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Crimes funcionais:
- Próprios: só é crime quando o ato é praticado por funcionário público. A conduta do
particular, em situação semelhante, não configura crime. Se tirar a figura do
funcionário público, é configurada a atipicidade.
- Impróprios: há dois tipos penais com as mesmas características, um sendo
praticado por funcionário público e outro praticado por particular. Se tirar a figura do
funcionário público, há mera desclassificação do crime para outro tipo penal.
* não confundir com crime próprio, que diz respeito ao concurso de pessoas.
NÃO é funcionário público - quem exerce mero munus ou encargo público (obrigação de cuidar de
interesses privados por determinação da legal ou judicial - ex: tutor e curador judicial;
administrador judicial da falência)
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em
entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou
conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos
neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou
assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa
pública ou fundação instituída pelo poder público - NÃO inclui autarquias!!! - STF entende
que a majorante se estende a detentores de cargos eletivos, mas há divergência doutrinária
1. Peculato apropriação - Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular,
de que tem a posse em razão do cargo.
Conduta e tipicidade - Apropriar-se = comportar-se como se dono fosse
Consumação - ato incompatível com a condição de mero possuidor.
Tentativa possível, embora improvável.
2. Peculato desvio - desviar esse bem, em proveito próprio ou alheio.
Conduta e tipicidade - Desviar = dar utilização imprópria em definitivo* ao bem. *não há, no
CP, peculato de uso (há como crime de prefeito, veremos depois)
Consumação - momento em que o bem é desviado definitivamente, independente do
enriquecimento ilícito de terceiros.
O termo “em proveito próprio ou alheio” é o que diferencia o peculato desvio do emprego
irregular de verbas ou rendas públicas (crime de menor potencial ofensivo)
2. Peculato impróprio (peculato furto) - NÃO TEM POSSE, CARGO É FACILITADOR (nexo
funcional é imprescindível), GUARDA DA ADMINISTRAÇÃO (é necessário que o bem esteja sob
guarda da administração, para se configurar sujeito passivo - se não é furto simples).
Conduta e tipicidade - Subtrair = inverter ou adquirir a posse de maneira indevida. Ou concorrer
para a subtração.
Consumação - ato de aquisição da posse, com animus de definitividade (não há peculato de uso)
Pena: 2 a 12 anos de reclusão + multa
3. Peculato culposo - quando um funcionário concorre culposamente com outrem. Não trata-se
de concurso de pessoas em termo estrito (não há liame subjetivo)
Conduta e tipicidade - Concorrer = colaborar
Consumação - quando da consumação do outro crime pelo terceiro
Entendimento aplicado nas provas é de que o crime cometido por terceiro, e que foi facilitado pelo
funcionário público, pode ser qualquer crime, mesmo os crimes impróprios, desde que a
administração seja prejudicada.
DELITO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO - competência do Juizado Especial Criminal
Pena: 3 meses a 1 ano de detenção - cabendo as medidas despenalizadoras da lei 9.099
(transação penal e suspensão condicional do processo)
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade;
- Caso mais icônico de arrependimento posterior, com
se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
maior benefício ao réu - Reparação do dano deve ser integral e voluntária.
5. Peculato eletrônico -
6. Peculato uso
APENAS em relação ao PREFEITO, o Decreto Lei 201/67, existe a modalidade uso para o
peculato.
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo;
sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Destinação pode, inclusive, ser nobre, mas é irregular!!
Ao Prefeito se aplica DL 201/67
EXCESSO DE EXAÇÃO
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou,
quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Qualificadora quando desvia em proveito próprio ou de outrem
Pena - reclusão, de 2 a 12 anos e multa
CONCUSSÃO + CORRUPÇÃO + PREVARICAÇÃO
Corrupção ativa e passiva são EVENTUALMENTE crimes bilaterais, porém, sempre individuais
6. Prevaricação Imprópria
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros
presos ou com o ambiente externo:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Descumprimento de dever funcional específico (vedar ao preso acesso a comunicação externa)
Tipo subjetivo é somente o dolo, não sendo exigido característica subjetiva de indulgência
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Crime de mão própria - já que apenas o funcionário que tem o exercício relacionado à prática do
contrabando e do descaminho pode facilitar tais atos com infração do dever funcional
CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA (art. 320)
Conduta e tipicidade - deixar de responsabilizar
- não levar ao conhecimento
CRIME OMISSIVO PRÓPRIO (tipo é expressamente omissivo, ausência de conduta já é o crime)
Sujeito ativo - Superior hierárquico do infrator - Mesmo se não tiver competência para punir, deve
representar ao competente para tanto.
Sujeito passivo - Estado (bem tutelado = moralidade administrativa)
Tipo subjetivo - dolo + sentimento de indulgência/tolerância
Consumação - crime de mera conduta - quando se esgota o prazo para “denúncia”
Pena: 15 dias a um mês, detenção, OU multa - Competência do JECRIM
Resistência (art. 329) - ATO LEGAL, VIOLÊNCIA OU AMEAÇA (oposição ativa), COMPETENTE
OU QUEM O AUXILIAR.
Conduta e tipicidade - opor-se
O ato a que se opõe deve ser FORMALMENTE legal. Não se discutindo, nesse momento, a
justiça da decisão, mas apenas a formalidade.
Sujeito ativo - CRIME COMUM, qualquer sujeito, mesmo o que é alheio ao ato legal
Sujeito passivo - Estado (bem tutelado = moralidade administrativa)
Sujeito passivo secundário - Funcionário ou terceiro que sofre violência ou ameaça
Tipo subjetivo - dolo
Consumação - prática do ato de violência ou ameaça, independe do real impedimento do ato
CRIME FORMAL
Qualificadora pela não execução do ato - de um mês a 3 anos - competência da justiça comum!
Pena: 2 meses a 2 anos, detenção, E multa - Competência do JECRIM - ameaça é crime meio,
absorvida pela resistência.
+ Penas relativas à violência praticada
Concurso formal impróprio de crimes = cúmulo material de crimes (única conduta que configura
dois crimes dolosos distintos) - violência não é absorvida pela resistência, nesse caso
competência da justiça comum. Se mais de um funcionário, resistência é crime único, lesão
corporal, por exemplo, será um crime para cada funcionário lesado
Efeito automático da condenação penal por crimes dessa lei, AINDA que na modalidade tentada =
PERDA de cargo, emprego, função ou cargo eletivo.
Exemplos:
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades
pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade:
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovadamente concorrido para a consumação da
ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público.
Crime próprio
Consumação - dispensa ou inexigibilidade - dispensado o prejuízo ao erário - CRIME FORMAL
(divergência jurisprudencial)
Dolo + dolo específico de dano
Tentativa impossível por ser delito unissubsistente
Pode haver concurso de pessoas
Para prefeito, cabe a lei específica
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do
procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto
da licitação:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Necessário o especial fim de agir de ganho e vantagem (decorrente do vencimento, e talvez de
superfaturamento, do processo licitatório)
Crime próprio
Crime praticado pelo particular que participa do processo licitatório, mas pode ter conlúio de
outros indivíduos - cabe concurso de pessoas
Crime formal - não depende de dano ao erário
Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Administração, dando causa à
instauração de licitação ou à celebração de contrato, cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder Judiciário:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Advocacia administrativa licitatória = mesmo crime, mas especializado = figura especial
Diferença é que o crime é material, que não existe sem a realização do contrato.