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COMANDO DA AERONÁUTICA
DEPARTAMENTO DE ENSINO DA AERONÁUTICA
CFSD
MATERIAL DIDÁTICO –
USO EXCLUSIVO EM INSTRUÇÃO
SUMÁRIO
UNIDADE 1: O TERRENO.............................................................6
I. GENERALIDADES.....................................................................6
II. CLASSIFICAÇÃO DO TERRENO.................................................6
III. NOMENCLATURA DO TERRENO...............................................8
IV. VALOR MILITAR DOS ACIDENTES...........................................19
V. AVALIAÇÃO DE DISTÂNCIAS:..................................................22
VI. DESCOBERTA E DESIGNAÇÃO DE ALVOS:...............................23
UNIDADE 8: ESTACONAMENTOS................................................77
I. FORMAS DE ESTACIONAMENTO..............................................77
II. PREPARAÇÃO DO ESTACIONAMENTO......................................77
III. HIGIENE DOS LOCAIS DE ESTACIONAMENTO..........................78
IV. SEGURANÇA NO ESTACIONAMENTO.......................................79
UNIDADE 1: O TERRENO
I. GENERALIDADES
a) compreender o valor militar dos diversos acidentes, de modo a facilitar sua conduta
individual;
b) utilizar as características topológicas para possibilitar o cumprimento da missão; e
c) comunicar-se segundo um linguajar padronizado, a fim de facilitar o mútuo
entendimento com os demais integrantes da tropa.
Em princípio, todos os tipos de terreno podem ser defendidos ou atacados, desde que a
tropa encarregada da missão saiba utilizar os acidentes topográficos com objetividade, de
modo a ajustar os fogos de suas armas e tirar o máximo proveito para proteger-se na defesa ou
progredir com segurança no ataque.
2.1 VISIBILIDADE
2.3 PROGRESSÃO
2.4 PRATICABILIDADE
2.5 VEGETAÇÃO
3.1 ALTIMETRIA
Altimetria é a parte da Topografia que se ocupa das formas do terreno, ou seja, do seu
modelado, relevo e de sua representação gráfica.
Figura 3 - Altitude
3.1.2 COTA
3.1.3 ELEVAÇÕES
Este termo é utilizado para designar qualquer porção elevada na superfície. Na maioria
dos casos, as elevações são agrupadas, possuindo interligações entre si, estabelecendo um
formato contínuo e bastante irregular. Todavia, algumas regiões apresentam elevações
isoladas que se destacam no terreno plano e possuem elevado valor militar.
São formações singulares que se destacam visualmente uma vez que os terrenos ao seu
redor possuem poucos acidentes topográficos. Existem dois tipos de elevações isoladas:
Figura 4 - Colina
Figura 5 - Mamelão
Garupa: porção de terra e/ou rocha, com formato arredondado, semelhante a anca
de um cavalo, que se projeta de uma elevação;
Figura 6 - Garupa
Espigão: forma semelhante à garupa, porém, de aspecto triangular e alongada; e
Figura 7 - Espigão
Esporão: Forma que se assemelha ao espigão, sendo intercalado por uma depressão
denominada “colo”, a partir da qual, destaca-se um cume mais ou menos pronunciado.
Figura 8 - Esporão
Crista topográfica: linha visível no plano horizontal que destaca a elevação dos
demais elementos, tais como o céu ou outras elevações;
Crista militar: linha formada pela reunião dos pontos de maior cota, dos quais se
pode ver e bater com tiros de trajetória tensa o sopé da elevação;
Figura 12 - Cristas
Figura 13 - Encostas
Sopé: denominação dada à parte mais baixa das elevações, onde originam-se as
encostas.
Figura 14 - Sopé
3.1.8 DEPRESSÕES
Vistas de cima, são formas opostas às elevações, para onde seguem as águas das chuvas
trazidas pelas encostas. Quando comparadas aos pontos elevados do terreno, assemelham-se a
escavações. As depressões em sua grande maioria são leitos para o escoamento das águas em
forma de ravinas e vales.
Figura 15 – Depressões
3.1.8.1 Cuba
3.1.8.2 Ravina
Toda Ravina é configurada por sulco ou depressão mais ou menos profunda nas
encostas de elevações.
Figura 16 - Ravina
3.1.8.3 Vale
Região baixa do terreno, existente entre elevações mais ou menos paralelas, formada
pelo encontro das vertentes dessas elevações. Os vales têm forma de sulcos alongados e
sinuosos, de profundidade e largura variáveis. Um vale estreito e que permita acesso a outro
compartimento do terreno, pode tomar a forma de garganta, corredor ou desfiladeiro.
Figura 17 - Vale
3.1.8.4 Corredor e desfiladeiro
Quando uma garganta tem extensão apreciável, recebe o nome de corredor. Se este
apresenta encostas íngremes e de difícil acesso é chamado desfiladeiro.
3.1.8.6 Garganta
Depressão bastante acentuada, estreita e curta, que serve de passagem entre duas
elevações.
Figura 18 - Garganta
3.1.8.7 Brecha
Figura 19 - Brecha
3.1.8.8 Cortes
São depressões artificiais, de aspecto uniforme, feitas nas elevações, para a passagem de
estradas (de ferro ou de rodagem).
Figura 20 - Cortes
3.1.8.9 Colo
É uma depressão de
pequena extensão e mais
ou menos suave, existente na linha de crista de uma elevação.
Figura 21 - Colo
3.1.9 PLANÍCIE
É uma grande extensão de terreno plano situada em regiões de baixa altitude. Pode ser
classificada em diferentes denominações, tais como:
a) Pampas: nome dado às vastas planícies da América do Sul, que são cobertas de
vegetação rasteira e apropriadas para a criação de gado, existentes em algumas
regiões do mundo.
b) Várzea: terreno baixo, plano e fértil que se situa às margens de rios e ribeirões,
podendo ainda ser conhecida como “vargem”.
c) Baixada: planície normalmente localizada entre o sopé de grandes elevações e o mar
ou um rio.
3.2 PLANIMETRIA
3.2.1 HIDROGRAFIA
a) Rio: curso de água doce natural, mais ou menos volumoso, passível de ser navegável,
sob circunstâncias normais, em grande parte de sua extensão.
b) Ribeirão: curso com um volume de água menor que o do rio, porém, muito mais
caudaloso que um riacho.
c) Riacho, ribeiro ou córrego: curso de água muito pequeno e que geralmente dá vau em
toda sua extensão; no norte do Brasil chama-se igarapé e no sul arroio.
d) Cabeceira ou nascente: local situado normalmente em regiões altas onde o rio nasce.
e) Bacia: região banhada por um rio e pela rede de seus tributários.
f) Afluente ou tributário: Diz-se que um curso d’água é afluente ou tributário quando
nele deságua, perdendo, consequentemente, seu nome.
g) Leito ou calha: sulco cavado no terreno pelas águas de um rio.
h) Embocadura ou foz: é o ponto em que um rio lança suas águas em outro rio, num
lago ou no mar.
i) Margens: são as bordas contíguas ao leito de um rio. Para se determinar qual é a
margem direita ou esquerda de um rio, deve-se dar as costas para a direção de onde
provêm as águas, e tem-se, assim, do lado direito e esquerdo as margens respectivas.
j) Jusante e montante: Um ponto qualquer está a jusante em relação a um outro quando
está abaixo, e a montante quando se acha rio acima.
k) Saco e praia: Numa curva de rio, geralmente, existe uma parte côncava e barrancosa
que se denomina saco e uma parte convexa denominada praia, que é sempre mais
baixa do que o saco.
l) Vau: região em que um curso de água dá passagem a pé, a cavalo ou em viatura.
Constitui acidente de importância em face da necessidade que oferece à transposição
dos cursos de água por pequeno número de elementos (Fig. 34).
m)Estirão: É o trecho mais ou menos reto de um rio.
3.2.2 VEGETAÇÃO
3.2.2.1 O revestimento vegetal pode apresentar-se sob vários aspectos:
a) Floresta: mata espessa, em grande parte constituída por árvores seculares e que
ocupam espaços imensos do terreno. Nas regiões tropicais e equatoriais adquire
aspecto bastante hostil, sendo denominada “selva”.
b) Mata: aglomeração de árvores cobrindo uma considerável porção do terreno, porém,
de extensão muito menor que a floresta.
c) Bosque: pequena mata, ressaltada nitidamente entre o revestimento circundante. O
bosque geralmente é permeável à passagem do homem a pé.
d) Capão: pequeno bosque isolado no campo. No norte do Brasil é denominado ilha.
e) Capoeira: vegetação que nasce após um trecho de mata ter sido derrubado.
Caracteriza-se pela predominância de arbustos e árvores de pequeno porte.
f) Pomar: conjunto de árvores frutíferas formando um bosque, cuja disposição das
árvores é, normalmente, bastante regular.
g) Macega: conjunto de vegetação baixa que cresce nos campos, constituída
normalmente de capinzais e arbustos diversos.
h) Renque: fileira de árvores em linha simples, reta ou quebrada, cuja característica
maior é oferecer máscara contra vistas aéreas e terrestres.
i) Campo: É o terreno limpo e descoberto, que tem como revestimento vegetal
gramíneas e outras vegetações rasteiras, podendo ter ou não árvores esparsas.
3.2.2.2 Constituem, ainda, outros elementos da vegetação:
a) Clareira: região sem árvores, existente no interior de uma floresta, mata ou bosque.
Quando essa clareira é coberta de pastagem, diz-se que é uma clareira campestre.
b) Orla: linha exterior que determina o perímetro de uma floresta, mata, bosque,
capoeira, etc.
Figura 27 – Nó de estradas
IV. VALOR MILITAR DOS ACIDENTES:
4.1 COBERTAS
Figura 28 - Cobertas
4.2 ABRIGOS
Figura 29 - Abrigo
4.3 OBSTÁCULOS
São porções do terreno que possibilitam progredir sem ser observado e, muitas vezes,
protegido dos fogos do inimigo. São classificados em duas categorias:
a) Cobertos das vistas: picadas ou trilhas dentro das matas e bosques, orla de bosques.
b) Abrigados do fogo: valas, fossos, taludes e barrancos.
a) O terreno apresenta diversos indícios que nos permitem concluir ou deduzir quais
acidentes, instalações ou obstáculos se acham ocultos às nossas vistas:
b) Chaminés podem denunciar a presença de fábricas, usinas ou engenhos.
c) Torres de igreja, redes elétricas de baixa tensão, telhados, casas esparsas, rastros de
pessoas podem indicar a proximidade de povoados.
d) Redes elétricas e renques de árvores podem indicar a proximidade de estradas.
e) Vestígios de pegadas em ambas as margens de um curso d’água podem indicar que o
mesmo favorece sua travessia.
f) Sempre que a mata apresentar coloração mais escura nas partes mais baixas do
terreno, existe a possibilidade de serem encontrados riachos, córregos ou arroios.
g) Rastros de pessoas ou veículos, bem como embalagens e itens bélicos podem
oferecer indícios da passagem ou permanência de uma tropa.
V. AVALIAÇÃO DE DISTÂNCIAS:
O combatente, depois de ter seu passo aferido, conta quantos passos dá em determinado
percurso e assim, fazendo uma conversão simples, calcula a distância percorrida em metros.
b) Processo Indireto
Utilizado quando o alvo ou objetivo não surgir à nossa vista tão facilmente como no
processo direto, aparecendo menos perceptível no terreno.
a) para observar;
b) como ponto de parada no decorrer de uma progressão;
c) para atirar, somente quando não dispuser de abrigo; ou
d) para mediante trabalho de sapa, transformá-la num abrigo.
O uso de cobertas como posição de tiro deverá ser evitado a todo custo.
Ao ocupar uma coberta, o combatente deve, sempre que possível, aproveitar sua
sombra, pois ficará menos visível ao inimigo (Fig. 48). Quaisquer movimentos desnecessários
devem ser evitados para não chamar a atenção do inimigo.
Sempre que for observar, é preferível que o combatente deite sobre o solo, de modo a
reduzir sua silhueta. Nos arbustos, deve-se observar através de aberturas nas folhagens, desde
que tal movimento não denuncie a posição do observador. Neste caso, deve-se observar pelos
lados e pela parte inferior da coberta. O mesmo procedimento é válido em relação a muros,
troncos, pedras, etc.
Figura 37 – Uso de cobertas
Não se deve ocupar um abrigo que possua pedras ou muro à retaguarda, pois o ricochete
dos projeteis causam, geralmente, ferimentos tão graves quanto os impactos diretos. Os
seguintes elementos naturais do terreno oferecem boas condições para abrigar um combatente:
Emprega-se este processo quando a situação tática exigir maior rapidez, a fim de
explorar uma oportunidade ou se necessitar transpor uma área desprovida de abrigos e
cobertas, de modo a evitar expor-se ao fogo inimigo. O combatente correrá, conduzindo a
arma com ambas as mãos, em condições de empregá-la rapidamente, mas mantendo o dedo
fora do gatilho.
5.3 ENGATINHAR
Este processo pode ser adotado sempre que o terreno oferecer cobertas e abrigos de
média altura. Exige maior esforço do combatente e a velocidade alcançada é menor em
relação aos métodos anteriores, porém mais rápido do que o rastejo. O combatente deverá
conduzir sua arma em uma das mãos (direita ou esquerda), de modo a evitar que sujeira ou
terra penetrem na boca da arma ou na janela de ejeção.
5.4 RASTEJO
Processo adotado quando o terreno não oferece “cobertas” ou “abrigos” com altura
suficiente para o combatente engatinhar ou se o mesmo for apanhado de surpresa pelo fogo
inimigo. O rastejo é executado pelo militar deitado de barriga para baixo. Existem dois
processos para se rastejar, ambos são extremamente lentos e fatigantes:
Quando deseja rastejar com um pouco mais de rapidez, o combatente deita-se sobre o
solo, mantendo seu corpo dele afastado e utilizando os antebraços e os joelhos como pontos
de apoio. Acomoda-se o fuzil sobre os cotovelos ou em ambas as mãos, a fim de evitar que a
boca do cano ou a abertura da culatra tenha contato com o terreno. Progride-se alternando os
avanços do cotovelo direito e joelho esquerdo, com os do cotovelo esquerdo e joelho direito.
Mais lento e cansativo que o processo anterior, o rastejo baixo permite a progressão em
terrenos caracterizados por cobertas e abrigos de alturas mínimas e quando a velocidade não
for essencial ao cumprimento da missão. Mantendo seu corpo junto ao solo, o combatente
segura a bandoleira próximo ao zarelho superior, apoiando a arma sobre um de seus
antebraços, evitando arrastar a mesma sobre o solo. Para progredir, levam-se as mãos à frente
da cabeça, conservando os cotovelos no solo. encolhe-se uma das pernas e com ela empurra-
se o corpo para frente, utilizando o auxílio da tração das mãos e antebraços. Deve-se trocar
com frequência a perna de impulsão, para evitar o cansaço.
5.5 ROLAMENTO
O “lanço” é uma corrida curta e rápida realizado entre duas posições abrigadas ou
cobertas e que, em terreno limpo, não deverá ultrapassar a distância de 15 metros. Quando
atuando isolado, o combatente deverá avaliar bem a situação para evitar “surpresas” no
decorrer de seu deslocamento.
Todo deslocamento deverá ser realizado sem qualquer vacilo, pois eventuais paradas ou
recuos poderão colocar a vida do militar em risco. Para uma decisão firme e acertada o
combatente deve, ao preparar um lanço, responder a si próprio as perguntas que se seguem:
Após cada lanço realizado, o combatente deverá parar, escutar, observar, considerar a
situação como um todo e, só então, prosseguir em seu deslocamento. Sempre que possível,
deve-se evitar a ocupação de um mesmo abrigo que já tenha sido utilizado pelo homem que o
precedeu, pois o inimigo pode ter identificado aquela posição e direcionar seus fogos sobre a
mesma. O mesmo cuidado deve ser tomado com itinerários que não sejam completamente
desenfiados.
Para deslocar-se por lanço em partindo da posição deitado, o combatente deve erguer a
cabeça e escolher o ponto de destino para o lanço. No momento oportuno, levanta-se do solo
em um movimento rápido e contínuo, apoiando-se nas mãos e nas pontas dos pés. A seguir,
corre direto e a toda velocidade até o ponto escolhido. Dependendo da situação tática, a
exceção dos processos de rastejo ou de engatinhar, o combatente progredirá com o seu
armamento em condições de utilizá-lo, ou seja, de engajar um alvo e atirar.
No período noturno, a progressão torna-se mais lenta devido às limitações impostas pela
dificuldade em se visualizar os itinerários e a possível presença do inimigo, bem como pela
dificuldade para orientar e controlar a tropa. Apesar dos equipamentos de visão noturna
ampliarem a acuidade visual do combatente, sua distribuição será restrita a determinados
elementos da tropa, tais como: comandantes, atiradores de armas coletivas, motoristas, etc.
Tais problemas são agravados sempre que a situação tática recomendar estrita disciplina
de luzes e ruídos. Todo militar deve estar em condições de deslocar-se e aproximar-se do
inimigo silenciosamente, o que implica em uma rigorosa preparação individual, destacando-se
os cuidados com a camuflagem individual, com o uso de uniformes e equipamentos
adequados à missão, evitando o transporte de itens desnecessários ou supérfluos.
Ao caminhar, o militar deverá “jogar” o peso de seu corpo sobre o pé que estiver atrás,
movendo cuidadosamente o pé da frente até encontrar uma superfície firme e segura para
pisar. O joelho deve ser levantado até a altura da cintura, de modo a evitar possíveis
embaraços ou tropeços na vegetação à frente. Nas noites muito escuras pode-se segurar a
arma com uma das mãos e com a outra explorar à frente, a fim de descobrir qualquer
obstáculo.
Deve-se engatinhar como se faz durante o período diurno, procurando-se colocar o fuzil
no solo, ao lado do corpo, com a boca para frente e janela de ejeção para cima. Com a mão
livre, o militar deve procurar clarear a área a sua frente, de modo a evitar pedras, galhos secos
ou outros objetos que possam produzir ruídos. Após certificar-se disso, deverá manter a mão
onde está e deslocar o joelho para o local escolhido. Repetindo alternadamente os
movimentos de mãos e joelhos, o combatente conduz sua arma simultaneamente, procurando,
cautelosamente, locais para colocá-la.
Figura 43 – Engatinhamento noturno
O combatente deve considerar duas situações para abrigar-se ou progredir sob o fogo da
infantaria inimiga. A primeira se dá quando a infantaria inimiga estiver atirando a distâncias
superiores a 800 metros. O segundo se apresenta sempre que o inimigo disparar suas armas a
menos de 800 metros.
A maneira correta para ocupar o abrigo diante de fogo inimigo caracterizado por
“trajetórias mergulhantes” consiste em deitar-se, de modo que o corpo do combatente fique
perpendicular à direção de onde vêm os tiros, encostando todo o corpo, o máximo possível no
talude do abrigo.
Para progredir sob fogos disparados a distâncias inferiores a 800 metros, ou seja,
aquelas nas quais os projéteis descrevem trajetórias tensas, o combatente progride por lanços
curtos e rápidos, a fim de transpor os trechos descobertos entre os abrigos existentes. Se
possível, cada lanço não deve ultrapassar 15 metros, pois o militar não deve ficar exposto às
vistas e fogos do inimigo mais do que 5 segundos.
Quando sob o fogo de armas de artilharia ou morteiros, que impõem uma trajetória
curva aos obuses e projéteis, o combatente deverá deitar-se imediatamente, buscando um
abrigo nas proximidades e, se a situação assim o permitir, construir uma toca capaz de
protegê-lo contra os estilhaços. Caso o terreno ofereça abrigos na forma de barrancos, fossos
ou trincheiras, o militar deverá ocupá-los, cavando, na parte mais baixa possível de seu talude,
um nicho de tamanho suficiente para abrigar-se em seu interior.
Sendo o tiro executado com certa intensidade, e se o terreno possuir vários abrigos,
deve-se progredir de abrigo em abrigo para sair da zona de fogos. Sempre que ouvir a
detonação do canhão ou o sibilar da aproximação da granada, o combatente deve deitar-se
para escapar aos estilhaços, e logo após ao arrebentamento do projétil, progredir rapidamente
para um novo abrigo, mais à frente ou que ofereça mais segurança.
Caso não existam abrigos e o tiro seja intenso, o combatente deve progredir por lanços
curtos e rápidos. Durante o trajeto, ao ouvir as detonações do canhão, o militar deverá deitar-
se e, após o som das explosões das granadas, deverá levantar e dar um novo lanço. Existindo
um bom abrigo no terreno, e a missão assim o permitir, deve-se nele permanecer, até cessar a
barragem da artilharia ou dos morteiros.
Transpor obstáculos em combate constitui difícil tarefa, pois deixa qualquer combatente
em situação extremamente vulnerável, especialmente, em presença do inimigo. Devido às
restrições de movimento impostas por um obstáculo, é de se esperar que o inimigo os
mantenham sob vigilância e mantenha-os sob fogos defensivos, podendo empregar minas e
armadilhas em suas proximidades.
Em princípio é mais seguro ultrapassar uma cerca de arame por baixo, porque o
combatente não expõe demasiadamente sua silhueta ao inimigo. O combatente deve rastejar
de costas para o solo, por baixo dos arames, empurrando seu corpo com o auxílio das pernas.
Esta posição (barriga para cima) também permite uma melhor visão dos fios contra a
claridade do céu, mesmo sob a escuridão. Para evitar surpresas, como minas e arames de
tropeço, deve-se usar as mãos para apalpar cuidadosamente o terreno à frente da cabeça, antes
de levantar os arames mais baixos. O armamento deve ser levado ao longo do corpo e sobre a
barriga, para que ambas as mãos permaneçam livres.
A abertura de brechas por meio de cortes nos obstáculos de arame exige tempo e pode
disparar armadilhas implantadas pelo inimigo. O corte do arame deve ser feito em direção
oblíqua à frente e os fios superiores da rede não devem ser rompidos, de modo a ocultar esta
ação ao inimigo. Para abafar o ruído produzido pelo corte, é conveniente envolver o fio com
um pano no local onde será aplicado o alicate. Estando só, o combatente deve segurar o arame
próximo a uma estaca. Os pedaços do arame cortado devem ser enrolados nas estacas.
9.2 TRANSPOSIÇÃO DE VALAS E TRINCHEIRAS
No campo de batalha, muitas posições defensivas são rodeadas por trincheiras, fossos
anticarro e valas para escoamento de água. Antes de adentrar estes obstáculos, o militar deve
examinar, com cuidado e em silêncio, o seu interior, avaliando sua profundidade, largura,
possibilidade da presença do inimigo e da existência de armadilhas.
Observar sem ser observado. Esta é a regra geral para o combatente que somente pode
ser materializada com a escolha da melhor posição para visualizar o terreno sem despertar a
atenção do inimigo.
Neste contexto, Postos de Vigilância (P Vig) nada mais são que observatórios,
normalmente preparados e ocupados por uma tropa de pequeno efetivo ou mesmo por um
militar isolado, designados para observar registrar ou comunicar fatos ou situações de
importância militar.
Uma observação completa deve ser capaz de responder aos seguintes questionamentos:
“de onde?” (P Vig ou local do qual foi feita a observação); “quem ou o quê?” (fato ou situação
foi observada); “onde?” (em que local verificou-se o fato); “como?” (quais as atitude ou
métodos utilizados pelo inimigo); e “quando?” (hora exata da observação). De onde? Quem ou
o quê? Onde? Como? Quando?
Ao observar no período diurno, o combatente tem sua missão facilitada, porém deve
tomar cuidados para não denunciar sua posição ao inimigo. Para tanto, devem ser evitados
pontos destacados do terreno ou próximos a ângulos mortos ou caminhos desenfiados, que
permitam a aproximação furtiva do inimigo. Também devem ser consideradas as
características do ambiente tendo em vistas as necessidades de camuflagem do P Vig e seus
ocupantes.
Moitas, arbustos, troncos, pedras, muros, cercas ou montes de terra podem ser utilizados
como P Vig. Todavia sua utilização exige que o combatente deite-se e observe através da
coberta ou pelos cantos inferiores, utilizando a sombra, mantendo a imobilidade e
confundindo-se com o terreno. O observador deverá evitar ficar exposto contra o horizonte,
evitar pontos notáveis no terreno. Especial cuidado deve ser tomado quando da ocupação e do
retraimento, para evitar a projeção da silhueta.
A “visão fora do centro” pode ser utilizada para manter a atenção dirigida para um
objetivo, sem olhá-lo diretamente, pois neste caso a imagem se formará no centro da retina,
cujas células, tipo cones, não são sensíveis no escuro. Se olharmos acima, abaixo ou para os
lados, a imagem se formará numa região da retina cujas células, tipo bastonetes, são sensíveis
à escuridão. Assim, conclui-se que se o combatente deseja observar um determinado objetivo
à noite, deve fazê-lo não diretamente, mas sim com um pequeno desvio, pois desta maneira
conseguirá distinguir a sua forma e contornos com maior facilidade.
Embora possa se adaptar aos locais de pouca luminosidade, o olho humano demora em
torno de trinta minutos para se acomodar à completa escuridão. Um processo eficiente
consiste em manter o homem num local com iluminação vermelha ou utilizando óculos de
lentes vermelhas por vinte minutos, seguidos de dez minutos em local completamente escuro.
O combatente perderá sua adaptação à escuridão caso seja exposto a uma luminosidade
intensa. Se isto não puder ser evitado, deve-se fechar ou cobrir um dos olhos para que este
preserve a capacidade de enxergar à noite. Quando a fonte de luz se apagar ou o homem
deixar a área iluminada, a visão noturna retida pelo olho protegido permitirá que o homem
enxergue no escuro, até que o outro olho se adapte novamente.
UNIDADE 3: EQUIPAMENTO INDIVIDUAL
I.GENERALIDADES
É, de uma maneira geral, usado por todos os militares e composto por dois módulos:
a) Módulo de Combate: reúne os itens de uso individual imprescindíveis ao
cumprimento de missões em presença de forças inimigas; e
b) Módulo de Sobrevivência: agrupa itens necessários à satisfação das mínimas
necessidades fisiológicas do combatente.
De uma maneira geral, os módulos de combate podem ser constituídos pelos seguintes
itens: capacete, cobertura para capacete e sua faixa de fixação, conjunto cinto e suspensório,
colete tático ou balístico, estojo para bússola, plaqueta de identificação, kit individual de
camuflagem, coldre para pistola, porta carregadores de pistolas, fuzis e submetralhadoras,
bem como estojos para ferramentas de sapa (pá articulada, picareta, facão, ou machado).
Portanto, os comandantes devem evitar que sua tropa transporte materiais que não serão
empregados em combate, ou seja, peças componentes do conjunto de estacionamento, tais
como: redes de camuflagem, barracas individuais, estacas, esteios, etc). Todo o material
dispensável deverá ser acondicionado no saco de campanha ou transportado por viaturas.
Eventualmente, uma determinada missão poderá demandar o transporte de cargas grandes e
pesadas. O que deverá ser feito de maneira criteriosa para não prejudicar o deslocamento do
combatente.
Antes de analisar uma carta, você deve colocá-la em posição tal que as direções da carta
coincidam com as direções no terreno. Existem dois métodos de fazer isto: o primeiro consiste
em orientar a carta com auxílio da bússola e o outro é pela utilização dos meios expeditos para
localização do Norte.
Colocando-se a linha 6-12 horas voltada para o sol, a direção norte será obtida com a
bissetriz do ângulo formado pela linha 6-12 horas e o ponteiro das horas, utilizando o menor
ângulo formado com a direção 12 horas (Fig. 69). No caso do hemisfério norte, a linha a ser
voltada para o sol será a do ponteiro das horas, e a bissetriz do ângulo desta linha com a linha
6-12 horas dará a direção sul. Trata-se de um processo que apresenta consideráveis alterações
nas estações do verão e inverno austrais, devido à inclinação do globo terrestre e à direção em
que o sol incide sobre ele, também nas regiões próximas ao Equador, que é o caso da maior
parte da Amazônia Brasileira. Porém, pode ser utilizado, sem maiores restrições, nas estações
da primavera e outono se o indivíduo ou grupo souber em qual hemisfério se encontra.
Cruzeiro do Sul - No hemisfério sul, prolongando-se quatro vezes e meia o braço maior
da cruz, ter-se-á o sul no pé da perpendicular baixada, desta extremidade, sobre o horizonte.
Figura 55 – Orientação pelo Cruzeiro do Sul
1.4 OBSERVAÇÃO DOS FENÔMENOS NATURAIS
Os animais, de modo geral, procuram construir seus abrigos com a entrada voltada para
o norte, protegendo-se dos ventos frios do sul e recebendo diretamente o calor e a luz do sol.
No interior da selva amazônica, devido à proteção que ela proporciona barrando os ventos
frios, este processo de orientação não apresenta grande confiabilidade.
Este simples método de determinar a direção com o auxílio do sol consiste em apenas
três etapas básicas.
a) Coloque um galho ou uma vara fixada ao solo em local livre onde uma sombra
distinta possa se projetar. Marque a posição do extremo da sombra com uma pedra,
vara ou outro meio.
b) Aguarde até que o extremo da sombra se mova cerca de 10 cm. Usando-se uma vara
de cerca de 1 m, cerca de 10 minutos serão suficientes. Marque a nova posição do
extremo da sombra da mesma maneira que você fez com a primeira posição.
c) Trace uma linha reta através das duas marcas e obtenha a direção Leste-Oeste
aproximada. Se estiver incerto de qual a direção do Leste ou do Oeste, observe a
seguinte regra: “O sol nasce no Leste e morre no Oeste”.O extremo da sombra se
moverá na direção oposta.
d) Portanto, a primeira marca indica a direção Oeste e a segunda a direção Leste, em
qualquer lugar do planeta.
homem-passo: será aquele que se deslocará atrás do homem-bússola, com a missão de contar
os passos percorridos e transformá-los em metros. O Homem passo deve registrar a distância
percorrida pela confecção de nós simples em dois chicotes de uma retinida (cordão). Em
chicote são registradas as centenas de metro e no outro os milhares.
homem-carta: será o que conduzirá a carta (se houver) e auxiliará na identificação de pontos
de referência, ao mesmo tempo em que nela lançará outros que mereçam ser locados. É
interessante que o homem-carta procure sempre o deslocamento através da “linha seca”, pois
isto evitará o desgaste próprio e/ou do grupo.
A leitura deste tipo de bússola é muito fácil. Para isso é importante mantermos a bússola
na posição horizontal a fim de possuirmos um perfeito equilíbrio. O que se torna de
importância fundamental se praticar é a visada para que esta não possa sair defeituosa.
Observamos que a bússola é mantida com o visor junto ao olho. Para fazer uma visada
sobre uma árvore, por exemplo, você deve olhar através do entalhe de visada, empregando o
retículo da tampa como referência.
Existem várias marcas fluorescentes na bússola que servem para seu emprego durante a
noite. A bússola tem duas faces de vidro, uma sobre a outra. A face superior gira, a de baixo
não. Ao girar, através de uma ação de rotação sobre o anel serrilhado, são emitidos pequenos
estalidos. Cada estalido indica que ela girou 3º. Sobre o vidro superior estão estampadas duas
linhas fluorescentes, uma das quais mede quatro vezes o comprimento da outra e ambas são
separadas, entre si, por um espaço correspondente a um ângulo de 45º. Sobre o vidro inferior,
existem três pontos e uma linha fluorescentes, separados entre si por ângulos de 90º. Sobre o
limbo, ainda, estão gravadas as letras correspondentes aos pontos cardeais E, S e W e uma
seta indicadora do N. No interior da tampa, alinhados com retículo, existem mais dois pontos
luminosos.
Você não pode visualizar os números do limbo, à noite, mas estes artifícios lhe
possibilitarão a leitura da bússola. Antes de indicar o deslocamento segundo determinado
azimute, a primeira coisa a fazer é preparar a bússola, de modo que possa ser lida à noite. Para
tal siga a sequência exposta abaixo:
a) Faça coincidir a seta indicadora do Norte, a linha estampada na face fixa de vidro e a
linha maior da face móvel de vidro.
b) Gire o anel serrilhado para a esquerda até ouvir o número de estalidos
correspondente a terça parte do valor do azimute a ser tomado.
c) Gire a bússola toda, até que a seta indicadora do Norte conhecida novamente com a
linha maior da face móvel de vidro.
d) O seu azimute de marcha estará, então, indicado pela linha formada pelos dois
pontos fluorescentes na tampa (referências do retículo), quando a bússola estiver
totalmente aberta.
Caso a luminosidade da lua ou o uso de balizas fluorescentes permita a execução da
visada esta poderá ser feita através do procedimento de visada já explicado e usando como
referências luminosas os pontos fluorescentes do retículo.
A bússola Silva nos seus diversos modelos é uma bússola de limbo móvel e graduação
NESO, normalmente em graus. Foi originalmente desenvolvida para a orientação desportiva e
atividades de lazer (camping, pesca e caça), todavia hoje tem seu uso consagrado entre as
FFAA do mundo inteiro.
a) Coloque a bússola sobre a carta com a sua lateral ao longo da linha de progressão
determinada e a seta de navegação voltada no sentido da progressão.
b) Gire o limbo até que as linhas meridionais da bússola fiquem paralelas com as linhas
verticais das quadrículas, com a seta de orientação da bússola apontada para o Norte.
c) Sem trocar a posição do limbo, gire bússola inteira horizontalmente até que a ponta
vermelha da agulha magnética aponte para a marcação N do limbo e esteja paralela
com as linhas meridionais da bússola. Agora é só seguir a direção da seta de
navegação.
3.2.2 ENCONTRANDO UM AZIMUTE DE ACIDENTES NO TERRENO
Tendo um acidente (elevação, construções, etc.) para o qual você pretende achar o
azimute, seja para plotá-lo na carta ou para lhe dar um curso para seguir, siga o seguinte
procedimento:
Para você saber a direção de um determinado azimute, você deverá seguir a sequência
abaixo:
Existem várias marcas fluorescentes na bússola que servem para seu emprego durante a
noite. A bússola Silva possui menos recursos que a bússola lensática para navegação terrestre
noturna. A borda do limbo móvel é um anel serrilhado, sendo que cada dente ou depressão
possui o valor de 3º. A ponta vermelha da agulha magnética possui uma pequena linha
fluorescente estampada sobre ela. Sobre a face interna do limbo, nas laterais da seta de
orientação existem dois pontos fluorescentes. Sobre a placa base, ainda, no prolongamento da
seta de navegação existe uma segunda linha fluorescente.
Você não conseguirá visualizar os números do limbo à noite, mas estes artifícios lhe
possibilitarão a leitura da bússola. Antes de indicar o deslocamento segundo determinado
azimute, a primeira coisa a fazer é preparar a bússola, de modo que possa ser lida à noite.
a) Faça coincidir o centro dos dois pontos com a referência luminosa da seta de
navegação.
b) Gire o limbo para a esquerda até ter sentido, pelo tato, passarem o número de dentes
correspondente a sexta parte do valor do azimute a ser tomado.
c) Gire a bússola toda até que a referência luminosa da a agulha magnética fique ao
centro dos pontos fluorescentes da seta de orientação.
d) Agora basta marchar na direção que a referência luminosa da seta de navegação lhe
indica.
UNIDADE 5: PROTEÇÃO DO COMBATENTE
I. CAMUFLAGEM
1.1 GENERALIDADES
A camuflagem individual é o ardil utilizado pelo combatente para surpreender, iludir e
confundir o inimigo. Para ele, o terreno constitui-se o seu posto de observação, a sua base de
partida para o ataque e o seu itinerário de progressão que lhe propicia fortificação e proteção.
O combatente deve saber como aproveitar o terreno para obter camuflagem eficiente.
Ele deve adaptar seu uniforme para dissimular-se melhor em sua posição de tiro e escolher
cuidadosamente seus itinerários a percorrer entre duas posições, além de aproveitar ao
máximo as condições que lhe permitam furtar-se da observação inimiga.
Quando passar de uma área para outra, deve mudar de camuflagem conforme se faça
necessário para se misturar com o novo ambiente.
Quando não se dispuser de bastões de camuflagem, podem ser usados corantes ou tintas
de improviso, como rolhas de cortiça queimadas, fuligem ou carvão. O barro deve ser evitado
e só usado em situações de emergência, devido a possível contaminação por bactérias.
Nenhum outro tipo de pó ou tinta corante deve ser empregado sem a prévia aprovação do
oficial médico da unidade.
Todo cuidado deve ser tomado para que a camuflagem não interfira no funcionamento e
no emprego tático da arma. Atenção especial deve ser dado para o dispositivo de mira, a
alavanca ou punho de manejo e a janela de ejeção.
Hoje em dia, as armas modernas são cada vez mais precisas e potentes e, praticamente,
tudo que puder ser visto no campo de batalha poderá ser destruída. A posição guarnecida ou o
local onde o combatente estiver estacionado na defesa será a chave para a sua sobrevivência.
a) abrigo: é genericamente, qualquer coisa que proteja contra os efeitos do fogo inimigo,
particularmente os do fogo direto; e
b) coberta: qualquer material natural ou artificial (moita, capim, rede de camuflagem,
etc) que possa esconder da observação terrestre ou aérea, a posição defensiva.
Entre os diversos abrigos de uma posição, o apoio mútuo funciona da seguinte forma: os
espaldões de armas coletivas e os abrigos devem ser dispostos no terreno de modo que os seus
setores de tiro sejam superpostos, ou seja, os dispositivos de fogo das armas individuais e
coletivas devem ser organizados de modo a não permitirem brechas entre si e cobrirem todos
os setores de tiro adjacentes das suas frentes.
Quando o combatente for obrigado, pelo fogo inimigo, a proteger-se atrás do parapeito
de seu abrigo, deixando de ver e atirar no agressor que se aproxima de sua posição, caberá
então aos companheiros dos abrigos adjacentes, a sua proteção.
Para que um abrigo preparado ou espaldão seja eficaz, ele deve atender a três requisitos
básicos:
Uma boa posição deve oferecer proteção contra o fogo direto e proteger o combatente
do estilhaçamento de granadas, foguetes e obuses. Para isso, um parapeito, um teto, proteções
laterais e um paradorso (proteção à retaguarda) necessitam ser construídos.
A proteção frontal (parapeito) deve proporcionar proteção contra armas leves e ser, de
preferência, um abrigo natural já encontrado no terreno (árvores, troncos, rochas, muros, etc.),
porque assim o inimigo terá dificuldade de localizar a posição. A terra retirada da escavação
pode ser utilizada na construção ou reforço do parapeito quando este não existir ou não
oferecer suficiente proteção balística.
Apesar de a própria toca proporcionar uma razoável proteção contra os estilhaços dos
fogos indiretos, pois o combatente fica com o seu corpo abaixo do nível do solo, sempre que
possível, um teto deve ser construído para a proteção contra as explosões no ar.
a) o tiro frontal será executado sobre o inimigo que se encontrar à distância e cujos fogos
diretos não sejam eficazes sobre o abrigo; e
b) o tiro de flanco será realizado pelo defensor posicionado atrás do parapeito, quando o
inimigo estiver próximo da posição o suficiente para que seus fogos se tornem eficazes
sobre o abrigo.
Nas posições defensivas, a toca para dois homens é, geralmente, preferida à toca para
um homem, pelas seguintes razões:
Inicialmente, após saber o local exato da sua posição, o combatente deve ocupar um
abrigo sumário, caso possível, para proteger-se de um eventual ataque inimigo. Este abrigo
deverá ser preparado no local onde será cavada a sua toca. Após esta providência inicial,
começará a construção do abrigo (toca) definitivo, a ser executado em seis tarefas:
As dimensões de uma toca devem ser suficientes para abrigar em seu interior dois
homens com todos os seus armamentos, equipamentos e munições. Por outro lado, ela deve
ser tão pequena quanto possível, para proporcionar uma maior proteção.
Esta tarefa é simultânea à primeira. O parapeito deve ter seu comprimento um pouco
menor que o da toca, de modo a permitir o tiro frontal, executado pelos seus flancos. Sua
espessura deve ser suficiente para proteger contra o tiro de armas leves (90 cm de terra pelo
menos). Sua altura deve ser o suficiente para proteger a cabeça do combatente, enquanto este
atira no setor oblíquo e distante da toca o suficiente para permitir o apoio dos cotovelos e a
colocação de estacas de amarração do tiro (uns 30 cm aproximadamente). Esse espaço entre a
toca e o parapeito é chamado berma.
As cobertas naturais existentes devem ser mantidas ao máximo. Assim, por exemplo, se
uma pequena árvore estiver dentro de um setor de tiro, não há necessidade de cortá-la
completamente: quando o abrigo estiver concluído, o combatente e sua arma estarão ao nível
do solo e, dessa forma, com a remoção apenas dos galhos e folhagens mais baixos, poderá ser
obtido um ótimo campo de tiro.
Ao fazer a escavação da toca é preciso muito cuidado para não alterar a feição natural
do terreno ao redor. As cobertas e abrigos existentes devem ser mantidos e aproveitados ao
máximo.
A terra retirada, que não for usada na construção ou no reforço do parapeito, deve ser
colocada em sacos ou sobre uma lona de barraca e transportada para a retaguarda.
O teto ideal deve proteger o combatente, enquanto ele atira no setor de tiro oblíquo.
Para construí-lo, preparam-se duas bases de troncos, cunhetes de munição, etc. Essas bases
devem ficar sobre a berma, à frente e à retaguarda da posição e um pouco afastadas da borda
da toca, aproximadamente uns 30cm, para se evitar desmoronamentos. As bases devem ser
altas o suficiente para permitirem que o homem atire sob o teto, mas não tanto que dificulte a
camuflagem.
A seguir, constrói-se o teto com toras, tábuas ou o que estiver à mão e possa resistir ao
peso da terra de cobertura. É conveniente forrar esses troncos com papelão, compensados,
plástico ou qualquer outro material (de preferência impermeável), para prevenir o vazamento
de terra ou lama. Sobre essa estrutura, coloca-se, então, uma camada de 15 cm a 20 cm de
terra, procurando-se moldá-la de maneira que o teto do abrigo se harmonize com o terreno
adjacente. Novo trabalho de camuflagem será necessário, então, para dissimular o teto.
A próxima operação será a colocação de toros, tábuas ou outros materiais que resistam
ao peso do restante do material de proteção.
Qualquer que seja o tipo de toca, devem ser tomadas medidas para drenar a água da
chuva ou superficial por meio de um poço ou valeta. Para isso, o piso deverá ser ligeiramente
inclinado para o centro, onde uma valeta conduzirá a água na direção da parede frontal.
Figura 70 – Dreno
Exceto nos terrenos à prova de carros de combate, a toca deve ser suficientemente
profunda para garantir pelo menos 60 cm (2 capacetes) de espaço entre o soldado encolhido e
a borda da toca, a fim de protegê-lo contra a ação de esmagamento.
III ESPALDÕES PARA INFANTARIA
As posições a seguir descritas são construídas a partir do abrigo (toca) preparado para
dois homens e empregadas na defensiva.
Esses espaldões são destinados para as armas portáteis, metralhadoras, morteiros, armas
anticarro e outras armas, bem como para suas guarnições. Sempre que possível, também
devem ser construídos espaldões simulados para iludir o inimigo.
Além dos requisitos que uma posição deve ter um espaldão para metralhadora deve
satisfazer às seguintes condições básicas:
Com uma metralhadora no centro de seu núcleo de defesa, o Cmt Pel terá de definir,
com precisão, a posição onde pretende manter a arma, os setores de tiro que lhe foram
atribuídos e a linha de proteção final (LPF).
Figura 71 - Espaldão
Antes de marcar o contorno sobre a terreno, é preciso que a metralhadora fique em sua
exata localização; para isso o reparo tripé deve ser colocado no solo, de forma que a arma
possa ser perfeitamente empregada no Setor Principal de Tiro, sobre a Direção Principal de
Tiro, quando indicada, e sobre a Linha de Proteção Final (LPF).
a) Colocar a Mtr em posição (reparo na posição baixa) apontada de modo que possa ser
empregada, perfeitamente, no setor principal de tiro, sobre a direção principal de tiro
ou sobre a linha de proteção final (LPF);
b) Marcar a posição da toca do atirador com sua borda anterior (duas baionetas),
paralela e rente à barra de ligação das pernas traseiras do reparo; e
É preferível que se aproveite um abrigo natural, entretanto, quando isso não for possível
ou adequado, deve ser preparado um parapeito. Nesse caso, enquanto o espaldão estiver sendo
cavado, a terra retirada deve ser disposta na direção do inimigo atacante para obter essa
importante proteção da guarnição da metralhadora. Os parapeitos serão construídos da mesma
forma a com os mesmos cuidados para o abrigo preparado.
3.2.8 MELHORAMENTOS
É preciso que a camuflagem não bloqueie a visão sobre o setor. Caso seja necessário, o
campo de tiro deve ser limpo.
Para a construção dos diversos obstáculos de arame farpado podem ser empregados dois
tipos de materiais:
Arame farpado: é um fio de arame torcido, com farpas de quatro pontas espaçadas de
cerca de 10 cm; ou
Fita farpada ou concertina: é uma fita de aço de aproximadamente 2,5 cm, com
lâminas espaçadas de cerca de 2 cm.
a) Fixos: construídos no próprio local de emprego e não podem ser removidos, salvo se
desmontados; ou
b) Portáteis: preparados nas áreas de retaguarda, transportados e instalados nas posições
finais.
II. VIGIA
O local ocupado pelo vigia, durante o dia, é denominado posto de vigilância (P Vig.) ou
posto de observação (P O) e, à noite, de posto de escuta (P E), no caso de não dispor de meios
de visão noturna.
O vigia tem por missão ver e observar sem ser visto, informando qualquer detalhe que
possa ser de interesse ao grupo, bem como alertar antecipadamente sobre a aproximação
inimiga. No desempenho de sua missão ele aplica ao máximo seus conhecimentos de
cobertas, abrigos, descoberta e designação de objetivos e avaliação de distâncias.
O vigia não deverá denunciar a sua posição e somente fará uso de seu armamento para
defender-se quando surpreendido ou atacado pelo inimigo ou ainda, para dar o alarme se não
dispuser de outros meios para isso.
Ao ocupar o seu posto, o vigia deve fazer o estudo de seu setor de vigilância,
previamente estabelecido pelo seu comandante. Os pontos e linhas mais importantes do
terreno de onde o inimigo pode iniciar sua ação deverão ser vigiados com mais precaução.
III. ESCLARECEDOR
O esclarecedor é o soldado ou dupla de soldados empenhados em pequenas missões de
reconhecimento e corresponde ao Vigia que muda constantemente seu posto de observação.
Tanto pode ser destacado à frente ou nos flancos de uma tropa que se desloca ou se encontra
estacionada, a fim de reconhecer o itinerário ou determinado trecho do terreno.
Assim como os vigias, os esclarecedores têm por missão observar sem serem percebidos
pelo inimigo e prestar aos seus comandantes todas as informações colhidas durante o
cumprimento das missões.
Devem evitar o uso de seu armamento, a não ser para se defender ou dar o alarme, pois,
caso contrário, estariam denunciando a presença da tropa ao inimigo.
a) Causar baixas;
c) Baixar o moral;
d) Instalar o medo; e
Diz-se que uma tropa executou uma marcha com bom rendimento quando esta chega ao
seu destino no horário previsto e em condições de cumprir sua missão.
Cada vez mais dependente do transporte motorizado, o homem moderno precisa ser
convenientemente treinado para efetuar longas marchas, pois, em diversas situações sua
sobrevivência em combate ou o cumprimento de determinada missão dependerá de sua
aptidão física e psicológica para caminhar longas distâncias. Para a execução de qualquer
marcha, existem fatores que diretamente influenciam o desempenho da tropa:
No transcurso ou antes de uma marcha, a digestão de cada militar deve ser facilitada
com o fornecimento de refeições quentes e leves. Alimentos energéticos como barras de
cereais, chocolate e frutas constituem bons substitutos, caso a situação tática não permita o
tempo ou as condições necessárias para o fornecimento de rações quentes.
Elos metálicos que possam atritar a pele do combatente devem ser substituídos por tiras
de borracha ou por retinidas. Em princípio, não se deve conduzir carga superior a 1/3 do
próprio peso do combatente. Aconselha-se o transporte de uma carga entre 18 a 22 quilos, no
máximo, somando-se o seu armamento, os equipamentos de proteção, o fardo aberto e o de
combate.
Portanto, cada militar deve preocupar-se com as condições de limpeza dos mesmos,
manter suas unhas aparadas de modo correto, usar meias sem furos ou mal ajustadas, utilizar
calçados bem ajustados e aplicar curativos nos ferimentos, sempre que forem percebidas a
ocorrência de calos, bolhas e úlceras.
As unhas devem ser aparadas, evitando-se cortar seus cantos e, assim, impedir que as
mesmas venham a “encravar”. Calos e frieiras devem rapidamente ser tratadas, e, se possível,
com o auxílio do pessoal de saúde.
O combatente deve sempre usar meias de algodão secas e que não apresentem furos ou
rasgos. Todos os dias ou sempre que for necessário atravessar uma área alagada, um lamaçal
ou curso d'água e a situação assim o permitir, o militar deve substituir suas meias e botas.
Os calçados devem estar bem ajustados, sem folgas e previamente amaciados pelo uso
rotineiro no quartel. A limpeza e o engraxamento das botas facilitam sua conservação,
aumentando sua impermeabilização e conferindo maior elasticidade ao couro.
Normalmente, a tropa executa sua marcha adotando a formação do tipo “coluna por
dois”, ocupando os dois lados da estrada. Se as circunstâncias táticas ou as condições da
própria via o exigirem, poderão ser empregadas outros tipos de formações (“coluna por um”,
“coluna por três”, etc...). Sempre que possível, a tropa deverá marchar na contramão da
estrada, a fim de diminuir o risco de acidentes
Para um cálculo aproximado das velocidades a serem empregadas pela tropa, deve se
considerar a seguintes tabela:
LOCAL DIURNA NOTURNA
Estrada 4 Km por hora 3 Km por hora
Campo 2,5 Km por hora 1,5 Km por hora
Selva (floresta primária) 1 Km por hora Utilização restrita
Sela (floresta secundária) 0,5 Km por hora Utilização restrita
Caso utilize boas estradas e em noites enluaradas, a marcha noturna pode ser
conduzida na mesma velocidade atingida no período diurno. Pequenas frações, marchando
isoladamente, podem deslocar-se com velocidades maiores que as previstas acima.
X. ALTOS
A ocupação de uma área de estacionamento deve ser planejada para ocorrer no período
noturno ou sob condições meteorológicas que ocultar aquela operação das vistas do inimigo.
A tropa deve adotar outras medidas, tais como: dispersão e camuflagem. Logo, importa
programar o cronograma da marcha, a fim de facilitar a instalação segura, rápida e adequada
dos Grupamentos de Marcha.
I. FORMAS DE ESTACIONAMENTO
1.1 ACANTONAMENTO
1.2 ACAMPAMENTO
1.3 BIVAQUE
Situação na qual uma tropa utiliza, como abrigos, os meios naturais (cobertura das
árvores, acidentes do terreno e etc.) ou improvisa meios de fortuna (poncho, plásticos, manta,
redes de camuflagem, etc.). Em princípio, o bivaque deve ser estabelecido aproveitando-se as
cobertas e abrigos existentes e de modo a facilitar o controle da tropa.
O preparo de um local para a tropa estacionar inclui uma série de medidas planejadas
pelo comandante da marcha em função do reconhecimento realizado. Estes trabalhos podem
ser executados pelos elementos do Destacamento Precursor, ou ainda, por pessoal
especializado quando houver apoio de uma UCI.
A preparação dos locais para estacionamentos deve ser planejada minuciosamente e
com antecedência, muito antes da chegada da tropa, a fim de evitar confusões
Pouco antes da chegada da tropa ao PLib, o oficial responsável pelo local de
estacionamento apresenta-se ou comunica ao comandante da marcha informando das
condições para recebimento dos Grupamentos de Marcha. As frações são conduzidas pelos
balizadores do Destacamento Precursor para os seus respectivos locais de estacionamento, de
modo a evitar congestionamentos e bloqueios nas vias de acesso. Caso haja o apoio de uma
UCI, seu responsável se reporta ao comandante ou ao subcomandante da marcha, para
informá-lo das medidas administrativas tomadas para a instalação do estacionamento.
Quando não houver o apoio de UCI, o responsável pelo local de estacionamento deverá
organizar os locais de uso comum no acampamento ou no bivaque. O pessoal de saúde será
responsável pela vigilância sanitária dos locais de estacionamentos, expedindo
recomendações e orientando a tropa para a observação de medidas de higiene.
3.1 ORGANIZAÇÃO DAS INSTALAÇÕES DE HIGIENE PARA UM
ESTACIONAMENTO
Na “linha de servir” ficam dispostas as diversas panelas contendo alimentos que serão
abordados pelos diversos militares. Deve ser planejada em área coberta e organizada a
fornecer facilidade para coleta da comida e manter um fluxo constante de movimento de
pessoal, garantindo agilidade na apanha dos alimentos.
A água para beber deverá estar tratada e colocada em saco de Lyster, próximo da linha
de servir. Embaixo dos mesmos deverá existir uma fossa de absorção para que a água
utilizada caia no chão e não empoce. Essa fossa deve ser construída a partir de um buraco
feito no solo com diâmetro um pouco maior que o do saco Lyster e preenchido com pedras ou
areia. Normalmente, cada saco é destinado a suprir 100 homens.
3.3 DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS DE COLETA DE ÁGUA EM UM CURSO D´ÁGUA
Quando houver necessidade de coletar a água para suprir uma tropa estacionada, os
combatentes deverão ser orientados de modo a utilizar o curso d'água disponível, de maneira a
evitar a contaminação das diversas atividades.
Sempre que o estudo da situação tática recomendar cautela contra incursões de forças
adversas dotadas de mobilidade (aérea ou terrestre), o comandante da tropa deve prever
medidas para obstruir as vias de acesso (cruzamentos de estradas, desfiladeiros, pontes etc.)
vindas da direção do inimigo ou manter sob controle área onde possam ser desembarcadas
tropas aeromóveis.
Mesmo quando houver disponibilidade de meios antiaéreos para prover defesa à área de
estacionamento, a tropa deverá ser orientada a observar uma rigorosa disciplina de
camuflagem, evitando-se a circulação desnecessária nos locais onde não estejam disponíveis
cobertas. A proteção individual, além de aproveitar as cobertas e abrigos existentes, será
assegurada, também, pela escavação de adequados abrigos individuais. A Proteção contra
incêndio é obtida pela difusão de normas sobre as áreas onde seja franqueado o ato de fumar e
a localização exata de extintores e outros meios.