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COMPONENTE PASTO EM SISTEMAS

SILVIPASTORIS
Parte 1

Domingos Paciullo
OBJETIVOS DA AULA

 Discutir sobre o comportamento das forrageiras em sistemas


silvipastoris;
 Discutir sobre o sombreamento e o manejo do componente
arbóreo;
 Apresentar as principais modificações morfofisiológicas das
plantas em resposta ao sombreamento.
INTRODUÇÃO
 Conforto animal;
 Aumento dos teores de proteína;
bruta da forragem;
 Diversificação e aumento de
renda.

 Melhoria das condições de solo;


 Melhoria do desempenho animal;
 Contribuição para solução de
problemas ambientais.
ALGUMAS INTERAÇÕES EM UM SISTEMA
SILVIPASTORIL
INTERAÇÕES ÁRVORE X PASTAGEM

Dividem mesmo espaço e exploram mesmas fontes de


recursos (competição por água, nutrientes e radiação
solar).
REDUÇÃO DA RADIAÇÃO SOLAR PARA O PASTO
 Radiação disponível para o
pasto reduz ao longo do
tempo, com o avanço do
crescimento das árvores.
CONDIÇÕES DE SOMBREAMENTO
CONDIÇÕES DE SOMBREAMENTO
REDUÇÃO DE LUMINOSIDADE X PRODUÇÃO DO
PASTO
 Fotossíntese = “mola propulsora do crescimento vegetal”;
 Fotossíntese é dependente de luz (radiação fotossinteticamente
ativa);
 Portanto, em condições de sombra as plantas estão sob condições
de estresse e podem reduzir a produção de forragem;
 Importante entender as respostas das plantas, para estabelecer
práticas de manejo adequadas.
DUAS QUESTÕES IMPORTANTES

Qual o nível de Qual a tolerância da


redução da radiação espécie forrageira
fotossinteticamente ao sombreamento
ativa para o pasto (relacionada à
(% de plasticidade
sombreamento) fenotípica)
1ª QUESTÃO: O COMPONENTE ARBÓREO COMO
CONDICIONADOR DO SOMBREAMENTO
 Espécie arbórea;
 Distribuição espacial das árvores;
 Densidade de plantio;
Competição
 Orientação do plantio (leste/oeste
– norte/sul);
árvore/pasto
 Idade das árvores (altura,
densidade de copa);
 Manejo das árvores (desrama,
desbaste).
ARRANJOS, DENSIDADES DE PLANTIO E ÁREA POR
PLANTA
Arranjos Nº árv./ha Área/árvore
20 x 4 m 125 80
15 x 3 m 222 45
10 x 4 m 250 40
15 x 2 m 333 30
(3 x 3) + 15 m 370 27
18 x 1,5 m 370 27
(3 x 4) + 7 m 500 20
(3 x 3) + 10 m 512 19
Muller et al., 2011
 Menores densidades proporcionam menor nível de
sombreamento à medida que as árvores crescem;

 Maiores densidades proporcionam maiores níveis de


sombreamento, além de que aumentam a competição por
espaço em nível basal, entre forrageira e árvores.
DESRAMA E DESBASTE DE ÁRVORES

 Aumento de luz para o pasto;

 Melhor qualidade da madeira (agregação de valor);

 Renda intermediária;

 Uso na propriedade.
MASSA DE FORRAGEM EM SSP DURANTE SETE ANOS
(KG/HA/CICLO DE PASTEJO)

(Paciullo, dados não publicados)


Foto: Marcelo Müller
EFEITO DO DESBASTE NA INCIDÊNCIA DE LUZ

Foto: Marcelo Müller


2ª QUESTÃO: A TOLERÂNCIA DA ESPÉCIE FORRAGEIRA
AO SOMBREAMENTO
(RELACIONADA À PLASTICIDADE FENOTÍPICA)
Plasticidade fenotípica

Capacidade de ajuste em resposta às


modificações ambientais.
VARIEDADE DE GRAMÍNEAS FORRAGEIRAS
TOLERÂNCIA AO SOMBREAMENTO MODERADO

Nome comum Nome científico


Capim-braquiária Brachiaria decumbens

Marandu, Piatã, Xaraés Brachiaria brizantha

Quicuio da Amazônia Brachiaria humidicola

Tanzânia, Mombaça, Aruana, Panicum maximum


Vencedor, Massai Panicum maximum

Hemarthria Hemarthria altissima


(Shelton et al., 1987; Schreiner et al., 1987; Carvalho et al., 1994; Castro et al.,
1999; Andrade et al., 2003; Paciullo et al., 2011; Santos et al., 2012)
SOMBREAMENTO X PERFILHAMENTO
NÚMERO DE PERFILHOS EM CONDIÇÕES DE
SOMBRA ARTIFICIAL
Gramínea Sol 36% 54% Redução* (%)

Decumbens
30 28 24 20
(vaso)

Xaraés (vaso) 21 18 16 24

Marandu
25 20 18 28
(vaso)
Tanzânia
30 25 21 30
(vaso)
1Paciullo et al., 2011; 2Castro et al., 2010)

* % de redução quando comparados sol pleno e 54% sombra.


NÚMERO DE PERFILHOS EM CONDIÇÕES DE
SOMBRA ARTIFICIAL
Gramínea Sol 43% 70% Redução* (%)

Brizantha
27 17 10 63
(vaso)

Gramínea Sol 50% 70% Redução* (%)

Decumbens
1.702 946 516 69
(m2)

Xaraés (vaso) 13 11 6 53

(Guenni et al., 2008; Martuscello et al., 2009; Gobbi et al., 2009)

* % de redução quando comparados sol pleno e maior sombreamento.


NÚMERO DE PERFILHOS EM CONDIÇÕES DE
SOMBRA NATURAL PERFILHOS POR M2

Gramínea Sol 18% 50% Redução* (%)

Decumbens 592 525 409 31

Gramínea Sol 20% 70% Redução* (%)

Decumbens 717 632 383 47

(Paciullo et al., 2008; Lopes et al., 2011)

* % de redução quando comparados sol pleno e maior sombreamento.


 65% sombra

 35% sombra
CAPIM-MASSAI SUBMETIDO A TRÊS NÍVEIS DE
SOMBRA

Sol pleno 30% sombra 60% sombra


REDUÇÃO NA DENSIDADE DE PERFILHOS COM O
SOMBREAMENTO (VÁRIOS AUTORES)

Redução na densidade de perfilhos com o sombreamento (vários autores)


REDUÇÃO NA DENSIDADE DE PERFILHOS COM O
SOMBREAMENTO (VÁRIOS AUTORES)

Redução na densidade de perfilhos com o sombreamento (vários autores)


SOMBREAMENTO X MORFOGÊNESE E
CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS
CARACTERÍSTICAS DA B. DECUMBENS CONFORME
SOMBREAMENTO

Sombra
Característica Sol pleno Sombra 18%
50%

Along. folhas (mm/perfilho/dia) 10,0 11,1 16,9

Along. colmos (mm/perfilho/dia) 3,5 2,8 4,9

Comprimento lâmina (cm) 14,8 16,2 22,1


(Paciullo et al., 2008; Lopes et al., 2011)
CARACTERÍSTICAS DA B. DECUMBENS CONFORME
SOMBREAMENTO
Sombra
Característica Sol pleno Sombra 18%
50%
Along. folhas (mm/perfilho/dia) 10,0 11,1 16,9

Along. colmos (mm/perfilho/dia) 3,5 2,8 4,9

Comprimento lâmina (cm) 14,8 16,2 22,1

Sombra
Característica Sol pleno Sombra 20%
70%
Along. folhas (mm/perfilho/dia) 14,2 19,3 27,7

Along. colmos (mm/perfilho/dia) 5,3 6,6 9,2

Comprimento da lâmina (cm) 13,0 16,8 19,7


(Paciullo et al., 2008; Lopes et al., 2011)
BIOMASSA DE FORRAGEM E DE RAÍZES DE B.
DECUMBENS SOB TRÊS INTENSIDADES DE RADIAÇÃO

Sombra (%)
Característica
Sol pleno 21 55

Biomassa forragem 2.306 a 2.591 a 1.778 b

Biomassa de raiz 3.071 a 1.963 b 1.684 b

Parte aérea/ Raiz 0,75 1,31 1,06


(Paciullo et al., 2010)

a > b (P<0,05)
RESPOSTAS MORFOFISIOLÓGICAS AO
SOMBREAMENTO
Respostas ao Consequências
sombreamento
Folhas maiores e maior teor de
Maior captação luz
clorofila
Folhas mais finas Menor taxa respiratória
Menor desenvolvimento
Menor tolerância a seca
radicular

Menor número perfilhos


Menor capacidade de reposição
Menor proporção perfilhos de plantas
reprodutivos
Alongamento caules Menor tolerância pisoteio
(Paciullo et al., 2010)
ASPECTOS IMPORTANTES
 Magnitude das respostas depende do grau de redução da radiação
incidente no pasto;

 Quanto maior o sombreamento, menor a taxa de perfilhamento,


ou seja, menor a capacidade de reposição de novas plantas no
pasto;

 Dentro de um determinado limite de sombreamento, as plantas


estarão aptas a continuar produzindo relativamente bem, em
decorrência de algumas modificações morfofisiológicas.

(Paciullo et al., 2010)


SOMBREAMENTO

MODIFICAÇÕES MORFOFISIOLÓGICAS DAS


PLANTAS

PRODUTIVIDADE DE FORRAGEM
(Paciullo et al., 2010)
PRODUÇÃO DE FORRAGEM

(Paciullo et al., 2010)


MASSA DE FORRAGEM (T MS/HA.CICLO) EM PASTAGEM
DE BRAQUIÁRIA E SSP, COM SOMBRA MODERADA (30%)

Ano Braquiária SSP %*

2004 2,2 2,1 95

2005 2,0 1,8 90

2006 2,0 1,9 95

Paciullo et al. (2011)

* Percentagem da produção no SSP em relação ao pasto em condições de sol pleno.


PRODUÇÃO MS DE GRAMÍNEAS EM AMBIENTE
SOMBREADO (35%) OU A SOL PLENO
Produção MS (t/ha)
Espécie
Sol Sombra %*

B. brizantha 7,0 6,9 98

P. maximum 8,2 6,3 77

Carvalho et al. (1997)

* Percentagem da produção na sombra em relação ao sol pleno.


TAXAS DE CRESCIMENTO DE GRAMÍNEAS SOB
SOMBREAMENTO

(Andrade et al., 2004)


LEGUMINOSAS ARBÓREAS PODEM TRAZER
BENEFÍCIOS PARA A PRODUTIVIDADE DE FORRAGEM

(Wilson, 1996; 1998; Carvalho, 1994)


FERTILIDADE SOLO (0 -10 CM) EM PASTAGEM DE
BRAQUIÁRIA EM SSP COM ÁRVORES LEGUMINOSAS*
Características químicas do solo
Sombra
K P
mg/cm3

Sol pleno 30,6 1,87

29% 35,0 2,90

40% 47,6 5,20


(Paciullo et al., 2011)
* 14 anos após o plantio das árvores
FERTILIDADE SOLO (0 -10 CM) EM PASTAGEM DE
BRAQUIÁRIA EM SSP COM ÁRVORES LEGUMINOSAS*
Características químicas do solo
Sombra
CTC efetiva CTC potencial
MO (%)
Cmol/dm3

Sol pleno 1,25 5,60 1,70

29% 1,45 6,87 2,10

40% 1,86 7,53 2,53


(Paciullo et al., 2011)
* 14 anos após o plantio das árvores
PRODUÇÃO DE FORRAGEM EM FUNÇÃO DO
SOMBREAMENTO POR LEGUMINOSAS ARBÓREAS (ÉPOCA
CHUVOSA. 13º E 14º ANOS APÓS PLANTIO ÁRVORES)
Sombra
Época
Sol pleno 29% 40%

Acúmulo MS
22,7 c 30,3 b 44,7 a
(kg/ha.dia)

Massa forragem
1.595 c 2.051 b 3.130 a
(kg/ha de MS)
Adaptado de Castro et al. (2009)
CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES
 Forrageiras mais utilizadas em sistemas pecuários são
moderadamente tolerantes à sombra moderada;

 Redução acentuada da RFA proporciona queda do


perfilhamento e produção de forragem, ameaçando a
persistência do pasto (degradação);

 Densidade de árvores deve proporcionar sombreamentos


moderados, visando otimização da produção do pasto.
MUITO OBRIGADO!
Domingos Paciullo

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