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MEMORIAL DE CÁLCULO 062010/1-0

TRAVA QUEDAS

FABRICANTE : C3 Industria Metalurgica Ltda

ENDEREÇO: Av. Rio Branco 4423 Sl B - Bairro Ana Rech


95060 – 000 - Caxias do Sul - RS

CNPJ: 09.814.329/0001-60

MODELO DO GUINCHO: C3G500

Elaborado por:

Jose Sergio Menegaz


Engº Mecânico
CREA 23991

Av. Guaporé 145 / 202 - 90470 – 230 – Porto Alegre - RS


99946931 / 33483066 - Fax 33482177
smenegaz.ez@terra.com.br
1. OBJETIVO
O presente memorial de cálculo objetiva demonstrar as condições de segurança
do equipamento em análise, do ponto de vista de seu princípio operacional e
dimensionamento de seus componentes, para operação com cargas estáticas
máximas até o limite estabelecido no item 2.

2. CRITÉRIOS PARA DIMENSIONAMENTO


O dimensionamento é efetuado para a máxima capacidade de elevação do
guincho manual produzido pela empresa C3 Equipamentos Para construção Civil,
igual à 500 Kgf, com as implicações de ordem dinâmica imposta pela queda da
carga.

3. PRINCÍPIO OPERACIONAL
O trava quedas objetiva interromper o processo de queda de uma carga
(andaime, cadeira suspensa, etc...) na eventualidade de rompimento do cabo de
tração. O conjunto constitui-se dos componentes básicos conforme esquema abaixo:

Cabo de aço

pistão interno móvel


verticalmente

conjunto de três
esferas móveis

mola
corpo fixo à estrutura
do andaime

2
Em operação normal o pistão móvel é mantido na sua posição inferior, através
de um mecanismo ligado ao cabo de tração. Tal mecanismo atua somente enquanto
o cabo de tração permanecer tensionado, ou seja, sustentando efetivamente a
carga. Em caso de rompimento do cabo de tração, o pistão é liberado, executando o
movimento de subida através da mola que atua permanentemente no sentido de sua
elevação. Na posição inferior, as três esferas montadas em alojamentos executados
no pistão, permitem a livre movimentação do conjunto através do cabo de aço. Em
função da execução cônica do diâmetro interno do corpo fixo, quando da elevação
do pistão as esferas executam, além do movimento de subida em conjunto, um
movimento segundo o plano horizontal no sentido do centro do corpo fixo,
conseqüentemente no sentido de pressionamento do cabo de aço, conforme
ilustrado no desenho em corte abaixo:

corpo fixo
pistão móvel

cabo de aço esfera

4. AÇÃO DA MOLA
- Comprimento livre da mola.......................................................... Lo = 48,00 mm
- Comprimento da mola totalmente comprimida............................ L1 = 9,60 mm
- Comprimento da mola no início da ação das esferas...................L2 = 11,32 mm
- Carga para compressão total da mola ...................................................1,20 Kgf
- Constante elástica da mola : K = 1,2 Kgf / (48 - 9,60)........K = 0,031 Kgf / mm
- Curso da mola até início da ação das esferas (11,32 - 9,60 ).......S1 = 1,72 mm
- Força da mola após curso S1 ( 1,2 - 1,72 . 0,031)........................F1 = 1,146 Kgf
- Peso do pistão, esferas e batente...................................................G = 0,75 Kgf
- Força vertical exercida sobre as esferas ( 1,146 - 0,75 ).................F = 0,396 Kgf

3
5 . CARGA VERTICAL A SER SUSTENTADA PELO TRAVA QUEDAS
Conforme ítem 2, a carga estática a ser considerada é igual à 350 Kgf. Em função
do rompimento do cabo de tração, a carga dinâmica instantânea no cabo do trava
quedas é dada por:
P = γg . FG + FQ,exc + γq . ψ0 ,ef . FQ

Onde: - γg é o coeficiente de ponderação das ações permanentes, igual à 1,3


- FG é a ação permanente sobre o trava quedas igual à 0 Kgf
- FQ,exc é a ação excepcional, igual à 500 Kgf (ação dinâmica de freagem )
- γq é o coeficiente de ponderação das ações variáveis, igual à 1,4
- ψ0 ,ef é o fator de combinação igual à 0,6
- FQ é a ação variável, igual à 500 Kgf (máximo valor da carga)

Temos então: P = 1,3 . 0 + 500 + 1,4 . 0,6 . 500 ⇒ P = 920 Kgf

6. AÇÃO DAS ESFERAS SOBRE O CABO

Fa

F
Fc

Fo
Fn

6.1 Forças iniciais no processo de detenção da queda


- F.................. Força vertical exercida sobre as esferas pela mola = 0,396 Kgf
- Fo......................Reação vertical da parede interna do corpo fixo = 0,396 Kgf
- Fno...............Força normal na parede interna do corpo fixo, dada por:
Fno = Fo / cos 81,75º
- Fco.............................Força da esfera sobre o cabo de aço dada por:
Fco = Fno . cos 8,25º
Fco = Fno . sen 82º ⇒ Fco = Fo / cos 82º . sen 82º ⇒ Fco = Fo . tg 81,75º
- Fao = Força de atrito entre a esfera e o cabo de aço dada por:
Fao = Fco . µ
Fao = Fo . tg 81,75º . µ

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6.2 Incremento de forças durante o processo de detenção da queda
Quando a esfera é pressionada pela mola, surgem num primeiro momento as
forças conforme supra definidas. A força de atrito entre a esfera e o cabo de aço se
soma à força da mola, de modo que resulta as seguintes forças:
F1 = Fo + Fao
F1 = Fo + Fo . tg 81,75º . µ ⇒ F1 = Fo ( 1+ tg 81,75º . µ )

Fc1 = F1 . tg 81,75º ⇒ Fc1 = Fo ( 1+ tg 81,75º . µ ) . tg 81,75º

Fa1 = Fc1 . µ ⇒ Fa1 = Fo ( 1+ tg 81,75º . µ ) . tg 81,75º . µ

Considerando-se a força de atrito Fa1, temos:


F2 = F1 + Fa1
F2 = Fo ( 1+ tg 81,75º . µ ) + Fo ( 1+ tg 81,75º . µ ) . tg 81,75º . µ
F2 = Fo ( 1+ tg 81,75º . µ ) (1 + tg 81,75º . µ )

Fc2 = F2 . tg 81,75º
Fc2 = Fo ( 1+ tg 81,75º . µ ) (1 + tg 81,75º . µ ) . tg 81,75º

Fa2 = Fc2 . µ
Fa2 = Fo ( 1+ tg 81,75º . µ ) (1 + tg 81,75º . µ ) . tg 81,75º. µ
Fa2 = Fo ( 1+ tg 81,75º. µ )² . tg 81,75º. µ

Considerando-se a força de atrito Fa2, temos:

F3 = F2 + Fa2
F3 = Fo ( 1+ tg 81,75º . µ ) (1 + tg 81,75º. µ )+ Fo ( 1+ tg 81,75º . µ )² . tg 81,75º. µ
F3 = Fo ( 1+ tg 81,75º . µ )² + Fo ( 1+ tg 81,75º . µ )² . tg 81,75º. µ
F3 = Fo ( 1+ tg 81,75º. µ )² ( 1 + tg 81,75º. µ )

Fc3 = F3 . tg 81,75º
Fc3 = Fo ( 1+ tg 81,75º. µ )² ( 1 + tg 81,75º. µ ). tg 81,75º

Fa3 = Fc3 . µ
Fa3 = Fo ( 1+ tg 81,75º. µ )² ( 1 + tg 81,75º. µ ). tg 81,75º.µ
Fa3 = Fo ( 1+ tg 81,75º. µ )3 . tg 81,75º.µ

Considerando-se a força de atrito Fa3, temos:


F4 = F3 + Fa3
F4= Fo (1+ tg 81,75º. µ )² ( 1 + tg 81,75º. µ )+ Fo ( 1+ tg 81,75º. µ )3 . tg 81,75º.µ
F4 = Fo (1+ tg 81,75º. µ )³ + Fo (1+ tg 81,75º. µ )³ . tg 81,75º.µ
F4 = Fo (1+ tg 81,75º. µ )³ ( 1 + tg 81,75º.µ )

Fc4 = F4 . tg 81,75º
Fc4 = Fo (1+ tg 81,75º. µ )³ (1 + tg 81,75º.µ ). tg 81,75º
Fc4= Fo (1+ tg 81,75º. µ )4 tg 81,75º

5
Fa4 = Fc4 . µ
Fa4 = Fo (1+ tg 81,75º. µ )³ ( 1 + tg 81,75º.µ ). tg 81,75º. µ
Fa4 = Fo (1+ tg 81,75º. µ )4 . tg 81,75º. µ

Conforme se verifica, as equações obtidas para o incremento da força de atrito


entre as esferas e o cabo de aço seguem uma progressão geométrica de razão ( 1+
tg 81,75º. µ ), com valor numérico igual à 1,6896(para µ = 0,1).

7. VALOR DA FORÇA DE ATRITO


Conforme item 5, a força dinâmica P a ser sustentada é igual à 920 Kgf. O
coeficiente de atrito entre as esferas e o cabo de aço é igual à 0,15 (seco).
Consideramos no entanto o coeficiente de atrito como se lubrificado, uma vez que o
sistema pode operar sob condições de chuva. Neste caso o coeficiente de atrito
estático é igual à 0,1, o que nos leva à uma força de aperto das esferas sobre o
cabo de aço dada por:

Pd = Fad = Fnd . µ
920 = Fnd . 0,1 ⇒ Fnd = 920 / 0,1 ⇒ Fnd = 9200 Kgf

O valor da força supra definida ocorre instantaneamente. Após a parada do


equipamento, a força normal para manutenção da carga (500 Kgf ) suspensa, é
dada por:
Pe = Fae = Fne . µ
500 = Fne . 0,1 ⇒ Fne = 500 / 0,1 ⇒ Fne = 5000 Kgf

8. VERIFICAÇÃO DO CORPO FIXO DO TRAVA QUEDAS

Fnd / 3

6
8.1 Seção transversal do corpo fixo no ponto de aplicação da carga

B
A
27,5

23,5

19,5

8.2 Determinação das tensões nos pontos A e B


8.2.1 Determinação de m

m = 1 / (h² - h1²) h² [ 1/4 (h / 2r)² + 1/8 (h / 2r)² + ....] -


- [ 1/4 (h1 / 2r)² + 1/8 (h1 / 2r)² + ....] 

m = 1 / (0,8² - 0,4²) 0,8² [ 1/4 (0,8 / 2.2,35)² + 1/8 (0,8 / 2. 2,35)² + ....] -
- [ 1/4 (0,4 / 2.2,35)² + 1/8 (0,4 / 2.2,35)² + ....] 

m = 1 / 0,48 0,64[ 0,007243+ 0,003711+ 0,001855 + 0,000927 ] -


- [ 0,001810 + 0,000905 + 0,0000452 + 0,0000226] 

m = 2,083 0,64 [ 0,01373 ] - [ 0,003190]  ⇒ m = 0,011666

8.2.2 Determinação de e
e=r[ m/(m+1)]
e = 2,083 [ 0,011666 / (0,011666 + 1 ) ] ⇒ e = 0,024 cm

8.2.3 Área da seção transversal


A = (0,4 . 6 + 0,4 . 6 / 2 ) ⇒ A = 3,60 cm²

8.2.4 Momento fletor


M = Mo - P . r / 2
M = [ ( P. r / 2 ) ( 1 - 2 / π ) ] - ( P . r / 2 )

M = [ (3066. 2,35 / 2 ) ( 1 - 2 / π ) ] - ( 3066 . 2,35 / 2 )


M = [ (3602 ) ( 0,363 ) ] - ( 3062 ) ⇒ M = - 1754 Kgfcm

8.2.5 Determinação das tensões


8.2.5.1 Tensão no ponto A
σA = [ M ( h1 - e ) ] / ( A . e . r1 )
σA = [ - 1754( 0,4 - 0,024 ) ] / ( 3,6 . 0,024 . 1,95 ) ⇒ σA = - 3914 Kgf / cm²

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8.2.5.2 Tensão no ponto B
σB = [ - M ( h1 + e ) ] / ( A . e . r2 )
σB = [ 1754 ( 0,4 + 0,024 ) ] / ( 3,6 . 0,024 . 2,75 ) ⇒ σB = 3130 Kgf / cm²

O trava quedas é executado em material SAE 1045, com resistencia à tração


igual à 5300 Kgf / cm² e limite de escoamento igual à 2900 Kgf / cm². Em função dos
resultados obtidos, o componente poderá sofrer deformação após uma eventual
atuação, sem no entanto atingir o limite de ruptura do material. Os valores supra
definidos são máximos, e poderão ser menores em função das condições de atrito
entre o cabo de aço e esferas. De qualquer forma, após uma eventual atuação, o
componente deverá ser rigorosamente examinado quanto à eventuais deformações
que possa ter sofrido, princpalmente na superfície interna (superfície cônica)
devendo ser descartado se efetivamente constatadas anomalias decorrentes

9 VERIFICAÇÃO DOS PARAFUSOS


A fixação do trava quedas à estrutura do equipamento é efetuada por meio de
dois parafusos diâmetro 8,00 , os quais resistem ao esforço vertical por ocasião da
atuação do mecanismo em quatro área simultaneamente.
A = (π . 0,802 ) / 4 ⇒ A = 0,50 cm ²

9.1 Força de cisalhamento atuante em cada parafuso


A força de cisalhamento em cada parafuso é igual à um quarto da força vertical
máxima considerada para detenção da queda ( 920 Kgf ), de modo que em cada um
atuará uma força igual à 230 Kgf.

9.2 Força cortante resistente de cálculo no parafuso


A força cortante resistente de cálculo nos parafusos é dada por:
VRd = 0,45 . Ap . frup / γ
VRd = 0,45 . 0,50 . 3700 / 1,65 ⇒ VRd = 504 Kgf

9.3 Coeficiente de segurança majorado no parafuso


n = VRd / F ⇒ n = 504 / 230 ⇒ n = 219

10. CONCLUSÃO
Conforme demonstrado, o componente objeto deste memorial de cálculo
apresenta plenas condições de segurança, do ponto de vista de seu
dimensionamento, para operação com cargas estáticas máximas iguais à 500
Kgf.

Porto Alegre, 04 de Maio de 2010

Jose Sergio Menegaz


Engº Mecanico
CREA 23991

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