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O entardecer nos campos de minha infância

Hoje peguei-me a admirar o findar do dia na praça do pôr do sol, como é incrível!

Nesta época do ano podemos contemplar os tons de vermelho pincelados divinamente,

entrecortado por tons pastéis de roxo, alaranjado e azul. As nuvens tais quais batidas

suaves de pincel alongam-se horizontalmente, até que a sua alvura percasse na mistura

das cores. Meus deleitosos olhos acompanham as árvores que compõe esta paisagem

invernal, vez ou outra esbarrando em alguma casinha que as interrompem. Num lapso de

tempo estou ali e já não estou mais, sou levada as memórias de infância quando junto de

meu avô sentava no campo em frente à sua casa e assistia o belíssimo espetáculo da

natureza.

Todo entardecer traz o cheiro de meu avô e também suas palavras “Vem frio por

aí!”. Eu na pequenez de minha idade nunca entendi como alguém poderia saber que

esfriaria pela coloração do céu, porém nunca questionei, já que, de fato, tudo acontecia

como ele previa. Lembro-me das bochechas rosadas, os olhos faiscantes, a ponta do

nariz beijada pelo vento frio, depois adentravamos a casa e nos agasalhavamos, mas,

apenas aquela paisagem mantia o coração quentinho.

Desperto do devaneio, ao que as residências ofuscam-me a visão, e cruzo o

parque do pôr do sol, na rua Visconde de Nacar. Em meio as minhas memórias, retomo

as palavras da poetisa pontagrossense Anita Philipovsky em seus consagrados versos

“Os poentes de minha terra”. Vejo-me tal qual Anita (porém eu uma ínfima aprendiz)

escrevo mentalmente versinhos que, de certo modo, consigam exprimir de minhas

memórias o âmago, versos estes que foram primeiramente escritos com os olhos.

Continuo meu caminhar, mas minha mente plaina sobre os campos e as casas e

vai buscar os raios de sol para aquecer-me o corpo, e vai buscar em Anita para aquecer-

me o coração. Que belo dia este! Que belo presente nos deu a Princesa dos campos!
Aviso-te, querida poetisa, que os poentes continuam tão belos que só! Tinha razão! Creio

que pode vê-los ou até mesmo os pinta divinamente, as linhas de teus versos são onde

chão e céu se encontram, então mescla teu lirismo e carisma na vivacidade do

entardecer.

Penso comigo se quando Anita Philipovsky escreveu seus versos fazia frio, assim

como meu avô dizia sobre os dias de céu colorido, e esta quimera me constrói, então me

faço mistura de poesia, memória e experiência. Em se tratando de experência, hoje o céu

estava vermelho então leve um casaco porquê vem frio por aí!

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