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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Sujeito passivo será sempre o ESTADO


Bem jurídico primário protegido será sempre a MORALIDADE ADMINISTRATIVA
A ação penal será sempre PÚBLICA E INCONDICIONADA
Competência do juiz singular - via de regra estadual.
Competência do JECRIM - se pena máxima em abstrato de 2 anos (considera-se
qualificadora e concurso de crimes para a pena máxima na definição de competências)
Transação penal e suspensão condicional do processo - se pena mínima até 1 ano (igual ou
inferior a um ano)
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II - proibição de freqüentar determinados lugares;
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar
suas atividades.

Crimes funcionais:
- Próprios: só é crime quando o ato é praticado por funcionário público. A conduta do
particular, em situação semelhante, não configura crime. Se tirar a figura do
funcionário público, é configurada a atipicidade.
- Impróprios: há dois tipos penais com as mesmas características, um sendo
praticado por funcionário público e outro praticado por particular. Se tirar a figura do
funcionário público, há mera desclassificação do crime para outro tipo penal.
* não confundir com crime próprio, que diz respeito ao concurso de pessoas.

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA - É aplicável aos crimes contra a administração pública,


de acordo com entendimento do STF. NÃO é aplicável, segundo entendimento do STJ, que
entende que a moralidade não pode ser POUCO violada, nunca é INEXPRESSIVA.

Funcionário público, para o direito penal, é o agente público do direito administrativo


Art. 327
Aqueles que exercem cargo, emprego ou função pública
- Mesmo que de forma transitória
- Mesmo que sem remuneração
Ex: Mesário; jurado; estagiário;

NÃO é funcionário público - quem exerce mero munus ou encargo público (obrigação de cuidar de
interesses privados por determinação da legal ou judicial - ex: tutor e curador judicial;
administrador judicial da falência)

ADVOGADO DATIVO- DIVERGÊNCIA!!


- doutrina majoritária NÃO considera
- há decisões do STJ que consideram o como funcionário público

Funcionário público por equiparação


Aquele que exerce cargo, emprego ou função:
- Em entidade paraestatal (EP, SEM)
- Em empresa prestadora de serviços contratada ou conveniada para atividade típica da
Administração Pública

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em
entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou
conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos
neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou
assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa
pública ou fundação instituída pelo poder público - NÃO inclui autarquias!!! - STF entende
que a majorante se estende a detentores de cargos eletivos, mas há divergência doutrinária

CABE concurso de pessoas (PARTICIPAÇÃO E CO-AUTORIA), para os crimes próprios dos


funcionários públicos, com aqueles que não o são, pois pode haver comunicação de elementares
do tipo, mesmo que sejam pessoais, de acordo com art. 30, CP. Para os crimes de mão própria,
entretanto, cabe o concurso apenas na modalidade de PARTÍCIPE.
Há necessidade de que o terceiro saiba da condição de funcionário do autor para que se configure
o concurso nos crimes próprios ou de mão própria - liame subjetivos (união de vontades)
PECULATO

1. Peculato próprio - BEM MÓVEL, COM POSSE* EM RAZÃO DO CARGO. * a detenção, ao


invés da posse, caracterizaria apropriação indébita, pois não pode o aplicador estender o conceito
tipificado em prejuízo do réu.
Peculato é a apropriação indébita específica para aquele que tem posse legítima do bem, em
razão de seu cargo. Crime próprio do funcionário público que:

1. Peculato apropriação - Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular,
de que tem a posse em razão do cargo.
Conduta e tipicidade - Apropriar-se = comportar-se como se dono fosse
Consumação - ato incompatível com a condição de mero possuidor.
Tentativa possível, embora improvável.
2. Peculato desvio - desviar esse bem, em proveito próprio ou alheio.
Conduta e tipicidade - Desviar = dar utilização imprópria em definitivo* ao bem. *não há, no
CP, peculato de uso (há como crime de prefeito, veremos depois)
Consumação - momento em que o bem é desviado definitivamente, independente do
enriquecimento ilícito de terceiros.
O termo “em proveito próprio ou alheio” é o que diferencia o peculato desvio do emprego
irregular de verbas ou rendas públicas (crime de menor potencial ofensivo)

Pena: 2 a 12 anos de reclusão + multa


Bem protegido, além da moralidade, PATRIMÔNIO - PÚBLICO OU PARTICULAR (objeto
material)
Delito funcional IMPRÓPRIO

2. Peculato impróprio (peculato furto) - NÃO TEM POSSE, CARGO É FACILITADOR (nexo
funcional é imprescindível), GUARDA DA ADMINISTRAÇÃO (é necessário que o bem esteja sob
guarda da administração, para se configurar sujeito passivo - se não é furto simples).
Conduta e tipicidade - Subtrair = inverter ou adquirir a posse de maneira indevida. Ou concorrer
para a subtração.
Consumação - ato de aquisição da posse, com animus de definitividade (não há peculato de uso)
Pena: 2 a 12 anos de reclusão + multa

3. Peculato culposo - quando um funcionário concorre culposamente com outrem. Não trata-se
de concurso de pessoas em termo estrito (não há liame subjetivo)
Conduta e tipicidade - Concorrer = colaborar
Consumação - quando da consumação do outro crime pelo terceiro
Entendimento aplicado nas provas é de que o crime cometido por terceiro, e que foi facilitado pelo
funcionário público, pode ser qualquer crime, mesmo os crimes impróprios, desde que a
administração seja prejudicada.
DELITO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO - competência do Juizado Especial Criminal
Pena: 3 meses a 1 ano de detenção - cabendo as medidas despenalizadoras da lei 9.099
(transação penal e suspensão condicional do processo)
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade;
- Caso mais icônico de arrependimento posterior, com
se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
maior benefício ao réu - Reparação do dano deve ser integral e voluntária.

4. Peculato mediante o erro de outrem (peculato-estelionato) - POSSE, ERRO DE OUTREM.


Conduta e tipicidade - Apropriar-se = comportar-se como se dono fosse
Consumação - quando o funcionário percebe o erro e não o desfaz
O erro deve ser espontâneo, caso seja provocado pelo funcionário haverá estelionato.
Pena: 1* a 4 anos de reclusão - *cabe suspensão condicional nos termo da lei 9.099

5. Peculato eletrônico -

1. Peculato eletrônico de informação - OBTER VANTAGEM (vantagem de qualquer


natureza), CAUSAR DANO (à administração ou a terceiro) - dolo específico/especial fim de
agir/elemento subjetivo especial = vantagem
Conduta e tipicidade - Inserir ou facilitar a inserção (de dados falsos)
- Alterar ou excluir (dados corretos)
Consumação - modificação dos dados, independe da efetiva vantagem ou do dano
CRIME FORMAL
Crime próprio - porém específico ao FUNCIONÁRIO AUTORIZADO
Pena: 2 a 12 anos de reclusão + multa.

2. Peculato eletrônico de sistema - SISTEMA DE INFORMAÇÃO, PROGRAMA DE


INFORMÁTICA, SEM dolo específico
Conduta e tipicidade - Modificar ou alterar
Consumação - alteração do sistema
Pena: 3 meses a 2 anos - crime de menor potencial ofensivo - competência do JECRIM,
cabendo as medidas despenalizadoras.
Aumento de pena se resultar dano da alteração - à administração ou ao administrado

6. Peculato uso
APENAS em relação ao PREFEITO, o Decreto Lei 201/67, existe a modalidade uso para o
peculato.

EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO

Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo;
sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.

EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS

Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Destinação pode, inclusive, ser nobre, mas é irregular!!
Ao Prefeito se aplica DL 201/67

EXCESSO DE EXAÇÃO

§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou,
quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Qualificadora quando desvia em proveito próprio ou de outrem
Pena - reclusão, de 2 a 12 anos e multa
CONCUSSÃO + CORRUPÇÃO + PREVARICAÇÃO

Concussão =/ Corrupção Passiva


Utiliza-se de poder do carro para ameaça Se parte do funcionário, ele só solicita

Corrupção Passiva =/ Corrupção Ativa


crime próprio - cometido pelo funcionário crime comum - praticado por particular

1. Concussão - VANTAGEM INDEVIDA (de qualquer natureza), DIRETA ou INDIRETAMENTE,


EM RAZÃO DE FUNÇÃO
Conduta e tipicidade - Exigir = coagir, solicitar de forma intimidatória - desde que intimidação em
relação aos poderes do cargo
Consumação - quando a exigência chega ao intimidado.
CRIME FORMAL - não exige a vantagem nem consumação para consumação
Cabe tentativa APENAS na forma escrita. Unisubsistente na forma verbal (não fracionável inter
crimnis)
O funcionário deve ser competente para realizar a ameaça feita, que deve ser poder do cargo em
questão. Caso não seja competente, o crime será de estelionato, e caso ameaça não seja
relacionada ao poder do cargo, será crime de extorsão.
Funcionário não precisa estar no exercício da função, nem mesmo tê-la assumido, mas DEVE
haver pertinência funcional.
Sujeito passivo primário - Estado
Sujeito passivo secundário - Terceiro intimidado - Terceiro que paga ou dá NÃO pratica crime
(conduta não tipificada na corrupção ativa)
Tipo penal subjetivo - Dolo
Pena: 2 a 8 anos.

2. Corrupção Ativa - VANTAGEM INDEVIDA (de qualquer natureza)


Conduta e tipicidade - Oferecer
- Prometer
CRIME COMUM, praticado pelo particular

Corrupção ativa e passiva são EVENTUALMENTE crimes bilaterais, porém, sempre individuais

3. Corrupção Passiva - PROMESSA DE VANTAGEM (de qualquer natureza)


Conduta e tipicidade - Solicitar = barganhar, pedir, requisitar
- Receber (única modalidade material do crime)
- Aceitar - Conduta que se liga à corrupção ativa, único caso em que há
bilateralidade
Própria (ato praticado infringe dever funcional) ou imprópria (ato praticado é legítimo)
Consumação - quando solicita, recebe ou aceita, mesmo que não venha a cumprir a promessa,
nem venha a receber vantagem. Se cumprir a promessa com infringência a dever funcional
(corrupção passiva própria), entretanto, cabe aumento de pena. § 1º - A pena é aumentada de um terço,
se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o
pratica infringindo dever funcional.
O funcionário deve ser competente para realizar a promessa feita.
Funcionário não precisa estar no exercício da função, nem mesmo tê-la assumido, mas DEVE
haver pertinência funcional.
Sujeito passivo primário - Estado
Sujeito passivo secundário - Terceiro - Terceiro que paga ou dá NÃO pratica crime
(conduta não tipificada na corrupção ativa)
- Terceiro que oferece, entretanto comete corrupção ativa
Tipo subjetivo - Dolo
Cabe tentativa APENAS na forma escrita. Unisubsistente na forma verbal + Crime material na
forma “Receber”
Pena:

4. Corrupção Passiva Privilegiada - PEDIDO ou INFLUÊNCIA - Conduta descaracterizador do


tráfico de influências.
Conduta e tipicidade - Praticar
- Deixar de praticar
- Retardar
Pena: 3 meses a 1 ano de detenção OU multa - crime de menor potencial ofensivo - competência
do JECRIM, cabendo as medidas despenalizadoras.

5. Prevaricação - INTERESSE OU SENTIMENTO PESSOAL


Conduta e tipicidade - Praticar
- Deixar de praticar
- Retardar
Pena: 3 meses a 1 ano de detenção E multa - crime de menor potencial ofensivo - competência
do JECRIM, cabendo as medidas despenalizadoras.

Cabem, a ambas, as medidas despenalizadoras = transação e suspensão condicional

Corrupção Passiva Privilegiada =/ Prevaricação


Motivação na influência e no pedido Motivação no sentimento pessoal
Presença de terceiro “corruptor” Não há terceiro que influencie funcionário

Motivação do funcionário público = elemento subjetivo especial

6. Prevaricação Imprópria
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros
presos ou com o ambiente externo:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Descumprimento de dever funcional específico (vedar ao preso acesso a comunicação externa)
Tipo subjetivo é somente o dolo, não sendo exigido característica subjetiva de indulgência

FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO

Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Crime de mão própria - já que apenas o funcionário que tem o exercício relacionado à prática do
contrabando e do descaminho pode facilitar tais atos com infração do dever funcional
CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA (art. 320)
Conduta e tipicidade - deixar de responsabilizar
- não levar ao conhecimento
CRIME OMISSIVO PRÓPRIO (tipo é expressamente omissivo, ausência de conduta já é o crime)
Sujeito ativo - Superior hierárquico do infrator - Mesmo se não tiver competência para punir, deve
representar ao competente para tanto.
Sujeito passivo - Estado (bem tutelado = moralidade administrativa)
Tipo subjetivo - dolo + sentimento de indulgência/tolerância
Consumação - crime de mera conduta - quando se esgota o prazo para “denúncia”
Pena: 15 dias a um mês, detenção, OU multa - Competência do JECRIM

Advocacia Administrativa (art. 321) - INTERESSE PRIVADO, EXPLORAÇÃO DA QUALIDADE DE


FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Conduta e tipicidade - patrocinar = defender/pleitear/advogar um interesse
Não há crime com mero encaminhamento de papéis.
Sujeito ativo - Qualquer funcionário público
Sujeito passivo - Estado (bem tutelado = moralidade administrativa + impessoalidade)
Tipo subjetivo - dolo
Consumação - ato revelador do patrocínio, independente da obtenção de vantagem.
CRIME FORMAL
Pena: um a três meses, detenção, OU multa - Competência do JECRIM
Qualificada por interesse ilegítimo - pena de 3 meses a 1 ano + multa

CRIMES DE PARTICULARES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO

Usurpação de função pública (art. 328) ATOS EXCLUSIVOS DO FUNCIONÁRIO, EXERCER


(meramente declarar ser funcionário público é contravenção penal, não entra aqui)
Conduta e tipicidade - usurpar = assumir ou exercer indevidamente
Sujeito ativo - CRIME COMUM, qualquer um pode ser, inclusive o funcionário público que exerce
funções distintas daquelas do seu cargo.
Sujeito passivo - Estado (bem tutelado = moralidade administrativa)
Tipo subjetivo - dolo
Consumação - prática de qualquer ato exclusivo - consumação pode se prolongar no tempo,
eventualmente = crime eventualmente permanente.
Pena: 3 meses a 2 anos, detenção, E multa - Competência do JECRIM
Qualificada por recebimento de vantagem (exaurimento) - pena de 2 a 5 anos, reclusão + multa
(será julgado pela justiça comum e não cabem medidas despenalizadoras)

=/ do Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado (crime próprio do


funcionário público, mesmo que ainda não exercendo OU não mais exercendo suas
funções)

Resistência (art. 329) - ATO LEGAL, VIOLÊNCIA OU AMEAÇA (oposição ativa), COMPETENTE
OU QUEM O AUXILIAR.
Conduta e tipicidade - opor-se
O ato a que se opõe deve ser FORMALMENTE legal. Não se discutindo, nesse momento, a
justiça da decisão, mas apenas a formalidade.
Sujeito ativo - CRIME COMUM, qualquer sujeito, mesmo o que é alheio ao ato legal
Sujeito passivo - Estado (bem tutelado = moralidade administrativa)
Sujeito passivo secundário - Funcionário ou terceiro que sofre violência ou ameaça
Tipo subjetivo - dolo
Consumação - prática do ato de violência ou ameaça, independe do real impedimento do ato
CRIME FORMAL
Qualificadora pela não execução do ato - de um mês a 3 anos - competência da justiça comum!
Pena: 2 meses a 2 anos, detenção, E multa - Competência do JECRIM - ameaça é crime meio,
absorvida pela resistência.
+ Penas relativas à violência praticada
Concurso formal impróprio de crimes = cúmulo material de crimes (única conduta que configura
dois crimes dolosos distintos) - violência não é absorvida pela resistência, nesse caso
competência da justiça comum. Se mais de um funcionário, resistência é crime único, lesão
corporal, por exemplo, será um crime para cada funcionário lesado

Desobediência (art. 330) ORDEM LEGAL, DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO, INDIVIDUALIZADA


Conduta e tipicidade - desobedecer = descumprir dolosamente
CRIME OMISSIVO PRÓPRIO - pode assumir uma postura comissiva, se ato desobedecido for o
de NÃO fazer. NÃO pode haver sanção administrativa para o ato.
Sujeito ativo - CRIME COMUM, qualquer sujeito, até o funcionário público, se não no exercício de
sua função (porque aí seria prevaricação) e desde que a lei obrigue o sujeito a seu cumprimento.
Sujeito passivo - Estado (bem tutelado = moralidade administrativa)
Tipo subjetivo - dolo
Consumação - prática do ato proibido ou omissão de ato obrigatório - mera desobediência
CRIME DE MERA CONDUTA
Pena: 15 dias a 6 meses, detenção, E multa - Competência do JECRIM

DESACATO!! - APOSTA de cair na prova… NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO OU EM RAZÃO DELA


Conduta e tipicidade - desacatar = menosprezar/diminuir/humilhar/menoscabar
CRIME DE FORMA/CONDUTA LIVRE - praticado de n formas distintas (por palavras, gestos,
escritos, até por omissão…)
Funcionário deve estar no exercício da função OU desacato deve se dar em razão da função -
relacionado a seu exercício. Desacato deve ocorrer na PRESENÇA do funcionário (NÃO existe o
desacato por telefone, whatsapp, carta…)
Sujeito ativo - CRIME COMUM, qualquer sujeito, até o funcionário público se não no exercício de
suas funções (divergência doutrinária e jurisprudencial).
Sujeito passivo - Estado (bem tutelado = moralidade administrativa)
Sujeito passivo secundário - Funcionário Público
Tipo subjetivo - dolo
Consumação - no momento em que o funcionário toma conhecimento do desacato (independente
de seu sentimento sobre a ofensa)
CRIME FORMAL
Impossível a tentativa - a necessidade do funcionário no local, torna o crime unissubsistente
Pena: 6 meses a 2 anos, detenção, OU multa - Competência do JECRIM
STJ definiu o tipo do crime de desacato é uma norma INVÁLIDA, pois o pacto de San Jose da
Costa Rica, que tem caráter supralegal, e define a liberdade de expressão como um dos direitos
humanos e que esse direito é incompatível com a norma legal - controle de convencionalidade.
Em controle DIFUSO - O plenário NÃO concordou com essa decisão. = Liberdade de expressão
não é absoluto = desacato seria ABUSO da liberdade de expressão.
Tráfico de Influências (art. 332). VANTAGEM OU PROMESSA DE VANTAGEM, ATO DE
FUNCIONÁRIO PÚBLICO, EXERCÍCIO DA FUNÇÃO. FRAUDE!!
Conduta e tipicidade - Solicitar = pedi, requerer, barganhar
- Exigir = solicitar de maneira coercitiva
- Cobrar = solicitar
- Obter = receber
Conduta engloba concussão e corrupção passiva - Mas praticado por particular. O funcionário
público cuja influência é negociada NÃO sabe da negociação e NÃO compartilha da vantagem
(caso fosse, seria corrupção passiva)
Sujeito ativo - CRIME COMUM, qualquer sujeito,
Sujeito passivo - Estado (bem tutelado = moralidade administrativa)
Sujeito passivo secundário - terceiro que sofre a exigência ou solicitação
Tipo subjetivo - dolo
Consumação - Com a simples solicitação, exigência ou cobrança - CRIME FORMAL - ou com o
efetivo recebimento da vantagem, caso oferecida pelo particular - CRIME MATERIAL
Pena: 2 a 5 anos, reclusão, E multa.
Aumento de pena no caso de “inventar” o particular que a vantagem também se destina ao
funcionário público. Inventar porque, se realmente houver envolvimento do funcionário, será
corrupção passiva.

Crimes na lei 8666

Efeito automático da condenação penal por crimes dessa lei, AINDA que na modalidade tentada =
PERDA de cargo, emprego, função ou cargo eletivo.

Mesmo conceito de funcionário público do código penal - conceito amplo.

Lei se aplica aos Estados e aos Municípios - Regras gerais!!

Sujeito passivo é sempre o Estado


Bem jurídico é sempre a moralidade administrativa e o correto funcionamento de suas atividades
Tipo subjetivo é sempre o dolo

Exemplos:

Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades
pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade:
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovadamente concorrido para a consumação da
ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público.
Crime próprio
Consumação - dispensa ou inexigibilidade - dispensado o prejuízo ao erário - CRIME FORMAL
(divergência jurisprudencial)
Dolo + dolo específico de dano
Tentativa impossível por ser delito unissubsistente
Pode haver concurso de pessoas
Para prefeito, cabe a lei específica
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do
procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto
da licitação:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Necessário o especial fim de agir de ganho e vantagem (decorrente do vencimento, e talvez de
superfaturamento, do processo licitatório)
Crime próprio
Crime praticado pelo particular que participa do processo licitatório, mas pode ter conlúio de
outros indivíduos - cabe concurso de pessoas
Crime formal - não depende de dano ao erário

Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Administração, dando causa à
instauração de licitação ou à celebração de contrato, cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder Judiciário:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Advocacia administrativa licitatória = mesmo crime, mas especializado = figura especial
Diferença é que o crime é material, que não existe sem a realização do contrato.

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