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História
Evanildo da Silveira
Pela enésima vez o mundo tem data para acabar. Na próxima, o fim dos
tempos está marcado para o dia 21 de dezembro de 2012. Era o que
deveria ter acontecido no ano 1000 e depois em 2000 e em várias outras
datas ao longo da história da humanidade. Mesmo que todas as previsões
anteriores tenham falhado – tanto que você está lendo este texto – novas
não param de aparecer. A base para elas são variadas e diversas, mas
quase sempre se apóiam em lendas e mitos de povos antigos. A da hora
teria sido feita pelos maias, civilização que floresceu na chamada
Mesoamérica – região que hoje abrange os atuais México, Guatemala, El
Salvador, Honduras e Belize – entre os séculos 2 e 9.
O único problema é que os maias não previram nada disso. Assim como
não previram a sua própria decadência e fim como civilização, nem a
chegada dos conquistadores espanhóis, liderados por Hernán Cortez. Na
verdade, eles não acreditavam no fim do mundo. “Não há registros de
uma preocupação deles com o final dos tempos”, assegura a professora
de História da América Etiane Caloy, da Pontifícia Universidade Católica
do Paraná (PUC-PR). “Eles lidavam com um tempo cíclico, com vários
ciclos que se encerrariam dando lugar a outros ciclos. Como exemplo e
comparação, podemos falar do nosso Ano Novo: a data de 31 de
dezembro é o final de um ciclo que dá início a um novo ano, somente
isto.” Em resumo: 2012 não é a data do fim do mundo.
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Mas então, de onde surgiu a ideia de que esse povo previu o fim do
mundo exatamente para o dia 21 de dezembro de 2012? Provavelmente do
calendário deles. Ou melhor, calendários: os maias tinham mais de um. E
pelo menos um deles nem era exclusivo dessa civilização, mas comum a
outros povos mesoamericanos. O fato é que eles tinham um sentido
histórico muito apurado em relação ao seu dia a dia, além de uma grande
preocupação em medir a passagem do tempo. Todos os eventos políticos
e religiosos importantes, como a fundação das cidades, a coroação dos
reis, o surgimento de novas dinastias ou as vitórias militares decisivas,
por exemplo, eram registrados detalhadamente.
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essa ideia pode parecer absurda e cruel, mas para eles fazia parte de seus
sistemas religioso e cultural, porque o sangue é o líquido vital, foi com
ele que os deuses construíram os seres vivos e parte do universo”,
esclarece Navarro. “O sangue garantia a continuidade da vida no planeta,
por isso eram realizados os sacrifícios humanos.” E não eram poucos. Em
dias de rituais, centenas de pessoas podiam ser sacrificadas aos deuses,
por meio da decapitação ou cardiotecmia (retirada do coração ainda
pulsando do peito da vítima).
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18/08/2021 Maias – O último calendário | Super
Num artigo publicado no livro Calendars and Years II: Astronomy and
Time in the Ancient and Medieval World, o professor da Universidade da
Califórnia em Santa Bárbara, Gerardo Aldana, coloca em dúvidas as
conversões aceitas atualmente do calendário maia para o gregoriano.
Segundo ele, elas podem estar erradas por um período entre cinco e dez
anos. Pode não parecer muito, mas coloca em cheque a precisão da
previsão do fim dos tempos exatamente para 21 de dezembro do ano que
vem. Segundo o pesquisador, o problema estaria na veracidade dos
documentos utilizados nos cálculos. Ao que parece, portanto, ainda não
será desta vez que tudo se acabará. O que não terá fim, com certeza, é a
busca que os crentes no apocalipse farão por uma nova data para que
suas profecias se concretizem.
1000
1553
1736
1881
1914
1982
2000
Existe uma grande confusão hoje em dia com relação ao calendário maia.
Aquele que vem sendo divulgado, na maioria dos casos, como sendo
dessa cultura, na verdade pertence a outro povo, o asteca, que viveu
séculos depois e cuja maneira de contar o tempo era diferente.
Basicamente, os maias tinham dois calendários: Tzolkin, ou Tzolk’in,
composto por 13 meses de 20 dias, isto é, 260 dias; e o Haab ou Haab’,
formado por 18 meses de 20 dias cada, ou seja, 360 dias. Havia um
terceiro, cujo ciclo era de cerca de 5 125 anos, do qual teria surgido a
previsão de que o mundo acabará em 2012. Mas, segundo o especialista
em cultura maia Alexandre Navarro, esse calendário não foi
sistematizado por esse povo. “Ele é mencionado em poucas fontes”, diz.
“Os maias nunca se preocuparam em registrá-lo de maneira organizada.
É diferente do calendário asteca, no qual está tudo bem explicado.” No
final de março, José Luis Romero, do Instituto Nacional de Antropologia e
História do México, apresentou a pedra do calendário maia na cidade de
Tabasco. “Em nenhum de seus lados diz que em 2012 o mundo vai
acabar”, afirmou. “No pouco que se pode ler, os maias se referem à
chegada de um senhor dos céus, coincidindo com o encerramento de um
ciclo numérico”, disse Romero.
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