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Energia Eólica em Energias Renováveis

Book · January 2011

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3 authors, including:

José Baltazar Salgueirinho Osório de Andrade Guerra Youssef Youssef


Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) Humber College
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Paulo Roberto Rodrigues

Energias Renováveis
Energia
Eólica
Organizadores
José Baltazar Salgueirinho Osório de Andrade Guerra
Youssef Ahmad Youssef

Consórcio de Universidades
Européias e Latino-Americanas em
Energias Renováveis – JELARE
Copyright © JELARE – 2011

Edição – Livro Digital


Organizadores (Brasil)
José Baltazar Salgueirinho Osório de Andrade Guerra
Youssef Ahmad Youssef

Professor Conteudista
Paulo Roberto Rodrigues

Design Instrucional Assessoria de Comunicação


Aline Cassol Daga e Marketing - C&M
Sabrina Bleicher
Assessor
Projeto Gráfico e Capa Laudelino José Sardá
Jordana Paula Schulka
Diretora
Diagramação Maria do Rosário Stotz
Jordana Paula Schulka
Gestora Editorial
Revisão Alessandra Turnes
Aline Cassol Daga
Paulo Roberto Rodrigues

Energias Renováveis

Energia Eólica
Livro Digital

Designer Instrucional
Aline Cassol Daga
Sabrina Bleicher

Parcerias

Principal Parceiro – Germany Latvia Bolívia Brasil Chile Guatemala Projeto


Hochschule für Angewandte Rēzeknes Augstskola Universidad Universidade do Sul Universidad Universidad Galileo financiado pela
Wissenschaften Hamburg www.ru.lv Católica Boliviana de Santa Catarina de Chile www.galileo.edu União Européia
www.haw-hamburg.de/ftz-als.html www.ucb.edu.bo www.unisul.br www.uchile.cl
Sumário

1. Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2. Energia Eólica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Origem do vento e sua classificação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Velocidades médias e fluxos de potência eólica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Como avaliar a velocidade do vento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Potência gerada por uma turbina eólica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3. Sistemas Eólicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Tipos de Rotores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Transmissão e Caixa Multiplicadora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Mecanismo de Controle. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Tipos de geradores empregados na geração eólica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Medições da velocidade do vento e perfis do vento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Estimativa de produção de energia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Princípio e tecnologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4. Aplicações dos Sistemas Eólicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Sistemas Isolados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Sistemas Híbridos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Sistemas interligados à rede . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Sistemas Off-Shore - Energia eólica no mar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
5. Qualidade da Energia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
6. A Energia Eólica no Mundo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
7. O Brasil e a Energia Eólica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
8. Investimentos para aplicações da Energia Eólica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
9. Vantagens e desvantagens da Energia Eólica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
10. Considerações finais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Referências bibliográficas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Referências de ilustrações e tabelas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
ENERGIA EÓLICA l 7

1. Introdução

E
m um significado amplo, a Física é o estudo da natureza, entendendo como
tal tudo aquilo que existe no universo, independentemente da própria
existência do ser humano. Dentro desse conceito, existem acontecimentos
que são suscetíveis de serem vistos ou sentidos, e que podem ser comparados com
outros de uma forma em que se possa expressar numericamente essa relação, ou
seja, os fenômenos medíveis. Agrupando-se esses fenômenos segundo sua espécie
ou classe, chegamos ao conceito de grandeza.

Como exemplos de grandezas fundamentais têm-se o tempo, o espaço, a massa, a


intensidade de corrente elétrica, a temperatura absoluta e a intensidade luminosa.
Ao fazermos a comparação ou a relação entre elas, surge a necessidade de definir
um conceito geral que possa expressar essas relações de uma forma sistemática, para
que seja possível estudá-las e explorá-las de acordo com nossas necessidades. A esse
conceito dá-se o nome de energia.

A energia pode ser definida como a capacidade de produzir ou a capacidade de se


realizar um trabalho. A energia não se cria do nada; ela já existe em nosso universo e
o que ocorre é a sua transformação de uma forma para outra ou outras.

Tipos de energia atualmente conhecidos:

Atômica ou nuclear, cinética, potencial, calorífica ou calorífera, elétrica,


radiante, química, mecânica, luminosa, geotérmica, eólica e solar.

Todas as questões envolvendo energia compõem um dos grandes tormentos do


mundo de hoje: o aproveitamento desta ainda não atingiu um nível satisfatório, visto
que a imensa maioria da energia utilizada no planeta é de origem não renovável,
seja de fonte mineral, atômica ou térmica. A energia pode ser utilizada de forma
mais civilizada e menos dispendiosa, por meio de fontes renováveis como a energia
hidroelétrica, eólica, solar, das marés, geotérmica e outras mais. Dentre os tipos de
energia renovável, este estudo centrará seu foco na energia eólica.
8 l ENERGIA EÓLICA

2. Energia Eólica

O
termo eólico vem do latim aeolicus,
pertencente ou relativo à Eólo, Deus dos
ventos na mitologia grega.

A força dos ventos é uma fonte de energia já conhecida


e utilizada há milhares de anos para girar as pás de
moinhos e, assim, obter energia eólica. Agora, esse
tipo de energia é pesquisado para gerar eletricidade.
Atualmente, já existem no mundo cerca de 20 mil
geradores que produzem eletricidade a partir da força Figura 1 – Moinho 1
do vento.

Para que possamos estudar a energia eólica é importante antes conhecermos a


origem, a velocidade e a potência proporcionada pelo elemento gerador desse tipo
de energia: o vento.

Origem do vento e sua classificação


A energia eólica provém da radiação solar uma vez que os ventos são gerados pelo
aquecimento não uniforme da superfície terrestre. Uma estimativa da energia total
dos ventos disponível ao redor do planeta pode ser feita a partir da hipótese de que
aproximadamente 2% da energia solar absorvida pela Terra são convertidas em
energia cinética dos ventos. Esse percentual, embora pareça pequeno, representa
centena de vezes a potência anual instalada nas centrais elétricas do mundo.

O vento e as influências

Os ventos que sopram em escala global e aqueles que se manifestam em


pequena escala são influenciados por diferentes aspectos entre os quais se
destacam a altura, a rugosidade, os obstáculos e o relevo.

A energia eólica pode ser considerada como uma das formas em que se manifesta
a energia proveniente do Sol. As mais diversas formas de energia são, de alguma
maneira, originadas pela influência da luz solar em processos físicos, químicos
ou biológicos, com as poucas exceções de alguns seres microscópicos que vivem
próximos às zonas vulcânicas submersas, delas tirando seu sustento vital.
ENERGIA EÓLICA l 9

A origem da energia que o Sol produz e irradia está nas reações nucleares que se
realizam ininterruptamente em seu interior, a partir da monstruosa pressão existente
em seu núcleo. Nessas reações, os átomos de hidrogênio, que é o elemento mais
abundante do Sol, se combinam para formarem átomos de hélio. Ao mesmo tempo,
uma pequena parte da massa desses átomos se converte em energia, sendo daí
irradiada em todas as direções do espaço. Apesar de o Sol também emitir partículas
materiais, a maior parte da energia irradiada é transportada na forma de ondas
eletromagnéticas (os fótons).

Como o Sol é 334.000 vezes maior do que a Terra e pelo fato de a energia radiante se
dispersar à medida que se afasta de sua fonte de emissão, a Terra acaba por receber
somente dois milionésimos de toda a energia emitida por essa estrela. Mesmo assim,
apenas quatro dias dessa pequena fração podem ser comparados a toda a energia
possível de ser produzida em nosso planeta por todas as fontes de combustíveis
fósseis existentes. E se considerarmos a energia total emitida pelo Sol, no breve
intervalo de um segundo ele irradia muito mais energia do que a que foi consumida
por toda a raça humana, desde o princípio de sua evolução até os nossos dias.

O Sol é uma estrela


relativamente jovem, com
cerca de cinco bilhões de anos.
Presume-se que deva durar
ainda outros cinco bilhões de
anos, ou um pouco mais.

Figura 2 – Sol 2

Além da manutenção das formas de vida, é a partir da energia do Sol que se dá a


evaporação, origem do ciclo das águas (observe como se dá este ciclo na Figura 3),
o que possibilita a alimentação dos rios e o seu represamento para a produção de
eletricidade ou para o consumo.
10 l ENERGIA EÓLICA

Figura 3 – Ciclo da águas 3

A radiação solar também induz a formação dos ventos, o que permite a circulação
atmosférica em larga escala por todo o planeta. Os ventos acontecem devido ao
aquecimento diferenciado da atmosfera. A não uniformidade no aquecimento da
atmosfera deve ser creditada, entre outros fatores, à orientação dos raios solares e
aos movimentos da Terra.

As regiões tropicais, que recebem os raios solares quase que perpendicularmente,


são mais aquecidas do que as regiões polares. Consequentemente, o ar quente que
se encontra nas baixas altitudes das regiões tropicais tende a subir, sendo substituído
por uma massa de ar mais frio que se desloca das regiões polares. O deslocamento
de massas de ar determina a formação dos ventos. A Figura 4 a seguir apresenta esse
mecanismo.

Origem do vento

O vento – atmosfera em movimento – tem sua origem na associação


entre a energia solar e a rotação planetária. Todos os planetas envoltos
por gases em nosso sistema solar demonstram a existência de distintas
formas de circulação atmosférica e apresentam ventos em suas superfícies.
Trata-se de um mecanismo solar-planetário permantente; sua duração
é mensurável na escala de bilhões de anos, por esta razão, o vento é
considerado fonte renovável de energia.
ENERGIA EÓLICA l 11

Altas pressões
polares
Baixas pressões
subpolares

Altas pressões
subtropicais

Baixas pressões
equatoriais

Altas pressões
subtropicais

Baixas pressões
subpolares

Altas pressões
polares

Figura 4 – Distribuição geral dos ventos 4

A diferença de temperatura entre a camada próxima da superfície da terra aquecida


pelos raios solares e as camadas superiores da nossa atmosfera gera correntes
convectivas. A energia da radiação solar, sendo responsável pelo movimento
convectivo do ar, direciona as correntes da nossa atmosfera, que sobem no equador
e descem nos polos, condensando vapores, precipitando energia sob a forma de
chuva. As correntes ascendentes do equador são mais intensas do que as das outras
zonas da terra, por isso produzem ventos de 30 a 50 km horários, e a rotação da
terra interfere na direção dos ventos, entre os polos e o equador, provocando uma
resultante inclinada em relação à perpendicular pelo equador.

Perturbações magnéticas solares produzem os ventos de grandes altitudes,


conhecidos pelos aeronautas como tempestades de céu claro. Estudos mais
acurados comprovaram existirem as correntes de grandes altitudes, utilizadas para
economizar combustível nos voos intercontinentais.

Os centros de baixa pressão que ocorrem na superfície da terra produzem correntes


ascendentes de 100 milhas por hora e ventos de superfície de igual intensidade,
convergentes para o centro de baixa pressão, que, influenciados pelos desvios da
rotação da terra, geram movimentos rotacionais, conhecidos como furacões, tão
comuns na região do equador.
12 l ENERGIA EÓLICA

Na região sul do Brasil, por exemplo, estão os planaltos do sul, que se estendem
aproximadamente de 24o S (São Paulo) até os limites ao sul do Rio Grande do Sul. O
escoamento geral atmosférico nessa área é controlado pela depressão do nordeste da
Argentina, uma área quase permanente de baixas pressões, geralmente estacionárias
ao leste dos Andes sobre planícies secas e o anticiclone subtropical Atlântico. A
posição média da depressão do nordeste da Argentina é de aproximadamente 29o S
e 66o W, sendo criada pelo bloqueio da circulação atmosférica geral pelos Andes e
por intenso aquecimento da superfície na região.

O gradiente de pressão entre a depressão do nordeste da Argentina e o anticiclone


subtropical atlântico induz a um escoamento persistente de nordeste ao longo dessa
área. Desse escoamento resultam velocidades médias anuais de 5.5 m/s a 6.5 m/s
sobre as grandes áreas da região. Entretanto, esse escoamento é significativamente
influenciado pelo relevo e pela rugosidade do terreno. Os ventos mais intensos estão
entre 7m/s e 8m/s e ocorrem nas elevações montanhosas do continente, bem como
em planaltos de baixa rugosidade, como os campos de Palmas (PR-SC). Outra área
com velocidades superiores a 7m/s encontra-se ao longo do litoral Sul, (Laguna,
Imbituba – SC), onde os ventos predominantes leste-nordeste são acentuados pela
persistente ação diurna das brisas marinhas.

Velocidades médias e fluxos de potência eólica


Apresentamos no Gráfico 1 a seguir a relação entre as alturas e velocidades de ventos
nas diferentes áreas (urbana, subúrbio ou nível do mar).

600 velocidade do vento

100% velocidade do vento


450
velocidade do vento
100%
altura (m)

300 100%
85% 90%

150 50%
50% 65%
30%

Área urbana Subúrbios Litoral

Gráfico 1 – Relação de velocidade do vento X altura 5

Com esse esquema, podemos perceber que regiões que possuem construções
elevadas como prédios só atingem velocidades razoáveis de vento após uma elevada
altura. Já nas áreas em que só existem casas e pequenas construções, essa taxa
ENERGIA EÓLICA l 13

diminui e, assim, em alturas um pouco menores já temos ventos satisfatórios. No


último caso mostrado, ao nível do mar, se vê que os ventos já são muito mais rápidos
em altitudes menos elevadas que nos exemplos anteriores.

Como avaliar a velocidade do vento


Por ser um fenômeno natural, o vento pode variar dependendo do dia e da estação
do ano. Para um bom aproveitamento do vento não se deve ter nenhum obstáculo
como morros, mata fechada, prédios etc. Observando a Tabela 1, você poderá ter
uma ideia de como é o vento na sua região.

Tabela 1 – Classificação dos ventos 6

Escala Denominação Velocidade em m/s Avaliação do vento em terra


0 Calmo 0 a 0,4 Não se nota nenhum movimento
1,44 Km/h nos galhos das árvores.
1 Quase calmo 0,5 a 1,5 A direção da fumaça sofre um
1.8-5.4 Km/h pequeno desvio.
2 Brisa leve 1,6 a 3,4 As folhas são levemente agitadas.
6-12 Km/h
3 Vento fresco 3,5 a 5,5 As folhas ficam em agitação
13-20 Km/h contínua.
4 Vento 5,6 a 8 Poeira e pedaços de madeira são
moderado 20.6-29 Km/h levantados.
5 Vento regular 8,1 a 10,9 As árvores pequenas começam
29-39 Km/h oscilar.
6 Vento meio 11,4 a 13,9 Galhos maiores ficam agitados.
forte 41-50 Km/h
7 Vento forte 14,1 a 16,9 Torna-se difícil andar contra  o
50-60 Km/h vento.
8 Vento muito 17,4 a 20,4 Fica impossível andar contra o
forte 61-73 Km/h vento.
9 Ventania 20,5 a 23,9 Telhas podem ser arrancadas.
74-86 Km/h
10 Vendaval 24,4 a 28 Árvores são derrubadas.
88-100 Km/h
12 Furacão 83,0 a 125 Produzem efeitos  devastadores.
298-450 Km/h
14 l ENERGIA EÓLICA

Potência gerada por uma turbina eólica


Existe uma regra que dá a potência gerada pelos cata-ventos e turbinas de vento.
É importante ressaltar que esta regra é teórica e, na prática, não conseguimos
converter toda essa potência (teórica) em potência útil.

Em condições ideais o valor máximo teórico da energia contida no fluxo de ar


que pode ser extraída por uma turbina eólica é de aproximadamente 59,3%; a esse
percentual dá-se o nome de coeficiente de potência (Cp). Sob condições reais, o
coeficiente de potência alcança não mais do que 50%, porque inclui todas as perdas
aerodinâmicas do aerogerador.

Tentaremos apresentar de forma sucinta esta fórmula:

Potência é igual ao trabalho (Energia) dividido pelo tempo:

P= W
∆t
mas o trabalho realizado pelo vento, que neste caso é igual a sua energia
cinética, é:
W = Ec = mV
2
Substituindo na primeira equação temos:

mV
P= 2
= mV
∆t 2∆t
mas como, temos:

m = p ·V ·A P = pV A
∆t 2

Onde ρ é a densidade do ar em Kg/m3, V é a velocidade do vento e A


é a área varrida pelas hélices do rotor. Talvez seja essa a fórmula mais
importante para se conhecer o aproveitamento da energia eólica. Como
não conseguimos extrair toda a potência contida no vento e por existirem
perdas mecânicas e aerodinâmicas, a fórmula se transforma em:

Onde:
η - eficiência do conjunto gerador/transmissão
Cp - coeficiente aerodinâmico de potência do rotor
ENERGIA EÓLICA l 15

Analisando a fórmula anterior e supondo um aerogerador onde a velocidade do


vento passa de 10 km/h para 11 km/h (aumento de 10%), a potência se eleva em
33%, o que mostra como é importante a escolha de um lugar com ventos mais
velozes para o melhor aproveitamento da energia eólica.

3. Sistemas Eólicos

U
m sistema eólico é constituído por vários componentes que devem
trabalhar em harmonia, de forma a propiciar um maior rendimento final.
Para efeito de estudo global da conversão eólica devem ser considerados
os seguintes componentes:

» » Vento: disponibilidade energética do local destinado à instalação do


sistema eólico.

» » Rotor: responsável por transformar a energia cinética do vento em


energia mecânica de rotação.

» » Transmissão e Caixa Multiplicadora: responsável por transmitir a


energia mecânica entregue pelo eixo do rotor até a carga. Alguns geradores
não utilizam este componente; nesse caso, o eixo do rotor é acoplado
diretamente à carga.

» » Gerador Elétrico: responsável pela conversão da energia mecânica em


energia elétrica.

» » Mecanismo de Controle: responsável pela orientação do rotor, controle


de velocidade, controle da carga etc.

» » Torre: responsável por sustentar e posicionar o rotor na altura


conveniente.

» » Transformador: responsável pelo acoplamento elétrico entre o


aerogerador e a rede elétrica.

» » Acessórios: são os componentes periféricos.


16 l ENERGIA EÓLICA

Figura 5 – Sistema eólico 7

Tipos de Rotores
Os aerogeradores costumam ser classificados pela posição do eixo do seu rotor, que
pode ser vertical ou horizontal. A seguir, mencionaremos os principais modelos
relativos aos tipos de classificação mencionados.
ENERGIA EÓLICA l 17

Eixo Horizontal
Esta disposição necessita de um mecanismo
que permita o posicionamento do eixo
do rotor em relação à direção do vento,
para um melhor aproveitamento global,
principalmente onde tem muita mudança na
direção dos ventos. Os principais modelos
diferem quanto às características que definem
o uso mais indicado, sendo eles: Figura 6 – Gerador eólico 2Mva 8

» » Rotor multipás - atualmente representa a


maioria das instalações eólicas, tendo sua
maior aplicação no bombeamento d´água.
Suas características tornam seu uso mais
próprio para aeromotores, pois dispõe de
uma boa relação torque de partida/área de
varredura do rotor, mesmo para ventos fracos.
Em contrapartida, seu melhor rendimento
encontra-se nas baixas velocidades, limitando
a potência máxima extraída por área do
rotor, que não é das melhores, tornando
esse tipo pouco indicado para geração de
energia elétrica. Com o desenvolvimento
Figura 7 – Moinho com rotor multipás 9 da eletrônica, os sistemas atuais podem
ser facilmente projetados para uma faixa
de velocidade bastante ampla e com um
rendimento bastante satisfatório, passando
o fator determinante a ser a potência obtida
pelo rotor em relação à área de varredura,
em que os modelos de duas e três pás
se destacam com um rendimento muito
superior.
18 l ENERGIA EÓLICA

» » Rotor de três ou duas pás - é praticamente o padrão de rotores utilizados


nos aerogeradores modernos, isso se deve a grande relação de potência
extraída por área de varredura do rotor, muito superior ao rotor multipás
(embora isso só ocorra em velocidades de vento superiores), pois além
do seu rendimento máximo ser o melhor entre todos os tipos, situa-se em
velocidades mais altas.

Figura 8 – Desenho de rotores de duas ou três pás 10

» » Rotor de uma pá – a razão para o


desenvolvimento de aerogeradores com
uma pá é diminuir com uma alta velocidade
rotacional o número de pás do rotor e, com
isso, diminuir o custo dos aerogeradores.
Mas devido ao fato de esse tipo de rotor
possuir um desbalanceamento aerodinâmico
que introduz movimentos adicionais,
ele provoca cargas extras e necessita de
construções de eixos complicados (juntas,
amortecedores etc) para manter os Figura 9 – Rotor de uma pá 11
movimentos sob controle.

A principal desvantagem para a sua aplicação comercial é o alto nível de ruído


aerodinâmico do rotor, causado por uma velocidade de ponte de pá de cerca de
120m/s. Comparando com os rotores de três pás, essa velocidade de ponta é duas
vezes mais elevada, o que significa que os aerogeradores de uma pá são muitas
vezes mais barulhentos do que os de três pás. Ao menos na Alemanha, com sua
ENERGIA EÓLICA l 19

alta densidade populacional, esses aerogeradores barulhentos não têm chance no


mercado. Muitas pessoas também reclamam que uma só pá girando proporciona um
distúrbio visual na paisagem. Algumas comunidades na Alemanha, portanto, não
permitem a montagem de rotores de uma pá.

Eixo Vertical
A principal vantagem das turbinas de eixo vertical é não necessitar de mecanismo
de direcionamento, sendo evidenciada nos aerogeradores por simplificar bastante os
meios de transmissão de potência.

Como desvantagens, apresentam o fato de suas pás, devido ao movimento de


rotação, terem constantemente alterados os ângulos de ataque e de deslocamento
em relação à direção dos ventos, gerando forças resultantes alternadas, o que além
de limitar o seu rendimento, causa vibrações acentuadas em toda a sua estrutura.

Figura 10 – Rotores com eixo vertical 12

Transmissão e Caixa Multiplicadora


A transmissão, que engloba a caixa multiplicadora, possui a finalidade de transmitir
a energia mecânica entregue pelo eixo do rotor até o gerador. É composta por eixos,
mancais, engrenagens de transmissão e acoplamentos. A figura abaixo apresenta a
localização da caixa multiplicadora dentro do sistema de geração eólica.
20 l ENERGIA EÓLICA

Figura 11 – Corte de gerador eólico 13


ENERGIA EÓLICA l 21

O projeto tradicional de uma turbina eólica consiste em colocar a caixa de


transmissão mecânica entre o rotor e o gerador de forma a adaptar a baixa
velocidade do rotor à velocidade de rotação mais elevada dos geradores
convencionais. A velocidade angular dos rotores geralmente varia na faixa de 20 a
150 RPM, devido às restrições de velocidade na ponta da pá (tip speed). Entretanto,
geradores (sobretudo geradores síncronos) trabalham a rotações muito mais
elevadas (em geral, entre 1200 a 1800 RPM), tornando necessária a instalação de
um sistema de multiplicação entre os eixos.

Mais recentemente, alguns fabricantes desenvolveram com sucesso aerogeradores


sem a caixa multiplicadora e abandonaram a forma tradicional de construir turbinas
eólicas. Assim, ao invés de utilizar a caixa de engrenagens com alta relação de
transmissão, necessárias para alcançar a elevada rotação dos geradores, utilizam-se
geradores múltiplos de baixa velocidade e grandes dimensões.

Vantagens e desvantagens

Os dois tipos de projetos possuem vantagens e desvantagens e a decisão


de utilizar o multiplicador ou fabricar um aerogerador sem caixa de
transmissão é antes de tudo uma questão de filosofia do fabricante.

Mecanismo de Controle
Os mecanismos de controle destinam-se à orientação do rotor, ao controle de
velocidade, ao controle de carga etc. Pela variedade de controles, existe uma enorme
variedade de mecanismos que podem ser mecânicos (velocidade, passo, freio),
aerodinâmicos (posicionamento do rotor) ou eletrônicos (controle da carga). Devido
à atuação das forças aerodinâmicas nas pás do rotor, uma turbina eólica converte a
energia cinética do vento em energia mecânica rotacional. Essas forças aerodinâmicas
são geradas ao longo das pás do rotor que necessitam de perfis especialmente
projetados e que são muito similares àqueles usados para asas de aviões.

Controle aerodinâmico

Os modernos aerogeradores utilizam dois diferentes princípios de controle


aerodinâmico para limitar a extração de potência nominal do aerogerador.
São chamados de Controle Stall e Controle de Passo - Pitch.

No passado, a maioria dos aerogeradores usava o Controle Stall simples; atualmente,


entretanto, com o aumento do tamanho das máquinas, os fabricantes estão optando
pelo sistema de Controle de Passo - Pitch -, que oferece maior flexibilidade na
operação das turbinas eólicas.
22 l ENERGIA EÓLICA

Controle de Passo - Pitch


O Controle de Passo é um sistema ativo que normalmente necessita de uma
informação vinda do controlador do sistema. Sempre que a potência nominal do
gerador é ultrapassada, devido a um aumento da velocidade do vento, as pás do
rotor giram em torno do seu eixo longitudinal; em outras palavras, as pás mudam
o seu ângulo de passo para reduzir o ângulo de ataque. Essa redução do ângulo de
ataque diminui as forças aerodinâmicas atuantes e, consequentemente, a extração
de potência. Para todas as velocidades do vento superiores à velocidade nominal, o
ângulo é escolhido de forma que a turbina produza apenas a potência nominal. Sob
todas as condições de vento, o escoamento em torno dos perfis das pás do rotor é
bastante aderente à superfície produzindo sustentação aerodinâmica e pequenas
forças de arrasto.

Figura 12 – Pá sobre ação do vento 14

Sob todas as condições de vento, o fluxo em torno dos perfis da pá do rotor é bem
aderente à superfície, produzindo, portanto, sustentação aerodinâmica a pequenas
forças de arrasto.

Controle Stall
Controle Stall é um sistema passivo que reage à velocidade do vento. As pás do
rotor são fixas em seu ângulo de passo e não podem girar em torno de seu eixo
longitudinal. O ângulo de passo é escolhido de forma que, para velocidades de vento
superiores à velocidade nominal, o escoamento em torno do perfil da pá do rotor
descola da superfície da pá (Stall), reduzindo as forças de sustentação e aumentando
as forças de arrasto. Sob todas as condições de ventos, superiores à velocidade
nominal, o escoamento em torno dos perfis das pás do rotor é, pelo menos
parcialmente, descolado da superfície produzindo menores forças de sustentação
e elevadas forças de arrasto. Menores sustentações e maiores arrastos atuam contra
um aumento da potência do rotor.
ENERGIA EÓLICA l 23

Figura 13 – Pá sobre ação do vento 15

Turbinas com Controle Stall são mais simples do que as de Controle de Passo
porque elas não necessitam de um sistema de mudança de passo.

Tipos de geradores empregados na geração eólica


Os primeiros geradores instalados no final dos anos 1980 e início dos anos 1990
encontravam-se equipados com máquinas de indução de rotor em gaiola (MIRG).
Esses geradores caracterizavam-se por possuírem uma velocidade de rotação
praticamente constante e por possuírem caixas de velocidade para adaptação
da velocidade de rotação nominal da turbina (cerca de 38 rpm) à velocidade de
sincronismo da máquina de indução (tipicamente 1500 rpm). O controle da
potência mecânica era conseguido por meio do desenho das pás, denominadas
turbinas tipo “Stall”. A máquina de indução com o rotor em gaiola funciona como
gerador nas situações em que a velocidade angular do rotor é superior à velocidade
angular do campo girante, ou seja, para escorregamentos negativos.
Diagrama Gerador Eólico máquina de indução

Rotor
Vento
Cx. Velocidade Gerador Transformador
MIRG

Stall
Anenômetro

Sensor Controlador
de direção

Figura 14 – Diagrama Gerador Eólico máquina de indução 16


24 l ENERGIA EÓLICA

Diagrama Gerador Eólico Máquinas Síncronas

Rotor Excitação
Vento
Transformador
MS

Gerador

Velocidade
Pitch
Anenômetro

Sensor Controlador
de direção

Figura 15 – Diagrama Gerador Eólico máquinas síncronas 17

No final da década de 1990 foram instalados geradores eólicos equipados com


máquinas síncronas (MS), operadas à velocidade variável. Eles se caracterizavam
pela ausência de caixa de velocidades, sendo a adaptação da frequência das
grandezas elétricas do gerador a frequência da rede, realizada por meio de um
sistema de conversão corrente alternada / corrente contínua / corrente alternada
(ca/cc/ca). As turbinas que equipam esses geradores são do tipo “Pitch” (Controle
de Passo).

No final dessa mesma década (anos 1990) foram instalados geradores eólicos
equipados com máquinas de indução com rotor bobinado (MIDA), em que existia
a possibilidade de variar uma resistência colocada em série com o rotor da máquina
e, consequentemente, a gama de variação de velocidade do rotor. As turbinas que
equipam esses aerogeradores são do tipo “Pitch”, sendo a adaptação da velocidade
do rotor da turbina ao rotor da máquina de indução realizada por meio de uma caixa
de velocidades.
Diagrama Gerador Eólico máquinas ind. rotor bobinado
Rotor Excitação
Vento Cx. Velocidade
Transformador
MIDA

Gerador

Pitch
Anenômetro
Sensor Controlador
de direção

Figura 16 – Diagrama Gerador Eólico maquinas ind. rotor bobinado 18


ENERGIA EÓLICA l 25

Medições da velocidade do vento e perfis do


vento
A medição da velocidade do vento é o ponto mais crítico para a avaliação do recurso
de vento, determinação do desempenho e predição da energia anual gerada. Em
termos econômicos, erros traduzem-se diretamente em risco financeiro. Não há
outro setor em que a importância das incertezas nas medições da velocidade do
vento seja tão grande como na energia eólica.

Devido à falta de experiência, muitas medições Anemômetro


de velocidade do vento possuem incertezas O anemômetro é um
instrumento utilizado para
inaceitavelmente altas porque não são aplicadas
medir a velocidade do
boas práticas na seleção, calibração e montagem
vento.
dos anemômetros e na seleção do local de medição.

Figura 17 – Anemômetro digital de bolso 19 Figura 18 – Anemômetro analógico de torre 20

O anemômetro analógico de torre fica instalado no


local, possui três ou quatro braços, cujas extremidades
são formadas por duas metades ocas de esferas que o
vento faz rodar. O movimento de rotação aciona uma
vareta central, que está ligada a um registrador usado
para marcar a velocidade do vento. Tão importante
quanto a calibração, é a seleção dos anemômetros.
Anemômetros de má qualidade causam altas incertezas
nas medições da velocidade do vento, mesmo se eles Figura 19 – Anemômetro
forem individualmente calibrados num túnel de vento. utilizado em aeroportos 21
26 l ENERGIA EÓLICA

Convém destacar algumas observações importantes:

▪▪ O período mínimo de medições da velocidade de vento é de um


ano, o que diminui significativamente o risco financeiro de um
parque eólico.

▪▪ As medições de velocidade de vento são de suma importância ao


se considerarem os aspectos econômicos de projetos de turbinas
eólicas. Um erro de 3% nas medições leva a erros de 10% na
produção de energia e, por essa razão, não é aceitável.

▪▪ A rugosidade da superfície do terreno diminui a velocidade do vento.


Em alturas superiores ao nível do solo, a rugosidade influencia menos
e a velocidade do vento aumenta. O gráfico abaixo dá uma ideia de
uma possível forma de camada limite da velocidade do vento.

140

120

100

80
altura / m

60

40

20
0
0 2 4 6 8 10
velocidade vento / m/s
Gráfico 2 – Velocidade/Altura 22

Sensor de direção
O sensor de direção é um instrumento
utilizado para medir a direção do vento. A
direção dos ventos é importante para o cálculo
da energia gerada por determinada usina eólica,
e também para a otimização da escolha dos
locais e da direção que ficarão alinhados os
aerogeradores.
Figura 20 – Sensor de direção 23
ENERGIA EÓLICA l 27

Estimativa de produção de energia


A produção anual de energia de um aerogerador é o fator econômico mais
importante. Incertezas na determinação da velocidade de vento anual e da curva de
potência contribuem para a incerteza total na predição da energia anual gerada e
leva a um risco financeiro mais elevado.

Enquanto a estimativa da produção de energia ainda é dificil de ser calculada


devido à ausência de controle das variantes envolvidas, é possível mensurar outras
propriedades da energia eólica. A seguir, é mostrado como calcular a produção
anual de energia (PAE).

A produção anual de energia pode ser estimada pelo método do histograma de


velocidade do vento e curva de potência.

Se o histograma da velocidade do vento é conhecido a partir de medições, uma boa


estimativa de PAE pode ser calculada utilizando-se o histograma de velocidades
medidas e a curva de potência. Para cada intervalo de velocidade de vento, o número
de horas no intervalo é multiplicado pela potência correspondente gerada pela
turbina para se obter a produção anual de energia (observe nos gráficos).

Assim sendo, a produção anual total de energia (PAE) pode ser calculada por meio
da fórmula:

E = ∑ P[i] * h[i].

500

400
tempo [h]

300
t (i) = 275 h Vm: 7.0 m/s
R distribuição de Rayleigh
200
total:
100 8760 horas

0
0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0
velocidade do vento na altura do eixo (m/s)
Gráfico 3 – Exemplo de histograma de velocidade de vento medida 24
28 l ENERGIA EÓLICA

600
500
potência/ [kW]

400
P (i)
300
v (i)
220

100
0
0 5 10 15 20 25
velocidade do vento na altura do eixo (m/s)

Gráfico 4 – Curva de potência medida com massa específica do ar padrão 25

100

80 E (i) = 95 MW h
AEP [MWh]

60

40

20
total: 1440 MW h
0
0 5 10 15 20 25
velocidade do vento na altura do eixo (m/s)

Gráfico 5 – Exemplo de energia estimada no intervalo 26

A quantidade de energia que pode ser gerada depende dos seguintes fatores:

» » quantidade de vento que passa pela hélice;

» » diâmetro da hélice;

» » dimensão do gerador;

» » rendimento de todo o sistema;

» » altura da máquina;

» » espaçamento horizontal dos sistemas de conversão de energia eólica


instalados.
ENERGIA EÓLICA l 29

Princípio e tecnologia
A absorção de energia cinética reduz a velocidade do vento a jusante do disco
rotor, gradualmente essa velocidade recupera-se ao misturar-se com as massas de
ar predominantes do escoamento livre. Das forças de sustentação aerodinâmica nas
pás do rotor resulta uma esteira helicoidal de vértices a qual também gradualmente
dissipa-se. Após alguma distância a jusante da turbina, o escoamento recupera
as condições de velocidade originais e turbinas adicionais podem ser instaladas,
minimizando as perdas de desempenho causadas pela interferência das turbinas
anteriores. Na prática, essa distância varia com a velocidade do vento, as condições
da turbina, a rugosidade do terreno e a estabilidade térmica vertical da atmosfera.
De modo geral, uma distância considerada segura para a instalação de novas
turbinas é da ordem de 10 vezes o diâmetro D, se instalada ao lado em relação ao
vento predominante.

Velocidade média anual


Possibilidades de uso para a energia eólica
10 m acima do nível do solo

Abaixo de 3 m/s Usualmente não viável, a menos em ocasiões especiais.

Pode ser uma opção para bombas eólicas, improvável


3-4 m/s
para geradores eólicos.

Bombas eólicas podem ser competitivas com bombas à


4-5 m/s
Diesel. Pode ser viável para geradores eólicos isolados.

Viável tanto para bombas eólicas quanto para geradores


Mais que 5 m/s
eólicos isolados.

Vivável para bombas eólicas, geradores eólicos isolados


Mais que 7 m/s
e conectados à rede.

Quadro 1 – Possibilidade do uso de Energia Eólica 27


30 l ENERGIA EÓLICA

Figura 21 – Esteira aerodinâmica e afastamento entre turbinas eólicas 28

A velocidade angular do rotor é inversamente proporcional ao diâmetro D.


Usualmente, a rotação é otimizada no projeto, para minimizar a emissão de ruído
aerodinâmico pelas pás. Uma fórmula prática para a avaliação da rotação nominal de
operação de uma turbina eólica é:

RPM = 1150 / D

À medida que a tecnologia propicia dimensões maiores para as turbinas, a rotação


reduz-se: os diâmetros de rotores no mercado atual variam de 40 e 80m, o que
resulta em rotações da ordem entre 15 rpm e 30 rpm, respectivamente. As baixas
rotações atuais tornam as pás visíveis e evitáveis por pássaros em voo. Quanto aos
níveis de ruído, turbinas eólicas satisfazem os requisitos ambientais mesmo quando
instaladas na ordem de 300 m de áreas residenciais. Esses aspectos contribuem para
que a eolioelétrica apresente o mínimo de impacto ambiental, entre as fontes de
geração na ordem de gigawatts.

Figura 22 – Usina Eólica Osório 29


ENERGIA EÓLICA l 31

Uma usina eólica é um conjunto de turbinas dispostas adequadamente em uma


mesma área. Essa proximidade geográfica tem a vantagem econômica da diluição
de custos: arredondamento de área, fundações, aluguel de guindastes e montagem,
equipes de operação, manutenção e estoques de reposição.

O Gráfico 6 mostra a forma típica de curva de potência de turbinas eólicas.


Usualmente, a geração elétrica inicia-se com velocidades de vento da ordem de 2,5 –
3,0 m/s; abaixo desses valores, o conteúdo energético não justifica aproveitamento.
Velocidades superiores à faixa de 12,0 m/s a 15,0 m/s (43 a 54 Km/h) ativam
o sistema automático, que pode ser por controle de ângulo das pás ou por estol
aerodinâmico, dependendo do modelo de turbina. Em ventos muito fortes (> 25
m/s 90 km/h), atua o sistema automático de proteção.

Ventos muito fortes têm ocorrência rara e negligenciável em termos de


aproveitamento e a turbulência associada é indesejável para a estrutura da máquina;
nesse caso, a rotação das pás é reduzida (passo ou estol) e o sistema elétrico
do gerador é desconectado da rede elétrica. Turbinas elétricas de grande porte
têm controle inteiramente automático, através de atuadores rápidos, software e
microprocessadores alimentados por sensores duplos em todos os parâmetros
relevantes. Usualmente, utiliza-se telemetria de dados para monitoramento de
operação e auxílio a diagnósticos/operação.

O cálculo da energia gerada – anual ou mensal – é realizado pela multiplicação


dos valores de potência gerada pelo tempo de duração associados a intervalos de
velocidade do vento.
Potência elétrica gerada [ kW ]

p = 1,225 kg/m²

5 10 15 20 25 30
Velocidade do vento na altura do rotor m/s

Gráfico 6 – Curva típica de potência de turbinas eólicas 30


32 l ENERGIA EÓLICA

4. Aplicações dos Sistemas


Eólicos

U
m sistema eólico pode ser utilizado em quatro aplicações distintas:
sistemas isolados, sistemas híbridos, sistemas interligados à rede e
sistemas Off-Shore. Os sistemas obedecem a uma configuração básica,
necessitam de uma unidade de controle de potência e, em determinados casos, de
uma unidade de armazenamento.

Sistemas Isolados
Gerador Eólico
Controlador de Carga das Baterias
Baterias
Inversor
Eletrodomésticos

Figura 23 – Configuração de um sistema eólico isolado 31

Os sistemas isolados, em geral, utilizam alguma forma de armazenamento de


energia, que pode ser feito por meio de baterias, com o objetivo de utilizar aparelhos
elétricos, ou na forma de energia gravitacional, com a finalidade de armazenar a água
bombeada em reservatórios para posterior utilização. Alguns sistemas isolados não
necessitam de armazenamento, como no caso dos sistemas para irrigação em que
toda a água bombeada é diretamente consumida.
ENERGIA EÓLICA l 33

Os sistemas que armazenam energia em baterias necessitam de um dispositivo para


controlar a carga e a descarga da bateria. O controlador de carga tem como principal
objetivo evitar danos à bateria por sobrecarga ou descarga profunda.

Para alimentação de equipamentos que operam com corrente alternada (CA) é


necessária a utilização de um inversor. Esse dispositivo geralmente incorpora um
seguidor do ponto de máxima potência, necessário para otimização da potência
produzida. Esse sistema é usado quando se deseja utilizar eletrodomésticos
convencionais.

Sistemas Híbridos
Os sistemas híbridos são aqueles que, desconectados da rede convencional,
apresentam várias fontes de geração de energia como, por exemplo, turbinas eólicas,
geração diesel, módulos fotovoltaicos, entre outras. A utilização de várias formas de
geração de energia elétrica aumenta a complexidade do sistema e exige a otimização
do uso de cada uma das fontes. Nesses casos, é necessário realizar um controle de
todas as fontes para que haja máxima eficiência na entrega da energia para o usuário.

Em geral, os sistemas híbridos são empregados em sistemas de médio a grande


porte, destinados a atender um número maior de usuários. Por trabalhar com cargas
em corrente alternada, o sistema híbrido também necessita de um inversor. Devido à
grande complexidade de arranjos e multiplicidade de opções, a forma de otimização
do sistema torna-se um estudo particular a cada caso.

Unidade de Controle e
Condicionamento de Potência

Armazenamento Carga

Figura 24 – Configuração de um sistema híbrido solar-eólico-diesel 32


34 l ENERGIA EÓLICA

Sistemas interligados à rede


Os sistemas interligados à rede utilizam um grande número de aerogeradores e não
necessitam de sistemas de armazenamento de energia, pois toda a geração é entregue
diretamente à rede elétrica. O total de potência instalada no mundo de sistemas
eólicos interligados à rede somam aproximadamente 120 GW (WWEA, 2009).

Figura 25 – Parque eólico conectado à rede - Parque Eólico da Prainha (CE) 33

Sistemas Off-Shore - Energia eólica no mar


As instalações off-shore representam as novas fronteiras da utilização da energia
eólica. Embora representem instalações de maior custo de transporte, instalação e
manutenção, as instalações off-shore têm crescido a cada ano, principalmente com o
esgotamento de áreas de grande potencial eólico em terra.

A indústria eólica tem investido no desenvolvimento tecnológico da adaptação


das turbinas eólicas convencionais para uso no mar. Além do desenvolvimento
tecnológico, os projetos off-shore necessitam de estratégias especiais quanto ao
tipo de transporte das máquinas, sua instalação e operação. Todo o projeto deve
ser coordenado de forma a utilizar os períodos em que as condições marítimas
propiciem um deslocamento e uma instalação com segurança.

Figura 26 – Parque eólico instalado no mar 34


ENERGIA EÓLICA l 35

5. Qualidade da Energia

A
qualidade da energia no contexto da geração eólica descreve o desempenho
elétrico do sistema de geração de eletricidade do aerogerador, em que
quaisquer perturbações sobre a rede elétrica devem ser mantidas dentro de
limites técnicos estabelecidos conforme o nível de exigência imposto pelo gerente
de operações da rede.

Para a maior parte das aplicações de unidades eólicas, a rede pode ser considerada
como um componente capaz de absorver toda a potência gerada por essas unidades,
com tensão e frequência constantes. No caso, por exemplo, de sistemas isolados de
pequeno porte, podem ser encontradas situações em que a potência elétrica fornecida
pelo aerogerador alcance valores compatíveis com a capacidade da rede. Onde a rede é
fraca, a qualidade da energia deve ser uma das principais questões a serem observadas
sobre a utilização de aerogeradores (tamanho, tipo de controle etc.)

O Quadro 2 a seguir descreve os principais distúrbios causados por aerogeradores


na rede elétrica e as respectivas causas, que podem ser resumidas em condições
meteorológicas, do terreno, e especificamente sobre as características elétricas,
aerodinâmicas, mecânicas e de controle presente no aerogerador.

Distúrbios Causa

Elevação / queda de tensão Valor médio da potência entregue

Flutuações de tensão e cintilação ▪▪ Operações de chaveamento


▪▪ Efeito de sombreamento da torre
▪▪ Erro de passo da pá
▪▪ Erro de mudança de direção
▪▪ Distribuição vertical do vento
▪▪ Flutuações da velocidade do vento
▪▪ Intensidade de turbulências

Harmônicos ▪▪ Conversores de freqüência


▪▪ Controladores tiristorizados
▪▪ Capacitores

Consumo de potência reativa Componentes indutivos ou sistemas de geração

Quadro 2 – Distúrbios causados por aerogeradores à rede elétrica 35


36 l ENERGIA EÓLICA

É importante observar que os cuidados na conexão à rede elétrica devem ser


observados e avaliados ainda na fase de planejamento. Quando várias máquinas
eólicas são conectadas em um parque, o nível de potência entregue por unidade
pode variar devido à localização das máquinas no parque e o efeito de “sombra”
causado pelos aerogeradores a montante àqueles que se encontram em fileiras mais
afastadas em relação à direção do vento predominante.

O tipo de gerador utilizado (síncrono ou assíncrono) produz diferentes níveis de


flutuação nas variáveis elétricas de saída. Isso pode ser verificado particularmente
para as unidades de grande porte, com potência superiores a 1 MW, visto que as de
pequeno e médio porte podem influenciar a rede apenas quando estão conectadas
em grande número. Devido aos baixos valores de escorregamento, geradores
assíncronos conectados diretamente à rede elétrica, operando com velocidade
quase constante, geram flutuações mais significativas do que geradores síncronos
em velocidade variável, conectados à rede via unidade retificadora/inversora.
(CARVALHO, 2003)

No caso específico de distribuições de harmônicos, considerado como um


grave problema para a manutenção da qualidade de energia, a principal fonte
de harmônicos são os conversores de frequência empregados para conectar os
geradores eólicos à rede elétrica. Assim, os geradores eólicos assíncronos ou
síncronos ligados diretamente à rede elétrica não necessitam de maiores atenções
nesse aspecto.

6. A Energia Eólica no Mundo

A
energia eólica foi a responsável pela instalação de 16GW em novas usinas
em todo o mundo no primeiro semestre de 2010. O desempenho foi
considerado pela Associação Mundial de Energia Eólica (WWEA) como
“um crescimento robusto” e teve como principal destaque, novamente, a China. O
pais adicionou 7.800MW em potência instalada durante esses seis meses, fazendo
com que a fonte passasse a responder por quase 34GW em seu sistema elétrico.
ENERGIA EÓLICA l 37

A capacidade eólica total do globo alcançou 175GW até o final de julho, contra
159GW totalizados em dezembro de 2009. A WWEA afirma que espera que o
mercado para novas turbinas cresça entre 35 e 40GW neste ano. Nos cálculos da
associação, a potência eólica no mundo deve chegar a 200GW ao final de 2010.
Com isso a China deve ultrapassar os Estados Unidos e se tornar a líder mundial em
potência eólica.

Mercado eólico global

“O mercado mundial para turbinas eólicas teve uma ligeira baixa


na primeira metade de 2010. No entanto, ainda há um robusto
desenvolvimento em muitos países. A Ásia e especialmente a China, com
seu crescimento impressionante, continuam a ser os principais condutores
do mercado eólico global”, analisa o presidente da WWEA, Anil Kane.

O secretário-global da associação, Stefan Gsänger, porém, faz um alerta. Para


ele, o desenvolvimento dos financiamentos nos países em desenvolvimento e o
enfraquecimento da fonte em alguns países mostram que “a energia eólica ainda não
é um sucesso garantido automaticamente”. O executivo pede por aprimoramentos
legislativos e mais facilidades na obtenção de licença para as construções. Tarifas
“mais compreensivas” de incentivo e soluções para conexão das usinas à rede
também estão entre os pontos para os quais Gsänger pede atenção.

Energias renováveis

Diversos governos têm feito investimentos em fontes de energia


renováveis. A redução na emissão de gases nocivos na atmosfera é a
principal responsável pela procura de fontes de energia renováveis como
a energia eólica. Não há dúvida de que o custo da energia hoje é maior
que o de outras fontes, como a hidráulica e a térmica. Mas apesar disso a
energia eólica possui aspectos muito importantes, como a segurança e a
limpeza, além de ser uma energia renovável “verde”.

A Associação Mundial de Energia Eólica (WWEA), que representa todas as


organizações de energia eólica ao redor do mundo, prevê uma taxa de crescimento
anual para o segmento de 21%, o que permitirá, em 2010, uma capacidade instalada
de geração mundial de 200GW de energia eólica.
38 l ENERGIA EÓLICA

Rankin Eólico
Capacidade Instalada (MW)
25.000
22.247
22.500

20.000
16.819
17.500
15.145
15.000

12.500

10.000
7.850
7.500
5.939
5.000
3.125 2.726 2.455 2.389 2.130 1.846 1.747 1.538
2.500
247
0
nha a rca l il
anh
a EUA Índia Chin ama Itália ça
Fran ino Unid
o uga adá olanda Japã
o
Bras
Alem Espa Din Port Can H
Re

Gráfico 7 – Crescimento eólico a nível mundial 36

Alemanha (20.622 MW), Estados Unidos da América (11.603 MW), Índia (6.270
MW) e Dinamarca (3.136 MW) são os maiores produtores e os responsáveis por
mais de 70% da geração de energia eólica do mundo.

Crescimento da Capacidade Eólica Instalada no Mundo (MW)


260.000
240.000
240.000

220.000

200.000
170.000
180.000

160.000
140.000
140.000

120.000 115.000

93.849
100.000

74.153
80.000
59.033
60.000
47.693
31.164 39.290
40.000
24.320
13.696 10.039
20.000
7.475 9.663
0
1997 1998 1999 2000 2001 2001 2003 200
4 2005 2006 2007 ão 2008 ão 2009 ão 2010 ão 2012
is is is is
prev prev prev prev

Gráfico 8 – Ranking eólico de capacidade mundial instalada 37


ENERGIA EÓLICA l 39

7. O Brasil e a Energia Eólica

O
potencial eólico brasileiro para aproveitamento tem sido objeto de
estudos e inventários desde os anos de 1970 e seu histórico revela o lento,
mas progressivo descortinamento de um potencial energético natural de
relevante magnitude existente no país. O Ministério de Minas e Energia (MME),
por exemplo, coordena atualmente o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas
de Energia (Proinfa), que é um importante instrumento para diversificação da
matriz energética brasileira.

Figura 27 – Direções predominantes dos ventos do Brasil 38

O Brasil se tornou a bola da vez em energia eólica na visão das empresas que atuam
no setor, posição detida pela Argentina no final dos anos 1990. Essa é a razão do
desembarque das grandes empresas do segmento para disputar os leilões que vêm
sendo promovidos pelo governo federal desde o final de 2009 (ROCCO, 2011).
“Todos querem encontrar a nova China e o Brasil está no topo da lista”, diz Steve
Sawyer, secretário-geral da Global Wind Energy Council (GWEC).
40 l ENERGIA EÓLICA

No Brasil, embora o aproveitamento dos recursos eólicos tenha sido feito


tradicionalmente com a utilização de cata-ventos multipás para bombeamento
d’água, algumas medidas precisas de vento, realizadas recentemente em diversos
pontos do território nacional, indicam a existência de um imenso potencial eólico
ainda não explorado.

A taxa de geração de energia de uma turbina de um megawatt é aproximadamente


27% da capacidade plena, na média de diversas usinas no mundo, por ano. No Brasil,
há locais em que essa taxa chega a 45% ou 50%. Pode-se dizer que os melhores
locais estão no Ceará e no Rio Grande do Norte, com duas vezes mais capacidade de
geração que a Alemanha.

Figura 28 – Levantamento eólico do Brasil 39

Pelas razões expostas, grande atenção tem sido dirigida para o Estado do Ceará, pelo
fato de ter sido um dos primeiros locais a realizar um programa de levantamento
do potencial eólico por meio de medidas de vento com modernos anemógrafos
computadorizados. Entretanto, não foi apenas na costa do Nordeste que áreas de
grande potencial eólico foram identificadas. Em Minas Gerais, por exemplo, uma
central eólica está em funcionamento, desde 1994, em um local (afastado mais de
1000 km da costa) com excelentes condições de vento, como pode ser observado
nas manchas coloridas da Figura 28, onde a cor mais avermelhada indica maior
potencial eólico. Baseado no Atlas Eólico do Nordeste, o Centro Brasileiro de
Energia Eólica (CBEE) estima que o potencial eólico existente no Nordeste é de
6.000MW.
ENERGIA EÓLICA l 41

247 MW
237 MW

29 MW 29 MW 29 MW
22 MW

2002 2003 2004 2005 2006 2007

Crescimento da capacidade eólica instalada no Brasil (MW)

Figura 29 – Capacidade instalada no Brasil 40

O Brasil tem um potencial real de geração, desconsiderando as áreas urbanas e


de proteção ambiental, de 30 GW em terra. Em 2009, a capacidade instalada de
energia eólica no País era de 606 megawatts em 2009, segundo dados da GWEC
– organização não governamental com sede em Bruxelas, na Bélgica, que trabalha
pelo desenvolvimento do setor em todo o mundo. Em 2010, diz a entidade, foram
acrescentados mais 326 megawatts à capacidade brasileira, elevando o total para cerca
de 930 megawatts, quase metade do que está disponível em toda a América Latina.

Figura 30 – Velocidade média anual de vento 41


42 l ENERGIA EÓLICA

8. Investimentos para
aplicações da Energia Eólica

A
energia eólica pode ser
considerada como uma das
formas em que se manifesta a
energia proveniente do Sol, isso porque
os ventos são causados pelo aquecimento
diferenciado da atmosfera. Essa não
uniformidade no aquecimento da
atmosfera deve ser creditada, entre outros
fatores, à orientação dos raios solares e aos
movimentos da Terra.

Embora o emprego da energia eólica


apresente alguns fatores inconvenientes
como a questão da disponibilidade, pois o
vento não sopra todo o tempo, e as plantas
eólicas exigem elevado investimento
inicial, há uma série de fatores favoráveis a Figura 31 – Aerogerador instalado no interior
de uma pequena cidade na Inglaterra 42
sua utilização, tais como:

» » combustível: não há necessidade, portanto, não há emissões de CO2;

» » variação de preços: imune a choques, indisponibilidade ou importação


de combustíveis;

» » instalações: modulares e rápidas;

» » capacidade: interligada à rede pode suprir grandes demandas;

» » economia no entorno: as atividades agrícolas ou industriais não são


afetadas;

» » meio rural: permite o aproveitamento energético em pequenas


instalações isoladas.
ENERGIA EÓLICA l 43

Pode-se acrescentar como ponto positivo a facilidade e capacidade de implantar


e/ou expandir as fazendas eólicas de acordo com a demanda real e sua respectiva
evolução, o que não ocorre com as hidrelétricas, por exemplo.

Por outro lado, como em qualquer outra forma de geração de energia elétrica, não
há um aproveitamento total do recurso utilizado, ou seja, não se pode converter toda
a energia dos ventos em energia elétrica. Isso ocorre devido às perdas mecânicas e
elétricas.

Outro fator negativo para a implantação de um parque eólico é a grande área


requerida para instalação das turbinas geradoras de energia elétrica, além de
restrições ambientais sobre a utilização do solo. Em contrapartida, a indústria
eólica tem investido no desenvolvimento tecnológico da adaptação das turbinas
eólicas convencionais para uso no mar, como já existe em outros países, conforme
demonstra a Figura 32.

Figura 32 – Parque eólico instalado no mar do norte 43


44 l ENERGIA EÓLICA

9. Vantagens e desvantagens
da Energia Eólica

A
partir de todo o exposto até aqui, destaca-se no quadro a seguir as
principais vantagens e desvantagens apontadas na utilização da energia
eólica.

Vantagens
• É uma fonte de energia segura e renovável.
• Não causa danos ao meio ambiente, quando comparado com as outras
fontes de geração de energia.
• Ocupa pequenas áreas.
• Gera grande quantidade de energia elétrica.
• A área pode ser utilizada para agricultura e pecuária.
• Tempo rápido de construção.

Desvantagens
• Poluição sonora.
• Interferência em sistemas de telecomunicações (interferências eletromagnéticas).
• Considerável efeito visual e paisagístico.
• Efeito de sombras em movimento e mortalidade de aves em zonas de
imigração causada pelas pás em movimento.
ENERGIA EÓLICA l 45

Considerações com relação às desvantagens da energia eólica.

» » Poluição sonora – perfeitamente dentro dos limites do suportável


com a nova geração de aerogeradores, em que é enorme o esforço de
minimização do ruído.

» » Interferências eletromagnéticas – podem ser muito atenuadas ou


inexistentes se for correta a planificação da sua localização.

» » Mortalidade de aves em zonas de migração – pode ser muito atenuada


ou inexistente se for correta a planificação da sua localização.

» » Considerável efeito visual e paisagístico – pode ser diminuído tendo o


cuidado de fazer a sua integração com a paisagem envolvente na fase de
planejamento e escolha do local mais propício para a instalação do projeto.
ENERGIA EÓLICA l 47

10. Considerações finais

R
ecentemente, a preocupação com as emissões de gases de efeito estufa
provenientes da queima de combustíveis fósseis vem mobilizando a
comunidade e os governos mundiais no sentido de mudar o perfil de suas
matrizes energéticas, com maior participação das energias renováveis.

As tecnologias renováveis são ideais para o aproveitamento de recursos locais


de matéria-prima e mão de obra, evitam perda de transmissão e aliviam as
responsabilidades das autoridades e das concessionárias pelo bom funcionamento
das malhas da rede elétrica.

Energia Eólica

O uso de sistemas eólicos é uma opção energética que se torna cada vez
mais competitiva à medida que seus custos de investimento diminuem, os
custos dos combustíveis fósseis aumentam e o impacto ambiental é cada
vez mais relevante para a sociedade.

A energia eólica se apresenta como uma solução adequada para a energização rural
por meio da instalação de pequenas unidades, naturalmente em locais com ventos
consistentes, combinado, ou não, com outras fontes locais de energia. Ela pode
ser usufruída, também, em pequenas concentrações urbanas, como apresentado
na Figura 31, onde um aerogerador atende à demanda de aproximadamente
1500 estabelecimentos, entre residências e comércios. Isso contribuiria para a
conservação dos recursos naturais, reduziria custos com a geração e transmissão
de energia e aumentaria a eficiência da relação entre geração e consumo, levando
em consideração que o gerador elétrico seria instalado junto ao ponto de consumo
evitando perdas com a transmissão.
ENERGIA EÓLICA l 49

Referências bibliográficas

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2007-2008. 9 ed. New Delhi: WWEA, 2009.
ENERGIA EÓLICA l 51

Referências de ilustrações
e tabelas

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[2] Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Sol>. Acesso em: 11 maio 2011.

[3] Disponível em: <http://segundoan2.blogspot.com>. Acesso em: 7 jun. 2011.

[4] Adaptado de: <http://www.cresesb.cepel.br/index.php?link=/tutorial/


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[5] Adaptado de: <http://www.cresesb.cepel.br/index.php?link=/tutorial/


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[6] Disponível em: <http://www.cerpch.unifei.edu.br/eolica.php>. Acesso em: 6


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[7] Disponível em: <http://www.bohnen.com.br/Noticia.aspx?NoticiaID=154>.


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[8] Disponível em: <http://eco4u.wordpress.com/2010/10/25/forca-dos-ventos-


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[9] Disponível em: <http://alfredoneves.zip.net/arch2007-08-26_2007-09-01.


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[10] Elaboração do autor (2011).

[11] Elaboração do autor (2011).

[12] Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/meio-ambiente-


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[13] Adaptado de: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/855129-energia-


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52 l ENERGIA EÓLICA

[14] Disponível em: <http://www.cresesb.cepel.br/index.php?link=/tutorial/


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[15] Disponível em: <http://www.cresesb.cepel.br/index.php?link=/tutorial/


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[16] Adaptado de: <http://www.cresesb.cepel.br/index.php?link=/tutorial/


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[17] Adaptado de: <http://www.cresesb.cepel.br/index.php?link=/tutorial/


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[18] Adaptado de: <http://www.cresesb.cepel.br/index.php?link=/tutorial/


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[19] Disponível em: <http://netserv6.siteseguro.ws/ecommerce_site/


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[20] Disponível em: <http://swankanddirect.blogspot.com/2011/03/dating-


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[21] Disponível em: <http://www.cerpch.unifei.edu.br/eolica.php>. Acesso em:


6 jun. 2011.

[22] Elaboração do autor (2011).

[23] Disponível em: <http://www.proviento.com.pe/anemometros.html>. Acesso


em: 4 maio 2011.

[24] Elaboração do autor (2011).

[25] Elaboração do autor (2011).

[26] Elaboração do autor (2011).

[27] Elaboração do autor (2011).

[28] AMARANTE, O. A. et al. Atlas do potencial eólico brasileiro. Brasilia, 2001.

[29] Disponível em: <http://osoriobeleza.blogspot.com/2010/04/imagens-osorio.


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ENERGIA EÓLICA l 53

[30] AMARANTE, O. A. et al. Atlas do potencial eólico brasileiro. Brasilia, 2001.

[31] Adaptado de: <http://www.brasilhobby.com.br/descricao.asp?CodProd=


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[32] Adaptado de: <http://www.cresesb.cepel.br/index.php?link=/tutorial/


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[33] Disponível em: <http://www.wobben.com.br/usinas_CE.htm>. Acesso em: 7


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[34] Disponível em: <https://www.swe.siemens.com/portugal/web/pt/power/


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[35] CARVALHO, P. Geração Eólica. Fortaleza: Imprensa Universitaria, 2003.

[36] Elaboração do autor (2011).

[37] Elaboração do autor (2011).

[38] AMARANTE, O. A. et al. Atlas do potencial eólico brasileiro. Brasilia, 2001.

[39] AMARANTE, O. A. et al. Atlas do potencial eólico brasileiro. Brasilia, 2001.

[40] Elaboração do autor (2011).

[41] AMARANTE, O. A. et al. Atlas do potencial eólico brasileiro. Brasilia, 2001.

[42] Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Greenpark_wind_


turbine_arp.jpg>. Acesso em: 19 abr. 2011.

[43] Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/gra-bretanha-foca-


em-parques-eolicos-para-mudar-seu-perfil-energetico>. Acesso em: 13 jun. 2011.

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