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MINISTÉRIO DA DEFESA

COMANDO DA AERONÁUTICA
DEPARTAMENTO DE ENSINO DA AERONÁUTICA

TÁTICA DE COMBATE TERRESTRE 1 – TCT 1

CFSD

MATERIAL DIDÁTICO –
USO EXCLUSIVO EM INSTRUÇÃO
SUMÁRIO

UNIDADE 1: O TERRENO.............................................................6
I. GENERALIDADES.....................................................................6
II. CLASSIFICAÇÃO DO TERRENO.................................................6
III. NOMENCLATURA DO TERRENO...............................................8
IV. VALOR MILITAR DOS ACIDENTES...........................................19
V. AVALIAÇÃO DE DISTÂNCIAS:..................................................22
VI. DESCOBERTA E DESIGNAÇÃO DE ALVOS:...............................23

UNIDADE 2: UTILIZAÇÃO DO TERRENO.......................................26


I. GENERALIDADES...................................................................26
II. USO DE COBERTAS...............................................................26
III. USO DE ABRIGOS................................................................27
IV. PROGRESSÃO E OBSERVAÇÃO...............................................28
V. PROCESSOS DE PROGRESSÃO................................................29
VI. PROGRESSÃO POR LANÇO....................................................30
VII. PROGRESSÃO DURANTE A NOITE.........................................32
VIII. PROGRESSÃO SOB FOGO INIMIGO......................................33
IX. TRANSPOSIÇÃO DE OBSTÁCULOS.........................................35
X. APROVEITAMENTO DO TERRENO PARA OBSERVAR..................36
UNIDADE 3: EQUIPAMENTO INDIVIDUAL.....................................39
I.GENERALIDADES....................................................................39

UNIDADE 4: NAVEGAÇÃO TERRESTRE.........................................44


I. MEIOS EXPEDITOS DE ORIENTAÇÃO........................................44
II. EQUIPE DE NAVEGAÇÃO........................................................47
III. EMPREGO DA BÚSSULA........................................................47

UNIDADE 5: PROTEÇÃO DO COMBATENTE...................................52


I. CAMUFLAGEM.......................................................................52
II. CONSTRUÇÃO DE ABRIGOS...................................................55
III ESPALDÕES PARA INFANTARIA...............................................63
IV. OBSTÁCULOS.......................................................................66

UNIDADE 6: MISSÕES INDIVIDUAIS............................................68


I. GENERALIDADES...................................................................68
II. VIGIA................................................................................... 68
III. ESCLARECEDOR...................................................................69
IV. MENSAGEIRO......................................................................70
V. CAÇADOR OU ATIRADOR DE EMBOSCADA...............................70

UNIDADE 7: MARCHAS A PÉ......................................................71


I. RAZÕES PARA A MARCHA A PÉ...............................................71
II. TIPOS DE MARCHA A PÉ........................................................71
III. RENDIMENTO DA MARCHA...................................................71
IV. FATORES QUE INFLUENCIAM NAS MARCHAS..........................71
V. PREPARAÇÃO INDIVIDUAL PARA A MARCHA............................72
VI. CUIDADOS ESPECIAIS COM PÉS, MEIAS E CALÇADOS.............73
VII. EXECUÇÃO DAS MARCHAS..................................................73
VIII. O REGULADOR DE MARCHA................................................74
IX. DISTÂNCIAS PREVISTAS PARA A COLUNA DE MARCHA............74
X. ALTOS.................................................................................75
XI. DEVERES DA TROPA............................................................76

UNIDADE 8: ESTACONAMENTOS................................................77
I. FORMAS DE ESTACIONAMENTO..............................................77
II. PREPARAÇÃO DO ESTACIONAMENTO......................................77
III. HIGIENE DOS LOCAIS DE ESTACIONAMENTO..........................78
IV. SEGURANÇA NO ESTACIONAMENTO.......................................79
UNIDADE 1: O TERRENO
I. GENERALIDADES

O conhecimento do terreno é necessário a todo combatente, independentemente de sua


função na tropa, permitindo a familiarização com o ambiente operacional, tornando-o apto
a:

a) compreender o valor militar dos diversos acidentes, de modo a facilitar sua conduta
individual;
b) utilizar as características topológicas para possibilitar o cumprimento da missão; e
c) comunicar-se segundo um linguajar padronizado, a fim de facilitar o mútuo
entendimento com os demais integrantes da tropa.

O cumprimento de qualquer missão militar exige o conhecimento prévio das


características do terreno em que se vai operar. O planejamento de cada missão deve
aproveitar as características de cada terreno, no intuito de reduzir o tempo, os recursos
logísticos e os esforços individuais necessários ao cumprimento da mesma.

Em princípio, todos os tipos de terreno podem ser defendidos ou atacados, desde que a
tropa encarregada da missão saiba utilizar os acidentes topográficos com objetividade, de
modo a ajustar os fogos de suas armas e tirar o máximo proveito para proteger-se na defesa ou
progredir com segurança no ataque.

II. CLASSIFICAÇÃO DO TERRENO

2.1 VISIBILIDADE

Quanto à visibilidade, o terreno tem a seguinte classificação:

a) Descoberto: quando não apresenta obstáculo algum capaz de prejudicar a


visualização dos pontos importantes do terreno a grandes distâncias. Os terrenos descobertos
dificultam ataques de surpresa e, geralmente, permitem a execução de tiros no alcance útil do
armamento.

Figura 1 – Terreno descoberto.

b) Coberto: quando o terreno apresenta características que impedem ou limitam a


visibilidade de pontos importantes. Neste caso, são favorecidas as ações de surpresa, são
oferecidas rotas para infiltração e as possibilidades de engajamento por arma de fogo são
reduzidas.

Figura 2 – Terreno coberto.

2.2 CAMPOS DE TIRO

São militarmente classificados da seguinte maneira:

a) Favoráveis: ocorre nos terrenos, cujas formas e características da vegetação permitem


executar o tiro sem prejuízo para a trajetória dos projéteis. Campos de tiro favoráveis são
sempre procurados para a organização de defensivas.

b) Desfavoráveis: tipo de terreno onde a vegetação impede a visualização da


aproximação do inimigo ou no qual as imperfeições do solo originam ângulos mortos,
dificultando ou até mesmo impedindo, o engajamento de alvos pelas armas de tiro tenso.

2.3 PROGRESSÃO

Quanto à progressão ou movimento de tropas, o terreno tem a seguinte classificação:

a) Livre ou aberto: quando não apresenta obstáculos que impeçam ou dificultem o


movimento ou a progressão.

b) Cortado: quando apresenta obstáculos que impedem ou dificultam o movimento ou a


progressão, tais como: rios, matas, grandes valas, taludes, etc.

2.4 PRATICABILIDADE

Os terrenos cortados podem ser classificados da seguinte maneira, quanto à progressão


ou movimento de tropas:
a) Praticável: um terreno praticável é aquele que apresenta obstáculos que possam ser
ultrapassados em tempo útil, de modo a não prejudicar a operação em curso.
b) Impraticável: um terreno será considerado impraticável quando os seus obstáculos
tornamimpossível o movimento da tropa dentro do tempo necessário para a execução da
operação que se tem em vista. Exemplo: rios muito largos, atoleiros ou pântanos extensos,
montanhas de alturas consideráveis, etc.

2.5 VEGETAÇÃO

Segundo a natureza da vegetação dominante, o terreno tem a seguinte classificação:


a) Limpo: quando a vegetação não se constitui em obstáculo que impeça ou dificulte a
observação, o movimento e a ligação.
b) Sujo: quando a vegetação se constitui obstáculo à observação, ao movimento ou à
ligação.

III. NOMENCLATURA DO TERRENO

No intuito de assegurar o perfeito entendimento entre os militares das diversas Forças,


uma nomenclatura foi criada para definir com exatidão os diversos acidentes do terreno.

3.1 ALTIMETRIA

Altimetria é a parte da Topografia que se ocupa das formas do terreno, ou seja, do seu
modelado, relevo e de sua representação gráfica.

3.1.1 ALTITUDE DE UM PONTO QUALQUER DO TERRENO

É a distância vertical de um determinado ponto no terreno em relação ao nível médio do


mar.

Figura 3 - Altitude

3.1.2 COTA

É um valor expresso numericamente para definir a altura de um ponto em relação a um


plano horizontal de referência. Nas cartas topográficas, as cotas são, normalmente, expressas
em metros e tomadas a partir do nível do mar (altitude). Portanto, uma elevação cuja cota é de
quatrocentos e trinta e quatro metros, é comumente designada nos meios militares “Cota 434”.

3.1.3 ELEVAÇÕES

Este termo é utilizado para designar qualquer porção elevada na superfície. Na maioria
dos casos, as elevações são agrupadas, possuindo interligações entre si, estabelecendo um
formato contínuo e bastante irregular. Todavia, algumas regiões apresentam elevações
isoladas que se destacam no terreno plano e possuem elevado valor militar.

3.1.4 ELEVAÇÕES ISOLADAS

São formações singulares que se destacam visualmente uma vez que os terrenos ao seu
redor possuem poucos acidentes topográficos. Existem dois tipos de elevações isoladas:

a) Colina: é caracterizada por possuir um formato geral alongado orientado em uma


direção;

Figura 4 - Colina

b) Mamelão: este tipo de elevação possui encostas mais ou menos arredondadas e


uniformes.

Figura 5 - Mamelão

3.1.5 FORMAS ELEMENTARES

Algumas elevações são caracterizadas por irregularidades morfológicas, as quais são


classificadas nas seguintes “formas elementares” para facilitar o entendimento da tropa:

 Garupa: porção de terra e/ou rocha, com formato arredondado, semelhante a anca
de um cavalo, que se projeta de uma elevação;

Figura 6 - Garupa
 Espigão: forma semelhante à garupa, porém, de aspecto triangular e alongada; e

Figura 7 - Espigão

 Esporão: Forma que se assemelha ao espigão, sendo intercalado por uma depressão
denominada “colo”, a partir da qual, destaca-se um cume mais ou menos pronunciado.

Figura 8 - Esporão

3.1.6 ELEMENTOS COMUNS A TODAS AS ELEVAÇÕES:

 Cume ou cimo: ponto culminante de uma elevação, serra ou cordilheira. Quando o


cume é em forma de ponta, chama-se pico ou, se for extremamente agudo, recebe o nome de
agulha;

Figura 9 - Agulha Figura 10 - Pico


 Linha de crista ou de cumeada: linha imaginária que corre pela parte mais alta das
elevações, ligando os diversos cumes e definindo o limite entre as vertentes opostas ou
encostas. É também chamada “linha de festo”, “linha divisora de águas” ou “linha seca”;

Figura 11 – Linha de crista

 Crista topográfica: linha visível no plano horizontal que destaca a elevação dos
demais elementos, tais como o céu ou outras elevações;

 Crista militar: linha formada pela reunião dos pontos de maior cota, dos quais se
pode ver e bater com tiros de trajetória tensa o sopé da elevação;

Figura 12 - Cristas

 Encostas ou vertentes: superfícies em declive que formam uma elevação. O uso


militar admite a designação de encostas para as superfícies interiores de uma parte do terreno
onde se defrontam duas forças adversárias, e contra-encosta para as superfícies opostas.
Nestas são preferencialmente instaladas armas de trajetória curva como morteiros; e

Figura 13 - Encostas

 Sopé: denominação dada à parte mais baixa das elevações, onde originam-se as
encostas.
Figura 14 - Sopé

3.1.7 ELEVAÇÕES DE GRANDE PORTE

 Montanha: conjunto de elevações de grandes altitudes com mais de 1000 m de


altura e contornos irregulares;

 Cadeia ou cordilheira: conjunto de montanhas agrupadas que seguem uma direção


mais ou menos retilínea;

 Serra: conjunto de montanhas que apresentam pequena extensão;

 Maciço: conjunto de elevações que se distribuem uniformemente em torno de um


ponto central;

 Contrafortes: movimentos de terra semelhantes a garupas ou espigões, que são


sempre encontrados no lado oposto de uma curvatura, formada pela mudança de direção de
cordilheiras, montanhas ou serras; e

 Planalto - Superfície mais ou menos extensa e regular, situada em regiões elevadas;


em geral ondulada, podendo ser acidentada. Um planalto de pequena extensão é chamado
chapada.

3.1.8 DEPRESSÕES
Vistas de cima, são formas opostas às elevações, para onde seguem as águas das chuvas
trazidas pelas encostas. Quando comparadas aos pontos elevados do terreno, assemelham-se a
escavações. As depressões em sua grande maioria são leitos para o escoamento das águas em
forma de ravinas e vales.

Figura 15 – Depressões
3.1.8.1 Cuba

Sempre que uma depressão apresentar-se isoladamente no terreno, não permitindo o


escoamento das águas pluviais e favorecendo á formação de lagos e lagoas, receberá a
denominação de cuba.

3.1.8.2 Ravina

Toda Ravina é configurada por sulco ou depressão mais ou menos profunda nas
encostas de elevações.

Figura 16 - Ravina

3.1.8.3 Vale

Região baixa do terreno, existente entre elevações mais ou menos paralelas, formada
pelo encontro das vertentes dessas elevações. Os vales têm forma de sulcos alongados e
sinuosos, de profundidade e largura variáveis. Um vale estreito e que permita acesso a outro
compartimento do terreno, pode tomar a forma de garganta, corredor ou desfiladeiro.

Figura 17 - Vale
3.1.8.4 Corredor e desfiladeiro

Quando uma garganta tem extensão apreciável, recebe o nome de corredor. Se este
apresenta encostas íngremes e de difícil acesso é chamado desfiladeiro.

3.1.8.5 Grotas e grotões

São vales estreitos, profundos, de aspecto sombrio e com encostas rochosas e


escarpadas.

3.1.8.6 Garganta

Depressão bastante acentuada, estreita e curta, que serve de passagem entre duas
elevações.
Figura 18 - Garganta

3.1.8.7 Brecha

É a garganta formada por rupturas naturais do terreno.

Figura 19 - Brecha

3.1.8.8 Cortes

São depressões artificiais, de aspecto uniforme, feitas nas elevações, para a passagem de
estradas (de ferro ou de rodagem).

Figura 20 - Cortes

3.1.8.9 Colo

É uma depressão de
pequena extensão e mais
ou menos suave, existente na linha de crista de uma elevação.

Figura 21 - Colo

3.1.8.10 Linha de águas, de fundo ou talvegue


É definida por uma linha imaginária que liga as encostas de elevações opostas, em sua
parte mais baixa; serve como uma calha natural que coleta e escoa as águas das chuvas,
opondo-se à linha de crista ou de cumeada.

3.1.9 PLANÍCIE

É uma grande extensão de terreno plano situada em regiões de baixa altitude. Pode ser
classificada em diferentes denominações, tais como:
a) Pampas: nome dado às vastas planícies da América do Sul, que são cobertas de
vegetação rasteira e apropriadas para a criação de gado, existentes em algumas
regiões do mundo.
b) Várzea: terreno baixo, plano e fértil que se situa às margens de rios e ribeirões,
podendo ainda ser conhecida como “vargem”.
c) Baixada: planície normalmente localizada entre o sopé de grandes elevações e o mar
ou um rio.

3.2 PLANIMETRIA

Ramo da topografia que estabelece padrões para representar e projetar horizontalmente


os detalhes naturais e artificiais do terreno (estradas de rodagem, vias férreas, cursos d’água,
vegetação, áreas urbanas, etc.).

3.2.1 HIDROGRAFIA

3.2.1.1 Cursos de Água

Os seguintes termos são utilizados para classificar os cursos de água ou denominar de


maneira padronizada seus componentes:

a) Rio: curso de água doce natural, mais ou menos volumoso, passível de ser navegável,
sob circunstâncias normais, em grande parte de sua extensão.
b) Ribeirão: curso com um volume de água menor que o do rio, porém, muito mais
caudaloso que um riacho.
c) Riacho, ribeiro ou córrego: curso de água muito pequeno e que geralmente dá vau em
toda sua extensão; no norte do Brasil chama-se igarapé e no sul arroio.
d) Cabeceira ou nascente: local situado normalmente em regiões altas onde o rio nasce.
e) Bacia: região banhada por um rio e pela rede de seus tributários.
f) Afluente ou tributário: Diz-se que um curso d’água é afluente ou tributário quando
nele deságua, perdendo, consequentemente, seu nome.
g) Leito ou calha: sulco cavado no terreno pelas águas de um rio.
h) Embocadura ou foz: é o ponto em que um rio lança suas águas em outro rio, num
lago ou no mar.
i) Margens: são as bordas contíguas ao leito de um rio. Para se determinar qual é a
margem direita ou esquerda de um rio, deve-se dar as costas para a direção de onde
provêm as águas, e tem-se, assim, do lado direito e esquerdo as margens respectivas.
j) Jusante e montante: Um ponto qualquer está a jusante em relação a um outro quando
está abaixo, e a montante quando se acha rio acima.
k) Saco e praia: Numa curva de rio, geralmente, existe uma parte côncava e barrancosa
que se denomina saco e uma parte convexa denominada praia, que é sempre mais
baixa do que o saco.
l) Vau: região em que um curso de água dá passagem a pé, a cavalo ou em viatura.
Constitui acidente de importância em face da necessidade que oferece à transposição
dos cursos de água por pequeno número de elementos (Fig. 34).
m)Estirão: É o trecho mais ou menos reto de um rio.

n) Saltos, quedas d’água, cachoeiras e cascatas: resultam de mudanças, mais ou menos


abruptas, nos níveis do leito de um curso de água. A uma série de pequenos saltos em
sequência denomina-se “corredeira”.

Figura 22 – Saco e Praia

3.2.1.2 Outros elementos hidrográficos

a) Lago: extensão relativamente grande de água circundada por terra.


b) Lagoa: quando um lago for de pequena extensão recebe a denominação de lagoa.
c) Represa ou barragem: construção destinada a reter um curso de água com finalidade
de acumular água para usos diversos, inclusive, o de geração elétrica.
d) Açude: pequena represa destinada a fins agropecuários (irrigação, bebida para o
gado, etc.).
e) Sangradouros ou vertedouros: canais que servem para escoar as águas de lagoas e
represas, ligando-as ao mar ou a um rio.
f) Pântanos: depressões no terreno que armazenam indefinidamente água estagnada e
coberta de vegetação. Quando possuem pequena extensão, chamam-se “banhados”.
g) Alagadiços, charcos ou brejos: São terrenos úmidos e de fraca consistência. Nesses
lodaçais, por vezes encontram-se atoleiros perigosos e de difícil transposição.
h) Poços ou cacimbas: buracos cavados no solo para a obtenção de água dos lençóis
freáticos.

3.2.2 VEGETAÇÃO
3.2.2.1 O revestimento vegetal pode apresentar-se sob vários aspectos:

a) Floresta: mata espessa, em grande parte constituída por árvores seculares e que
ocupam espaços imensos do terreno. Nas regiões tropicais e equatoriais adquire
aspecto bastante hostil, sendo denominada “selva”.
b) Mata: aglomeração de árvores cobrindo uma considerável porção do terreno, porém,
de extensão muito menor que a floresta.
c) Bosque: pequena mata, ressaltada nitidamente entre o revestimento circundante. O
bosque geralmente é permeável à passagem do homem a pé.
d) Capão: pequeno bosque isolado no campo. No norte do Brasil é denominado ilha.
e) Capoeira: vegetação que nasce após um trecho de mata ter sido derrubado.
Caracteriza-se pela predominância de arbustos e árvores de pequeno porte.
f) Pomar: conjunto de árvores frutíferas formando um bosque, cuja disposição das
árvores é, normalmente, bastante regular.
g) Macega: conjunto de vegetação baixa que cresce nos campos, constituída
normalmente de capinzais e arbustos diversos.
h) Renque: fileira de árvores em linha simples, reta ou quebrada, cuja característica
maior é oferecer máscara contra vistas aéreas e terrestres.
i) Campo: É o terreno limpo e descoberto, que tem como revestimento vegetal
gramíneas e outras vegetações rasteiras, podendo ter ou não árvores esparsas.
3.2.2.2 Constituem, ainda, outros elementos da vegetação:

a) Clareira: região sem árvores, existente no interior de uma floresta, mata ou bosque.
Quando essa clareira é coberta de pastagem, diz-se que é uma clareira campestre.
b) Orla: linha exterior que determina o perímetro de uma floresta, mata, bosque,
capoeira, etc.

3.2.3 ESTRADAS E CAMINHOS

Entroncamento ou bifurcação são estradas que se unem, mas sem se cortarem. Um


“entroncamento” ocorre quando a conexão de ambas forma um ângulo aproximadamente reto,
ou seja, de 90º. Caso não seja, será denominada “bifurcação”.

Figura 23 - Entroncamento Figura 24 - Bifurcação

Encruzilhada é um cruzamento de estradas ou caminhos em um ângulo de,


aproximadamente, 90º.
Cruzamento resulta da sobreposição de duas estradas, formando, entre si, a figura
semelhante a um “X”.

Figura 25 - Encruzilhada Figura 26 - Cruzamento

Nó de estradas é ponto ou região em que várias estradas se cortam .

Figura 27 – Nó de estradas
IV. VALOR MILITAR DOS ACIDENTES:

Qualquer acidente natural ou artificial que caracteriza um determinado terreno pode


oferecer dificuldades ou vantagens, influindo diretamente no cumprimento da missão.

4.1 COBERTAS

São assim denominados todos os acidentes naturais ou artificiais que ocultam o


combatente das vistas do oponente, porém, sem que ofereçam proteção contra o fogo inimigo.
Ex: moitas, arbustos, plantações, tufos de capim, cercas vivas, etc.

Figura 28 - Cobertas

4.2 ABRIGOS

São os elementos naturais ou artificiais que caracterizam um terreno e podem oferecer


proteção contra os fogos e a observação do inimigo. Ex: dobras do terreno, escavações,
taludes, troncos grossos, etc.

Figura 29 - Abrigo

4.3 OBSTÁCULOS

Quaisquer características do terreno que venham a impedir ou dificultar o movimento da


tropa são considerados obstáculos. Podem ser classificados de duas formas:

a) Naturais: encontrados normalmente no terreno, incluindo os confeccionados pelo ser


humano, não tem a finalidade original de se constituírem em obstáculos. Ex:
montanhas, cursos de água, canais, represas, etc.
b) Artificiais: são trabalhos realizados por militares ou não, com o objetivo de dificultar
o acesso a uma determinada área. Ex: fossos, campos de minas, abatizes, cercas de
arame, etc.

4.4 ÂNGULOS MORTOS

São regiões do terreno que, devido à existência de obstáculos, dificultam ou impedem à


observação a partir de uma determinada posição. De maneira geral, o ângulo morto fornece
abrigo das vistas e proteção contra os tiros de trajetória tensa, devendo ser batidos pelo
emprego de armamentos de trajetória curva, tais como granadas, morteiros ou artilharia.

Figura 30 – Ângulo morto

4.5 CAMINHOS DESENFIADOS

São porções do terreno que possibilitam progredir sem ser observado e, muitas vezes,
protegido dos fogos do inimigo. São classificados em duas categorias:

a) Cobertos das vistas: picadas ou trilhas dentro das matas e bosques, orla de bosques.
b) Abrigados do fogo: valas, fossos, taludes e barrancos.

Figura 31 – Coberto das vistas


4.6 OBSERVATÓRIOS

São posições naturais e artificiais privilegiadas, de onde um militar pode visualizar


grande extensão do terreno ao seu redor, podendo ser classificadas como:

a) Naturais: cristas de elevações, árvores altas; ou


b) Artificiais: postes elétricos e telefônicos, telhados e lajes chaminés de edifícios,
reservatórios d’água, etc.

4.7 VALOR MILITAR DOS ACIDENTES DO TERRENO

Cada acidente do terreno pode apresentar vantagens e desvantagens para o atacante


assim como para o defensor:

a) Elevações: permitem boa observação sobre o terreno e podem favorecer a defesa


sempre que oferecerem campos de tiro sobre as rotas de aproximação inimiga.
b) Montanhas: além de possibilitar a observação da área, facilitam a defesa, pois
constituem obstáculos, os quais, frequentemente, dependem de treinamento e
equipamento especial para sua transposição.
c) Ravinas e fundos: oferecem posições abrigadas para postos de remoção de feridos e
locais para remuniciamento da tropa.
d) Gargantas, corredores e desfiladeiros: por serem estreitas, reduzem a frente da tropa e
sua liberdade de sua manobra, facilitando a execução de emboscadas.
e) Taludes, Barrancos e Vales: oferecem abrigos e caminhos desenfiados para a
progressão do combatente.
f) Cursos d’água: dificultam o avanço da tropa inimiga sempre que se mostrarem
caudalosos e profundos. Nos cursos d’água de menor importância, barrancos e
margens altas constituem obstáculos, que podem ser intensificados com trabalhos de
sapa.
g) Vau: é um acidente importante, pois, normalmente, possibilita a transposição de
cursos d’água, dispensando o apoio de meios de engenharia.
h) Pântanos, charcos e brejos: dificultam a movimentação da tropa, podendo favorecer a
economia dos meios de defesa.
i) Florestas e matas: aumentam a segurança nos deslocamentos a pé, oferecendo
abrigos e cobertas. Dificultam a ligação entre as frações de tropa e o controle do
efetivo. O movimento da tropa por meio motorizado depende da existência ou
construção de estradas.
j) Bosques, capões e pomares: oferecem cobertura contra a observação aérea e terrestre,
contribuindo para a instalação de pontos de suprimento, zonas de reunião, núcleos de
defesa, postos de vigilância, etc. Todavia, podem ser desbordados facilmente por
tropas a pé ou motorizadas e constituem regiões que são normalmente vigiadas pelas
forças inimiga.
k) Clareiras: oferecem campos de tiro livres e posições de tiro desenfiados no interior
de florestas e matas. Podem ser usados para desembarque de tropas e suprimentos,
além de facilitar a ligação terra ar. Servem ainda como pontos de referência para
elementos que progridem através da mata.
l) Renques de árvores: mascaram a progressão da tropa contra a ação de observadores
terrestres e aéreos.
m)Fazendas, sítios e chácaras: apresentam as mesmas vantagens e inconveniências dos
bosques, pomares e capões, mas podem oferecer conforto à tropa, em situações de
clima adverso.
n) Estradas, trilhas, picadas e caminhos: facilitam e orientam o movimento da tropa e
seus suprimentos. Todavia pode denunciar ao inimigo os movimentos realizados pela
tropa.

4.8 INTERPRETAÇÃO DE INDÍCIOS

a) O terreno apresenta diversos indícios que nos permitem concluir ou deduzir quais
acidentes, instalações ou obstáculos se acham ocultos às nossas vistas:
b) Chaminés podem denunciar a presença de fábricas, usinas ou engenhos.
c) Torres de igreja, redes elétricas de baixa tensão, telhados, casas esparsas, rastros de
pessoas podem indicar a proximidade de povoados.
d) Redes elétricas e renques de árvores podem indicar a proximidade de estradas.
e) Vestígios de pegadas em ambas as margens de um curso d’água podem indicar que o
mesmo favorece sua travessia.
f) Sempre que a mata apresentar coloração mais escura nas partes mais baixas do
terreno, existe a possibilidade de serem encontrados riachos, córregos ou arroios.
g) Rastros de pessoas ou veículos, bem como embalagens e itens bélicos podem
oferecer indícios da passagem ou permanência de uma tropa.

V. AVALIAÇÃO DE DISTÂNCIAS:

A habilidade na avaliação de distâncias tem, para o combatente, importância capital para a


observação e execução do tiro. O militar tem necessidade de avaliar distâncias, seja para fornecer um
informe preciso, seja para verificar se um determinado objeto está dentro do limite de emprego de
sua arma.
As distâncias podem ser:
a) Calculadas:
Pelas cartas, fotografias aéreas em escala, etc;
b) Medidas:
Diretamente ou indiretamente; e
c) Avaliadas:
binóculos, som, luz, vista.
5.1 AVALIAÇÃO DE DISTÂNCIA PELO SOM

Utilizando-se a velocidade do som, o combatente conta quantos segundos o som de


determinado evento demora a chegar em seus ouvidos e calcula a distância aproximada do evento
observado.

Figura 32 – Avaliação pelo som

5.2 MEDIDA DE DISTÂNCIA A PASSO:

O combatente, depois de ter seu passo aferido, conta quantos passos dá em determinado
percurso e assim, fazendo uma conversão simples, calcula a distância percorrida em metros.

VI. DESCOBERTA E DESIGNAÇÃO DE ALVOS:


A descoberta e designação de alvos e objetivos, do mesmo modo que a avaliação de distâncias,
tem aplicação tanto sob o ponto de vista da observação como na execução do tiro. O combatente,
quer esteja isolado, quer se ache enquadrado numa unidade elementar, tem, comumente, necessidade
de descobrir e designar alvos e objetivos.
A designação de alvos e objetivos pode ser obtida por:

a) Processo Direto (DiDiSiNaPa)


Utilizado quando o alvo ou objetivo se destaca nitidamente no terreno.

DIREÇÃO - dada pelo processo do relógio.


DISTÂNCIA - normalmente avaliada pela vista.
SITUAÇÃO - local onde se localiza o alvo.
NATUREZA - de que se trata o alvo ou objetivo.
PARTICULARIDADES - detalhes do alvo.
Figura 33 – Designação de objetivo pelo processo do relógio

b) Processo Indireto

Utilizado quando o alvo ou objetivo não surgir à nossa vista tão facilmente como no
processo direto, aparecendo menos perceptível no terreno.

É constituído de duas fases, a primeira para determinar o objetivo auxiliar ou ponto de


referência e a segunda para designação do alvo propriamente dito.

Figura 34 – Designação de objetivo pelo processo indireto

c) Leitura do Terreno por faixas

Quando o alvo ou objetivo se apresenta quase imperceptível, é necessário, aquém ou


além dele, ir lendo o terreno gradativamente por faixas, até encontrar um ponto de referência
(tal como uma árvore, um poste, etc.) do qual se emprega o afastamento angular para designar
o objetivo desejado.
Figura 35 – Leitura de terreno por faixas

6.1 MEDIDA DO AFASTAMENTO ANGULAR

Para realizar a medida do afastamento angular, deve-se atentar para os seguintes


detalhes:

a) O braço deve ficar bem distendido;


b) Volver o lado direito ou esquerdo para o objetivo, de modo a distender o braço
lateralmente ao corpo, no prolongamento da linha dos ombros, pois, assim, a medida
será tomada com maior precisão, porque a distância dos dedos aos olhos será
constante, qualquer que seja a estatura do homem;
c) Dedos bem unidos;
d) Observar com uma das vistas, para maior exatidão.
UNIDADE 2: UTILIZAÇÃO DO TERRENO
I. GENERALIDADES
Em combate, torna-se essencial realizar qualquer progressão aproveitando-se dos
abrigos e cobertas proporcionados pelo próprio terreno. Portanto, compete a todo combatente
saber identificar os pontos e os acidentes no terreno que servirão para ocultar ou proteger sua
progressão.

II. USO DE COBERTAS

Cobertas são os acidentes naturais ou artificiais que proporcionam proteção contra a


observação terrestre ou aérea realizada pelo inimigo. Todavia, arbustos, moitas, redes de
camuflagem não podem oferecer proteção contra os projéteis lançados contra a tropa que
progride no terreno. O combatente ocupará uma coberta com as seguintes finalidades:

a) para observar;
b) como ponto de parada no decorrer de uma progressão;
c) para atirar, somente quando não dispuser de abrigo; ou
d) para mediante trabalho de sapa, transformá-la num abrigo.

O uso de cobertas como posição de tiro deverá ser evitado a todo custo.

Ao ocupar uma coberta, o combatente deve, sempre que possível, aproveitar sua
sombra, pois ficará menos visível ao inimigo (Fig. 48). Quaisquer movimentos desnecessários
devem ser evitados para não chamar a atenção do inimigo.

Figura 36 – Uso de cobertas

Sempre que for observar, é preferível que o combatente deite sobre o solo, de modo a
reduzir sua silhueta. Nos arbustos, deve-se observar através de aberturas nas folhagens, desde
que tal movimento não denuncie a posição do observador. Neste caso, deve-se observar pelos
lados e pela parte inferior da coberta. O mesmo procedimento é válido em relação a muros,
troncos, pedras, etc.
Figura 37 – Uso de cobertas

III. USO DE ABRIGOS

Em termos militares, são considerados abrigos quaisquer elementos do terreno, naturais


ou artificiais, que ofereçam proteção contra os projéteis inimigos. O combatente poderá
ocupar um abrigo desde que este possua as características ou satisfaça às seguintes condições:

a) ofereça proteção eficaz contra os projéteis inimigos;


b) possibilite observar o terreno ao redor;
c) favoreça o uso do próprio armamento; e
d) não constitua, por sua natureza, um ponto destacado no terreno.

Não se deve ocupar um abrigo que possua pedras ou muro à retaguarda, pois o ricochete
dos projeteis causam, geralmente, ferimentos tão graves quanto os impactos diretos. Os
seguintes elementos naturais do terreno oferecem boas condições para abrigar um combatente:

a) tronco de árvore: no mínimo com 1 (um) metro de diâmetro;


b) monte de terra: no mínimo com 0,90 m de espessura;
c) monte de pedras: para evitar ricochete e estilhaçamento, as pedras deverão ser
revestidas com uma camada de terra de no mínimo 0,20 m;
d) areia: no mínimo 0,70 m de espessura. A areia resiste melhor a penetração dos
projetis quando molhada; e
e) dobras no terreno, fossos, escavações, etc., desde que a espessura seja suficiente para
deter a trajetória do projétil.
Figura 38 – Elementos naturais do terreno

IV. PROGRESSÃO E OBSERVAÇÃO

Para movimentar-se em uma Zona de Combate, o militar poderá valer-se de diversos


métodos, em função do tipo de terreno, da presença do inimigo e do tipo de armamento por
ele empregado, da velocidade desejada e do esforço físico que se pretende despender. Uma
tropa ou indivíduo poderá progredir valendo-se dos seguintes processos: em “marcha
normal”, em “marcha acelerada” (marche-marche), “engatinhando” ou “rastejando”. Para
executar pequenos deslocamentos laterais também poderão utilizar “rolamentos”.

Para furtar-se a observação e ao fogo inimigo, ao progredir em suas proximidades, o


combatente deve tomar as seguintes precauções:

a) escolher itinerários que apresentem as melhores posições cobertas e abrigadas,


evitando áreas limpas e descobertas, onde ficará mais vulnerável a ação do inimigo;
b) progredir por lanços curtos, aproveitando os abrigos e as cobertas existentes, sempre
que suspeitar da presença do inimigo, utilizando o processo mais adequado ao
terreno e à situação;
c) executar cada lanço até o abrigo ou a posição coberta mais próximo, onde o
combatente observará cuidadosamente o terreno, buscando sinais da presença do
inimigo e localizando a próxima posição, bem como o melhor caminho para atingi-
la;
d) aproveitar ruídos ou situações que possam distrair a atenção do inimigo (disparos de
armas de fogo ou de artilharia, passagem de aeronaves, movimento de blindados,
etc.) ao cruzar pequenos trechos descobertos do terreno; e
e) planejar seu itinerário de modo a desbordar os obstáculos existentes no terreno, os
quais podem dificultar o movimento do combatente ou deixá-lo mais exposto ao
fogo inimigo.
V. PROCESSOS DE PROGRESSÃO

Conforme mencionado anteriormente, a escolha do processo de progressão em combate


dependerá das condicionantes ambientais, as quais podem ser aglutinadas em duas categorias
distintas entre si: “ambiente rural” ou “ambiente urbano”.

5.1.MARCHA NORMAL (MARCHE)

O combatente deve utilizar este método quando são mínimas as possibilidades de


estabelecer contato com o inimigo ou por ele ser observado. Mesmo nesta situação, o militar
deverá manter sua arma em condições de pronto emprego e utilizar ao máximo as cobertas e
abrigos oferecidos pelo terreno. Sempre que puder aproveitar-se das cobertas e abrigos
existentes, o combatente deverá caminhar agachado, posição que também contribuirá para
diminuir sua silhueta como potencial alvo do fogo inimigo.

5.2 MARCHA ACELERADA (MARCHE-MARCHE)

Emprega-se este processo quando a situação tática exigir maior rapidez, a fim de
explorar uma oportunidade ou se necessitar transpor uma área desprovida de abrigos e
cobertas, de modo a evitar expor-se ao fogo inimigo. O combatente correrá, conduzindo a
arma com ambas as mãos, em condições de empregá-la rapidamente, mas mantendo o dedo
fora do gatilho.

5.3 ENGATINHAR

Este processo pode ser adotado sempre que o terreno oferecer cobertas e abrigos de
média altura. Exige maior esforço do combatente e a velocidade alcançada é menor em
relação aos métodos anteriores, porém mais rápido do que o rastejo. O combatente deverá
conduzir sua arma em uma das mãos (direita ou esquerda), de modo a evitar que sujeira ou
terra penetrem na boca da arma ou na janela de ejeção.

5.4 RASTEJO

Processo adotado quando o terreno não oferece “cobertas” ou “abrigos” com altura
suficiente para o combatente engatinhar ou se o mesmo for apanhado de surpresa pelo fogo
inimigo. O rastejo é executado pelo militar deitado de barriga para baixo. Existem dois
processos para se rastejar, ambos são extremamente lentos e fatigantes:

5.4.1 RASTEJO ALTO (1º PROCESSO)

Quando deseja rastejar com um pouco mais de rapidez, o combatente deita-se sobre o
solo, mantendo seu corpo dele afastado e utilizando os antebraços e os joelhos como pontos
de apoio. Acomoda-se o fuzil sobre os cotovelos ou em ambas as mãos, a fim de evitar que a
boca do cano ou a abertura da culatra tenha contato com o terreno. Progride-se alternando os
avanços do cotovelo direito e joelho esquerdo, com os do cotovelo esquerdo e joelho direito.

5.4.2 RASTEJO BAIXO (2º PROCESSO)

Mais lento e cansativo que o processo anterior, o rastejo baixo permite a progressão em
terrenos caracterizados por cobertas e abrigos de alturas mínimas e quando a velocidade não
for essencial ao cumprimento da missão. Mantendo seu corpo junto ao solo, o combatente
segura a bandoleira próximo ao zarelho superior, apoiando a arma sobre um de seus
antebraços, evitando arrastar a mesma sobre o solo. Para progredir, levam-se as mãos à frente
da cabeça, conservando os cotovelos no solo. encolhe-se uma das pernas e com ela empurra-
se o corpo para frente, utilizando o auxílio da tração das mãos e antebraços. Deve-se trocar
com frequência a perna de impulsão, para evitar o cansaço.

Figura 39 – Segundo processo Figura 40 – Primeiro processo

5.5 ROLAMENTO

Possibilita a realização de pequenos deslocamentos laterais. Partindo da posição de tiro


deitado, o homem deverá trazer seu fuzil para junto do peito, rolando em seguida para o lado
desejado e tendo o cuidado de não deixar a boca do cano e a janela de ejeção de seu fuzil
tocar o solo.

VI. PROGRESSÃO POR LANÇO

O “lanço” é uma corrida curta e rápida realizado entre duas posições abrigadas ou
cobertas e que, em terreno limpo, não deverá ultrapassar a distância de 15 metros. Quando
atuando isolado, o combatente deverá avaliar bem a situação para evitar “surpresas” no
decorrer de seu deslocamento.

Todo deslocamento deverá ser realizado sem qualquer vacilo, pois eventuais paradas ou
recuos poderão colocar a vida do militar em risco. Para uma decisão firme e acertada o
combatente deve, ao preparar um lanço, responder a si próprio as perguntas que se seguem:

 Para onde vou? O combatente responderá a essa pergunta escolhendo, nas


proximidades de sua posição, uma coberta ou um abrigo que seja adequado à sua progressão
tendo em vista o cumprimento da sua missão;
 Por onde vou? O combatente responderá a essa pergunta analisando a melhor rota
para atingir o próximo abrigo ou coberta, segundo os aspectos da “segurança” e da “rapidez”;
 Como vou? O combatente responderá a essa pergunta escolhendo o processo de
progressão mais adequado à realização do deslocamento em face do terreno e da situação
tática; e
 Quando vou? O combatente responderá a essa pergunta decidindo sobre o momento
mais adequado para executar o lanço, ou seja, durante bombardeios da artilharia ou da aviação
amiga, sempre que o fogo inimigo for suspenso ou direcionado para outras posições.

Após cada lanço realizado, o combatente deverá parar, escutar, observar, considerar a
situação como um todo e, só então, prosseguir em seu deslocamento. Sempre que possível,
deve-se evitar a ocupação de um mesmo abrigo que já tenha sido utilizado pelo homem que o
precedeu, pois o inimigo pode ter identificado aquela posição e direcionar seus fogos sobre a
mesma. O mesmo cuidado deve ser tomado com itinerários que não sejam completamente
desenfiados.

Para deslocar-se por lanço em partindo da posição deitado, o combatente deve erguer a
cabeça e escolher o ponto de destino para o lanço. No momento oportuno, levanta-se do solo
em um movimento rápido e contínuo, apoiando-se nas mãos e nas pontas dos pés. A seguir,
corre direto e a toda velocidade até o ponto escolhido. Dependendo da situação tática, a
exceção dos processos de rastejo ou de engatinhar, o combatente progredirá com o seu
armamento em condições de utilizá-lo, ou seja, de engajar um alvo e atirar.

Figura 41 – Início do lanço

Ao se aproximar de seu destino, o militar aproveita sua velocidade para lançar-se ao


chão sobre os joelhos, projetando seu corpo para a frente. Ao final do lanço, para se deitar
novamente no ponto escolhido, usa uma de suas mãos para amortecer o impacto do corpo ao
solo, devendo, logo após, estar pronto para assumir uma boa posição para atirar.
Figura 42 – Final do lanço
VII. PROGRESSÃO DURANTE A NOITE

No período noturno, a progressão torna-se mais lenta devido às limitações impostas pela
dificuldade em se visualizar os itinerários e a possível presença do inimigo, bem como pela
dificuldade para orientar e controlar a tropa. Apesar dos equipamentos de visão noturna
ampliarem a acuidade visual do combatente, sua distribuição será restrita a determinados
elementos da tropa, tais como: comandantes, atiradores de armas coletivas, motoristas, etc.

Tais problemas são agravados sempre que a situação tática recomendar estrita disciplina
de luzes e ruídos. Todo militar deve estar em condições de deslocar-se e aproximar-se do
inimigo silenciosamente, o que implica em uma rigorosa preparação individual, destacando-se
os cuidados com a camuflagem individual, com o uso de uniformes e equipamentos
adequados à missão, evitando o transporte de itens desnecessários ou supérfluos.

Conduzida segundo os mesmos processos utilizados nos deslocamentos diurnos, a


progressão noturna deve ser adaptada para evitar a propagação de ruídos próximo às posições
inimigas. O fumo ou o uso de lanternas não veladas deverá ser terminantemente coibido.

Os lanços noturnos devem ser executados de modo a aproveitar ruídos (chuva,


proximidades de rios, ocorrências de tiros, etc.) que possam desviar a atenção do inimigo ou
ocultar o seu próprio movimento. O militar deve parar com maior frequência, a fim de
observar e escutar, além de evitar áreas com folhagens, que possuam galhos secos ou terrenos
muito inclinados, pois estes locais dificultarão um deslocamento silencioso.

Ao caminhar, o militar deverá “jogar” o peso de seu corpo sobre o pé que estiver atrás,
movendo cuidadosamente o pé da frente até encontrar uma superfície firme e segura para
pisar. O joelho deve ser levantado até a altura da cintura, de modo a evitar possíveis
embaraços ou tropeços na vegetação à frente. Nas noites muito escuras pode-se segurar a
arma com uma das mãos e com a outra explorar à frente, a fim de descobrir qualquer
obstáculo.

O rastejo noturno assemelha-se ao processo usado durante o dia. Os movimentos,


porém, devem ser lentos e compassados, para que se obtenha completo silêncio. De qualquer
forma, não é conveniente adotar qualquer método para rastejo quando se estiver muito
próximo do inimigo, pois tal movimento sempre se provocará algum ruído. Neste caso, é
preferível engatinhar.

Deve-se engatinhar como se faz durante o período diurno, procurando-se colocar o fuzil
no solo, ao lado do corpo, com a boca para frente e janela de ejeção para cima. Com a mão
livre, o militar deve procurar clarear a área a sua frente, de modo a evitar pedras, galhos secos
ou outros objetos que possam produzir ruídos. Após certificar-se disso, deverá manter a mão
onde está e deslocar o joelho para o local escolhido. Repetindo alternadamente os
movimentos de mãos e joelhos, o combatente conduz sua arma simultaneamente, procurando,
cautelosamente, locais para colocá-la.
Figura 43 – Engatinhamento noturno

VIII. PROGRESSÃO SOB FOGO INIMIGO

8.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS TRAJETÓRIAS DOS PROJÉTEIS DE INFANTARIA E


DE ARTILHARIA

Na busca de um abrigo seguro, o combatente deve considerar o tipo de armamento


utilizado pelo inimigo. Dados como: calibre, alcance útil e alcance máximo devem influenciar
na escolha do processo de progressão e no tipo de abrigo a ocupar.

A artilharia utiliza variados tipos de espoletas com a finalidade de obter


arrebentamentos com diversos efeitos. Suas trajetórias curvilíneas podem atingir zonas
desenfiadas do terreno. Normalmente, os canhões e morteiros disparam de posições abrigadas,
sendo que as primeiras têm seu fogo dirigido por observadores.

Figura 44 – Tipos de espoleta de artilharia

8.2 PROCEDIMENTOS SOB FOGOS DE FUZIS E METRALHADORAS

O combatente deve considerar duas situações para abrigar-se ou progredir sob o fogo da
infantaria inimiga. A primeira se dá quando a infantaria inimiga estiver atirando a distâncias
superiores a 800 metros. O segundo se apresenta sempre que o inimigo disparar suas armas a
menos de 800 metros.

A maneira correta para ocupar o abrigo diante de fogo inimigo caracterizado por
“trajetórias mergulhantes” consiste em deitar-se, de modo que o corpo do combatente fique
perpendicular à direção de onde vêm os tiros, encostando todo o corpo, o máximo possível no
talude do abrigo.

Figura 45 – Posição correta

Se o fogo inimigo estiver longo, é possível progredir rastejando sob as trajetórias. Os


combatentes deverão procurar se dispersar e cruzar, isoladamente, pequenas faixas de terreno
por lanços rápidos, iniciando tal movimento de lugares diferentes.

Para progredir sob fogos disparados a distâncias inferiores a 800 metros, ou seja,
aquelas nas quais os projéteis descrevem trajetórias tensas, o combatente progride por lanços
curtos e rápidos, a fim de transpor os trechos descobertos entre os abrigos existentes. Se
possível, cada lanço não deve ultrapassar 15 metros, pois o militar não deve ficar exposto às
vistas e fogos do inimigo mais do que 5 segundos.

8.3 PROCEDIMENTOS SOB FOGOS DE ARTILHARIA E DE MORTEIROS

Quando sob o fogo de armas de artilharia ou morteiros, que impõem uma trajetória
curva aos obuses e projéteis, o combatente deverá deitar-se imediatamente, buscando um
abrigo nas proximidades e, se a situação assim o permitir, construir uma toca capaz de
protegê-lo contra os estilhaços. Caso o terreno ofereça abrigos na forma de barrancos, fossos
ou trincheiras, o militar deverá ocupá-los, cavando, na parte mais baixa possível de seu talude,
um nicho de tamanho suficiente para abrigar-se em seu interior.

Para progredir sob fogos de artilharia e morteiros, o combatente deve observar os


momentos em que os morteiros ou a artilharia inimiga interrompem seus disparos,
identificando a zona por ela atingida, de modo a evitar aquele itinerário. Se isso não for
possível, o militar deverá aproximar-se o máximo possível dessa região e, no intervalo entre
um tiro e outro, atravessá-la rapidamente.

Sendo o tiro executado com certa intensidade, e se o terreno possuir vários abrigos,
deve-se progredir de abrigo em abrigo para sair da zona de fogos. Sempre que ouvir a
detonação do canhão ou o sibilar da aproximação da granada, o combatente deve deitar-se
para escapar aos estilhaços, e logo após ao arrebentamento do projétil, progredir rapidamente
para um novo abrigo, mais à frente ou que ofereça mais segurança.
Caso não existam abrigos e o tiro seja intenso, o combatente deve progredir por lanços
curtos e rápidos. Durante o trajeto, ao ouvir as detonações do canhão, o militar deverá deitar-
se e, após o som das explosões das granadas, deverá levantar e dar um novo lanço. Existindo
um bom abrigo no terreno, e a missão assim o permitir, deve-se nele permanecer, até cessar a
barragem da artilharia ou dos morteiros.

IX. TRANSPOSIÇÃO DE OBSTÁCULOS

Transpor obstáculos em combate constitui difícil tarefa, pois deixa qualquer combatente
em situação extremamente vulnerável, especialmente, em presença do inimigo. Devido às
restrições de movimento impostas por um obstáculo, é de se esperar que o inimigo os
mantenham sob vigilância e mantenha-os sob fogos defensivos, podendo empregar minas e
armadilhas em suas proximidades.

9.1 TRANSPOSIÇÃO DE REDES DE ARAME FARPADO

Redes de arame são instaladas nas proximidades de posições defensivas e permanecerão


sob estrita vigilância e cobertas pelas armas da Infantaria. Uma cerca pode ser ultrapassada
pela abertura de brechas ou simplesmente pelo rastejo através dos fios de arame. Antes de
executar tais procedimentos, o combatente deverá se certificar sobre a presença do inimigo, a
existência de armadilhas conectadas aos arames ou se o terreno próximo não foi minado.

Em princípio é mais seguro ultrapassar uma cerca de arame por baixo, porque o
combatente não expõe demasiadamente sua silhueta ao inimigo. O combatente deve rastejar
de costas para o solo, por baixo dos arames, empurrando seu corpo com o auxílio das pernas.
Esta posição (barriga para cima) também permite uma melhor visão dos fios contra a
claridade do céu, mesmo sob a escuridão. Para evitar surpresas, como minas e arames de
tropeço, deve-se usar as mãos para apalpar cuidadosamente o terreno à frente da cabeça, antes
de levantar os arames mais baixos. O armamento deve ser levado ao longo do corpo e sobre a
barriga, para que ambas as mãos permaneçam livres.

Figura 45 – Transposição de arame farpado por baixo

A abertura de brechas por meio de cortes nos obstáculos de arame exige tempo e pode
disparar armadilhas implantadas pelo inimigo. O corte do arame deve ser feito em direção
oblíqua à frente e os fios superiores da rede não devem ser rompidos, de modo a ocultar esta
ação ao inimigo. Para abafar o ruído produzido pelo corte, é conveniente envolver o fio com
um pano no local onde será aplicado o alicate. Estando só, o combatente deve segurar o arame
próximo a uma estaca. Os pedaços do arame cortado devem ser enrolados nas estacas.
9.2 TRANSPOSIÇÃO DE VALAS E TRINCHEIRAS

No campo de batalha, muitas posições defensivas são rodeadas por trincheiras, fossos
anticarro e valas para escoamento de água. Antes de adentrar estes obstáculos, o militar deve
examinar, com cuidado e em silêncio, o seu interior, avaliando sua profundidade, largura,
possibilidade da presença do inimigo e da existência de armadilhas.

Valas ou trincheiras largas podem ser ultrapassadas realizando um salto, mas o


combatente deverá estar apto a executá-lo e tomar cuidado para não fazer ruídos, que possam
alertar o inimigo. Se o obstáculo for muito largo, como no caso os fossos anticarros, o militar
deve descer por um lado e subir pelo outro. O emprego de cordas ou escadas pode ser
necessário, dependendo das características do obstáculo.

X. APROVEITAMENTO DO TERRENO PARA OBSERVAR

Observar sem ser observado. Esta é a regra geral para o combatente que somente pode
ser materializada com a escolha da melhor posição para visualizar o terreno sem despertar a
atenção do inimigo.

Neste contexto, Postos de Vigilância (P Vig) nada mais são que observatórios,
normalmente preparados e ocupados por uma tropa de pequeno efetivo ou mesmo por um
militar isolado, designados para observar registrar ou comunicar fatos ou situações de
importância militar.

Sempre que possível, o posicionamento de um P Vig deve considerar o alcance útil do


armamento das forças amigas, de modo a permitir o apoio em caso de retraimento daquela
posição. Meios de comunicações (rádio ou telefone) devem ser instalados, a fim de permitir a
rápida ligação com sua unidade.

Para que a observação seja contínua, o posto de observação é, normalmente, ocupado


por dois ou mais homens que se revezam no posto, evitando, assim, um desgaste excessivo e
permitindo um melhor resultado na observação.

10.1 MÉTODO PARA OBSERVAÇÃO DE UM SETOR

Ao combatente instalado em um P Vig compete visualizar todo o seu setor de


observação, procurando identificar pontos que se destaquem no terreno, formas artificiais ou
movimentos desconhecidos.

Figura 46 – Identificação de pontos no terreno


Ao observar um setor deve-se ter em mente todos os indícios possíveis, que revelem
atividade inimiga, tais como: reflexos, poeira, fumaça, animais em movimento, etc. Se a
excessiva extensão do setor a ser observado dificultar uma contínua visualização, o
combatente poderá subdividi-lo em faixas verticais.

Uma observação completa deve ser capaz de responder aos seguintes questionamentos:
“de onde?” (P Vig ou local do qual foi feita a observação); “quem ou o quê?” (fato ou situação
foi observada); “onde?” (em que local verificou-se o fato); “como?” (quais as atitude ou
métodos utilizados pelo inimigo); e “quando?” (hora exata da observação). De onde? Quem ou
o quê? Onde? Como? Quando?

10.2 OBSERVAÇÃO DURANTE O DIA

Ao observar no período diurno, o combatente tem sua missão facilitada, porém deve
tomar cuidados para não denunciar sua posição ao inimigo. Para tanto, devem ser evitados
pontos destacados do terreno ou próximos a ângulos mortos ou caminhos desenfiados, que
permitam a aproximação furtiva do inimigo. Também devem ser consideradas as
características do ambiente tendo em vistas as necessidades de camuflagem do P Vig e seus
ocupantes.

Ao observar de uma janela ou porta de uma casa, o combatente deverá se manter


afastado, de dois a três metros, a fim de ficar oculto pela sombra das mesmas e permanecer
imóvel.

Para se construir um bom posto de observação a partir de uma árvore, o combatente


deve selecionar sua posição entre aquelas com folhagens mais densas e que esteja cercada por
outras árvores da mesma espécie, evitando árvores isoladas ou que se destaquem contra o
horizonte.

Moitas, arbustos, troncos, pedras, muros, cercas ou montes de terra podem ser utilizados
como P Vig. Todavia sua utilização exige que o combatente deite-se e observe através da
coberta ou pelos cantos inferiores, utilizando a sombra, mantendo a imobilidade e
confundindo-se com o terreno. O observador deverá evitar ficar exposto contra o horizonte,
evitar pontos notáveis no terreno. Especial cuidado deve ser tomado quando da ocupação e do
retraimento, para evitar a projeção da silhueta.

10.3 OBSERVAÇÃO DURANTE A NOITE

No período noturno ou em ambiente de visibilidade restrita, aumenta-se a segurança dos


combatentes e a observação reveste-se de grande importância, haja vista que, sob tais
condições, a obscuridade facilita a condução de operações ofensivas e outros tipos de
movimentos pelo inimigo, graças ao Princípio da Surpresa.

Compete, todavia, ao ocupante de um posto de observação, aguçar sua percepção visual


e auditiva, a fim de identificar fatos ou situações importantes para a situação tática. O uso
eficiente dos olhos à noite, requer a aplicação dos seguintes princípios: “visão fora de centro”,
“esquadrinhamento” e adaptação à escuridão.

A “visão fora do centro” pode ser utilizada para manter a atenção dirigida para um
objetivo, sem olhá-lo diretamente, pois neste caso a imagem se formará no centro da retina,
cujas células, tipo cones, não são sensíveis no escuro. Se olharmos acima, abaixo ou para os
lados, a imagem se formará numa região da retina cujas células, tipo bastonetes, são sensíveis
à escuridão. Assim, conclui-se que se o combatente deseja observar um determinado objetivo
à noite, deve fazê-lo não diretamente, mas sim com um pequeno desvio, pois desta maneira
conseguirá distinguir a sua forma e contornos com maior facilidade.

O “Esquadrinhamento” é um método que possibilita continuidade à visão do


combatente, que deve constantemente desviar seus olhos do ponto de observação com
movimentos visuais curtos, rápidos e irregulares em torno do alvo, detendo, no entanto, o
olhar apenas por alguns segundos em cada ponto. Isto ocorre porque, quando se observa à
noite por meio da visão fora de centro, a imagem formada na região das células bastonetes,
tende a desaparecer entre quatro e dez segundos.

Embora possa se adaptar aos locais de pouca luminosidade, o olho humano demora em
torno de trinta minutos para se acomodar à completa escuridão. Um processo eficiente
consiste em manter o homem num local com iluminação vermelha ou utilizando óculos de
lentes vermelhas por vinte minutos, seguidos de dez minutos em local completamente escuro.

O combatente perderá sua adaptação à escuridão caso seja exposto a uma luminosidade
intensa. Se isto não puder ser evitado, deve-se fechar ou cobrir um dos olhos para que este
preserve a capacidade de enxergar à noite. Quando a fonte de luz se apagar ou o homem
deixar a área iluminada, a visão noturna retida pelo olho protegido permitirá que o homem
enxergue no escuro, até que o outro olho se adapte novamente.
UNIDADE 3: EQUIPAMENTO INDIVIDUAL
I.GENERALIDADES

Considera-se como equipamento individual todo o conjunto de itens agrupados


adequada e funcionalmente, a fim de proporcionar ao militar os materiais necessários ao
cumprimento de suas missões, sejam elas realizadas em ambiente de combate, em ações de
segurança, por questões de sobrevivência ou, ainda, no transcurso de instruções e serviços.

1.1 EQUIPAMENTO BÁSICO

É, de uma maneira geral, usado por todos os militares e composto por dois módulos:
a) Módulo de Combate: reúne os itens de uso individual imprescindíveis ao
cumprimento de missões em presença de forças inimigas; e
b) Módulo de Sobrevivência: agrupa itens necessários à satisfação das mínimas
necessidades fisiológicas do combatente.

1.2 EQUIPAMENTO ESPECIAL

É o conjunto de itens proporcionados ao militar para o cumprimento de missões


específicas ou sob condições especiais de ambiente e, ainda, para uso em trânsito, tais como:
mosquiteiro de rosto, rede de selva, porta-algemas, cassetete, tonfa, etc.

1.3 MODULO DE COMBATE

De uma maneira geral, os módulos de combate podem ser constituídos pelos seguintes
itens: capacete, cobertura para capacete e sua faixa de fixação, conjunto cinto e suspensório,
colete tático ou balístico, estojo para bússola, plaqueta de identificação, kit individual de
camuflagem, coldre para pistola, porta carregadores de pistolas, fuzis e submetralhadoras,
bem como estojos para ferramentas de sapa (pá articulada, picareta, facão, ou machado).

1.4 MODULO DE SOBREVIVÊNCIA

Os módulos de sobrevivência são comuns a todos os militares envolvidos em atividades


de campanha, sejam combatentes ou não. Dentre os diversos equipamentos pode-se citar os
seguintes itens: cantil, caneco, porta cantil-caneco, cantil de dorso, conjunto marmita e talher
articulado, estojo para curativo individual, entre outros.

1.5 FINALIDADE DOS ITENS DOS DIVERSOS MÓDULOS

A compreensão das finalidades dos diversos equipamentos e de suas características


favorecerá sobremaneira a atuação do combatente. De uma maneira geral, os itens
componentes dos diversos módulos de equipamentos foram desenvolvidos visando
proporcionar conforto e praticidade para os militares. Todavia, algumas adaptações podem ser
realizadas pela tropa, mediante a autorização do comando superior, tais como:
a) impermeabilizar a mochila pela utilização de um saco de plástico grosso (usado para
remoção de entulhos em obras), fechado pela boca com tiras de borracha e
compatível com o volume da mochila;
b) utilizar sacos pequenos e descartáveis para forrar a marmita antes das refeições;
c) substituir os engates metálicos que conectam os suspensórios aos cintos por
pequenos cordões de nylon (retinidas); e
d) utilizar tiras de borracha ou fita isolante para prender as “sobras de tiras” dos
suspensórios e alças de mochilas.

1.6 FARDO ABERTO

Constituído basicamente pelo conjunto formado pelo cinto de campanha e pelo


suspensório, o fardo aberto destina-se ao transporte do material leve e de uso frequente e
imediato em campanha. Assim, o mínimo de artigos deve ser conduzido no “fardo aberto” e
todos os itens que não forem de uso imediato, deverão ser transportados na mochila evitando
que peças soltas ou incômodas na cintura, venham a dificultar os movimentos do combatente.
De igual forma, os militares devem evitar o transporte de material a tiracolo tais como
binóculos, máscaras contra gases e outros, salvo se necessários para uso imediato.

Figura 47 – Fardo aberto

Figura 48 - Fardo aberto


Figura 49 - Fardo aberto

1.7 FARDO DE COMBATE

Destinada ao acondicionamento do material estritamente necessário ao cumprimento da


missão, a mochila recebe a denominação “fardo de combate”. A mochila será transportada
pelo combatente a pé com um mínimo de peso e volume, da maneira mais prática e
confortável para transportar o material especialmente destinado à missão.

Portanto, os comandantes devem evitar que sua tropa transporte materiais que não serão
empregados em combate, ou seja, peças componentes do conjunto de estacionamento, tais
como: redes de camuflagem, barracas individuais, estacas, esteios, etc). Todo o material
dispensável deverá ser acondicionado no saco de campanha ou transportado por viaturas.
Eventualmente, uma determinada missão poderá demandar o transporte de cargas grandes e
pesadas. O que deverá ser feito de maneira criteriosa para não prejudicar o deslocamento do
combatente.

Figura 50 - Fardo de combate


Para não dificultar os movimentos do combatente, todo o material de uso nos altos e
momentos de descanso da tropa deve ser acondicionado no interior da mochila. Em seus
bolsos laterais devem ser conduzidos itens de emergência ou de primeira necessidade, tais
como: ferramentas e kit de manutenção do armamento, munição que não estiver nos porta-
carregadores, rádios portáteis e suas baterias, lanternas, bússolas, kits de camuflagem
individual, medicamentos de uso tópico (sprays e pomadas), entre outros.

Figura 51 - Fardo de combate

1.8 FARDO DE BAGAGEM

Denominado “fardo de bagagem”, o saco de campanha ou saco VO (verde oliva) é


utilizado para transportar todo o material individual necessário à vida e ao conforto mínimo
dos combatentes em campanha, excluindo-se aqueles conduzidos na própria mochila. Devido
a suas características de portabilidade, o saco VO não deve ser utilizado pelos militares fora
dos aquartelamentos e dos locais de estacionamento da tropa. Devendo ser transportado em
viaturas, embarcações ou aeronaves.

Figura 52 - Fardo de bagagem

1.9 CUIDADOS GERAIS COM O EQUIPAMENTO INDIVIDUAL

Todo combatente deve evitar danos desnecessários aos equipamentos individuais, os


quais são rústicos, mas possuem limites de uso estabelecidos por seus fabricantes e indicados
nos manuais de manuseio. Em campanha, onde as condições do ambiente e a situação tática
podem provocar o desgaste prematuro dos materiais, a má conservação dos itens individuais
pode impossibilitar, muitas vezes, o cumprimento da missão. Dentre os diversos cuidados
gerais a serem dispensados pelos militares, destacam-se:

a) ajustar, de modo correto, as alças reguláveis e fivelas de mochilas, cintos, suspensórios e


coletes, de modo a evitar a fricção desnecessária;
b) manter sempre o equipamento limpo e seco;
c) observar os limites de peso e volume da mochila, cantis e estojos, a fim de não
sobrecarregá-los ou forçar desnecessariamente suas costuras;
d) abastecer os cantis somente com água, evitando-se outros líquidos que possam corroer o
material e provocar furos;
e) evitar comprimir e dobrar as partes metálicas e reforços de lona dos equipamentos; e
f) manter as partes metálicas limpas, secas e protegidas de ferrugens.
UNIDADE 4: NAVEGAÇÃO TERRESTRE
I. MEIOS EXPEDITOS DE ORIENTAÇÃO

Antes de analisar uma carta, você deve colocá-la em posição tal que as direções da carta
coincidam com as direções no terreno. Existem dois métodos de fazer isto: o primeiro consiste
em orientar a carta com auxílio da bússola e o outro é pela utilização dos meios expeditos para
localização do Norte.

1.1 ORIENTAÇÃO PELO SOL

Pelo nascente/poente. Sabemos que o sol define, quando nasce, aproximadamente a


direção Leste; e ao se por, a direção Oeste. Conhecidas estas direções basta que o combatente
volte o seu lado direito para o nascente e esquerdo para o poente, assim terá a sua frente o
Norte e as suas costas o Sul (Fig. 68).

Nascendo o sol a leste e pondo-se a oeste, a perpendicular mostrará a direção norte-sul.


Devido à inclinação variável do globo terrestre nas várias estações do ano, este processo
deverá ser utilizado somente para se obter uma “direção geral” de deslocamento.

Figura 53 – Orientação pelo sol

1.2 ORIENTAÇÃO PELO RELÓGIO

Colocando-se a linha 6-12 horas voltada para o sol, a direção norte será obtida com a
bissetriz do ângulo formado pela linha 6-12 horas e o ponteiro das horas, utilizando o menor
ângulo formado com a direção 12 horas (Fig. 69). No caso do hemisfério norte, a linha a ser
voltada para o sol será a do ponteiro das horas, e a bissetriz do ângulo desta linha com a linha
6-12 horas dará a direção sul. Trata-se de um processo que apresenta consideráveis alterações
nas estações do verão e inverno austrais, devido à inclinação do globo terrestre e à direção em
que o sol incide sobre ele, também nas regiões próximas ao Equador, que é o caso da maior
parte da Amazônia Brasileira. Porém, pode ser utilizado, sem maiores restrições, nas estações
da primavera e outono se o indivíduo ou grupo souber em qual hemisfério se encontra.

Figura 54 – Orientação pelo sol

1.3 ORIENTAÇÃO PELAS ESTRELAS

Cruzeiro do Sul - No hemisfério sul, prolongando-se quatro vezes e meia o braço maior
da cruz, ter-se-á o sul no pé da perpendicular baixada, desta extremidade, sobre o horizonte.
Figura 55 – Orientação pelo Cruzeiro do Sul
1.4 OBSERVAÇÃO DOS FENÔMENOS NATURAIS

A observação de vários fenômenos naturais também permite o conhecimento, grosso


modo, da direção N-S. Assim, os caules das árvores, a superfície das pedras, os mourões das
cercas etc. são mais úmidos na parte voltada para o sul. Entretanto, pela dificuldade de
penetração da luz solar, não será comum na selva a observação desses fenômenos.

1.5 CONSTRUÇÃO DE ABRIGOS PELOS ANIMAIS

Os animais, de modo geral, procuram construir seus abrigos com a entrada voltada para
o norte, protegendo-se dos ventos frios do sul e recebendo diretamente o calor e a luz do sol.
No interior da selva amazônica, devido à proteção que ela proporciona barrando os ventos
frios, este processo de orientação não apresenta grande confiabilidade.

1.6 ORIENTAÇÃO PELA SOMBRA

Este simples método de determinar a direção com o auxílio do sol consiste em apenas
três etapas básicas.

a) Coloque um galho ou uma vara fixada ao solo em local livre onde uma sombra
distinta possa se projetar. Marque a posição do extremo da sombra com uma pedra,
vara ou outro meio.
b) Aguarde até que o extremo da sombra se mova cerca de 10 cm. Usando-se uma vara
de cerca de 1 m, cerca de 10 minutos serão suficientes. Marque a nova posição do
extremo da sombra da mesma maneira que você fez com a primeira posição.
c) Trace uma linha reta através das duas marcas e obtenha a direção Leste-Oeste
aproximada. Se estiver incerto de qual a direção do Leste ou do Oeste, observe a
seguinte regra: “O sol nasce no Leste e morre no Oeste”.O extremo da sombra se
moverá na direção oposta.
d) Portanto, a primeira marca indica a direção Oeste e a segunda a direção Leste, em
qualquer lugar do planeta.

Figura 56 – Orientação pela sombra


II. EQUIPE DE NAVEGAÇÃO

Para facilitar e coordenar as atividades de navegação durante um deslocamento o Cmt.


da patrulha deve designar uma equipe de navegação. Normalmente será composta pelas
seguintes funções:

homem-ponto: Elemento utilizado como baliza (referência) pelo homem-bússola para


determinar a direção a ser seguida.

homem-bússola: será o portador da bússola e deslocar-se-á imediatamente à retaguarda do


homem-ponto; deverá manter a bússola amarrada ao corpo para não perdê-la; quando não
estiver sendo utilizada, deverá estar fechada. Fazendo uso da bússola no interior da selva,
observa-se que os homens tendem a apresentar um desvio diferente para uma mesma distância
e azimutes percorridos. O motivo ainda não foi comprovado, mais um dos fatores é a
“PARALAXE” que ocorre devido ao ângulo que o indivíduo realiza a visada na bússola;
sendo então conveniente que cada homem conheça seu desvio quando utilizar este
instrumento.

homem-passo: será aquele que se deslocará atrás do homem-bússola, com a missão de contar
os passos percorridos e transformá-los em metros. O Homem passo deve registrar a distância
percorrida pela confecção de nós simples em dois chicotes de uma retinida (cordão). Em
chicote são registradas as centenas de metro e no outro os milhares.

homem-carta: será o que conduzirá a carta (se houver) e auxiliará na identificação de pontos
de referência, ao mesmo tempo em que nela lançará outros que mereçam ser locados. É
interessante que o homem-carta procure sempre o deslocamento através da “linha seca”, pois
isto evitará o desgaste próprio e/ou do grupo.

III. EMPREGO DA BÚSSULA

3.1 BÚSSOLA LENSÁTICA

Há vários tipos de bússola. Todas funcionam basicamente do mesmo modo. Nesta


apostila, nos prenderemos ao uso dos modelos militar M1 e Silva
Conhecendo o emprego destes os dois tipos de bússola magnética, você poderá, com
facilidade, utilizar as demais.

A bússola lensática modelo M1 é uma bússola de limbo fixo e graduação NESO


normalmente em graus, exceção feita às utilizadas pela artilharia que são graduadas em
milésimos.
Figura 57 – Bússola M1
3.1.1 EXECUÇÃO DA VISADA

A leitura deste tipo de bússola é muito fácil. Para isso é importante mantermos a bússola
na posição horizontal a fim de possuirmos um perfeito equilíbrio. O que se torna de
importância fundamental se praticar é a visada para que esta não possa sair defeituosa.

Observamos que a bússola é mantida com o visor junto ao olho. Para fazer uma visada
sobre uma árvore, por exemplo, você deve olhar através do entalhe de visada, empregando o
retículo da tampa como referência.

Figura 58 – Execução da visada


A lente é usada para a leitura dos azimutes estampados no limbo. Sua finalidade é
permitir visualizar os valores dos azimutes ao mesmo tempo que você faz a visada.
3.1.2 DETERMINAÇÃO DA DIREÇÃO DE UM AZIMUTE
Para este procedimento segue-se a seguinte sequência:
a) Liberta-se o limbo, na posição de visada.
b) Registra-se na lente o valor correspondente ao azimute dado.
c) Com o aparelho nesta situação, executa-se uma visada procurando balizá-la no
terreno, amarrando-a a pontos bem nítidos.
3.1.3 DETERMINAÇÃO DA DIREÇÃO DE UM AZIMUTE

Aqui você deve proceder do seguinte modo:


a) Visa-se esta direção através do entalhe da visada e do retículo, tendo
antecipadamente libertado o limbo.
b) O valor do azimute visualizado na lente será o da direção que se procura.
3.1.4 COMO UTILIZAR A BÚSSOLA À NOITE

Existem várias marcas fluorescentes na bússola que servem para seu emprego durante a
noite. A bússola tem duas faces de vidro, uma sobre a outra. A face superior gira, a de baixo
não. Ao girar, através de uma ação de rotação sobre o anel serrilhado, são emitidos pequenos
estalidos. Cada estalido indica que ela girou 3º. Sobre o vidro superior estão estampadas duas
linhas fluorescentes, uma das quais mede quatro vezes o comprimento da outra e ambas são
separadas, entre si, por um espaço correspondente a um ângulo de 45º. Sobre o vidro inferior,
existem três pontos e uma linha fluorescentes, separados entre si por ângulos de 90º. Sobre o
limbo, ainda, estão gravadas as letras correspondentes aos pontos cardeais E, S e W e uma
seta indicadora do N. No interior da tampa, alinhados com retículo, existem mais dois pontos
luminosos.

Você não pode visualizar os números do limbo, à noite, mas estes artifícios lhe
possibilitarão a leitura da bússola. Antes de indicar o deslocamento segundo determinado
azimute, a primeira coisa a fazer é preparar a bússola, de modo que possa ser lida à noite. Para
tal siga a sequência exposta abaixo:

a) Faça coincidir a seta indicadora do Norte, a linha estampada na face fixa de vidro e a
linha maior da face móvel de vidro.
b) Gire o anel serrilhado para a esquerda até ouvir o número de estalidos
correspondente a terça parte do valor do azimute a ser tomado.
c) Gire a bússola toda, até que a seta indicadora do Norte conhecida novamente com a
linha maior da face móvel de vidro.
d) O seu azimute de marcha estará, então, indicado pela linha formada pelos dois
pontos fluorescentes na tampa (referências do retículo), quando a bússola estiver
totalmente aberta.
Caso a luminosidade da lua ou o uso de balizas fluorescentes permita a execução da
visada esta poderá ser feita através do procedimento de visada já explicado e usando como
referências luminosas os pontos fluorescentes do retículo.

3.2 BÚSSOLA SILVA

A bússola Silva nos seus diversos modelos é uma bússola de limbo móvel e graduação
NESO, normalmente em graus. Foi originalmente desenvolvida para a orientação desportiva e
atividades de lazer (camping, pesca e caça), todavia hoje tem seu uso consagrado entre as
FFAA do mundo inteiro.

Figura 59 – Bússola Silva

3.2.1 UTILIZAÇÃO DA BÚSSOLA SILVA

O Sistema Silva é uma combinação de bússola e transferidor. Somente três ajustes


manuais e o azimute é transferido da carta para a bússola que então estará pronta para mostrar
o caminho a ser seguido.

a) Coloque a bússola sobre a carta com a sua lateral ao longo da linha de progressão
determinada e a seta de navegação voltada no sentido da progressão.
b) Gire o limbo até que as linhas meridionais da bússola fiquem paralelas com as linhas
verticais das quadrículas, com a seta de orientação da bússola apontada para o Norte.
c) Sem trocar a posição do limbo, gire bússola inteira horizontalmente até que a ponta
vermelha da agulha magnética aponte para a marcação N do limbo e esteja paralela
com as linhas meridionais da bússola. Agora é só seguir a direção da seta de
navegação.
3.2.2 ENCONTRANDO UM AZIMUTE DE ACIDENTES NO TERRENO

Tendo um acidente (elevação, construções, etc.) para o qual você pretende achar o
azimute, seja para plotá-lo na carta ou para lhe dar um curso para seguir, siga o seguinte
procedimento:

a) Coloque a bússola com a seta de navegação apontando para o acidente e equilibre-a


de modo a permitir que a agulha se movimente livremente.
b) Gire então o limbo, sem tirar a bússola de posição, até que a seta de orientação fique
paralela com a agulha magnética e a ponta vermelha da agulha esteja apontando para
a letra "N" do limbo.
c) Agora você pode ler na graduação do limbo no prolongamento da seta de navegação
o azimute magnético para o acidente.

3.2.3 DETERMINAÇÃO DA DIREÇÃO DE UM AZIMUTE

Para você saber a direção de um determinado azimute, você deverá seguir a sequência
abaixo:

a) Registre no índice o valor do azimute que você deseja seguir.


b) Com a bússola nesta situação gire-a até que a seta de orientação fique paralela com
a agulha magnética e a ponta vermelha da agulha esteja apontando para a letra "N"
do limbo.
c) Agora basta marchar na direção que a seta de navegação lhe indica.

3.2.4 COMO UTILIZAR A BÚSSOLA À NOITE

Existem várias marcas fluorescentes na bússola que servem para seu emprego durante a
noite. A bússola Silva possui menos recursos que a bússola lensática para navegação terrestre
noturna. A borda do limbo móvel é um anel serrilhado, sendo que cada dente ou depressão
possui o valor de 3º. A ponta vermelha da agulha magnética possui uma pequena linha
fluorescente estampada sobre ela. Sobre a face interna do limbo, nas laterais da seta de
orientação existem dois pontos fluorescentes. Sobre a placa base, ainda, no prolongamento da
seta de navegação existe uma segunda linha fluorescente.

Você não conseguirá visualizar os números do limbo à noite, mas estes artifícios lhe
possibilitarão a leitura da bússola. Antes de indicar o deslocamento segundo determinado
azimute, a primeira coisa a fazer é preparar a bússola, de modo que possa ser lida à noite.

a) Faça coincidir o centro dos dois pontos com a referência luminosa da seta de
navegação.
b) Gire o limbo para a esquerda até ter sentido, pelo tato, passarem o número de dentes
correspondente a sexta parte do valor do azimute a ser tomado.
c) Gire a bússola toda até que a referência luminosa da a agulha magnética fique ao
centro dos pontos fluorescentes da seta de orientação.
d) Agora basta marchar na direção que a referência luminosa da seta de navegação lhe
indica.
UNIDADE 5: PROTEÇÃO DO COMBATENTE
I. CAMUFLAGEM

1.1 GENERALIDADES
A camuflagem individual é o ardil utilizado pelo combatente para surpreender, iludir e
confundir o inimigo. Para ele, o terreno constitui-se o seu posto de observação, a sua base de
partida para o ataque e o seu itinerário de progressão que lhe propicia fortificação e proteção.

O combatente deve saber como aproveitar o terreno para obter camuflagem eficiente.
Ele deve adaptar seu uniforme para dissimular-se melhor em sua posição de tiro e escolher
cuidadosamente seus itinerários a percorrer entre duas posições, além de aproveitar ao
máximo as condições que lhe permitam furtar-se da observação inimiga.

A eficiência da camuflagem individual depende, principalmente, da escolha do fundo e


de seu aproveitamento correto. O fundo tem aparência extremamente variável, pois o
combatente pode operar na selva, na caatinga, no pantanal, em uma fazenda ou em uma rua de
uma cidade. Cada tipo de localização requer um tratamento peculiar, pois o local comanda
todas as medidas de camuflagem, em função do fundo que apresenta. É desejável que o
uniforme se harmonize com a cor predominante do fundo do ambiente em que se vai realizar
uma operação militar. Ele deve estar harmonizado com o ambiente, escondendo-se nas
sombras, evitando o contraste da silhueta com o fundo e evitando os movimentos bruscos que
possam denunciá-lo.

Antes de realizar a sua camuflagem, o combatente deve estudar o terreno e a vegetação


da área na qual se encontra. Em seguida, deve escolher e usar o material de camuflagem que
melhor combine com o ambiente em que vai operar.

Quando passar de uma área para outra, deve mudar de camuflagem conforme se faça
necessário para se misturar com o novo ambiente.

1.2 CAMUFLAGEM DO CAPACETE

Por sua forma e características, o capacete é um dos itens do equipamento individual


que mais se distingue e deve, portanto, ser objeto dos primeiros cuidados na camuflagem. Um
dos primeiros cuidados na camuflagem individual é a desfiguração da forma do capacete e a
eliminação da sombra forte e bem definida que ele projeta. Há vários modos de desfigurar a
forma do capacete e reduzir suas características de brilho e contraste. A seleção de um
processo, dentre os abaixo enumerados, é função da situação tática, do tempo e materiais
disponíveis:

a) Camufle o seu capacete com a capa de camuflagem fornecida ou confeccione outra


com tecido ou retalhos de pano do uniforme. Pequenos furos na capa ou na cobertura
improvisada servirão para melhor fixarem ramos e folhas no capacete e melhorarem
a sua dissimulação;
b) Use elásticos, tiras de borracha ou cordas para a fixação de material natural ou
artificial ao capacete. Um pedaço de rede de camuflagem afixado sobre o capacete,
também dará o mesmo resultado.
c) Evite, quando da colocação de folhagens no capacete, que essas fiquem em pé, como
“penas de um cocar”, pois o menor movimento de cabeça resultará na agitação das
mesmas e comprometerá a camuflagem; e
d) Caso não disponha dos materiais mencionado, utilize tinta ou lama na pintura de
desenhos irregulares sobre o capacete.

Figura 60 – Camuflagem do capacete

1.3 CAMUFLAGEM DO UNIFORME

Apesar de o uniforme de campanha ser camuflado e adaptar-se a maioria dos terrenos,


pode ser necessário adicioná-lo algum detalhe para torná-lo mais semelhante ao ambiente em
que se vai operar. Para fazer isso, pode-se utilizar lama ou terra como corantes, afixar folhas
ou grama ao mesmo e os materiais que dispuser. O importante é que a roupa se pareça mais
com o terreno do que com o uniforme.

1.4 CAMUFLAGEM DO EQUIPAMENTO

O equipamento individual de lona é verde e fosco e, normalmente, confunde-se com o


terreno. No entanto, este material pode desbotar com facilidade e será necessário escurecê-lo,
usando os materiais já citados anteriormente. Já os itens feitos de náilon, apesar de possuírem
coloração mais duradoura, tem aspecto pouco natural e ligeiramente brilhante. Esse brilho
deve ser eliminado usando-se lama, barro, carvão ou poeira.

As pequenas peças metálicas do equipamento tais como fivelas, grampos e mosquetões,


com o uso, podem perder o revestimento fosco e adquirir certo brilho. Elas deverão, então, ser
cobertas com panos ou com fita isolante.
O cantil, o caneco, a marmita, os talheres e outros objetos brilhantes devem ser
mantidos em seus estojos de lona ou náilon, a fim de não provocarem reflexos ao Sol.

1.5 CAMUFLAGEM DA PELE


A camuflagem da pele tem por finalidade ofuscar o seu brilho natural e reduzir o
contraste da tonalidade entre a pele e a vegetação circundante. Deve-se também, eliminar as
linhas nítidas do rosto, como os olhos, sobrancelhas e boca (linhas horizontais) e o nariz
(linha vertical). (Fig 77) Mesmo as peles escuras têm reflexos, devido ao suor e à oleosidade
natural.
Alguns aspectos devem se observados quando da camuflagem da pele:

a) Usar, preferencialmente, para a pintura da pele, os bastões e kits de camuflagem


distribuídos para a tropa, nas cores verde e preto;
b) Pintar desenhos irregulares no rosto usando as cores verde e preto de modo a quebrar
os contornos naturais;
c) Para ações noturnas, usar somente a tinta preta, escurecendo todo o rosto de maneira
uniforme (Fig. 78); e
d) Camuflar sempre o pescoço, a nuca, as costas das mãos, orelhas e toda a parte do
corpo que ficar exposta e fora do uniforme.

Figura 61 – Camuflagem da pele

Quando não se dispuser de bastões de camuflagem, podem ser usados corantes ou tintas
de improviso, como rolhas de cortiça queimadas, fuligem ou carvão. O barro deve ser evitado
e só usado em situações de emergência, devido a possível contaminação por bactérias.
Nenhum outro tipo de pó ou tinta corante deve ser empregado sem a prévia aprovação do
oficial médico da unidade.

A fim de se agilizar a aplicação camuflagem e melhor verificar a sua confecção, deve-se


empregar o sistema de duplas, onde trabalhando aos pares, os homens poderão se ajudar
mutuamente.

Figura 62 – Camuflagem diurna e noturna


1.6 CAMUFLAGEM DO ARMAMENTO

A camuflagem do armamento individual é feita aplicando-o tiras de tecido grosseiro ou


folhagem, para desfazer a regularidade do contorno. Lama ou barro podem servir para ofuscar
as partes brilhantes da coronha ou do cano do fuzil.

Todo cuidado deve ser tomado para que a camuflagem não interfira no funcionamento e
no emprego tático da arma. Atenção especial deve ser dado para o dispositivo de mira, a
alavanca ou punho de manejo e a janela de ejeção.

II. CONSTRUÇÃO DE ABRIGOS

Hoje em dia, as armas modernas são cada vez mais precisas e potentes e, praticamente,
tudo que puder ser visto no campo de batalha poderá ser destruída. A posição guarnecida ou o
local onde o combatente estiver estacionado na defesa será a chave para a sua sobrevivência.

Se, o seu abrigo preparado ou espaldão, estiverem bem localizados e construídos


adequadamente, o defensor terá reunido para si três grandes vantagens:

a) não ser facilmente descoberto pelo inimigo;


b) poder atingir o inimigo de uma posição inesperada; e
c) ficar protegido contra todo o fogo inimigo.

2. 1 USO DE ABRIGOS E COBERTAS EXISTENTES

Não contrariando as definições já sedimentadas quanto aos termos "abrigo" e "coberta",


mas, adequando-as ao assunto em estudo, deve-se considerar que:

a) abrigo: é genericamente, qualquer coisa que proteja contra os efeitos do fogo inimigo,
particularmente os do fogo direto; e
b) coberta: qualquer material natural ou artificial (moita, capim, rede de camuflagem,
etc) que possa esconder da observação terrestre ou aérea, a posição defensiva.

Dos conceitos mencionados infere-se que o abrigo ou a posição de combate


especialmente preparada pelo combatente deve ser construído, preferencialmente, com o
aproveitamento de abrigos naturais existentes, tais como árvores, rochas, muros de alvenaria
ou pedra, montes de terra, tocos e toras. Caso o abrigo natural existente não possa ser
utilizado, deverá o combatente "construir" um, fazendo, pelo menos, um monte de terra ou um
parapeito. Quanto às cobertas, para serem consideradas "boas", as posições não poderão ser
identificadas pela observação frontal.

2. 2 OBSERVAÇÃO E CAMPOS DE TIRO

Para poder atingir o inimigo atacante, o combatente na defesa necessita de campos de


tiro limpos. O ideal para uma posição é ter um setor livre de obstáculos ao tiro sobre alvos que
surjam nas distâncias pequenas (até 600 metros) e à observação, nas distâncias médias (até
1200 metros).
O combatente deve ser capaz de ver nitidamente o inimigo e poder atingi-lo. O excesso
de vegetação deve ser removido com cuidado para não quebrar o aspecto natural em torno da
posição, denunciando-a ao atacante.

2.3 APOIO MÚTUO

É um princípio de defesa, segundo o qual as unidades e as posições defensivas


adjacentes protegem-se umas às outras.

Entre os diversos abrigos de uma posição, o apoio mútuo funciona da seguinte forma: os
espaldões de armas coletivas e os abrigos devem ser dispostos no terreno de modo que os seus
setores de tiro sejam superpostos, ou seja, os dispositivos de fogo das armas individuais e
coletivas devem ser organizados de modo a não permitirem brechas entre si e cobrirem todos
os setores de tiro adjacentes das suas frentes.

Quando o combatente for obrigado, pelo fogo inimigo, a proteger-se atrás do parapeito
de seu abrigo, deixando de ver e atirar no agressor que se aproxima de sua posição, caberá
então aos companheiros dos abrigos adjacentes, a sua proteção.

2.4 REQUISITOS BÁSICOS PARA UM ABRIGO OU ESPALDÃO

Para que um abrigo preparado ou espaldão seja eficaz, ele deve atender a três requisitos
básicos:

a) oferecer proteção contra o fogo inimigo;

b) ser de difícil localização pelo inimigo; e

c) permitir ao defensor fazer fogo sobre o inimigo em situação vantajosa.

2.5 PROTEÇÃO CONTRA O FOGO

Uma boa posição deve oferecer proteção contra o fogo direto e proteger o combatente
do estilhaçamento de granadas, foguetes e obuses. Para isso, um parapeito, um teto, proteções
laterais e um paradorso (proteção à retaguarda) necessitam ser construídos.

A proteção frontal (parapeito) deve proporcionar proteção contra armas leves e ser, de
preferência, um abrigo natural já encontrado no terreno (árvores, troncos, rochas, muros, etc.),
porque assim o inimigo terá dificuldade de localizar a posição. A terra retirada da escavação
pode ser utilizada na construção ou reforço do parapeito quando este não existir ou não
oferecer suficiente proteção balística.

Apesar de a própria toca proporcionar uma razoável proteção contra os estilhaços dos
fogos indiretos, pois o combatente fica com o seu corpo abaixo do nível do solo, sempre que
possível, um teto deve ser construído para a proteção contra as explosões no ar.

Para completar a proteção da posição, deve-se construir proteções laterais e à retaguarda


(paradorso). Isto abrigará o combatente dos estilhaços de granadas ou ricochetes de projetis
que ocorrem atrás ou ao lado de sua toca, assim como, dos fogos de apoio amigo,
provenientes da retaguarda.
2.6 A POSIÇÃO NÃO PODE SE FACILMENTE DESCOBERTA

Todos os princípios de camuflagem precisam ser perfeitamente empregados na


construção do abrigo, sendo importante o uso dos materiais naturais existentes na
dissimulação cuidadosa do parapeito, a fim de não comprometer o disfarce da posição.

2.7 PERMITIR ENGAJAR O INIMIGO EM SITUAÇÃO VANTAJOSA

O ocupante do abrigo sempre deve engajar o inimigo em situação de vantagem e ter


condições de executar seus tiros pela frente e pelos lados da toca, ou seja, cada combatente
abrigado terá dois setores de tiro: um frontal e outro oblíquo. O parapeito do abrigo deve
permitir o tiro frontal e o de flanco, da seguinte forma:

a) o tiro frontal será executado sobre o inimigo que se encontrar à distância e cujos fogos
diretos não sejam eficazes sobre o abrigo; e
b) o tiro de flanco será realizado pelo defensor posicionado atrás do parapeito, quando o
inimigo estiver próximo da posição o suficiente para que seus fogos se tornem eficazes
sobre o abrigo.

2.8 ABRIGO OU TOCA PARA DOIS HOMENS

As tocas (ou abrigos) constituem as posições defensivas básicas e clássicas para os


combatentes de infantaria, podendo ser de uso individual ou duplo. Proporcionam a grande
proteção contra o fogo inimigo de todos os tipos e contra a ação de esmagamento dos carros
de combate ou veículos blindados.

Figura 63 – Abrigo para dois homens

Nas posições defensivas, a toca para dois homens é, geralmente, preferida à toca para
um homem, pelas seguintes razões:

a) é preparada com maior facilidade. Um homem pode garantir a proteção, enquanto o


outro trabalha na toca;
b) proporciona revezamento e repouso para os ocupantes;
c) se um soldado é ferido ou morto, a posição continuará ocupada, o que não acarretará
uma lacuna na posição;
d) em situação crítica, o efeito psicológico da camaradagem mantém os homens na
posição por mais tempo do que um homem isolado; e
e) proporciona maior conforto, especialmente em tempo frio, quando os ocupantes
poderão juntar seus cobertores e panos de barraca.
As tocas para dois homens também são muitas vezes utilizadas como Postos de
Observação (PO).

2.9 PREPARAÇÃO E CONSTRUÇÃO DOS ABRIGOS

Inicialmente, após saber o local exato da sua posição, o combatente deve ocupar um
abrigo sumário, caso possível, para proteger-se de um eventual ataque inimigo. Este abrigo
deverá ser preparado no local onde será cavada a sua toca. Após esta providência inicial,
começará a construção do abrigo (toca) definitivo, a ser executado em seis tarefas:

a) Primeira tarefa: cavar a toca;


b) Segunda tarefa: melhorar ou construir um parapeito;
c) Terceira tarefa: completar a limpeza dos campos de tiro;
d) Quarta tarefa: camuflar a posição;
e) Quinta tarefa: construir um teto; e
f) Sexta tarefa: fazer melhoramentos.

2.9.1 PRIMEIRA TAREFA: CAVAR A TOCA

As dimensões de uma toca devem ser suficientes para abrigar em seu interior dois
homens com todos os seus armamentos, equipamentos e munições. Por outro lado, ela deve
ser tão pequena quanto possível, para proporcionar uma maior proteção.

A profundidade do abrigo deve corresponder à altura das axilas do combatente de maior


altura e as demais medidas (largura e comprimento) podem variar um pouco com o terreno e o
parapeito natural a ser utilizado (caso existente), mas devem aproximar-se das seguintes (Fig.
80):

a) largura: 2 capacetes ou 2 baionetas (aproximadamente 30 cm);


b) comprimento: 2 fuzis (aproximadamente 1, 80 m);
c) espessura do parapeito: 1 fuzil (aproximadamente 90 cm); e
d) profundidade: altura das axilas do combatente de maior altura.

Figura 64 – Medidas da toca


2.9.2 SEGUNDA TAREFA: MELHORAR OU CONSTRUIR UM PARAPEITO

Esta tarefa é simultânea à primeira. O parapeito deve ter seu comprimento um pouco
menor que o da toca, de modo a permitir o tiro frontal, executado pelos seus flancos. Sua
espessura deve ser suficiente para proteger contra o tiro de armas leves (90 cm de terra pelo
menos). Sua altura deve ser o suficiente para proteger a cabeça do combatente, enquanto este
atira no setor oblíquo e distante da toca o suficiente para permitir o apoio dos cotovelos e a
colocação de estacas de amarração do tiro (uns 30 cm aproximadamente). Esse espaço entre a
toca e o parapeito é chamado berma.

2.10 TERCEIRA TAREFA: COMPLETAR A LIMPEZA DOS CAMPOS DE TIRO

A limpeza dos campos de tiro é iniciada junto ao abrigo, prosseguindo o trabalho na


direção do limite de alcance da arma.

É muito importante que essa atividade se limite a cortar a vegetação e desobstruir o


caminho, apenas quando isso for considerado absolutamente necessário para a execução do
tiro.

As cobertas naturais existentes devem ser mantidas ao máximo. Assim, por exemplo, se
uma pequena árvore estiver dentro de um setor de tiro, não há necessidade de cortá-la
completamente: quando o abrigo estiver concluído, o combatente e sua arma estarão ao nível
do solo e, dessa forma, com a remoção apenas dos galhos e folhagens mais baixos, poderá ser
obtido um ótimo campo de tiro.

Toda a folhagem removida poderá ser empregada na camuflagem do abrigo construído.


A área deve manter o seu aspecto natural durante a após a limpeza dos campos de tiro. É
importante, para isso, além dos cuidados indicados, que os pedaços de madeira sejam
removidos e cobertos com folhagem, areia, lama ou barro. Nenhum indício dessa tarefa pode
denunciar a posição.

2.11 QUARTA TAREFA: CAMUFLAR A POSIÇÃO

Ao fazer a escavação da toca é preciso muito cuidado para não alterar a feição natural
do terreno ao redor. As cobertas e abrigos existentes devem ser mantidos e aproveitados ao
máximo.

A terra retirada, que não for usada na construção ou no reforço do parapeito, deve ser
colocada em sacos ou sobre uma lona de barraca e transportada para a retaguarda.

Após a conclusão da limpeza dos campos de tiro, o combatente deve colocar-se em


frente à toca, a uns trinta e cinco passos (alcance de uma granada de mão) e examiná-lo do
ponto de vista inimigo, de pé e deitado. Assim, poderá observar os detalhes a serem
camuflados.

Feito isso, então, o combatente efetuará os trabalhos de camuflagem propriamente ditos,


visando à dissimulação do abrigo no terreno circundante. Os materiais de camuflagem que
não exigem substituição constante (troncos, pedras, placas de grama, arbustos vivos, etc.), são
preferíveis à vegetação cortada, que precisará ser trocada com frequência para não murchar.
Quando a camuflagem estiver pronta, deve ser feita uma nova inspeção pelo lado do
inimigo, para ver se existem falhas a corrigir.

2.12 QUINTA TAREFA: CONSTRUIR UM TETO

O teto ideal deve proteger o combatente, enquanto ele atira no setor de tiro oblíquo.
Para construí-lo, preparam-se duas bases de troncos, cunhetes de munição, etc. Essas bases
devem ficar sobre a berma, à frente e à retaguarda da posição e um pouco afastadas da borda
da toca, aproximadamente uns 30cm, para se evitar desmoronamentos. As bases devem ser
altas o suficiente para permitirem que o homem atire sob o teto, mas não tanto que dificulte a
camuflagem.

A seguir, constrói-se o teto com toras, tábuas ou o que estiver à mão e possa resistir ao
peso da terra de cobertura. É conveniente forrar esses troncos com papelão, compensados,
plástico ou qualquer outro material (de preferência impermeável), para prevenir o vazamento
de terra ou lama. Sobre essa estrutura, coloca-se, então, uma camada de 15 cm a 20 cm de
terra, procurando-se moldá-la de maneira que o teto do abrigo se harmonize com o terreno
adjacente. Novo trabalho de camuflagem será necessário, então, para dissimular o teto.

Figura 65 – Construção do teto

Figura 66 – Construção do teto


Figura 67 – Construção do teto

Quando um teto dessa natureza implicar em um aumento significativo na silhueta do


abrigo, tornando-o mais fácil de ser descoberto, deve-se construir o teto lateral. Para fazê-lo,
marca-se inicialmente um retângulo na extremidade da toca, suficientemente mais largo que
ela, para apoiar os toros ou tábuas do teto. Em seguida, cava-se a área delineada até a
profundidade de 50 cm, com cuidado de guardar a leiva, eventualmente retirada, para
camuflagem.

Figura 67 – Construção de teto lateral

A próxima operação será a colocação de toros, tábuas ou outros materiais que resistam
ao peso do restante do material de proteção.

Figura 68 – Construção de teto lateral

Completa-se, então, o buraco com a terra sobre a estrutura de toros, concluindo a


operação com leiva para a dissimulação. Sempre que possível, deve-se forrar os troncos com
papelão, plásticos, caixas de ração, invólucros impermeáveis de munição, etc.
Figura 69 – Construção de teto lateral

2.13 SEXTA TAREFA: FAZER MELHORAMENTOS

Essa tarefa visa melhorar as condições de defesa e de conforto do abrigo.

A fim de melhorar a precisão do emprego do armamento e abaixar a silhueta do


combatente, um apoio para os cotovelos deve ser construído mediante a escavação de dois
buracos correspondentes à posição de tiro. As estacas de amarração devem ser fincadas nos
limites dos setores de tiro, para evitar disparos acidentais sobre as tocas vizinhas e na direção
das vias de acesso mais perigosas, a fim de balizar o tiro noturno.

Qualquer que seja o tipo de toca, devem ser tomadas medidas para drenar a água da
chuva ou superficial por meio de um poço ou valeta. Para isso, o piso deverá ser ligeiramente
inclinado para o centro, onde uma valeta conduzirá a água na direção da parede frontal.

Como proteção complementar a um eventual arremesso de granada inimiga, um


sumidouro deve ser construído na base da parede frontal do abrigo, como continuação da
valeta de drenagem, com inclinação de 45º, na largura da pá portátil e tão profundo quanto for
possível cavar e a sua boca larga e lisa, não poderá oferecer resistência ao seu rolamento.

Figura 70 – Dreno

Exceto nos terrenos à prova de carros de combate, a toca deve ser suficientemente
profunda para garantir pelo menos 60 cm (2 capacetes) de espaço entre o soldado encolhido e
a borda da toca, a fim de protegê-lo contra a ação de esmagamento.
III ESPALDÕES PARA INFANTARIA

As posições a seguir descritas são construídas a partir do abrigo (toca) preparado para
dois homens e empregadas na defensiva.

Esses espaldões são destinados para as armas portáteis, metralhadoras, morteiros, armas
anticarro e outras armas, bem como para suas guarnições. Sempre que possível, também
devem ser construídos espaldões simulados para iludir o inimigo.

Além da posição principal, poderão ser escavadas posições suplementares e de muda


para todas as armas.

Na ofensiva, as armas da infantaria serão colocadas sempre onde existam posições


naturais ou já preparadas e que exijam o mínimo de mão-de-obra e de escavações. Especial
atenção deve ser dada aos campos de tiro e camuflagem.

Todos os princípios, requisitos e tarefas empregados na construção dos abrigos serão


também aplicados na preparação dos diversos tipos de espaldões.

3.1 ESPALDÃO PARA METRALHADORA LEVE (MTR MAG)

3.1.1 CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O ESPALDÃO

Além dos requisitos que uma posição deve ter um espaldão para metralhadora deve
satisfazer às seguintes condições básicas:

a) Ter os olhos no aparelho de pontaria e próximo ao visor da alça de mira, para a


execução correta da visada;
b) acesso cômodo ao punho da arma, para o acionamento do gatilho;
c) acesso cômodo ao mecanismo de elevação, para modificações da pontaria e rápido
transporte do tiro em alcance; e
d) a colocação do rosto encostado à coronha, para firmeza da pontaria e execução de
transporte de tiro em direção, com movimentos seguros e rápidos.

Para proporcionar ao atirador a posição adequada para a execução da pontaria e


acionamento da metralhadora, bem como o máximo de proteção, a posição da arma em
relação ao espaldão deve obedecer às seguintes condições:

a) reparo na posição baixa; e


b) arma próxima ao atirador.

3.1.2 SEQUÊNCIA DE TAREFAS PARA CONSTRUÇÃO DO ESPALDÃO

As tarefas para a construção do espaldão são exatamente idênticas às do abrigo


preparado para dois homens, exceto as de preparação dos apoios para o bipe da arma e
cotovelos, que devem atender às condições descritas no item anterior a fim de não
comprometer o emprego eficaz do armamento.
Para a melhoria da posição deve-se fazer o aproveitamento das condições de tiro,
realizando a pontaria com a arma, vasculhando o setor de tiro, e certificando-se de que tem
espaço para mover-se e atirar.

Deve ser colocadas obrigatoriamente estacas de amarração que limitarão o tiro de


modo a não possibilitar incidência de impactos sobre o parapeito de outra posição.

3.2 ESPALDÃO PARA METRALHADORA PESADA (.50)

Com uma metralhadora no centro de seu núcleo de defesa, o Cmt Pel terá de definir,
com precisão, a posição onde pretende manter a arma, os setores de tiro que lhe foram
atribuídos e a linha de proteção final (LPF).

Figura 71 - Espaldão

Antes de marcar o contorno sobre a terreno, é preciso que a metralhadora fique em sua
exata localização; para isso o reparo tripé deve ser colocado no solo, de forma que a arma
possa ser perfeitamente empregada no Setor Principal de Tiro, sobre a Direção Principal de
Tiro, quando indicada, e sobre a Linha de Proteção Final (LPF).

3.2.1 MARCAÇÃO DO CONTORNO DO ESPALDÃO

a) Colocar a Mtr em posição (reparo na posição baixa) apontada de modo que possa ser
empregada, perfeitamente, no setor principal de tiro, sobre a direção principal de tiro
ou sobre a linha de proteção final (LPF);

b) Marcar a posição da toca do atirador com sua borda anterior (duas baionetas),
paralela e rente à barra de ligação das pernas traseiras do reparo; e

c) Marcar a posição das tocas do municiador (à esquerda) e do chefe de peça (à direita),


com sua borda anterior voltada para o reparo, paralela ao suporte do limbo, a um
palmo afastada do reparo.

3.2.2 CONSTRUÇÃO DAS TRÊS TOCAS

Conforme já mencionado anteriormente na confecção de tocas.


3.2.3 CONSTRUÇÃO DA PLATAFORMA PARA O TIRO
 demarcar a plataforma de tiro (hexagonal); e
 cavar a plataforma de tiro.

3.2.4 PREPARAÇÃO DOS PARAPEITOS, FRONTAL, LATERAL E DE RETAGUARDA.

É preferível que se aproveite um abrigo natural, entretanto, quando isso não for possível
ou adequado, deve ser preparado um parapeito. Nesse caso, enquanto o espaldão estiver sendo
cavado, a terra retirada deve ser disposta na direção do inimigo atacante para obter essa
importante proteção da guarnição da metralhadora. Os parapeitos serão construídos da mesma
forma a com os mesmos cuidados para o abrigo preparado.

3.2.5 LIMPEZA DOS CAMPOS DE TIRO

Conforme já ensinado anteriormente.

3.2.6 CAMUFLAGEM DA POSIÇÃO

As leivas retiradas inicialmente do terreno devem ser colocadas na frente do local de


construção do parapeito. Isso ajudará a camuflar e a abrigar a atividade dos combatentes da
guarnição. Após completado o trabalho, as leivas servirão para a dissimulação do parapeito.

3.2.7 CONSTRUÇÃO DO TETO E ESPAÇO PARA DORMIR

O processo de construção é idêntico ao da toca para dois homens.

3.2.8 MELHORAMENTOS

Antes de qualquer outro melhoramento, as condições de tiro precisam ser aprimoradas,


nesse sentido, após a conclusão do espaldão básico da metralhadora, deve ser feita uma
verificação especial para o relacionamento de providencias a tomar com esse fim.

Os homens da guarnição devem entrar no espaldão para executarem o manejo da arma;


o atirador, olhando através do aparelho de pontaria e vasculhando o setor de tiro principal,
procura certificar se de que tem espaço para mover-se e atirar, juntamente com seu
municiador.

É preciso que a camuflagem não bloqueie a visão sobre o setor. Caso seja necessário, o
campo de tiro deve ser limpo.

A limitação do tiro da metralhadora é obtida por meio de estacas de amarração, de modo


que não possa ocorrer incidência de impactos sobre o parapeito de outra posição.

As paredes da plataforma da metralhadora poderão ser reforçadas com uma trama de


madeira ou galhos.
IV. OBSTÁCULOS

Os obstáculos classificam-se em naturais e artificiais. As montanhas, florestas, rios e


pântanos são obstáculos naturais. Os artificiais são constituídos por meios diversos, tais como:
arame farpado, minas, artifícios iluminativos e minas antipessoal, e são empregados para
evitar que o inimigo desencadeie um ataque de surpresa de locais muito próximos aos núcleos
de defesa.

A construção de obstáculos artificiais ou a utilização dos obstáculos naturais, de


qualquer forma, deve ser planejada de forma que sua utilização, remoção ou neutralização,
pelo inimigo, possa ser impedida pelo emprego do fogo das armas portáteis e anticarro
amigas. Tais obstáculos devem ficar tão próximos dos núcleos de defesa quanto o possível a
fim de permitirem uma adequada vigilância diurna e noturna, e, em contrapartida,o
suficientemente afastados (cerca de 100 metros), para impedirem que o inimigo, coberto por
eles, use com eficiência granadas de mão ou de fuzil.

4.1 OBSTÁCULOS DE ARAME OU FITA FARPADA

Dentre os obstáculos artificiais mais comumente empregados, encontram-se os


confeccionados com arame farpado ou fita farpada e têm a finalidade de impedirem ou
retardarem o movimento de tropas a pé e viaturas sobre rodas ou lagartas.

Para a construção dos diversos obstáculos de arame farpado podem ser empregados dois
tipos de materiais:

 Arame farpado: é um fio de arame torcido, com farpas de quatro pontas espaçadas de
cerca de 10 cm; ou
 Fita farpada ou concertina: é uma fita de aço de aproximadamente 2,5 cm, com
lâminas espaçadas de cerca de 2 cm.

Figura 72 – Fita farpada ou concertina


Os obstáculos confeccionados com arame ou fita farpada são classificados em:

a) Fixos: construídos no próprio local de emprego e não podem ser removidos, salvo se
desmontados; ou
b) Portáteis: preparados nas áreas de retaguarda, transportados e instalados nas posições
finais.

Na instalação de qualquer obstáculo de arame farpado devem ser preparadas passagens


nas redes de arame, com a finalidade de assegurar a travessia de patrulhas ou de turmas de
trabalho e permitir a progressão de tropas amigas.
Os requisitos básicos para o emprego dos obstáculos de arame farpados são os
seguintes:
a) serem batidos pelo fogo;estarem sob observação e protegidos por minas antipessoal
e dispositivos de alerta;
b) evitarem traçados geométricos regulares e locais facilmente identificáveis;
c) serem camuflados contra as observações terrestre e aérea; e
d) serem coordenados com outros elementos da defesa.
UNIDADE 6: MISSÕES INDIVIDUAIS
I. GENERALIDADES

Um combatente pode, em campanha, desempenhar, entre outras uma das seguintes


missões individuais: vigia, esclarecedor, homem de ligação, mensageiro e atirador de
emboscada. Para executá-las com eficiência é preciso que tenham sido assimilados com
perfeição todos os ensinamentos sobre a utilização do terreno, de modo geral, e sobre o
emprego do armamento.

II. VIGIA

Sempre que uma tropa estaciona sob a forma de acampamento, acantonamento ou


bivaque, ou quando a situação tática exigir, procurará proteger-se contra a surpresa e contra a
observação inimiga. Desta forma, serão lançados elementos para alertarem, a tempo, a
aproximação inimiga.

O local ocupado pelo vigia, durante o dia, é denominado posto de vigilância (P Vig.) ou
posto de observação (P O) e, à noite, de posto de escuta (P E), no caso de não dispor de meios
de visão noturna.

O vigia tem por missão ver e observar sem ser visto, informando qualquer detalhe que
possa ser de interesse ao grupo, bem como alertar antecipadamente sobre a aproximação
inimiga. No desempenho de sua missão ele aplica ao máximo seus conhecimentos de
cobertas, abrigos, descoberta e designação de objetivos e avaliação de distâncias.

O vigia não deverá denunciar a sua posição e somente fará uso de seu armamento para
defender-se quando surpreendido ou atacado pelo inimigo ou ainda, para dar o alarme se não
dispuser de outros meios para isso.

2.1 CONDUTA DE OBSERVAÇÃO E VIGILÂNCIA

Ao ocupar o seu posto, o vigia deve fazer o estudo de seu setor de vigilância,
previamente estabelecido pelo seu comandante. Os pontos e linhas mais importantes do
terreno de onde o inimigo pode iniciar sua ação deverão ser vigiados com mais precaução.

Devem ser instalados sistemas de alarme nos prováveis locais de aproximação do


inimigo e especial atenção deve ser tomada à noite e, se possível, deve-se improvisar
dispositivos de alerta com arames, fios, latas vazias, cordéis de tropeço, caso não se disponha
de dispositivos de vigilância eletrônica.

Os postos de vigilância lançados no terreno devem possuir algum meio de comunicação


entre si e com o escalão superior. Na ausência de rádio comunicação ou telefone, meios
improvisados como cordões de chamada, gestos, ou sinais acústicos podem também ser
empregados.

O vigia deve saber:

a) a direção em que o inimigo se acha ou de onde pode surgir;

b) o setor a vigiar e os pontos de referência que o delimitam;

c) a designação e a localização do seu posto e dos postos vizinhos;

d) a senha e a contrassenha, sinais de reconhecimento, sinal de alarme e de chamada do


comandante do posto; e

e) os horários de saída e chegada das patrulhas amigas.

III. ESCLARECEDOR
O esclarecedor é o soldado ou dupla de soldados empenhados em pequenas missões de
reconhecimento e corresponde ao Vigia que muda constantemente seu posto de observação.
Tanto pode ser destacado à frente ou nos flancos de uma tropa que se desloca ou se encontra
estacionada, a fim de reconhecer o itinerário ou determinado trecho do terreno.
Assim como os vigias, os esclarecedores têm por missão observar sem serem percebidos
pelo inimigo e prestar aos seus comandantes todas as informações colhidas durante o
cumprimento das missões.
Devem evitar o uso de seu armamento, a não ser para se defender ou dar o alarme, pois,
caso contrário, estariam denunciando a presença da tropa ao inimigo.

3.1 CONDUTA NOS DESLOCAMENTOS E NOS RECONHECIMENTOS

3.1.1 NOS DESLOCAMENTOS:

a) Valer-se das técnicas de utilização do terreno;

b) Levar consigo somente o imprescindível;

c) Evitar espantar aves e animais;


d) Não se afastar em demasia de sua fração quando só;

e) Aproveitar as situações de má visibilidade;

f) Em dupla, um elemento protege o outro;

g) aproveitar ruídos dos ventos, chuvas e outros eventos para progredir;

h) Evitar deixar rastros;

i) Se percebido, utilizar itinerário diferente da sua ida; e

j) Atentar na transposição de estradas, caminhos e riachos (usar como ponto de partida


as curvas pois proporciona maior rapidez).

3.1.2 NOS RECONHECIMENTOS:

a) Reconhecer, primeiramente, à vista, sempre abrigado e à distância;

b) Evitar aproximar-se de regiões de casario, povoados e grupos de árvores a não ser


que a missão determine;

c) Observar tropas a partir de orlas de bosques, elevações ou pontos semelhantes com


muita atenção e cautela; e

d) Empregar todos as técnicas conhecidas de deslocamento, observação e ocultação


durante à noite.
IV. MENSAGEIRO

O mensageiro é todo elemento encarregado da condução e entrega de mensagem escrita


ou verbal e tem vital importância nas ações de comando e controle de qualquer operação
militar. No âmbito dos pelotões e subunidades, são comumente utilizados a pé dentro das
respectivas áreas de responsabilidade.

É dever de todos auxiliarem os mensageiros que conduzem mensagens importantes,


esclarecendo-os sobre itinerários que devam seguir, direção a tomar e proporcionar-lhes
transporte, quando necessário.

Os deslocamentos dos mensageiros podem ser a pé, motorizados, ciclistas ou outros


meios de transporte.

V. CAÇADOR OU ATIRADOR DE EMBOSCADA

O caçador é um "sistema de armas" de extrema valia para às forças militares e órgãos de


segurança civis, sendo de suma importância no atual cenário mundial eivado de conflitos
regionais, terrorismo e violência urbana. No contexto do emprego da Infantaria é um
multiplicador de combate eficiente a disposição de um comandante. Sua filosofia para
emprego pode ser traduzida pela seguinte frase: "Um tiro, uma baixa"

O caçador é um fuzileiro de escol, conhecedor das técnicas individuais de combate e


que tem por missão eliminar com tiros de emboscada os principais combatentes inimigos
(comandantes, atiradores de armas coletivas, pessoal de comunicações, observadores,
atiradores de escol e outros). Na falta destes objetivos, poderá atirar contra qualquer elemento
inimigo, mantendo-o em constante inquietação.

Os caçadores podem acompanhar as patrulhas quando necessário, auxiliando no


trabalho de busca e localização dos objetivos para as armas de apoio. Como sempre operam
em posições elevadas, podem proporcionar cobertura aos movimentos das patrulhas, atirando,
porém, sempre em último recurso.

3.1 MISSÕES DO CAÇADOR

a) Eliminar pessoal inimigo;


b) Eliminar caçadores inimigos, impedindo sua ação sobre nossas tropas;

c) Destruir ou tornar indisponível meios materiais; e

d) Durante o cumprimento de sua missão, procurará, se possível, obter informes para a


sua unidade.

3.2 EFEITOS DESEJADOS NO EMPREGO DO CAÇADOR

a) Causar baixas;

b) Diminuir a velocidade do inimigo;

c) Baixar o moral;

d) Instalar o medo; e

e) Desviar meios e esforços inimigos para sua busca.


UNIDADE 7: MARCHAS A PÉ
I. RAZÕES PARA A MARCHA A PÉ

O combate moderno caracteriza-se por sua grande velocidade e pelas manobras


executadas com o apoio de todo o tipo de veículos. Todavia, ainda existem situações onde o
combatente é obrigado a se locomover por seus próprios meios. Assim, uma marcha a pé pode
ser necessária quando:

a) a situação tática ou o terreno impossibilitam o emprego de veículos ou outros


meios de transporte;

b) não há disponibilidade de veículos ou outros meios adequados para transportar a


tropa;

c) necessidade cumprir determinado programa de treinamento ou de instrução; ou

d) a extensão do deslocamento é curto e não justifica o emprego de veículos.

II. TIPOS DE MARCHA A PÉ

As marchas a pé são classificadas em dois tipos:

a) Tática: é aquela que se realiza quando há possibilidade ou iminência de contato com


o inimigo. Por ser executada em ambiente de combate, as medidas de segurança
predominam sobre o conforto da tropa; ou
b) Administrativa: é aquela que se realiza longe do ambiente de combate,
caracterizando como remota a possibilidade de contato com o inimigo. Por essa
razão, o conforto da tropa prevalece sobre as medidas de segurança.

III. RENDIMENTO DA MARCHA

Diz-se que uma tropa executou uma marcha com bom rendimento quando esta chega ao
seu destino no horário previsto e em condições de cumprir sua missão.

IV. FATORES QUE INFLUENCIAM NAS MARCHAS

Cada vez mais dependente do transporte motorizado, o homem moderno precisa ser
convenientemente treinado para efetuar longas marchas, pois, em diversas situações sua
sobrevivência em combate ou o cumprimento de determinada missão dependerá de sua
aptidão física e psicológica para caminhar longas distâncias. Para a execução de qualquer
marcha, existem fatores que diretamente influenciam o desempenho da tropa:

a) o grau de instrução, o moral e o estado fisiológico dos militares;


b) a possibilidade de contato com o inimigo;
c) a formação empregada no deslocamento da tropa;
d) a observância da disciplina de marcha;
e) as condições dos itinerários de marcha e o terreno ao seu redor;
f) as condições meteorológicas;
g) a confiança no Comando; e
h) o Espírito de Corpo.

A seleção de itinerários de marcha aproveitando as vias existentes ou que sejam


conduzidos em terreno majoritariamente plano favorecem à sua realização, permitindo-lhe um
bom rendimento e o maior conforto para a tropa, independentemente do tipo de terreno
(montanha, selva, alagadiços e pântanos). Todavia, em ambiente sujeito à ação do inimigo, o
emprego de estradas deve ser realizado somente em extrema necessidade, tendo em vista a
possibilidade de ocorrerem emboscadas.

O clima e o tempo da região onde irá acontecer o movimento influenciam diretamente


na execução da marcha. O clima moderadamente frio e seco é o ideal para a execução da
marcha, pois oferece maior conforto fisiológico. Já o calor e a umidade excessivos, desgastam
o combatente prematuramente, reduzindo seu rendimento na marcha.

As chuvas também dificultam a realização de marchas, na medida em que encharcam a


roupa e o equipamento individual, aumentando-lhe consideravelmente o peso. A lama
formada pela chuva também dificulta o movimento por estradas de terra e trilhas.

Mesmo quando um combatente apresentar excelente condição de saúde, algumas


medidas devem ser observadas no tocante à alimentação, ao uso dos uniformes e à preparação
dos equipamentos individuais, de modo a evitar problemas fisiológicos relacionados à
digestão e à circulação sanguínea. Os comandantes devem ter cuidado ao preparar física e
psicologicamente sua tropa, incutindo-lhe o espírito de corpo, fatores imprescindíveis ao
cumprimento da missão.

V. PREPARAÇÃO INDIVIDUAL PARA A MARCHA

A preparação individual influirá decisivamente na realização de qualquer marcha,


proporcionando conforto ao combatente, na medida em que forem escolhidos uniformes
adequados ao clima, adaptados os equipamentos necessários ao cumprimento da missão e
controlado o consumo de água e alimentos.

Comuns às atividades físicas, a transpiração excessiva elimina importantes reservas de


sais minerais no corpo humano, cãibras e os efeitos da insolação podem ser controlados pela
ingestão moderada de água, pois o organismo não consegue absorver rapidamente grandes
quantidades de líquido.

No transcurso ou antes de uma marcha, a digestão de cada militar deve ser facilitada
com o fornecimento de refeições quentes e leves. Alimentos energéticos como barras de
cereais, chocolate e frutas constituem bons substitutos, caso a situação tática não permita o
tempo ou as condições necessárias para o fornecimento de rações quentes.

O uso de uniformes apertados ou de numeração muito maior que a do combatente pode


afetar sua circulação sanguínea, reduzir sua capacidade de movimentos, aumentar
excessivamente sua transpiração ou, ainda, expor seu corpo aos efeitos nocivos das baixas
temperaturas.

O equipamento pesado e mal ajustado prejudica a respiração, a circulação, a digestão e,


por vezes, produz lesões na pele, que podem facilitar o surgimento de infecções e causar
graves baixas na tropa. Cada item transportado pelo combatente deve ser distribuído pelo
conjunto cinto-suspensório (colete) ou, ainda, armazenado na mochila, tendo em vista a sua
importância (armamentos) e condições de transportabilidade (rações e kits individuais).

Elos metálicos que possam atritar a pele do combatente devem ser substituídos por tiras
de borracha ou por retinidas. Em princípio, não se deve conduzir carga superior a 1/3 do
próprio peso do combatente. Aconselha-se o transporte de uma carga entre 18 a 22 quilos, no
máximo, somando-se o seu armamento, os equipamentos de proteção, o fardo aberto e o de
combate.

VI. CUIDADOS ESPECIAIS COM PÉS, MEIAS E CALÇADOS

A realização da marcha depende de estarem os pés do combatente devidamente


protegidos e preparados para a os esforços aos quais serão submetidos. Como regra geral,
procure manter seus pés tão secos quanto possível, evitando-se pisar desnecessariamente em
poças d'água ou na lama. Sempre que a tropa estacionar por considerável período de tempo, os
pés devem ser lavados e enxugados cuidadosamente, secando bem as áreas entre os dedos e
aplicando pó antisséptico ou talco.

Portanto, cada militar deve preocupar-se com as condições de limpeza dos mesmos,
manter suas unhas aparadas de modo correto, usar meias sem furos ou mal ajustadas, utilizar
calçados bem ajustados e aplicar curativos nos ferimentos, sempre que forem percebidas a
ocorrência de calos, bolhas e úlceras.

As unhas devem ser aparadas, evitando-se cortar seus cantos e, assim, impedir que as
mesmas venham a “encravar”. Calos e frieiras devem rapidamente ser tratadas, e, se possível,
com o auxílio do pessoal de saúde.

O combatente deve sempre usar meias de algodão secas e que não apresentem furos ou
rasgos. Todos os dias ou sempre que for necessário atravessar uma área alagada, um lamaçal
ou curso d'água e a situação assim o permitir, o militar deve substituir suas meias e botas.

Os calçados devem estar bem ajustados, sem folgas e previamente amaciados pelo uso
rotineiro no quartel. A limpeza e o engraxamento das botas facilitam sua conservação,
aumentando sua impermeabilização e conferindo maior elasticidade ao couro.

VII. EXECUÇÃO DAS MARCHAS

7.1 DESTACAMENTO PRECURSOR

No intuito de aumentar o rendimento e a segurança nos movimentos de marcha, o


comandante da tropa deve constituir um Destacamento Precursor, a fim de orientar o
deslocamento e proteger as colunas de marcha contra acidentes ou a ação do inimigo.
Composto por elementos capacitados, essa fração de tropa deverá ser efetivada antes do início
da marcha e tendo em vista a execução das seguintes tarefas:

a) balizar os pontos críticos do itinerário;

b) executar os trabalhos de sapa ou engenharia levantados no reconhecimento;

c) controlar o trânsito e facilitar o movimento da tropa; e

d) reconhecer e preparar o local para o próximo estacionamento da tropa.

O Destacamento Precursor precede à tropa e, à medida que forem ultrapassados por


essa, recolhem-se à sua retaguarda. Dependendo da situação, seus integrantes são recolhidos
por viaturas e reposicionados à frente do grupamento de marcha para cumprirem as suas
tarefas individuais.

7.2 FORMAÇÃO DA COLUNA DE MARCHA

Normalmente, a tropa executa sua marcha adotando a formação do tipo “coluna por
dois”, ocupando os dois lados da estrada. Se as circunstâncias táticas ou as condições da
própria via o exigirem, poderão ser empregadas outros tipos de formações (“coluna por um”,
“coluna por três”, etc...). Sempre que possível, a tropa deverá marchar na contramão da
estrada, a fim de diminuir o risco de acidentes

7.3 VELOCIDADE DE MARCHA

A “velocidade de marcha” é obtida pela medição da distância percorrida, em


quilômetros, no intervalo de uma hora, incluindo o tempo gasto com o “alto horário”.
Geralmente, este valor é especificado na “Ordem de Marcha” e pode ser calculado com base
nas condições do terreno, nas condições meteorológicas, bem como no estado fisiológico e
psicológico da tropa. Deve-se, também, considerar o efetivo da tropa, a formação adotada
para a coluna de marcha e a situação tática, sendo esta o fator de maior preponderância.

Para um cálculo aproximado das velocidades a serem empregadas pela tropa, deve se
considerar a seguintes tabela:
LOCAL DIURNA NOTURNA
Estrada 4 Km por hora 3 Km por hora
Campo 2,5 Km por hora 1,5 Km por hora
Selva (floresta primária) 1 Km por hora Utilização restrita
Sela (floresta secundária) 0,5 Km por hora Utilização restrita

Caso utilize boas estradas e em noites enluaradas, a marcha noturna pode ser
conduzida na mesma velocidade atingida no período diurno. Pequenas frações, marchando
isoladamente, podem deslocar-se com velocidades maiores que as previstas acima.

VIII. O REGULADOR DE MARCHA

Um militar deve ser designado especificamente para manter a velocidade de marcha


prescrita, com cadência e ritmo uniformes. Essa função é denominada “regulador de marcha”
e pode ser desempenhada por um graduado de estatura média e com o passo aferido e que se
desloca de 5 a 10 passos à frente do grupamento de marcha. Sua cadência deve ser fiscalizada
pelo oficial que marchar à testa da coluna, a fim de mantê-la uniforme.

IX. DISTÂNCIAS PREVISTAS PARA A COLUNA DE MARCHA

9.1 DISTÂNCIAS ENTRE OS HOMENS

Dispostos em suas “colunas de marcha”, os militares devem manter, no período diurno,


a distância de 1 metro entre si. Dependendo da visibilidade, do piso da estrada e das etapas a
serem cobertas, pode ser determinada uma distância maior, cujo limite não deve ultrapassar
4,5 metros a fim de não prejudicar o controle. Nas marchas táticas, durante o dia, aconselha-se
que as distâncias entre os homens seja de 4,5 metros para que, pela dispersão, possa a tropa
proteger-se dos fogos inimigos, inclusive os aéreos.

No período noturno, as distâncias devem ser reduzidas ao mínimo e os homens devem


manter o silêncio durante o deslocamento. Combatentes devem ser dispostos no terreno para
balizar os pontos onde for necessário realizar desvios de itinerário. Cada comandante de
“Unidade de Marcha” deverá dispor de mensageiros e elementos de ligação para o controle de
seus comandados e para estabelecer canais alternativos para a comunicação entre as frações.

9.2 DISTÂNCIAS ENTRE AS FRAÇÕES

Quando não houver determinação em contrário, as distâncias entre as frações, a serem


mantidas durante o dia ou à noite, nas marchas preparatórias, administrativas ou de instrução
são:
FRAÇÕES DISTÂNCIA DIURNA DISTÂNCIA NOTURNA
Batalhões 100 metros 50 metros
Companhias 50 metros 20 metros
Pelotões 20 metros 10 metros

Essas distâncias servem para reduzir as flutuações, evitar os emassamentos e permitir


que viaturas possam ultrapassar a coluna. Casos as mesmas tendam a aumentar em demasia,
devem ser intercalados elementos de ligação entre as frações até que sejam regularizadas as
distâncias previstas.

X. ALTOS

10.1 ALTO E ALTOS-HORÁRIOS

Almejando proporcionar um rápido intervalo para a tropa descansar, reajustar seu


equipamento e satisfazer suas necessidades fisiológicas, o comandante da marcha planejará a
realização de altos a intervalos regulares. Em condições normais, o primeiro alto é feito após
45 minutos de marcha e tem a duração de 15 minutos. Outros altos serão feitos a cada 50
minutos de marcha, e terão a duração de 10 minutos, sendo denominados "altos horários".

10.2 CONDUTA DOS HOMENS DURANTE OS ALTOS

As frações de uma mesma Unidade de Marcha iniciam o deslocamento e executam o


alto ao mesmo tempo. Ao comando de "Alto!", os homens saem de forma para o lado da
estrada pelo qual vêm marchando e permanecem nas proximidades, desequipados e em
descanso. É aconselhável que se deitem, apoiando os pés em posição mais elevada que a do
corpo (sobre pedras, troncos, saliências do terreno ou sobre a mochila) a fim de
descongestioná-los.

Durante os altos, os comandantes de fração devem verificar pessoalmente o estado


físico de seus homens e solicitar o apoio do pessoal de saúde, caso seja necessário algum
atendimento médico.
XI. DEVERES DA TROPA

a) preparar o equipamento prescrito para a marcha, segundo a Ordem Preparatória;

b) cuidar meticulosamente dos pés e munir-se de meias sobressalentes;

c) receber o armamento, ajustar os equipamentos e abastecer com água os cantis;

d) deslocar-se, mantendo seu lugar na formação;

e) obedecer rigorosamente a distância, o intervalo e a velocidade de marcha;

f) observar as prescrições relativas ao consumo de água e da ração de combate;

g) só abandonar a formatura quando autorizado;

h) durante os altos, desequipar-se e procurar descansar o máximo possível, elevando os


pés para descongestioná-los;

i) procurar satisfazer as necessidades fisiológicas antes do início da marcha; e

j) ocupar o seu lugar em forma, 1 minuto antes do reinício da marcha.


UNIDADE 8: ESTACONAMENTOS
Uma área de estacionamento em campanha é o local onde as tropas são reunidas para
repouso, reorganização ou instrução. Normalmente, o local é escolhido em local dotado de
infraestrutura e construções ou permite a montagem de barracas compatíveis com as
necessidades para o abrigo da tropa.

A ocupação de uma área de estacionamento deve ser planejada para ocorrer no período
noturno ou sob condições meteorológicas que ocultar aquela operação das vistas do inimigo.
A tropa deve adotar outras medidas, tais como: dispersão e camuflagem. Logo, importa
programar o cronograma da marcha, a fim de facilitar a instalação segura, rápida e adequada
dos Grupamentos de Marcha.

Os meios motorizados ou mecanizados que acompanharem os Grupamentos de Marcha


devem ser estacionados nas proximidades de estradas e em áreas cobertas. A tropa deverá ser
distribuída no terreno, de modo a oferecer o máximo de conforto ao pessoal e proteção ao
material, sempre observando a situação tática e tendo em vista as operações subsequentes.

I. FORMAS DE ESTACIONAMENTO

1.1 ACANTONAMENTO

Forma de estacionamento na qual a tropa se aproveita de edificações existentes no


terreno, constituindo-se na melhor maneira para instalar a tropa, segundo os aspectos de
comodidade para o pessoal e proteção para o material. Os meios acantonados possuem menor
vulnerabilidade à detecção visual inimiga e podem ocupar e desocupar as áreas com maior
rapidez. Na área reservada a cada Grupamento de Marcha, o comandante distribui setores às
Unidades de Marcha subordinados, designando, na medida do possível, integrantes de uma
mesma fração para ocupar edificações próximas, a fim de permitir a reorganização dos
efetivos.

1.2 ACAMPAMENTO

Forma de estacionamento na qual a tropa utiliza-se de barracas para a sua proteção,


podendo os equipamentos pesados serem posicionados sob cobertas existentes. Nesta forma
de estacionamento, a participação da Unidade Celular de Intendência (UCI) deve ser incluída
nos planejamentos da marcha.

1.3 BIVAQUE
Situação na qual uma tropa utiliza, como abrigos, os meios naturais (cobertura das
árvores, acidentes do terreno e etc.) ou improvisa meios de fortuna (poncho, plásticos, manta,
redes de camuflagem, etc.). Em princípio, o bivaque deve ser estabelecido aproveitando-se as
cobertas e abrigos existentes e de modo a facilitar o controle da tropa.

II. PREPARAÇÃO DO ESTACIONAMENTO

O preparo de um local para a tropa estacionar inclui uma série de medidas planejadas
pelo comandante da marcha em função do reconhecimento realizado. Estes trabalhos podem
ser executados pelos elementos do Destacamento Precursor, ou ainda, por pessoal
especializado quando houver apoio de uma UCI.
A preparação dos locais para estacionamentos deve ser planejada minuciosamente e
com antecedência, muito antes da chegada da tropa, a fim de evitar confusões
Pouco antes da chegada da tropa ao PLib, o oficial responsável pelo local de
estacionamento apresenta-se ou comunica ao comandante da marcha informando das
condições para recebimento dos Grupamentos de Marcha. As frações são conduzidas pelos
balizadores do Destacamento Precursor para os seus respectivos locais de estacionamento, de
modo a evitar congestionamentos e bloqueios nas vias de acesso. Caso haja o apoio de uma
UCI, seu responsável se reporta ao comandante ou ao subcomandante da marcha, para
informá-lo das medidas administrativas tomadas para a instalação do estacionamento.

III. HIGIENE DOS LOCAIS DE ESTACIONAMENTO

Quando não houver o apoio de UCI, o responsável pelo local de estacionamento deverá
organizar os locais de uso comum no acampamento ou no bivaque. O pessoal de saúde será
responsável pela vigilância sanitária dos locais de estacionamentos, expedindo
recomendações e orientando a tropa para a observação de medidas de higiene.
3.1 ORGANIZAÇÃO DAS INSTALAÇÕES DE HIGIENE PARA UM
ESTACIONAMENTO

As latrinas deverão ser dispostas em um dos extremos do estacionamento, na direção


oposta dos ventos que dominam a região. Para evitar a contaminação, as latrinas devem distar,
pelo menos 100 m da cozinha e 30 metros da barraca mais próxima. Junto às latrinas,
existirão mictórios e locais para a lavagem das mãos. Os lavatórios e chuveiros devem ser
dispostos entre as vias das subunidades e as latrinas.

3.2 COZINHA DE CAMPANHA

Geralmente fica armada sob um toldo que favorece a ventilação e a circulação do


pessoal. Deverá, também, estar equidistante das demais instalações do estacionamento para se
manter um trabalho econômico e metódico. Suas instalações compreendem: a cozinha
propriamente dita, o depósito de víveres e a área de limpeza e lavagem de utensílios.

Na “linha de servir” ficam dispostas as diversas panelas contendo alimentos que serão
abordados pelos diversos militares. Deve ser planejada em área coberta e organizada a
fornecer facilidade para coleta da comida e manter um fluxo constante de movimento de
pessoal, garantindo agilidade na apanha dos alimentos.

Para se garantir a higiene e a limpeza das marmitas e utensílios individuais dos


combatentes deve ser preparada uma área onde se possa efetuar sua lavagem, que deverá, se
possível, contar com aquecedores de água e sabão neutro diluído.

A água para beber deverá estar tratada e colocada em saco de Lyster, próximo da linha
de servir. Embaixo dos mesmos deverá existir uma fossa de absorção para que a água
utilizada caia no chão e não empoce. Essa fossa deve ser construída a partir de um buraco
feito no solo com diâmetro um pouco maior que o do saco Lyster e preenchido com pedras ou
areia. Normalmente, cada saco é destinado a suprir 100 homens.
3.3 DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS DE COLETA DE ÁGUA EM UM CURSO D´ÁGUA

Quando houver necessidade de coletar a água para suprir uma tropa estacionada, os
combatentes deverão ser orientados de modo a utilizar o curso d'água disponível, de maneira a
evitar a contaminação das diversas atividades.

Figura 73 – Coleta de água

IV. SEGURANÇA NO ESTACIONAMENTO

Medias de segurança numa área de estacionamento devem ser estabelecidas com o


intuito de proteger a tropa de ações diretas ou de inquietação, bem como a observação do
inimigo, negando-lhe a obtenção do Princípio da Surpresa.

Para tanto, o planejamento deve basear-se, principalmente, em ações de Defesa


Passivas, tais como: a camuflagem, a dispersão, aproveitamento de cobertas e, se necessário, a
construção de fortificações de campanha. Por sua vez, postos de serviço, lançamento de
patrulhas, posicionamento de pontos fortes dotados de armas coletivas devem ser objeto do
esquema de Defesa Ativa. Quando ataques aéreos constituírem a principal ameaça à tropa, as
medidas de segurança em terra devem ser reduzidas ao estritamente essencial.

4.1 A SEGURANÇA NO EXTERIOR DA ÁREA DE ESTACIONAMENTO

O conhecimento pleno e antecipado do terreno pode favorecer à segurança da área de


estacionamento, na medida em que assinala as possíveis vias de acesso ao inimigo e
determina pontos de onde a tropa pode ser engajada por fogo terrestre, sempre analisando as
possibilidades do inimigo, em termos de efetivo, armamentos e meios de transporte.

Sempre que o estudo da situação tática recomendar cautela contra incursões de forças
adversas dotadas de mobilidade (aérea ou terrestre), o comandante da tropa deve prever
medidas para obstruir as vias de acesso (cruzamentos de estradas, desfiladeiros, pontes etc.)
vindas da direção do inimigo ou manter sob controle área onde possam ser desembarcadas
tropas aeromóveis.

Atualmente, a utilização de meios de transporte aéreos ou terrestres podem ampliar a


capacidade de promover ações adversas de diferentes azimutes, demandando a observância de
regras para estabelecer medidas consoantes aos Princípios “Defesa em todas as Direções” e
“Defesa em Profundidade”. Nestes casos, a vigilância e a capacidade de alertar a tropa devem
ser objeto do planejamento, no que tange ao emprego dos meios de comunicações.

Quando houver a possibilidade de infiltração adversa por vias terrestres, a segurança da


tropa dependerá do emprego de Postos de Vigilância (P Vig) avançados, a fim de manter
estrita observação a partir dos principais acidentes do terreno e prováveis vias de acesso do
inimigo. Cada um desses postos devem ser interligados por patrulhas móveis.

4.2 A SEGURANÇA NO INTERIOR DA ÁREA DE ESTACIONAMENTO

No interior da área de estacionamento, o comandante deve estabelecer medidas de


Defesa Ativas e Passivas.

O posicionamento de postos de serviço para defender as instalações pode ainda,


contribuir para alertar ações de surpresa inimigas e para fazer cumprir as disposições adotadas
sobre o trânsito, policiamento e camuflagem. As armas anticarro que não forem distribuídas
para os P Vig avançados serão utilizadas para cobrir as vias de acesso imediatas à área de
estacionamento.

Mesmo quando houver disponibilidade de meios antiaéreos para prover defesa à área de
estacionamento, a tropa deverá ser orientada a observar uma rigorosa disciplina de
camuflagem, evitando-se a circulação desnecessária nos locais onde não estejam disponíveis
cobertas. A proteção individual, além de aproveitar as cobertas e abrigos existentes, será
assegurada, também, pela escavação de adequados abrigos individuais. A Proteção contra
incêndio é obtida pela difusão de normas sobre as áreas onde seja franqueado o ato de fumar e
a localização exata de extintores e outros meios.

4.3 ABANDONO DO ESTACIONAMENTO

Após a retirada da área de estacionamento, caberá a UCI ou ao Destacamento Precursor


reorganizar o terreno removendo os sinais provocados pela presença da tropa e pela
infraestrutura utilizada, de modo a negar tais dados ao inimigo. Lixo, dejetos ou detritos
deverão ser removidos e, se tal ação não for possível, enterrados em local apropriado, a fim de
evitar danos ao ambiente ou revelar indícios de presença dos combatentes.
Sempre que a situação tática o permitir, a execução destes trabalhos pode ser realizada
pela tropa que ocupou a área de estacionamento. Para tanto, todos os militares serão
envolvidos, instruídos e fiscalizados pelos respectivos comandantes de frações. Se a partida
for de madrugada, medidas para a preservação da disciplina de luzes e ruídos devem ser
adotadas.

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