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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS GEOGRÁFICAS

Disciplina: Geografia Regional do Nordeste


Nome do Aluno: Luiz Henrique Alves de Araújo

FICHA DE REGISTRO DE UM LIVRO/ CAPÍTULO

Nome do Livro/Capítulo: Espaço, polarização e


desenvolvimento/capítulo III

Formato: PDF

Autoria: Manuel Correa de Andrade

OBSERVAÇÕES INICIAIS

Objetivo: Evidenciar a evolução do conceito de “região” e como


delimita-la

Objeto: Conceito de região

Pontos Principais: Região, epistemologia, geografia, diferentes


pensamentos, fatores físicos e humanos, delimitação, professores e
geográfos

RESUMO DA OBRA - CAPÍTULO

Desde a antiguidade a sociedade costuma dividir ou delimitar


territórios de acordo com as características naturais ou da forma que
aquele espaço está sendo aproveitada e utilizam termos como “área”,
“região, “terra” para determinar esses espaços. De acordo com esses
conceitos e algumas ideias orinudas da europa, na qual foram
amadurecendo e resultou na criação, de estados, províncias,
departamentos, municípios, entre outros, e posteriormente dando
origem a outras divisões territórias, como a divisão político-
administrativa, que vai levar a novas delimitações do espaço, uma vez
que sua divisão vai ser regida por outro critérios, como idioma,
costumes e forma de organização política.
Divisão administrativa e região: Após o renascimento com o
“amadurecimento” das ciências contribuiu para libertar os estudos
geográficos do contexto histórico e político, com o auxilio dos estudos
astrônomicos de Kepler, Galileu e Copérnico, assim como os trabalhos
físicos e Newton e químicos de Lavosier. Nos meados so século
XVIII, o abade Gueltard publicou um mapa da bacia geológica franco-
inglesa, o que foi considerado um marco para época, pois vai
considerar uma divisão baseado em um critério diferente do que ese
estudava, a divisão baseada na formação geológica, que
posteriormente incentivou outros estudos acerca da natureza, como
estudos da fauna e da flora. Já com a revolução francesa e todo seu
contexto, houve uma tentativa de uma nova divisão das províncias,
justamente numa tentativa de apagar algumas estrututas do antiga
nobreza, porém, ainda levaram algumas considerações já existentes,
como a divisões naturais do solo francês e as divisões econômicas dela
resultantes. Posteriormente a Academia de Ciência de Paris, da a ideia
de identificar as regiões naturais ás bacias fluviais , até pela facilidade
de estabelecer seus limites, uma vez que o maior meio de tranporte na
época era por hidrovias, uma preocupação que perdura até os dias de
hoje, na qual muitos professores buscam delimitar territórios a partir
da das bacias fluviais. Outro projeto de reorganização do espaço
aconteceu no Leste e Sudeste da França, na qual utilizou o eixo Reno-
Mosela-Saône-Ródano, justamente visando o desenvolvimento do
espaço françês em função da comunidade européia. Sendo assim,
muito influenciou o Brasil, na qual vários projetos de desenvolvimento
tomaram como base as bácias hidrográficas, SUPVA, atual SUDAM,
Super Intendência de Desenvolvimento da Amazônia, com uma área
de ação sobre toda a bacia do grande rio e de outras pequenas bacias,
como Oiapoc e Araguari.
Ricchieri e as divisões naturais: Porém essas divisões de acordos
com as bacias hidrográficas foram sendo criticadas, visto que cada
especialista tinha a sua concecpção para cada região natural. Na Itlália,
na década de 20, procurou conciliar essas diferenças entre estudos e
conceituar uma região natural geográfica, na qual seria bem aceita por
estudiosos serviria como base para primeira divisão regional do Brasil
realizada em 1941. Ricchieri dividiu o coneito de região em três,
região elementar, geográfica e integral, sendo a primeira baseado em
apenas um fenômeno, podendo ser geolófico, morfológico, climático,
hidrográfica ou botânica. Já na e região geográfica complexa sendo
áreas que sobreponham várias regiões elementares e por último, a
regiao integral sendo formada por um conjunto de regiões complexas.
Já nos de 1920-29, vários professores e estudiosos do Brasil buscaram
atualizar o ensino da discplina do nosso país, sobretudo o colégio
Pedro II, na qual um professor chamado de Fábio Macedo, realizou
estudos de síntese e dividir o país oficialmente em grandes regiões
naturais. Muito influenciado por Ricchieri e por Delgado de Carvalho,
Fábio levou em consideração os aspectos geológicos, do relevo, do
clima e da vegetação, considerando que esses aspectos se
relacionavam, mas que alguns momentos algum poderia predominar
sobre o outro, como na região amazônica na qual se predominava o
fator da vegetação e nos Alpes que se predominava o relevo. Após
vários estudos dividiu o país em cinco regiões, as regiões norte,
nordeste, sul, leste e centro-oeste, facilitando os interesses didáticos e
estásticos acerca da região. Contudo, mesmo recebendo influência de
outros estudiosos, Fábio vai se apegar a dois tipos de regiões, as
regiões naturais e humanas, na qual dizia que deveria se priorizar o
meio físico como critério para divisão, mas ainda levando em
consideração os aspectos humanos, já que o chamado determinismo
geográfico já havia sido “refutado”.
Cholley e região geográfica: A. Cholley construiu c conceito de
região geográfica, a partir de dois critérios básicos: organização do
espaço feito pelo homem e dinamicidade da organizacão, quer quanto
à escala, quer quanto às características. Predominava, assim, a visão
antropocêntrica sobre a visão fisiográfica na formulação do conceito.
Justificava Cholley que o homem era o regente do princípio
implicador da região, que é a sua organização. Afirmava também
aquele professor que a idéia de região implica um princípio de
organizacão. Deve-se, em conseqüência, reservar essa expressão
exclusivamente às organizações realizadas pelo homem na superfí cie
do planeta. Surgia, então, um problema de ordem metodológica: o de
integrar os aspectos humanos aos físicos, numa porção de espaço. Para
superar tal questão, o eminente geógrafo propôs o termo "domínio",
fechando, assim, a sua contribuição à formulação do conceito. As
idéias da organização do espaço regional pelo homem dentro de certas
condições físicas, da sujeição dos aspectos físicos aos humanos e da
redução desses aspectos, físicos e humanos, à condição de domínio
afastaram, definitivamente, naturalistas e historiadores da condição de
dominantes na conceituação de região. Crescia a noção de "região
geográfica" e, dentro dessa perspectiva, emergia, ao mesmo tempo, a
visão da Geografia como uma ciência de síntese . Paralelamente aos
estudos do prof. Cholley, os do francês François Perroux
redimensionavam o conceito de região, introduzindo uma nova
categoria analística, a de espaço econômico. A região para Perroux era
preferencialmente econômica, daí os seus três tipos região plano,
região homogênea e região polarizada. Segundo Perroux, a região
plano era aqueIa porção delimitada do espaço que foi colocada
intencionalmente sob a intervenção de autoridades que está submetida
à implantação de projetos de desenvolvimento. A região homogênea é
aquela cujas de região é muito comum em países de desenvolvimento
capitalista. Nesses países, a tendência predominante é a de acabar com
as diferenças inter-regionais, fazendo de cada país seja uma só
"região", à custa da homogenização dos padrões da produção, do nível
de conflito social e dos padrões culturais. Nas circunstâncias atuais,
em que o Capitalismo vive a fase imperialista, a tendência
homogeneizadora corresponde à face externa do sistema que quer
reduzir as relações entre "regiões" aos padrões do modo capitalista de
produção. Contrapondo-se a essa tendência homogeneizadora das
"regiões" do sistema, ergue-se a resultante do conflito entre forças
sociais internas às "regiões". Essa resultante, compondo a face interna
do processo do sistema, opõe a homogeneidade, obtida com a
regionalização da sua organização, à heterogeneidade. Finalmente, a
"região polarizada", que pode ser entendida como a resultante da
interdependência instalada entre porções homogêneas de um mesmo
espaço. Nessa condição, uma das porções detém a posição hegemónica
em relação às demais. O estudo da integração entre regiões
interdepentes coloca em questão a relação dominação/subordinação
que, marca a articulação inter-regional. Este estudo é importante para
se identificar a região polar (ou polarizadora) e as regiões polarizadas.
Os geógrafos, como os economistas, sociólogos e historiadores
concluíram que a região dominante ou polar ou polarizadora no
sistema capitalista encontra-se sempre nas cidades. Isso ocorre porque
a introdução dos padrões capitalistas de produção e seu
desenvolvimento encaminham a sociedade para uma organização
hegemonicamente urbano-industrial. Daf formar-se a polarização em
torno das cidades. Ultimamente, outras contribuições surgiram em
torno da questão "como conceituar região". Uma das que se
destacaram foi a do geógrafo francês Bernard Kayser, que,
influenciado pelas teses de Cholley e pelos modernos estudos de
economia espacial, propôs um conceito próprio de região para o
mundo desenvolvido, assim como elaborou uma tipologia das formas
de utilização do espaço para o mundo subdesenvolvido. De modo
geral, região era, para Keyser, uma porção de espaço cuja organização
se dava sob determinadas condições, obedecendo às especificidades
dos espaços em que ela se organizava. Logo, mais precisamente, uma
porção de espaço só se regionalizava quando se tornava organizada
social e economicamente, segundo os padrões do sistema global em
que ela se inseria. A organização espacial em países de
desenvolvimento capitalista não seguia a mesma tendência da dos
países subdesenvolvidos. Enquanto os primeiros tendem à
homogeneização, os últimos tendem à heterogeneização disparidades
de desenvolvimento regional. Foi pensando nessa distincão, que
Kayser elaborou uma caracterização própria para o mundo
desenvolvido, a partir de três critérios básicos. A saber: solidariedade
existeste entre os seus habitantes, organização em torno de um centro
(pólo) e participação em conjunto. Já para o mundo subdesenvolvido,
ele previu a existência de porcães com fluxos indiferenciados. Por isto,
chamou-as de espacos indiferenciados. Considerou-as, também,
abertas a toda influência do mundo exterior, que as explora.
Denominou-as ainda polarizadas em torno de uma cidade, cujo fluxo
se dá somente no sentido área satelizada cidade. Finalmente,
considerou-as como área sob o impacto de programas de
desenvolvimento de governo, no sentido de torná-las organizadas,
dentro do modo capitalista de produzir. Essa última característica
indica que as regiões subdesenvolvidas vivem sob a intervenção do
Estado, no sentido da transformação da sua organização dos padrões
não capitalistas para os padrões capitalistas.

EXPRESSÕES MARCANTES

“A divisão só estaria completa com estudos sobre a distribuição da


fauna e da flora” (M. C. de Andrade, (1977, p. 34)

“Admitia ainda que esses agentes se interinfluenciavam, mas que, no


jogo de influências, às vezes uns dominavam os outros" (1977, p. 37)

“Dava-se uma grande importância aos elementos físicos e quase se


desconhecia a influência dos fatores humanos” (1977, p. 37)
INDICAÇÕES DE USO

O presente capítulo pode ser utilizado acerda de estudo epistemológico


acerca da evoulção do conceito de região, uma vez que grande parte do
capítulo se dedica a mostrar como esse conceito evoluiu ao longo do
tempo, seus primeiros pensamentos, principais pensadores e como essa
influência chegou ao Brasil e a divisão atual dos dias de hoje,

APRECIAÇÃO FINAL

A despeito da sua importância para estudos sobre o desenvolvimento


científico, é importante perceber o momento em que esse
conhecimento é capturado pelos órgãos do Estado e passa a
operacionalizar, na forma de programas de desenvolvimento e planos
de acão, os interesses dos que detêm o controle do capital e do Estado,
pois muitos dos conceitos académicos aqui expostos estão no discurso
oficial e vêm servindo de suporte teórico às ações de governo. É o
discurso académico capturado pelo Estado. Há, também, os conceitos
que ficam fora do discurso oficial e vem servindo de suporte teórico
para o Estado.

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