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ESCOLA DA MAGISTRATURA DO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO
Direção
Desembargador Federal Luiz Carlos de Castro Lugon
Conselho
Desembargador Federal Paulo Afonso Brum Vaz
Desembargador Federal Antônio Albino Ramos de Oliveira
Assessoria
Isabel Cristina Lima Selau
___________________________________________
CADERNO DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Organização
Maria Luiza Bernardi Fiori Schilling
Revisão
Leonardo Schneider
Maria Aparecida Corrêa de Barros Berthold
Maria de Fátima de Goes Lanziotti
Capa e Editoração
Alberto Pietro Bigatti
Marcos André Rossi Victorazzi
Rodrigo Meine
Apoio
Seção de Reprografia e Encadernação
Contato:
E-mail: emagis@trf4.gov.br
Fone: (51) 3213-3041, 3213-3043 e 3213-3042
www.trf4.gov.br/emagis
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Caderno de Direito Constitucional – 2006
Rogério Gesta Leal
Apresentação
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Rogério Gesta Leal
Índice:
Ficha Técnica.............................................................................................................. 02
Apresentação.............................................................................................................. 03
I. Notas Introdutórias................................................................................................ 05
II. Os Modelos Romano-Germânico e Comunitário de Decisão Jurisdicional e suas
Insuficiências............................................................................................................... 06
III. O Método Sistêmico-Constitucional de Solução do Caso Concreto...................... 18
III.1 Os Passos Metódicos e Abertos à Análise do Caso Concreto...................... 21
III.1.1 A Importância da Coleta das Informações Originais Identificadoras dos
Sujeitos em Litígio....................................................................................................... 24
III.1.2 Dos Fundamentos e das Razões Fáticas dos Sujeitos em Litígio.............. 29
III.1.3 Da Delimitação Fática do Objeto a ser Enfrentado na Lide........................ 32
III.1.4 Do Enquadramento Sistêmico-Constitucional Estruturante do Caso
Concreto...................................................................................................................... 37
III.1.5 Do Fomento à Criação de Espaços Consensuais à Solução do Caso
Concreto...................................................................................................................... 40
III.1.6 Do Enquadramento Sistêmico-Constitucional Decisional do Caso
Concreto...................................................................................................................... 44
IV. Considerações Conclusivas................................................................................... 47
V. Bibliografia Referencial........................................................................................... 50
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I. Notas Introdutórias:
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1 DAVID, René. Os Grandes Sistemas do Direito Contemporâneo. São Paulo: Martins Fontes,
1998.
2 Por tais razões, o Direito Romano, junto com o Canônico, formou a base formativa do
ensino jurídico em boa parte da Europa Moderna. Na verdade, já no século XIII, com o
trabalho dos Glosadores, este Direito Romano ganha força, chegando ao século XX intacto
como o grande parâmetro de organização dos sistemas jurídicos. Ver o texto de LAWSON,
Frederic H. A common lawyer at the civil law. Michigan: Maxwell, 1990, pg.32 e ss.
3 Movimento dos governos monárquicos – 1215 - que proíbe os clérigos de participarem de
processos nos quais se recorresse aos juízos de Deus, afastando-se dos fundamentos
sobrenaturais para a regulação das relações sociais e obrigacionais.
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4 Em nível de processo civil, o país tem evoluído bastante, eis que há previsão normativa
(art.154,CPC) dispondo que os atos e termos processuais não dependem de forma
determinada salvo quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que,
realizados de outro modo, venham a alcançar a finalidade essencial prevista. Esta posição
normativa tem estendido o princípio da aproveitabilidade dos atos processuais para várias
situações.
5 Como exemplo podemos citar as disposições do art.104, do novo Código Civil Brasileiro,
quando disciplina que a validade do negócio jurídico requer, dentre outras coisas, forma
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prescrita ou não defesa em lei. Por óbvio que tal disposição não afasta a liberalidade das
formas que caracteriza as relações jurídicas no país, porém, permite sua regulação pelo
sistema normativo, o que pode, em tese, implicar um esvaziamento do princípio referido em
situações em que há extremada regulação, como sói acontece com o registro dominial
cartorário para fins de compre e venda de bens imóveis.
6 FRIEDMAN, Lawrence M. Law in America. New York: Modern Library Chronicles, 2003, pg.
32.
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Harriet Christiane. Metodologia do Ensino Jurídico com casos. Belo Horizonte: Del Rey, 1999,
p.14.
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sustenta que as decisões de jurisprudência podem efetivamente ser dotadas de uma certa
autoridade; mas, de modo algum são consideradas, salvo em casos excepcionais, como
criadoras de regras de direito.
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14 ZITSCHER, Harriet Christiane. Metodologia do Ensino Jurídico com casos. op.cit., p.27.
15 Ver neste sentido o texto organizado pela Ordem dos Advogados do Brasil, Conselho
Federal, intitulado OAB – Ensino Jurídico. Brasília: Conselho Federal da OAB, 1996, em que
é possível encontrar uma avaliação mais geral sobre a forma de funcionamento dos cursos
no país.
16 ZITSCHER, Harriet Christiane. Metodologia do Ensino Jurídico com casos. op.cit., p.36.
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autor que o jurista inglês deve ponderar suas razões de decidir na análise do precedente
utilizado, identificando bem qual o suporte efetivo da decisão ao caso concreto.
20 ZITSCHER, Harriet Christiane. Metodologia do Ensino Jurídico com casos. op.cit., p.50.
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neste modelo 21 . Foi somente no século XIX, todavia, que se instalou inclusive nos
países do common law, em face do movimento codificador e legalista que imperou
na Europa Central neste período, que levou a Inglaterra a uma submissão mais dura
aos precedentes jurisprudenciais (rule of precedent). 22
Esta regra do precedente possui, na matriz inglesa, uma certa rigidez de
competência, eis que vincula os diversos graus de jurisdição às decisões das
instâncias superiores. Por exemplo, as decisões da Câmara dos Lordes constituem
precedentes obrigatórios para todos os demais tribunais, formando doutrina
vinculante. Assim ocorre com a Corte de Apelação em face das demais cortes de
jurisdição inferior; o mesmo acontece com as decisões tomadas pelo High Court of
Justice às jurisdições inferiores. 23
Neste cenário, a lei escrita como fonte do direito tem papel efetivamente
secundário, já que ela não traz os princípios reitores de organização das relações
sociais, mas estes estão dispersos em vários instrumentos normativos,
jurisprudenciais e mesmo de hábitos e costumes que tangenciam e indicam as
possibilidades de interpretação da própria norma escrita 24 .
Já na jurisdição estadunidense, a lei, a despeito de possuir caráter
regulativo, este não é gramaticalmente fixado, mas só tem dimensão eficacial
mediante a interpretação que for feita pelos tribunais. Esta interpretação, por sua
vez, não está totalmente dispersa nos Estados, gerando conflitos intransponíveis, eis
que compete à jurisdição de cada Estado a responsabilidade de, via interpretação,
21 Idem, p.24.
22 Também o estabelecimento dos nominados judicature acts, representando uma certa
hierarquia judiciária mais sistemática e a ordenação das compilações jurisprudenciais
contribuíram para produzir o mesmo resultado. Ver o trabalho de ALLEN, Carleton. Law in
the making. Clarendon: Oxford, 1995.
23 Ver o texto de KINDER-GEST, Patrícia. Manuel de Droit Anglais. Paris: Librairie Générale
de Droit et Jurisprudence, 1994, p.63. Pelo que consta, somente os precedentes emanados
da Supreme Court of Judicature e da Câmara dos Lordes é que tem força vinculante, os
demais, funcionam mais como argumentos de persuasão – mas na prática dos tribunais os
efeitos têm sido os mesmos.
24 É importante destacar, com René David (op.cit.,p.351), que o direito inglês e mesmo o
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of the United States. New York: Oceana Publications, 1983, p.74 e seguintes.
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29 Exemplo vivo disto é o princípio da rec sic standibus e todas as suas causas geradoras, no
âmbito das relações contratuais contemporâneas.
30 Sob este aspecto, revela-se de neural importância o trabalho de STRECK, Lenio Luis.
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juízos aqui não são detidamente valorativos, mas analíticos e históricos, com o
intento de compreensão conjuntural e fundacional do problema.
Neste sentido, o problema jurídico sob comento é sempre um problema
prático-normativo 34 , porque (a) o seu caráter problemático-metodológico específico é
regulativo, com um fundamento axiológico e de realização concreta; e porque (b)
estes problemas são de imediata aplicação, no sentido de realização de uma
intencionalidade prática, propostos à constituição e válida orientação de uma práxis.
(2)Abordagem dos elementos dogmático-positivos dos temas/problemas
propostos, numa perspectiva sistêmica, reflexiva e crítica 35 , compreendendo o
funcionamento de todo o sistema jurídico (composto de ordenamentos diversos,
cada um estruturado em princípios e regras jurídicas, em absoluta e necessária
conexão), identificando as posições hegemônicas vigentes nos quadrantes
doutrinários e, após, jurisprudenciais.
(3) Abordagem dos casos específicos e temáticos com avaliação crítica e
aprofundada, a partir dos elementos coligidos na fase anterior, delimitando, de forma
exploratória e experimental, as insuficiências da abordagem antecedente, levando
em conta a integração necessária de todas as fases desta metodologia. A vantagem
mais marcante desta estratégia repousa na possibilidade de aprofundamento que
oferece, pois os recursos se vêem concentrados no caso visado, não estando
submetido às restrições ligada à comparação da espécie com outros casos. 36
Passemos a análise de cada uma destas fases da metodologia proposta,
bem como seus procedimentos operacionais.
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conforme a verdade; (b) que ela observa os princípios da lealdade e da boa-fé; (c)
que ela não se preste a veicular pretensões destituídas de fundamento; (d) que ela
não se funde em provas nem leve a efeito a prática de atos inúteis ou
desnecessários à declaração ou defesa de direito; (e) no âmbito de sua instrução,
que sejam cumpridas com exatidão os provimentos mandamentais da jurisdição,
sem embaraçar à sua efetivação; (f) que ela não deduza pretensão ou defesa contra
texto expresso de lei ou fato incontroverso; (g) que ela não se utilize do processo
para obter objetivo ilegal. 38
Quando a provocação jurisdicional se afastar destes pressupostos,
possivelmente estar-se-á diante de algum comportamento de má-fé irregular/ilícito
das partes, interessados e seus procuradores, nos termos do art.17, do CPC, diante
do que se impõe à jurisdição deveres corretivos e sancionatórios (art. 14, § único, e
art.18, ambos do CPC). Ademais, em face da natureza pública indisponível destes
pressupostos, o Estado-Juiz deve estar permanente atento a qualquer sinal de
desvio ou violação deles, desde o início até o final da lide.
Para tentar, de um lado, evitar ou diminuir as reincidências de
provocações temerárias à jurisdição, e de outro, potencializar ao máximo a função
social do processo judicial à pacificação satisfativa dos conflitos, alguns passos
metodológicos de abordagem e solução das lides podem ser adotados, dentre os
quais destaco os seguintes:
(1) coleta de informação original (na fonte empírica de produção) acerca
das situações fáticas e suas variáveis (econômicas, políticas, culturais, religiosas,
sexuais, etc.) envolvendo os atores e os interesses em litígio, providência
permanente no âmbito da relação processual e jurisdicional;
(2) coleta exauriente dos fundamentos e razões fáticas trazidas pelos
envolvidos no objeto submetido à apreciação judicial, bem como suas perspectivas
individuais de soluções;
(3) delimitação fática do objeto a ser enfrentado de modo dialogado na
relação entre os sujeitos envolvidos na lide, através de mecanismos processuais
abertos à manifestação de todos os legítimos interessados, oportunizando
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que "os produtos anunciados não podem ser ingeridos por gestantes ; que a venda é
proibida para menores de 18 anos; e que o consumo em excesso pode causar
dependência".
Dessa decisão, a Abrabe recorreu, em julho de 2003, requerendo que a
exigência ficasse restrita à jurisdição em que a ação foi proposta, ou seja, o Estado
do Paraná. Todavia, em março de 2004, a 3ª Turma decidiu, por maioria, que a
decisão deveria englobar todo o território nacional. Como houve um voto divergente,
os advogados da associação puderam requerer que o recurso fosse analisado
novamente, desta vez pela 2ª Seção, que é formada pela 3ª e 4ª Turmas do TRF,
especializadas em Direito Administrativo, Civil e Comercial.
O relator dos Embargos Infringentes foi o desembargador federal Edgard
Lippmann Júnior, que deixou claro no seu voto, utilizando exemplos casuísticos, de
que a jurisdição de um órgão do Poder Judiciário abrange todo o território nacional.
"Pessoa divorciada em São Paulo é divorciada no Rio de Janeiro, não se trata de
discutir se os limites territoriais do juiz de São Paulo podem ou não ultrapassar seu
41
território", negando provimento ao recurso, sendo acompanhado pela maioria.
Ora, smj, é óbvio que a extensão da decisão judicial aqui, por razões de
ordem pública indisponível (saúde pública), precisam ser estendidas a todo o
território nacional, exatamente em face de sua eficácia social, mesmo inexistindo
pedido expresso nesse sentido.
A jurisdição neste feito levou em conta fatores e variáveis de ordens
múltiplas, pertencentes à natureza do conflito enfrentado: saúde pública (matéria de
interesse federativo), cultural (orientação social massiva sobre os danos e perigos
da ingestão de bebida alcoólica), política (desenvolvendo política pública preventiva
ao consumo exagerado e à dependência química), interesse coletivo (em face dos
sujeitos de direito atingidos pelo hábito ou vício da bebida). Todas estas variáveis e
temas estão conectados diretamente à lide, e precisam ser desvelados pela tutela
jurisdicional, sob pena de ser reduzido e desfocado os resultados da prestação
desta tutela.
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42 Nos autos de Hábeas Corpus nº 81734 – PR – 1ª T. – Rel. Min. Sydney Sanches – DJU
07.06.2002 – p. 00095. Esta posição do STF vai na mesma direção do Supremo Tribunal
Militar, que em situação envolvendo a subtração (tentativa) de gêneros alimentícios e
materiais de limpeza pertencentes ao aprovisionamento de quartel, por parte de um militar,
entendeu que, apesar do irrisório valor das mercadorias, a lesão ao patrimônio militar jamais
poderá ser tida como insignificante, seja pelos reflexos imediatos e concretos para a
administração militar, patrimoniais e morais, seja pelos efeitos mediatos do comportamento
"contra jus ", em detrimento dos valores basilares da caserna. Preliminar de não-conhecimento
do pedido correcional indeferida. No mérito, deferida a Correição Parcial. Decisão por maioria.
STM – Cparcfo 2002.01.001817-7 – DF – Rel. Min. Domingos Alfredo Silva – DJU
09.07.2002.
43 Assim refere o julgado: O princípio da insignificância foi pensado para adequarem-se as
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é, princípio exclusivamente doutrinário e não legal, sua aplicação acaba por ganhar forte
conteúdo subjetivo, o que por vezes cria aparente quebra do princípio da isonomia. 2- Na
espécie, não se trata de réus que, diante da triste realidade sócio-econômica, praticam o
descaminho como forma única de sustento de suas famílias, os chamados "sacoleiros". São,
ou eram, empresários devidamente estabelecidos e residentes em áreas tidas como nobres
desta capital, com padrões financeiros compatíveis à classe média brasileira, fatos relevantes
para a não configuração do "princípio da insignificância" e a exclusão da teoria do "crime de
bagatela". TRF 1ª R. – RCCR 34000189018 – DF – 3ª T. – Rel. Juiz Luciano Tolentino
Amaral – DJU 26.04.2002 – p. 79.
44 TJRS – ACR 70004191797 – (00518825) – 3ª C.Crim. – Rel. Des. José Antônio Hirt Preiss
– J. 29.08.2002. Na mesma direção o julgado que entendeu ser o valor ínfimo da res furtiva,
sem qualquer repercussão no patrimônio da vítima, pois de R$ 14, 00 (quatorze reais),
autorizador da aplicação deste princípio: Não possui repercussão a ensejar a reprimenda
estatal, a míngua de efetiva lesão ao bem jurídico tutelado pelo art. 155 do CP. O princípio da
bagatela volta-se para o valor sócio-econômico do bem. Assim, mesmo que o furto tenha sido
consumado e a vítima tenha sofrido prejuízo em valor ínfimo, não está descaracterizada a
insignificância. Apelação improvida. TJRS – ACR 70004134805 – 8ª C.Crim. – Rel. Des.
Roque Miguel Fank – J. 15.05.2002.
45 Veja-se que, em termos de direito do consumidor, na perspectiva individual e não coletiva,
a Lei Federal nº8.078, de 11.09.90, trouxe uma série de mecanismos processuais que
outorgam a este sujeito de direito hiposuficiente algumas prerrogativas de proteção dos seus
interesses, a saber: (a) a possibilidade de determinação da competência pelo domicílio do
consumidor autor (artigo 101, I); (b) a vedação da denunciação da lide é um novo tipo de
chamamento ao processo, em determinadas hipóteses (artigos 88 e 101, II); (c) a previsão de
adequada e efetiva tutela jurisdicional por intermédio de todo e qualquer tipo de ação (artigo
83); (d) a nova configuração da tutela específica, nas ações que tenham por objeto o
cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer (artigo 84); (e) a extensão subjetiva da coisa
julgada erga omnes, mas, em alguns casos, apenas para beneficiar as pretensões individuais
(artigo 103); (f) a inversão, ope judicis, do ônus da prova em favor do consumidor (artigo 6º,
inciso VIII); (g) a assistência jurídica integral e gratuita ao consumidor carente (artigo 5º,
inciso I); (h) o próprio habeas data em favor do consumidor (artigo 43, § 4º).
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46 STJ – REsp 567.873 - MG -1ª T. – Rel. Min. Luis Fux – DJU 25.02.2004 – p.120. Neste
feito, o Recurso Especial foi provido para conceder à recorrente a isenção do IPI nos termos
do art. 1º, § 1º, da Lei nº 8.989/95, com a novel redação dada pela Lei nº 10.754, de
31.10.2003, na aquisição de automóvel a ser dirigido, em seu prol, por outrem.
47 Idem, p.120. Assevera o relator que consectário de um país que ostenta uma Carta
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49 Assim já decidiu o TRT DA 2ª Região, dizendo que o poder judiciário trabalhista é órgão
estatal para prestação jurisdicional nos moldes da Carta Maior de 1988, em seu artigo 114, e
nunca deve fazer vezes de organismo repressor do acesso à Justiça e do devido processo legal
(CF, artigo 5º, XXXV e LV). As questões dos artigos 14 a 18 do CPC (em especial com a
redação dada pela Lei nº 8.852/94) devem ser interpretadas com paciência e sensibilidade,
principalmente para não atingir a infelizmente inculta massa trabalhadora que acorre
diariamente às MM. Varas do Trabalho em postura reivindicadora de créditos com natureza
alimentar. (TRT 2ª R. – RO 20010447541 – (20020512877) – 10ª T. – Rel. Juiz Ricardo Verta
Luduvice – DOESP 20.08.2002).
50 Infelizmente, muitas partes utilizam-se da jurisdição como instrumento para o
cometimento de ilícitos das mais diversas matizes, configurando inafastável dolo processual,
o que a jurisprudência pátria vem repudiando desde há muito, asseverando que dolo ocorre
toda vez que a parte vencedora, faltando a seu dever de lealdade e boa-fé (artigo 14, inciso II,
do CPC), impeça ou dificulte a atuação processual do vencido, ou influencie na formação do
convencimento do juízo, afastando-o da verdade dos fatos. TST – ROAR 339933 – SBDI 2 –
Rel. Min. Conv. Aloysio Corrêa da Veiga – DJU 11.10.2002.
51 TARUFFO, Michele. L'abuso del processo: profili comparatistici. In: Revista de Processo, v.
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postulante, como também aquela que tiver conscientemente alterado a verdade dos
fatos ou omitido fatos essenciais, e a que tiver feito no processo ou dos meios
processuais um uso manifestamente reprovável, com o fim de conseguir um objetivo
ilegal ou de entorpecer a ação da justiça ou de impedir a descoberta da verdade 52 .
Outro aspecto interessante diz respeito àquelas situações em que as
partes, conjuntamente, objetivam alcançar objetivo ilegal, não se configurando neste
caso há litigância de má-fé, que é infração a dever processual, mas colusão (o que
enseja a prolação de sentença que obste ao objetivo delas, a teor do artigo 129, ou,
se for o caso, a propositura de ação rescisória, inclusive, pelo Ministério Público, de
acordo com os artigos 485, III, e 487, III, letra b, do Código de Processo Civil).
Na mesma linha de raciocínio pode-se deparar com a circunstância de
que autor e réu estejam conjugando seus esforços para obter, via relação
processual litigiosa, direito pertencente a terceiro (o que seria ilícito), e este oferecer
oposição. Aí sim, ambos se tipificariam como litigantes de má-fé, porque teriam se
utilizado do processo para conseguir objetivo ilegal. 53
Estes tipos de questões chamam a atenção para a necessidade de se
estabelecer uma diferenciação entre as partes litigantes e seus procuradores, eis
que a relação de representação judicial não confunde os sujeitos de direito
envolvidos, notadamente pelo fato de que tanto partes como procuradores
encontram-se vinculados pelas disposições da seção I, do Capítulo II, do Título II, do
Livro I, do CPC.
Vai neste sentido a jurisprudência pátria, ao sustentar que em face do
disposto nos arts. 14 e 17, do CPC, e art. 133, da Constituição Federal, o advogado
deve responder solidariamente, quando, abusando do poder do mandato, formula
pretensão destituída de fundamento ou altera a verdade dos fatos, haja vista que
aquelas disposições normativas elevam o advogado ao nível do juiz e do promotor
público, considerando-o indispensável à administração da justiça. Por tais
52 MOREIRA, José Carlos Barbosa. Responsabilidade das Partes por Dano Processual.In
contrária", constante da parte final do § 1º, do artigo 18, do Código de Processo Civil.
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fundamentos, o advogado que age contra esse princípio, age contra a própria justiça
e deve receber a mesma pena a que levou sofrer o seu cliente 54 .
É de se ter claro que tais situações tanto podem configurar-se na fase
postulatória (a qual abrange os atos relativos à propositura da demanda e à
apresentação da defesa), como na instrutória ou na recursal. De outro lado, cumpre
o registro de que elas tampouco se confinam no processo de conhecimento: podem
operar igualmente nos processos executório, cautelares e especiais.
2002, p. 214.
56 MARQUES, José Frederico. Instituições de Direito Processual Civil. Vol. III. Rio de Janeiro:
Forense, 2002, p.39. Veja-se que, quanto ao objeto mediato do pedido (bem da vida que
pretende a parte), a determinação deve ser enquadrada a partir das seguintes
considerações: a) quantidade desde logo determinada; b) quantidade determinável,
admitindo-se o pedido genérico.
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57 Conforme tradicional doutrina civilística nacional, com RODRIGUES, Silvio. Direito Civil -
Parte Geral. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2001, p. 315.
58 Conforme MIRANDA, Pontes de. Tratado de Direito Privado. Tomo II. Rio de Janeiro:
Neste sentido, veja-se a posição consabida do STF em relação ao uso indevido e de recursos:
Agravo. Regimental. Caráter meramente abusivo. Litigância de má-fé. Imposição de multa.
Aplicação do art. 557, § 2º, CC. arts. 14, II e III, e 17, VII, do CPC. Quando abusiva a
interposição de agravo, manifestamente inadmissível ou infundado, deve o Tribunal
condenar o agravante a pagar multa ao agravado. STF – AI-AgR 496387 – SP – 1ª T. – Rel.
Min. Cezar Peluso – DJU 25.06.2004 – p. 00015) JCCB.557 JCCB.557.2 JCPC.14
JCPC.14.II JCPC.14.III JCPC.17 JCPC.17.VII.
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60 TST – AIRR 108 – 1ª T. – Rel. Min. João Oreste Dalazen – DJU 13.08.2004.
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redação dada pela Lei nº 8081/90, envolvendo iniciativa editorial no Rio Grande do
Sul.
Na espécie, entendeu o juízo de primeiro grau por inocentar o
denunciado pelo Ministério Público pela prática de crime de racismo 61 . No Tribunal
de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, o recurso interposto pelo Ministério
Público foi provido, entendendo o segundo grau que a pretensão veiculada pelo
denunciado em textos publicados constitui crime de racismo sujeito às cláusulas de
inafiançabilidade e imprescritibilidade (CF, artigo 5º, XLII) 62 .
Em Hábeas-Corpus apresentado ao Superior Tribunal de Justiça, a
decisão do TJRS foi confirmada, por maioria, vencido o Ministro Edson Vidigal 63 .
Interposto novo Hábeas-Corpus ao Supremo Tribunal Federal, este foi denegado,
por maioria, confirmando a decisão do TJRS. 64
Ao longo desta discussão, um universo de questões teve de ser tratado
para fins de identificar o comportamento do denunciado como efetivamente ilícito,
dentre os quais: (a) se os judeus são ou não uma raça, eis que, em face disto,
segue-se que contra eles poder ou não haver discriminação capaz de ensejar a
exceção constitucional de imprescritibilidade; (b) uma discussão sobre ser possível
ou não a subdivisão da raça humana, envolvendo inclusive questões atinentes à
definição e o mapeamento do genoma humano (haja vista que, sob a perspectiva
científica, não existem distinções entre os homens, seja pela segmentação da pele,
formato dos olhos, altura, pêlos ou por quaisquer outras características físicas, visto
que todos se qualificam como espécie humana); (c) se há ou não diferenças
biológicas entre os seres humanos; (d) se a divisão dos seres humanos em raças
resulta de um processo de conteúdo político-social, originando-se daí o racismo que,
por sua vez, gera a discriminação e o preconceito segregacionista; (e) se estaria
presente ou não, nas publicações do denunciado, fundamentos do núcleo do
pensamento do nacional-socialismo de que os judeus e os arianos formam raças
julgado em 31/10/1996.
63 Autos nº15.155 (2000/0131351-7), da 5ª Turma Criminal do STJ, relator Ministro Gilson
17/09/2003.
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65 Idem, p.117.
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Tribunais que avaliaram o caso sob comento puderam alcançar o bem da vida
atingido visceralmente na espécie, o que envolveu considerações de variáveis
múltiplas como as que acabamos de citar.
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66 SAVIGNY, Fredrich Carl. Sistema del Diritto Romano Attuale. Turim: Daltricce, 1960,
p.118.
67 ALEXY, Robert. El concepto y la validez del derecho. Barcelona: Editorial Gedisa, 1997,
p.174.
68 Idem, p.176.
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Significa dizer que a avaliação fática do caso ( na dimensão que dei a tal
tarefa), seguida da ponderação sistêmico-constitucional dos interesses envolvidos,
vai chamar todo o ordenamento jurídico à colação para solucionar o conflito, i.é.,
princípios e regras constitucionais e infraconstitucionais.
Em face disto, as possibilidades processuais instrutórias da relação
litigiosa também vão se delineando, oportunidade em que a especificação do que
elas representam é da mais alta importância tendo em vista a sensibilização das
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partes à pacificação do problema criado, criando-se uma segunda fase para este
momento cognitivo, mais coletiva e dialógica, eis que, de um lado, voltada ao
discernimento de todos os envolvidos do que vai implicar (econômica e
subjetivamente) uma discussão judicial até final decisão, em todos os graus
jurisdicionais (o que vimos até aqui); de outro lado, oportunizadora à constituição de
um espaço de conciliação e mediação de densidade substancial. Passo a avaliar
este segundo momento.
p.38.
74 DELGADO, Maurício Coutinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2002, mais
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75 Não se esqueça que a autotutela no Brasil é definida como crime, seja quando praticada
pelo particular (exercício arbitrário das próprias razões, art. 345, do Código Penal Brasileiro
– CP), seja pelo próprio Estado (exercício arbitrário ou abuso de poder, art. 350, CP).
Todavia, temos algumas exceções na legislação civil, por exemplo: com a legítima defesa (art.
160, I, Código Civil de 1916 - CCB), com o desforço imediato, no esbulho possessório (art.
502, CCB) e, por fim, com a apreensão pessoal do bem, no penhor legal (art. 779, CCB). Já
no Direito do Trabalho, a greve constitui um exemplo da utilização da autotutela na
dinâmica de solução de conflitos coletivos laborais.
76 Maurício Delgado (op.cit.,p.71), lembra que a autocomposição verifica-se seja pelo
despojamento unilateral em favor de outrem da vantagem por este almejada, seja pela
aceitação ou resignação de uma das partes ao interesse da outra, seja, finalmente, pela
concessão recíproca por elas efetuada. Na autocomposição não há, em tese, exercício de
coerção pelos sujeitos envolvidos, podendo figurar como exemplos a renúncia, a aceitação
(ou resignação ou, ainda, submissão) e a transação.
77 Não podemos deixar de mencionar aqui o instituto da arbitragem (Lei 9.307/96),
anteriormente previsto nos arts. 1.037 a 1.048, do Código Civil de 1916 (como
compromisso), e 1.072 a 1.102, do Código de Processo Civil (do juízo arbitral),
proporcionando um novel instrumento de heterocomposição aos contratantes, pela via dos
árbitros com conhecimento na matéria objeto da controvérsia, resguardando o sigilo, rapidez
e eficiência.
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78 HIGHTON, Elena I., Álvarez, Gladys S. Mediación para resolver conflictos. Buenos Aires:
Ad-Hoc, 1998, p.118. Tradução nossa. Na mesma direção, ver o trabalho de BOLZAM DE
MORAIS, José Luis. Mediação e Arbitragem: Alternativas à Jurisdição. Porto Alegre: Livraria
do Advogado Editora, 1999.
79 Ver neste sentido o trabalho de SERPA, Maria de Nazareth. Mediação e novas técnicas de
dirimir conflitos. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha (Coord.) Anais do I Congresso Brasileiro de
Direito de Família. Belo Horizonte: Del Rey, 1999.
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80 Como bem esclarece ANDRADE, Manuel da Costa. Consenso e Oportunidade. In: Jornadas
de Direito Processual Penal - o novo CPP, Coimbra, Almedina, 1992, p. 317 e seguintes.
81 Neste ponto ver os trabalhos de: ANDRIGHI, Fátima Nancy et alli. Juizados Especiais
Cíveis e Criminais. Belo Horizonte: Del Rey, 1996; BATISTA, Weber Martins et alli. Juizados
Especiais Cíveis e Criminais e Suspensão Condicional do Processo Penal: a Lei nº 9.099/95 e
sua doutrina mais recente. Rio de Janeiro: Forense, 2001; BENETI, Sidnei et alli. Juizados
Especiais Cíveis e Criminais. Belo Horizonte: Del Rey, 1996; BITENCOURT, Cezar Roberto.
Juizados Especiais Criminais e Alternativas à Pena de Prisão. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2001; BRANDÃO, Paulo de Tarso et alli. Juizados Especiais Cíveis e Criminais:
aspectos destacados. Florianópolis: Obra Jurídica, 2000.
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82 Vale registrar que a preocupação com a vítima reflete-se em toda a lei, que se ocupa da
transação civil, possível antecedente da transação penal, e da reparação dos danos na
suspensão condicional do processo. No campo penal, a transação civil homologada pelo juiz
nas ações penais condicionadas à representação configura causa extintiva da punibilidade.
83 Neste sentido o texto de SILVEIRA, Paulo Fernando. Devido processo legal. Belo Horizonte:
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84 Conforme os trabalhos mais clássicos de: DANTAS, F.C. San Tiago. Problemas de direito
positivo, estudos e pareceres, igualdade perante a lei e due process of law: contribuição ao
estudo da limitação constitucional do Poder Legislativo. Rio de Janeiro: Forense, 1953;
SIQUEIRA CASTRO, Carlos Roberto. O devido processo legal e a razoabilidade das leis na
nova Constituição do Brasil. Rio de Janeiro: Forense, 1989.
85 NERY JUNIOR, Nelson. Princípios do processo civil na Constituição Federal. São Paulo:
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ratificam esta postura, haja vista que poderão se debruçar sobre todas as questões
suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por
inteiro 90 ; na mesma senda, ficam submetidas ao tribunal as questões anteriores à
sentença, ainda que não decididas 91 ; as questões de fato, não propostas no juízo
inferior, poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo
por motivo de força maior 92 .
Enfim, a importância político-constitucional da garantia do devido
processo legal, do direito ao contraditório e da ampla defesa reside, em essência, na
proteção conferida aos direitos fundamentais e no fato de ser uma das expressões
do Estado Democrático de Direito.
e sistema político. In Direito e Justiça: a função social do Judiciário. FARIA, José Eduardo
(Org.). São Paulo: Ática, 1989, p. 118-119.
94 Idem, p.119.
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95 É preciso termos claro, como bem adverte THIOLLENT (op.cit., p.56), que a própria
formulação de hipóteses depende de uma série de fatores: a problemática teórica na qual se
movem os pesquisadores, o quadro de referência cultural dos participantes, os insights
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V. Bibliografia Referencial:
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