAÇÃO DA
SAÚDE PÚBLICA.”

Vale dizer: em se tratando das medidas de enfrentamento da propagação da


COVID-19, a Administração Pública – ao impedir o exercício da atividade empresarial em
nome da defesa da saúde e da vida – tem o dever de fundamentar suas decisões em
estudos técnico-científicos que demonstrem, quer a necessidade de manutenção do
fechamento das atividades comerciais, quer a possibilidade de sua reabertura, ainda que de
forma gradual.

No caso concreto, como se viu, o Estado de São Paulo adotou medida que contrasta
sobremaneira com as adotadas nos últimos meses, impedindo, em caráter absoluto, o
funcionamento dos shopping centers, inobstante os protocolos e medidas impostas a esse
setor.

Ora, cientificamente, o que poderia justificar a decisão de 12.12.2020 de ampliar para


12hs o período de funcionamento dos shopping, gerando em seus empreendedores a
expectativa de um funcionamento nessas bases no perído de Natal e Ano Novo e, dias
depois sobrevir a medida radical em sentido oposto, de fechamento desses
empreendimentos?

Isso quando se está diante de fato notório, segundo o qual os shoppings


representam o setor do varejo com capacidade incontestável de controle do ​volume
de pessoas que acessam o prédio, que garante o cumprimento pela freguesia do
distanciamento entre os indivíduos, que condiciona o acesso do público a níveis
saudáveis de temperatura corporal, além de disponibilizar medidas sanitárias
18

impecáveis, como uso de máscara, de álcool nas mãos, entre outras, todas em caráter
obrigatório​.

.IV.2.
Violação aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade

Inclusive pelos fundamentos postos no tópico anterior, é sabido que, havendo


colidência entre direitos e garantias constitucionais, é dever do Administrador Público agir
com prudência, evitando ao máximo a adoção de medidas excessivas, que superem o limite
do necessário ao atendimento do interesse público ou social.

Esse cuidado com direitos e garantias em confronto é fruto do dever do Administrador


de guardar respeito ao princípio constitucional da razoabilidade ou da proporcionalidade, sob
pena de incursão da gestão no campo da ilicitude.

Atualmente, o princípio da razoabilidade, ou da proporcionalidade, é apontado pela


doutrina e pela jurisprudência como importante instrumento de controle, pelo Judiciário, de
leis ou atos do Poder Público, limitando os excessos no exercício do poder estatal, a fim de
proteger os direitos fundamentais dos cidadãos e garantir as liberdades constitucionais.

Essa é a posição do Supremo Tribunal Federal sobre o tema, a teor dos seguintes
julgados, exemplificativamente:

“​CONSTITUCIONAL. DISPOSITIVO DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


QUE FIXA DATA PARA O PAGAMENTO DOS SERVIDORES DO ESTADO - ATÉ O DÉCIMO
DIA ÚTIL DE CADA MÊS -. INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL, EM FACE DA
VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE CONTIDO NO ART. 5º, LIV, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PROCEDÊNCIA DA AÇÃO​.”

STF – Tribunal Pleno, ADIn nº 247, Rel. Min. Ilmar Galvão, Rel. p/ Acórdão Min. Nelson
Jobim, j. 17.06.2002.

“​RECURSO EXTRAORDINÁRIO – (...) LIMITES À AÇÃO LEGISLATIVA DO ESTADO,


NOTADAMENTE QUANDO IMPÕE RESTRIÇÕES AO EXERCÍCIO DE DIREITOS OU
LIBERDADES OU, AINDA, NOS CASOS EM QUE A LEGISLAÇÃO SE MOSTRA
DESTITUÍDA DO NECESSÁRIO COEFICIENTE DE RAZOABILIDADE (,...) - RECURSO
IMPROVIDO”​ .

STF – 2ª Turma, RE nº 635.023 ED/DF, Rel. Min. Celso de Mello, j. 13.12.2011.


19

ORA, SE O GOVERNO ESTADUAL PAULISTA PODIA DESENVOLVER SUA


POLÍTICA DE COMBATE À PANDEMIA SEM DETERMINAR O FECHAMENTO DOS
SHOPPINGS (JÁ QUE ESTES PODERIAM SER MANTIDOS EM FUNCIONAMENTO, SEM
RISCO PARA A POPULAÇÃO) – E AINDA QUE ESSE MEDIDA SÓ FOSSE POSSÍVEL EM
SHOPPING, SEM BENEFICIAR, POR EXEMPLO, O COMÉRCIO DE RUA –, A OPÇÃO
PELO CAMINHO MAIS SEVERO DE FECHAR COMPLETAMENTE OS SHOPPINGS
CENTERS NAS FESTAS DE FINAL DE ANO – ÉPOCA IMPORTANTÍSSIMA PARA O
COMÉRCIO E PARA A QUAL OS SHOPPINGS E LOJISTAS HAVIAM SE PREPARADO
SEGUINDO AS INDICAÇÕES DE VIABILIDADE DE FUNCIONAMENTO QUE VINHAM
SENDO DADAS PELO GOVERNO – CONSTITUI CLARA TRANSGRESSÃO AO
PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE OU PROPORCIONALIDADE, A INQUINAR COM A
ILICITUDE O RESPECTIVO ATO DO EXECUTIVO, NO QUE TOCA AO SETOR DE
SHOPPING CENTERS.

.IV.3.
Violação ao princípio da Livre Iniciativa, e
ao Art. 1º, §2º, da Lei de Liberdade Econômica

Como mencionado acima, o Governo de São Paulo proíbiu o funcionamento


presencial dos shopping centers do Estado entre os dias 25 e 27 de dezembro de 2020 e 01
a 03 de janeiro de 2021, em que pese os inúmeros documentos e protocolos estabelecidos
por esse setor, que comprovam sua plena capacidade de funcionamento de forma segura
(observadas as restrições estabelecidas para as Fases Laranja ou Amarela), com a perfeita
aplicação das medidas sanitárias voltadas à prevenção da COVID-19.

Desse modo, o ato impetrado institui verdadeira e ilegal afronta ao direito líquido e
certo dos associados da Impetrante ao exercício da livre iniciativa, caso atendam as medidas
de prevenção adequadas para a prevenção da COVID-19.

Vale dizer que, ao determinar, sem a comprovada necessidade, o fechamento dos


shoppings, o Estado de São Paulo viola, flagrantemente, também o princípio constitucional
da livre iniciativa, que constitui um dos valores fundamentais da República Federativa do
Brasil:

“​Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
20

(...)
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;​ ”

***

“​Art. 170. A​ ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre


iniciativa,​ tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça
social, observados os seguintes princípios:;​”

Em linha com essas firmes diretrizes constitucionais, entrou em vigor, recentemente,


a Lei nº 13.874/2019, a chamada Lei da Liberdade Econômica, que enumera, em seu art. 1º,
os direitos das pessoas jurídicas, no que tange ao exercício da atividade econômica, como
segue:

“​Art. 1º Fica instituída a Declaração de Direitos de Liberdade Econômica, que estabelece


normas de proteção à livre iniciativa e ao livre exercício de atividade econômica e disposições
sobre a atuação do Estado como agente normativo e regulador, nos termos do inciso IV do
caput do art. 1º, do parágrafo único do art. 170 e do caput do art. 174 da Constituição Federal.

§ 1º O disposto nesta Lei será observado na aplicação e na interpretação do direito civil,


empresarial, econômico, urbanístico e do trabalho nas relações jurídicas que se encontrem no
seu âmbito de aplicação e na ordenação pública, inclusive sobre exercício das profissões,
comércio, juntas comerciais, registros públicos, trânsito, transporte e proteção ao meio
ambiente.

§ 2º I​ nterpretam-se em favor da liberdade econômica, da boa-fé e do respeito aos


contratos, aos investimentos e à propriedade todas as normas de ordenação pública
sobre atividades econômicas privadas​.”​

Vale dizer que a intervenção do estado na atividade econômica tem caráter


absolutamente excepcional e só pode ocorrer no limite do mínimo necessário ao atingimento
do política de governo em execução.

E não se tente justificar as medidas impostas pelo ato coator, no caso vertente, com
base nas prerrogativas estatais voltadas à efetivação do direito à saúde, uma vez que, como
já se viu, os shopping centers têm todas as condições para assegurar aos frequentadores
medidas de segurança e prevenção consideradas adequada até aqui pelas autoridades
públicas – sabendo-se que os shoppings funcionam em todo o país, seguindo os mesmos
protocolos que levaram as autoridades paulistas a, dias atrás, já em dezembro, a autorizar o
funcionamento dos shoppings em regime de 12 horas por dia no Estado de São Paulo.
21

Aliás, o próprio Governo de São Paulo, em coro com todos os outros do país, sempre
reconheceu que a fiscalização dos cuidados sanitários (como a utilização de máscaras,
disponibilização de álcool-gel, realização de higienizações regulares, observância de
distanciamento mínimo, restrição do número de mesas disponibilizadas aos frequentadores
nos restaurantes e praças de alimentação, aferição de temperatura corporal dos
frequentadores etc.) é sobremodo facilitada nos shopping centers, justamente por
constituirem empreendimentos com gestão única, integrada, organizada e centralizada nas
mãos de seus respectivos empreendedores.

Assim, a ordem de fechamenento dos shopping centers, nas condições impostas pelo
ato coator, evidencia a violação ao direito líquido e certo dos associados da Impetrante ao
livre funcionamento, assim acrescendo à transgressão ao princípio constitucional da
razoabilidade ou proporcionalidade, também a violação às regras e princípios de proteção à
livre iniciativa.

.V.
REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR

O presente ​writ reúne os requisitos para deferimento de liminar, a fim de que se


autorize a abertura de shopping centers no Estado de São Paulo, sem risco de autuações,
sanções ou embaraços por parte da Autoridade Coatora, entre os dias 25 a 27 de dezembro
de 2020, e 01 a 03 de janeiro de 2020.

Em primeiro lugar, as razões acima evidenciam a relevância da fundamentação do


presente ​writ​, eis que o ​Decreto nº (...) ignora a capacidade dos shopping centers em dar
cumprimento às medidas sanitárias adequadas ao controle da propagação da COVID-19. Tal
opção normativa é ilegal e inconstitucional, pois atentatório ao princípios da razoabilidade, da
proporcionalidade e da livre iniciativa.

Acresce que já passado quase um ano de embaraços ao comércio, com graves


consequências para as empresas deste Estado, manter o fechamento presencial dos
shopping centers (e, consequentemente, das lojas que neles funcionam), sem
justificativa técnico-científica, constitui medida cruel, colocando em risco de
sobrevivência empresas que tanto contribuem para a geração de empregos e
impostos, assim como para a circulação de riquezas nesse importante Estado de São
Paulo​.
22

Os shoppings e as lojas que neles estão instaladas se prepararam para o Natal e o


Ano Novo, depois de um ano difícil, iniciado com fechamento total das atividades e abertura
gradual ao longo dos meses que se passaram. Foram mobilizados funcionários para atender
o horário hoje vigente de 12 horas por dia de funcionamento. Foram comprados estoques
para atender à demanda típica das datas festivas do final do ano. Milhares de trabalhadores
em regime temporário foram contratados pelos lojistas. Enfim, o setor se preparou na
perpectiva positiva que foi sendo dada, autorizada e até mesmo alimentada pelo Poder
Público, ​inclusive com a recente autorização de abertura por 12 horas por dia a partir
do dia 12/12/2020, pelo Decreto nº 65.357, 11/12/2020)​.

E, de hora para outra, um revés inesperado, com determinação de fechamento total


em datas cruciais para o comércio.

TAL CIRCUNSTÂNCIA, INEGAVELMENTE, PODERÁ ACARRETAR PREJUÍZOS


FINANCEIROS GIGANTESCOS E IRREPARÁVEIS PARA OS SHOPPINGS DOS
ASSOCIADOS DA IMPETRANTE E SEUS LOJISTAS (ALÉM DA PRÓPRIA POPULAÇÃO
DO ESTADO), QUE SE VERÃO PRIVADOS DE PRATICAR O COMÉRCIO NAS POUCAS
DATAS RELEVANTES QUE SOBRARAM PARA 2020, em detrimento de uma
programação que envolveu a mobilização/contratação de empregados, aquisição de
estoques, etc., enfim, todo um esforço de venda que se porá a perder caso o
fechamento se concretize.

E lembre-se – a agravar sobremodo o ​periculum in mora – que as autoridades


envolvidas no combate à pandemia não tiveram o cuidado de buscar uma ação
articulada, capaz de minorar as graves consequências da política adotada e aqui
impugnada.

Veja-se que, já no início de 2021, as prefeituras paulistas exigirão dos


empreendedores os impostos de que são vorazes credores (IPTU), sem qualquer
ponderação com a brutal dedução de receitas imposta as empreendedores.

Francamente, falta responsabilidade na decisão de fechamento dos


empreendimentos, quando se sabe que seu funcionamento, com os protocolos
vigentes, NÃO PODEM SER TRATADOS COMO CAUSA DE PROPAGAÇÃO DA
COVID-19.
23

Mandar “fechar tudo”, quando a medida é manifestamente desnecessária (no


caso dos shoppings), constitui um ato que desconsidera a função social das
empresas, sua missão relativa à preservação de empregos, além de configurar
diligência extorsiva, quando ignora os efeitos do ato que pratica, sem qualquer
cuidado com a carga fiscal que se manterá inalterada, seja no plano municipal – IPTU
– como no estadual – ICMS.

Resta, portanto, também evidente a existência do ​periculum in mora​, tudo a autorizar


a concessão de liminar no presente ​mandamus​.

.VI.
CASO EXTREMO – PODER GERAL DE CAUTELA -
INVIABILIDADE DE PRÉVIA OITIVA DO REPRESENTANTE LEGAL DA AUTORIDADE

Sabe-se que o § 2º, do art. 22, da Lei nº 12.016/2009 estabelece que, no mandado de
segurança coletivo, a liminar será concedida, quando cabível, após a audiência do
representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no
prazo de 72 horas.

Referida regra, contudo, sujeita-se a exceções em casos extremos, em situações cujo


prejuízo não comporta a espera do aludido prazo.

De fato, as restrições às medidas liminares ou acautelatórias, como a que se acima


referiu, são de valor relativo, pois não podem ser adotadas pelo Poder Judiciário quando
colocam em risco o direito de outras pessoas, sob pena de ofensa ao artigo 5º, inciso XXXV,
da Constituição Federal, o qual impede seja excluída da apreciação judicial, não só a lesão,
mas a própria ameaça a direitos. Por outras palavras, se devidamente demonstrado o
‘​periculum in mora’,​ não poderá ser negada a medida liminar para proteger o direito
ameaçado, já que entre a norma constitucional e a lei ordinária, a primeira tem que
prevalecer​.

Assim, parece certo que tal dispositivo não se aplicará àquelas situações fáticas,
revestidas de tal urgência ou relevância, que não permitem tempo para, sequer, aguardar-se
o prazo de 72 horas. Se tão excepcional hipótese se apresentar, poderá o Juiz, em nome do
24

direito à efetividade da jurisdição e sempre mediante a devida justificação, conceder a liminar


inaudita altera pars,​ já que para tanto estará autorizado pelo próprio sistema constitucional.

Desse modo, no presente caso, em que a violação a direito líquido e certo dos
Shoppings associados da Impetrante ocorrerá a partir de amanhã, sexta-feira, dia
25/12/2020, está claro que, pelo poder geral de cautela conferido ao Magistrado, e com base
no princípio insculpido no artigo 5º, inciso XXXV, da CF, é perfeitamente lícita a concessão
de liminar ​inaudita altera pars,​ conforme abaixo requerido.

.VII.
PEDIDO

Ante o exposto, a Impetrante requer a V.Exa.:

(i) no exercício do poder geral de cautela, diante da urgência da medida liminar


requerida, a ​concessão, no Plantão Judiciário, de medida liminar ​inaudita altera
pars , para o fim de que ​a Autoridade Coatora se abstenha de fiscalizar e punir
os associados da Impetrante, ​com base no (...)​, ​garantindo-se a esses
associados no Estado de São Paulo o direito líquido e certo de exercerem o
funcionamento de suas atividades nos dias 25 a 27 de dezembro de 2020, e 01 a
03 de janeiro de 2021, no regime de 12 horas de abertura por dia, nos moldes
em que atualmente autorizado​;

(i.1) ​subsidiariamente ao pedido referido no item (i) acima, caso, por amor ao debate,
não se entenda de conceder o pedido acima formulado, que ao menos seja garantida
a abertura desses estabelecimentos nos dias 25 a 27 de dezembro de 2020, pelo
período de 12 horas diárias, os quais constituem datas cruciais para o setor;

(ii) após, na forma do art. 22, §2º, da Lei nº 12.016/2009, a intimação das
autoridades coatoras para que se manifestem no prazo de 72 horas, com a
confirmação da medida liminar após tal manifestação;

(iii) em seguida, a notificação do Ilmo. Sr. Governador do Estado de São Paulo, para
prestar as informações que acharem necessárias, no prazo de dez dias;
25

(iv) a intimação do Ministério Público, na forma do art. 12 da Lei nº 12.016/2009, para que
esse órgão se pronuncie; e

(v) ao fim, a concessão da segurança, confirmando-se a liminar, na forma requerida no


item (i) acima, ou, sucessivamente, caso assim não se entenda (o que se admite ​ad
argumentandum)​ ,​ ​na forma do item (i.1), acima.

Atribui-se à causa, para efeitos de alçada, o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Pede-se, ainda, a concessão de prazo de 15 dias para a juntada do instrumento de


procuração.

Requer-se, por fim, sob pena de nulidade, que as intimações dirigidas à Impetrante
sejam realizadas exclusivamente na pessoa de ​José-Ricardo Pereira Lira (OAB/SP nº
145.613-A), Sérgio Vieira Miranda da Silva ​(OAB/SP sob o nº 175.217-A), Joana Maciel
Ribeiro (OAB/SP nº 330.613) ​e ​Marcos Rolim da Silva (OAB/SP nº 362.621)​, os quais
possuem escritório na Rua Haddock Lobo, nº 684, 8º andar, São Paulo/SP, CEP nº
01414-000, onde recebem intimações.

É o que se requer.
São Paulo, 24 de dezembro de 2020.

José-Ricardo Pereira Lira Sérgio Vieira Miranda da Silva


OAB/SP nº 145.613-A OAB/SP nº 175.217-A

Joana Maciel Ribeiro Marcos Rolim da Silva


OAB/SP nº 330.613 OAB/SP nº 362.621

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