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Física I - Dinâmica

FORÇA E INTERAÇÃO

Imagine um objeto em movimento com certa velocidade constante. O que devemos fazer para
alterar a sua velocidade? Na Física dizemos que basta aplicar ao objeto uma força. Do ponto de
vista físico, as forças são os agentes responsáveis pela mudança da velocidade de um objeto.

Ao chutarmos uma bola em repouso, vamos colocá-la em movimento. Esse movimento resulta
da força aplicada (sobre ela) pelo nosso pé direito (ou o pé esquerdo). Forças são muito comuns
no nosso cotidiano: ao segurarmos uma pedra, ao caminharmos ou no exercício de várias
atividades humanas.

As forças resultam da capacidade das várias partes do Universo (e da matéria) de interagirem


entre si.

Forças resultam da interação da matéria.

O que acarreta as mudanças na velocidade dos objetos são os agentes denominados Forças.

Apesar de o termo "força" abrigar uma noção quase intuitiva, é importante entender que, do
ponto de vista da Física, a noção de força está intimamente relacionada com a alteração do
estado de movimento de uma partícula, isto é, a presença de forças entre as partes da matéria se
faz sentir através de um movimento de afastamento (forças repulsivas) ou de aproximação
(forças atrativas) das mesmas.

A Dinâmica é a parte da Mecânica que se dedica ao estudo dos movimentos levando em conta as
suas causas: as forças. Ela tem como fundamento três leis de Newton: a lei da inércia, a lei que
estabelece uma relação muito simples entre força e aceleração e, finalmente, a lei da ação e
reação. Essas três leis forma m a base da dinâmica e foram propostas por Newton no século
XVII.

Identificando as forças

As forças são divididas em duas categorias: as inerentes às interações fundamentais e às


interações que destas derivam.

Existem quatro interações fundamentais (gravitacional, eletromagnética, forte e fraca). Todas


elas são de ação à distância. Todas as demais forças da natureza são derivadas delas. De
fundamental importância para entender as forças que surgem no cotidiano são as forças
interatômicas, isto é, forças que surgem entre os átomos que compõem a matéria. A força
interatômica é um exemplo de força não-fundamental.

Forças fundamentais e noção de campo

Para que haja interação entre os objetos, não há necessidade de eles estarem próximos. Podem
surgir forças entre objetos mesmo que eles estejam muito longe uns dos outros. São forças cuja
ação se dá à distância. Nesta categoria estão as forças fundamentais da natureza. Nós dizemos
fundamentais porque, na realidade, todas as demais forças podem ser explicadas como resultado
da atuação destas forças.
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É como se existisse algo que faz a ligação entre os objetos: é um campo de forças. A noção de
campo traz a possibilidade de tratar, teoricamente, de forma adequada as interações
fundamentais. Por exemplo, para descrever a ação da atração gravitacional, diz-se que existe um
campo gravitacional. A força gravitacional está relacionada teoricamente a esse campo.

Um outro exemplo é o campo magnético. Todos já viram o efeito do campo magnético da Terra
sobre bússolas. É como se a Terra fosse um enorme ímã, cujo campo magnético age sobre outros
ímãs existentes.

Forças são grandezas vetoriais e, portanto, são definidas por módulo, direção e sentido.

Campos, como o elétrico e o magnético, também são grandezas vetoriais.

 FORÇAS GRAVITACIONAIS

O exemplo mais simples de força fundamental, uma vez que faz parte do nosso cotidiano, é a
força gravitacional. A queda dos objetos em direção à superfície terrestre é devida à força
gravitacional. Outro exemplo é o movimento de translação da Terra. A Terra mantém-se numa
órbita elíptica em torno do Sol como resultado da força gravitacional exercida pelo Sol sobre ela.
A lei que rege o comportamento da interação gravitacional foi proposta por Newton. A interação
gravitacional ocorre devido às massas dos objetos. Se dois objetos de massa m 1 e m2 estiverem a
uma distância d, então surge entre eles uma força de atração (a força gravitacional) de tal forma
que seu módulo é dado pela expressão

ou seja, a força gravitacional é diretamente proporcional às massas e


inversamente proporcional ao quadrado da distância. A constante G é conhecida como constante
da gravitação universal e seu valor é:

 FORÇA ELETROMAGNÉTICA

As forças elétricas e magnéticas são igualmente forças fundamentais. Conquanto não estejamos
em condições ainda de nos darmos conta, o fato é que essas forças estão também presentes no
cotidiano das pessoas. Isso porque forças de atrito e reações normais às superfícies são forças
que derivam destas. Isso ocorre porque as forças entre os átomos (forças interatômicas) é que
dão origem a algumas forças com as quais já estamos bastante familiarizados. No entanto, as
forças entre os átomos são forças elétricas. Dizemos que as forças interatômicas derivam das
forças eletromagnéticas.

* Força Elétrica

A força elétrica surge entre objetos dotados de carga elétrica. Se um corpo possui carga Q 1 e
outro possui carga Q2, então surge uma força entre eles, cujo módulo é dado pela lei de
Coulomb:
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isto é, a força é diretamente proporcional às cargas e inversamente


proporcional ao quadrado da distância. A constante de proporcionalidade é dada por:

A força elétrica tanto pode ser atrativa (se as cargas forem de sinais opostos) quanto repulsiva
(cargas de mesmo sinal). A direção da força é a da reta que une as duas cargas.

No caso em que a partícula se move numa região na qual existe um campo elétrico , a força
elétrica sobre uma partícula de carga Q é:

* Força Magnética

Uma partícula de carga q e dotada de velocidade v, quando numa região onde existe um campo
magnético , experimenta uma força, dita magnética, cuja expressão é:

onde é o ângulo formado entre e . A direção de é perpendicular ao plano. O sentido


definido por e depende da carga. Se a carga q for positiva, o sentido é o mostrado na figura
que ilustra a regra do saca-rolha. Se q for negativo, então, a direção da força é a mesma e o
sentido, oposto ao caso anterior. Se uma partícula estiver sujeita à ação de campos elétricos e
magnéticos, podemos escrever

 Força forte

A força forte atua no nível subatômico. Ela é responsável pela coesão do núcleo atômico. Em
última análise, proporciona a atração entre prótons e nêutrons dentro do núcleo atômico. Assim,
a força forte é responsável pela estabilidade da matéria e a forma com que a conhecemos.

Naturalmente, ela se faz presente nas interações entre as partículas elementares. Isso é válido
especialmente em relação aos quarks, que são os constituintes dos prótons e nêutrons.

Além da estabilidade dos núcleos e da matéria, essa força não se exibe no cotidiano e, por isso, a
descoberta dessa força só ocorreu em meados deste século.
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Em determinados estágios do processo de evolução estelar, essa força é de fundamental


importância para entender o destino das estrelas, especialmente as mais velhas.

 Força fraca

A força fraca ocorre no nível das partículas elementares.

Novamente aqui cabe o comentário sobre a pouca relevância desse tipo de força na compreensão
dos fenômenos que ocorrem no cotidiano.

No entanto, no Universo no qual vivemos, essa força se manifesta com muita freqüência. No
interior das estrelas (qualquer estrela), essa força é responsável por vários fenômenos, dentre os
quais a geração da energia que chega até nós.

 FORÇAS NA MECÂNICA

* Força peso

A força peso é o resultado da atração gravitacional exercida pela Terra não somente sobre os
objetos localizados próximo à sua superfície, mas atuando também a distâncias relativamente
longas.

Trata-se do exemplo mais simples de forças de ação à distância. O fato de os objetos caírem
sobre a superfície terrestre é a conseqüência mais perceptível da força peso. Em geral, escreve-se
a força peso sob a forma

onde g é a aceleração da gravidade.

Pode-se determinar que, experimentalmente, em São Paulo o valor aproximado de g é:

O estudante deve sempre levar em conta a presença da força peso. Geralmente, representamos a
superfície da Terra como sendo plana (o raio da Terra é tão grande que é assim que a
percebemos). A força peso tem sempre o sentido apontado para a superfície terrestre.

* Força de contato

Se dois objetos estiverem em contato, podemos prever forças resultantes desse contato. Como
veremos depois, dois tipos de forças de contato serão de interesse neste curso. A primeira delas é
a força normal, a qual resulta da força aplicada nos corpos devido ao seu contato com a
superfície. A outra é a força de atrito, que também resulta do contato com a superfície, mas tem
características muito diversas da primeira.
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* Força Normal

Um livro repousa sobre uma mesa. Isso ocorre porque a mesa exerce uma força sobre o livro.
Essa força é perpendicular à mesa (tem a direção da reta perpendicular à superfície) e equilibra a
força da gravidade (impedindo que o livro caia no chão).

Esse tipo de força, que impede o movimento na direção perpendicular às superfícies, tem sempre
essa direção. Como perpendicular, neste caso, é sinônimo de normal, essa força tem o nome de
Força Normal. Por isso, ela será indicada com a letra N.

A força normal é a forma de a mesa (ou qualquer outra superfície) reagir (força de reação) a
deformações ditas elásticas, provocadas por objetos colocados sobre ela. Sua origem são as
forças interatômicas.

* Força de Atrito

* Força de tensão

Fios que interligam ou acoplam os objetos impõem restrições ao seu movimento. Disso resulta
uma força chamada de tensora, ao longo do fio. Designaremos essa força tensora abreviadamente
por tensão e utilizaremos a letra T para representá-la. A tensão T (a força tensora) tem a direção
do fio.

* Força Resultante:

É a força que produz o mesmo efeito que todas as outras aplicadas a um corpo. Dadas várias
forças aplicadas a um corpo qualquer:

A força resultante será igual a soma vetorial de todas as forças aplicadas:

 UNIDADES

Na Dinâmica usaremos exclusivamente o Sistema Internacional de Unidade (SI), que tem, para
unidade de intensidade de força, o newton, cujo símbolo é N. Observe que, de acordo com as
regras de escrita do SI, a unidade "newton" se escreve com letra minúscula, embora venha do
nome próprio "Newton".
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Por razões históricas, às vezes aparece uma outra unidade de força que não pertence ao SI: é o
quilograma-força, cujo símbolo é kgf, assim

No cotidiano costumamos trocar a unidade de força por unidade de massa. Por definição, o kgf
(quilograma-força) é a força com que a Terra atrai uma massa de 1kg. Então, a unidade de força
é o quilograma-força e a unidade de massa, 1 quilo. Entretanto, costuma-se dizer (erroneamente)
"um peso de 1 quilo".

A aceleração da gravidade varia pouco ao nível do mar, em diferentes partes da Terra, de modo
que, dentro de uma certa precisão, podemos aceitar essa definição como universal.

No sistema internacional de unidades, a unidade de força newton (N) é definida como a força
que comunica à massa de um quilograma (kg) a aceleração de um metro por segundo, por
segundo (1m/s2)ou seja, 1 N = 1Kg.m/s2.

Uma outra unidade que é utilizada é a dina, a unidade de força no sistema CGS. A dina é a força
que comunica à massa de um grama a aceleração de um centímetro por segundo, por segundo (1
dina = 1 g.cm/s2 = 10-3 kg 10-2m/s2 = 10-5 N ).

AS LEIS DE NEWTON

As leis de Newton constituem os três pilares fundamentais do que chamamos


Mecânica Clássica, que justamente por isso também é conhecida por Mecânica Newtoniana.

 1ª Lei de Newton - Princípio da Inércia

Existe na natureza uma tendência de não se alterar o estado de movimento de um


objeto, isto é, um objeto em repouso tende naturalmente a permanecer em repouso. Um objeto
com velocidade constante tende a manter a sua velocidade constante.

Essa tendência natural de tudo permanecer como está é conhecido como inércia. No
caso da Mecânica, essas observações a respeito do comportamento da natureza levaram Newton
a enunciar a sua famosa Lei da Inércia, que diz:

"Qualquer corpo em movimento retilíneo e uniforme (ou em repouso) tende a manter-se


em movimento retilíneo e uniforme (ou em repouso)."

Conclui-se então, que um corpo só altera seu estado de inércia, se alguém, ou


alguma coisa aplicar nele uma força resultante diferente se zero.

1. A inércia das brecadas


O exemplo mais simples, do ponto de vista da observação da
inércia dos corpos, é aquele dos passageiros num veículo.
Quando o veículo é brecado, os passageiros tendem a manter-se
no seu estado de movimento. Por isso, as pessoas "vão para a
frente" do ônibus quando este é brecado. Na realidade, a
mudança do estado de movimento é apenas do ônibus. Os
passageiros simplesmente tendem a manter-se como estavam. Da
inércia resultam os ferimentos em acidentes no tráfego.
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2. Colisões no trânsito

O princípio da inércia explica por que as


pessoas se ferem em acidentes
automobilísticos. Conquanto os carros tenham
suas velocidades reduzidas pela colisão, a
tendência das pessoas é manterem-se em
movimento. Daí resulta os corpos serem
jogados contra o pára-brisas ou outras partes
do carro. O uso do cinto de segurança tenta
minimizar o efeito, fixando as pessoas
ao veículo.

3. Encaixando o martelo
Pode-se tirar proveito da inércia. O exemplo mais simples é o encaixe do
martelo batendo com o cabo contra a mesa. Uma vez em movimento, o
martelo preferirá manter-se em movimento, facilitando o encaixe.

Pode-se verificar a Lei da Inércia a partir das seguintes experiências simples.

4. Pilha de moedas
Coloque uma pilha de moedas, amontoadas umas sobre as outras.
Impulsione uma outra moeda com o dedo, fazendo-a colidir contra a pilha.

Você observará que somente a primeira moeda da pilha se deslocará. As demais tenderão a
permanecer como estão (Inércia).

5. Colisão de carrinhos de brinquedo

A colisão entre dois veículos de brinquedo ajuda a ilustrar o princípio de inércia.

Se colocarmos algum objeto sobre o capô do carro, então, após a colisão, o objeto, procurando
manter o seu estado, projeta-se no espaço.

6. Retirando a folha rápido

No arranjo ao lado, quando se retira a folha rápido, a tendência do objeto acima dele é de
permanecer como está.

 2ª Lei de Newton - Princípio Fundamental da Dinâmica

A segunda lei de Newton é a lei fundamental da Mecânica. A partir dela e de métodos


matemáticos podemos fazer previsões (velocidade e posição, por exemplo) sobre o movimento
dos corpos.

Qualquer alteração da velocidade de uma partícula é atribuída, sempre, a um agente denominado


Força. Basicamente, o que produz mudanças na velocidade são forças que agem sobre a
partícula. Como a variação de velocidade indica a existência de aceleração, é de se esperar que
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haja uma relação entre a força e a aceleração. De fato, Sir Isaac Newton percebeu que existe uma
relação muito simples entre força e aceleração, isto é, a força é sempre diretamente
proporcional à aceleração que ela provoca.

onde m é a massa do corpo. Esta relação simples entre força e aceleração é conhecida como a 2ª
lei de Newton. No enunciado da lei de Newton, o termo tanto pode representar uma força
como a força que resulta da soma de um conjunto de forças.

 A unidade de força, no sistema internacional, é o N (Newton), que equivale a kg.m/s²


(quilograma metro por segundo ao quadrado).

1. Força maior para carrinho mais pesado


Se o carrinho do supermercado
estiver vazio, é muito fácil fazê-lo
correr. Mas se o carrinho estiver
cheio, você tem que se esforçar
muito para fazê-lo andar.

2. Medindo a massa

O peso das pessoas é medido em balanças.


Quanto maior a massa da pessoa, maior é a
força peso P = mg e maior é a deflexão que a
força peso exerce numa mola. Essa mola, por
sua vez, está acoplada a um ponteiro.

3. "g" na terra e na lua

Na Terra e na Lua, a aceleração da gravidade é diferente. Na Lua, a aceleração é 1/6 da


aceleração da gravidade na Terra. É mais fácil pular na Terra ou na Lua?

4. Força de Tração
Dado um sistema onde um corpo é puxado por um
fio ideal, ou seja, que seja inextensível, flexível e tem
massa desprezível.Podemos considerar que a força é
aplicada no fio, que por sua vez, aplica uma força no
corpo, a qual chamamos Força de Tração .

 3ª Lei de Newton - Princípio da Ação e Reação


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As Forças resultam da interação de um corpo com outro corpo. É de se esperar, portanto, que, se
um primeiro corpo exerce uma força sobre um outro (chamada de ação), este também
experimenta uma força (chamada de reação), que resulta da interação com esse segundo corpo.
Newton percebeu não só que isso acontece sempre mas, indo mais longe, especificou as
principais características das forças que resultam da interação entre dois corpos. Essa questão foi
objeto da sua terceira lei, cujo enunciado é:

"Para toda força que surgir num corpo como resultado da interação
com um segundo corpo, deve surgir nesse segundo uma outra força,
chamada de reação, cuja intensidade e direção são as mesmas da
primeira, mas cujo sentido é o oposto da primeira."

Desse modo, Newton se deu conta de três características importantes das forças de interação
entre dois objetos:

(a) uma força nunca aparece sozinha; elas aparecem aos pares (uma delas é chamada de ação e a
outra, de reação);

(b) é importante observar que cada uma dessas duas forças atua em objetos distintos.

(c) finalmente, essas forças (aos pares) diferem uma da outra pelo sentido: elas têm sentido
oposto uma da outra.

Newton ilustrou a lei da ação e reação através do exemplo de um cavalo puxando uma pedra
amarrada a uma corda, que está presa no arreio do cavalo, como mostra a figura abaixo. Foram
consideradas apenas as forças horizontais.

Fcc força de tração exercida pelo cavalo sobre a corda, força de ação,
aplicada à corda.
-Fcc força com que a corda puxa o cavalo para trás, força de reação,
aplicada ao cavalo.
Fcp força da corda sobre a pedra, força de ação, aplicada à pedra
-Fcp força da pedra sobre a corda, força de reação, aplicada sobre a corda.
-Fcs força de atrito que o cavalo exerce sobre o solo, força de ação, força
aplicada ao solo (o cavalo empurra o solo para trás).
Fcs força de atrito aplicada pelo solo sobre o cavalo, força de reação,
aplicada sobre o cavalo, fazendo-o impulsionar para a frente.
-Fps força de atrito exercida pela pedra sobre o solo, aplicada ao solo.
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Fps força de atrito exercida pelo solo sobre a pedra, reação, aplicada à
pedra. Como a pedra está sendo puxada para a frente, a força de atrito
sobre a pedra é dirigida para trás, em oposição ao movimento que a
pedra teria na ausência de atrito.

Se a força aplicada pelo solo sobre o cavalo Fcs for maior que a força com que o cavalo é puxado
para trás pela corda -Fcc, o cavalo será acelerado para frente.

Se as duas forças forem iguais F cs = - Fcc, o cavalo não consegue sair do lugar e permanece em
"repouso", isto é, sem andar.

Uma situação semelhante ocorre num cabo de guerra, onde cada equipe puxa uma corda para o
lado que lhe garanta a vitória.

A equipe A puxa a corda para a esquerda e a equipe B, para a direita. Cada membro de uma
equipe exerce uma força de tração sobre a corda (com as mãos) e sobre o solo (com os pés). A
corda reage nas mãos e o solo reage nos pés, de modo que o indivíduo sente uma aceleração que
depende do resultante sobre ele. Todos os indivíduos de uma equipe devem levar a corda para
um mesmo lado e o resultado final depende da força resultante.

Uma água-viva nada expelindo a água, como se fosse um foguete no espaço.

Ação e reação no cotidiano

1. Objetos em repouso sobre uma superfície

Ao colocarmos um objeto sobre uma superfície,


haverá uma tendência a comprimi-la. A
superfície (uma mesa, por exemplo) exercerá
uma força de reação sobre o objeto (dita
normal), procurando mantê-lo em equilíbrio.
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2. Patinador ganhando impulso

Um patinador encostado a uma parede ganha impulso,


isto é, ele se acelera ao "empurrar" uma parede com as
mãos. O resultado da reação da parede é uma força que
o habilita a qualquer aceleração.

3. Empurrando um carro
Ao empurrarmos um carro
colocando-o em movimento,
aplicamos uma força sobre
ele. A força de reação do
carro está no sentido oposto
à força aplicada.

4. Chutando uma bola

Ao chutarmos uma bola, os nossos pés aplicam uma força


sobre a mesma. A força de reação da bolsa age sobre o pé
do jogador. O pé experimenta um movimento de recuo ou
pára quase que instantaneamente. Experimente chutar
uma bola leve e outra pesada, para comparar a reação da
bola sobre o seu pé.

5. Batendo um pneu

Os motoristas usam um pequeno martelo de madeira para


testar a pressão dos pneus dos caminhões. Ao batermos
nos pneus exercemos uma força sobre os mesmos. A
força de reação dos pneus faz com que o martelo inverta a
o sentido do movimento. O motorista sente o retorno e
sabe quando o pneu está bom.

6. Conseqüência da reação

O calo ou a bolha na mão, que aparece quando se faz repetidamente alguma atividade não usual,
é conseqüência da força de reação. Exemplo: "Mauricinho" puxando enxada.

Forças Elásticas

Alguns objetos, depois de sofrer pequenas deformações temporárias, têm a propriedade de voltar
à sua forma original: é a elasticidade. Por exemplo, a força elástica está envolvida quando se
aperta uma bolinha de borracha entre as mãos e a solta em seguida, quando se coloca um elástico
apropriado para prender o cabelo, quando se utilizam diversos aparelhos de ginástica munidos de
molas etc.. Em alguns casos, como nesses exemplos, as forças elásticas agem sobre os materiais
de modo bem visível e, em outros, agem de forma imperceptível pela rapidez da ocorrência.
Uma bola de futebol, ao ser chutada ou cabeceada, ou então uma bola de tênis, ao ser rebatida
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com uma raquete, sofrem deformações temporárias visíveis quando se analisa o movimento
através de fotografias estroboscópicas. A luz do flash nesse tipo de fotografia "pisca" com uma
freqüência tal que o objeto é iluminado em intervalos constantes e determinados de tempo. Numa
única fotografia, o objeto iluminado intermitentemente e em movimento aparece em posições e
formas diferentes. Um filme de um evento analisado quadro a quadro também pode mostrar a
seqüência das posições e formas dos objetos durante a colisão.

Fios de diferentes materiais também apresentam elasticidade. Por exemplo, uma linha usada em
costura ou para empinar pipas mostra claramente essa propriedade. Dependendo da tensão
aplicada ao fio, ele se estica e, quando a tensão é retirada, o fio volta ao tamanho inicial. O
mesmo comportamento é observado com uma mola.

Lei de Hooke: Existe uma linearidade entre a tensão aplicada e a distensão do fio ou da mola, até
que se atinja a tensão de ruptura no limite elástico. O fato de que o aumento de comprimento é
proporcional à força aplicada foi descoberto em 1650 por Robert Hooke.

Até em fios e cabos utilizados numa ponte pênsil existe a elasticidade, que é devidamente
considerada pelos engenheiros ao projetá-la.

A elasticidade dos fios e cabos de aço dependem do seu diâmetro e do tratamento de têmpera e
de tratamentos térmicos específicos. Em fios de linha e cordas, a elasticidade depende da
composição e do diâmetro.

A lei de Hooke é expressa pela relação: F = -kx

onde x representa a distensão, k, o coeficiente de restituição e o sinal negativo indica que o


sentido da força é tal que se opõe à distensão.

Direção

A força elástica tem a direção do deslocamento.

Sentido
Contrário ao do deslocamento. Se puxarmos a mola para a
direita, o sentido da força exercida pela mola será para a
esquerda. Tipicamente, o comportamento dos materiais
em termos de resposta à deformação pode ser
caracterizado pelo gráfico abaixo

Módulo

A força tem um módulo tal que é proporcional à distensão. Quanto maior for a deformação da
mola (o seu deslocamento) tanto maior será a força. No caso de molas, pode haver compressão e
distensão. Convenciona-se atribuir uma deformação negativa para a compressão e positiva para a
distensão da mola. A figura abaixo mostra as direções e sentidos das forças de restituição que
agem sobre a mola.
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mola
comprimida
mola em
repouso
mola
distendida
mola
comprimida
mola em
F=0
equilíbrio
mola
esticada

Sistema massa – mola

Quando um objeto fica sujeito a uma força elástica, o seu movimento recebe o nome de
movimento harmônico simples.

Uma das características desse movimento é que ele é periódico. Isso ocorre porque a partícula
desprezando o atrito volta a uma certa posição a intervalos de tempo regulares. Esse intervalo de
tempo é o período. Por exemplo, você perceberá que a partícula passará pelo centro na mesma
direção a intervalos regulares (o período de tempo).

O período se relaciona com a massa e a constante elástica. Verifica-se que o período é dado pela
expressão

onde m é a massa da partícula. Assim, como é fácil determinar a massa de uma partícula, pode-
se determinar k a partir do período.

Outra coisa interessante a respeito do movimento é que, devido à força ser elástica, a partícula
atinge uma certa distância máxima da origem e depois volta. Esse deslocamento máximo é
conhecido como amplitude.

Nota-se também que, nos pontos de maior velocidade, o deslocamento é pequeno e, onde o
deslocamento é grande, a velocidade é pequena. Por exemplo, na origem (deslocamento igual a
zero x = 0), a velocidade é máxima. Quando o deslocamento é máximo (atinge sua amplitude), a
velocidade é nula (a partícula está instantaneamente em repouso).

Pode-se verificar que, no movimento harmônico simples, vale o seguinte resultado:

ou seja, a massa vezes a velocidade ao quadrado, quando adicionado ao produto de k vezes x2, é
o mesmo em qualquer ponto onde a mola estiver. Veremos, depois, que a constante é igual a
duas vezes o valor da energia no movimento harmônico simples. Isto é,
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constante = 2Energia

Finalmente, usando a lei de Newton, podemos relacionar, para cada deslocamento x, o valor da
aceleração. Tem-se que

Cotidiano

1. Carrinho de fricção

Existem carrinhos de fricção em que você afasta um carrinho pressionando sobre suas rodas
traseiras e, ao soltar, ele dispara para a frente. Ao pressionar e afastar, através do atrito com o
solo, você enrola uma mola montada no interior. Ao soltar o carrinho, a mola se desenrola
tracionando as rodas em sentido contrário.

2. Brinquedo de corda

Existem ainda hoje em dia alguns brinquedos em que você aciona uma chavinha para "dar corda"
e ao soltar o brinquedo realiza algum movimento: um bichinho que toca tambor, uma vitrolinha
que toca música etc..

3. Relógio cuco

Relógios antigos não funcionam com pilhas, mas com o desenrolar de uma mola. A mola é
inicialmente enrolada através de algum mecanismo que envolve rodas dentadas e um cordão ou
então uma chave. A mola enrolada "guarda" uma energia que vai acionar continuamente o
mecanismo do relógio. Quando a "corda" acaba, o relógio para.

4. Balanças analógicas

Balanças com mola no mostrador ainda são vistas em feiras-livres ou em lojas antigas. O prato
onde se coloca o objeto a ser pesado aciona uma alavanca, que por sua vez aciona uma mola
acoplada ao ponteiro. O peso pode ser visto diretamente no visor da balança. Quando se tira o
objeto do prato da balança, o ponteiro volta pela restituição do movimento da mola.

5. Dinamômetro

Um equipamento simples de medição de forças é o dinamômetro. Existem dinamômetros para as


mais variadas finalidades e podem ser facilmente construídas e calibradas. Basta ter uma mola de
aço e massas calibradas.

FORÇA DE ATRITO

Podemos perceber a existência da força de atrito e entender as suas características através de uma
experiência muito simples. Tomemos uma caixa bem grande, colocada no solo, contendo
madeira. Podemos até imaginar que, à menor força aplicada, ela se deslocará. Isso, no entanto,
não ocorre. Quando a caixa ficar mais leve, à medida que formos retirando a madeira,
atingiremos um ponto no qual conseguiremos movimentá-la. A dificuldade de mover a caixa é
devida ao surgimento da força de atrito Fat entre o solo e a caixa.
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Várias experiências como essa levam-nos às seguintes propriedades da força de atrito (direção,
sentido e módulo):

Direção

As forças de atrito resultantes do contato entre os dois corpos sólidos são forças tangenciais à
superfície de contato. No exemplo acima, a direção da força de atrito é dada pela direção
horizontal. Por exemplo, ela não aparecerá se você levantar a caixa.

Sentido
A força de atrito tende sempre a se opor ao
movimento relativo das superfícies em contato.
Assim, o sentido da força de atrito é sempre o
sentido contrário ao movimento relativo das
superfícies.

Módulo

Sobre o módulo da força de atrito cabem aqui alguns esclarecimentos: enquanto a força que
empurra a caixa for pequena, o valor do módulo da força de atrito é igual à força que empurra a
caixa. Ela anula o efeito da força aplicada.

Uma vez iniciado o movimento, o módulo da força de atrito é proporcional à força (de reação)
do plano-N. Escrevemos:

O coeficiente é conhecido como coeficiente de atrito. Como a força de atrito será tanto maior
quanto maior for , vê-se que ele expressa propriedades das superfícies em contato (da sua
rugosidade, por exemplo). Em geral, devemos considerar dois coeficientes de atrito: um
chamado cinemático e outro, estático, . Em geral, , refletindo o fato de que a força
de atrito é ligeiramente maior quando o corpo está a ponto de se deslocar (atrito estático) do que
quando ela está em movimento (atrito cinemático).

O fato de a força de atrito ser proporcional à força de reação normal representa a observação de
que é mais fácil empurrar uma caixa à medida que a vamos esvaziando. Representa também por
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que fica mais difícil empurrá-la depois que alguém se senta


sobre ela (ao aumentar o peso N também aumenta).

Podemos resumir o comportamento do módulo da força de


atrito em função de uma força externa aplicada a um corpo, a
partir do gráfico ao lado.

Note-se nesse gráfico que, para uma pequena força aplicada


ao corpo, a força de atrito é igual à mesma. A força de
atrito surge tão somente para impedir o movimento. Ou
seja, ela surge para anular a força aplicada. No entanto, isso
vale até um certo ponto. Quando o módulo da força
aplicada for maior do que

o corpo se desloca. Esse é o valor máximo atingido pela força de atrito. Quando o corpo se
desloca, a força de atrito diminui, se mantém constante e o seu valor é

A força de atrito se origina, em última análise, de forças interatômicas, ou seja, da força de


interação entre os átomos.

Quando as superfícies estão em contato, criam-se pontos de aderência ou colagem (ou ainda
solda) entre as superfícies. É o resultado da força atrativa entre os átomos próximos uns dos
outros.

Se as superfícies forem muito rugosas, a força de atrito é grande porque a rugosidade pode
favorecer o aparecimento de vários pontos de aderência, como mostra a figura abaixo.

Isso dificulta o deslizamento de uma superfície sobre a outra. Assim, a eliminação das
imperfeições (polindo as superfícies) diminui o atrito. Mas isto funciona até um certo ponto. À
medida que a superfície for ficando mais e mais lisa o atrito aumenta. Aumenta-se, no polimento,
o número de pontos de "solda". Aumentamos o número de átomos que interagem entre si. Pneus
"carecas" reduzem o atrito e, por isso, devem ser substituídos. No entanto, pneus muito lisos
(mas bem constituídos) são utilizados nos carros de corrida.
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Força de atrito no cotidiano

A força de atrito é muito comum no nosso mundo físico. É ela que torna possível o movimento
da grande maioria dos objetos que se movem apoiados sobre o solo. Vamos dar três exemplos:

Movimento dos animais

Os animais usam as patas ou os pés (o caso do homem) para se movimentar. O que esses
membros fazem é comprimir o solo e forçá-lo ligeiramente para trás. Ao fazê-lo surge a força de
atrito. Como ela é do contra (na direção contrária ao movimento), a força de atrito surge nas
patas ou pés impulsionando os animais ou o homem para frente.

Movimento dos veículos a motor

As rodas dos veículos, cujo movimento é devido à queima de combustível do motor, são
revestidas por pneus. A função dos pneus é tirar o máximo proveito possível da força de atrito
(com o intuito de tirar esse proveito máximo, as equipes de carros de corrida trocam
freqüentemente os pneus). Os pneus, acoplados às rodas, impulsionam a Terra para trás. O
surgimento da força de atrito impulsiona o veículo para frente.

Quando aplicamos o freio vale o mesmo raciocínio anterior e a força de atrito atua agora no
sentido contrário ao do movimento do veículo como um todo.

Impedindo a derrapagem

A força de atrito impede a derrapagem nas curvas, isto é, o deslizamento de uma superfície - dos
pneus - sobre a outra (o asfalto).

Superaquecimento por atrito

Uma estrela cadente, apesar do nome, não emite luz própria.


Muitas vezes são objetos do tamanho de um grão de areia que,
ao entrar na atmosfera da Terra, se incendeia e se vaporiza
pelo calor intenso causado pelo atrito com o ar. A energia
liberada é tão grande que é possível enxergar a luminosidade a
grandes distâncias.

Aquecimento por atrito

As naves espaciais são dotadas de estrutura adequada de


materiais especiais para evitar a sua destruição no reingresso
na atmosfera. O atrito causa um calor excessivo, que poderia
ser fatal para os astronautas.

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