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Ano X . Edição 60 .

Dezembro a Fevereiro de 2017

Novo fôlego para o Congresso ABES A sensibilidade da busca


“Córrego Limpo” Fenasan 2017 da imagem
O “Programa Córrego Limpo” Fique por dentro da estrutura Em nossa seção “Vivências”
conta com atenção especial que vem sendo preparada trazemos um habilidoso fotógrafo
da PMSP em 2017. Veja a para esse grandioso evento, que também faz parte do corpo
entrevista de Marcelo Xavier, que promete impactar o técnico da Sabesp.
sobre esse processo. setor em 2017.
BAUMINAS Química.
Tecnologia e inovação ao seu lado.
Desenvolver produtos químicos inovadores e de alta performance para o tratamento de água e efluentes:
há mais de 50 anos, esse é o nosso foco. Com 12 unidades fabris estrategicamente localizadas e sólidas
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Brasil. A segurança e eficácia dos nossos produtos são comprovadas através do uso em mais de 3.500
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Rua Treze de Maio, 1642, casa 1
Bela Vista - 01327-002 - São Paulo/SP
Fone: (11) 3284 6420 - 3263 0484
Fax: (11) 3141 9041
aesabesp@aesabesp.org.br
Prezados associados, amigos e parceiros,
www.aesabesp.org.br

S
Órgão Informativo da Associação dos
Engenheiros da Sabesp ob o tema central, “Recuperação de Córrego e Matas Ciliares” essa edi-
Tiragem: 6.000 exemplares
ção da Revista Saneas destaca a necessidade de preservação ambiental,
Diretoria Executiva como ferramenta para universalização do saneamento, por meio de des-
Presidente: Olavo Alberto Prates Sachs
Diretor Administrativo: Nizar Qbar
Diretor Financeiro: Evandro Nunes Oliveira
poluição de rios e reflorestamento de suas margens e de barragens.
Diretora Socioambiental: Márcia de Araújo Barbosa Nunes
Diretor de Comunicação e Marketing: Paulo Ivan Morelli
Franceschi
E dentro desse horizonte, quantos especialistas técnicos da Sabesp conseguimos
Diretoria Adjunta
Cultural: Maria Aparecida Silva de Paula Santos
reunir nessas páginas! Além desses conceituados profissionais nos trazerem um
Esportes e Lazer: Fernandes Hayashi da Silva
Pólos Regionais: Antônio Carlos Gianotti
conhecimento amplo e necessário, também nos foi contada uma novidade muito
Social: Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges
Técnica: Gilberto Alves Martins
bem-vinda neste início de 2017: a retomada da intensificação do “Programa Córre-

Conselho Deliberativo go Limpo”, como uma das prioridades da nova Prefeitura Municipal de São Paulo,
Presidente: Ivan Norberto Borghi
Membros: Abiatar Castro de Oliveira, Agostinho de Jesus como medida estrutural de combate às enchentes.
Gonçalves Geraldes, Benemar Movikawa Tarifa, Choji
Ohara, Eduardo Bronzatti Morelli, Gilberto Margarido
Bonifácio, Helieder Rosa Zanelli, Iara Regina Soares Chao,
Ivo Nicolielo Antunes Junior, Luis Américo Magri, Mariza Com base nos conceitos de cidadania, educação e sustentabilidade, também apre-
Guimarães Prota, Nélson César Menetti, Richard Welch,
Rodrigo Pereira de Mendonça, Rogélio Costa Chrispim, sentamos dois “cases” de sucesso, tanto em Franca, interior de São Paulo e cidade
Sônia Regina Rodrigues
modelo como o melhor saneamento do País, quanto na região metropolitana leste,
Conselho Fiscal
Aurelindo Rosa dos Santos, João Augusto Poeta e Yazid Naked que semeiam nobres valores de preservação ambiental, na população e especial-
Coordenadores mente nos jovens escolares.
Conselho Editorial e Fundo Editorial: Luciomar Santos Werneck
Pólos da RMSP: Antonio Carlos Gianotti
Assuntos Institucionais: Fátima Valéria de Carvalho
Contratos Terceirizados: Walter Antonio Orsatti Além dos artigos técnicos inerentes ao tema da Revista, nesta edição ainda traze-
Comissão Organizadora do 27º Encontro Técnico mos o artigo da equipe da Unidade de Negócio de Produção de Água da Metro-
AESabesp - Fenasan 2016
Presidente da Comissão: Walter Antonio Orsatti politana da Sabesp (MA), representada pela engenheira Viviana Marli N. A. Borges
Coordenador do Encontro Técnico AESabesp: Maria
Aparecida Silva de Paula (nossa diretoria social), que esteve entre os três finalistas da disputada categoria
Coordenador da Fenasan: Gilberto Alves Martins
Membros: Alzira Amâncio Garcia, Antonio Carlos Roda “Inovação em Redes de Água, Esgoto e Drenagem”, na premiação”Be Inspired
Menezes, Eduardo Bronzatti Morelli, Gilberto Margarido
Bonifácio, Iara Regina Soares Chao, Luciano Carlos Lopes, Awards”, em Londres, prospectando o trabalho da Sabesp no cenário internacional
Marisa de Oliveira Guimarães, Mariza Guimarães Prota,
Nélson César Menetti, Nilton Gomes de Moraes, Nizar Qbar do setor.
Olavo Alberto Prates Sachs, Patricia Barbosa Taliberti, Paulo
Ivan Morelli Franceschi, Rodrigo Pereira de Mendonça,
Rosângela Cássia Martins de Carvalho, Sergio Luiz Caveagna
Sônia Maria Nogueira e Silva E nas páginas finais da edição, na sessão Vivências, está a nossa homenagem ao
Equipe de apoio: Maria Flávia da Silva Baroni, Maria Lúcia
da Silva Andrade, Monique Funke, Paulo Oliveira, Rodrigo amigo e conceituado profissional, Osvaldo Niida, que embora seja reconhecido
Cordeiro, Vanessa Hasson
como um notável engenheiro também fotografa com extrema sensibilidade.
Polos AESabesp da Região Metropolitana - RMSP
Coordenador dos Polos: Rodrigo Pereira de Mendonça
Polo AESabesp Costa Carvalho e Centro: Ednaldo Sandim
Polo AESabesp Leste: Sílvio Caraça E como não poderia deixar de ser, temos as páginas dedicadas ao maior aconteci-
Polo AESabesp Norte: Eduardo Bronzatti Morelli
Polo AESabesp Oeste: Claudia Caroline Buffa mento do setor em 2017: o Congresso ABES/ Fenasan, a ser realizado entre os dias
Polo AESabesp Ponte Pequena: Samuel Francisco de Souza
Polo AESabesp Sul: Antonio Ramos Batagliotti 2 e 6 de outubro de 2017, no “São Paulo Expo”, em São Paulo - SP, sob o tema
Polos AESabesp Regionais “Saneamento Ambiental: Desenvolvimento e Qualidade de Vida na Retomada do
Diretor de Polos: Antonio Carlos Gianotti
Polo AESabesp Baixada Santista: Zenivaldo Ascenção dos Santos Crescimento”. Veja o número de expressivo de trabalhos inscritos no Congresso
Polo AESabesp Botucatu: Leandro Cesar Bizelli
Polo AESabesp Caraguatatuba: Felipe Noboru Matsuda Kondo e de expositores que reservaram seus espaços na
Polo AESabesp Franca: José Chozem Kochi
Polo AESabesp Itatiba: Carlos Alberto Miranda Silva Feira e faça parte desse evento histórico!
Polo AESabesp Itapetininga: Jorge Luis Rabelo
Polo AESabesp Lins: João Luiz de Andrade Areias
Polo AESabesp Presidente Prudente: Gilmar José Peixoto
Polo AESabesp Vale do Paraíba: Sérgio Domingos Ferreira Um grande abraço a todos!
Polo AESabesp Vale do Ribeira: Jiro Hiroi

Editora e Jornalista Responsável


Maria Lúcia da Silva Andrade - MTb. 16081
Textoscom - luciatextos@terra.com.br
www.site.com.br/textoscom
facebook.com/textoscom
Eng. Olavo Alberto Prates Sachs
Redação
Ednaldo Sandim, Lúcia Andrade e Thiago Nobre Presidente da AESabesp
Projeto visual gráfico e diagramação Gestão 2016-2018
Neopix DMI
contato@neopixdmi.com.br
www.neopixdmi.com.br
ÍNDICE

05
Matéria
Tema
A importância da
recuperação de
córregos e matas
ciliares

15 Entrevista
O superintendente da
Dir. Metropolitana da
Sabesp, Marcelo Xavier
Veiga, discorre sobre
as ações do Programa
de Recuperação dos
Córregos da RMSP.

18 Ponto de vista

21 35
Ações de Visão de futuro Congresso ABES /
reflorestamento como
prática para a proteção Ações da ONG “Amigos do Fenasan 2017
Rio Canoas“ Rumo ao maior encontro
e conservação dos
de saneamento ambiental
Recursos Hídricos

23 Visão de mercado das Américas


Metropolitanos
Saneamento básico e os
desafios para os novos
prefeitos 45 Incentivo cultural
Prêmio Jovem Profissional
AESabesp

25 Artigo Técnico
Gestão do Programa
Córrego Limpo por meio de 47 Acontece
no setor
zeladoria instrumentada

50
utilizando-se de equipamento
Vivências
multiparamétrico nas
medições dos corpos d’água A arte e a técnica de
Osvaldo Niida

28 Projeção Internacional
Sabesp esteve entre as
finalistas do “Be Inspired
Awards”

4 SANEAS Dezembro a Fevereiro de 2017


MATÉRIA TEMA

A IMPORTÂNCIA
DA RECUPERAÇÃO
DE CÓRREGOS E
MATAS CILIARES

V
amos imaginar que um córrego seja os sequilíbrio dessa proteção natural, são necessários
nossos olhos, logo as matas ciliares se- processos que retomem o ecossistema aquático, sem
riam os nossos cílios, cuja função é a de causar danos à saúde e ao meio ambiente.
proteger o seu entorno. Transferindo esta Em nossa edição da Saneas, se encontra uma abor-
analogia para a natureza, concluímos que a mata ciliar dagem peculiar voltada para a diversidade de rios e
é essencial para a proteção das nascentes de água. riachos de São Paulo, que correm em locais em que
Porém, efeitos típicos da urbanização suscitam a o leitor nem imaginaria estar navegando, bem como
alteração das margens e da vegetação ribeirinha, o que está sendo feito para a preservação e manu-
com o aumento nas taxas de erosão e consequente tenção desses ecossistemas aquáticos. Aventure-se
aumento no assoreamento. Quando ocorre um de- nesta viagem!

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MATÉRIA TEMA

“Banhamo-nos e não nos banhamos no receber o esgoto doméstico e industrial no trecho da cidade, dei-
mesmo rio”. xando suas águas poluídas e contaminadas. E as curvas sinuosas
A sentença é do filósofo grego Heráclito de Éfeso (535 a 475 AC) que compunham a várzea do rio foram retificadas, transformando
e traz uma reflexão sobre o presente e o passado, utilizando a a paisagem e trazendo diversas consequências danosas ao meio
água como uma metáfora. Mas a frase tem, também, um sentido ambiente e à própria população, sobretudo à parcela que cons-
literal e que pode ser transposto para os dias de hoje no que diz truiu suas habitações próximas ao antigo leito do velho Tietê.
respeito aos cursos da água de São Paulo. A partir da década de 1990, após forte mobilização popular, o
Quem, por menos intimidade que tenha com a História do Bra- governo do estado de São Paulo deu início ao projeto de recupe-
sil, não saberia descrever a importância do rio Tietê para a coloni- ração do Tietê. Este projeto, ainda em execução, tem apresentado
zação de nosso país? O Tietê serviu de rota para os bandeirantes, bons resultados. A poluição das águas do rio já apresenta diminui-
no século XVIII. Estes aventureiros ampliaram o território brasileiro ção, pois boa parte do esgoto tem recebido tratamento. Espera-se
e usaram o rio para chegar ao interior do estado de São Paulo, que, nos próximos anos, o rio recupere as boas condições de suas
chegando até a região de Mato Grosso. Durante o percurso, os águas como nas décadas passadas.
bandeirantes fundaram diversas cidades. Mas, contrariando o ditado, nem todo rio corre para o mar. O
Nas épocas seguintes, foi muito utilizado para a navegação e Tietê, por exemplo, nasce a 840 metros de altitude, na cidade de
até mesmo para a prática de esportes náuticos, principalmente, Salesópolis, situada na região da Serra do Mar. Atravessa o estado
na região metropolitana de São Paulo. Foi a partir da década de de São Paulo, na direção de leste a oeste, e deságua no rio Paraná,
1950 que este quadro mudou. Com o crescimento populacional no município de Itapura (divisa entre São Paulo e Mato Grosso do
e industrial desordenado da cidade de São Paulo, o rio passou a Sul). Em seu curso, recebe as águas de diversos córregos.

Rio Tietê

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Água debaixo da ponte
que já não movem
moinhos
Por baixo das pontes do Tietê e do
Pinheiros, principais rios da cidade
de São Paulo muita água já rolou. E
muita água passa, também, por baixo
do asfalto, do cimento e do concreto.
O município possui nada menos que
186 bacias hidrográficas catalogadas
pela prefeitura, estima-se que sejam
mais de 200 cursos de água.
Por baixo da zona oeste da cidade,
serpenteiam, por exemplo, o rio Verde
e o Água Preta. Mas há muitos outros
escondidos por avenidas, como o Sa-
racura (que nasce próximo ao Museu
de Arte de São Paulo e à avenida
Paulista), o Itororó e o Pacaembu, na
região central. São rios que ainda cor- Margem direita do Rio Tamanduateí
Crédito: SMC - DPH - DIM. Foto: Guilherme Gaensly
rem, apesar de estarem misturados
com esgoto.
Há outros que simplesmente desapareceram, encobertos pela via, também atraíram indústrias e favoreceram o surgimento de
urbanização, como o ribeirão do Bixiga, na região central da ci- bairros operários. Processo similar aconteceu nas terras baixas
dade, em cujo trecho, construiu-se o prédio da Câmara Municipal à beira do Tietê.
de São Paulo. Foi então que algumas contradições começaram a aparecer.
A grande maioria dos rios, ribeirões e riachos corre para o Se por um lado os rios eram uma fonte de água para as fábri-
Tietê - a cidade se situa na bacia do Alto Tietê. Não se sabe, cas, também eram para eles que estas escoavam seus dejetos.
porém, o número exato deles nem a extensão da rede hídrica Paulatinamente, rios e córregos transformaram-se em canais de
porque boa parte flui por baixo da metrópole. A quantidade de esgoto. Logo, bairros em áreas próximas aos rios passaram a
nascentes é outra incógnita. No centro expandido, é quase im- sofrer com o mau cheiro e com as enchentes.
possível avistar um córrego ou ribeirão. A cidade sufocou os rios De benfeitores, os rios passaram a vilões e conclui-se que era
e cresceu por cima deles. preciso subjugá-los. Por mais obras que se pudesse fazer, no
entanto, ficou evidente que livrar a cidade totalmente de inun-
Ingratidão urbana dações era praticamente impossível. Em períodos de chuva, tal
É inegável a importância dos rios no surgimento e no crescimento qual filhos pródigos,os rios voltam e reivindicam temporariamen-
da cidade. Na base do cerro onde ela foi fundada, houve um porto te áreas que, no passado, correspondiam a seus leitos e várzeas.
às margens do Tamanduateí que serviu a região comercial em tor- As águas estão sempre presentes -- inclusive no nome de bairros:
no da rua 25 de Março. A ladeira batizada de Porto Geral é uma Água Branca, Água Fria, Água Funda, Água Rasa, Ponte Rasa,
das poucas referências à sua existência. Interlagos, Rio Pequeno, Vila Nova Cachoeirinha, etc.
Foi perto das margens do Tamanduateí que se construiu a
ferrovia Santos-Jundiaí no século XIX. As terras baixas nas pro- Uma, duas, três ... “Sete Voltas”
ximidades do rio tinham preço muito em conta. Por isso, rece- Próximo ao cerro onde a vila de São Paulo de Piratininga foi fun-
beram os trilhos que ligaram o porto de Santos ao interior do dada no século XVI, o rio Tamanduateí, afluente do Tietê, era tão
Estado. Como eram baratas e passaram a contar com a ferro- sinuoso que recebeu a alcunha de Sete Voltas. De fato, Piratininga

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MATÉRIA TEMA

significa peixe seco em tupi-guarani, uma


alusão aos peixes que morriam na várzea
depois da cheia.
No século XIX a paisagem começou a mu-
dar. Foi quando São Paulo passou a mexer
nos rios e a retificá-los por uma questão sa-
nitária, uma forma de combater enchentes
e a estagnação das águas. Não tardou, no
entanto para o mercado imobiliário colocar
sua força no processo.
Os rios retificados tornaram-se mais sa-
lubres e a retificação liberou espaço para o
comércio de terras. Essas duas diretrizes se
perpetuaram no século XX e uma parte do
espaço tomado dos rios pelas retificações
foi destinada ao mercado de terras, a outra
foi tomada pelas avenidas.
Tapar os córregos também foi uma so-
lução para resolver a questão da insalubri-
A Avenida Roberto Marinho, na zona sul, acompanha o leito do córrego
Água Espraiada. Inaugurada por Paulo Maluf em 1996, a avenida levava dade e criar espaço para uso urbano. E as
o nome do curso d’água. Depois, foi rebatizada. Atualmente, o Metrô
grandes avenidas passaram a correr sobre
constrói sobre a avenida o monotrilho da linha 17-ouro. O projeto prevê
que a linha ligará o Jabaquara, na zona sul, ao Morumbi, na zona oeste. os córregos sepultados.
O primeiro tamponamento se deu no sé-
culo XX, em 1906, quando o Anhangabaú
passou a correr oculto no vale a oeste da
colina central onde a cidade de São Paulo
foi fundada.

Saem os barcos e
entram os carros
Na década de 1940 o processo de sepulta-
mento dos rios tomou um ritmo frenético
o que perdurou por todo o século XX. A
atuação do engenheiro Prestes Maia, pre-
feito nomeado da cidade de 1938 a 1945,
durante a ditadura do Estado Novo, foi
decisiva e deu um grande impulso para a
aceleração do processo.
O “Plano de Avenidas”, um estudo para
nortear o crescimento da cidade foi pu-
blicado em 1930 por Maia e influenciou
a administração municipal mesmo depois
da gestão do engenheiro.
Por baixo da Avenida Pacaembu, flui o córrego do mesmo nome, afluente O auge das canalizações e transforma-
do Tietê. As nascentes ficam nos morros localizados no entorno do estádio
do Pacaembu, inaugurado em 1940 na região central. ção de fundos de vale em avenidas ocor-

8 SANEAS Dezembro a Fevereiro de 2017


reu nos anos 70 e 80. A principal causa da retificação e do As avenidas, na maioria dos casos, não trazem nenhum ves-
tamponamento foi a estrutura viária, a construção de avenidas. tígio de que por baixo delas existam rios. Os projetos das vias
Em uma topografia acidentada como a de São Paulo as linhas não levaram em consideração o potencial dos cursos de água.
de água foram percebidas como excelentes eixos que possibi- Dessa forma ao invés de uma harmonização, como por exem-
litariam maior fluidez aos veículos. O tráfego é muito seme- plo, parques associados a avenidas em fundos de vales, rios
lhante à água e a lógica da fluidez foi utilizada na construção utilizados como referência urbana de lazer e qualidade de vida,
das vias. São Paulo sepultou a grande maioria de seus rios e córregos.

A Avenida Eliseu de Almeida, na zona oeste, encobre o rio Pirajussara. Uma das mais movimentadas da cidade, a Avenida dos Bandeirantes, na
Ele nasce no município de Embu das Artes, passa pelo vizinho Taboão da zona sul, passa por cima do córrego da Traição, afluente do rio Pinheiros.
Serra e, já em São Paulo, deságua no Rio Pinheiros. A avenida integra o complexo viário que liga às zonas sul e leste.

Este é um trecho do Rio Pinheiros antes de ser retificado, em dezembro


de 1930. Hoje, os meandros do curso d’água não existem mais, e o que
restou agora corre para o lado oposto.
Retificação do Tietê: O governador Laudo Natel, o secretário de obras,
José Meiches e o diretor do Departamento de Água e Energia Elétrica -
DAEE observam o desenvolvimento dos trabalhos de retificação do Tietê
entre os municípios de Osasco e Barueri.

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MATÉRIA TEMA

Programa Córrego Limpo: o resgate dos cursos


d’água da cidade de São Paulo

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – atividades que depositam poluentes de forma esparsa sobre a
Sabesp, em parceria com a prefeitura de São Paulo, iniciou em área de contribuição da bacia hidrográfica e é formada por re-
maio de 2007 um audacioso projeto de despoluição dos córre- síduos de origem bastante diversificada, como os provenientes
gos da cidade. Batizado de Córrego Limpo, o programa reali- do desgaste do asfalto, do lixo acumulado nas ruas e calça-
zou intervenções nos principais córregos do município a fim de das, das decomposições orgânicas, das sobras de materiais das
recuperá-los. atividades de construção, dos restos de combustível, óleos e
De acordo com dados computados no final de 2016, foram graxas deixados por veículos, dos poluentes do ar, entre outras
despoluídos 149 córregos, um feito homérico se considerarmos demandas.
as proporções dessa cidade que conta com 11,9 milhões de ha- Em uma metrópole que em 463 anos desenvolveu-se de forma
bitantes (IBGE, 2014), uma vez que é a sétima cidade mais popu- rápida, porém irregular, não é difícil imaginar a complexidade do
losa do planeta e a oitava maior aglomeração urbana do mundo. Programa de recuperação desses cursos d’água. Basicamente a
A mesma população que produz, também consome e descar- ação se dá em duas frentes: a adequação e complementação das
ta. Quando esses resíduos não têm uma destinação correta ou redes de esgotamento sanitário, trabalho realizado pela Sabesp
são deliberadamente jogados na rua ou, ainda, arremessados e a limpeza dos leitos e das margens dos córregos, que compre-
diretamente nos regatos, produzem uma ação nefasta, a cha- ende o corte de mato, poda de vegetação e retirada de lixo e
mada poluição difusa. Ela tem esse nome porque provém de entulho, serviço empreendido pela prefeitura.

10 SANEAS Dezembro a Fevereiro de 2017


DBO baixo, um indicador de de qualquer poluição causada pelo homem, apresentam valo-
“saúde” das águas res de DBO da ordem de 5 mg/L.
O DBO, sigla para Demanda Bioquímica de Oxigênio, é o Grande parte da matéria orgânica encontrada nos córregos
principal indicador utilizado pela Sabesp para acompanhar os de São Paulo é proveniente do lançamento irregular de esgo-
resultados das ações de despoluição. Ele é obtido por meio de tos, por isso, todo o efluente retirado dos córregos deixa de
ensaios laboratoriais ou de sondas multiparamétricas (equipa- ser enviado para os grandes rios que cortam a cidade e são
mento que realiza medição imediata e simultânea de diversos adequadamente direcionados às Estações de Tratamento de Es-
parâmetros relacionados à qualidade da água) e representa a gotos – ETEs.
quantidade de oxigênio (mg/L) necessária para oxidar a ma- No quadro abaixo podem ser vistas referências qualitativas
téria orgânica presente na água: valores elevados significam do indicador DBO. E é possível observar que quando os valores
maior presença de matéria orgânica, ou seja, maior incidência estão abaixo de 30 mg/l as condições de qualidade da água são
de poluição. Como comparação, cursos d’água naturais, livres boas, permitindo, inclusive, a existência de vida aquática.

REFERÊNCIA PARA DBO - mg/l

Poluído, sem vida aquática,


exalação de maus odores
Limite Máximo Legal 70
na Saída de ETE:
60mg/l

Condições estéticas ainda boas, porém com restrições à


existência de peixes; exala odores
em determinadas épocas do ano (verão seco,
principalmente); tratamento da água com
alto consumo de produtos químicos

Saída da ETE
na RMSP 30

Condições boas, aspecto estético bom,


permite a existência de peixes, não exala odores
e possibilita o tratamento convencional da água
Limite Máximo para
Classe 3 (10mg/l)
Conama 10
Condições boas, já não se recomenda o contato primário
nem a rega de hortaliças, mas possibilita a existência de
Limite Máximo para peixes, a dessedentação de animais e o tratamento
Classe 2 (5mg/l) convencional da água
Conama 5

Limite Máximo para Condições naturais, permite o contato primário das


Classe 1 (3mg/l) pessoas e a rega de hortaliças
Conama
0

Referências qualitativas do indicador DBO;


DBO valores abaixo de 30 mg/l (Fonte: Sabesp)

Dezembro a Fevereiro de 2017 SANEAS 11


MATÉRIA TEMA

Esforços conjuntos São Paulo. Para garantir a qualidade das águas desses córregos,
Em nove anos (de 2007 a 2016) o Programa Córrego Limpo con- no entanto, é fundamental que as ações das duas instituições se-
seguiu um feito histórico, a despoluição de 149 córregos. Isso só jam mantidas. Veja no quadro a seguir as ações de competência
foi possível graças a uma parceria entre a Sabesp e a Prefeitura de de cada uma dessas instituições:

Sabesp PMSP
■■ Diagnósticos das redes coletoras de esgotos exis- ■■ Limpeza dos leitos e das margens dos córregos,
tentes, a partir de inspeções técnicas nos locais, que compreende o corte de mato e poda de ve-
televisionamentos das tubulações, etc; getação e retirada de lixo e entulho;

■■ Inspeções nas instalações sanitárias de imóveis ■■ Manutenção das galerias de águas pluviais e bo-
para verificar a forma de esgotamento, ou o lança- cas de lobo;
mento irregular de águas pluviais na rede coletora
de esgotos, com a execução de testes de corantes ■■ Verificação de eventuais interferências das gale-
ou de fumaça; rias no sistema de esgotamento sanitário;

■■ Manutenção das redes coletoras de esgotos exis- ■■ Contenção de margens (muros ou estabilização),
tentes, pela realização de desobstruções e reparos quando houver risco de deslizamento que possa
de vazamentos; danificar a infraestrutura de esgotamento sanitá-
rio ou o sistema viário adjacente;
■■ Elaboração de projetos e licenciamento ambiental
de coletores-tronco, elevatórias, remanejamentos ■■ Remoção de imóveis situados nas faixas ribeiri-
e prolongamentos de redes coletoras de esgotos; nhas, para permitir a implantação da infraestru-
tura de esgotamento;
■■ Execução de obras de remanejamento, ligações
domiciliares e industriais de esgoto, interligações ■■ Reurbanização de favelas nas proximidades dos
e prolongamento de redes coletoras e complemen- fundos de vale;
tação de obras de coletores-tronco nos fundos de
vale; ■■ Implantação de parques lineares, sempre que
possível;
■■ Monitoramento da qualidade das águas do cór-
rego, para acompanhamento dos resultados das ■■ Notificação de proprietários de imóveis para que
ações de despoluição; façam a conexão ao sistema público de esgota-
mento sanitário, de acordo com a Lei Municipal
■■ Conscientização ambiental da população local, e nº 13.369, de 03/06/2002, que dispõe sobre a
demais ações que objetivam melhorar o entendi- obrigatoriedade, para todas as edificações, do
mento do papel de cada um para a obtenção plena lançamento dos esgotos do imóvel à rede coleto-
dos resultados esperados, principalmente no que ra pública (nos logradouros providos dessa rede).
se refere ao conceito de fontes difusas de poluição.

12 SANEAS Dezembro a Fevereiro de 2017


Córrego Tenente Rocha antes e depois das ações

Dividir para recuperar de todos os seus afluentes. Novamente foram priorizadas as


O Programa Córrego Limpo foi dividido em fases. Na 1ª fase sub-bacias que tinham infraestrutura de esgotamento implan-
(maio de 2007 a março de 2009) foram despoluídos 42 córre- tada ou em fase de implantação e que não dependiam de mui-
gos e priorizados aqueles a céu aberto ou que passassem por tas ações da PMSP para liberar áreas ocupadas.
áreas com grande afluxo de pessoas, como os localizados em Apesar de o desafio ser maior, considerando que nas três
parques. Nesta etapa, foi possível a retirada de uma vazão de fases iniciais do programa foi despoluída uma área de 136 km²,
esgoto que era lançada diretamente nos cursos d’água de 500 beneficiando uma população de 2,2 milhões de habitantes, o
litros por segundo, melhorando a qualidade de vida de aproxi- aprimoramento da metodologia comprovou que o controle so-
madamente 800 mil habitantes da cidade de São Paulo. bre os afluentes dos principais rios, Tietê, Pinheiros e Tamandu-
Na 2ª fase (abril de 2009 a dezembro de 2010) foram des- ateí se torna mais efetivo quando realizado na chegada desses
poluídos 58 córregos, tendo como critérios os mesmos padrões afluentes em sua foz.
utilizados na 1ª fase e alcançando-se a marca de 100 corpos A partir da 4ª fase (janeiro de 2013 a dezembro de 2014),
d’água recuperados. passou-se a adotar o conceito de grandes bacias hidrográficas,
A 3ª fase (janeiro de 2011 a dezembro de 2012) se concen- a despoluição total dos afluentes diretos dos rios e reservató-
trou nos córregos que já tinham infraestrutura de esgotamento rios existentes na cidade. De janeiro de 2015 até dezembro de
implantada ou em fase de implantação com conclusão prevista 2016, as ações por parte da Sabesp foram fundamentalmente
até 2012 e que não dependiam de ações da PMSP para liberar para a manutenção dos córregos já despoluídos em virtude dos
áreas ocupadas. Nas fases anteriores as remoções e reurbani- efeitos da seca que atingiram a região Sudeste do Brasil, fa-
zação das comunidades foi um dos grandes desafios para o zendo com que os recursos fossem direcionados para obras de
avanço da despoluição dos córregos. Ao todo 52 córregos fo- segurança hídrica.
ram despoluídos. Recentemente (09/01/2017) foi anunciado pelo governador
As grandes sub-bacias hidrográficas de São Paulo foram a Geraldo Alckmin e o prefeito de São Paulo João Dória a reto-
prioridade da 4ª fase do programa com o monitoramento exe- mada do programa como uma das ações principais de combate
cutado apenas no córrego principal, resultado da despoluição a enchentes.

Dezembro a Fevereiro de 2017 SANEAS 13


MATÉRIA TEMA

População abraça a causa


Para garantir a perenidade do programa, a popu-
lação tem sido convidada a participar. A conscien-
tização das comunidades que moram no entorno
dos córregos foi parte do trabalho realizado pela
Sabesp a fim de evitar o lançamento de esgotos di-
retamente nos corpos d’água e a coibir as ligações
clandestinas. Além disso, os moradores têm sido
orientados a não jogar lixo e entulho nas margens
e leitos dos córregos e nas ruas.
Esse modelo de gestão é conhecido como Gover-
nança Colaborativa e preconiza que haja um objeti-
vo comum com foco na colaboração e um mínimo
de valores compartilhados. A colaboração deve ge-
rar ganhos e satisfação para todos os envolvidos.
Uma das formas de organização da comunidade
adotadas pela Sabesp em torno de objetivos co-
muns foi a criação de fóruns de sensibilização e
educação ambiental nos quais ocorre o envolvi-
mento da sociedade e ao mesmo tempo o compar-
tilhamento da responsabilidade pela manutenção,
limpeza e preservação do espaço comum.
Os fóruns têm como papel a gestão e preserva-
ção dos córregos, cabendo aos seus participantes
definir objetivos e prioridades, além de disseminar
informações sobre questões socioambientais. Cada
fórum é responsável também por apoiar as iniciati-
vas educacionais e operacionais assim como auxi-
liar nos processos de monitoramento e fiscalização
do local.
A metodologia da Governança Colaborativa bus-
ca criar parcerias sociais. No caso da Sabesp, Popu-
lação, Município e Estado, têm como sua principal
característica o envolvimento e a atuação das po-
pulações e organizações sociais através da criação
de fóruns organizados, mecanismo fundamental
na produção de soluções para os problemas locais.
O modelo adotado pela Sabesp vai além da rea-
lização de obras que, embora fundamentais, fazem
parte de um projeto maior no qual o poder público
e a sociedade são ao mesmo tempo agentes e su-
jeitos da ação e no qual todos ganham. A cidade, a
população e a natureza agradecem.

14 SANEAS Dezembro a Fevereiro de 2017


ENTREVISTA

Marcelo Xavier
aborda a retomada do
“Programa Córrego
Limpo”
N
esta edição, a Saneas aborda em sua ma- as ações da empresa no programa de recuperação dos
téria tema o “Programa Córrego Limpo”, córregos da RMSP.
uma investida da Sabesp que teve início
no ano de 2007, com uma evolução tí- Saneas: Desde o início do Programa Córrego Lim-
mida nos últimos anos, mas que em 2017 ganhou po, já foram despoluídos 149 córregos do municí-
novo fôlego. Para discorrer sobre a retomada desse pio de São Paulo. O que ainda está por fazer em
Marcelo Xavier Veiga processo, entrevistamos o eng. Marcelo Xavier Veiga, curto, médio e longo prazos?
Superintendente
de Planejamento e
superintendente de Planejamento e Desenvolvimento Marcelo Xavier: Além da manutenção dos 149 cór-
Desenvolvimento da Diretoria da Diretoria Metropolitana da Sabesp, que coordena regos já despoluídos, que envolve atividades de mo-
Metropolitana da Sabesp

Dezembro a Fevereiro de 2017 SANEAS 15


ENTREVISTA

nitoramento da qualidade das águas e zeladoria, realizando ade- rações do comércio, localizado em torno de córregos, voltadas à
quações no sistema de coleta e afastamento de esgotos, a Sabesp realização de atividades ligadas à conscientização da população
está planejando em conjunto com a Prefeitura listar os córregos local. Mas certamente o envolvimento da iniciativa privada no
que serão despoluídos já em 2017 e 2018, bem como, para os processo de conservação e manutenção dos córregos despoluí-
próximos anos. dos seria de grande importância já que valorizam a região.

Saneas: Quais as tecnologias utilizadas na despoluição de Saneas: De um modo geral, a poluição gerada em áreas ur-
um córrego? banas tem origem no escoamento superficial sobre áreas
Marcelo Xavier: Além da tecnologia já utilizada rotineiramente impermeáveis. A recomposição do verde em áreas urba-
pela Sabesp, para a execução de in- nas é um desafio. No caso do
terligações dos imóveis à rede cole- “Córrego Limpo”, existe a pre-
tora, pode-se evidenciar as que são ocupação na manutenção e re-
empregadas especificamente para cuperação das áreas verdes no
o Programa: entorno do córrego? Como isso
Para o monitoramento da qua- tem sido feito?
lidade das águas dos córregos
Boa parte da poluição Marcelo Xavier: Sim, a recupera-
despoluídos, são utilizadas sondas ção e manutenção das áreas verdes
multiparamétricas portáteis que difusa pode ser que inclui a retirada do lixo, a poda
apresentam os valores de (Oxigê-
nio Dissolvido – OD) e (Demanda
reduzida com a simples do mato e muitas vezes a reurba-
nização do entorno, que está sob
Bioquímica de Oxigênio – DBO) conscientização da responsabilidade da Prefeitura.
do córrego de forma instantânea.
Uma vez detectada a anomalia,
população local, Em vários casos a Prefeitura cons-
truiu ou tem projetos para execu-
a própria equipe de campo pode voltada para a ção de Parques lineares ao longo
imediatamente iniciar ações com de trechos do córrego despoluí-
a finalidade de realizar as ade-
disposição adequada do. Há também, no processo de
quações necessárias no sistema. do lixo, trabalho este Governança Colaborativa, a pro-
Importante ressaltar que corpos gramação de ações de plantio de
d´água localizados em grandes reforçado com mudas de árvores nas margens de
metrópoles estão sujeitos a um a governança alguns córregos em conjunto com
frequente dinamismo como o sur- as comunidades. E após passados
gimento de ligações clandestinas, colaborativa.” alguns anos do Programa pode-se
a incidência de carga difusa que verificar também a revitalização da
merecem atenção frequente. área e valorização dos imóveis, pois
Para a inspeção da verificação da conexão de imóveis às redes a própria comunidade começa a reformar, construir benfeitorias
coletoras de esgotos são realizados testes de fumaça e de corante. nas suas propriedades.

Saneas: O Programa conta com a filosofia da Governança Saneas: Há, por parte da população, uma confusão entre o
Colaborativa, envolvendo o Governo do Estado de São Pau- que seria o sistema de águas pluviais da cidade e o sistema
lo, a Prefeitura de São Paulo, a Sabesp e a comunidade local. de coleta e tratamento de esgotos. Eliminados os esgotos
Existe a possibilidade de também envolver a iniciativa pri- clandestinos lançados nos córregos, restariam os bueiros (bo-
vada, a exemplo de programas como o “Adote uma Praça” cas de lobo) que continuam a carrear a poluição difusa para
em que é dado, inclusive, como contrapartida a possibilida- os córregos. O que pode ou tem sido feito para resolver essa
de de publicidade à instituição adotante? situação?
Marcelo Xavier: Existem atualmente algumas pequenas colabo- Marcelo Xavier: A conscientização da população é fundamental.

16 SANEAS Dezembro a Fevereiro de 2017


São informados quais aparelhos deverão ser conectados à rede Mandaqui e o Ipiranga, mas a recuperação dos Rios Pinheiros e
coletora e quais deverão ser interligados às galerias de águas Tietê depende também da implantação de grandes infraestruturas
pluviais. Em muitos casos são conectadas “águas de chuva” nas de coleta e afastamento de esgotos contemplados no Projeto Tie-
redes coletoras que não foram dimensionadas para este fim, cau- tê. Por outro lado, a realocação das famílias situadas nos fundos
sando sobrecarga e extravasamento. Boa parte da poluição difusa de vales, por parte da Prefeitura, é fundamental para que alguns
pode ser reduzida com a simples conscientização da população coletores possam ser implantados.
local, voltada para a disposição adequada do lixo, trabalho este
reforçado com a governança colaborativa. Saneas: Córregos poluídos a céu aberto são um problema
grave, mas por outro lado, córregos canalizados que são
Saneas: No início do Programa, em 2007, almejava-se o afluentes dos Rios Tietê e Pinheiros, podem conter ligações
número de 300 córregos recuperados no município de São clandestinas de esgotos que ninguém vê. Como se equacio-
Paulo. Entramos em 2017 e cerca de metade do que foi esti- nar essa situação?
mado foi despoluído. Qual a dificuldade para o atingimento Marcelo Xavier: Realmente o monitoramento nos córregos cana-
dessa meta? lizados, situação muitas vezes encontrada em grandes metrópoles
Marcelo Xavier: Entre 2007 e 2013, despoluímos 146 córregos brasileiras, é bem mais difícil. No entanto, geralmente são encon-
no município de São Paulo. No entanto, em meados de 2013 o trados trechos em que é possível coletar amostra para o diagnósti-
Programa sofreu uma desaceleração e alguns córregos tiveram as co da qualidade da água e identificando alguma anomalia.
suas margens reocupadas por famílias que despejam esgotos di-
retos nos córregos. Em outros casos estas reocupações impediram Saneas: No último dia 9 de janeiro, o desassoreamento do
a Sabesp de instalar a infraestrutura de coleta e afastamento. Na Tietê e a retomada do “Córrego Limpo” foram anunciados
busca de uma adequação, a Sabesp e Prefeitura estão retomando pelo governador Geraldo Alckmin e pelo prefeito de São
essas tratativas, visando encontrar soluções para cada caso. Con- Paulo, João Dória, como parte de ações conjuntas para com-
tudo, entre 2013 e 2016 a Sabesp conseguiu ampliar o número de bate às enchentes no município. Deve haver alguma acele-
córregos despoluídos para 149. ração no cronograma do Programa?
Marcelo Xavier: Certamente. Existe o desejo de retomada do
Saneas: A recuperação dos córregos é boa para todos, re- Programa, por parte de Estado e Prefeitura, o que acarretará em
duzindo odores, evitando a proliferação de doenças, valo- uma maior velocidade para a realização das ações que fazem par-
rizando imóveis e tornando a cidade mais bonita e menos te do Programa Córrego Limpo, pois para o seu sucesso é impres-
suscetível a enchentes. Como tem sido o comprometimento cindível a parceria entre os dois poderes. De um lado a Sabesp
da população com o Programa? estará realizando as adequações necessárias no sistema de esgo-
Marcelo Xavier: A Sabesp, no âmbito do Programa Córrego tamento e do outro caberá à Prefeitura a realização das ações
Limpo, tem as ações de Governança Colaborativa, projeto que de limpeza, poda do mato e reurbanização de áreas da cidade
tem como principal objetivo o envolvimento e a atuação da co- e, notadamente, uma ação nas ocupações irregulares de fundos
munidade na preservação e manutenção dos córregos recupera- de vales. Outro aspecto relevante é o fato do Programa Córrego
dos através da criação de fóruns organizados. A conscientização Limpo ter sido inserido no Contrato de Programa com o Município
dos moradores deverá ser fundamental e contínua no entorno dos de São Paulo durante a revisão quadrienal ocorrida em 2016.
córregos sobre ações para que se evite o lançamento de esgotos
diretamente nos corpos d’água, ajudando a coibir os lançamentos
clandestinos, e para que não se jogue lixo e entulho nas margens
e leito dos córregos e nas ruas.

Saneas: Já é possível avaliar o impacto do programa na re-


cuperação dos Rios Pinheiros e Tietê?
Marcelo Xavier: Já podemos verificar o impacto do Programa
nos afluentes diretos desses rios, em grandes córregos como o

Dezembro a Fevereiro de 2017 SANEAS 17


PONTO DE VISTA

Ações de
reflorestamento
como prática para a
proteção e conservação
Por
Sérgio
Antonio
dos Recursos Hídricos
da Silva e
Mara Ramos Metropolitanos
D
e maneira geral, sabe-se, ou pelo me- contexto, via de regra, no meio técnico e acadêmi-
nos se tem consciência, da importância co, há concordância que as bacias hidrográficas são
da preservação e proteção dos recursos vulneráveis às alterações do recobrimento vegetal
hídricos, em particular aqueles utilizados causadas pela degradação ambiental, urbanização e
como mananciais para abastecimento público. Neste condições de uso e ocupação do solo.

18 SANEAS Dezembro a Fevereiro de 2017


Dependendo da estrutura do solo e da geomorfolo- a implantação do Sistema Cantareira, cujo início da
gia, a ausência ou escassez de vegetação predispõe o recuperação se deu em 1994.
solo a todo tipo de erosão e, consequentemente, ace- Não obstante, os viveiros de Cotia (Sistema Alto
lera e intensifica o processo de carreamento de mate- Cotia) e da Represa Jaguari (Sistema Cantareira) vem
rial para os cursos d’água, interferindo sobremaneira atendendo demandas de Instituições que promovem
na qualidade dessas águas, além de causar assorea- ações de conservação e preservação do meio ambien-
mento de rios e reservatórios. O processo de erosão te, em especial aqueles voltados à reposição das ma-
Sérgio Antônio da Silva
é engenheiro agrônomo, pode afetar a regularização do fluxo da água e reduzir tas ciliares em bacias hidrográficas onde estão inseri-
especialista em Engenharia,
Saúde Pública e Saneamento a disponibilidade de Recursos Hídricos. dos os mananciais da Sabesp.
Ambiental e em Gestão
Estratégica em Meio Ambiente A boa notícia é que nas últimas décadas tem se des- A Sabesp, através da Diretoria Metropolitana, tem
(FGSP.USP 1992), com MBA tacado o surgimento de importantes subsídios para a implementado ações visando a conservação de manan-
em Gestão Estratégica em Meio
Ambiente (IMT – 2008). É gestor recuperação das áreas desflorestadas a partir de estu- ciais utilizando, dentre outras práticas estruturais e não
da Célula de Licenciamento
Ambiental de Recursos dos e experimentos de modelos de plantios florestais, estruturais, o plantio florestal como técnica de reabilita-
Hídricos Metropolitanos do
Departamento de Recursos procurando relacionar as características ecológicas dos ção ambiental. Para exemplificar a abrangência dessas
Hídricos Metropolitanos da
Sabesp.
diferentes ecossistemas com fatores de perturbação, ações, destacam-se as ações desenvolvidas em parce-
de maneira que possam ser viabilizadas técnicas mais ria com outras Instituições, como as ONGs Instituto de
apropriadas para a recuperação da cobertura vegetal, Pesquisas Ecológicas – IPE e o Instituto de Conservação
e desta forma garantir a proteção dos mananciais em Ambiental The Nature Conservancy do Brasil – TNC, e
contraposição ao intenso processo de urbanização e empresas como o DERSA – Desenvolvimento Rodoviá-
degradação das bacias hidrográficas. rio S/A, além da Secretaria Estadual de Meio Ambiente
Em razão disso, a Sabesp vem há muito tempo as- – SMA que se integraram ao “Programa 1 Milhão de
sumindo em seu planejamento ações de caráter am- Árvores no Cantareira”, iniciado em 2008 e concluído
Mara Ramos biental de proteção e preservação de seus mananciais. em 2010. Outros incentivos foram importantes como
é engenheira civil, especialista
em Gestão Ambiental e em Importante destacar que no início da década de 1990 a “Recomposição Florestal de Áreas Incendiadas da
Gestão de Recursos Hídricos
(FSP.USP 2002) e Mestre em a Sabesp inovou com a instalação e operação de dois Reserva Florestal do Morro Grande”, com plantio de
Gestão de Recursos Hídricos viveiros de mudas de espécies nativas, tendo como espécies nativas do bioma da Mata Atlântica.
(UNESCO-IHE – 2005). É gerente
do Departamento de Recursos objetivo atender às demandas de projetos de plan- Fica evidente que a Sabesp, em parceria com vários
Hídricos Metropolitanos da
Sabesp. tio florestal com espécies nativas no entorno de seus atores, vem se empenhando na solução de problemas
reservatórios, sendo o mais relevante a execução do referentes à questão ambiental e dos recursos hídri-
projeto que recuperou “áreas de empréstimo” para cos; problemas oriundos em grande parte pela cres-

Áreas recuperadas

Agosto a Outubro de 2016 SANEAS 19


PONTO DE VISTA

Ações de reflorestamento
em áreas de mananciais Estamos avançando
propiciam benefícios diretos na construção de uma
para sua preservação. Desde política socioambiental
evitar que áreas descobertas transversal aos nossos
sofram com erosões e processos principais.
carreguem sedimentos aos As ações voltadas aos
rios e represas, diminuindo sistemas produtores de
sua capacidade de transporte água com os plantios
e de reservação até a própria e o Programa Nossa
preservação do entorno para Guarapiranga são
atividades que poderiam ser exemplos importantes”,
nocivas à qualidade da água”, afirma Helio Rubens
afirma Marco Antonio Lopez Gonçalves Figueiredo,
Barros, superintendente da assessor e coordenador do
Unidade de Negócio de Fórum Socioambiental da
Produção de Água da Diretoria Metropolitana da
Metropolitana da Sabesp. Sabesp.

cente pressão das atividades antrópicas e uso e ocupação do solo. a permanência dos vários fragmentos florestais instalados em
No rol de atuação nesse segmento, mostraram-se importantes suas propriedades, de modo a se estabelecer os corredores
para a Sabesp as seguintes participações: ecológicos, indispensáveis para garantir o fluxo gênico, prin-
■■ Plano diretor de reflorestamento de área produtora de água da cipalmente naqueles fragmentos instalados no entorno dos
bacia PCJ, o qual foi concluído em 2005, com contribuição dos reservatórios.
representantes da Sabesp e ação do CBH-PCJ em prol da prote- Atualmente a Sabesp está inserida no Programa Nascentes, co-
ção dos recursos hídricos. ordenado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente – SMA, com
■■ Programa de Recomposição de Mata Ciliar nas Bacias Hidrográ- objetivo de proteger o entorno do reservatório Cachoeira, do Sis-
ficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí – BH-PCJ; firmada tema Cantareira, com o plantio de espécies nativas dos biomas da
com o Consórcio Intermunicipal das BH- PCJ para o fornecimen- Mata Atlântica e Cerrado, observando-se a Resolução SMA n°032
to de mudas de espécies nativas dos viveiros Jaguari e Cotia no de 03/04/2014. O projeto de plantio tem a previsão de ser execu-
período 2003 - 2005. tado em 5 anos, atendendo às exigências contidas nos Termos de
■■ Convênio Sabesp e Secretaria de Meio Ambiente – SMA, firma- Compromisso de Recuperação Ambiental – TCRAs oriundos dos
do em 2002 para fornecimento de mudas de espécies nativas empreendimentos implantados pela Sabesp.
para projeto de recomposição florestal no município de Sumaré. Portanto, a Sabesp vem desempenhando ao longo do tempo o
■■ Programa de incentivo aos comodatários da Sabesp de áreas no seu papel como protagonista e em parcerias com outras Institui-
entorno dos reservatórios para o plantio de mudas. ções, na execução efetiva de ações em prol da preservação, prote-
ção e conservação dos seus mananciais, tendo o plantio florestal
Essas ações empreendidas pela Sabesp têm por objetivo não como uma das ações, e com o objetivo de garantir a sustentabili-
só a preservação de seu patrimônio, mas, também, garantir dade desse bem tão precioso: a Água.

20 SANEAS Dezembro a Fevereiro de 2017


VISÃO DE FUTURO

Ações da ONG
“Amigos do Rio Canoas“

A
Associação Amigos do Rio Canoas é Perto de completar 12 anos de existência a Asso-
uma Organização Não Governamental ciação soma a realização de diversas ações de recom-
Colaboração sem fins lucrativos, fundada em dezem- posição e preservação das matas ciliares no entorno
Sirlene Caluz,
bro de 2004, idealizada e fundada por do Rio Canoas, atuando ativamente no plantio de
Gestora do Polo
de Comunicação um grupo de empregados da Sabesp de Franca. mais 150.000 mudas de árvores e realizado eventos
da Unidade de A Associação tem como objetivo principal a cons- como cavalgadas ecológicas e atividades educativas
Negócio Pardo cientização da importância da preservação do meio de incentivo à preservação ambiental.
e Grande, da ambiente, especialmente a preservação do Rio Cano- Atualmente os esforços se concentram no Centro de
Sabesp as, principal manancial que abastece Franca. Convivência - Verde & Água, que significa a concretiza-

Agosto a Outubro de 2016 SANEAS 21


VISÃO DE FUTURO

ção do sonho de administrar uma Creche-Escola contribuindo para o


desenvolvimento integral da criança, de forma que ela possa exerci-
tar capacidades afetivas e cognitivas, proporcionando aprendizado,
bem estar e a segurança para as crianças da comunidade da região.
A idéia é posssibilitar também que as crianças, antes mesmo
de serem alfabetizadas, possam aprender a importância da pre-
servação do meio ambiente na busca de melhorar a qualidade de
vida das pessoas, um trabalho extensivo aos familiares.
“A educação é a semente que garante bons frutos. Nossa pro-
posta é efetivar uma forte parceria com a educação através da
Creche-Escola Verde & Água com a missão de trabalhar com os
pequeninos na formação de multiplicadores da preservação do
meio ambiente, aprendizes da sustentabilidade. ”, disse Rui Engrá-
cia Garcia Caluz, fundador da ONG e idealizador do projeto.

Governança colaborativa na gestão dos córregos


despoluídos na região Leste de São Paulo
Colaboração: Auzenice Lopes Souza (Gestora do Pólo de Comunicação da Unidade de Negócios Leste)

O conceito de governança colaborativa repensa o verdadei-


ro papel da sociedade, sugerindo uma posição mais ativa,
que deixa de se limitar à posição apenas de “beneficiária”
das políticas públicas e a participar mais ativamente do pro-
gresso da região em que vive.
Com este objetivo, a ML vem desencadeando uma série
de atividades educativas para a população do entorno dos
córregos beneficiados com prolongamentos das redes cole-
toras de esgoto, ligações de esgotos e consertos, os quais
colaboram para a despoluição desses corpos d’água.
Desta forma, os eventos de governança colaborativa para
a gestão dos córregos despoluídos prosseguiram durante o
mês de novembro.

Atividades realizadas:
No córrego Benedito Brandão, localizado na União de Vila pagem com o plantio de mudas de árvores, que contou a
Nova, em São Miguel Paulista, uma grande festa, com a participação da comunidade e de crianças das escolas loca-
participação dos moradores do entorno, contou com um lizadas na microbacia. E com um grande plantio de árvores
“mini-trekking”, onde as crianças receberam orientações e flores, o córrego Castanho da Silva, em Guaianases, re-
sobre a importância do saneamento e da despoluição dos cebeu toda a comunidade e os jovens foram sensibilizados
rios. Já o córrego Jacupeval, em Itaquera, ganhou nova rou- sobre importantes questões socioambientais.

Agosto a Outubro de 2016 SANEAS 22


VISÃO DE MERCADO

Por Luiz Roberto


Gravina Pladevall Saneamento básico
e os desafios para
os novos prefeitos

N
o dia 1º de janeiro, as cidades brasileiras Básico, caso o município ainda não tenha o seu. A
passaram a contar com novos prefeitos partir dessa etapa, a próxima fase é buscar executar
eleitos ou aqueles reeleitos nas Eleições o que está determinado no documento. Para os dois
de 2016. Os desafios são muitos e o co- estágios, é importante contar com especialistas e isso
bertor curto demais para atender todas as demandas é uma das grandes dificuldades das mais de cinco mil
dos municípios. Mas o saneamento básico é questão cidades brasileiras. Ainda hoje, mais de 80% delas se-
Luiz Roberto Gravina Pladevall
é presidente da Apecs essencial para qualquer mandatário do poder execu- quer contam com um profissional de engenharia para
(Associação Paulista de tivo municipal. Os recursos aplicados no setor contri- qualquer tipo de orientação. Essa lacuna vai afetar
Empresas de Consultoria e
Serviços em Saneamento e buem para a melhoria da qualidade de vida da popu- tanto a elaboração quanto a execução do plano. Uma
Meio Ambiente) e membro da
Diretoria da ABES-SP (Associação lação e ajudam a atrair investimentos. das saídas é contratar empresas de consultoria espe-
Brasileira de Engenharia
Sanitária e Ambiental). Um dos primeiros passos dos novos prefeitos nessa cializadas no assunto, que podem oferecer a orienta-
área é elaborar um Plano Municipal de Saneamento ção e os serviços necessários.

23 SANEAS Dezembro a Fevereiro de 2017


VISÃO DE MERCADO

Os novos prefeitos vão enfrentar indicadores aquém das reais Hoje, as empresas brasileiras do setor já contam inclusive com
necessidades da população. Para se ter uma ideia, apenas 40% tecnologia que permite a troca desses encanamentos sem a ne-
dos esgotos do país são tratados e a média das 100 maiores cida- cessidade de abrir valas nas vias das cidades. São chamados de
des brasileiras em tratamento dos esgotos foi de apenas 50,26%, métodos não-destrutivos de substituição de tubulações antigas
conforme dados do Sistema Nacional de Informações Sobre Sa- em áreas densamente urbanizadas. Além das tubulações antigas,
neamento (SNIS 2014). Isso tem reflexos diretos na qualidade de os operadores precisam melhorar a gestão de operação dos seus
vida da população. Vale lembrar ainda que para cada R$ 1 investi- sistemas de abastecimento, atualizando os seus cadastros e im-
do em saneamento economiza-se R$ 4 em saúde, de acordo com plantando Distritos de Medição e Controle (DMCs).
a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas precisamos ainda enfrentar a realidade dos custos de
Outra importante “lição de casa” para os novos prefeitos é in- tratamento de água e esgoto no país. As tarifas cobradas pelas
vestir na redução de perdas de água. Hoje, desperdiçamos 37% companhias de saneamento no país estão longe da realidade e
da água tratada pelas companhias de saneamento. O problema não refletem os reais custos operacionais, como o aumento da
se concentra principalmente em vazamentos por tubulações an- energia elétrica, gastos com produtos químicos, entre outros. Isso
tigas, ligações clandestinas, falta de medição ou medições incor- afeta diretamente os próprios investimentos, adiando obras es-
retas. Temos possibilidade de avançar, principalmente nos muni- senciais e melhoria dos serviços prestados.
cípios brasileiros. O governo federal pode incentivar as cidades Os novos prefeitos têm o compromisso de melhorar a qualidade de
com programas de troca de tubulações. Em muitas localidades, vida da população. E isso passa, invariavelmente, pelas condições de
elas já ultrapassam 70 anos de uso e contribuem para jogar fora saneamento básico. Sem investimentos no setor, os municípios bra-
um grande volume de água que passou por um processo de tra- sileiros continuarão deixando um legado de subdesenvolvimento ca-
tamento de alto custo. É dinheiro literalmente jogado pelo ralo. paz de afetar seriamente a vida das pessoas. É preciso mudar isso!

Lançamento de Livro
Foi lançado em março de 2017 o livro “Monitoramento e manejo de macrófitas
aquáticas em reservatórios tropicais brasileiros”, IB/USP Editora, 2015, de autoria
de Marcelo Pompêo, professor na USP- Universidade de São Paulo ( Instituto de
Biociências/ Depto de Ecologia) e colaborador da Revista Saneas.

O livro é composto por 8 capítulos e versa sobre aspectos relacionados ao mo-


nitoramento e manejo de macrófitas aquáticas em reservatórios, mas reforça a
posição para estendê-los a todo o reservatório e suas comunidades, bem como ao
seu entorno, a bacia hidrográfica. De acordo com o autor e mestre, “a obra surgiu
das conversas com os alunos, mas principalmente com a colaboração dos técnicos
da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp)”.

O livro poderá ser acessado apenas no formato digital, em PDF, e baixa-


do livremente e gratuitamente pelo seguinte link:
http://ecologia.ib.usp.br/portal/macrofitas/.

24 SANEAS Dezembro a Fevereiro de 2017


ARTIGO TÉCNICO
Aristides Abrantes
Simões Neto
Em 2014 (data da edição
do artigo) / Gerente de
Divisão da Operação
de Esgoto. Atualmente
(2017) é Encarregado da
Gestão do Programa Córrego Limpo por meio
Manutenção Água UGR
Santo Amaro, na MSNN01
(Unidade de Negócios Sul
de zeladoria instrumentada utilizando-se
da Sabesp). Atua na Sabesp
desde 1997 na área de
manutenção e operação,
é formado em Tecnologia
de equipamento multiparamétrico nas
em Pavimentação e
Movimentação de Terra
pela FATEC-SP e em
medições dos corpos d’água
Engenharia Civil pela
Universidade Anhembi
Morumbi.
aaneto@sabesp.com.br
Por Aristides Abrantes Simões Neto, Yara Maria Fernandes, Fabrício de
Souza Costa, Maria Elizete Lima Gonçalves e Rodrigo Alberto de Oliveira
Yara Maria
Fernandes
Engenheira Civil, atua na
Sabesp desde 1997 na área Resumo desocupação, limpeza e conservação das margens
de manutenção e operação
de esgoto (2014), é O lançamento de esgotos ou despejos industriais nos dos córregos, colaborando para a melhoria da qua-
formada pela Universidade
Federal de Juiz de Fora. corpos d’água aumenta a concentração de matéria or- lidade de vida e urbanização de áreas consideradas
gânica no meio, provocando maior absorção de oxigê- degradadas. A Unidade de Gerenciamento Regional

Fabrício de Souza nio pela oxidação desta matéria e consequentemente Santo Amaro, responsável pela operação da coleta
Costa a alteração dos resultados obtidos nos ciclos mensais e transporte do esgoto de uma parcela da região sul
Encarregado de serviços dos ensaios de laboratório. Após análise dos resulta- do município de São Paulo, realiza visitas semanais de
operacionais de esgoto
(2014), atua na Sabesp dos, percebeu-se que qualquer ação de correção, per- zeladoria nos corpos d’água despoluídos inseridos no
desde 1996 na área de
manutenção e operação mite uma reflexão da qualidade da água somente no programa, utilizando-se de equipamento inovador ca-
de esgoto, formado em
Engenharia Civil pela próximo ciclo de ensaios realizados pelo laboratório. paz de fornecer resultados instantâneos dos ensaios
Universidade Nove de
Julho. Visando monitorar e diagnosticar com antecedência de medição do nível de oxigênio presente na água
ao resultado fornecido mensalmente pelo laboratório para monitorar e se necessário intervir com ações que
Maria Elizete Lima à qualquer alteração no corpo d’água, elaborou-se garantam os parâmetros de qualidade da água dos
Gonçalves
uma unidade autônoma denominada Unidade de córregos.
Técnica em gestão
(2014), atua na Sabesp Diagnóstico Móvel (UDM) aparelhada e equipada para
desde 1994 na área de
manutenção e operação
exercer a zeladoria dos corpos d’água. Que utilizando- Objetivo
de esgoto, é formada em -se de equipamento de medição multiparamétrico, Zelar pelas condições dos corpos d’água urbanos (cór-
Engenheira Ambiental pela
Universidade São Marcos. capaz de fornecer “in loco” o resultado instantâneo regos) participantes do Programa Córrego limpo, es-
para os parâmetros de medição da qualidade da água, tabelecido a partir de parceria entre a concessionária
Rodrigo Alberto de permite o deslocamento para determinação do ponto pública estadual de saneamento, poder concedente
Oliveira
de contaminação do corpo d’água com a possibilida- municipal e comunidade.
Líder de equipe (2014),
atua na Sabesp desde 2009 de de proposição para ação corretiva com agilidade e Esta parceria está denominada “tripé da susten-
na área de manutenção e
operação de esgoto. precisão, subsidiando de forma proativa a análise e to- tabilidade”, responsável pela ampliação da coleta e
mada de decisão para o atendimento dos parâmetros tratamento de esgoto, revitalização de áreas urbanas
pré-estabelecidos no programa. e conscientização da população. Melhorando a con-
dição ambiental das bacias hidrográficas, com a apli-
Palavras-chave: cação de metodologia que utiliza-se de equipamento
Zeladoria, Corpos d’água e Multiparamétrico. pioneiro na américa latina, para medição do oxigênio
nos corpos d’água despoluídos.
Introdução Garantindo a qualidade da água dentro dos parâ-
O Programa Córrego Limpo contempla ações para o metros pré-estabelecidos e propondo ações focadas
aprimoramento do sistema de esgotamento sanitário, na eficácia do programa.

Dezembro a Fevereiro de 2017 SANEAS 25


ARTIGO TÉCNICO

Materiais e Métodos tenção das redes coletoras de esgotos existentes, reparos de va-
Realização de visitas semanais estruturadas, visando monitorar e zamentos, execução de obras de remanejamento, prolongamento
diagnosticar com antecedência possíveis alterações nos corpos e implantação de rede de esgoto, conexão de imóveis a rede co-
d’água despoluídos, atuando em situações que comprometam a letora, limpeza dos leitos e margens dos córregos, bem como a
qualidade da água e consequentemente o resultado do progra- remoção de imóveis situados nas faixas ribeirinhas. Propiciando
ma. Para tanto, elaborou-se uma unidade autônoma denominada inclusive a reurbanização de favelas nas proximidades dos fundos
Unidade de Diagnóstico Móvel – UDM, aparelhada e equipada de vale, arborização e paisagismo de áreas degradadas.
para exercer a zeladoria dos corpos d’água com a medição do
nível de oxigênio, identificação de infiltração de esgoto, fissuras
em coletores e prestação de serviços especializados de engenharia
(Figura 1).

Figura 2: Equipamento Multiparamétrico de medição acoplado a UDM.

Resultados
Com esta independência de atuação, agiliza o fluxo de ações e
facilita a análise na origem dos problemas de forma proativa, com
rapidez e atuação focada na causa. Inclusive com liberdade e flexi-
bilidade para medição do nível de oxigênio em pontos diferencia-
dos e alternados a montante no curso do corpo d’água.
O ciclo de ensaios realizados pelo laboratório é mensal, em
Figura 1: Unidade de Diagnóstico Móvel – UDM.
local pré-determinado e com uma coleta de amostra por córre-
go na primeira semana do mês e divulgação dos resultados na
A cada visita são retiradas amostras dos corpos d’água, para segunda quinzena do mesmo mês, reduzindo drasticamente o
realização de análise por equipamento de medição MULTIPARA- tempo entre a análise dos resultados divulgados, identificação
MÉTRICO “in loco”, com apresentação de resultado instantâneo, de possíveis interferências, diagnóstico do problema e proposi-
direcionando se necessário a diagnosticar a causa de uma possível ção de solução, até a execução do próximo ciclo. Com as visitas
alteração nas condições de qualidade da água (Figura 2). semanais monitoradas e estruturadas de zeladoria conseguimos
Os ensaios utilizados para medir a matéria orgânica presente no por inúmeras vezes, entre o intervalo de um ciclo a outro, uti-
corpo d’água são a Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO e a lizando a Unidade de Diagnóstico Móvel e seus equipamentos
Demanda Química de Oxigênio – DQO. Ambos ensaios com deter- acoplados identificar e diagnosticar problemas que interferem
minação que demonstram a quantidade de oxigênio que é absor- no resultado dos ensaios, como por exemplo: restos de podas de
vida pela oxidação da matéria orgânica, realizados com a presença vegetação ribeirinha acumulada na margem dos córregos, tron-
da Unidade de Diagnóstico Móvel, sendo ainda possível fornecer cos de árvores caídos, sobras de material de obra despejados,
resultados de ensaios de Oxigênio Dissolvido – OD, Condutividade ligações irregulares e descarte de esgoto industrial em geral no
e Potencial Hidrogeniônico – pH como parâmetros de apoio. período noturno.
Permitindo subsidiar a análise e a tomada de decisão para pro- Facilita a divulgação das informações decorrentes das ações das
posição de possíveis soluções, como por exemplo: identificação equipes de campo ou mesmo dos dados coletados a partir dos
de lançamentos clandestinos em galerias de águas pluviais, manu- equipamentos acoplados a Unidade de Diagnóstico Móvel, po-

26 SANEAS Dezembro a Fevereiro de 2017


dendo utilizar-se de banco de dados com memória de resultados regos, fortalecendo a parceria com a comunidade do entorno e
armazenados por ponto de coleta. contribuindo para a perenização dos resultados. O que permitiu
A aceitação da ação de zeladoria nas comunidades é positiva, também maior engajamento do poder concedente municipal na
pois além do vínculo criado com os moradores beneficiados pelo solução dos problemas encontrados pela equipe de campo, que
programa, proporciona a valorização pessoal e dos imóveis no en- podem comprometer os trabalhos de despoluição já realizado.
torno das bacias dos córregos. Sendo perceptível a mudança na
qualidade da água e da paisagem urbana (Figura 3). Recomendações
Atualmente com a prática de Zeladoria, em nossa área de atu- A gestão do Programa Córrego Limpo por meio de visitas semanais
ação intervimos e conservamos dentro do Programa Córrego Lim- monitoradas e estruturadas de zeladoria criou um novo conceito
po, doze corpos d’água considerados despoluídos, que gera uma no controle de qualidade da água dos corpos d’agua, oferecendo
vazão de 196,50 l/s e beneficia diretamente uma população de mais uma fonte de dados para subsidiar as análises e diagnosticar
aproximadamente 200.000 pessoas. Sem mensurar a população os problemas que influenciam nos resultados dos ensaios.
itinerante ou frequentadora dos parques que tem suas áreas cor- Percebe-se claramente a mudança cultural que se instituiu com
tadas por corpos d’água. a prática de zeladoria, principalmente nas comunidades onde a
valorização está diretamente condicionada ao meio em que se
vive, proporcionando melhora na qualidade de vida das pessoas e
do meio ambiente.
Portanto sugere-se a manutenção do programa e das visitas se-
manais, com proposição de soluções rápidas e eficazes que contri-
buem não somente para os resultados medidos em campo ou no
laboratório, mas para entre outros fatores: o saneamento básico,
saúde e higiene, valorização pessoal e o renascimento da fauna e
da flora nas margens dos córregos.

Referência Bibliográfica
1. MULLER. A. C., Introdução à Ciência Ambiental; Curitiba –
Figura 3: Vista antes e depois de corpo d’água atualmente despoluído,
participante do Programa Córrego Limpo e das ações de zeladoria. PUC-PR; uso didático. Págs. 67 a 73, 2002.
2. PEREIRA, R. S. Identificação e caracterização das fontes de
Conclusão poluição em sistemas hídricos. Revista Eletrônica de Recursos
O lançamento de esgotos ou despejos industriais orgânicos nos Hídricos
corpos d’água aumenta a concentração de matéria orgânica no
meio, que, por sua vez, desencadeia a proliferação de bactérias
que aumenta a atividade total de respiração, portanto o esgoto
lançado causa um consumo maior de oxigênio no meio.
Esta ação de zeladoria aumenta a frequência de monitoramen-
to dos córregos, que se antecipa ao resultado de DBO fornecido
pelo laboratório, a partir do resultado de DQO medido em cam-
po, possibilitando identificar e diagnosticar possíveis lançamentos
clandestinos de esgoto doméstico ou industrial, problemas opera-
cionais em redes coletoras de esgoto ou despejo de dejetos sóli-
dos, afetando sensivelmente a ação de recuperação da qualidade
da água contaminada.
A presença da Unidade de Diagnóstico Móvel, de fácil iden-
tificação devido a sua identidade visual, aumentou a percepção
dos clientes em relação aos serviços executados na bacia dos cór-

Dezembro a Fevereiro de 2017 SANEAS 27


PROJEÇÃO INTERNACIONAL

Sabesp esteve entre


as finalistas do
“Be Inspired Awards”

N
o final do ano passado, foi re-
alizada a Conferência “Year in
Infrastructure 2016” , em Lon-
dres, no Reino Unido, uma reu-
nião global de importantes expoentes da
engenharia, com uma série de apresentações
e workshops interativos, voltados ao desen-
volvimento das tecnologias aplicadas nos se-
tores de infraestrutura.
Esse evento, realizado pela “Bentley Systems,
Incorporated”, empresa multinacional especia-
lizada em soluções de softwares, também con-
templou a fase final da premiação “Be Inspired
Awards”, na qual a Unidade de Negócio de
Produção de Água da Metropolitana da Sabesp
(MA) esteve entre as três finalistas, na disputada delling in Crisis”, cuja abordagem girou em torno de uma inovação no uso da
categoria “Inovação em Redes de Água, Esgoto ferramenta WaterGEMS, que permitiu a transferência de água entre os sistemas de
e Drenagem”. abastecimento, na região metropolitana de São Paulo, durante o enfrentamento da
Para proferir a apresentação da Companhia, crise hídrica em 2014 e 2015.
foi enviada como convidada, com todas as Também concorreu a empresa indiana “NJS Engineers India Pvt. Ltd.” e a aus-
despesas pagas pela patrocinadora do prêmio, traliana “Roy Hill Iron Ore”, que foi a vencedora do prêmio. Contudo, estar entre
a gerente da Divisão de Planejamento Gestão as melhores nessa competição que reuniu empresas de mais de 50 países de todo
e Desenvolvimento Operacional da Produção o mundo foi um grande mérito para a Sabesp e para todo o setor de saneamento
(MAGG) da Sabesp e diretora social da AESa- nacional.
besp, eng. Viviana Marli Nogueira de Aquino Conheça o trabalho técnico, que levou a Sabesp na disputa dessa premiação a
Borges (foto), que proferiu a palestra “Mo- partir da próxima página.

28 SANEAS Dezembro a Fevereiro de 2017


Viviana Marli
Nogueira de Aquino
Borges
Mestre em Engenharia
pela Escola Politécnica, da
USP. Especialização em
Engenharia de Saneamento
Modelagem hidráulica na crise hídrica
Básico pela Faculdade
de Saúde Pública, da
USP. Especialização em
Gestão Pública pela
da Região Metropolitana de São Paulo
FEESP e MBA em Gestão
Empresarial pela FIA, da
USP. Gerente da Divisão
de Planejamento, Gestão Por Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges, Kamel Zahed Filho,
e Desenvolvimento
Operacional da Produção,
Renato de Sousa Ávila, Marcelo Frugoli e André Luiz de Freitas
da Sabesp.

Kamel Zahed
Filho Objetivo janeiro de 2014 foi apenas cerca de 15m³/s.
Doutor em Engenharia pela O objetivo deste trabalho é apresentar a metodologia O desafio era abastecer a população da RMSP, no
Escola Politécnica, da USP.
Professor do Departamento e a aplicação de modelagem hidráulica no sistema de maior e mais complexo sistema de abastecimento que
de Engenharia Hidráulica
e Sanitária da Escola abastecimento de água metropolitano de São Paulo se tem conhecimento do mundo, com a restrição hí-
Politécnica da USP e
Engenheiro da Divisão procurando aumentar a flexibilidade entre sistemas drica jamais vista na história da região.
de Planejamento, Gestão
e Desenvolvimento produtores, reduzindo o risco de desabastecimento
Operacional da Produção,
da Sabesp. por restrição hídrica severa. Considerações Gerais
Todos os mananciais da Região Metropolitana de São
Renato de Introdução Paulo são interligados através do Sistema Integrado
Sousa Ávila
O Brasil é um país de dimensão continental e com Metropolitano (SIM). O SIM tem a capacidade de pro-
Especialização em
Gestão Pública pelo grandes diferenças entre as diversas regiões. Dentre dução de 73m³/s, nas 9 Estações de Tratamento de
Instituto Nacional de Pós
Graduação. Tecnólogo da os 5.500 municípios do país, o Estado de São Paulo, Água. O SIM é composto por:
Divisão de Planejamento,
Gestão e Desenvolvimento situado na região Sudeste possui 645 municípios, dos ■■ 24 mananciais,
Operacional da Produção,
da Sabesp. quais mais da metade concede o serviço de sanea- ■■ 9 estações de tratamento de água,
mento básico para a Sabesp. A concentração urbana ■■ 153 centros de reservação interligados através de
Marcelo em São Paulo é realmente densa e a disponibilidade adutoras,
Frugoli
hídrica é considerada muito pobre pela Organização ■■ 1300 km de adutoras com diâmetros entre 600mm
Especialização em
Gestão Pública pelo das Nações Unidas (UNEP, 2008). Na Região Metro- e 2500mm e
Instituto Nacional de Pós
Graduação. Engenheiro da politana de São Paulo (RMSP) se concentra 20% do ■■ 98 estações de bombeamento para vencer as varia-
Divisão de Planejamento, produto interno bruto do país e uma população de ções topográficas entre 740m e 1100m,
Gestão e Desenvolvimento
Operacional da Produção, mais de 20 milhões de habitantes. ■■ 36.000km de rede de distribuição.
da Sabesp.
O período chuvoso na região sudeste do Brasil ocor-
André Luiz re nos meses de outubro a março, onde se espera, Cerca de 9 milhões de habitantes, ao final de 2013,
de Freitas período em que os reservatórios de regularização nor- eram dependentes do sistema Cantareira. Para abas-
Especialização em malmente acumulam água para suprir os períodos de tecer essa população com os mananciais se esvazian-
Gestão Pública pelo
Instituto Nacional de Pós déficits. A região Sudeste do Brasil passou por uma do rapidamente, com as baixíssimas afluências, infe-
Graduação. Engenheiro da
Divisão de Planejamento, condição de seca extrema entre outubro de 2013 e riores às mínimas históricas, mês após mês, em 2014 a
Gestão e Desenvolvimento
Operacional da Produção, fevereiro de 2015, quando houve uma ausência de Sabesp iniciou um plano baseada nos pontos:
da Sabesp.
chuvas e altas temperaturas. Uma das regiões mais ■■ Incentivo à redução do consumo de água dos clien-
afetadas pela ausência de chuvas foi a Região Me- tes através de implantação de um Programa de
tropolitana de São Paulo, sendo o sistema produtor Bônus, mais tarde complementada com ônus para
Cantareira o mais afetado com chuvas muito inferior à quem consumisse acima da média por ligação;
mínima histórica. A vazão de afluência mínima espera- ■■ Transferência de água tratada de outros sistemas
da para o mês de janeiro era próxima de 30m³/s, que produtores para a área atendida pelo Sistema Can-
ocorreu em 1954. A vazão de afluência registrada em tareira (Figura 1);

Dezembro a Fevereiro de 2017 SANEAS 29


PROJEÇÃO INTERNACIONAL

Figura 1 - Avanços dos sistemas


produtores da Região Metropolitana
de São Paulo sobre o Sistema
Cantareira.

■■ Criação de uma reserva estratégica nas represas do sistema O Modelo hidráulico


Cantareira, com bombeamento do volume abaixo do nível mí- Os modelos hidráulicos matemáticos são ferramentais de apoio ao
nimo operacional; planejamento, ao projeto e à operação de sistemas de redes de água.
■■ Intensificação do programa de combate às Perdas, com redução Esses modelos são constituídos por equações que representam o ba-
do tempo de conserto de vazamentos, ampliação das setori- lanço de vazões e de energia em uma rede de água. A SABESP já uti-
zações, ampliação do percentual de rede coberto por válvulas liza esses modelos há mais de 30 anos, em estudos de suas estruturas
redutoras de pressão e redução das pressões nas redes, dimi- nos seus Planos Diretores de Abastecimento de Água.
nuindo vazamentos. Normalmente, nos estudos operacionais da rede do Sistema de
Inicialmente pensou-se na possibilidade de Rodízio, onde há Adução (SAM) da Região Metropolitana de São Paulo, utiliza-se
uma redução do consumo per capita de forma compulsória. A po- o modelo de parte da rede de adução, para facilitar as análises,
pulação da RMSP está acostumada com o Rodízio de carros, onde uma vez que não há interferência hidráulica de uma modificação
uma vez por semana, dois números finais da placa dos carros são localizada alguma estrutura ou de uma regra de operação de uma
proibidos de circular em determinados horários. A população bra- estrutura sobre todo o SAM.
sileira também está acostumada com aumentos na conta de ener- No caso específico da análise estratégica de transferência de
gia elétrica em períodos de escassez hídrica, mas para a população áreas que eram servidas pelo Sistema Cantareira por algum outro
da RMSP foi uma surpresa que a consequência da falta de chuvas sistema produtor, foi indispensável que se construísse um modelo
na região de mananciais chegasse às suas casas. geral, que contivesse toda a rede de adução do SAM.
Analisando as condições de rodízio de abastecimento, basean- O modelo hidráulico precisou ser montado de forma rápida,
do-se nas metodologias antigas, chegou a possibilidade real de mas não podia perder a representação da realidade, com precisão
abastecer seus consumidores com apenas 2 dias de água e 5 dias e confiabilidade nos resultados para a pronta execução das obras
sem água na semana. A opção de rodízio penalizaria demais a emergenciais.
população e ainda traria desvantagens como: os riscos sanitários, A equipe de engenharia possuía diversos modelos hidráulicos
de vazamentos na rede, de contingência para serviços essenciais que abrangiam partes do Sistema Adutor Metropolitano (SAM).
como o de hospitais; regiões mais distantes e altas da cidade po- Durante a crise, a necessidade era de estudar diversos cenários
deriam ficar sem receber água por mais tempo que outras no caso de transposições entre sistemas produtores através da malha de
de um fator extraordinário como falta de energia elétrica e; os adução. Para isto, foram agregados os diversos modelos em um
riscos maiores de convulsão social. modelo hidráulico único (Figura 2).

30 SANEAS Dezembro a Fevereiro de 2017


As reduções de demanda permitiram uma maior interseção en- população. As intervenções deveriam ser, preferencialmente, nas
tre as áreas de abrangência dos sistemas produtores. instalações já existentes, evitando autorizações e licenças e, com
As simulações hidráulicas do sistema adutor do SIM, no Water- equipamentos disponíveis em reservas estratégicas da companhia
GEMS identificaram quais os potenciais avanços com soluções de para garantir agilidade na aquisição e execução das obras.
obras de curto prazo. Grande parte das obras acabou sendo realizada com mão de
Com a utilização do modelo hidráulico completo do SAM, foi obra própria para atender a urgência que o problema requeria. O
possível analisar simultaneamente mais de 80 propostas de so- modelo hidráulico foi um grande desafio vencido pela equipe de
luções estruturais ou operacionais para escolher aquelas que se engenharia da Sabesp, mesmo sendo esta uma equipe experiente.
mostraram mais eficazes. Toda a equipe trabalhava de maneira As soluções de projeto foram discutidas em reuniões e com-
sincronizada, compartilhando os resultados dos seus estudos partilhadas com diversas equipes de engenharia de manutenção
como dado de entrada de estudos de outros colegas. Todos traba- quanto à viabilidade de execução. As equipes de manutenção e
lhando com o mesmo modelo. de campo levantavam as dificuldades de execução dos diversos
O modelo reduzido chega perto de cinco mil trechos de tubu- tipos, como tempo de execução, necessidade de interrupção do
lações. O modelo foi calibrado com base em dados operacionais trânsito, necessidade de remoção de árvores, manutenções de
registrados no SCOA, que é o SCADA adotado para a operação vias públicas e a equipe de modeladores da Sabesp criava novos
em tempo real do SAM. Depois do modelo montado e calibrado, cenários de simulação até uma solução viável, inclusive durante a
reduziu-se este modelo para facilitar uma calibração mais precisa execução das obras.
e as análises das soluções. Dentre mais de 80 simulações, o modelo hidráulico equacionou
O modelo auxiliou na obtenção de soluções em tempo extrema- o resultado da condição de se transferir mais água em adutoras
mente curto graças à sincronização da equipe em trabalhar sobre com pequenas intervenções, como o caso da recuperação de uma
um único modelo. Entretanto, deve-se destacar que a expertise adutora abandonada no passado por vazamentos para aumentar
da equipe que trabalha com esta ferramenta há muitos anos foi a vazão da Estação de Bombeamento do França Pinto. De forma
fundamental para o sucesso dos trabalhos. semelhante, a ampliação do Booster Vila Sônia possibilitou enxer-
O modelo hidráulico de todo o SAM superou diversos obstá- gar no modelo hidráulico que poderia se veicular mais água do sis-
culos como simular soluções que causassem o menor impacto à tema Guarapiranga para a região oeste. Assim, foi possível avaliar

Figura 2 - Topologia do Modelo Hidráulico


completo do SAM.

Dezembro a Fevereiro de 2017 SANEAS 31


PROJEÇÃO INTERNACIONAL

que havia potencial de se ampliar as Estações de Tratamento de A RMSP tem um sistema viário complexo e de tráfego intenso
Água do Alto da Boa Vista (Sistema Guarapiranga) e Rio Grande, chegando. Assim, obras de grande porte para o Sistema Integrado
respectivamente em 2,0 m³/s e 0,5 m³/s. Metropolitano necessitam de autorizações e planejamento compar-
tilhado com diversos órgãos públicos para minimizar os impactos à
Restrições nas soluções população. As soluções de modelagem tinham, por consequência,
Abastecer a população da RMSP, durante a crise de seca extrema soluções de obras de curto prazo, a menor interferência nos espa-
de 2014/2015, com a máxima urgência e o menor desconforto à ços públicos e que contribuísse com a redução na retirada de água
população, através do avanço de outros sistemas produtores so- dos mananciais do sistema Cantareira.
bre a área de abrangência do sistema produtor Cantareira era a
condição exigida. Resultados Obtidos
Foi necessário identificar, em curtíssimo tempo, potenciais avan- Como resultados da simulação hidráulica, com a condição de re-
ços de abrangência de abastecimento de outro sistema produtor dução de consumos, surgiram soluções de novos aportes de água
sobre o sistema Cantareira. associados às obras tais como as listadas abaixo no sistema adutor
Dada a urgência exigida na busca de soluções para minimizar do SIM:
os efeitos da crise hídrica as premissas que balizaram as soluções ■■ Recuperação da Linha 1 do França Pinto – a adutora que liga a
foram: ETA RJCS a Estação Elevatória França Pinto recuperada possibili-
■■ Propor obras/intervenções de baixo custo; tou a transferência de água da região sul para a região hospitalar
■■ Utilização de equipamentos disponíveis na empresa, pois não da Avenida Paulista, antes abastecida pelo sistema Cantareira.
dispunha-se de tempo para fabricação e licitação para novos A Figura 3 apresenta a dificuldade de obra em meio a uma das
equipamentos; avenidas mais importantes de São Paulo – Avenida Ibirapuera.
■■ Obras que não exigissem licenciamentos ou autorizações ou re- Esta recuperação se deu em partes degradadas da adutora de
moções que dependessem de órgãos externos; aço com a inserção de PEAD. (Folha de São Paulo, 2015).
■■ Garantia da segurança operacional e; ■■ Ampliação do Booster Vila Sônia - As Figuras 4 e 5 apresentam
■■ Obras de pudessem ser executadas em curtíssimo prazo. as interligações no recalque e sucção do booster que recebeu

Figura 3

Figura 3 - Recuperação da Linha 1


da ETA RJCS à EEAT França Pinto

Figura 4 - Booster Vila Sônia

Figura 5 - Interligação da Sucção


Figura 4 Figura 5
Booster Vila Sônia

32 SANEAS Dezembro a Fevereiro de 2017


mais uma bomba instalada na mesma instalação física, possibi- A solução de flexibilidade entre os sistemas produtores de água
litando que a água da região sul chegasse à região oeste, até possibilitou manter o abastecimento de água, contribuindo p a r a
Osasco. o desenvolvimento regional e a ordem social evitando uma evacu-
■■ Alterações nas Estruturas de Controle Vila Ema e Vila Guarani ação da população e manteve as boas condições de saúde pública
que possibilitaram a transferência dos sistemas Alto Tietê e Rio e qualidade de vida à população da região metropolitana.
Claro sobre a área anteriormente abastecida pelo Cantareira. As soluções da modelagem hidráulica permitiram uma maior
■■ Reversões do Booster Cidade Líder e Cangaíba que possibilita- interseção entre os sistemas produtores deixando o legado de fle-
ram o avanço do sistema Alto Tietê sobre o sistema Cantareira. xibilidade entre os sistemas para a operação do sistema de abas-
■■ Ampliação da ETA Rio Grande, levando água do braço do Rio tecimento da RMSP.
Grande, da Billings à região sul de Americanópolis e Santo An- A análise dos cálculos com o uso de modelagem hidráulica faci-
dré. O avanço do Rio Grande sobre Americanópolis possibilitou litada com as ferramentas de cores e gráficos e associado à experi-
o recuo do sistema Guarapiranga em direção a leste e conse- ência dos engenheiros trouxe soluções eficientes que, juntos com
quentemente, aumentou o avanço em direção aos setores ante- as demais ações usadas para administrar a crise hídrica, reduziu
riormente abastecidos pelo Cantareira. O avanço do Rio Grande significativamente a retirada do sistema Cantareira que era 33m³/s
sobre Santo André trouxe o desdobramento de reduzir o Siste- em 2013, passando a 13,5m³/s em 2015.
ma Rio Claro sobre Santo André e possibilitou que o sistema Rio
Claro avançasse em direção ao Sistema Cantareira. Referências Bibliográficas e
■■ Ampliação da ETA RJCS associada a obras como a recuperação Dados Utilizados
da adutora ETA RJCS - França Pinto e a ampliação do Booster ■■ SABESP. Cadastro de Dados Operacionais - Versão 2016.
Vila Sônia que possibilitaram o transporte de maior vazão de ■■ Folha de São Paulo – Disponível em http://www1.folha.uol.
água tratada. com.br/cotidiano/2015/08/1672406-av-paulista-troca-cantarei-
ra-pelo-guarapiranga-veja-infografico-em-3d.shtml)
Conclusões ■■ Tabela com tempos de fechamento das válvulas de controle,
A população da RMSP, com mais de 20 milhões de habitantes, fornecidas pela AG.
passou o período de crise hídrica extrema sem a necessidade de ■■ SABESP. Banco de Dados SCOA. 2016.
rodizio severo com cortes compulsivos de mais de 5 dias sem água ■■ UNEP (2008), Vital Water Graphics - An Overview of the State
a cada 2 dias com água. of the World’s Fresh and Marine Waters. 2nd Edition. UNEP, Nai-
Este projeto serve de exemplo mundial na superação de uma robi, Kenya. ISBN: 92-807-2236-0
escassez hídrica muito diferente da série histórica. ■■ HAESTAD METHODS; ET AL. Advanced water distribution mo-
O fato de não ter sido feito um rodízio impacta positivamente deling and management. Haestad Press. Waterbury, CT. USA.
a sociedade como um todo. Serviços essenciais como hospitais Frist Edition, 2003.
não foram impactados. Estabelecimentos comerciais como bares, ■■ WALSKI, T. M.; CHASE, D. V., D. A. Water distribution modeling,
restaurantes e, inclusive, lavanderias puderam manter suas ativi- Haestad Press. Waterbury, CT, USA. First Edition, 2001.
dades normalmente, sem afetar o seu lucro. Nem tampouco as
pessoas deixaram de ter água para seu consumo e higiene pessoal
ou de suas casas. Também não deixaram de frequentar estabele-
cimentos comerciais ou usar serviços que dependessem de água.
Empresas e escritórios puderam manter o funcionamento normal
de seus banheiros, sem impactar na produtividade de seus funcio-
nários. Fábricas que utilizam água em seus processos produtivos
não fecharam.
O modelo hidráulico de todo o Sistema Integrado Metropo-
litano permitiu otimizar, através de diversos cenários, a melhor
qualidade do atendimento à população na situação de crise hí-
drica extrema.

Dezembro a Fevereiro de 2017 SANEAS 33


34 SANEAS Dezembro a Fevereiro de 2017
Dezembro a Fevereiro de 2017 SANEAS 35
Entrevista com as
lideranças do evento

As lideranças das duas entidades - os ex-presidentes Dante Ragazzi quando visitamos algumas entidades em Brasília, que o momento
Pauli (ABES) e Reynaldo Young (AESabesp) e os atuais, Roberval Ta- é agora. Se quisermos mudar o saneamento tem de aproveitar
vares de Souza e Olavo Alberto Prates Sachs, além de suas diretorias, agora, que é a bola da vez. O momento é muito propício, teremos
fizeram um trabalho exemplar na construção conjunta deste Con- também o Fórum Mundial da Água, em 2018, a universalização
gresso, que terá edição única e exclusiva em São Paulo, reunindo os do saneamento. Temos de levar a sério. Queremos atingir essa
eventos mais tradicionais do setor: o Congresso da ABES e a grande universalização nos próximos 20, 50 anos ou mais e alguma coisa
feira Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente - Fenasan, tem que ser mudada para que realmente a gente consiga 100%
da AESabesp. Juntos, constituirão o maior encontro de saneamento de água, esgoto, drenagem e resíduos sólidos para todo mundo.
ambiental e meio ambiente já realizado no continente americano.
Na entrevista a seguir, os presidentes Roberval Tavares de Souza Roberval Tavares de Souza: É motivo de orgulho a união da
(ABES) e Olavo Alberto Prates Sachs (AESabesp) discorrem sobre os ABES com a AESabesp. A ABES na sua 29ª edição do Congresso
desafios desta grandiosa realização e de sua importância para o setor. Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental poder fazer junto
com a AESabesp - uma instituição com grande reputação em São
Saneas: O Congresso ABES/Fenasan 2017 será um marco do Paulo - o que estamos acreditando que será o maior encontro de
saneamento e meio ambiente no Brasil. Comentem, por fa- saneamento ambiental da América. Em um local extraordinário,
vor, a importância desse evento para as duas entidades e inaugurado há pouco tempo aqui em São Paulo, o São Paulo Expo
para o setor. (antigo Centro de Convenções Imigrantes, que foi totalmente re-
Olavo Alberto Prates Sachs: Para as entidades é uma experiên- formulado e ampliado http://saopauloexpo.com.br), com 20 mil
cia nova, uma troca de expertises, elas só têm a ganhar com essa metros quadrados de feira e presença prevista de mais de 6 mil
sociedade. Nós montamos praticamen-
te uma empresa para o encontro 2017.
E esperamos que seja o maior encontro
das Américas, uma Feira nunca antes
ocorrida nesse porte, envolvendo as
duas maiores associações que tratam
sobre saneamento e meio ambiente.
São Paulo já tem essa característica de
uma cidade prestadora de serviços e a
feira estando aqui, tudo leva a crer que
será um encontro que vai deixar uma
marca muito positiva para as duas as-
sociações. E para o saneamento, então,
nem se fala. Essa área tem de ser uni-
da mesmo. Estamos em um momento
favorável. Conseguimos sentir isso,

36 SANEAS Dezembro a Fevereiro de 2017


congressistas do Brasil inteiro e do exterior. Com certeza, esta- encontro muito bom para a área de saneamento e meio ambiente,
remos fazendo algo diferente do que aconteceu nos últimos 50 para os expositores, nossos parceiros, para o meio acadêmico, para
anos de existência da ABES e nos últimos 30 da AESabesp. Para os funcionários das companhias estatais e todos que vivem o dia a
o setor será um marco. Estamos em um momento no qual o país dia desta área. Uma área da qual falamos que não trabalha só com
está retomando os trilhos. Passou por um momento difícil. O sa- engenheiros e pessoas de exatas. As pessoas têm que gostar, usar
neamento está nesse momento difícil, mas a gente acredita que um pouco da emoção porque é uma área apaixonante.
no ano de 2017 retomaremos os trilhos do crescimento - inclusive
o Congresso tem como tema central a questão da retomada do Roberval Tavares de Souza: O primeiro desafio é respeitar as
crescimento. Isso é muito impor- associações, a cultura organizacio-
tante para o setor de saneamento nal de cada uma delas. Acho que
ambiental do Brasil. Estaremos reu- isso estamos fazendo bem, com a
nidos para debater assuntos varia- liderança do Olavo na AESabesp,
dos do setor como água, esgoto, os demais líderes da ABES, con-
drenagem, resíduos sólidos, meio vencendo os sócios de ambas as
ambiente e toda a sua parte institu- Estaremos reunidos entidades de que a união das duas
cional. Teremos mesas excepcionais
com grandes nomes do saneamen-
para debater assuntos marcas será fundamental para que
consigamos um resultado nun-
to do país e do mundo. Será um variados do setor como ca antes almejado. Resultados do
momento de virada para o setor de
água, esgoto, drenagem, ponto de vista técnico, do ponto
saneamento, para que ele possa ser de vista institucional e de perpetui-
protagonista na área de infraestru- resíduos sólidos, meio dade das duas marcas. Este é um
tura do nosso país. Estamos acredi- ambiente e toda a sua desafio que temos e está indo mui-
tando muito nisso. to bem nessa construção conjunta
parte institucional. do que será o maior encontro de
Saneas: Quais foram (ou estão Teremos mesas saneamento ambiental da Améri-
sendo) os maiores desafios para
organizar um encontro desta
excepcionais com ca. O segundo ponto é demonstrar
para todos os atores do saneamen-
grandeza? grandes nomes do to do Brasil que a união da AESa-
Olavo Alberto Prates Sachs: É saneamento besp com a ABES vai proporcionar
um casamento. São os desafios de um encontro muito melhor do que
um casamento. As duas áreas, uma
do país e do mundo.” os que aconteceram no passado.
está aprendendo com a outra e uma Roberval Tavares de Souza Não que os do passado tivessem
tem de respeitar a outra de formas algum problema, não. Foram óti-
iguais. Existem algumas caracterís- mos eventos. O que vamos propor-
ticas diferentes: uma é mais forte na questão de feira, a outra é cionar no ano de 2017 é uma edição exclusiva e única que vai
referência na parte de congresso. Então, está sendo uma troca de acontecer no país, reunindo em um mesmo espaço, nos mesmos
experiência, tudo meio a meio, e ambas as associações só têm a dias, os maiores, melhores e renomados nomes do saneamento
ganhar. Cada uma ganha experiência em uma área e fortalece o ambiental do Brasil. A união das duas associações vai proporcio-
grupo como um todo. Esperamos, no pior cenário possível, manter nar um debate muito bom e vai trazer certamente ganhos enor-
os números dos anos anteriores. Não pensamos em nada abaixo mes para o setor.
disso. Queremos realmente que os resultados sejam muito bons,
que o número de expositores e participantes superem todas as ou- Saneas: Como os senhores vêem as perspectivas para o país
tras edições anteriores tanto da Fenasan - Encontro Técnico da AE- e o setor e como o Congresso ABES/Fenasan 2017 irá contri-
Sabesp, como da ABES. Estamos muito otimistas de que vai ser um buir para propostas que alavanquem o saneamento?

Dezembro a Fevereiro de 2017 SANEAS 37


Olavo Alberto Prates Sachs: O Brasil é um país de dimensões à coleta de esgoto e 160 milhões não têm acesso a tratamento de
continentais. As diferenças são muito grandes. Um dos papéis esgoto. O Brasil ainda vivencia questões relacionadas a resíduos
principais da feira é justamente a troca de experiências, dos bons sólidos com péssimas situações, presença de lixões. E a reciclagem
exemplos e dos que não deram certo. Por exemplo, acabamos de vi- é algo que não consegue ser alavancado. O nosso sistema de dre-
venciar uma crise muito grave aqui no Sudeste, coisa que o Nordes- nagem ainda carece de muita inovação, mas tudo isso nós, do se-
te está vivenciando agora e até alguns estados do Sudeste, como tor de saneamento, todos os sanitaristas, temos de encarar como
o Espírito Santo. Essa troca de experiências, do que passamos, as uma grande oportunidade de mudar essa situação. Eventos como
medidas que deram certo, as medidas que não deram. E um dos esses só agregam valor com proposições de melhorias para o fu-
papéis é passar isso para os nossos colegas de outros estados. E turo. Isso aconteceu em todas as edições dos congressos da ABES,
não são só exemplos nacionais, pretendemos trazer especialistas quando a AESabesp faz os seus eventos técnicos, sempre tem algo
de outros países para também darem o seu recado e a gente ter que agrega valor, que se pode levar para o futuro. E a troca de
acesso a novas tecnologias, novos equipamentos. A própria rede de experiência entre as empresas que participam - públicas ou pri-
relacionamentos entre os técnicos, isso não tem preço: você encon- vadas. A troca de experiências entre os profissionais é primordial
tra colegas que não vê há anos ou colegas que vê sempre porque para que alavanquemos o setor, as discussões institucionais, trazer
a área do saneamento é muito unida. Existem outras questões que para o debate a questão da saúde pública, do meio ambiente, a
não dá para mensurar. O retorno que isso pode trazer para o país questão institucional quanto a financiamentos, isso é primordial
é com certeza divulgação, tecnologia, serviços e práticas. Isto é um para que você saia de um encontro desse com um novo padrão e
dos carros chefes de um encontro deste porte. lógica de que é possível mudar o país. Então, as perspectivas são
muito boas com relação ao encontro que vai acontecer em outu-
Roberval Tavares de Souza: Estamos no final de uma grande bro de 2017. Vamos retomar o crescimento econômico do país e
crise econômica, mas o país passa uma crise de saneamento que do setor de saneamento. Esses números que citei no início care-
não é de hoje. Ainda temos 35 milhões de brasileiros que não cem muito de um plano mais efetivo. Temos o PLANSAB - o Plano
têm acesso à água potável, mais de 100 milhões não têm acesso Nacional de Saneamento, que vislumbra a universalização em 20
anos, em 2033 (ele é de 2013). Temos a
chance de ajudar isso acontecer durante
o nosso encontro por meio de diretrizes
de moções, de estruturações de discus-
sões que possam levar a isso. Então, as
perspectivas são boas, tenho certeza de
que vai ser um sucesso.

Saneas: Quais serão as inovações da


edição 2017?
Olavo Alberto Prates Sachs: Come-
çamos pelo próprio local. Estaremos no
mais novo local construído para feiras e
exposições, que é o São Paulo EXPO - o
antigo Imigrantes, que está totalmente
remodelado, com estrutura viária refeita,
garagem coberta, próximo de estações
de metrô e ao lado de uma importante
rodovia. Pretendemos usar o que há de
mais moderno em termos de tecnologia:
O ex-presidente Dante Ragazzi Pauli (ABES) e os atuais,
Roberval Tavares de Souza e Olavo Alberto Prates Sachs

38 SANEAS Dezembro a Fevereiro de 2017


aplicativos para as pessoas se localizarem
melhor na feira e formas de auditório super-
modernos com sistema de audiovisual, algo
que será novidade para muitos que participa-
rão do encontro. Gostamos de ousar, vamos
implantar algumas coisas novas, o congresso
está muito grande e o diferencial é crescer
sem perder qualidade. Temos que ter muita
preocupação com isso porque temos uma
tradição de eventos bem organizados com
qualidade. E quando se cresce muito se per-
de um pouco essa questão. Estamos nos es-
forçando. Foram formados vários grupos de
trabalho que estão já há um ano antes traba-
lhando nesse encontro, tentando ver quais os
pontos de melhorias, quais ações devem ser
tomadas, procurando evitar ao máximo pro-
blemas que não foram previstos.

O ex-presidente Reynaldo Young (AESabesp) e


Roberval Tavares de Souza: Acredito que atual presidente da Sabesp, Jerson Kelman

a grande inovação está em um forte planeja-


mento. Estamos a sete meses do encontro e
já iniciamos o nosso planejamento. Isso dá uma sensibilidade muito
grande e vai crescendo ao longo do tempo para podermos ter o me- Saneas: Poderiam citar algumas razões pelas quais pro-
lhor encontro da América em outubro de 2017. Temos uma progra- fissionais, acadêmicos e estudantes ligados aos temas de
mação pré-evento muito forte, com vários eventos promovidos em saneamento e meio ambiente não podem ficar fora deste
São Paulo para mobilizar todos para o congresso. Uma grade muito congresso?
forte de pré-eventos, que começou com o Seminário Internacional de Olavo Alberto Prates Sachs: Atualização. O profissional precisa
Perdas - realizado em julho de 2016. Temos seis grupos de trabalho sempre estar atualizado antenado com o que está acontecendo
formados para planejar e executar as ações. Um site exclusivo para tanto na política voltada para o saneamento como nas novas tec-
o evento, tecnologia a nosso favor, colocando tudo de mais moder- nologias, novos equipamentos. Senão ele fica desatualizado e não
no que podemos ter do ponto de vista tecnológico à disposição do consegue acompanhar essa evolução da área. E para os estudan-
congressista, para que ele tenha uma boa estada em São Paulo e tes, faz parte da formação acadêmica visitar eventos e feiras desse
também possa usar tecnologia disponível. O espaço que o Olavo co- porte. É bom que já se deparem com os profissionais que vão
mentou é sensacional - um modelo diferente de auditório em forma encontrar no dia a dia, os equipamentos. Para os expositores é
de arena que todos terão a oportunidade de ver - algo que realmente uma oportunidade de a empresa nacional mostrar que tem uma
será o grande diferencial. Além de uma programação social tanto tecnologia muito boa, que os equipamentos são bons, compará-
para os congressistas como para os acompanhantes, algo inédito a veis a equipamentos do mundo inteiro. Os nossos prestadores de
que vocês nunca tiveram acesso. Mas isso só podemos contar quan- serviço também estarão presentes. E há também os expositores
do estivermos mais próximos do congresso. É surpresa. Algo inovador internacionais com suas tecnologias, mas é uma oportunidade
que será lançado em breve. A programação social será forte e bem justamente para os profissionais da área se depararem com esses
estruturada para o pessoal do Brasil inteiro conhecer São Paulo e ver equipamentos e serviços e até procurarem algo que estão preci-
com bons olhos a locomotiva do nosso país como ela é. sando. Em vez de buscar na internet, vêm para a feira ver ao vivo,

Dezembro a Fevereiro de 2017 SANEAS 39


utilizar, experimentar se o equipamento é bom, trocar ideias com de São Paulo, reitero o convite no sentido de que venha comparti-
o consultor. Essa parte é muito interessante. Existem palestras co- lhar conosco essa primeira semana de outubro de 2017, de forma
merciais na feira, palestras técnicas. O expositor tem a oportunida- diferente e conhecer em São Paulo o que jamais conheceram.
de de mostrar seu equipamento e seu serviço para aquele público
especifico, interessado em determinado produto. É uma oportuni- Saneas: Qual é o papel dos jovens profissionais no evento?
dade boa para o profissional e também para as empresas e presta- Olavo Alberto Prates Sachs: Sangue novo na área. Temos que
dores de serviço participar desse encontro. E é uma tradição desses renovar. Esse time que está aí não vai ficar para sempre. Então,
profissionais virem de outros estados para as feiras. Nas edições o pessoal precisa já se inteirar. Temos na AESabesp um prêmio
anteriores recebemos representan- especial para o jovem profissional.
tes de todos os estados brasileiros Incentivamos a apresentação de
e mais de 15 países estavam pre- trabalhos e há uma premiação es-
sentes. Como esperamos em 2017 pecífica para isso. Sabemos que é
um encontro grande, vai ter gente muito difícil hoje trabalhar e estu-
do mundo todo participando. Por- dar, então incentivamos os jovens
que o Brasil, mesmo vivenciando
essa crise, é um país de bons ne-
Pretendemos usar o que que estão fazendo mestrado, uma
complementação, trabalhos aca-
gócios e isso interessa não só às há de mais moderno em dêmicos, porque isso é importante
empresas nacionais como às es-
termos de tecnologia: para a área. É o capital intelectual
trangeiras também. brasileiro que estamos valorizando
aplicativos para as e desenvolvendo.
Roberval Tavares de Souza: Ne- pessoas se localizarem
tworking. A troca de experiência Roberval Tavares de Souza: Os
entre os profissionais é algo fan-
melhor na feira e jovens são a garantia da perpetui-
tástico. E vamos promover essa in- formas de auditório dade do saneamento. O incentivo
teração dentro do nosso congres-
so tanto na parte de programação
supermodernos com à participação deles é algo que
sempre aconteceu tanto na ABES
técnica quanto na parte da feira. sistema de audiovisual, como na AESAbesp. E a presen-
Isso vai acontecer e os atores do algo que será novidade ça dos jovens engrandece o nos-
setor de saneamento de todas as so evento. Temos uma categoria
categorias: profissionais técnicos,
para muitos que especial para os estudantes, mas
acadêmicos, estudantes não po- participarão do encontro. mais do que isso, é uma categoria
dem deixar de comparecer. Cada Olavo Alberto Prates Sachs para os jovens que já se formaram
um tem o seu objetivo de vida, e estão iniciando sua carreira. São
relacionado a negócios, à carreira engenheiros ou técnicos da área
ou à educação. Todas essas partes no início da profissão. Eles têm
interessadas: expositores, estudantes acadêmicos, os atores das muito a agregar porque vai gerar os aprendizados do futuro. Acre-
empresas de saneamento do país, tanto de água como de esgoto, ditamos muito nesse grupo de pessoas jovens que vêm somar no
resíduos sólidos, drenagem, as prefeituras, o governo - o execu- nosso setor. É a garantia da perenidade. São os futuros líderes
tivo e legislativo têm um ponto importante para não deixarem do saneamento do Brasil. Eles têm de estar presente desde o iní-
de participar desse encontro: irão integrar o maior encontro de cio. Eu também fui um jovem profissional do saneamento. Meu
saneamento ambiental da América. Este é um motivo único. Vão primeiro congresso foi em 1999. Foi o início de tudo. É muito
participar, contribuir e sair, com certeza, com algo diferente viven- importante participar.
ciado nestes quatro dias em São Paulo. E para as pessoas de fora Colaboração: Sueli Melo

40 SANEAS Dezembro a Fevereiro de 2017


Lançamento oficial do site do
Congresso ABES / Fenasan 2017
No dia 3 de novembro, os integrantes da Comissão Organizadora vio Frias de Oliveira”, o mais moderno cartão postal de São
do “Congresso ABES/Fenasan 2017 - o maior encontro de Sa- Paulo - SP, cidade sede do Congresso ABES / Fenasan 2017, e
neamento Ambiental das Américas” e das diretorias da ABES e ainda evidencia a letra “A”, que inicia “ABES”, “AESabesp”
AESabesp foram convidados para o lançamento oficial do site do e o mais importante elemento do setor: a “ÁGUA”, comple-
evento, que entrou no ar nessa mesma data. mentada com formas circulares em verde e azul, com incursões
Por meio desse site, além da inscrição de trabalhos para o pelo marrom e amarelo, que simbolizam os elementos de base
evento, encerrada em 3 de janeiro, é possível saber como e por do saneamento ambiental, que serão destacados no evento:
quem cada etapa está sendo estruturada; conhecer quem são Água, Esgoto, Drenagem, Resíduos Sólidos e Meio Ambiente.
os expositores já confirmados; visualizar a planta da Fenasan
2017; interagir com a organização, para sugestões e pergun-
tas, e se cadastrar para receber, em primeira mão, as novidades Conheça mais sobre o evento, inscrições, e lista
sobre essa mega realização. atualizada dos expositores e muito mais:
Ao abrir o site, o internauta logo irá se deparar com a mar- www.abesfenasan2017.com.br
ca do evento, que traz em destaque a Ponte Estaiada “Octa-

Dezembro a Fevereiro de 2017 SANEAS 41


O maior Encontro
de Saneamento
Ambiental das
Américas
Mais de 2.500 trabalhos foram
inscritos para o Congresso
Para 2017, o Congresso Técnico recebeu a expressiva
inscrição de 2.582 trabalhos, que passarão por seleção
de especialistas para serem qualificados para a grade
de apresentação. A apresentação dos escolhidos será
dirigida a um público formado pelos maiores
expoentes do setor na América Latina.

Sob o tema “Saneamento Ambiental: Desenvolvimento e Qualidade de


Vida na Retomada do Crescimento”, o maior encontro de Saneamento
Ambiental das Américas será realizado entre os dias 2 e 6 de outubro de
2017, no “São Paulo Expo”, em São Paulo - SP. Mais de 20.000 visitantes são
O evento reunirá, em uma edição exclusiva em um só local, o esperados na Feira
expressivo público técnico dos Congressos da ABES e dos Encontros Já a expectativa de visitação na Feira gira em torno
Técnicos AESabesp, além da grande visitação e as maiores empresas do de 20 mil visitantes. A entrada para a Fenasan será
mercado de saneamento ambiental como expositoras da Fenasan (Feira gratuita, aberta ao público maior de 16 anos. A
Nacional de Saneamento e Meio Ambiente), promovida pela AESabesp. seis meses do evento, a área de exposição já está
O público esperado para esse evento é formado por técnicos, com 70% dos espaços reservados, devendo até a
acadêmicos, universitários, gestores, empresários e membros da realização ultrapassar a marca de 200 expositores,
comunidade científica de todos os estados brasileiros e de outros países, geralmente fabricantes de equipamentos,
inclusive os que já marcaram presença em edições anteriores, como distribuidores de produtos e prestadores de serviços,
Alemanha, Argentina, Áustria, Bolívia, China, Colômbia, Costa Rica, que apresentarão uma vasta gama de inovações
Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Índia, Israel, tecnológicas para a sedimentação do setor, em
Itália, México, Peru, Portugal, Reino Unido, Uruguai e Venezuela. escala nacional e mundial.

42 SANEAS Dezembro a Fevereiro de 2017


Apoio das entidades do
saneamento e engenharia nacional
Além da organização conjunta da ABES e AESabesp, que já está atuando a todo vapor, para que a perspectiva real desse evento se torne o maior
encontro de Saneamento Ambiental das Américas, várias entidades técnicas do setor de saneamento e da engenharia nacional já conferiram o
seu apoio a esta realização. Até 10.03.2017 foram consolidados os importantes apoios dessas conceituadas instituições associativas:

Dezembro a Fevereiro de 2017 SANEAS 43


Realização do 1º Webinar do
Congresso ABES / Fenasan 2017
Logo após ao lançamento oficial do site do “Congresso ABES/ ■■ A visitação gratuita na Feira e a demonstração dos mais moder-
Fenasan 2017 - o maior encontro de Saneamento Ambiental das nos e funcionais equipamentos, produtos e serviços do setor;
Américas”, foi iniciado o primeiro webinar (conferência via web) ■■ A expectativa de reunir visitantes, congressistas e expositores de
sobre o evento, conduzido pelo presidente da AESabesp, Olavo todos os estados brasileiros e também vindos de outros países;
Alberto Prates Sachs, e pelo presidente da ABES, Roberval Tavares ■■ A importância do apoio da Sabesp a esse evento, que será re-
de Souza. alizado em São Paulo, estado em que tem a concessão para
Ambos se dispuseram a interagir com os internautas inscritos operar o saneamento de 366 municípios.
que levantaram questões bem pertinentes, tais como: Ao término, os líderes da ABES e da AESabesp sentiram-se mo-
■■ A fundamental importância do setor de saneamento nesse mo- tivados com os interesses suscitados nas perguntas dessa sessão
mento de recuperação do País; web e prometem repetir a formatação com outras abordagens
■■ A visibilidade que os Congressos da ABES e da AESabesp confe- que interessem aos integrantes do setor de saneamento ambien-
rem aos profissionais técnicos da área; tal e à sociedade de forma geral.
■■ O intercâmbio de conhecimentos e a ampliação da rede de rela-
cionamentos que o evento proporciona aos congressistas e aos
visitantes da Feira;

44 SANEAS Dezembro a Fevereiro de 2017


INCENTIVO CULTURAL

Prêmio Jovem
Profissional AESabesp
Um sucesso aumentado a cada ano
nos Encontros Técnicos

E
m sua quarta edição, a ser completada em Os seus objetivos são incentivar profissionais com ida-
2017, o Prêmio “Jovem Profissional AE- de de até 35 anos, estudantes ou recém-formados, por
Sabesp” tem alcançado grande sucesso, meio de apresentação de seus trabalhos técnicos, con-
com o aumento do índice de participantes tribuir com as necessidades do mercado de trabalho e,
de todo o Brasil, a cada ano, nos Encontros Técnicos desta forma, colaborar com a formação de promissores
AESabesp, em São Paulo. Presume-se que neste ano, profissionais, oferecendo oportunidades de divulgarem
em virtude desse evento ser feito em realização con- seus talentos no setor de saneamento e meio ambiente.
junta com o Congresso ABES, a sua relevância será Esta troca de informações tem a finalidade de ala-
ainda mais expressiva. vancar discussões no âmbito de políticas públicas e

Dezembro a Fevereiro de 2017 SANEAS 45


INCENTIVO CULTURAL

do desenvolvimento tecnológico, além tas no tema escolhido pelo autor. Nessa o candidato a apresentar seu projeto em
da possibilidade de ter nos trabalhos etapa serão analisados o atendimento aos banca de mestrado ou doutorado ou ain-
apresentados a aplicação de produtos e/ requisitos do prêmio, além do atendimen- da no mercado de trabalho.
ou serviços empregados nas soluções de to à Norma para elaboração de Trabalhos O vencedor será o candidato que obtiver
problemas nas diferentes situações do sa- Técnicos da AESabesp. a maior pontuação nas duas etapas: escrita
neamento e meio ambiente no Brasil e no Ainda são selecionados os melhores e oral. Durante as cerimônias de encerra-
exterior. trabalhos técnicos, ou seja, aqueles que mento do Congresso e Fenasan vem sendo
Trata-se de um grande desafio que atingem ou superam a nota de corte clas- entregue ao jovem profissional premiado
a AESabesp se propõe a encampar, ao sificando-os para a 2ª etapa com apresen- um troféu e uma bolsa de estudo no valor
apoiar e incentivar futuros profissionais tação do trabalho oral. de R$ 10.000,00 que poderá ser utilizada
transformadores das condições socioam- em qualquer instituição educacional. Além
bientais do país que poderão empreender, 2ª etapa - Avaliação do disso, tão logo concluído o curso, o jovem
gerar emprego, inovar e promover a trans- trabalho oral profissional contemplado poderá apresentar
formação do Brasil no cenário economi- Há a formação de uma equipe composta seu trabalho na edição vigente do Encontro
camente sustentável, fazendo pequenas por 3 profissionais do mercado (empresas Técnico no ano de sua formação.
mudanças no dia a dia. públicas ou privadas, sendo esta com par- Também vêm sendo contemplados com
O processo seletivo acontece em duas ticipação das melhores universidades de prêmios os autores classificados em 2º lu-
etapas: São Paulo), que analisam a apresentação e gar com um “tablet” e inscrição para a
a desenvoltura do candidato, selecionado edição do Encontro Técnico da AESabesp
1ª etapa - Avaliação do na primeira etapa. Esta avaliação ocorre do ano seguinte e em 3º lugar , com ins-
trabalho escrito sempre no último dia do CongressoTécni- crição para a edição do Encontro Técnico
É realizada por uma equipe de especialis- co em sala exclusiva. O objetivo é preparar da AESabesp do ano seguinte.

Conheça os “Jovens Profissionais AESabesp”


premiados de 2016
A entrega foi feita pela Diretora Cultural da AESabesp, Maria Aparecida
Silva de Paula, aos ganhadores:

1ª colocada:
Carolina Gemelli Carneiro (bolsa de estudo no valor de R$ 10.000,00).

2º colocada:
Liane Yuri Kondo Nakada (um tablet e inscrição para a edição de 2017
do Encontro Técnico AESabesp)

3º COLOCADO:
Bruno José Costa da Cunha (inscrição para a edição de 2017 do Encontro
Técnico AESabesp).

46 SANEAS Dezembro a Fevereiro de 2017


Acontece As novidades em produtos,

no setor
serviços e tecnologias no
setor de saneamento e
meio ambiente
Foto: Ciete Silvério

tos), Vizca Engenharia e Consultoria Ltda, Concremat Engenharia


e Tecnologia S/A, Arcadis Logos S.A., Hidroconsult Consultoria,
Estudos e Projetos S/A e JNS Engenharia, Consultoria e Gerencia-
mento Ltda.
O Sistema São Lourenço será um importante reforço na cap-
tação de água para a Região Metropolitana de São Paulo, com
foco na Região Oeste do município, e ajudará, principalmen-
te, na recuperação do Cantareira. Ele permitirá o tratamento
de 4,7 mil L/s (litros por segundo) de água, volume suficiente
para atender 1,5 milhão de moradores dos municípios de Ba-
rueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Santana de Parnaíba
e Vargem Grande Paulista. Desse total, cerca de 1,1 milhão é
APECS na construção do Sistema abastecido pelo Cantareira.
São Lourenço O projeto conta com uma Estação de Tratamento de Água em
Vargem Grande Paulista e reservatórios para armazenamento
De acordo com a assessoria da APECS (Associação Paulista de de água. A captação do São Lourenço é realizada na represa
Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Am- Cachoeira do França, em Ibiúna. Está prevista a instalação de
biente), empresas associadas à entidade estão na conclusão do 83 km de adutoras (grandes tubulações), incluindo um túnel de
Sistema Produtor de Água São Lourenço, da Sabesp. Entre as 1.100 metros e duas passagens por baixo da Rodovia Raposo
quais, estão Cobrape (Cia Brasileira de Projetos e Empreendimen- Tavares.

Ecosan fornece equipamentos para a expansão de ETE em Jaguariúna

A Ecosan, em parceria com a construtora AEX Engenharia, é for-


necedora de equipamentos para as obras de expansão da Estação
de Tratamento de Esgoto Camanducaia, em Jaguariúna – SP. O
investimento faz parte de um pacote que tem por objetivo tra-
tar 100% do esgoto sanitário doméstico da cidade em 2016. De
acordo com a direção da empresa e a Prefeitura de Jaguariúna,
este será o terceiro módulo da estação para atender um total de
30 mil habitantes. O processo adotado será de “Lodos Ativados”
e “Aeração Prolongada”.
O sistema consiste em manter uma grande quantidade de bac-
térias aeróbias em contato com a matéria orgânica presente nos
despejos, promovendo a oxidação bioquímica destes poluentes. dores, executando a sedimentação do lodo e a clarificação dos
O oxigênio requerido para a manutenção será garantido por aera- despejos. Ao final do percurso, o lodo sedimentado segue por
dores superficiais flutuantes. Após a etapa de oxidação biológica gravidade para o poço de bombas e uma parte volta para as lago-
nas lagoas de aeração, os despejos seguirão para três decanta- as aeradas, passando pelos medidores de vazão.

Dezembro a Fevereiro de 2017 SANEAS 47


ACONTECE NO SETOR

Mizumo registrou crescimento em


serviços em 2016

Ao completar 15 anos de atividades, a Mizumo registrou im-


portante crescimento dos negócios de sua área de serviços,
em 2016, com um aumento de mais de 60% em relação aos
contratos firmados em 2015. E com mais de 1.850 Estações de
Tratamento de Esgoto (ETEs) instaladas, também vem aumen-
tando os contratos de manutenção preventiva.
De acordo com a empresa, “a ampliação da área de serviços
vem ocorrendo desde 2013, quando a Mizumo fez investimen-
tos e adequou o suporte operacional conforme as necessidades
dos clientes. Para tornar o atendimento mais ágil e preciso,
foram contratados profissionais de vendas e de engenharia.
Além de ter uma equipe própria e treinada, a empresa adqui-
riu veículos oficinas equipados, que permitem uma inspeção
geral do equipamento. De acordo com Pedro Marcelo Costa,
Coordenador de Serviços da Mizumo, quando o sistema de diferencial reconhecido pelos clientes, que não querem ter pro-
tratamento de esgoto não é operado corretamente, além de blemas com a ETE. Hoje, eles têm a percepção de que a manu-
trazer impactos ao meio ambiente, os empreendimentos, como tenção preventiva é mais vantajosa, pois traz maior segurança
indústrias, municípios, condomínios, hospitais, parques, hotéis, e tranquilidade, nos aspectos técnicos e ambientais, ou seja, a
entre outros, correm o risco de serem autuados pelos órgãos eficiência da operação dentro das exigências legais dos órgãos
competentes. “Os serviços que oferecemos passaram a ser um ambientais”, comenta.

Tecniplas inova com transporte aéreo de tanques

A empresa Tecniplas, especializada em acesso e cercada pela Mata Atlântica, o


tanques e em equipamentos especiais que inviabilizou o deslocamento terres-
de compósitos em PRFV (Plástico Re- tre”, detalha Priscila Moraes, responsá-
forçado com Fibras de Vidro), forneceu vel pela área de marketing da Tecniplas.
dois reservatórios para a Sabesp que fo- Com 3,8 m de diâmetro, 9 m de altura
ram transportados por helicóptero até e pesando duas toneladas, os tanques
o local de instalação. Segundo a em- têm capacidade para armazenar 110 m³
presa, ”é a primeira vez no Brasil que de água potável cada – fazem parte do
uma solução como essa é adotada para sistema de abastecimento das comuni-
a movimentação de tanques de com- dades situadas no entorno. “Essa apli-
pósitos. Em se tratando de logística, o cação é interessante também porque
transporte aéreo é um dos diferenciais mostra que os compósitos são indicados
da Tecniplas.” Desde 2010, a empresa para o contato com água potável, des-
recorre ao processo de oblatação para de que formulados com resinas próprias
transportar os megatanques, fabricados para esse fim”, comentou a executiva.
em Cabreúva, no interior de São Paulo. Priscila.
“Os reservatórios foram instalados na
região de Ibiúna, numa área de difícil

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BF Dias investe em locação de equipamentos
para tratamento de efluentes

A B&F Dias, fabricante brasileira especializada em sistemas de aeração por ar difuso, criou em 2016 uma divisão
nessa prestação de serviço. “Nosso primeiro contrato foi a locação de módulos de aeração removíveis para
uma indústria alimentícia em Minas Gerais que queria testar a tecnologia antes da definição da com-
pra. Após 10 meses de uso, o cliente ficou convencido que a solução era a mais adequada
para o tratamento e realizou a compra”, afirma Leandro Moreira, especialista de
vendas da empresa.
Outros clientes procuram a empresa para situações de reformas
e realização de retrofits em plantas de tratamento. A em-
presa recentemente assinou contrato com a CTP
Ambiental (foto), multinacional francesa
provedora de soluções comple-
tas para tratamento de
efluentes e serviços de
limpeza. O sistema de
aeração alugado será im-
plantado numa petroquímica
no Rio de Janeiro em tanques tem-
porários enquanto a estação de tra-
tamento de efluentes industriais passará
por um retrofit completo.

Pieralisi assina contrato de 4,5 milhões de euros com Grupo Acea, em Roma

O Grupo Pieralisi, especializado na comercialização de decanters centrí-


fugos para separação líquido-sólido, firmou uma parceria no valor de 4,5
milhões de euros com a organização italiana Acea, que gere e desenvol-
ve redes e serviços nos setores de água, energia e meio ambiente. De
acordo com a assessoria da empresa, o acordo foi concluído no final de
novembro com a assinatura de um contrato no valor citado e o projeto
abrange diversas unidades móveis completas para desidratação de lodos
instaladas em skids compostos por decanters centrífugos e os acessórios
necessários para desidratação, que estarão espalhados por dez locais em
Roma e vão atender mais de 4 milhões de habitantes.
Segundo Estela Testa (foto), CEO da Pieralisi, além de trazer benefícios
aos habitantes das regiões contempladas, este modelo de parceria pode
ser também implementado no Brasil. No setor da água, o Grupo Acea
é o principal operador nacional italiano, com uma área de captação de
mais de 8 milhões de habitantes, gerando serviços integrados de abaste-
cimento de água,tratamento de esgoto e de água nas zonas territoriais
de Roma, Frosinone e respectivas províncias.

Dezembro a Fevereiro de 2017 SANEAS 49


VIVÊNCIAS

A arte e a técnica de
Osvaldo Niida
H
omenageado pela AESabesp, como “Destaque Profissional do Ano
de 2012”, nesta edição destacamos a arte do também fotógrafo,
Osvaldo Ioshio Niida, em captar as imagens com a sensibilidade de
um artista e a precisão técnica de um engenheiro.
Paulistano e politécnico, como muitos dos expoentes do elogiado quadro de enge-
nheiros da Sabesp, Niida sempre é lembrado como uma referência de capacidade
e dedicação entre os seus pares.
Em 2012, quando recebeu o troféu e a placa de homenagem da AESabesp,
entregue pelo então assistente executivo da presidência da Sabesp, Dante Ragazzi
Pauli, Niida fez um pronunciamento com muita emoção, no qual destacou o es-
forço de seus pais, imigrantes japoneses, da vida de sacrifícios para formarem os
seus filhos, sempre com dedicação e respeito ao trabalho, que ele também atribui,
como “a sua maior fortuna”.
Atualmente, ele contempla as suas belas fotografias, como estas paisagens que
permeiam esta matéria, e nos concedeu um tempinho para esta breve entrevista.

Saneas: Onde o senhor nasceu?


Niida: Nasci no estado e na cidade de São Paulo, em 10/02/1954.

Saneas: Onde se graduou como engenheiro?


Niida: Na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, na turma de 1980, em
Engenharia Civil.

Saneas: Conte-nos como foi a sua juventude.


Niida: Minha juventude era dividida entre estudar, trabalhar e protestar contra o
governo.

Saneas: Como foi a sua trajetória dentro da Sabesp?


Niida: Entrei em 1980, ano em que me formei. Trabalhei nas áreas de manuten-
ção, de distribuição e depois na de tratamento. Atualmente, estou tentando me
aposentar. Era para ser no mês de agosto mas não consegui e tive que marcar duas
vezes. A última data que me foi passada é 14 de março!

Saneas: Sabemos que o senhor tem um hobby, que é a fotografia. Nos


conte como isso começou.
Niida: Para os japoneses o ato de fotografar parece ser genético. Quando mole-
que, um tio, que foi um dos primeiros japoneses a entrar no Largo São Francisco,
tinha uma máquina alemã que me chamava muito a atenção. Eu só olhava as fotos
em suas lentes, mas não fotografava. Quando adolescente, ganhei uma máquina
da Kodak e só a partir de então comecei a me aventurar em tirar algumas fotos.

Saneas: A Sabesp teve alguma influência no seu hobby?


Niida: Sim, tanto no hobby, quanto nos vários aspectos da vida, pois é a em-
presa que trabalho há 30 anos; então quase tudo o que realizei foi dentro desse
período.

50 SANEAS Dezembro a Fevereiro de 2017


Revista BIO
e Saneas
juntas no
maior encontro
do setor das
Américas. Tema “Saneamento Ambiental:
Desenvolvimento e Qualidade
de Vida na Retomada do
Crescimento”
Anuncie e destaque-se
no mercado! Destaques:
■ A performance, os produtos e os
serviços dos expositores da Fenasan
A Revista BIO, editada pela Associação Brasileira de ■ As opiniões de palestrantes do
Engenharia Sanitária - ABES, e a Revista Saneas, editada Congresso - especialistas do setor de
saneamento ambiental
pela Associação dos Engenheiros da Sabesp - AESabesp,
■ As políticas públicas para a otimização
terão uma edição única, exclusiva e especial durante o e universalização do saneamento
Congresso ABES / Fenasan 2017, evento histórico que será ■ Os conceitos inovadores a serem
realizado entre os dias 2 e 6 de outubro, no São Paulo discutidos nas palestras técnicas
■ O aparato das grandes inovações
Expo, em São Paulo - SP.
tecnológicas
■ A opinião do público qualificado que
Ao inserir um anúncio de sua empresa nessa edição única, prestigia o evento
que terá uma tiragem de 10.000 exemplares, das Revistas ■ As ações ambientais voltadas à
BIO e SANEAS, sua imagem estará associada ao público sustentabilidade
■ Os novos rumos que a ABES e a
que conhece saneamento e faz deste setor uma das
AESabesp darão ao evento de 2017,
bases mais sérias e promissoras do País, com prospecção mediante a superação muito além das
em nível internacional. expectativas dos anos anteriores.

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