Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Volume I
FIEP - Federação das Indústrias do Estado do Paraná
Ovaldir Nardin
Superintendente Corporativo do Sistema FIEP
Diretor Financeiro
Organizador:
Revisão bibliográfica:
CURITIBA
2009
2 Edição (revisada e atualizada)
a
2009. SENAI – Departamento Regional do Paraná
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte
FICHA CATALOGRÁFICA
IBSN: 85-88980-09-6 CDU: 676.022
1 Matérias-primas.................................................................................................................... 13
1.1 Matérias-primas para fabricação de polpa.......................................................................................13
1.2 Madeira como matéria-prima para fabricação de polpa...................................................................14
1.3 Madeira juvenil e madeira adulta......................................................................................................18
1.4 Madeira de reação...........................................................................................................................19
1.5 Defeitos naturais nos cavacos de madeira.......................................................................................22
1.6 Propriedades físicas da madeira......................................................................................................23
1.7 Estrutura das fibras..........................................................................................................................27
1.8 Composição química........................................................................................................................29
1.9 Caracterização das espécies de madeiras mais utilizadas no Brasil.................................................42
1.10 Reflorestamento das espécies......................................................................................................48
1.11 Preparo de solo..............................................................................................................................56
1.12 Sulcamento e marcação do solo....................................................................................................57
1.12 Plantio............................................................................................................................................57
1.13 Proteção e cuidados posteriores ao plantio...................................................................................58
1.14 Fibras não-madeireiras..................................................................................................................64
1.15 Fibras secundárias ........................................................................................................................71
Referências Bilbiográficas........................................................................................................ 73
2 Preparo da madeira.............................................................................................................. 75
2.1 Pátio de Madeira..............................................................................................................................75
2.2 Características da madeira para a produção de cavacos..................................................................75
2.3 Unidade de medida da madeira........................................................................................................75
2.4 “Lay-out” do pátio de preparação de madeiras................................................................................76
2.5 Fluxograma das operações de preparação da madeira antes da polpação.......................................76
Referências Bilbiográficas...................................................................................................... 105
Glossário................................................................................................................................ 321
Elaboração............................................................................................................................. 349
Fabricação de Celulose
A presentação
É provável que o processo produtivo de papel e celulose tenha começado com os Chineses no 1º Séc
D.C. e com eles, o domínio da tecnologia tenha permanecido por várias gerações até que outras partes
do mundo descobrissem suas aplicações para o desenvolvimento cultural, social e econômico.
O Brasil é o quarto produtor de pastas celulósicas (celulose + pasta de alto rendimento), 12º maior
produtor mundial de papel, maior produtor exportador mundial de celulose de fibra curta e não tem
competidores quando se trata de celulose de fibra curta de eucalipto. O setor integra a cadeia produtiva
de base florestal, possui mais de 220 empresas instaladas e abriga por volta de 114.000 empregos
diretos incluindo as atividades de plantio.
Desses totais, o Paraná contribui com aproximadamente 20% do papel produzido e cerca de 8% da
celulose. Os produtos paranaenses, por sua qualidade, são aceitos internacionalmente.
O SENAI está disponibilizando dois instrumentos fundamentais para alavancagem do setor de papel
e celulose: recursos didáticos para a formação de competências e tecnologia de educação a distância
para que o desenvolvimento humano caminhe no ritmo da indústria brasileira.
Observa-se que a importância do setor de celulose e papel e dos produtos papeleiros na vida moderna
é obvia; não há nenhum produto manufaturado que tenha um papel tão importante em qualquer área
da atividade humana. O papel constitui um meio de guardar, armazenar e difundir a informação.
Em sintonia com as demandas do mercado e cientes de que já não é mais possível estar vinculado ao
sistema escolar por longos períodos, como na forma tradicional, é que este livro é capaz de disseminar
os conhecimentos técnicos para o setor papeleiro através do estudo à distância entre outras formas, no
qual o leitor realiza o seu aprimoramento de acordo com suas disponibilidades.
Como atualmente a quantidade de informação técnica relacionada com a indústria de papel e celulose
é muito grande, optou-se em dividir este livro em dois volumes.
também podem vir das folhas, como é o caso do sisal, e dos frutos, como o algodão. Para fins especiais
são ainda utilizadas isoladamente ou em conjunto com as de origem vegetal, fibras de origem mineral,
animal e sintética. A Tabela 1 mostra a classificação de fibras que podem ser utilizadas como matéria-
prima na fabricação de papel.
Tabela 1 - Classificação de fibras
14
1.2 Madeira como matéria-prima para 1.2.1 Estrutura da madeira
fabricação de polpa
Observando externamente uma árvore
Em quase 95% dos casos, o papel é fabricado compreende-se três partes principais: os
com fibras que provêm da madeira. Por ramos (galhos e folhas); o tronco ou fuste e
processos especiais, a madeira tem seus as raízes. A estrutura interna é mais complexa
constituintes anatômicos individualizados, e difícil de distinguir. Ela é composta de casca
e esses dão origem ao que se chama polpa interna (floema), câmbio, alburno (xilema), cerne
ou pasta. Essas fibras da celulose recebem (xilema) e da medula (Figura 1). A madeira é
tratamentos diversos para aumentar a um conjunto heterogêneo de diferentes tipos
resistência e a flexibilidade, e são novamente de células com propriedades específicas para
reunidas na forma de uma folha de papel. A desempenharem as funções vitais abaixo
madeira é o mais importante material para a mencionadas:(12)
produção de celulose, pois é um recurso fácil e condução de líquidos;
economicamente renovável(8). E a matéria-prima
mais utilizada provém principalmente de várias transformação, armazenamento e transporte de
espécies de eucalipto e pinus, por apresentarem substâncias nutritivas;
SENAI - CETCEP
cerne
Alburno
Câmbio
A casca externa apresenta coloração escura
15
Cerne Xilema e baixa densidade. A casca é completamente
diferente em composição química e anatomia
Floema das demais partes estruturais da árvore,
apresentando também diferentes composições
Casca químicas entre espécies, ou seja, entre coníferas
Medula e folhosas.(23)
Casca
Xilema
A variabilidade constitui uma das características das células nas sucessivas camadas de
principais da madeira, manifestando-se entre crescimento.
diferentes espécies, entre árvores da mesma
A formação da madeira juvenil está associada
espécie e dentro da própria árvore. A variabilidade
com a influência prolongada do meristema apical,
na árvore é inevitável porque está associada ao
sendo que o tempo gasto para a madeira passar
processo de formação do xilema; por exemplo,
18 por todo o estágio juvenil e atingir a maturidade
existe diferença entre a madeira juvenil e a
varia de espécie para espécie. No Brasil, o pinus
madeira adulta e, na camada de crescimento. A
elliottii, tem sua formação de madeira juvenil
variabilidade traduz-se em termos anatômicos
entre 6 a 8 anos. Já o pinus taeda varia em
e químicos e nas conseqüentes propriedades
torno de 7 anos, para o pinus radiata é difícil
físicas.(20)
estimar a idade exata de formação de madeira
O tronco de uma árvore pode ser dividido em adulta, porque existe transição gradual entre os
duas regiões distintas entre si, a madeira juvenil lenhos formados na juvenilidade até atingir a
e a madeira adulta. Madeira juvenil é aquela maturidade (Figura 4).
região mais próxima à medula, proveniente do
Comparando-se coníferas com folhosas, a
crescimento inicial, enquanto madeira adulta é
formação da madeira juvenil é mais acentuada
aquela porção mais externa do tronco, formada
nas primeiras.
pela atividade do câmbio fisiologicamente
maduro(3) (Figura 3). De um modo geral, a madeira com características
juvenis forma um cilindro no centro da árvore,
A madeira juvenil corresponde ao xilema secundário
estendendo-se desde a base até o topo. Essa
produzido durante a fase inicial da vida da
forma cilíndrica em toda a extensão da árvore
árvore, caracteriza-se anatomicamente por um
pode ser atribuída ao fato de que a madeira
progressivo aumento nas dimensões e mudanças
juvenil é formada também no topo de árvores
SENAI - CETCEP
NW - madeira normal
CW - madeira de compressão
1.4.1 Lenho de compressão
A seguir faz-se uma análise comparativa entre o lenho de compressão e de tensão através de detalhes
macroscópicos e anatômicos.
1.5 Defeitos naturais nos cavacos de acinzentada. Eles são mais comuns nas
madeira frondosas (hardwoods); (Figura 9)
cavaco com porção de floema (inner bark) mancha escura (black streak) - Normalmente
- a madeira possui uma fina camada de ocorre nos anéis de crescimento, gerando
floema, a qual adere fortemente ao material uma linha escura entre os anéis; (Figura 9)
lenhoso, deixando-o levemente marrom; bolsas de resinas (resin pockets) - Quando
(Figura 7) existem frações ocas na região lenhosa
manchas marrom (brown stain) - a normalmente é preenchida por resinas
madeira possui esta coloração causada ou gomas;
22 pela penetração excessiva de extrativos medula (pith) - São aqueles cavacos com
provenientes da casca; (Figura 7) frações da medula, gerando uma coloração
manchas cinza (grey stain) - a madeira e elevada dureza ao cavaco;
possui coloração num intervalo de cinza perfurações geradas por insetos (insect
amarelado a cinza esverdeado, gerando holes) - são aquelas perfurações geradas
listras ou pontos de nódoas; (Figura 7) por insetos xilófagos e degradadores de
nós - porção basal de um ramo que se madeira, esses atacam tanto árvores vivas
encontra presente no tronco provocando como em toras abatidas e em madeira
na sua vizinhança desvios ou a beneficiada. Os insetos podem atacar
descontinuidade dos tecidos lenhosos. tanto na fase larval (muitos coleópteros,
Os nós sofrem acúmulos de resina e lagarta rosa) ou adulta (certos coleópteros
de outros materiais que lhes conferem e térmitas - formiga saúva).
dureza; (20) (Figura 8)
que o teor de água na madeira varia em função da 1.6.2 Poder calorífico da madeira
umidade relativa do ar.(19)
Por razões de economia de energia utiliza-se a
U (%) = Peso Úmido - Peso Seco (103 + 2 o C) x 100 casca e resíduos de cavacos (finos) oriundos do
Peso Úmido pátio de madeira para a geração de vapor, ou
seja, na queima e na caldeira de força. Estima-se
que os poderes caloríficos de diversas espécies
A madeira recém cortada, em forma de toras
fibrosas variam de 18,6 a 23,2 MJ/kg (8000 a
ou cavacos, possui normalmente em torno de
10000 Btu/lb). A Tabela a seguir apresenta o PCS
50 a 65 % de quantidade de água. Diz-se que a
e PCI dos principais combustíveis.(3)
madeira atingiu o ponto de saturação quando as
paredes das fibras se encontram completamente
saturadas, ou seja, com umidade em torno de
25 a 30% . (3)
24
Poder Calorífico Poder Calorífico
Combustível Superior Inferior
(MJ/kg, base seca ) (MJ/kg, base seca )
Cavacos de Eucalipto 19,6 18,3
Casca de Eucalipto 16,8 15,7
Sobras de Serraria 18,7 17,4
Bagaço de Cana 18,9 17,5
Carvão Vegetal 28 – 34 27,5 – 33,0
Carvão Mineral 20,9 – 23,5 20,3 – 22,0
Óleo BPF (Baixo ponto de fluidez) 41,9 39,5
Óleo BTE( Baixo teor de enxofre) 43,8 41,3
(Fonte: Manual do Técnico Florestal, 1986)
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
1.6.3 Densidade
A propriedade física da madeira mais comumente examinada pelos papeleiros numa tentativa de avaliar
a qualidade da madeira é a densidade. O parâmetro usado é para dar uma idéia geral de como a fibra
madeireira ou a madeira irá se comportar durante a polpação e fabricação do papel.
Define-se como densidade da madeira a relação do peso da amostra de madeira (g) pelo seu respectivo
volume (cm³), todavia sabemos que tanto o peso como o volume da madeira sofrem alterações com
o conteúdo de umidade na madeira, faz-se necessário o uso da terminologia correta a fim de evitar
interpretações errôneas. Portanto vamos fazer uso de dois termos:
25
DENSIDADE BÁSICA
ESPÉCIES
(g/cm³)
Abeto ocidental 0,38 - 0,42
Abeto de Douglas 0,41 - 0,45
Cedro ocidental 0,29 - 0,31
Spruce branco (picéias) 0,34 - 0,35
Spruce negro 0,38 - 0,42
Spruce norueguês 0,38 - 0,39
Larix ocidental 0,48 - 0,50
Pinus banksiana 0,38 - 0,40
Adulto 0,35
Pinus caribaea
Juvenil 0,67
Adulto 0,45
Pinus taeda
Juvenil 0,55
Adulto 0,47
Pinus elliottii
Juvenil 0,52 - 0,57
(Fonte: Parham , 1983, p. 50)
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
O uso da densidade básica fornece ao papeleiro As coníferas que se caracterizam por uma grande
uma indicação da quantidade de fibras que quantidade de madeira de primavera, produzem
ele pode obter por unidade de volume de uma madeira de baixa densidade. As árvores mais
espécie madeireira. Por exemplo, se uma fábrica velhas e de grande diâmetro, coníferas ou
de celulose recebe 100 m³ de madeira de Pinus folhosas, geram madeira de densidade básica
elliottii (ver Tabela 4) de densidade igual a 520 inferior, quando comparadas às árvores mais
kg/m³ (0,52 g/cm³), terá a sua disposição 52000 jovens e de menor diâmetro.(3)
kg ou 52 t de matéria-prima.
A densidade da madeira é influenciada pelas
A Tabela 5 destaca os principais valores de condições climáticas, pela espécie, idade da
densidade básica referentes às folhosas. madeira, etc., sendo que a densidade influenciará
sobre a energia necessária no desfibramento ou
na refinação e sobre o rendimento celulósico.
Tabela 5 - Densidade Básica de algumas
folhosas No caso das folhosas, devido à espessura da
parede, volume que ocupa o sistema de vasos
DENSIDADE BÁSICA
ESPÉCIES e também ao volume da fibra, esses fatores
(g/cm³)
Choupos 0,38 - 0,42 influenciarão no fato das folhosas possuírem
Faias 0,56 maior densidade absoluta que as Coníferas
Bétulas (Birch) 0,48 - 0,55
26 (ver Tabela 6). O Coarseness, ou seja, a relação
Eucaliptos 0,40 - 0,50
Plátanos 0,41 - 0,48
massa/ unidade de comprimento das coníferas
Magnólias 0,46 varia diretamente com a densidade básica
Gmelinas 0,30 - 0,47 e determina o comportamento dos produtos
Liquid-Ambar 0,42 - 0,48 papeleiros. A picagem da madeira em cavacos
Tílias 0,32
é influenciada pela densidade da madeira. Com
(Fonte: Parham , 1983, p. 51)
o incremento da densidade a picagem torna-se
difícil, requerendo um gasto maior de energia e
tende a produzir cavacos pouco uniformes.(9)
Por outro lado, a densidade da madeira é
uma variável importante pelo fato de indicar a A densidade atribui-se a maioria das propriedades
quantidade de madeira de verão (lenho tardio) e da polpa e do papel. O rendimento celulósico
de primavera (lenho rápido) presente na árvore, normalmente se incrementa com o aumento
e dessa forma auxilia no entendimento da taxa da densidade. Uma densidade básica elevada
de crescimento. Em geral o lenho de verão é indica geralmente resistências à tração e estouros
mais denso que o de primavera, este fato explica menores, volume específico maior e melhoria na
porque os anéis são mais estreitos(9). resistência ao rasgo (ver Tabela 6)(9).
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
Tabela 6 - Densidade absoluta de algumas de 0,2 a 1,0 m, sendo menos porosa que a
coníferas e folhosas
parede da fibra. Sobre esta membrana (lamela
ESPÉCIES
DENSIDADE absoluta média) acumulam-se posteriormente no interior
(g/cm³)
da célula microfibrilas de celulose, formando
Eucaliptos 0,34
uma trama irregular, que constitui a Parede
Faias 0,45
Choupos 0,27 Primária (P), dotada de grande elasticidade.
Bétula (Birch) 0,38 Essa parede acompanha o crescimento da célula
Abeto de Douglas 0,34 durante a sua diferenciação(18). Concluído esse
Cedro ocidental 0,23 processo, depositam-se junto à parede primária
Spruce branco (picéias) 0,26
microfibrilas de celulose, obedecendo a certa
Spruce negro 0,3
orientação, que destaca três camadas distintas,
Pinus banksiana 0,3
Pinus taeda 0,36 constituintes da parede secundária da fibra: a
Pinus elliottii 0,43 S1, S2 e S3 (ver Figura 10). Paralelamente à
(Fonte: Parham , 1983, p. 15) deposição da parede secundária, tem início o
Densidade absoluta da fibra celulósica = 1,5 processo de lignificação, que é mais intenso na
– 1,55 g/cm³
lamela média e parede primária. Observa-se em
muitas fibras, revestindo o Lúmen (fração oca
1.7 Estrutura das fibras da fibra) uma camada verrugosa, denominada
27
camada W.
28
a resistência das fibras de uma dada espécie depende do ângulo das microfibrilas. Fibras de ângulo
elevado (30 – 40o), ou seja, S1 e S3 possuem resistência menor que a metade daquelas microfibrilas
que possuem ângulo menor (0 – 10o).
1.7.3 Lúmen
Espessura Ângulo de
Espessura Celulose Hemicelulose Lignina
Parede Relativa orientação
(mm) (%) (%) (%)
(%) (f)
Primária 0,3 a 1 ~ 20 Aleatório 10 20 70
Secundária 29
S1 0,1 a 0,2 10 – 22 50 – 70 35 25 40
S2 1 a 10 70 – 80 10 – 30 55 30 15
S3 0,07 a 0,1 ~8 60 – 90 55 40 5
A estrutura química da madeira é complexa. Os tecidos vegetais são compostos de vários constituintes
químicos, que não estão repartidos de forma uniforme na estrutura anatômica. A composição química
varia entre as espécies, dentro da mesma espécie e inclusive na mesma parede fibrosa.
matérias minerais;
constituintes secundários;
celulose;
hemicelulose;
lignina.
As principais características químicas e as proporções relativas dos constituintes químicos, dos diversos
vegetais são indicados, respectivamente, na tabela a seguir:
30 1.8.1 A celulose
Monômeros Grau de Importância
Constituinte Estado Natural
Constitutivos Polimerização Relativa (%)
Polímero homogêneo linear
Celulose D- Glucose 3000-10000 40-50
com estrutura cristalina
Hetero-polímeros ramificados
Hemiceluloses Pentoses e Hexoses 150-200 22-29
amorfos
Macromolécula tridimensional
Lignina Álcoois fenilpropano 100 a 200 21-28
amorfa
Extrativos/Cinzas Diversos - - 1-5
(Fonte: Garcia Hortal, 1988, p.12)
É o constituinte mais importante na madeira, tanto do ponto de vista quantitativo como do ponto de vista
industrial. A celulose é a base de numerosos produtos derivados: rayon, viscose, folhas translúcidas,
verniz. Ela é constituída pela repetição de um mesmo monômero β - D-glucose. O grau de polimerização
da celulose é da ordem de 10.000 nas fibras naturais. Depois dos tratamentos de extração e de
branqueamento, o grau de polimerização cai em torno de 1000, e às vezes, abaixo desse valor.
A cadeia celulósica é formada por monômeros de glucose. A celulose representa 40-45% das madeiras
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
de coníferas, 38-49% das madeiras folhosas, microscópica e submicroscópica da celulose se
30-35% na palha de cereais, e mais de 90% apresentam na Figura 12.
no algodão.
A determinação do grau médio de polimerização
Todavia as zonas amorfas apresentam uma é efetuada através das medidas de viscosidade.
peculiar importância, elas são mais acessíveis Um dos solventes mais empregados é o
aos reativos químicos, para que se liberem as cuprietilenodiamina ou etilenodiamina cúprica
fibras. Todavia são mais favoráveis às ligações (solução de Cu(OH)2 em etilenodiamina). As
interfibras que proporcionam melhor coesão ao propriedades dos materiais celulósicos estão
papel. Favorecendo o inchamento, alongamento relacionadas com o grau de polimerização
e flexibilidade da fibra. As zonas cristalinas e da molécula de celulose. A diminuição do
amorfas não possuem fronteiras bem definidas peso molecular causará uma redução de sua
e em seu conjunto constituem o elemento básico resistência.
de todos os materiais celulósicos
O quadro abaixo aborda sobre o grau de
A representação esquemática da estrutura polimerização da celulose, à medida que a
mesma vai sofrendo tratamentos químicos.
DISTRIBUIÇÃO (% em peso)
Primário Coníferas Frondosas
Galactoglucomanano 5–8 -
(Galacto) glucomanano 10 – 15 -
Glucomanano - 2–5
Arabinoglucuronoxylano 7 – 10 Traços
Glucuronoxylano Traços 15 – 30
Composto Minoritário
Arabinogalactono - maioria das árvores Traços Traços
- cerne 5 – 35 -
Galactano - Madeira de compressão 10 -
Glucano - Madeira de compressão 2–5 -
(Fonte: Lamothe, 1992)
ácido D - glucorônico; 33
Pentoses: D - xilose
O grau de polimerização é menor do que o
L - arabinose
da celulose, ou seja, de 50 a 300 unidades
L - arabofuranose monoméricas.(10)
elas podem ser oxidadas em compostos hexosanos são mais suscetíveis à degradação
carboxílicos (oxidação mais impetuosa) e solubilização que os pentosanos, todavia nos
estáveis em soluções alcalinas; cozimentos com licores ácidos mostra-se uma
estabilidade inversa.(18)
a degradação das hexoses em meio
alcalino à quente é mais rápida que a
degradação da celulose; 1.8.3 A lignina
em meio ácido, ela produz uma degradação
por quebra de ligações acéticas para A lignina é um dos principais constituintes da
proporcionar açúcares; madeira. Ela representa em média de 15 a 35%
dos tecidos vegetais.
são amorfas, se bem que estão ligadas
a celulose apresentando uma certa A estrutura da lignina é diferente, de acordo
orientação; com a natureza da madeira (Angiospermas ou
Gymnospermas), de acordo com a idade do
conseqüentemente, promove a fibrilação
vegetal (madeira jovem ou tardia), de acordo
interna da fibra, melhorando sua flexibilidade,
com as condições de crescimento da árvore
facilitando o refino mecânico, aumentando a
(madeira normal ou madeira de reação). Por
capacidade de ligação entre fibras e todas
34 exemplo, as coníferas (softwoods) possuem
aquelas propriedades físico-mecânicas que
um maior percentual de lignina que as folhosas
dependem da área de enlace interfibras;
(hardwoods), e estas, maior que as palhas de
durante a secagem da polpa, as cereais (arroz, trigo, cevada, etc.). A facilidade
hemiceluloses tendem a auxiliar, a endurecer de eliminação da lignina durante o cozimento
ou enrijecer a fibra (latência), a qual segue ordem inversa à indicada anteriormente.
impede conseqüentemente a reidratação
A maior concentração da lignina está localizada
da polpa;
na lamela média, e um alto teor percentual
são mais acessíveis e mais facilmente no interior da parede secundária. A natureza
degradadas e dissolvidas que a celulose química da fibra é igualmente diferente da
durante os tratamentos químicos de natureza da lignina da lamela média. Observa-
obtenção de polpas. se que a presença de lignina na lamela média é
maior nas folhosas que nas coníferas.(4)
As hemiceluloses “in situ” são amorfas de
maneira que a maioria dos reativos químicos A lignina é muito sensível aos diversos agentes
atacam mais facilmente as hemiceluloses, químicos, e uma parte da estrutura é modificada
que as zonas cristalinas da celulose (10) . durante a extração.(2)
Observa-se que as hemiceluloses apresentam As ligninas residuais dependem então do
diferente sensibilidade frente aos agentes procedimento de extração, e são necessariamente
SENAI - CETCEP
b) Grupamentos Funcionais(10)
CLASSES LOCALIZAÇÃO
TERPENOS/TERPINIÓIS
Monoterpenos voláteis Canal resínico
Terpinióis Canal resínico
Ácidos resínicos Canal resínico
38
Outros (alto ponto de fusão) Parênquima
ALIFÁTICOS
- muitos ésteres de ác. graxos (principal-
Graxas Canal resínico
mente triglicerídeos)
- ésteres de cadeia longa Parênquima
Ceras - álcoois alifáticos
- álcóois terpinióis
Esteróis - ésteres Parênquima
- compostos esteróides
COMPOSTOS FENÓLICOS
Fenóis simples Substitui unidades C6 ou C3C6 Cerne
Lignanos Duas unidades de C3C6 Cerne
Estilbenos Extremamente reativos Cerne
Tropolones propriedades fungicidas Cerne
Polifenóis Cerne
Taninos hidrolisáveis restrito às folhosas Cerne
Taninos condensados polímeros flavonóides Cerne
Flavonóides Taxifolinas Cerne
(Fonte: Lamothe, 1992)
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
Terpenos Resinas
do amido durante o período de inverno. Após por uma mistura de terpenos muito variável,
o corte de uma árvore, esta substância de dependendo da espécie vegetal que provenha.
reserva é gradualmente consumida durante a A colofônia ou breu compõem-se de ácidos
conservação e secagem da madeira.(10) resínicos, de álcoois insaponificáveis, e de
ácidos graxos.(10)
CINZAS
MADEIRA K2O P2O5 CaO MgO Fe2O3 SO3 SiO2 Na2O
(%)
Pinus
Alburno 0.19 5.40 1.37 5.25 3.09 1.19 0.98 0.39 0.87
Cerne 0.15 2.30 0.13 6.28 2.41 0.83 0.68 0.52 0.47
Pinho
Alburno 0.26 9.80 2.87 5.54 1.46 1.54 1.11 0.72 0.38
Cerne 0.20 5.93 0.20 7.36 1.96 1.17 0.86 0.20 0.65
Castanheiro
Alburno 0.42 19.56 5.22 6.93 2.63 1.46 2.90 0.56 1.13
Cerne 0.16 6.71 0.43 4.08 0.44 0.51 1.98 0.88 0.24
Faia
Alburno 0.47 19.24 2.15 12.56 6.77 1.65 1.93 0.59
Cerne 0.40 15.47 0.60 13.33 5.11 0.82 1.55 0.82
SENAI - CETCEP
1.9.1 Pinus
Classe: Conífera
Figura 15 – Pinus elliottii
Família: Pináceas
42 Gênero: Pinus
Espécies de Pinus vêm sendo introduzidos
São plantas lenhosas, em geral arbóreas, sua
no Brasil há mais de um século para variadas
altura varia de 30 a 50 m, dependendo da
finalidades. As primeiras introduções de que
espécie (Figura 15).
se tem notícia são de Pinus canariensis,
Seu tronco é reto, mais ou menos cilíndrico, e sua provenientes das Ilhas Canárias, no Rio Grande
copa em forma de cone. Possui folhas, em forma de do Sul, em torno de 1880. (22)
acículas, agrupadas em fascículos. A determinação
Por volta de 1936, foram iniciados os primeiros
botânica das espécies, apesar de ser difícil, pode
ensaios de introdução de Pinus para fins
ser feita através de caracteres, tais como número,
silviculturais, com espécies européias. No
disposição e coloração das acículas, forma e
entanto, não houve sucesso, em decorrência
coloração das sementes, tamanho e forma dos
da má adaptação ao nosso clima. Somente
estróbilos (pinhas). A cor do cerne varia do amarelo-
em 1948, através do Serviço Florestal do
claro ao alaranjado ou castanho-avermelhado.(22)
Estado de São Paulo, foram introduzidas, para
É uma madeira de fibra longa com comprimento ensaios, as espécies americanas conhecidas
médio de 3,34 mm, largura média da fibra 46,75 µm, nas origens como “pinheiros amarelos” que
diâmetro médio do lúmen 31,08 µm e espessura de incluem pinus palustris, pinus echinata, pinus
parede celular com 7,83 µm. A densidade, a 15% de elliottii e pinus taeda. Dentre essas, as duas
umidade, varia de 400 a 520 kg/m3.
SENAI - CETCEP
pentosanas: 8,3%;
SENAI - CETCEP
cinzas: 0,3%.
Fabricação de Celulose
1.9.2 Eucalipto Essa madeira é tida como madeira de fibra
curta, sua densidade varia bastante de espécie
para espécie, que vai desde 300 a 600 kg/m3.
Classe: folhosas
Normalmente, as fibras de eucalipto possuem
Família: Myrtaceae comprimento médio de fibra de 1,0mm, largura
de fibra de 20µm e espessura de parede celular
Gênero: Eucalyptus
com 6,0µm.
São plantas arbóreas, variando de 25 a 54 m de
O eucalipto é uma árvore que está sendo
altura, dependendo da espécie. A determinação
cultivada no Brasil e se adaptou bem em nosso
botânica das espécies, embora difícil devido à
país (Figura 17).
grande semelhança que possuem, pode ser feita
através da morfologia dos seguintes caracteres: Existem cerca de 600 espécies diferentes de
casca, botão floral, fruto e semente. A cor do eucalipto, a grande maioria vinda da Austrália.
cerne varia do amarelo ao pardo-acinzentado Atualmente, o eucalipto é encontrado em mais
ou, ainda, róseo-avermelhado. de 100 países, nos cinco continentes. No Brasil,
embora esteja presente em quase todos os
estados, ocupa ao todo cerca de 3 milhões de
hectares, o que corresponde a 0,35% do território
brasileiro. Cerca de 28% do eucalipto plantado 45
Figura 17 – Eucaliptos
Fabricação de Celulose
Algumas características das madeiras Coníferas (Pinus) versus Folhosas (Eucaliptos) são apresentadas
na seguinte tabela comparativa:
Área florestal destinada a Celulose e Papel O segmento florestal tem uma previsão de plantios
para o período de 2003-2010 da ordem de 1,2
milhões de hectares (média anual de 152 mil ha/
Atualmente o setor de Celulose e Papel possui ano). As principais áreas plantadas encontram-se
uma área florestal de 1,4 milhões de hectares, no estado de São Paulo (308 mil ha), seguido por
dos quais: Paraná (267 mil ha), e Bahia (217 mil ha).
69 % de eucalipto;
29 % de Pinus;
2% de outras madeiras.
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
produção de mudas;
F i g u ra 2 1 – C i c l o d o p r o c e s s o d e
As mudinhas extraídas são colocadas (repicadas) macroestaquia
em outros recipientes, desde que tenham o vigor e a
qualidade adequada para reflorestar (Figura 20). As estacas podem ser retiradas da brotação
de cepas de árvores selecionadas, pedaços
A última fase denomina-se rustificação, ou
de galhos das plantas, bem como das raízes.
seja, as plantinhas estarão sujeitas a intempérie
Para melhores resultados, a coleta das estacas 51
(vento, sol, chuva, etc...) durante 40 dias.
deve ser feita nos meses de repouso vegetativo
Quando as mudas atingem 25 cm de altura, são (outono/inverno).
encaixotadas e enviadas ao local do reflorestamento
Com auxílio de tesoura, corta-se a estaca de
(campo de plantio), onde são retiradas dos
10 a 12 cm de comprimento, deixando um
recipientes e colocadas no lugar definitivo.
par de folhas cortadas ao meio, se uma cair,
a planta não morrerá por falta de respiração.
Cortada ao meio controla a evaporação da
Estaquia (macroestaquia)
água. Mergulha-se a ponta das estacas em
hormônio de enraizamento (ácido gárlico ou
Algumas espécies florestais apresentam sementes ácido indolbutírico). Em seguida, colocam-se as
com baixo poder de germinação. Quando essas estacas em tubetes com substrato e vermiculita
espécies apresentam a propriedade de brotar a partir (argila de alta porosidade que permite fixar a
de estacas, pode-se fazer uso da estaquia. planta dentro do tubete) e água (Figura 22).
A estaquia é um processo de multiplicação As mudas preparadas e dispostas em bandejas
vegetativa, em que são empregadas partes da são levadas à estufa (casa de vegetação)
planta que se deseja multiplicar (Figura 21). Dessa onde são irrigadas e submetidas à temperatura
maneira, a muda obtida apresentará as mesmas controlada (Figuras 23 e 24). Após um período de
SENAI - CETCEP
características fenotípicas da planta mãe. 35 a 45 dias, essas mudas são transferidas para
Fabricação de Celulose
F i g u ra 2 3 – E s t a c a s d e P i n u s e m
enraizamento na estufa
A vantagem de se usar o sistema de estaquia está fase de isolamento: onde os ramos são
na produção em larga escala de árvores idênticas cortados em segmentos nodais que contém
às matrizes selecionadas, garantindo a formação a gema, e são colocados em tubos de
de florestas com grande homogeneidade e ensaio, contendo um meio de cultura
qualidade, além de proporcionar uma redução no composto por sais minerais, proteínas e
SENAI - CETCEP
54
F i g u r a 2 8 - Fa s e d e
enraizamento
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
Comparação entre as técnicas de propagação vegetativa
Na tabela abaixo se faz uma análise comparativa entre as técnicas de propagação vegetativa:
MICROESTAQUIA MACROESTAQUIA
Menor envolvimento de mão-de-obra Maior envolvimento de mão-de-obra
Menor quantidade de hormônios de enraizamento (auxinas) Maior quantidade de hormônios de enraizamento (auxinas)
Maior grau de juvenilidade das microestacas Moderado grau de juvenilidade das macroestacas
Aumento do grau de iniciação e crescimento radicular Aumento do grau de iniciação e crescimento radicular
Diminuição de gastos realizados durante a implantação, tratos Aumento de gastos realizados durante a implantação, tratos
culturais, irrigação, manejo, fertilização, etc. culturais, irrigação, manejo, fertilização, etc.
Depende da existência de laboratórios de cultura de tecidos Independe da existência de laboratórios de cultura de tecidos
Maiores custos de investimento Moderados custos de investimento
55
Necessidade de mão-de-obra especializada Não necessita de mão-de-obra especializada
possibilitarão uma definição segura quanto às pouca declividade, são utilizados, para essa
espécies e procedências mais promissoras em atividade, tratores de grande porte.
cada situação ecológica.
Quando o terreno apresenta declividade que
A destinação do material genético apropriado dificulta a utilização de tratores, a derrubada
para cada ambiente é essencial para o sucesso das árvores é realizada com motosserras. Após,
dos empreendimentos florestais. Esse desafio derrubada, essas são enleiradas ou empilhadas,
se aplica, também, na escolha dos genótipos e queimadas.
para cada tipo de sítio, visto que, na maioria das
Uma vez limpo, o terreno é gradeado. As
espécies, ocorrem interações genótipo-ambiente
máquinas empregadas são do mesmo tipo
substanciais. Quando não se leva em conta
que as das operações anteriores, sendo
esse aspecto, corre-se o risco de desperdiçar
providas de grandes grades ou arados de
altos investimentos no desenvolvimento ou na
discos. Essa gradeação é de cerca de 25 cm
aquisição de materiais genéticos melhorados
de profundidade. Muitas vezes, é efetuada
para plantá-los em locais em que não haverá o
uma limpeza adicional, na qual são retirados,
retorno esperado. Tanto a geração de genótipos
manualmente ou mecanicamente, raízes ou
superiores quanto à determinação da melhor
restos de árvores remanescentes, que são
forma de sua utilização são temas tratados na
empilhadas e queimadas novamente.
56 implementação de programas de melhoramento
genético. Especificamente para a referida A seguir, efetua-se a aração com arados de disco
espécie, para a região onde será plantada e para menores, puxados por tratores agrícolas (Figura 29).
o tipo de matéria-prima desejada.
1.12 Sulcamento e marcação do solo Antes do envio das mudas para plantio no campo,
tanto para as mudas produzidas por estaquia
quanto por sementes, os lotes de mudas passam
por um rigoroso processo de avaliação. (11)
As operações mecanizadas são realizadas com em altura, diâmetro, como também na vitalidade
máquinas plantadeiras, máquinas puxadas por um das plantas e de maneira indireta, formando um
trator pequeno provido de pneus, as quais abrem ambiente favorável para as pragas das plantas
sulcos na terra, onde são deixadas as plantas, florestais (fungos, parasitas e insetos).(11)
operação realizada por um operário. Eucalipto
O controle das ervas daninhas pode ser feito
é sensível às geadas. Evite terrenos rasos com
por dois métodos:
excesso de pedras. Escolha as terras altas da
propriedade. Já o pinus é uma árvore resistente mecânico: esse método pode ser feito
às geadas. Adapta-se bem em todos os terrenos, manualmente (enxada ou foice), ou com
inclusive em solos pedregosos e rasos. Pode ser máquina;
plantado em terras baixas da propriedade.
químico: através de herbicidas, impedindo o
crescimento, ou causando a morte das ervas
1.14 Proteção e cuidados posteriores ao daninhas, dos arbustos e gramas.
plantio
62
63
Figura 36 - Pré-transporte
cabeçotes de harvesters = 15 mil ha; Constitui-se em uma das mais promissoras fontes de
fibras para a indústria papeleira, pois é um material
feller-buncher e skidder = 25 mil ha.
abundante, disponível em muitos países.(8)
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
Definição de alguns termos técnicos: operação é onerosa, acompanhada de uma
perda de material por deterioração.(11)
bagaço: resíduo resultante da moagem
da cana de açúcar, para a extração do Entre as muitas fibras utilizadas como alternativa
caldo de cana; na produção de celulose e papel, as fibras de
bagaço de cana-de-açúcar se destacam por
bagacilho: termo normalmente usado
apresentarem várias vantagens sobre as outras.
como sinônimo de medula;
Os custos de colheita, moagem e limpeza do
desmedulação: processo de separação material são cobertos por processos de extração
da fibra e bagacilho; do açúcar, e quando o bagaço é comprado
do engenho, este se encontra em excelentes
desmedulação a seco: processo de
condições para ser processado.
separação, quando o bagaço é submetido
a secagem natural ou artificial, tendo Em geral, o manuseio do bagaço consiste na
normalmente de 15 a 20% de umidade; compactação, enfardamento, transporte para o
pátio de estocagem, empilhamento conforme um
desmedulação úmida: processo de separação
modelo pré-estabelecido e tratamento superficial.
com o bagaço na umidade que sai das
moendas, ou seja, ao redor de 50%; Antigamente, a pasta celulósica de bagaço era
considerada boa apenas para misturas com
65
desmedulação molhada: processo de outras celuloses mais resistentes. Hoje, com
separação com o bagaço à consistência de o aperfeiçoamento da tecnologia, é possível
aproximadamente 12%; fabricar papéis de excelente qualidade apenas
medula: parte não fibrosa de tecido com celulose de bagaço. Esse tipo de celulose
parenquimatoso. é usado para quase todos os tipos de papéis:
embalagem, impressão, escrita, fins sanitários,
No Brasil, onde a indústria açucareira atingiu um
impermeável, miolo de papelão ondulado, capa
estágio de desenvolvimento excepcional, existe
para caixas onduladas e papel miolo, papelões
a possibilidade de se incrementar maciçamente
branqueados, periódicos e papel jornal.(11)
o uso dessa matéria-prima para a fabricação de
celulose. Entretanto, a maior parte do bagaço O bagaço proporciona uma celulose de fibras curtas
é utilizada como combustível nas caldeiras e de boa qualidade, em condições de substituir
dos engenhos de açúcar, e apenas as sobras aquelas de madeiras duras, em praticamente
são vendidas às fábricas de celulose. Deve-se todas as aplicações, na indústria de papel e de
considerar, ainda, o problema de ser a cana- cartolina. Hoje em dia, a celulose de bagaço
de-açúcar uma cultura sazonal, ou seja, produz oferece uma combinação excepcionalmente boa
apenas em uma época do ano relativamente curta. de fatores técnicos e econômicos, que fazem com
Surge, assim, a necessidade de se armazenar que ela seja uma das fontes mais competitivas
dentre as fibras novas.
SENAI - CETCEP
O bagaço sai das moendas com umidade entre A boa desmedulação do bagaço, a úmido e
45 a 52% e um conteúdo de sacarose entre 1,5 a seco, é considerada hoje fator essencial no
a 4% sobre peso úmido. projeto de qualquer fábrica de celulose. Para que
se possa conseguir alto rendimento de celulose,
A fermentação da sacarose é um processo
é preciso dispor de uma fibra de bagaço com
exotérmico e o produto final é o ácido acético,
características aceitáveis, isenta de medula,
que cria um pH baixo e rompe a cadeia celulósica,
areia, detritos e materiais solúveis.(8)
afetando a qualidade da polpa obtida.
As estruturas finas das verdadeiras fibras
A deterioração do bagaço velho está bem
do bagaço assemelham-se às de quaisquer
evidente pelo maior teor de cinzas e menor
outras fibras de plantas anuais, bem como dos
conteúdo de celulose.
traqueídeos das madeiras coníferas e duras,
Evidentemente a qualidade do bagaço depende havendo uma parede primária e três camadas
em primeiro lugar do processo de moagem. distintas de parede secundária.
A qualidade da celulose obtida a partir do Composição química do bagaço de cana-de-
bagaço guarda uma relação direta com a açúcar:
classificação das fibras e com a seleção,
lignina: 21 %;
denominada desmedulação. A presença da
66 medula na celulose contribui aparentemente celulose: 48 %;
para um maior rendimento, entretanto, confere-
hemiceluloses: 29 %;
lhe características não desejadas durante as
operações de fabricação do papel, nas fases sílica: 0,7 %.
úmidas e secas, bem como no produto final, pois
Assim, enquanto o bagaço tem aproximadamente
provoca baixa resistência do papel, consome mais
o mesmo comprimento médio que as fibras de
reagentes químicos e torna-se gelatinosa após o
madeiras duras, a relação comprimento-largura
cozimento, causando dificuldades de drenagem,
é da mesma ordem da encontrada nas madeiras
secagem, entupimento de telas e feltros.(27)
de fibra longa, o que é favorável para a produção
Se não fosse retirado o bagacilho, os de papéis de alta resistência.
depuradores, lavadores, engrossadores e
máquinas de papel teriam que ter dimensões
maiores e velocidades reduzidas, atingindo os 1.15.2 Bambu
investimentos necessários níveis antieconômicos
e não compensadores. A utilização do bambu como matéria-prima para
A baixa drenagem da celulose, bem como as a indústria de celulose é prática de bastante
características quebradiças do papel, resultam da sucesso em alguns países tropicais, como a
ineficiência no estágio de remoção da medula.(21) China, Índia, Japão, Filipinas e mesmo o Brasil.
SENAI - CETCEP
a mercadização e a picagem.
Fabricação de Celulose
Tabela 15 - Comparação entre análise química da pasta celulósica de bambu com outras
espécies
Existe grande variação nos dados da literatura É uma planta originária do México, cuja espécie
com referência às características morfológicas mais difundida no Brasil é a Agave Sisalana
dos bambus. Essas diferenças se devem Perrine, da família Amarilidáceas, subfamília
principalmente à: espécie, localização geográfica, Agavoideae Pax (dentre as 300 espécies
68
idade, posição do colmo, entre outros.(26) existentes), cuja adaptação nas regiões semi-
áridas do nordeste brasileiro foi perfeitamente
Elevado comprimento das fibras de bambu,
comprovada.
assim como a sua elevada relação comprimento
/ largura, torna-as adequadas para a confecção Morfologicamente, a planta se apresenta com um
de papéis fortes e de papéis que exijam elevada bulbo central ao redor do qual se inserem folhas
porosidade, como papéis para sacos de cimento, longas de 1,0 m até 2,0 m de comprimento, com
cigarro e papéis carbono. Devido ao pequeno largura variando entre 10 e 15 cm, dispostas em
diâmetro da fibra, a impressão obtida será de roseta espiralada. Do bulbo central é emitido uma
alta qualidade. haste ou pendão floral, chamado vulgarmente
de vela. Esse só será emitido no final da vida
do vegetal, cujo ciclo vegetativo varia de 5 a
1.15.3 Sisal
15 anos, porém, na prática, a Agave sisalana
tem uma vida em torno de 8 anos, 5 dos quais
O sisal constitui-se hoje em uma das principais fibras produtivos. Ao longo de sua vida, a planta produz
duras plantadas no mundo. No Brasil, é de grande entre 180 e 220 folhas, das quais 160/190 são
importância, pois é um dos maiores produtores economicamente aproveitáveis na produção de
mundiais e exportadores dessa fibra.(11) fibras para cordoaria.
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
De acordo com observações já realizadas, 1.15.4 Crotalária
o peso de cada folha varia entre 300 e 1500
gramas, admitindo-se a média de 550 gramas Originário da Índia, a Crotalária juncea Linn,
por folha. A relação entre folhas verdes e fibras pertencente à subfamília papilionoidea, é
secas, produzidas tradicionalmente, corresponde um arbusto ereto e de rápido crescimento,
em média a 3% do peso da folha verde. A de ciclo anual, cujas fibras, comercialmente
reprodução natural é agâmica, processando- interessantes, são as da casca.(24)
se normalmente através dos bulbilhos que se
originam do pendão floral. No Brasil as fibras de Crotalária juncea são
obtidas por meios mecânicos, constituindo um
A fibra extraída do sisal, classificada como fibra material utilizável pelas indústrias de celulose
dura, é celulose semilignificada, localiza-se e papéis finos, especialmente os de cigarro e
longitudinalmente na folha, e é obtida de maneira papel carbono.
simples, através de polpação das folhas que
se processa em máquinas conhecidas como Composição química da fibra de Crotalária:
desfibradores.(24) umidade: 8,27 %;
Ao exame microscópico, o fio de sisal apresenta-
lignina: 12,8 %;
se como um conglomerado de fibrilas celulósicas
de 1 a 4 mm de comprimento, e de 23 a 25 mm celulose: 58,51 %; 69
de espessura.
pentosanas: 9,91 %;
A análise química revela os seguintes
cinzas: 3,38 %.
componentes na fibra:
As fibras do linter são mais curtas, e possuem 1.15.9 Abacá (Cânhamo de Manila)
paredes mais espessas que as fibras do lint.
Em geral, as fibras de algodão apresentam as É uma espécie de bananeira nativa das
seguintes características: comprimento médio do Filipinas e Indonésia. As fibras de suas folhas
Linter de 2 a 3 mm e do Lint, de 10 a 40 mm, fornecem papel resistente e de alta densidade.
com largura variando a 38 µm. O comprimento médio é de 6mm, e largura
de 24 µm.(11)
1.15.6 Linho
1.15.10 Palhas de cereais (trigo, aveia,
Constitui-se também em fonte de fibras para a centeio, cevada, arroz e milho)
indústria de papéis especiais (mapas, cigarros,
carbonos, etc). Existe ampla variação nas Obtidas de vegetais pertencentes à família
dimensões das fibras, em razão da diversidade das Gramíneas, caules e folhas são usados
de espécies, heterogeneidade do material. O como matéria-prima para produção de celulose
comprimento médio da fibra é de 33 mm, e que, nesse caso, serão constituídas por fibras,
largura de 19 µm.(11) células parenquimatosas, etc. Essa matéria-
prima é usada na fabricação de papel em regiões
70
onde há escassez de madeira (Europa, Filipinas
1.15.7 Juta
e China). A celulose, obtida geralmente pelo
processo soda, é usada na forma branqueada,
É uma das mais importantes fibras de floema, e não-branqueada para a fabricação de papéis
cultivada principalmente no Paquistão, Índia e Brasil. e papelões.(11)
É uma fibra altamente lignificada, de comprimento
médio de 2 mm, e largura de 20 µm.
1.15.8 Rami
01. BIERMANN, C. J. – Handbook of Pulping and Papermaking – 2. ed, San Diego, EUA, Academic
Press, 1996, cap. 02, p. 72-91
02. CLARK, J. D. A. – Pulp Tchnology and Treatment for Paper – 2. ad, Sna Francisco, EUA, Ed Miller
Freeman, 1985, cap 01, pg. 101-118.
03. COSSETE, C – La preparation du bois e lês Patês Mécaniques CÉGEP de Trois-Riviéres, Québec,
Canadá, 1991, cap. 2, p. 15-33.
04. D’ALMEIDA, M.L. O. - Composição Química dos Materiais Lignocelulósicos in: IPT – Celulose
e Papel – Tecnologias de fabricação de Pasta Celulósica . 2. ed, São Paulo, 1988. v. 1, cap 03, p.45-
105.
06. FOELKEL, C. E. B. Estrutura da Madeira. Belo Oriente, MG, p .1-4. Janeiro. 1977.
07. FULLER, W. S. - Wood Procurement, Receiving and Measurement. In: Pulp and Paper Manufactore.
Third Edition. Montreal, Canadá, Technical Secton C.P.P.A. 1983. v. 1, cap 12,p .90-106.
09. GOMIDE, J.L. – ENF 564 – Tecnologia de celulose. Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em
Tecnologia de Celulose e Papel. UFV. Viçosa, abril, 2001.
11. LIMA, A. F., JARA, E. R. P. & ANGYALOSSY, V. – Madeira como Matéria-Prima para Fabricação
de Pasta Celulósica. In: IPT – Celulose e Papel – Tecnologias de Fabricação de Pasta Celulósica . 2.
ed, São Paulo, 1988. v. 1, cap 05, p.129-167.
12. KOGA, M.E. T.- Composição Química dos Matérias Lignocelulósicos In: IPT – Celulose e
Papel – Tecnologias de Fabricação de Pasta Celulósica . 2. ed, São Paulo, 1988. v. 1, cap 02, p.15-40.
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
13. MANUAL DO TÉCNICO FLORESTAL; Apostilas do Colégio Florestal de Irati. 1 ed. v. 2. Irati:
1986.
14. PARHAM, R.A. – Organization of Fibers and Other Cells. In: Pulp and Paper Manufacture. Third
Edition. Montreal, Canadá, Technical Section C.P.P.A. 1983. v. 1, cap 2, p .6-9.
15. _______________ Trees and the Growth of wood. In: Pulp and Paper Manufacture. Third Edition.
Montreal, Canadá, Technical Section C.P.P.A. 1983. v. 1, cap 3, p .10-21.
16.________________ Wood Structure – softwoods. In: Pulp and Paper Manufacture. Third Edition.
Montreal, Canadá, Technical Section C.P.P.A. 1983. v. 1, cap 4, p . 22-27.
17. _______________ Wood Structure – hardwoods In: Pulp and Paper Manufacture. Third Edition.
Montreal, Canadá, Technical Section C.P.P.A. 1983. v. 1, cap 5, p .28-34.
18. _______________ Ultrastructure and Chemistry. In: Pulp and Paper Manufacture. Third Edition.
Montreal, Canadá, Technical Section C.P.P.A. 1983. v. 1, cap 6, p .35-45.
19. _______________ Wood Physical Properties. In: Pulp and Paper Manufacture. Third Edition.
Montreal, Canadá, Technical Section C.P.P.A. 1983. v. 1, cap 6, p .46-54.
20. _______________ Wood Variability. In: Pulp and Paper Manufacture. Third Edition. Montreal,
74
Canadá, Technical Section C.P.P.A. 1983. v. 1, cap 7, p .55-65.
21. PONSA, Papelão Ondulado do Nordeste S.A.. Fábrica de celulose e Papel de Bagaçode Cana. O
papel, São Paulo: 1978, p. 233-238.
23. SMOOK, G. A. – Handbook for Pulp & Paper Technologists – TAPPI Press, Atlanta – GA – USA,
1990, cap. 01 e 02, p.1-19.
24. SOBRINHO, J. S.. A Cultura do Sisal para Fabricação de Celulose. O Papel. São Paulo: 1980,
p.37, Agosto.
25. STRAUB, C. D. Celulose de Crotalaria. O Papel. São paulo: 1978 p.50-58. Abril.
26. REDKO, B. V. P.; NISHIMURA, M.. Celulose de Bambu. O Papel. São Paulo: 1972, p.38-44, Abril.
27. VILLAVICENCIO, E. J. Celulose de Bagaço Alvejado: Qualidade Comercial. O Papel, São Paulo:
1974, p. 33-44, Fevereiro.
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
2 Preparo da madeira
local com grande área disponível; Normalmente a medida é feita por volume ou
local com fácil drenagem; por peso.
Após chegada à fábrica, a madeira pode ser medir a madeira com relação ao peso e
processada imediatamente ou, então, ser volume;
mantida em estoque para utilização futura. Mas
destinar a madeira ao pátio;
antes de ser enviada ao processo de polpação, é
submetida a uma série de operações, conforme é controlar a entrada, o consumo e a saída
mostrado na Figura 2, com o objetivo de fornecer de madeira.
a madeira na forma e pureza desejadas, e em
São feitas algumas análises na madeira que chega
quantidade suficiente e constante.
à fábrica com o objetivo de verificar se a mesma
está dentro do padrão de qualidade necessário na
2.5.1 Recepção da madeira fabricação de pasta e papel. São elas:
densidade aparente;
A recepção da madeira é feita com o objetivo de:(7)
densidade básica;
conhecer a procedência da madeira;
densidade absoluta;
selecionar a madeira;
comprimento médio;
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
fe = fator de empilhamento
st = estéreo
m3 = metro cúbico
db = densidade básica
b) Descascador de bolsa
82 c) Descascador de anel
d) Descascador de corte
eficiência do descascamento.
Tabela 1 - Comparação entre os descascadores citados
Quantidade
Energia Custos de Eficiência de Custos de Volume de
Descascadores de
Requerida Investimento Descascamento Manutenção Madeira
Mão-de-Obra
em desfibrador.
Fabricação de Celulose
estanho – 4%
antimônio – 12%
Demuth, 2003)
Fabricação de Celulose
ângulo de afiação;
Razão de corte
ângulo complementar.
É o número de vezes que as facas atuam sobre
a madeira, na unidade de tempo.
Ângulo de alimentação
E
Rc = rpm número de facas Ângulo da faca
35º
Ângulo
Faca Complementar
Velocidade do disco
TO
R
A
Deve ser mantida próxima à recomendada pelo 90º
A geometria de picagem pode ser estudada ao Esses ângulos podem ser verificados na
longo ou perpendicularmente ao plano do disco. Figura 18.
No plano do disco as considerações importantes O ângulo de afiação da faca deve ser o menor
da geometria são: a posição da boca de entrada, possível. Um fator limitante é a afiação da
a forma da boca de alimentação e a posição da lâmina. A afiação causa superaquecimento na
contrafaca em relação à faca no disco. lâmina, tornando-a endurecida e quebradiça,
O principal ângulo a ser considerado é o reduzindo a sua vida útil. Na prática, o ângulo
ângulo formado entre a direção das fibras e a de afiação é de 33o a 35o.
SENAI - CETCEP
faca do picador.
Fabricação de Celulose
L = comprimento do cavaco
96
As variáveis da madeira que influenciam na
picagem são:(5)
Ciclone de cavacos
resistência ao cizalhamento paralelo à
direção da fibra, que aumenta à medida que O ciclone é um equipamento localizado após o
a madeira esteja mais seca; picador, responsável em manter a alimentação
densidade da madeira; regular de cavacos nas peneiras, além de fazer a
recirculação de ar do picador. Esse equipamento
taxa de crescimento da madeira; consiste de um ciclone como corpo, um bocal de
orientação da fibra na madeira; exaustão de ar, uma rosca vertical de descarga e o
equipamento de controle de nível (Figura 21).(5)
comprimento;
Os cavacos são descarregados do ciclone
diâmetro; através de uma rosca helicoidal no sentido
configuração; vertical na peneira.
97
Picador de Tambor
a) Consumo de energia
Geralmente essas peneiras possuem dois ou A finalidade desse sistema é reduzir a quantidade 99
101
Figura 28 - Classificação de cavacos
Classes de cavacos (Fonte: Biermann, 1996,p.29)
102
Os cavacos produzidos e devidamente
classificados podem ser consumidos diretamente
ou, estocados para uso posterior em silos
(Figuras 30 e 31) ou em pilhas ao ar livre (Figura
32). Em ambos os casos, é importante evitar
o excessivo manuseio, o qual contribui para o
aumento do percentual de finos.
2. BIERMANN, C. J. – Handbook of Pulping and Papermaking – 2. ed, San Diego, EUA, Academic
Press, 1996, cap. 02, p.21-31
3. BONOMI, A. et alli – Conservação de energia na indústria de celulose e papel. IPT. São Paulo,
1985.
6. DON, J.J.V. – Cavacos de boa qualidade – o resultado de uma adequada técnica de picagem e
peneiramento. In: Anais o 22º Congresso Anual de Celulose e Papel. ABTCP, São Paulo, 1989, p.57-
77.
7. FULLER, W.S. – Wood Procurement, Receiving and Measurement. In: Pulp and Paper
Manufacture. Third Edition. Montreal, Canadá, Technical Section C.P.P.A. 1983. v.1, cap 12 p. 90-106.
8. ___________ - Conveying, Storage and Debarking. In: Pulp and Paper Manufacture. Third Edition.
Montreal, Canadá, Technical Section C.P.P.A. 1983. v.1, cap 13, p. 107-127.
9. ___________ - Chipping, Screening and Cleaning. In: Pulp and Paper Manufacture. Third Edition.
Montreal, Canadá, Technical Section C.P.P.A. 1983. v.1, cap 14, p. 128-151.
10. GOMIDE, J.L. – ENF 564 – Tecnologia de Celulose. Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em
Tecnologia de Celulose e Papel. UFV. Viçosa, abril, 2001.
11. LIMA, A. F.; JARÁ, E.R.P. & ALFONSO, V.A. – Madeira como Matéria-Prima para Fabricação de
Pasta Celulósica In: IPT – Celulose e Papel – Tecnologias de Fabricação de Pasta Celulósica. 2. ed,
São Paulo, 1988. v.1, cap 05, p.143-168.
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
14. SMOOK, G. A. – Handbook for Pulp & Paper Technologists – TAPPI Press, Atlanta – GA – USA,
1990, cap. 09, p. 20-35.
106
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
3 Polpação kraft
3.1 Introdução
grau de cozimento;
3.3 Nomenclatura e definições (7)
viscosidade;
licor negro forte (residual): solução contendo a) Grau de Cozimento (Número Kappa) (4)
produtos de reação da solubilização da
Indica até que ponto se consegue separar
lignina e produtos químicos residuais, que
a lignina das fibras durante o cozimento. É
são concentrados e queimados para sua
usualmente medido através de testes químicos
recuperação, incompletos;
de laboratório que indicam o número Kappa,
álcali total (AT): está representado pela soma número de permanganato ou outro similar.
SENAI - CETCEP
Uma das variáveis mais importante sob o ponto Um teor de rejeitos (cavacos mal cozidos) é
de vista econômico. Rendimento é a relação geralmente provocado por:
entre a polpa produzida e a madeira alimentada.
cavacos com dimensões desuniforme;
Considerando que existem situações que o
rendimento pode cair ( por exemplo, de 51% para impregnação com vapor deficiente;
45% ou menos) torna-se importante observar
impregnação com licor deficiente;
os fatores influentes:
polpa pouco cozida;
espécie de madeira;
cozimento desuniforme;
estado da madeira;
relação licor/ madeira muito baixa.
condições de cavacos;
Bonomi, 1985)
Fabricação de Celulose
PENETRAÇÃO DIFUSÃO
Ocorre através dos elementos de vaso, célula radiais, lúmens das
Ocorre onde a água esteja presente
fibras via ponteaduras
Ótima para madeira seca Ótima em madeira saturada de água
Efetiva em longas distâncias em direção longitudinal Efetiva somente em curtas distâncias
Não é afetada pela densidade da madeira Afetada pela densidade da madeira
Pouco sensível à composição do licor Muito afetada pela composição do licor
Diferenças de velocidade entre espécies madeireiras Pequenas diferenças entre as espécies madeireiras
Carga de álcali
Uma vez que os grupos redutores terminais dos vantagem do uso de antraquinona reside na
polímeros possuem um papel importante nas possibilidade de operar, produzindo a mesma
perdas de carboidratos – a reação de “peeling” quantidade de polpa com uma sulfidez mais
alcalino degrada cerca de 35% dos carboidratos baixa ou mesmo nula, reduzindo, ou mesmo
da madeira, para tanto tem se proposto uma eliminando as emissões de gás sulfídrico e
série de aditivos para modificar esse grupos, conseqüentemente o mau odor e a corrosão dos
de tal forma a minimizar a degradação ou equipamentos. Em unidades industriais antigas
incrementar o rendimento em polpa. o uso desse aditivo justifica-se economicamente
em relação a qualquer alternativa para o controle
A utilização em escala industrial desses
da emissão de gás sulfídrico.
aditivos na polpação tem enfrentado obstáculos
devido a contaminação, recuperação, custos e Sistema de preparação e dosagem da dispersão
dificuldades tecnológicas. Salvo o polissulfeto e de AQ ao digestor requer atenção especial,
as antraquinonas nenhum desses aditivos tem pois, devido à elevada taxa de sedimentação
sido usados comercialmente. da AQ, a possibilidade de ocorrer entupimentos
na tubulação ou sua decantação no fundo dos
tanques é uma ameaça para o bom desempenho
3.8.1 Antraquinona (AQ) do processo, principalmente no caso de unidades
116 com digestores contínuos.
Experiências com a utilização de AQ como
aditivo datam da década de 70, na indústria de
celulose e papel. A partir dos anos 80 o FDA 3.9 Tipos de cozimento
(Food and Druf Administration do Departament
of Health, Education and Welfare of the USA), Existem na atualidade de forma geral dois
liberou o emprego da AQ para a produção de tipos de processos de cozimento utilizados, o
celulose destinada a materiais de embalagens contínuo e o descontínuo. Quando comparados,
de gêneros alimentícios. Desde que tenha uma a principal diferença é que num digestor de
pureza mínima de 98% e seja usada numa carga processo contínuo não se tem tempos mortos
máxima de 0,01% como base madeira seca.(3) resultantes, tanto da carga de cavacos como
da descarga da polpa. Mas é importante
Quando a utilização de antraquinona e seus
lembrar que com uma série de digestores batch
derivados como aditivos nos processos de
(processo descontínuo) a produção pode-se
polpação alcalina na proporção de até 0,27%
tornar contínuo.
em relação à madeira seca, verificou-se que
a principal vantagem durante o cozimento Na última década as principais modificações do
é o aumento da produtividade das plantas processo Kraft têm sido direcionadas no sentido
em operação, o que indiretamente reduzirá de aumentar o rendimento e a intensidade da
SENAI - CETCEP
cozido.
quanto às suas variáveis fundamentais:
Fabricação de Celulose
torno de 160oC.
Fabricação de Celulose
uniformidade e a qualidade da pasta. Um adequada entre as vazões de entrada de licor
digestor com aquecimento direto pode ser pelo topo e pelo fundo. A Figura 5 mostra um
observado na Figura 4. digestor com aquecimento indireto e a Figura 6
sua instrumentação.(3)
com aquecimento indireto (Fonte: Ingruber, parcela do fluxo de vapor deve ser eliminada pelo
1983,p.143)
Fabricação de Celulose
alívio, forçando circulação através do digestor, controle tempo-temperatura;
o que contribui para maior uniformidade da
controle tempo-pressão;
temperatura da massa.(5)
controle tempo-taxa de reação.
b) Controle de ressopro
O controle tempo-temperatura é empregado
nos digestores de aquecimento indireto, onde a
A necessidade de desobstruir a grade da medição da temperatura do licor pode ser feita
tomada de alívio, obstruída pelo acúmulo de de forma eficiente, na linha de descarga do
fibras ou pelo entupimento com cavaco, obriga trocador de calor, e é utilizada como parâmetro
à injeção de vapor pelo topo do digestor, em básico de controle.
contracorrente. Da mesma forma, o ressopro é
Nos digestores de aquecimento direto o controle
utilizado para forçar a descida da massa, no caso
tempo-pressão permite maior eficiência, com a
da formação de bolhas de vapor, promovendo
pressão interna empregada para representar a
o seu colapso e dispersão adequada através
temperatura média no digestor.
da massa. O controle é comandado de forma
discreta, operado manualmente ou por meio de O controle tempo-taxa de reação é utilizado
um relê temporizador, sob ação do diferencial de para corrigir as deficiências dos outros sistemas 121
pressões através da grade de alívio.(5) de controle, permitindo obter resultados
consistentes, de forma a manter uniformidade
da qualidade da polpa e do grau de extração
c) Controle da Digestão da lignina.
Fator de Compactação (CF) é usado para medir uniforme do licor de cozimento. ( Figura 7)
este aumento, seu cálculo é apresentado num
Após o carregamento dos cavacos, o licor negro
exemplo a seguir.
e o licor branco são bombeados juntos no interior
Exemplo: imagine um digestor de um determinado do digestor e mudam de direção através das
volume. Ao carregarmos com cavacos usando o peneiras de recirculação.
sistema convencional consegue-se alimentar cerca
Ocorre durante o cozimento à circulação forçada
de 50ton, todavia usando-se o sistema “steam
do licor, por um trocador de calor (um passe),
packing”, o mesmo digestor terá no seu interior
e o licor aquecido é distribuído em dois pontos,
60ton, logo o CF é 60/50, que é igual a 1,2.
no topo e no fundo. Observa-se que com o
O sistema “steam packing” é constituído de uso desse sistema pode-se reduzir a relação
um anel perfurado, onde estão os bocais de licor/madeira.
sopragem, localizando-se no gargalo do digestor.
Duas vantagens da compactação dos cavacos
Os cavacos entram no digestor através da região
com vapor é o aumento da carga de cavacos
central, passando por uma cortina de vapor a baixa
dentro do digestor e o aumento de volume
pressão, ocorrendo uma distribuição ao longo da
específico da carga.
coluna de cavacos. Ocorre um adensamento
proporcionando carregamento uniforme e um
122 pré-aquecimento dos cavacos. (14) Super-Batch
A tendência à formação de canais de licor na coluna
de cavaco é reduzida e ocorre uma distribuição A intenção básica de desenvolver este aparato
foi a de reduzir a demanda de energia e
aumentar o nível de lucratividade. Esses
processos mantêm a concentração de licor
de cozimento mais uniforme que o cozimento
batch tradicional. Esses sistemas surgiram da
necessidade de branquear a polpa sem consumir
grandes quantidades de produtos químicos e
nem causar perdas significativas de viscosidade.
Com a introdução da técnica de deslocamento
para finalizar o cozimento recupera-se uma
quantidade de energia de aquecimento do
Smook, 1990,p.80)
Fabricação de Celulose
cozimento. Atualmente há três conceitos no que Os métodos de cozimento modificados em
se refere ao Superbatch:(16) digestores Batch possuem resultados de
rendimentos similares e requerem maior
sistema COLD BLOW da SUNDS
número de tanques para armazenar licor
DEFIBRATOR;
entre os vários estágios do processo de
processo RDH da BELOIT; cozimento. Esses foram aplicados em escala
industrial onde houve grandes minimizações
ENERBATCH pela Impco-Voest-Alpine (IVA)
dos gastos de energia. Dependendo de como
(Áustria).
os licores quentes são deslocados, estocados
e reutilizados no processo, pode-se alcançar
uma redução em torno de 65% do consumo
Processo COLD BLOW
de vapor. Conseqüentemente, o consumo de
energia pode ser reduzido aos mesmos níveis
Trata-se de um processo de um digestor do digestor contínuo.
descontínuo que inclui uma sucessão de
Devido à etapa de deslocamento final no término
deslocamentos de licores, inicialmente negro
do cozimento, o licor deslocado pode ser utilizado
morno e quente (solução de lignina e reativos
na fase inicial de cozimento para pré-aquecer
residuais) e posteriormente licor branco quente
os cavacos com licor negro. A característica
(fundo em direção ao topo). Os deslocamentos 123
do processo de deslocamento é a de deslocar
de licores ocorrem no sentido ascendente.
o conteúdo do digestor através de um licor a
temperatura abaixo dos 100ºC facilitando a
Processo RDH (Rapid Displacement Heating) descarga a frio. Observa-se que com uso dessa
técnica melhora as resistências da polpa, como
também uma uniformidade no cozimento.
O digestor tem a mesma concepção que o
processo anterior, Os deslocamentos de licor As vantagens dos novos processos(16)
são produzidos desde o fundo em direção ao reduz o consumo de energia em cerca de
topo, ou seja, em sentido ascendente. 5GJ/ton em termos de energia térmica e
0,20 GJ/ton em termos de energia elétrica;
transportadoras. C Alimentador de
baixa pressão
O digestor compreende as etapas descritas a seguir, as quais também podem ser observadas na Figura 13.
1- Impregnação
2- Aquecimento
3- Cozimento
4- Lavagem
5- Resfriamento
128
vapor
Os cavacos resfriados continuam em movimento submetidos à lavagem final pela injeção de licor
descendente pela zona de lavagem. Nessa preto fraco de 60 a 85 oC. Esse licor é introduzido
região do digestor, as substâncias solúveis no digestor através de aberturas existentes na
das reações de cozimento são removidas dos carcaça e no equipamento de saída situado
cavacos pelo licor de lavagem, licor diluído no centro do fundo do digestor. Os cavacos
ou água quente, através de um processo de amolecidos e resfriados são separados no fundo
lavagem, difusão em contracorrente com licor da coluna pelo movimento lento das lâminas
vindo das peneiras situadas no limite entre as raspadoras montadas em braços radiais do
zonas de lavagem e resfriamento. equipamento de saída.
1- Cozimento 131
2- Lavagem
3- Resfriamento
Cavacos
licor p/
Licor branco Polpa Recuperação
Líquido de lavagem
Condensado limpo
Vapor
Vapor de baixa pressão
cavacos
133
Vapor de Flash
Secundário
Licor para
recuperação
Licor branco
Polpa
Líquido de lavagem
condensado
Digestores fase vapor/líquido
134
A Figura 19 mostra um fluxograma do processo
c) Sistema de dois vasos de polpação Kraft usando um digestor com
sistema de dois vasos. (4)
SENAI - CETCEP
140
Lavagem no digestor
Figura 24 - Lavagem no digestor ITC
(Fonte: Kvaerner Pulping, 2005)
Digestor contínuo
MCC EMCC ITC Lo-solids
convencional
Cozimento X X X X X
concorrente
Lavagem à quente X X X X X
Extração de
licor de X X X X X
cozimento
Distribuição X X X X
alcalina
Cozimento X X X
contracorrente
Cozimento X X X
estendido
145
Perfil uniforme de X X
temperatura
R eferências Bilbiográficas
3. ASSUMPÇÃO, R.M.V.et al- Polpação Química In: IPT – Celulose e Papel – Tecnologias de Fabricação
de Pasta Celulósica. 2. ed. São Paulo, 1988. v. 1, cap 06, p. 169-319.
4. BIERMANN, C. J. – Handbook of Pulping and Papermaking – 2. ed, San Diego, EUA, Academic
Press, 1996, cap.02, p. 72-91.
146 5. BONOMI, A. et alli - Conservação de energia na indústria de celulose e papel. IPT, São Paulo,
1985.
6. CIDADE, H.L. Instrumentação de Controle Digestores Batch. In: Anais DO 10º Congresso Anual
de Celulose e Papel. ABTCP, São Paulo, 1977, p.57-77.
7. CLAYTON, D, et al – Chemistry of Alkaline Pulping. In: Pulp and Paper Manufacture. Third Edition.
Montreal, Canadá, Technical Section C.P.P.A. 1983. v. 1, cap 1, 2,3,4,5, e 6, p. 3-128.
8. FLEET, S.V. – Digester Optimization and Control. In: Pulp and Paper Manufacture. Third Edition.
Montreal Canadá, Technical Section C.P.P.A. 1983. v. 1, cap 9, p. 181-240.
9. GOMIDE, J.L.- ENF 564 – Tecnologia em Celulose. Curso de Pós Graduação Lato Sensu em
Tecnologia de Celulose e Papel. UFV. Viçosa, abril, 2001.
10. HAKAMAKI, H. & KOVASIN,K. – Superbatch cooking – a modern way to improve pulp quality
and reduce environmental load. In: Anais do 24º Congresso Anual de Celulose e Papel. ABTCP, São
Paulo, 1991, p.57-77.
11. INGRUBER, O. V. – AlKaline Digester Systems. In: Pulp and Paper Manufacture. Third Edition.
Montreal, Canadá, Technical Section C.P.P.A. 1983.v.1, cap 8, p. 140-180.
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
12. KNOWPULP – Pulping. Disponível em http://www.knowpulp.com/english/demo/english/pulping/
cooking. Acesso em 20 abr 2005
14. SMOOK, G. A . Handbook for Pulp & Paper Technologists – TAPPI Press, Atlanta – GA – USA
– 1990, cap 07 e 08, p.69-90
147
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
4 Lavagem e depuração
No término do cozimento a polpa é descarregada fibras e licor preto. A polpa é bombeada para o
no blow tank. Nesse tanque de descarga a polpa setor de lavagem.(4)
recém cozida é separada do licor preto que a
O blow tank pode ser de dois tipos: de fundo
acompanha havendo a individualização das
cônico e de fundo chato (Figuras 1 e 2).
fibras. A polpa entra no equipamento na parte
superior chocando-se contra as paredes, como
conseqüência desse choque o vapor é liberado 4.1.1 Procedimentos operacionais no sistema
e direciona-se para o ciclone enquanto a polpa do tanque de descarga
descreve um movimento em direção ao fundo(5).
No fundo do tanque de descarga insere-se licor Qualquer que seja a opção implantada para 149
preto para efetuar a diluição, deixando a polpa recuperação do vapor do tanque de descarga,
com consistência em torno de 4%, sendo que ela só poderá ser eficiente se alguns cuidados
a mesma sofre homogeneização através do operacionais forem tomados. Exemplo disso
agitador promovendo assim a separação das
Figura 1 - Blow tank de fundo cônico (Fonte: Perkins & Cowan, 1983,
(Fonte: Perkins & Cowan, 1983, p.244) p.244)
Fabricação de Celulose
a cada 6 meses).
Fabricação de Celulose
A solução para o problema de arraste passa Medidas de aproveitamento racional de vapor
normalmente pelo redimensionamento do de “flash”
ciclone, reduzindo o seu diâmetro para aumentar
a eficiência de separação do vapor e pasta.
A principal aplicação do vapor “flash” gerado
Com relação à placa alvo, o problema resume-
no tanque de descarga é na pré-evaporação
se em desenvolver um material resistente
de licor preto fraco, antes do seu envio ao
para a sua fabricação. Experiência realizada
sistema de evaporação múltiplo efeito. Essa
nos EUA mostrou que utilizando uma liga de
alternativa de aproveitamento será descrita com
níquel-molibdênio-cobre (Hastelloy Alloy C-276)
detalhes mais adiante, quando serão tratadas
é possível aumentar a vida útil da placa para 4
as potencialidades para redução do consumo de
anos.(5)
energia na evaporação.(5)
na descarga do ejetor.
Fabricação de Celulose
Outra alternativa que merece ser avaliada é a Onde a lavagem da polpa é necessária?(14)
utilização do vapor “flash”, gerado no tanque
na produção de polpa marrom;
de descarga para aquecer o licor preto fraco
num trocador de calor indireto. Essa medida na produção de polpa branqueada.
pode simplesmente ser utilizada como uma
complementação ao procedimento convencional Licor negro é separado da polpa na lavagem
dissolvido no licor.
Fabricação de Celulose
queimado para recuperar os sais de sódio. Um As tendências futuras na área de lavagem
excesso de água exigiria um gasto adicional denominam-se MIM (Minimum Impact Mill)
de energia para sua evaporação. Entretanto, constituem-se de associação de equipamentos
uma lavagem insuficiente acarretaria excessiva e sistemas mais complexos, onde se busca
perda do licor preto impregnado na celulose, maximizar lavagem antes e após deslignificação
afetando o balanço térmico e químico no setor com oxigênio. O principal foco é minimizar arraste
de recuperação, exigindo um maior consumo de para o branqueamento de sólidos orgânicos,
reagentes no branqueamento, além de causar AOX (haletos orgânicos adsorvíveis), TCDD
problemas na fabricação do papel devido à (tetracloro di-benzodioxina), TCDF (tetracloro
formação de espuma. di-benzofurano).(13)
a) Difusão b) Compressão
A difusão é causada pelo movimento molecular às Ao prensarmos o líquido para fora da fibra pode
vezes presente em um líquido. Esse movimento ocorrer secagem acima de 18%. Esse método é
ou a comunicação entre o licor interno, a fibra utilizado nas prensas de lavagem e na zona de
e o licor adjacente é limitado pela passagem lavagem do digestor tipo Kamyr, onde excessiva
através da parede da fibra. Muitos fatores afetam coluna de cavacos comprime as fibras devido
a velocidade com que a difusão ocorre: ao fato de que a polpa de madeira tem uma
diferença de concentração: uma grande densidade maior que o licor.
diferença de concentração entre o licor
retido dentro da fibra e o licor externo à
c) Inchamento
fibra, faz com que o processo de difusão
ocorra de forma rápida;
O inchamento das fibras ocorre com mudanças
temperatura: altas temperaturas promovem
no valor do pH que resulta em variações na
rápida difusão. Temperaturas consideradas
espessura da parede da fibra. A parede da
normais para o processo de difusão são aquelas
fibra é normalmente mais espessa para valores
154 acima de 70 oC, para as temperaturas acima
altos de pH e se contrai á medida que ocorre a
de 80 oC existe um rápido aumento na
redução de pH.
taxa de difusão. Por exemplo, a difusão à
temperatura de 90 oC é da ordem de 4 a 6
vezes mais rápida que a 50 oC ;
Macromecanismo
a espessura do filme de licor ao redor da
fibra: um filme fino corresponde à rápida
A lavagem em nível macro consiste em métodos
difusão, obtém-se um filme fino ao redor das
de remoção do licor preto da suspensão o qual
fibras mantendo-se o licor em movimento,
pode ser feito por extração ou deslocamento.
como é feito em deslocamentos contínuos,
misturas, etc.;
155
Tabela 1 - Fatores e variáveis operacionais que influem na
eficiência do deslocamento de sólidos na lavagem da polpa
processo de polpação
espécie de madeira
temperatura
Licor (água) para os distribuição
chuveiros
modo de aplicação
fator de diluição
temperatura da polpa
ar presente na polpa
Variáveis operacionais
teor de sólidos no licor
malha da tela
incrustação na tela
SENAI - CETCEP
Onde:
Eficiência (%) = {DF + (1 - DF) DR} X 100
FE = fator de espessamento
Eficiência (%) = {FE + (1 - FE) DR} X 100
U = kg de licor por kg de pasta, e os
subíndices
A taxa de deslocamento se refere somente aos
e = entrada no sistema
sólidos solúveis, isso é aqueles que podem ser
s = saída do sistema removidos pela lavagem atual. No estágio de
Nota: lavagem marrom, existem também sólidos que
não podem ser removidos somente por lavagem.
Esses são compostos de sódio e são conhecidos
U = 100 - consistência (%) como soda ligada (bound), fixa ou sorvida.
consistência (%)
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
concentração mais elevada e será enviado para física aplicada. A manta de polpa com licor forte
os evaporadores. A operação consiste de quatro é suportada em um meio filtrante tal como uma
etapas separadas que são: (18)diluição, agitação, chapa perfurada ou uma tela. A combinação
extração e deslocamento (Figura 6). A fase diluição-agitação-extração pode ser efetuada a
159
deslocamento não está indicada nessa Figura. baixa ou alta consistência.
satisfatória (na faixa de 95 a 99%) dos sólidos é altamente floculada. Se o flóculo permanece
laváveis do licor. Uma pequena parcela do intacto após a diluição da massa para mais ou
hidróxido de sódio está quimicamente ligada à menos 1% de consistência, pode acontecer que
161
fibra da pasta sulfato e não pode ser recuperada algum licor seja carregado pelo flóculo através
pelos métodos convencionais de lavagem. da caixa de entrada no interior da manta.
Uma consistência mais baixa na caixa de entrada demasiadamente alto e provoca um efeito
do lavador ou máxima diluição com filtrado fraco prejudicial à lavagem da polpa devendo ser
e recirculado, abaixa a concentração dos sólidos eliminado para se ter bons resultados, pois
dissolvidos na manta por ocasião da extração. diminuem a eficiência da lavagem, impedem a
livre passagem do licor e/ou água de lavagem
A formação da manta é intensificada com uma
dificultando a difusão além de canalizar o fluxo
baixa consistência da massa na entrada do lavador,
de água evitando que ela entre em contato
fato semelhante na fabricação do papel. Quanto
com todas as fibras, pois as pequenas bolhas
mais baixa a concentração de sólidos na lixívia
de ar atuam como se fossem sólidos em
que vai para a zona de deslocamento, tanto mais
suspensão.(7)
eficiente será sua remoção.
Pode-se dizer que um volume de 1% de ar
A consistência de entrada da massa de qualquer
finamente disperso na massa diluída, entrando num
filtro de lavagem é uma função do grau de
lavador de celulose Kraft, tem o mesmo efeito para
escoamento da polpa em geral varia de 1 a 1,5 %
o grau de escoamento, equivalente ao aumento de
e da saída em 10 a 12 % . (18)
1% da quantidade por peso da polpa.
e) Antiespumante
d) Ar na massa
É um produto que foi desenvolvido para eliminar
gás contido na pasta e aumentar a drenagem nos
A presença de ar na forma de bolhas, finamente
lavadores. O antiespumante tem boa afinidade
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
sobrecarga (t polpa/dia.m²);
drenabilidade da polpa;
ar na massa;
Figura 9 - Princípio de operação do lavador
pressurizado (modelo Pro feed)
distribuição da polpa na bacia do lavador; (Fonte: Perkins, 1983,p.289)
temperatura da água;
Um só tambor pode ter de 3 a 4 estágios de
falta de pressão (perda de vácuo);
lavagem (Figura 10). A polpa é alimentada em
tiragem da manta na raspa; uma zona de formação a uma pressão de 0,3 167
necessário para formar a manta de pasta, filtro lavador são efetuadas, ou seja, a formação
desaguar e deslocar o licor.(11)
Fabricação de Celulose
Figura 10 - Fluxograma compreendendo dois lavadores pressurizados com três estágios cada
um (Fonte: Smook, 1980, p.102)
da manta, extração, deslocamento de licor por O ar que passa através da manta para dentro do
chuveiros, extração e tiragem da manta. tambor levanta a manta do tambor, facilitando o
168 trabalho do raspador.
Uma outra diferença importante nos filtros
pressurizados é a ausência de canaletas abaixo Apesar desse tipo de filtro não ter as tradicionais
da face do tambor. O licor cai diretamente no canaletas dos filtros a vácuo, pode ser equipado
interior do tambor e é removido através de uma com coletores ou bandejas estacionárias dentro
saída hidraulicamente selada. do tambor, de maneira a coletar o licor de zonas
diferentes, podendo uma única unidade funcionar
Um soprador retira o ar da seção do repolpador,
como um lavador de múltiplos estágios.(16)
aumenta a respectiva pressão e reintroduz esse ar
na cobertura do tambor que é selada. A formação Esse sistema tem duas vantagens em relação
da manta é feita na seção estática do fundo. A ao sistema a vácuo convencional que são
extração do licor da manta, o deslocamento do o arranjo interno do rolo do filtro que é mais
licor dos chuveiros, bem como a extração, são simples, possibilitando a instalação de coletores
proporcionadas pela sobre-pressão.(14) de licor que permitem operar um filtro como
um sistema de multiestágios e a operação de
Para selar a zona pressurizada vazia do filtro
lavagem pode ser realizada em um ambiente
do lado de descarga, é colocado um rolo de
mais quente, melhorando as propriedades
prensagem liso na parte superior, anterior à
filtrantes da polpa.
tiragem do raspador. Esse rolo superior também
tem barra de selagem.(16)
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
Estas vantagens permitem que o sistema A massa é alimentada a 4% de consistência em
pressurizado opere com um número menor de uma câmara de entrada convergente cônica,
unidades individualizadas, apesar de ter um que produz uma pressão e fluxo constante
número grande de estágios e com menor fator de através de toda a largura da máquina. A massa
diluição em função da melhor lavagem, devido ao passa através de uma lâmina de desfloculação
aumento de temperatura da água de lavagem.(12) autolimpadora que, em combinação com a
câmara de entrada cônica, produz uma folha de
formação uniforme que é importante para a alta
a) Filtro IMPCO Compaction Baffle (filtro de eficiência de lavagem da polpa. (18)
chicana compactadora)
A massa entra na máquina no sentido da corrente
em relação à rotação do cilindro e forma uma
Esse lavador é um filtro de tambor pressurizado manta sobre o tambor rotativo.
(Figura 11) que consegue uma alta capacidade
Essa manta de polpa é, então, comprimida ou
usando uma alta consistência de alimentação e
compactada entre o Compaction Baffle (chicana de
opera a uma elevada velocidade. Isso resulta em
compactação) e o tambor rotativo a uma consistência
uma máquina compacta requerendo muito menos
final que é tipicamente de 16 a 18%.(7)
espaço de prédio que um filtro convencional a
vácuo ou filtro pressurizado.
169
1- Formação da manta
2- Lavagem primária
3- Lavagem secundária
4- Descarga da polpa
Difusores (Kvaerner, Ahlstrom & Kamyr) conjunto de peneiras é montado sobre cilindros
hidráulicos sendo que as peneiras internas
desse equipamento têm um movimento de
172
a) Difusores Atmosféricos subida e descida. As peneiras movem-se para
cima vagarosamente com tempo regulável de
acordo com a produção – tempo este de 48 até
Os difusores foram introduzidos por volta de 100 segundos -, percorrendo cerca de 150 a 220
1968 no Canadá e Suécia pela empresa Kamyr mm, com a velocidade em torno de 15% a mais
e desde então tem sido utilizado nas novas que ao fluxo da polpa (Figura 14 e 15).
instalações acopladas a digestores contínuos.
Ao final desse movimento ascendente, há uma
A empresa Kamyr desenvolveu um lavador de difusão breve parada na posição superior para limpeza
contínua que se ajusta tanto a tanque de descarga, dos furos das peneiras e segue-se a descida
torre de branqueamento e outros recipientes brusca em torno de 0,6 segundos.
cilíndricos. Mais recentemente foram desenvolvidos
A Figura 16 mostra um esquema do sistema de
difusores em dois ou até três estágios.
peneiras de um lavador Kamyr por difusão, a
O difusor contínuo é utilizado geralmente água de lavagem é introduzida através de bicos
como um complemento da lavagem hi-heat de distribuição rotativos. O licor descarregado
no interior do digestor contínuo. As unidades é recolhido através das peneiras e flui para
consistem em uma série de peneiras duplas e os braços de drenagem. O licor de lavagem é
concêntricas, que oscilam no sentido vertical, adicionado através dos bicos e o licor deslocado
SENAI - CETCEP
e convexos, dos anéis. O licor deslocado, o sentido inverso, para dentro das peneiras por alguns
filtrado, que é coletado pelas peneiras, flui segundos. Isso em adição ao rápido movimento de
através dos braços de drenagem até um anel descida, evitará que as peneiras entupam com
coletor, no lado de fora do difusor, e depois fibras. O sistema equalizador é detalhadamente
para o tanque de filtrado geminado. No caso descrito a seguir:(7)
de difusor de dois estágios existem dois anéis
Tanques equalizadores de pressão: os tanques
coletores, um para cada estágio de lavagem. O
equalizadores de pressão de ambos os estágios,
filtrado extraído do primeiro estágio flui para o
o primeiro e segundo estágio funcionam do
tanque de licor do primeiro estágio e o filtrado
mesmo modo, porém independente, como
extraído do segundo estágio flui para o tanque
abaixo descrito.
de licor do segundo estágio. (12)
Os tanques equalizadores contêm algum licor,
O liquido de lavagem provém da água quente
porém principalmente ar de baixa pressão no
dos trocadores de calor de licor para evaporação
início do movimento ascendente da unidade de
e também o condensado da evaporação, esse
peneiramento. Os tanques são preenchidos com
liquido é introduzido ao segundo estágio do
licor dos tanques geminados filtrado do primeiro
difusor lavador duplo. O filtrado proveniente
e segundo estágio , na qual a bomba comprimirá
do segundo estágio é então utilizado como
o amortecedor de ar nos respectivos tanques
174 licor de lavagem no primeiro estágio. O filtrado
equalizadores, até que a pressão preestabelecida
proveniente do primeiro estágio entra na zona
em torno de 1,8 Kgf/cm2, seja alcançada.(18)
de resfriamento e diluição e também na zona de
lavagem Hi-Heat do digestor, de onde parte do Quando a unidade de peneiramento tiver
licor extraído vai para a evaporação. alcançado sua posição superior, a válvula de
extração fechará e a válvula temporizada de
Observando-se que o licor de extração flui
contralavagem abrirá. A válvula de extração
através do tanque de filtrado do segundo para o
permanece fechada durante a breve parada da
primeiro estágio, no sentido do digestor, para a
unidade de peneiramento, no topo, e também
lavagem Hi-Heat, uma lavagem contracorrente
durante o movimento descendente subseqüente.
completa é criada.
A válvula temporizada de contralavagem se
Para evitar entupimentos das peneiras de extração abrirá durante o mesmo período.
é feita à contralavagem das mesmas a cada ciclo do
O tanque equalizador será então prensado no
difusor. A válvula de extração fecha-se e a válvula
sentido inverso e isso em conjunto com o rápido
equalizadora de pressão, abre-se para a equalização
curso descendente, assegurará que os furos da
da pressão, quando os cilindros hidráulicos
peneira não entupam com as fibras celulósicas.
alcançarem posição superior. A equalização de
pressão significa que o licor é pressionado no
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
Figura 17 – Componentes do braço de lavagem
(Fonte: Andritz, 2005)
de uma carcaça cilíndrica, dentro da qual há e a carcaça e é descarregada pelo fundo - como
um outro cilindro perfurado que vem a ser a um digestor contínuo (Figura 19).
peneira do difusor (figura 18). No fundo há um
Há uma perda de pressão no interior do difusor e
raspador que direciona a polpa para o bocal
a pressão de descarga é de 4 Kgf/cm², a pressão
de descarga do difusor. A polpa é alimentada
de alimentação fica em torno de 9 Kgf/cm² (após
com uma consistência de 10% pelo topo, desce
a unidade de descarga).
entre o espaço existente no cilindro da peneira
A polpa é lavada na passagem entre a carcaça
do difusor (onde é adicionado o licor de lavagem
mediante um distribuidor no centro) e o cesto
filtrante de extração do licor deslocado. A peneira
também tem movimento de descida e subida,
porém nesse caso o movimento principal é o de
descida da peneira, numa velocidade próxima da
polpa, em geral 10% maior. A peneira move-se
para baixo formando-se assim uma manta no lado
interno. A água de lavagem sai do distribuidor
Figura 18 – Princípios de lavagem do ao longo de toda a manta, deslocando o licor
176 difusor pressurizado (Fonte: Perkins, original que é extraído através da peneira (18). O
1983,p.296)
SENAI - CETCEP
SENAI - CETCEP
180
Figura 25 - Prensa de lavagem IMPCO (Fonte: Rogers, 1996, p.35)
lavagem e um rolo móvel, a fim de obter uma proporciona significativa redução de DQO
consistência uniforme de descarga, mesmo (demanda química de oxigênio) na lavagem
com polpas de característica e consistência de final da polpa marrom e conseqüentemente
alimentação variáveis.(18) uma redução de custos no branqueamento,
baixo consumo de água e um mínimo
impacto ambiental;
Vantagens da prensa de lavagem:(19)
ocupa pouco espaço e apresenta fácil
combina desaguamento, deslocamento operação e manutenção.
e prensagem para uma alta eficiência de
lavagem com baixo fator de diluição;
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
4.2.5 Comparação entre os diferentes lavadores na remoção de material orgânico dissolvido
Assim, para uma perda de 17kg de Na2SO4/ Durante o processo de preparação dos materiais
Na2O/TCSA na lavagem, necessitamos adicionar fibrosos e da fabricação de celulose e papel,
38,9 kg de Na2SO4 no licor preto concentrado a muitos materiais indesejáveis são introduzidos
ser queimado na caldeira de recuperação. no sistema ou vem com a matéria prima e devem
ser retirados. Buscando a retirada dos materiais
Exemplos de perdas de Na2SO4 por processo:
indesejáveis do sistema, é necessário conhecer
os tipos e as características desses materiais
p/ Kappa 140 - 40 kg/ton em circulação. Os equipamentos disponíveis
para separar os materiais “desejáveis” dos
p/ Kappa 80 - 38 kg/ton “não desejáveis”, assim como seus princípios
p/ Kappa 20 - 36 kg/ton de operação devem ser conhecidos e
entendidos.(13)
(Fonte: Hooper,1983,p.319)
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
4.3.2 Classificação de resíduos afeta a resistência físico–mecânica e as
propriedades superficiais dos papéis. A
Observa-se que os materiais indesejáveis podem tabela 3, mostra níveis de presença de
ser de duas naturezas: não fibrosos e fibrosos. shives junto a alguns tipos de papéis);(18)
Nota-se que os materiais dito não fibrosos podem minishives (são aquelas partículas fibrosas
ser de dois tipos básicos: não metálicos (sujeiras, com dimensões de 0,08 a 0,10 mm de
pedras, areia, abrasivos, vidros, plásticos, largura);
elásticos, cascas, argamassa de tanques, fragmentos de vasos (definem-se como
azulejos, etc..) ou metálicos (porcas, parafusos, elementos cúbicos ou de configuração
grampos, ferrugens de encanamento, etc.).(13) irregular, que normalmente incide mais em
Classificam-se como materiais fibrosos, aqueles polpas provenientes de folhosas);
resultantes de um incompleto cozimento ou de fiapos Lint (são partículas menores que 1,0
um desfibramento, mas que consistem muitas – 1,5 mm de comprimento e possuem uma
vezes de fibras boas e utilizáveis, dentre eles superfície rugosa e flexibilidade limitada);
podemos citar:
chop (são partículas de impurezas de formato
feixe de fibras (bundles); cúbico usualmente com comprimentos de
183
nós (definem-se como partículas de madeira 0,25 a 1,0 mm) .
não cozidas, retidas em uma malha com
perfurações de 9 mm. Os nós são em ordem
Principais tipos de resíduos
de magnitude maior que os shives e muito
mais rígidos, devido a esse fato devem
ser removidos o mais rápido possível do
Pasta Mecânica:
processo);(10)
pedaços de casca;
4.4.1 Classificação da depuração
diversos tipos de impurezas:
A presença de impurezas na polpa nos conduz depuração fina (fine stage): tem como
a problemas tais como: objetivo separar palitos (shives), frações
leves tais como fragmentos de cascas
184 presença de areia causa desgaste nos
e eventualmente frações pesadas tais
equipamentos, bombas, tubulações,
como areia, etc. Após separação, as
etc.;
fibras boas são enviadas para as etapas
causam manchas no produto final seguintes do processo de fabricação de
(celulose branqueada) e compromete sua celulose: deslignificação com oxigênio,
qualidade; branqueamento ou processo de secagem
de celulose;
causa quebras na parte úmida da máquina
de celulose. depuração de máquina ou antes da máquina
de celulose (post stage): visa remover
pequenas partículas de impureza, tais como:
4.4 Objetivo casca, areia e frações leves como o ar.
durante a remoção das partículas indesejáveis depuram-se as fibras curtas mais facilmente,
deve-se buscar o mínimo arraste de fibras logo as folhosas (eucalipto) são mais fáceis
boas com a sujeira (rejeitos); de depurar que as coníferas (pinus). Portanto
as fibras longas requerem maior capacidade
o processo de depuração deve ser seletivo
de depuração que as curtas. Similarmente
evitando a fragmentação da sujeira em
as polpas mecânicas são depuradas mais
partículas pequenas e mais leves de difícil
facilmente que as químicas.
separação;
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
Fluxo de alimentação
Abertura da chapa
Aceitos
Se em lugar de viajar verticalmente, dermos No fluxo de polpa as fibras que são flexíveis,
uma certa velocidade transversal à polpa, a tomam uma configuração tal como se fossem
sujeira não se aproximará mais na vertical fitas que passam por esses rasgos “fendas”.
e tenderá a “olhar” o furo como alongado, Como vemos na Figura 29, o fluxo através dos
188
como vemos na Figura 28. Se a velocidade furos usa somente uma parte do mesmo e só
for aumentada, a abertura tomará para a fibra, passa pelo furo o que está dentro da fita.(1) Por
uma forma cada vez mais alongada até se outro lado, os palitos não são muito flexíveis
transformar em um fino rasgo (fenda).(8) (Figura 30), pois são amontoados de fibras.
1996,p.235)
Fabricação de Celulose
Figura 30 - Fluxo de shives ou palitos através das perfurações (Fonte:
fino,1996,p.235)
Se os palitos estiverem envolvidos pela fita que eliminar o arraste de fibras (1). Esses aparatos
vai passar pelo furo, eles poderão passar pelo podem ser de alta ou baixa freqüência, e a
mesmo, caso contrário poderão soltar-se e passar maior parte usa furos arredondados, apesar de
por sobre o furo indo para o lado do rejeito.(8) que há depuradores planos com ranhuras. Ver
a Figura 31.
Os depuradores rotativos são também abertos Esses depuradores são fechados, todavia
e de fluxo por gravidade, sendo vibrantes com funcionam por gravidade. Os depuradores
baixa ou alta freqüência(8). Os depuradores de centrífugos superaram muitos dos problemas
baixa freqüência normalmente se aplicam em dos depuradores vibratórios. A peneira centrífuga
fábricas de celulose e também como depuradores baseia-se no princípio de que as fibras aceitas
de máquinas de papel. A consistência ótima de tendem a estar completamente hidratadas, com
trabalho é função do tipo de massa, qualidade densidade próxima à da água. Nesta condição
da mesma e comprimento das ranhuras, mas quando a polpa celulósica de baixa densidade
normalmente oscila entre 1 e 2%. Apesar é submetida à rotação de um depurador
de serem mais compactos que os planos e centrífugo, as fibras se alinham na direção do
requererem menos mão-de-obra, eles estão fluxo, que se dá predominantemente através
caindo em desuso devido ao alto custo de dos furos(1). Os materiais mais grosseiros não
manutenção e baixa eficiência.(8) estão completamente hidratados e possuem
uma maior densidade, esse fator limita o efeito
da força centrífuga e os materiais grosseiros
190 são direcionados para a saída de rejeitos,
aceite
Os principais elementos presentes nesse
depurador:(14) rejeito
rotor: diluição
acionamento do rotor.
Variáveis de funcionamento
tipo de fibra;
nível de impurezas;
Desenho do depurador:
configuração do fluxo;
consistência de alimentação;
taxa de rejeitos;
perda de pressão;
Figura 40 – Tipos de aberturas
(Fonte: Bueno,1995)
tempo de retenção;
diluição;
2
ÁREA ABERTA (%) = d *157,08
x*y
196
Figura 41 b – Superfície perfilada
(Fonte: Bueno,1995)
e.1) Exemplo de Velocidade de Passagem Uma variável que tem uma grande influência
(orifícios) na eficiência total de remoção de sujeira é a
relação em que os rejeitos são removidos do
Área aberta Total = Área plana total x Área depurador. Entende-se por taxa de rejeitos o
197
Área aberta Total = 135 x 0,00025 = 0,0338 m2 25 a 40% (estágio quaternário) normalmente
Velocidade de Passagem = Vazão (m3/s) / Área aplicado em Softwood
SENAI - CETCEP
aberta (m2)
Fabricação de Celulose
h) Consistência
j) Grau de refino
m) Temperatura
nível de impurezas.
201
Até o momento presente descreveram-se
os depuradores de forma isolada, todavia
Desenho do hidrociclone: lembramos que o objetivo da depuração é o de
separar o fluxo a ser depurado em dois: o dos
configuração do fluxo de entrada de
aceitos que deverá conter o máximo possível
alimentação;
de fibras boas e o mínimo possível de sujeiras e
diâmetro do corpo; rejeitos, o qual deverá conter o mínimo de fibras
boas e máximo possível de sujeiras.
diâmetro da saída de aceite;
Todavia torna-se impossível obter isso em um
altura da seção cilíndrica; único estágio, portanto faz-se necessário o
ângulo do cone; acoplamento de diversos depuradores em um
só sistema. Necessita-se de estágios adicionais
dimensão do orifício de rejeitos; de depuração dos rejeitos para concentrar as
seção de diluição. impurezas e devolver as boas fibras ao processo.
Os principais sistemas utilizados são:
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
alimentação aceite
rejeitos
products/ppp-chemical-fiber/ppp-chemfiber-screening-u-cleaning-u-fiber-recovery.htm. Acesso em 25
jul 2005.
207
4. BIERMANN, C. J. – Handbook of Pulping and Papermaking – 2. ed, San Diego, EUA, Academic
Press, 1996, cap. 05 p.80-85, 269-270.
5. BONOMI, A. et alli – Conservação de energia na indústria de celulose e papel. IPT. São Paulo,
1985.
8. FUNO, P; NERY, J. – Depuração da polpa. In: Anais do 29º Congresso Anual de Celulose e Papel.
ABTCP, São Paulo, 1996, p.221-239.
10. HOOPER, A. W. – The screening of chemical pulp. In: Pulp and Paper Manufacture. Third Edition.
Montreal, Canadá, Technical Section C.P.P.A. 1983. v.5, cap 12, p.318-366.
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
12. LIMA, A. F. – Processamento da Pasta Celulósica. In: IPT - Celulose e Papel – Tecnologias de
Fabricação de Pasta Celulósica. 2. ed, São Paulo, 1988. v. 1, cap 08, p.405-418.
13. MOKFIENSKI, A. – ENF 580 – Ciclo de Recuperação Química do processo Kraft. Curso de Pós-
Graduação Lato Sensu em Tecnologia de Celulose Papel. UFV. Viçosa, Outubro, 2001.
14. MOKFIENSKI, A. – Fabricação de polpa branqueada – Processo Kraft – Lavagem da polpa. In:
1º Encontro de Operadores de sistema de Lavagem e Branqueamento. ABTCP, São Paulo, 13-14 de
novembro de 2002.
In: Pulp and Paper Manufacture. Third Edition. Montreal, Canadá, Technical Section C.P.P.A. 1983. v. 5,
cap 10, p. 241-278.
16. PERKINS, J.K. – Bronwn stock washing. In: Pulp and Paper Manufacture. Third Edition. Montreal,
Canadá, Technical Section C.P.P.A. 1983. v.5, cap 11,
208 p. 279-317.
17. PERRAULT, R. – Lavagem. In: Semana de Atualização em Pastas Químicas. ABTCP, São Paulo,
08 a 11 de maio de 1995.
18. ROGERS, J., FUNO, P e NERY, J. – A Lavagem da Polpa In: O Papel, São Paulo, março de 1996,
p. 30 – 38.
19. SMOOK, G. A. – Handbook for Pulp E Paper Technologists – TAPPI Press, Atlanta – GA – USA,
1990, cap. 09, p.93-117.
20. WIKDAHL, B. – Centrifugal cleaning. In: Pulp and Paper Manufacture. Third Edition. Montreal,
Canadá Technical Section C.P.P.A. 1983. v.5, cap 13, p. 367-388.
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
5 Branqueamento
5.1 Introdução
(Fonte: Colodette,1997)
Fabricação de Celulose
5.1.3 Química geral do branqueamento uma vez que isso resultaria numa perda
significativa de rendimento e um consumo
O branqueamento deve ser considerado excessivo de reagentes de branqueamento.
um processo de purificação que envolve a Portanto, agentes de branqueamento são
destruição, alteração ou solubilização da lignina, limitados para aqueles que não extraem
matéria orgânica colorida e outros resíduos os componentes da madeira. O dióxido de
indesejáveis localizados dentro ou na superfície cloro, que é essencialmente um agente de
das fibras e da subseqüente produção de solubilização da lignina, não pode ser utilizado
uma polpa branca com as propriedades finais e o cloro e a soda cáustica são limitados a
desejadas. papéis no pré-tratamento. Enquanto hipoclorito
tem sido usado, principalmente para polpa
Os métodos de branqueamento da pasta de madeira de folhosas, os agentes mais
mecânica diferem daqueles usados no eficientes e mais usados são os hidrossulfitos e
branqueamento da polpa química uma vez que peróxidos. Esses reagentes não são capazes de
no primeiro caso quase todos os componentes produzir uma alvura muito alta ou proporcionar
originais da madeira permanecem na polpa. O uma maior estabilização da reversão após o
branqueamento deve ser conduzido de maneira envelhecimento, porém são suficientes para
a evitar a solubilização da lignina que na madeira melhorar o aspecto visual do papel jornal e
212 de fibra longa representa de 25 a 30% da cartão ou produzir um papel revestido que
madeira, e constitui uma parte importante do não necessite de quantidades significativas
rendimento total.(3) de pigmentos para fabricar um papel branco
No caso de pasta química, pouca lignina revestido com qualidade satisfatória.
permanece e aquela que resta sofreu uma O branqueamento da pasta química pode ser
modificação considerável como resultado do considerado uma continuação do processo de
processo de polpação. polpação uma vez que o cozimento é de preço
O branqueamento da pasta química completa a menor do que o branqueamento. O tanto quanto
remoção da lignina modificada remanescente na possível da purificação é feita no digestor, dentro
polpa, que é feito por uma série de tratamentos dos limites de qualidade e rendimento. A perda
envolvendo cloro, soda cáustica e agentes de rendimento no branqueamento pode chegar
oxidantes, tais como: hipocloritos, dióxido de cloro a 10% para polpa Kraft de alta alvura.
e às vezes peróxidos, que solubilizam e oxidam O branqueamento da polpa química é feito através
seletivamente qualquer traço de material colorido de reações químicas entre os reagentes, a lignina e
remanescente na polpa a um estado incolor.(8) o material colorido na polpa. Existem quatro variáveis
Por outro lado, o branqueamento da pasta básicas que afetam as reações químicas:
mecânica não deve incluir uma deslignificação
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
temperatura: os limites práticos de de combinações desses reagentes deve permitir
temperatura variam para os diferentes a recirculação e a queima dos licores residuais
reagentes de branqueamento. Um aumento na caldeira de recuperação.
de temperatura acelera a reação de
É também possível produzir polpas totalmente
branqueamento;
branqueadas de madeira de fibra longa e curta,
tempo de retenção: quanto maior o tempo com a mesma alvura do que as produzidas
de exposição da polpa com os reagentes, pelos reagentes convencionais, porém com uma
maior será o grau de branqueamento com menor viscosidade.(8)
as demais condições constantes;
O oxigênio tem se tornado um reagente muito útil.
concentração: com as demais condições A substituição parcial do cloro por oxigênio em meio
constantes, qualquer taxa de reação alcalino no branqueamento da polpa Kraft resulta
é aumentada pela adição de maiores num produto com boa qualidade e permite a redução
quantidades de reagentes ou pelo aumento da carga poluente da planta de branqueamento.
da consistência da polpa;
utilizados pela indústria (Figura 4). A utilização de oxigênio são recuperados dessa forma.
Fabricação de Celulose
Polpa Polpa
não-branqueada branqueada
CD EO D E D
A eficiência dessas operações pode ter um Polpa Kraft normalmente requer mais reagentes
impacto significativo na performance da planta e um sistema de branqueamento mais complexo
de branqueamento. Uma mistura ineficiente do que polpa sulfito. Em geral, a polpa Kraft
pode levar a um alto consumo de produtos semibranqueada de madeira de fibra curta pode
químicos, baixa alvura e degradação da polpa. ser produzida em um estágio com 4 a 6% de
A formação de canais preferenciais no reator hipoclorito como cloro ativo e a polpa de madeira
pode causar baixa alvura e controle deficiente. de fibra longa requer dois ou três estágios com
A lavagem deficiente, particularmente na parte 4 a 7% de cloro ativo. 215
de deslignificação acarretará num aumento do
Para o branqueamento total, sistemas de 5
consumo de produtos químicos.
a 10 estágios são empregados tendo cada
A escolha exata da seqüência de branqueamento estágio bombas, misturadores, lavadores e
depende do tipo de polpa e do grau de alvura torre de retenção.
desejado. Uma polpa sulfito é mais facilmente
O branqueamento convencional de polpa Kraft
branqueada e requer menos reagentes para
é realizado em 5 a 6 estágios, pelas seqüências
alcançar uma alvura de 86 a 88 em três estágios.
CEDED, CEHDED ou OCEDED, para a
Polpa semiquímica sulfito neutro (NSSC) requer
produção de polpa de alta qualidade a baixo
uma grande dosagem de reagentes devido ao
custo. Por outro lado, seqüências de apenas 3
seu maior teor de lignina, mas se quantidades
a 5 estágios, tais como CEH, CEHD, CEHDH e
suficientes de reagentes forem aplicadas,
CEHED, são empregadas para produzir polpa de
essa polpa alcançará a mesma alvura que a
alvuras menores em fábricas integradas.
polpa sulfito. Por outro lado, polpa Kraft não
branqueada consome menos reagentes do que A aplicação mais importante do peróxido é na
polpa NSSC, mas não pode ser branqueada seqüência convencional de 6 estágios, CEDEDP.
a uma alvura acima de 74 a 76 em três Essa seqüência produz uma polpa com alvura
estágios com hipoclorito sem uma considerável muito elevada e extremamente estável. Em
SENAI - CETCEP
segunda extração alcalina da seqüência CEDED A cor de um corpo não é uma propriedade
para aumentar a alvura final sem melhorar a específica, sendo todas as outras variáveis
216
estabilidade da alvura. mantidas constantes, ela depende inteiramente
do tipo de luz que ilumina o corpo e da geometria
Na Figura 7 a seguir, pode-se observar que
de iluminação e observação.
inicialmente os estágios de branqueamento
variavam de 5 a 6 estágios, todavia com a A radiação para a qual o olho humano responde
introdução da deslignificação de oxigênio, fez com cobre apenas uma pequena seção do espectro
que o n.º de estágios diminuíssem para 3 a 4. eletromagnético (comprimento de onda de 400 a
750 nm), cercado pela radiação ultravioleta (< 400
nm) e pela radiação infravermelho (> 750 nm).
5.1.6 Propriedades óticas da polpa
A faixa visível não é homogênea, sendo composta
de sete cores principais (vermelho, laranja,
Das principais propriedades óticas do papel
amarelo, verde, azul, índigo e violeta). Os olhos
tais como brilho, opacidade, transparência, cor
humanos registram e avaliam a radiação visível
e brancura, somente essa última é dependente
que recebem de um corpo. Portanto, a menos que
da polpa.
um corpo seja apenas um emissor de radiação,
Considerando-se que alta refletância espectral é os olhos humanos apenas vêem a diferença entre
desejável para papéis brancos e coloridos, o principal a luz incidente e aquelas porções dela que são
objetivo durante o branqueamento é branquear a absorvidas ou transmitidas.
SENAI - CETCEP
Quando uma superfície possui a habilidade de coloração potencial da polpa, ela não é por si só
refletir todas as cores nas mesmas proporções em uma medida da brancura da polpa.
que elas estão contidas na radiação solar, o refletor
A cor de uma polpa não branqueada é amarela
é considerado puramente branco (ver Figura 8).
ou marrom. Isso significa que a absorção de luz
A cor é observada desde que haja absorção pela polpa é maior na parte do espectro visível
em um ou mais comprimentos de ondas e onde o amarelo ou o marrom tem suas cores
a impressão específica depende do efeito complementares, que é a parte azul do espectro. 217
combinado da fração de luz não absorvida. Se Portanto, a refletância da luz azul pelas polpas
uma superfície absorve quantidades iguais de será mais baixa que a da luz de outras partes do
todos os comprimentos de onda da luz padrão, espectro visível como mostrado na Figura 9.
ele aparece cinza. O cinza se torna mais escuro
à medida que a razão de absorção aumenta e
finalmente se torna preto quando a refletância
é zero ou a absorção é de 100%.
1=R+A+T
218
Em folhas de polpa o espalhamento da luz não
é seletivo ao comprimento de onda e a maioria
dele se origina de interfaces fibra-ar, superfície
da fibra e vazios entre fibras. É, portanto, óbvio
que as condições de superfície, estrutura da
fibra, e ligação entre fibras tem uma considerável
influência na refletância. Adicionalmente, o
material usado como suporte das folhas de polpa
durante a medição da refletância é também de Figura 10 – Relação do comprimento
de onda com R∞, Ro, T e A para
grande importância. polpa não branqueada
(Fonte: Colodette, 1997)
Se esse material suporte for perfeitamente
preto (como uma cavidade forrada de material
A polpa branqueada, que é praticamente
totalmente preto), a refletância é designada
livre de lignina, mostra baixa absorção (isso,
Ro. Se o material suporte tem uma refletância
entretanto, elevaria para aproximadamente
de 89%, tal medida é designada de Ro 89.
1,0 no infravermelho distante, onde a celulose
Finalmente, se a folha de polpa estiver como
é praticamente preta) e uma distinta diferença
material suporte uma camada opaca de folhas
entre R ∞ e R o, causada pela sua notável
SENAI - CETCEP
ou
1
R∞ = 1 + K _ K2 _ 2K 2
S S2 S
Onde:
Figura 11 - Relação do comprimento
de onda de R∞, Ro, T e A para polpa R∞ = refletividade de uma pilha “infinita” de
branqueada (Fonte: Colodette, 1997) folhas ou refletividade de folhas de polpa tendo
folhas do mesmo tipo como material suporte,
expressa em fração decimal.
A transparência é desenvolvida no processo
k = coeficiente de absorção de luz em m2/kg
mecânico de refinação e também, em menor 219
no SI
extensão, por qualquer ação mecânica na fibra
de polpa, por isso, é desejável limitar essas s = coeficiente de dispersão de luz em m2/kg
ações mecânicas durante o branqueamento no SI.
da polpa, onde altos valores de alvura são
A alvura pode, portanto, ser calculada quando a
requeridos.
relação k/s for conhecida.
Embora a opacidade possa ser determinada pela difusão do reagente em solução, até a
SENAI - CETCEP
Quando o reagente está em forma de gás, há 5.1.8 Notação dos estágios de branqueamento
inicialmente sua dissolução no líquido.
Cada estágio de branqueamento é identificado
Na tecnologia do branqueamento, um estágio se
por uma notação característica apresentada
inicia com a adição de um reagente à pasta e
na Tabela 1.
termina com a remoção dos produtos da reação.
Cloração Dioxidação (adição seqüencial) CD Cloro (Cl2) seguido de dióxido de cloro (ClO2) sem lavagem intermediária
Dióxido de cloro/Cloro DC Dióxido de cloro (ClO2) seguido de cloro (Cl2) sem lavagem intermediária
226 Cloração-Dioxidação (adição simultânea) (C+D) Mistura de cloro (Cl2) e dióxido de cloro (ClO2)
Redução com Ditionito (hidrossulfito) Y Ditionito de zinco (ZnS2O4) ou ditionito de sódio (Na2S2O4)
O2
clorados aos quais substitui.(6).
Ventilação Água de
de gases
O branqueamento com oxigênio apresenta a
lavagem
SENAI - CETCEP
mais vapor, particularmente vapor de média de lignina é medida pelo número kappa.
Fabricação de Celulose
O fator dominante que governa a seletividade estabilizar os hidroperóxidos que se formam;
no branqueamento com oxigênio é o conteúdo
desativar os íons dos metais de transição
de metais de transição presentes na polpa,
responsáveis por uma maior produção de
pois eles catalisam a geração de radicais que
radicais;
degradam os carboidratos. A maioria das polpas
possui quantidades apreciáveis de metais tais captar os radicais que se formam.
como: ferro, cobre e manganês que causam
esse efeito.(7)
5.2.6 Química das soluções de oxigênio
Uma das maneiras de resolver o problema é
através da lavagem ácida da polpa para remover O oxigênio é uma molécula que contém dois
os metais antes da deslignificação com oxigênio. elétrons desemparelhados, e, portanto, tem
Outra maneira é a adição de compostos na polpa tendência a reagir dando origem a radicais livres.
que previne a degradação dos carboidratos Os radicais resultantes, sendo extremamente
durante a reação da polpa com oxigênio. reativos, tendem a reagir com a primeira
Os protetores mais comumente utilizados para molécula que encontram, seja lignina ou
esse fim são os sais de magnésio. A descoberta carboidrato.(7)
da grande eficiência dos sais de magnésio Dessa forma, ocorre simultaneamente a
deu grande impulso ao desenvolvimento da 231
deslignificação e uma degradação indesejada dos
tecnologia de branqueamento com oxigênio. carboidratos, que não pode ser completamente
Esses sais são normalmente aplicados em suprimida.
dosagens de 0,05 a 1,0% (como Mg+2 base
polpa seca). A função do magnésio é formar o O processo com oxigênio tem-se tornado mais
precipitado hidróxido de magnésio que é capaz aceito à medida que se consegue minimizar
de absorver em sua superfície os metais de essa degradação. A formação de radicais se
transição, tornando-os inativos para decompor dá pelo ganho de elétrons. Uma representação
peróxidos formados durante a deslignificação. simplificada da formação desses radicais é
apresentada na Figura 19.
Os protetores têm as propriedades de:
No processo de deslignificação com oxigênio,
proteger a macromolécula de celulose contra o meio alcalino é importante, pois favorece a
a oxidação ou despolimerização alcalina; formação de grupos hidroxil fenólico ionizado da
lignina e o ânion hidroperóxido (OOH-).
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
Os efeitos de temperatura também são importantes. Sendo a variável fundamental dos processos
O calor de reação é significativo e deve ser previsto, de deslignificação com oxigênio, a maioria das
principalmente nos sistemas de consistência instalações comerciais opera em consistência
elevada. A estequiometria da reação prevê que alta. A vantagem da alta consistência é a pequena
cada unidade de kappa reduzida corresponde a um espessura da camada de líquido através da qual
consumo de 0,10 a 0,13% de hidróxido de sódio o oxigênio deve difundir para atingir a fibra. Além
(aplicado sobre a pasta seca), com quantidade disso, a quantidade de matéria orgânica dissolvida,
similar de oxigênio. Dos produtos da reação, fazem potencialmente oxidável, também é reduzida.(8)
parte os ácidos orgânicos, dióxido e monóxido de
A Figura 21 mostra um sistema de branqueamento
carbono, além de traços de metanol. Um acúmulo
com pré-tratamento ácido, adição de agente
desses gases no reator pode causar explosões,
protetor e reciclagem do filtrado resultante do
sendo necessário o controle de concentração na
estágio com oxigênio.
fase gasosa.
Verificou-se que a suspensão da pasta em
consistência próxima a 10%, quando submetida a
5.2.8 Variáveis do processo uma alta tensão de cisalhamento, apresentará um 233
comportamento de fluido “newtoniano”, fenômeno
Quantidade de álcali que se denomina fluidização da pasta.(7)
Pressão do oxigênio
Uma vantagem desse processo comparado ao
234 de alta consistência é o menor investimento
necessário, embora a eficiência de deslignificação A pressão do oxigênio é de grande importância
seja menor. no processo cuja velocidade é controlada pela
transferência de massa (reação rápida mistura pouco
eficiente).(8) Para os processos de alta consistência, a
pressão indicada é da ordem de 8 a 10 kg/cm2.
SENAI - CETCEP
SENAI - CETCEP
Como a cloração e a extração alcalina são os para ser completada e a reação de oxidação em
principais estágios de deslignificação em uma meio ácido é muito mais lenta, mas se todos os
seqüência de branqueamento em multiestágios, sítios reativos na lignina forem clorados antes
suas otimizações e seu controle são bastante que o cloro tenha sido consumido, o cloro
influenciados pela taxa de deslignificação. residual reagirá por oxidação.
Ocorrida durante o processo de polpação, pela
A Tabela 2 relaciona o potencial de oxidação de
lavagem e depuração seguintes a polpação.
várias formas do cloro e mostra que o cloro molecular
Devido a sua seletividade para a lignina e seu é um agente oxidante relativamente forte.
baixo custo em comparação com outros produtos
químicos, o cloro tem se mostrado um reagente Tabela 2 - Potencial de oxidação do cloro
útil para complementação da deslignificação
Forma de Potencial de oxidação
ocorrida durante a polpação. cloro (volts)
ClO 0,94
Dentre os mais importantes fatores a serem
Cl2 1,35
considerados em relação à cloração estão
HClO 1,5
àqueles relacionados com a economia, qualidade
da polpa e aspectos de meio ambiente do
processo. Problema de meio ambiente associado Embora o cloro não reaja com a celulose por
236 com o processo de cloração tem se tornado cada substituição, ele não é tão específico nas suas
vez mais importante. Além da sua contribuição reações de oxidação e de fato ataca a celulose
para a cor, o efluente do estágio de cloração além da lignina. Devido a esse ataque, um
contém sólidos dos quais apenas parte são excesso de cloro, além do necessário para a
prontamente biodegradáveis e que, em alguns cloração da lignina leva a uma degradação
casos, tem também provado serem tóxicos. bastante séria da polpa. A celulose oxidada
Esses fatores têm estimulado a modificação do é relativamente estável em meio ácido, mas
processo de cloração visando eliminar ou reduzir degrada rapidamente em solução alcalina.
características negativas.(7)
Se uma polpa saturada com cloro (isto é que
O branqueamento convencional começa não consome mais cloro durante a cloração)
normalmente com um estágio de cloração é lavada ou extraída com álcali e tratada de
onde a principal ação do cloro em meio ácido novo com cloro, ela consumirá cloro adicional.
(pH baixo) é de cloração em vez de oxidação, A explicação desse fenômeno é chamado efeito
isso é, o cloro combina com a lignina para “topoquímico”. A reação de cloração é rápida e
formar lignina clorada. A reação de cloração é apenas a lignina na superfície da fibra reage. O
extremamente rápida, exigindo cinco minutos cloro precisa difundir para dentro da fibra para
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
atacar a lignina que lá se encontra, porém a Nas condições de pH e concentração da água
lignina clorada na superfície bloqueia o caminho. de cloro, o ácido clorídrico está completamente
A lavagem ou extração remove parte da lignina ionizado e o ácido hipocloroso (HClO), apenas
clorada e expõe novas camadas de lignina não parcialmente. O equilíbrio descrito acima pode ser
clorada. deslocado para a direita por diluição, por aumento
de temperatura e, principalmente, por aumento de
Uma parte da lignina clorada é solúvel no
pH (por exemplo, pela adição de soda).(8)
meio ácido da reação, mas para uma remoção
eficiente a polpa precisa ser extraída com uma O ácido hipocloroso é dissociado apenas de
solução alcalina. O grupo hidroxil fenólico é maneira suave de acordo com a reação (2):
mais solúvel em solução alcalina e as condições
alcalinas degradam ainda mais a lignina clorada
a fragmentos menores. HCIO H+ + ClO
Na prática, é desejável aplicar o máximo
possível da demanda total de cloro no estágio Devido à reversibilidade das reações acima, as
de cloração, pois a cloração leva a uma remoção concentrações dos vários componentes são:
mais eficiente da lignina a um menor custo e
com menos degradação da celulose do que a
oxidação com hipoclorito. A quantidade ótima 237
K1 = [HCIO] [H ] [CI ] = 3,94 x 10-4 a 25oC
+ -
de cloro varia com a polpa, mas 50 a 80% da
CI2
demanda total de cloro são geralmente usadas
no estágio de cloração.
HCl H+ + Cl
Fabricação de Celulose
Por exemplo, a diluição do sistema com água O método mais importante de controlar a
causa um desvio da reação (1) para a direita, composição do sistema cloro-água é pelo
enriquecendo a mistura em ácido clorídrico ajustamento do pH. Com referência às reações (1)
e ácido hipocloroso. O efeito da diluição na e (2), é aparente que quando a concentração de
hidrólise de cloro é mostrado na figura 25. íons hidrogênio é decrescida progressivamente
Desde que a 25 oC o cloro é solúvel em água, (isto é, o pH aumenta), primeiro o ácido
aproximadamente na base de 1 mol por 10 litros hipocloroso e então íons hipoclorito, se tornam
(Figura 26), torna-se aparente que uma solução os componentes clorados que dominam. As
aquosa saturada de cloro é aproximadamente mudanças na composição em função do pH são
30% hidrolizada. O aquecimento do sistema mostradas na Figura 27.
também causa um desvio no equilíbrio da reação
(1) para a direita.
238
cloração é o grau de condensação. À medida que A taxa de consumo de cloro é aumentada pelo
quantidades adicionais de ligações interunitárias aumento na consistência da polpa. Com o
carbono-carbono são formadas, como uma aumento na consistência da polpa, uma grande
conseqüência da polpação, um maior consumo de fração do cloro aplicado deve ser consumida
cloro por reações de oxidação pode ser esperado em reações de substituição. Entretanto, a
no sentido de degradar a lignina para fragmentos temperatura é aumentada, devido a uma menor
bastante pequenos que sejam solúveis em água quantidade de água para dissipar o calor da
e álcali. Essa situação seria aplicável para polpas reação, o que favorece a oxidação.
Kraft e, sob certas condições, para polpas sulfito
ácido. Normalmente, as polpas sulfito têm um
grau mais baixo de condensação, o que pode 5.3.4 Descrição geral do estágio de
cloração
explicar em parte a solubilização muito mais fácil
da lignina sulfito.
A cloração é geralmente o primeiro estágio de um
Polpas de folhosas são mais suscetíveis a reações
processo de branqueamento em multiestágio e é
de oxidação durante a cloração que polpas de
precedido pela polpação, lavagem e depuração.
coníferas, uma vez que as unidades de siringil, as
Ela é direta ou indiretamente influenciada por
quais compreendem cerca de 50% da lignina de
esses processos, como mostrado na Figura 28.
240 folhosas, são geralmente mais facilmente oxidadas
que unidades de guaiacil, existentes em grande O cozimento dissolve geralmente mais que
proporção na lignina de coníferas. 90% da lignina e transfere cerca de 50% da
substância madeira para o licor residual, uma
Quando a temperatura de cloração é elevada à
maior deslignificação no cozimento é restrita
quantidade de cloro consumido em reações de
pela excessiva degradação e dissolução dos
oxidação aumenta. Por outro lado, as reações de
carboidratos. A lignina remanescente na polpa
substituição são independentes da temperatura.
SENAI - CETCEP
SENAI - CETCEP
para o sucesso da cloração com relação à A aplicação do cloro é ajustada para produzir o
homogeneidade, consumo de cloro e degradação desejado grau de deslignificação. As mudanças
dos carboidratos. A reação é completada em uma que ocorrem durante a cloração são determinadas
torre projetada para fornecer o necessário tempo pela medição do conteúdo de lignina e grau
de reação. Para garantir a homogeneidade da médio de polimerização (número kappa e
polpa, é importante evitar formação de grandes viscosidade) e cor da polpa, geralmente após o
bolhas de ar na torre. Antes e após deixar a torre, estágio de extração alcalina.
a polpa é diluída e lavada. A eficiência total de
lavagem é determinada pela quantidade de água
que passa através da manta no lavador. 5.3.5 Variáveis do processo
Temperatura, ºC 45
Tempo, minutos 60
SENAI - CETCEP
uma parte integral de uma seqüência de polpa após a cloração tem se tornado uma etapa
branqueamento de múltiplos estágios. Seu vital em plantas de branqueamento. A extração
objetivo é remover os componentes coloridos da alcalina como um estágio de branqueamento da
polpa parcialmente branqueada. Que se tornam polpa traz:(7)
solúveis em soluções alcalinas diluídas mornas,
melhor resposta da polpa no branqueamento
pela ação de reagentes químicos usados no pré-
a altas alvuras;
branqueamento. Nas seqüências convencionais
de branqueamento com cloro é comum incluir maior limpeza e estabilidade de alvura da
mais de um estágio de extração alcalina. polpa;
Consistência
Quantidade de soda
Para economizar energia, a extração é geralmente
efetuada a uma consistência relativamente alta, de
A quantidade de soda a ser aplicada é entre
10 a 14%. Isso também resulta numa concentração
0,5 e 5,0 da massa de pasta seca, onde os
elevada de álcali no licor, que por sua vez acelera
valores mais altos se referem à extração após a
a penetração. No branqueamento de polpa Kraft a
cloração. E os mais baixos, à extração após os
extração é especialmente importante e qualquer
estágios com hipoclorito ou dióxido de cloro.(7)
deficiência nesse estágio não apenas leva a
um maior consumo de reagentes nos estágios
pH subseqüentes. Mas também torna necessário o
acréscimo de mais um estágio de branqueamento
252
para manter o mesmo grau de alvura.(6)
A Figura 36 mostra que se consegue remover
uma quantidade maior de lignina quando se
eleva o pH, que, na saída da torre, deve estar Temperatura e tempo de retenção
em torno de 10,8 a 12,2. Acima de 12,2 haverá
perda de soda e abaixo de 10,8 não haverá
Para economia do processo, a temperatura
soda suficiente para completar a extração.(7) A
da extração deve ser a máxima que pode ser
carga inicial do álcali é proporcional à lignina
mantida com o excedente de vapor, isto é, sem
necessidade de gerar vapor extra.(7)
KMnO4 0,1 n/g de pasta (mL/g)
O hidróxido de sódio é o álcali mais utilizado Esses por sua vez, são modificados durante
e é gerado como um produto da eletrólise do a etapa de polpação pela conversão parcial
cloreto de sódio. dos grupos de ácido 4-O-metil-D-glucurônico
(ácido metil glucurônico) em grupos de ácido
4-deoxyhex-4-enurônico (ácidos hexaurônicos)
2NaCl + 2H2O + 2 Faradays Cl2 + H2 + 2HaOH via b-eliminação de metanol (Figura 39).
SENAI - CETCEP
Kappa number
l Li l Li
20
ua ua
Re
sid
Re
sid pela presença dos metais de transição (Mn,
10
10 Cu, Fe, Co, etc.) na polpa. O estágio ácido
5 além de solubilizar os metais, diminui os sítios
Hexa= Faise Lignin
Hexa= Faise Lignin com capacidade quelante da polpa (ácidos
hexaurônicos), facilitando a remoção dos metais.
Figura 40 - A presença de ácidos hexaurônicos
configura uma falsa lignina na polpa durante o A dupla ligação adjacente ao grupo de ácido
ensaio do no Kappa(Fonte: Silva et al, 2002) carboxílico (-COOH), na molécula de ácidos
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
hexaurônicos, aumenta a sua afinidade para com Esses produtos químicos não reagem com
os metais, em relação ao seu precursor ácido os ácidos hexaurônicos, que são importantes
metil glucurônico. A transformação de grupos causadores da reversão de alvura em polpa
de ácido glucorônico em ácido hexaurônico, TCF. Por outro lado, a oxidação desses
portanto, é o motivo pelo qual, as polpas Kraft resíduos pelo ozônio, por exemplo, promovem
têm maior afinidade por metais de transição do a formação de ácido oxálico. Esses por sua
258
que polpas mecânicas e polpas provenientes de vez, em função do pH, são ionizados e na
cozimentos ácidos (Figura 42). presença de cálcio podem formar depósitos
de oxalato de cálcio, de difícil remoção, nos
A hidrólise ácida da polpa Kraft tende a
equipamentos de lavagem do branqueamento.
aumentar a sua estabilidade de alvura,
Esse fato ocorre, principalmente, nas plantas de
especialmente, quando branqueada por
branqueamento com maior grau de fechamento
processos TCF baseados no uso de oxigênio
de circuito (Figura 43).
e peróxido de hidrogênio.
SENAI - CETCEP
exemplos de aplicações:
As condições de aplicação são:
T = 90 – 110 oC
A/D0E0D1: Estágio ácido em condições
pH = 3 – 4 otimizadas seguido por estágio D0 (sem
t = 2- 4 h lavagem intermediária) com tempo de
retenção convencional, mas em alta
C = 10 % temperatura (95°C) (Figura 44).
Observações:
A/D0E0D1: Estágio ácido em condições
alta temperatura (110 oC) pode causar otimizadas e lavagem, seguido de
severas perdas de rendimento para um estágio D 0 utilizando condições
estágio ácido simples. convencionais, tempo de retenção (30
min.) e temperatura (60°C).
as condições ótimas para a seletividade,
ganho de alvura e rendimento:
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
ADHOTE0D1: Estágio ácido em condições oxalato e sulfato de cálcio. Devido aos riscos
otimizadas e lavagem, seguido de de entupimentos em tubulações, bombas, telas,
estágio D 0 a quente (95°C), D HOT, peneiras, utilizou-se no passado uma elevada
realizado com maior tempo de retenção quantidade de agentes antiincrustantes. A redução
(120 min). e quase eliminação desse insumo significa uma
redução importante no custo operacional do
No aspecto operacional, a acidificação preliminar
branqueamento. Quanto à qualidade da celulose
antes do estágio de Dióxido permite a redução do pH
branqueada produzida, pode-se ainda observar
e do número kappa e o aumento da temperatura na
que a reversão de alvura modificou-se. A tendência
entrada do branqueamento trouxeram importantes
mais ácida da fibra de celulose obtida dentro do
necessidades de mudar o controle. A redução do
branqueamento otimizado determinou importante
pH melhorou sensivelmente o controle da etapa
redução de reversão.
D conjugada inicialmente ao estágio ácido (AD0),
durante as produções de celulose ECF. O pH
na entrada do estágio D0 varia de 3 a 3,5 o que 5.6 Branqueamento com hipoclorito
torna claramente distinto do pH anterior de 9,5
(sem estágio de acidificação), antes da adição de
dióxido de cloro. A temperatura na faixa de 80 a 5.6.1 Introdução
260 85 oC neste primeiro estágio de branqueamento
(AD 0) é claramente ótima para consumir o O hipoclorito foi primeiramente usado em um
dióxido de cloro. branqueamento de estágio único com baixa
O estágio ácido proporciona melhor acidificação consistência. O tempo de branqueamento era
dos estágios com dióxido de cloro, especialmente longo e eram necessários grandes tanques
o primeiro estágio conjugado (AD). Além de para permitir que o processo alcançasse a
possibilitar a remoção do cálcio do sistema e complementação. O desenvolvimento de
evitar as indesejáveis incrustações de carbonato, processos e equipamentos para o manuseio de
polpas a altas consistências logo substituiu o
branqueamento em baixa consistência. (7)
262
Diferentemente da cloração ácida no primeiro
estágio onde a lignina molecular é mais facilmente
atacada e removida, a oxidação com hipoclorito é
lenta. A taxa de remoção da lignina por hipoclorito
comparada com a taxa de remoção pelo cloro está
comparada na Figura 45. Figura 46 - Comparação da degradação
de carboidratos pelo cloro e hipoclorito
A degradação mais severa da celulose pelo como medida de variação pela viscosidade
hipoclorito está mostrada na Figura 46. (Fonte: Dence, 1996, p.402)
pH
No Cor Posterior
Alvura
Viscosidade Cp
No Cor Posterior
No branqueamento com hipoclorito, o pH é
Alvura GE
a variável de maior importância quanto às
propriedades da pasta produzida. Inicialmente
Viscosidade
Grau de Reação %
Todavia, sob condições controladas de pH
não acontece uma degradação apreciável da
celulose, mesmo em temperaturas entre 50
a 80 oC, desde que a dosagem de hipoclorito
não seja alta demais. A relação entre a taxa de
branqueamento e o ataque sobre a celulose não
Figura 49 - Influência da temperatura e
depende da temperatura nos limites de 30-55 consistência na taxa de branqueamento de
o
C. O branqueamento industrial é normalmente hipoclorito (Fonte: Dence, 1996, p.461)
realizado a 30 a 45 oC.
Ventilação para
Torre de Fluxo
5.7 Branqueamentos com dióxido de cloro Ascendente e descendente
o Scrubber
Água de 267
Lavagem
NaOH
-
A reação em meio alcalino contribui com apenas ClO2 + polpa CIO + polpa oxidada
- + -
ClO 2 + 4H + e Cl + 2H2O
-
ClO2 + polpa CI + polpa branqueada
pH 3,6 ainda seja ótimo no primeiro estágio, valores 0,2 a 0,3% de dióxido para o estágio final.
Fabricação de Celulose
2CIO2 + 5SO2 + 6H2O 5H2SO4 + 2HCI Essa oxidação não é completa e a manufatura do
cloreto sólido requer evaporação e eliminação de
sal. Por outro lado, o processo eletrolítico pode
Os ácidos formados abaixam o pH até o ponto ser interrompido no primeiro estágio liberando
onde os íons metálicos, especialmente o ferro, solução de clorato que pode ser enviado como
272
são solubilizados para serem retirados da polpa tal para a planta de dióxido.
no estágio subseqüente de lavagem. Esses
íons contribuem para a formação da cor, sendo
conveniente a sua remoção. Tipos de processos para obtenção de dióxido
de cloro:
Esse tratamento com dióxido de enxofre no final
do estágio de ClO2 é efetivo em muitas fábricas Mathieson;
que tem um significativo teor de ferro em suas
Holst;
águas ou na polpa.
Hooker – SVP;
Munich e Day-Kesting;
5.7.6 Preparação do dióxido de cloro
Solvay;
Um meio muito conveniente de se produzir
Rapson ou Hooker - R2 ou ER – 2;
dióxido de cloro é através da ativação do clorito
de sódio com cloro ou hipoclorito. R3 (redução com NaCl) - Na 2 SO 4 é
recuperado no sistema (livre de efluente);
2NaCIO2 + CI2 2CIO2 + 2NaCI
R5, R6 e SVP-HCl (redução com HCl) - não
SENAI - CETCEP
há formação de Na2SO4;
Fabricação de Celulose
R7 - O gás cloro vindo da torre de absorção SO2 não deve ser em excesso para não entrar
é queimado com SO2 dando origem a uma na corrente de saída do dióxido evitando a
mistura de HCl e - H2SO4 (usados para seguinte reação:
substituir parte do H2SO4 e NaCl usados no
processo de geração);
2CIO2 + SO2 + 6H2O 5H2SO4 + 2HCI
R8 - (Redução com MeOH) - baixa formação
de Cloro;
Processo Holst
O processo Mathieson representado na figura
53 é o mais utilizado no mundo.
O sistema Holst está representado na Figura
No reator principal é alimentada uma solução 54. Esse sistema opera de forma similar
de clorato de sódio e ácido sulfúrico. SO2 entra ao Mathieson, usando SO2 como redutor e
273
na base do gerador na forma diluída. Deve-se produzindo, além do ClO2, cristais de NaHSO4.
manter sempre uma quantidade de SO2 para O rendimento em ClO2 é de 85%.
não haver formação de cloro. Por outro lado, o
SENAI - CETCEP
Processo Hooker SVP e ERCO R-3 O ClO2 gerado é diluído com vapor de água e o
Na2SO4 é obtido cristalizado.(7)
274
Esses sistemas também usam cloreto de sódio Através do sistema gerador-refervedor, uma solução
como agente redutor e formam sulfato de sódio de reagente e cristais de Na2SO4 é continuamente
como subproduto (Figura 55). recirculada e aquecida. A alimentação contínua
SENAI - CETCEP
SENAI - CETCEP
o NaClO3. Nas células eletrolíticas é gerado vapor e as superiores são aquecidas com o
hidrogênio. A eficiência de geração do dióxido fluxo de vapores e gases das seções inferiores.
é de 89 a 91%. A solução tem concentração de A concentração dos gases é controlada através
8 g/L em ClO2. da adição de ar.
É o processo que dá mais alto rendimento e o que permite um controle automático completo (Figura 58).
Pode ser realizado num gerador Mathieson ou Solvay ou em um reator próprio simplificado, é alimentado
com duas soluções: uma de 3,2 M de NaClO3 e 3,35 M de NaCl e outra de H2SO4.(8)
Não precisa de nenhum agente redutor externo, apenas o ar entra através da base para circulação e
remoção do ClO2 e Cl2 formado.
O R-2 é caracterizado pelo rápido e fácil “startup” e paralisação, pronta resposta a mudanças de fluxos,
277
proporcionalidade entre alimentação de clorato e saída de ClO2 e alto rendimento (95%).
SENAI - CETCEP
HCl Total
Reagentes
NaCl - - - 0,97 - - - -
HCl - - - - 0,58 - - -
Agente Redutor
- - 0,31 - - 0,29 - -
/H2O2
SO2 - - - - - - 0,75 -
Cl2 - - - - - - - 0,73
278
Utilidades
Produtos
O2 - - 0,27 - - 0,26 - -
5.8.1 Introdução
H2O2 + OH- O2 + H2O + HO-
Os peróxidos usados no branqueamento são
peróxidos de hidrogênio e os peróxidos de sódio. Reação de decomposição do peróxido através
O branqueamento com H2O2 remove pouca de metais:
lignina em comparação com os processos
Me+ / Me
convencionais que utilizam oxigênio e compostos
H2O2 + OH-2 OH + O2 + H2O
clorados. Essa característica é extremamente
importante quando se trata de pastas de alto
rendimento. Para esses tipos de pasta, o estágio
Reação de decomposição do peróxido através
de branqueamento visa apenas à modificação da
de enzimas:
estrutura das substâncias que estão presentes
na massa, sem solubilizá-las.(5)
catálise
Entretanto sua utilização no branqueamento de H2O2 H2O + 1/2O2
polpas químicas vem se destacando em função de 279
fortes pressões ambientais contra os compostos
clorados responsáveis pelos elevados níveis de A decomposição do peróxido é controlada pela
AOX (composição organoclorados) presentes adição de materiais tais como silicato de sódio,
nos efluentes do processo de branqueamento. sulfato de magnésio, agentes quelantes tais
como: EDTA, DTPA e tratamento ácido com
HCl, H2SO4, SO2. O efeito benéfico de agentes
5.8.2 Aspectos gerais sobre a decomposição quelantes é geralmente creditado às suas
do peróxido de hidrogênio habilidades em desativar metais de transição que
catalisam a decomposição do peróxido.(2)
O íon hidroperóxido (OOH-) é a espécie ativa do É muito importante uma lavagem perfeita da
branqueamento com peróxido. Por esta razão o pasta após o pré-tratamento com ácidos ou
branqueamento ocorre em meio alcalino o que agentes quelantes para remoção dos metais
favorece o aparecimento do hidroperóxido.(7) seqüestrados.
A decomposição é catalisada por álcali, O uso de silicato resulta na formação de
metais (Cu+, Fe2+, Co+, Mn2+, Mn3+) e enzimas depósitos nas fibras e nos equipamentos,
provenientes de bactérias.(2) A dissociação do reduzindo a qualidade da polpa branqueada e
produto ocorre segundo as equações: aumentando a quantidade de tempo perdido na
SENAI - CETCEP
limpeza de equipamentos.(5)
Fabricação de Celulose
A Figura 59 mostra um fluxograma de um estágio com peróxido, a média consistência, numa planta de
branqueamento.
5.8.3 Reações
H2SO4 ou SO2
280
1988, p.441)
Fabricação de Celulose
silicato de sódio que atua ao mesmo tempo como A alcalinidade, consistência e temperatura influenciam
tampão e como estabilizador do peróxido. na definição do tempo de retenção, tempo muito
prolongado pode provocar reversão de alvura pela
A quantidade de álcali a ser utilizada depende
exposição prolongada à solução alcalina.
muito do nível de outros parâmetros, tais como o
teor de peróxido e a consistência da pasta.
Temperatura
Consistência
Tempo de retenção
Equipamentos para estocagem
284
5.9 Quelação
5.9.1 Introdução
Figura 61 - Preparação descontínua da
solução de peróxido(Fonte: Danilas, 1988,
p.499) O peróxido de hidrogênio é um produto que sofre
decomposição natural contínua, independente de
Preparação contínua
qualquer fator externo, transformando-se em água
e oxigênio, com liberação de calor. Existe também
É conveniente quando o consumo de peróxido a chamada decomposição catalítica do peróxido de
é elevado. A solução de branqueamento pode hidrogênio que ocorre em velocidade muitas vezes
ser preparada conforme as necessidades do superior à decomposição natural. Entre os principais
momento, evitando a perda em oxigênio ativo. agentes desse tipo de decomposição, estão os
Um sistema simples de preparação contínua catalisadores metálicos: ferro, cobre, manganês,
está ilustrado na Figura 62. A seqüência de cromo, níquel, vanádio, zinco, sais metálicos entre
SENAI - CETCEP
operação é a seguinte: a água é medida outros metais nobres como ouro, prata, etc.(5)
Fabricação de Celulose
Além dos metais de transição, a matéria orgânica estágio prévio à aplicação do estágio próprio
dissolvida pode contribuir no consumo de de peroxidação.(6)
peróxido de hidrogênio.
Na grande maioria das vezes, quando da
Para se estabilizar e otimizar a performance implantação de um estágio específico de
do peróxido de hidrogênio no branqueamento peroxidação, se recomenda o uso de quelação
de polpas Kraft, o controle de metais é de prévia. Sem essa quelação, não há um completo
fundamental importância. desenvolvimento de alvura em um estágio de
peroxidação. A aplicação de agente quelante na
O controle de metais pode ser visto sob dois
polpa é desejável e pode ser comprovada nos
ângulos:
aspectos econômicos em termos de agregar
remoção de metais da polpa; ganhos de alvura.
temperatura = 50 - 90 oC
pH = 5 - 7
Fabricação de Celulose
A aplicação de perácidos tem por objetivo aumentar O ácido permonossulfúrico (Px), ou ácido
o poder deslignificante nas seqüências de de Caro, foi descoberto no século XIX pelo
branqueamento, conseqüentemente, permitindo químico alemão Heirich Caro. A estrutura de Px,
uma evolução na alvura, atingindo índices iguais geralmente aceita, é mostrada na figura 64. Esse
das polpas branqueadas pelo processo anterior, perácido é altamente reativo e com facilidade
utilizando compostos clorados. oxida compostos orgânicos e inorgânicos. A
acidez de Px é bastante elevada, contudo o
Muito antes, porém, de serem empregados
ânion permonossulfato (ou caroato), HSO5 é
como reagentes de deslignificação e
notavelmente menos ácido do que o ânion
branqueamento de polpas celulósicas, o
bissulfato, HSO4. Assim, na faixa de pH de 1 a
potencial oxidante dos perácidos já era
8, em que são geralmente realizadas as reações
aproveitado comercialmente na síntese de
de branqueamento e deslignificação de polpas
epóxidos, glicerol e resinas epóxi, como
celulósicas, a principal espécie presente nas
desinfetantes, fungicidas e em lavanderias.
soluções de Px é o ânion HSO5 -.
Um dos perácidos mais estudados é o ácido
peracético (Pa) que, desde o final da década de
40, vem sendo investigado como reagente de
branqueamento e deslignificação para polpas
químicas (Figura 63). Recentemente, foi relatado 287
PxaEopQQPp;
QPpPxaQPp;
5.11.2 Propriedades físico-químicas do
ozônio
QEopPxaQPp.
O ozônio é um gás instável, tóxico, azulado que
apresenta as seguintes características:(15)
Aimplantação industrial desse processo está vinculada,
no caso das instalações existentes, ao uso dos peso molecular: 47,998;
equipamentos e torres onde é normalmente aplicado
ponto de fusão: - 193 oC;
o dióxido de cloro, aproveitando que as condições 291
A produção dos perácidos pode ser feita na própria densidade do gás a 0oC e 1atm: 2,143 g/L;
fábrica usuária, dependendo de uma instalação
densidade do líquido a -183 oC: 1,571 g/mL;
apropriada e segura. Por sua vez, os materiais
compatíveis assemelham-se àqueles utilizados em solubilidade em água: 0,494 volume de
processos onde se aplica peróxido de hidrogênio. ozônio / volume de água.
10000
Região fatal
5.11.1 Introdução
1000
irritante
100 Região tóxica
permanente
sintomática Região tóxica
10
temporária
O ozônio é um poderoso agente oxidante o qual 1
Região não tóxica
Região asintomática
reage imediatamente com materiais orgânicos, 0,1
Exposição (min)
incluindo lignoceluloses. O potencial de oxidação
é +2,07 volts sendo excedido em poder oxidante Figura 66 - Tolerância humana à exposição
SENAI - CETCEP
Figura 65
Para alcançar efetivamente a transferência de Através da camada móvel de água (d1) e por
massa entre a fase gasosa e a fase líquida, os difusão através da camada imóvel de água (d2)
processos de branqueamento com ozônio são que está imediatamente ao redor da fibra. Para
projetados para altas taxas de transferência. A baixa consistência, a camada de água imóvel
difusão do gás na suspensão de fibras é um tem espessura máxima. A difusão através de
componente chave. E o projeto do processo é d2 é o estágio determinante, pois o transporte
em função da quantidade de água na suspensão convectivo através de d1 é mais rápido. Ver
de fibra que é a consistência. Outras variáveis Figura 68.
tais como, pH e temperatura, atuam facilitando
Com o aumento da consistência de baixa (< 3,5%)
a solubilidade do ozônio na água que envolve
para média (cerca de 10%) a camada móvel é
as fibras e a própria reação.(8)
progressivamente eliminada deixando apenas a
camada imóvel. A espessura da camada de água
se torna um passo determinante.
Consistência
A fluidização de uma suspensão de fibras,
possível através da utilização de tecnologia
Os primeiros trabalhos com branqueamento com recente de mistura a média consistência,
ozônio enfocaram baixa (0,5 - 3,0%) e alta (30 efetivamente coloca a camada d2 em movimento.
294 - 40%) de consistência devido a limitações nos E muda o ambiente de tal forma que o ozônio
equipamentos de mistura. No branqueamento pode ser transportado por convecção ao
a baixa consistência uma agitação vigorosa de invés de um processo mais lento de difusão.
uma suspensão de fibras muito diluídas com Portanto, reações com ozônio à média
misturadores convencionais facilita o transporte consistência requerem sistemas de mistura de
do ozônio para o sítio de reação por convecção. alta intensidade.
SENAI - CETCEP
Etapas determinantes num processo a alta Foi proposto que no branqueamento com ozônio
consistência: a alta consistência, um tratamento ácido e um
subseqüente estágio de prensagem removem
1. transferência de ozônio da fase gás para a íons metálicos de transição diminuindo assim
superfície do floco; a decomposição de ozônio e degradação dos
2. transferência do ozônio da superfície do carboidratos. A presença de íons metálicos na polpa,
floco para a superfície da fibra; particularmente Cu+2 e Fe+2, mostrou ser favorável
à degradação dos carboidratos comprometendo
3. transferência do ozônio da superfície da fibra a qualidade da polpa. Branqueamento melhorado
para o sítio de reação; com ozônio a baixo pH também tem sido atribuído
4. reação química. à baixa concentração de íons hidroxila, os quais
catalisam a decomposição do ozônio em água e
A natureza heterogênea das reações de alta levam a formação de radicais hidroxil e peridroxil
consistência pode causar uma super exposição não seletivos.
SENAI - CETCEP
SENAI - CETCEP
301
4. o tratamento com xilanase pode ser A acidificação da polpa não branqueada para um
instalado numa planta moderna integrada pH apropriado para a atividade da enzima, pode
de branqueamento sem necessidade de ser alcançada com vários ácidos; normalmente
alto investimento. ácido sulfúrico é usado na maioria das indústrias,
apesar de que o filtrado do estágio C também
pode ser utilizado.
5.12.6 Efeitos ambientais do tratamento
com enzimas Dióxido de enxofre aquoso tem sido usado com
sucesso em algumas fábricas para acidificar a
polpa antes do tratamento com xilanase. Mas
As propriedades dos efluentes, AOX, DQO e
seu uso não é recomendado pela sua alta ação
cor são melhoradas indiretamente com o uso
corrosiva e potencial consumo de dióxido de
do tratamento com xilanase, o qual promove a
cloro em estágios de branqueamento posteriores
remoção da lignina e permite o uso de menores
se não for adequadamente retirado da polpa.
quantidades de compostos clorados.
Cuidados devem ser tomados a níveis de pH
abaixo de 5,0 para assegurar que a acidez
5.12.7 Tratamento com enzima na planta de selecionada é compatível com o material de
branqueamento construção da torre de alta densidade.
302 A dispersão da enzima é melhor com chuveiro
As Figuras 71 e 72 mostram esquemas de de pressão do que outro sistema de adição. As
tratamentos típicos e configurações de fluxo para enzimas são normalmente misturadas com água
controle de pH e tratamento enzimático de uma antes de serem adicionadas na polpa marrom.
polpa Kraft não branqueada em seqüências de A polpa reage com a enzima no tanque de
branqueamento ECF e TCF. estocagem de alta densidade por pelo menos
A aplicação de xilanase na polpa sob condições duas horas antes de ser enviadas para o próximo
de operação é relativamente direta. Normalmente estágio de branqueamento.
apenas uma bomba é necessária para fazer essa Sistemas efetivos para adição de ácidos e
aplicação, numa taxa de fluxo de aproximadamente enzimas podem:
1,0 L/min, antes da torre de alta densidade.
1. controlar o pH da polpa ao nível aceitável;
Quando a enzima é adicionada na polpa não
branqueada, pode ser necessário ajustar o nível 2. aplicar a enzima proporcionalmente na polpa;
de pH para um nível compatível com a atividade
3. misturar adequadamente a enzima com
da enzima, normalmente entre 4 e 9. Algumas
a polpa;
enzimas também podem ser adicionadas
juntamente com o estágio de quelação a um pH 4. monitorar as variáveis do processo
de aproximadamente 4 a 4,5 ou imediatamente importantes para a performance da enzima
SENAI - CETCEP
Polpa para
branqueamento final
SENAI - CETCEP
por tonelada de polpa, é variável e depende da obtidas por cozimento modificado tipo MCC
dosagem requerida e do fornecedor.(8) ou deslignificadas com oxigênio tendo baixos
números kappa inicial respondem bem ao
tratamento enzimático. As polpas MCC e
Efeito das condições externas para planta de as deslignificadas com oxigênio contêm
branqueamento estruturas de hemiceluloses, que são
similares àquelas em polpas convencionais
Operações externas a planta de branqueamento com alto número kappa. Benefícios do
podem influenciar o efeito das enzimas no tratamento com enzimas foram alcançados
branqueamento. As influências mais significativas usando sistemas convencionais, MCC e
são:(8) deslignificação com oxigênio. Experiências
industriais mostraram que adição de
1. cavaco entre diversas cargas de cavacos a
antraquinona durante o cozimento Kraft
mais importante diferença entre as cargas de
tende a preservar o teor de hemiceluloses
coníferas e folhosas, pois o teor e a estrutura
e produzir polpas que também respondem
de hemiceluloses são diferentes. A maioria
bem ao tratamento enzimático;
das atividades industriais foram focadas no
uso de coníferas, pois requerem grande 3. lavagem da polpa kraft não branqueada,
304 quantidade de produtos químicos para o mostraram que as variações na lavagem
branqueamento. Em geral, as hemiceluloses da polpa marrom têm pequeno impacto na
de folhosas respondem melhor que as de performance da enzima.
coníferas à ação da enzima xilanase. A A importância do branqueamento com enzima
porcentagem de economia de produtos em indústria de celulose e papel ainda deve ser
químicos para branqueamento é, portanto determinada. A tecnologia é relativamente nova
maior para folhosas que para coníferas, mas e os mecanismos de ação das enzimas ainda
a economia em termos gerais é menor; não são totalmente compreendidos. As xilanases
2. operação do digestor pode afetar o teor e a comerciais disponíveis atualmente oferecem
estrutura de hemiceluloses em uma polpa vantagens de reduzir quantidade de produtos
a qual afeta a resposta ao tratamento com químicos para o branqueamento em polpas de
enzimas. A polpação Kraft sob condições alta alvura, custo relativamente baixo, facilidade de
severas como aquelas usadas em polpação aplicação e grande seletividade. Os pesquisadores
convencional de coníferas para kappa menor continuam a isolar novos tipos de xilanases e a
que 23, remove muito das hemiceluloses as investigar o efeito de outras enzimas hemicelilases,
quais são acessíveis. Por outro lado polpas ligninolíticas como a lignina peroxidase e a lacase
no branqueamento de polpas.
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
5.13 Branqueamento por deslocamento Com um deslocamento eficiente, os estágios de
lavagem entre as etapas de branqueamento são
É possível fazer um branqueamento rápido desnecessários.
quando os produtos químicos se deslocam A maior parte da solução deslocada se
através da polpa ao invés de serem misturados recicla depois de uma adição de reagentes
e retidos nela segundo a forma convencional. A novos, apenas uma pequena porção de cada
rapidez se deve ao fato de cada fibra estar exposta deslocamento é rejeitada.
continuamente a uma elevada concentração
O desenvolvimento do lavador por difusão permite
de reagentes, mais que em uma solução que
a aplicação prática desse princípio (Figura 74).
progressivamente vai enfraquecendo como ocorre
no branqueamento convencional. Tipicamente, a cloração se efetua a média
consistência e depois a polpa é bombeada para o
Esse processo baseia-se na difusão, para fora
fundo da torre de deslocamento e para as etapas
das fibras, dos produtos de reação entre a lignina
EDED (Figura 75).
e os agentes branqueadores. Isso é conseguido
por um mecanismo de deslocamento contínuo A Figura 76 mostra um fluxograma de um
das soluções e pela alta concentração dos branqueamento por deslocamento com estágio
reagentes. (7)O princípio é o mesmo da lavagem de cloração convencional.
por difusão, em cada estágio, a pasta celulósica 305
Essas plantas têm um consumo significativamente
passa através de um conjunto de peneiras
mais baixo de água e energia e um menor
concêntricas, onde o filtrado do estágio anterior é
requerimento de espaço. Porém um maior
deslocado pelo reagente químico, adicionado no
consumo de produtos químicos (principalmente
centro do conjunto por ejetores rotativos (Figura
porque o deslocamento se afasta do teórico).
73). As peneiras movimentam-se verticalmente
em pulsos e a pasta tem movimento ascendente,
passando por sucessivos tratamentos químicos
(extração alcalina, dioxidação e hipocloração).
p. 487)
Fabricação de Celulose
5.14 Equipamentos
5.14.1 Introdução
306
5.14.2 Equipamento para transporte
volume útil corresponde ao volume total; Geralmente, após cada estágio do branqueamento,
309
a pasta é lavada com a finalidade de remover os
deve estar sempre cheia;
produtos que se tornaram solúveis através de
conveniente para tratamentos com reagentes tratamentos anteriores.
gasosos (cloro, dióxido de cloro e oxigênio) A pasta celulósica, ao ser retirada da torre,
devido a sua volatilidade. está em consistência baixa, para facilitar o
bombeamento. A lavagem serve tanto para
engrossar a pasta, como para facilitar a
temperatura (resfriamento ou aquecimento).
Existem dois mecanismos de lavagem: um por
deslocamento e outro por difusão.(7)
lavada com água limpa (por chuveiros), entra em manutenção e na produção. Sendo conveniente
um engrossador e sai com consistência de 10 a a utilização de ligas metálicas ou revestimentos
20%, no caso de ser usada uma prensa de rolos. que oferecem resistência à corrosão. A tendência
O principal tipo de filtro é o filtro a vácuo com atual de reciclar os efluentes deve aumentar
tambor que é mostrado nas Figuras 83 e 84. ainda mais os problemas de corrosão.
A presença de casca e a idade da árvore são outros efeito negativo da temperatura na alvura
fatores que reduzem sua branqueabilidade. final da pasta se torna mais pronunciado
acima de 120 oC.
Madeiras em decomposição resultam em polpas
mais difíceis de serem branqueadas devido A importância da alcalinidade como um fator
à presença de enzimas tais como a catalase que influencia a alvura no branqueamento com
que causam a decomposição do peróxido peróxido, deve ser suficientemente alta de modo
durante o branqueamento. A presença de íons a assegurar uma concentração adequada do
metálicos pesados na madeira pode prejudicar o ânion peridroxila que garanta a ocorrência das
branqueamento, pois esses também causam a reações de branqueamento. Por outro lado, a
decomposição de peróxido. Esse fato é evidenciado alcalinidade deve ser suficientemente baixa de
pelo mais eficiente branqueamento da pasta de modo a minimizar as reações de decomposição
alto rendimento, com peróxido quando elas são do peróxido e geradoras de cor que são
previamente tratadas com agentes quelantes. favorecidas por altas alcalinidades.
Condições de polpação são fatores que também A eficiência do branqueamento de polpas mecânicas
afetam a branqueabilidade da pasta, pois com peróxido aumenta com o aumento da
afetam a alvura inicial da polpa que por sua consistência, pois em alta consistência a concentração
vez afeta a alvura final após o branqueamento. do peróxido no sistema de branqueamento é mais
312 Temperatura muito alta e tempo muito longo de alta e como resultado as reações de branqueamento
retenção no pré-tratamento dos cavacos afetam competem mais favoravelmente com as reações
negativamente a alvura final da polpa. Para um geradoras de cor. (6)
tempo de pré-vaporização de cinco minutos o
A temperatura ótima de branqueamento de
pastas de alto rendimento com peróxido está
na faixa de 40 a 70 oC para tempos de retenção
de duas horas.
a) Quantidade de ditionito
Reações
A maior eficiência da reação é atingida quando O maior aumento de alvura (até 15 pontos) é
são liberados seis átomos de hidrogênio conseguido com 0,5 a 1,0% de ditionito em
(reações desejáveis): relação à massa da pasta seca. Uma dosagem
acima desses valores não traz aumento
S2O42- + 2H2O → 2HSO3- + 2H+ + 2e
significativo da alvura. (5)
HSO3 - contribui para prevenir a reversão da
alvura:
b) pH
S2O42- + 4H2O → 2HSO4- + 6H+ + 6e
c) Consistência
e) Aplicação do ditionito
315
316
318
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
R eferências Bilbiográficas
2. BARNA, J. et alli – Branqueamento com peróxido pressurizado e perácidos: uma alternativa para
processos ECF e TCF. O Papel, ano LVII, nº 11, novembro de 1996, p.69-77.
3. BIERMANN, C. J. – Handbook of Pulping and Papermaking – 2. ed, San Diego, EUA, Academic
Press, 1996, cap. 05 p. 123-136.
5. COLODETTE, J. L. Apostila Curso de Branqueamento da Pasta Celulósica. ABTCP. São Paulo.19 319
a 21/03/1997.
10. RATNIEKS, Edvins et alli – CONTROLE DO NÚMERO KAPPA COM O ESTÁGIO ÁCIDO
– Experiência pioneira com celulose de eucalipto – 33o Congresso Internacional de Celulose e papel,
23 a 26 de outubro de 2000, São Paulo.
11. REEVE, D.W. – Bleaching Technology. In: Pulp and Paper Manufacture. Third Edition. Montreal,
SENAI - CETCEP
12. _________ – Bleaching Technology. In: Pulp and Paper Manufacture. Third Edition. Montreal,
Canadá, Technical Section C.P.P.A. 1983. v.5, cap.15, p. 425-447.
13. _________ - Deslignification Process Variable. In: Pulp na Paper Manufacture. Third Edition.
Montreal, Canadá, Technical Section C.P.P.A. 1983. v.5, cap 16, p. 425-447.
14. SILVA, D.J; COLODETTE, J. L; BRITO, A. S. – A Química do Branqueamento com Ozônio – Uma
Revisão – Parte I. In: O Papel, São Paulo, julho de 1996, p. 46-53.
16. SILVA, M. R. et alli - A Mill Experience using Acid and Ozone Stage for Eucalyptus Pulp
Bleaching – A System Closure Vision. 35º Congresso anual de Celulose e papel, 14 a 17 de outubro
de 2002, São Paulo.
17. SMOOK, G. A. – Handbook for Pulp & Paper Technologists – TAPPI Press, Atlanta – GA – USA,
1990, cap. 09, p.159-179.
320
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
G lossário
Abaulamento (crown): Curvatura que se dá a partir do centro para as extremidades, em rolos da máquina
de fabricação e acabamento de papel.
Acabamento (finishing): Etapas de beneficiamento pelas quais passa o papel após a enroladeira da
máquina de papel, tais como calandragem, bobinamento, corte e embalagem.
Aceite (accept): Termo genérico para qualquer material não rejeitado na limpeza e depuração.
Aditivos (additives): Materiais não fibrosos adicionados nas várias fases de fabricação do papel.
321
Àgua branca (white water): Água drenada da tela durante a formação da folha.
Água recuperada (recovery water): Água que após a remoção do material em suspensão é reconduzida
ao processo.
AKD: Dímero de alquil-queteno: agente sintético de colagem usado para colagem interna do papel,
especificamente em sistemas neutros e alcalinos.
Álcali ativo (active alkali): Soma das alcalinidades, no licor de cozimento, provenientes da presença de
hidróxido de sódio (NaOH) e sulfeto de sódio (Na2S) no processo sulfato ou hidróxido de sódio (NaOH) no
processo soda. Esta alcalinidade é expressa em gramas por litro de óxido de sódio (Na2O) ou hidróxido
de sódio (NaOH).
Álcali efetivo (effective alkali): Soma das alcalinidades, no licor de cozimento, provenientes da presença
de hidróxido de sódio (NaOH) e da metade de sulfeto de sódio (Na2S) no processo sulfato ou hidróxido
de sódio (NaOH) no processo soda. Esta alcalinidade é expressa em gramas por litro de óxido de sódio
(Na2O) ou hidróxido de sódio (NaOH).
Álcali total (total alkali): Soma das alcalinidades, no licor de cozimento, provenientes da presença de
hidróxido de sódio (NaOH), sulfeto de sódio (Na2S) e carbonato de sódio (Na2Co3) no processo sulfato
ou hidróxido de sódio (NaOH) e carbonato de sódio (Na2Co3) no processo soda. Esta alcalinidade é
SENAI - CETCEP
expressa em gramas por litro de óxido de sódio (Na2O3) ou hidróxido de sódio (NaOH).
Fabricação de Celulose
Alume (alum): Termo usado para designar um sulfato duplo de um metal trivalente e de um alcalino.
Impropriamente empregado para designar sulfato de alumínio.
Amarelecimento (yellowing): Deterioração na brancura do papel, por exemplo, pela ação da luz ou
do ar.
Amido (outturn sheet): Carboidrato encontrado em quase toda forma vegetal como polímero de glicose
de alto peso molecular. Em sua forma pura apresenta-se como pó branco, de geometria característica do
vegetal do qual é obtido. Possui estrutura molecular semelhante à da celulose. Empregado para melhorar
322 as propriedades mecânicas superficiais do papel, ou como adesivo para a colagem.
Amostra para referência (reference sample): Material cujas características foram verificadas, por
métodos de análise ou ensaio normalizados, por laboratório autorizado ou qualificado cujos valores
destinam-se a diversos fins, produção, calibração de instrumentos de medição, verificação de métodos
de análise ou ensaio.
Amostra representativa (representative sample): Parte do universo que exibe as mesmas características
do material, menos o seu volume e sua massa. A formação da amostra representativa é regulada por
normas ou instruções.
Amostra tipo (outturn sheet): Folha de papel ou cartão retirada durante a produção servindo como
referência para a fábrica ou para o cliente.
Aparas (broke): Sobras resultantes dos cortes finais de acabamento das folhas ou rolos de papel.
Na indústria de celulose e papel, também são chamados de aparas papéis já usados, recolhidos para
reciclagem.
Apara úmida (wet broke): Material coletado da parte úmida da máquina de papel.
Apara seca (dry broke): Material coletado da parte seca da máquina de papel, bem como a seção de
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
Aplicação à superfície (surface application): Operação que consiste na aplicação de produtos
adequados à superfície do papel, visando alterar certas características.
Área preta equivalente (equivalent black area – TAPPI): Área de um ponto preto sobre um fundo
branco, da tabela padrão de sujeira, que produz uma impressão visual sobre seu fundo igual à produzida
pela pinta de sujeira no fundo particular em que está inserida.
Areeiro (sandtable or riffler): Calhas ou canais às vezes providas de chicanas submersas, pelas quais
flui uma suspensão diluída de massa, eliminando por gravidade, impurezas mais densas.
Asbesto (asbestos): materiais de silicato fibrosos, macios e não tubulares existentes como depósitos
naturais usados como enchimento na indústria papeleira, especificamente onde propriedades de boa
resistência ao calor são requeridas.
Barbante (worms): Defeito de formação devida à tendência das fibras de se agruparem localmente, 323
na forma de cordão.
Blow tank: tanque de estocagem no qual a polpa cozida é estocada após ser retirada do cozinhador.
Vapor e gases escapam pela vantilação para um condensador.
Bobina complementar de formato (side-run): Bobina estreita, porém de largura suficiente para permitir
seu aproveitamento para outros fins que não à desagregação; deliberadamente produzida junto com
o pedido principal para assegurar a utilização da largura de fabricação tão próxima quanto possível da
largura útil.
Bolha de ar (blow): Ar que permanece entre camadas de massa durante a formação do papel.
Bolha de ar (bublle): Pequena área originada pela presença de espuma por ocasião da formação da
folha. A área apresenta, em geral, configuração arredondada e menor opacidade em comparação à
região adjacente.
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
Borda fina (feather edge): Gramatura e/ou espessura mais baixa nas extremidades da folha de
papel.
Borratão (feathering): Defeito de colagem do papel que se manifesta por espalhamento da tinta ao
longo de um traço.
Branco (white):
- aplicado a um corpo:
Por extensão, um corpo relativamente opaco, altamente difusor, uniforme e altamente refletor de todos
os comprimentos de onda no espectro visível.
Qualquer sensação comparável com aquela causada por uma fonte primária branca ou pela luz refletida
por um corpo branco iluminado por luz branca.
324
Brancura (whiteness): Atributo complexo da sensação visual, através do qual um corpo parece aproximar-
se do branco devido à sua elevada refletância, uma grande difusão e mínima tonalidade perceptível.
Branqueamento por fluorescência (fluorescent bleaching): Adição à pasta, massa, colagem superficial
ou ao revestimento, de produto que converte a radiação ultravioleta incidente em luz visível, promovendo
uma melhora na sensação do grau de brancura.
Breu (tar, colophony): Produto natural, sólido e resinoso, extraído de árvores da família das pináceas. Na
fabricação de papel, são usados os breus de goma, de madeira e de tall-oil. O mesmo que colofônia.
Brilho de uma superfície (gloss of a surface): Capacidade de uma superfície em refletir a luz como
se fosse um espelho; é proporcional à fração de um feixe incidente de luz refletida por uma superfície,
sob condições específicas de iluminação e observação.
Caixa de entrada (headbox): Caixa localizada na cabeceira da máquina de papel, que distribui uniforme
e continuamente a massa diluída em toda a largura da tela da mesa plana.
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
Caixa de sucção (suction box): Caixas de vácuo, localizadas debaixo da tela e no final da mesa plana,
com a finalidade de retirar água, ainda em abundância, da folha que se vai formando sobre a tela.
Calagem (liming of the soil): Correção da acidez do solo através da adição de cal.
Caldeira de recuperação (recovery boiler): Equipamento onde se queima a lixívia, ou licor negro,
visando o aproveitamento de algum composto químico e à geração de vapor.
Calandra (calander stack): Conjunto de rolos superpostos, entre os quais passa o papel, de forma a lhe
proporcionar uma superfície mais lisa ou acetinada. A calandra pode pertencer ao conjunto da máquina
de papel, ou ser um equipamento à parte.
Calandra de máquina (machine stack): Calandra situada após a seção de secagem e cujos rolos são
metálicos.
Calandragem (calandering): Operação realizada por cilindros de aço destinada a alisar o papel.
Camada central (de cartão) (middle layer of board) Camada fibrosa de um cartão situada entre as
duas externas, ou entre contracapas ou entre uma contracapa e a camada externa oposta.
Camada de massa (furnish layer): Manta de papel constituída por uma ou mais camadas da mesma
composição, unidas por pressão enquanto ainda úmidas, sem o uso de adesivos.
325
Camada de papel ou cartão (ply of paper or board): Folha úmida de composição fibrosa homogênea
formada numa só unidade de fabricação de papel (Fourdrinier, forma redonda, etc.).
Camada fibrosa (furnish layer): Papel ou cartão constituído por uma ou mais massas da mesma
composição e unidas por pressão, enquanto ainda úmidas, sem o uso de adesivos.
Canais resiníferos (rosin duct): canais da estrutura da madeira condutores de materiais resínicos.
Cantilever: estrutura que permite a sustentação por uma de suas extremidades; por exemplo, mesa
plana para troca da tela formadora.
Cargas (fillers): Materiais minerais, geralmente brancos, de baixa granulometria, incorporados à massa
durante a fabricação do papel ou cartão.
Cartão (paper board): Nome genérico dado a papéis que apresentam rigidez e gramatura relativamente
elevadas.
Cátion (cation): átomo ou conjunto de átomos com déficit de elétrons, conferindo carga positiva.
Cavidade (pick outs): Pequenas cavidades na superfície do papel produzidas pela remoção de algum
material aderente.
Celulose (cellulose): Material fibroso obtido da madeira ou de outros vegetais, depois da remoção
da lignina e demais componentes. Na indústria de celulose e papel, muitas vezes refere-se à massa
celulósica. O mesmo que polpa.
Cilindros resfriadores (chilling cilinders): Cilindros em cujo interior circula água em temperatura natural,
localizados no final da bateria dos cilindros secadores; têm objetivo de resfriar o papel.
Cilindros secadores (drying cilinders): Cilindros em bateria, aquecidos por vapor, em cuja superfície
passa o papel, geralmente prensado por feltros.
Cinzas (ash): resíduo inorgânico da combustão completa de materiais celulósicos, tais como madeira,
polpa e papel; o teor de cinza é uma indicação da quantidade de sais minerais e matéria estranha
inorgânica na madeira e na polpa.
CFM (cubic feet per minute): medida de permeabilidade, pé cúbico por minuto.
326
Cleaner: depurador centrífugo, separa as impurezas de uma suspensão fibrosa mediante a diferença
de peso.
CMC: carboxi-metil-celulose.
Coating: revestimento, operação pela qual o papel é revestido em uma ou em ambas das faces.
Cobb test: quantidade de água absorvida num tempo determinado por um dos lados de uma unidade
de área de papel ou cartão colocado horizontalmente abaixo de uma coluna de 1 cm de água.
Coifa de exaustão (exhausting cap): Capota metálica que cobre a área de secaria da máquina, com o
objetivo de captar o ar saturado de umidade, desprendido do conjunto de secadores.
Colagem interna (internal size): É a adição de produtos específicos à massa, visando aumentar a
resistência do papel à penetração e espalhamento de líquidos.
Colagem superficial (surface size): É a adição de produtos específicos à superfície da folha visando
aumentar a resistência superficial, bem como a resistência à penetração e espalhamento de líquidos
no papel.
Coníferas (softwoods): Classe de plantas à qual pertence o gênero Pinus, que fornece fibras longas.
327
Consistência (consistency): Percentagem de material sólido contido na suspensão. O mesmo que
concentração.
Contracapa (de cartão) (underliner of board): Camada de massa de um cartão situada imediatamente
sob a camada externa.
Contracolagem (pasting): Operação que consiste em aplicar sobre a toda a superfície de um papel
uma ou mais folhas de papel ou de outro material, por meio de um adesivo apropriado.
Corantes (dye): Produtos adicionados às pastas, a fim de colori-las; obtidos por processo de síntese
orgânica.
Correias-guia (deckle straps): Correias sem fim, geralmente de secção retangular, que acompanham
o movimento da tela mesa plana. Têm a mesma função das réguas laterais.
Corpo-de-prova (test piece): É o espécime ou parte do mesmo, cujo formato é especificado no método
de ensaio.
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
Cortadeira (slitter): Máquina usada para cortar as bobinas em folhas; possui facas circulares e rotativas
para o corte na direção longitudinal e facões planos para os cortes transversais.
Cortadores laterais (edge cutters): Dispositivos compreendendo dois ejetores de água, ajustáveis na
direção transversal da máquina de papel e utilizados para cortar a manta a direção longitudinal.
Corte em diagonal (angle cutting): Corte de uma ou mais folhas contínuas de papel na direção de
fabricação, em ângulo diferente do reto para obtenção de folhas, especialmente para fabricação de
envelopes.
Corte longitudinal (slitting): Corte da folha contínua de papel na direção de fabricação, em duas ou
mais folhas contínuas.
Corte transversal (cutting): Corte de uma ou mais folhas contínuas, na direção transversal para obter
folhas de papel.
328 Couch Pit: parte do tanque de água branca abaixo da parte úmida de uma máquina de papel Fourdrinier,
abaixo do couch roll; coleta a água drenada dessa seção e quebras da folha.
Cozimento (cooking): Operação que ocorre dentro do digestor, objetivando a desagregação da madeira
por meio de reações químicas.
CTMP (chemi thermo mechanical pulp): polpa produzida pelo processo termomecânico, nesse processo
os cavacos são pré-tratados com um produto químico, usualmente sulfeto de sódio, tanto antes ou durante
a pré-vaporização, auxiliando o processo mecânico subseqüente nos refinadores.
Deflocador (deflaker): Equipamento usado para desfazer aglomerados de fibras; completa a operação
iniciada pelo desagregador.
Densidade aparente do cartão (apparent density of board): Massa por unidade de volume de um
cartão; é calculada a partir de sua gramatura e espessura (de uma única folha).
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
Densidade aparente do papel (apparent density of paper): Massa por unidade de volume de um
papel; é calculada a partir de sua gramatura e espessura (de uma ou várias folhas).
Depuração da massa (stock cleaning): Operação que visa separar, por meios físicos, material
indesejável contido na massa.
Desagregação (slushing): Consiste na preparação de uma suspensão, num líquido, de fibras de pasta
ou papel.
Desagregador tipo holandesa (breaker, breaker beater): Equipamento para desagregação de materiais
fibrosos em meio aquoso, com ou sem placa de assento, e com um rotor provido de barras cujas arestas
não são cortantes.
Desaguamento (dewatering): Operação de remoção de água das pastas, a fim de obter 90% de
329
consistência.
Descoloração(discoloration): Alteração não intencional na cor do papel, por exemplo, pela ação da
luz ou do ar.
Desfibrador (defiberer): Equipamento que recebe madeira em forma de toras ou cavacos e, por processo
mecânico, a reduz à pasta.
Destintamento (deinking): Operação de remoção da tinta de papéis para reciclagem. Atualmente inclui
as etapas de seleção, desfibramento, cozimento, lavagem, branqueamento, refinação e peneiramento.
Difusor refletor perfeito (perfect refleting diffuser): Difusor ideal, uniforme, com refletância igual a
SENAI - CETCEP
unidade.
Fabricação de Celulose
Digestor (digester): Equipamento onde são cozidos os cavacos já impregnados de licores químicos, a
fim de desintegrá-los para obter a celulose. O mesmo que cozinhador.
Direção de fabricação (machine direction): Direção do papel, que corresponde ao sentido do movimento
da folha contínua na máquina de papel; direção longitudinal.
Direção transversal (cross direction): Direção no plano do papel, que corresponde à direção
perpendicular ao movimento da folha contínua na máquina de papel.
Distribuição da fibra (fundo) (look-through): Aparência estrutural de uma folha de papel, quando
observada através da luz difusa transmitida.
Dobras (turn overs): Defeito observado no acabamento, caracterizado por dobra na da folha.
Dupla face (two-sidedness): Diferentes texturas superficiais e/ou tonalidades entre as duas faces do
papel.
330
Dupla tela (twin wire): Aperfeiçoamento da mesa plana, onde a folha se forma entre duas superfícies.
Emenda (splice): União da folha de papel na direção transversal feita por um adesivo ou por fita
adesiva.
Empuxo (pushing): num corpo imerso em um fluido, sujeito à ação da gravidade, força que age para
cima com módulo igual ao peso do volume e do fluido deslocado pelo corpo.
Encorpado (corpo) (to bulk): Entende-se por papel ou cartão encorpado, aquele que representa uma
baixa densidade aparente.
Encrespamento (crepe): Ondulações, na direção transversal da folha, produzidas por uma raspa
apropriada com o objetivo de aumentar o alongamento e a sensação de maciez do papel.
Encrespamento (creping): Operação que consiste em encrespar o papel aumentando seu alongamento
e maciez.
Enegrecimento (blackening): Áreas localizadas na folha de papel aparentando cor mais escura ou
acinzentada. Esse defeito pode ser originado por excesso de umidade durante a calandragem.
Enrolamento (winding): operação da extremidade seca da máquina de papel por meio da qual se
constitui o rolo jumbo.
Envelhecimento (ageing): Alteração irreversível, geralmente por deterioração com o decorrer do tempo,
das características de um papel ou cartão.
Escolha (sorting)
- Aparas: mais apropriadamente denominada classificação e que consiste na separação de acordo com 331
a qualidade e outros atributos dos componentes.
Espécime (espécime): Para fins de ensaio, é a fração do material coletado de cada unidade de lote
selecionada, comumente na forma retangular.
Espessura (thickness): Termo genérico para definir a espessura de uma única folha ou a espessura
média das folhas num maço.
Espessura de uma só folha de papel (single sheet thicknes): distância entre as duas faces
do papel determinada de acordo com o método de ensaio normalizado, sob a ação de uma carga
especializada.
Esquadras (squaring): Operação pela qual as folhas de papel são obtidas nas dimensões desejadas,
com bordas limpas e quatro ângulos retos (ver por exemplo refilar por guilhotina).
Estilhas (shives): Feixes de fibras não-desfeitos; sua ocorrência nas pastas é considerada impureza.
O mesmo que palitos.
Estilhas de madeira (wood slivers): Presença no papel de feixes de fibras não separadas completamente
no processo de desagregação.
Faixa úmida (wet streak): Faixa com teor de umidade mais alto na direção longitudinal do papel.
Fator de refletância difusa no azul - Alvura ISO (diffuse blue reflectance factor – ISO Brightness):
Para pastas e papéis brancos ou próximos do branco, é o fator de refletância relativo a um difusor refletor
perfeito em comprimento de onda efeito de 457 nm, conforme determinado em aparelho que utiliza
iluminação difusa e observação normal (perpendicular).
Feltros (felts): Tecidos que proporcionam um contato ideal entre a folha de papel e os cilindros secadores;
atualmente, com o progresso da produção de fibras sintéticas, esses tecidos vêm sofrendo grande
332
aperfeiçoamento.
Fibras (fibers): Estruturas alongadas, formadas por uma célula vegetal de tamanho microscópica,
mais comprida do que larga, oca e com paredes de espessura variável. É a principal matéria-prima da
indústria de papel e celulose, e pode ser obtida da madeira, de plantas anuais, de material sintético, ou
ainda reciclada de papéis velhos.
Fibras anuais (annual fibers): Fibras adquiridas de plantas anuais, como trigo ou cana.
Fibras recicladas: Fibras obtidas a partir de aparas ou papéis usados; também são chamadas de fibras
secundárias.
Fibrilação (fibrillation): Liberação de fibrilas pela ruptura de paredes das fibras, quando submetidas a
um tratamento mecânico apropriado, por exemplo, a refinação.
Filigrana (watermark): Desenho ou letreiro que se observa numa folha de papel, por transparência.
É realizada pelo rolo bailarino quando a folha ainda se encontra em formação. O mesmo que marca
d’água.
Finos (fines): Partículas de material celulósico não-fibroso ou de minúsculos pedaços de fibras, resultantes
da refinagem da massa. Podem-se incluir também as partículas de carga mineral e outros aditivos.
Floculante (floculant): Produto capaz de aglomerar os finos da massa, a fim de evitar sua remoção.
Foil: Régua de material plástico, acoplada à mesa plana da máquina de papel, sob a tela, tocando-a
ligeiramente, com a incumbência de provocar o desaguamento da massa que está sobre a tela.
Folha contínua (web): Denominação da folha de papel durante a sua fabricação ou conversão.
Folha de papel ou cartão (sheet of paper or board): Papel ou cartão de formato geralmente
retangular.
Folha plana (flat paper board): Papel ou cartão fornecido em folhas não dobradas e nem enroladas.
Folhosas (hardwoods): Designação comum das plantas que fornecem fibras curtas, dentre as quais
os eucaliptos.
Fora de tonalidade (offshade): Termo aplicado ao papel cujo tom de cor difere da amostra de
referência.
Formato complementar de cortadeira (offcut): Parte da folha, resultante do corte, cujo formato é
menor do que o do pedido de fabricação, porém que permite seu aproveitamento para outros fins que
não é a desagregação.
Formato de uma folha (size of a sheet): Dimensões da folha de papel expressas na seguinte ordem:
largura e comprimento, sendo a largura a medida menor.
Fourdrinier: Nome pelo qual é conhecida a máquina de papel contínua, do sistema plano; inventada
pelo francês Louis Robert e aperfeiçoada pelos irmãos Henrique e Searly Fourdrinier.
Fracionamento (size distribution): Separação, através de peneira, de fibras longas das curtas.
Freeness: habilidade de uma mistura de polpa e água para liberar ou reter água sob drenagem.
Furos (holes): Falha estrutural ou descontinuidade, localizada na folha, provocada por algum material
estranho que não permanece no papel.
Gomagem (gumming): Operação que consiste em aplicar uma camada de adesivo adequado sobre a
tonalidade ou parte da superfície de uma folha de papel, para posterior utilização após umedecimento.
Gramatura: designação do peso do papel e cartão expresso em gramas por metro quadrado.
Grau de drenabilidade (freeness value): Medida da drenabilidade de uma suspensão aquosa de pastas
determinada e expressa conforme especificado em método de ensaio normalizado e que é conhecido
como ”Canadian Standard” freeness.
Guilhotina (cutter): Máquina de acabamento usada para o corte intermitente de uma quantidade de
folhas; seu corte é mais preciso e perfeito que o da cortadeira.
Impregnação (impregnation): Fase de tratamento dado às toras, cavacos ou outros materiais fibrosos,
visando à absorção de algum componente químico.
Imprimibilidade (printability): Conjunto de propriedades que o papel apresenta que o tornam adequado
para um determinado processo de impressão.
Índice de estouro (burst index): Termo em desuso: ver índice de arrebentamento. 335
Índice de rasgo (tear index): Valor da resistência ao rasgo do papel ou cartão dividido pela sua
gramatura.
Índice de tração (tensile index): Valor da resistência à tração do papel ou cartão dividido pela sua
gramatura.
ISO: international organization for standardization; conjunto de procedimentos que visam a uniformização
das ações de uma organização.
Lado da tela (wire side): Face da folha que esteve em contato com a tela da seção formadora durante
o processo de fabricação.
Largura de máquina (untrimmed machine width): Largura real da máquina usada numa determinada
fabricação de papel.
Largura de tela usada (machine deckle): Largura da manta ou da folha contínua no momento em que
ela deixa a zona de formação.
SENAI - CETCEP
Largura de um rolo ou bobina (width of a reel or roll of paper): Dimensão do papel em sua direção
Fabricação de Celulose
Largura máxima de tela usada (maximum deckler): Largura máxima possível de uso da tela no
momento em que a manta deixa a zona de formação.
Largura útil de máquina (maximum trimmed machine width): Largura máxima da folha de papel que
pode ser fabricada em uma máquina.
LDTA: long dwell time aplication, processo de revestimento onde a distância de aplicação da tinta e o
nivelamento da mesma é de 50 cm.
Licor branco (white liquor): Licor inicial de cozimento, composto de água mais reagentes.
Licor preto (black liquor): Licor resultante do cozimento de cavacos, recuperado em parte como licor
verde, e em parte como combustível para a caldeira.
Licor verde (green liquor): Parte do licor preto que pode ser utilizada após tratamento, convertendo-se
em licor branco.
Lignina (lignin): Elemento aglutinante das fibras da madeira e da maioria dos vegetais. Se exposta ao ar,
336
adquire tom amarelado, sendo, por esse motivo, aconselhável sua eliminação das pastas para papel.
Linha d´agua (laid lines): Marca d água contínua, consistindo de linhas paralelas bem próximas,
geralmente associadas a linhas mais espaçadas e perpendiculares às primeiras.
Listas transversais (barring): Faixas transversais que ocorrem com pequeno intervalo entre si ao longo
da folha contínua, causadas pela variação de sua densidade.
Lixívias (liquors): Licores de cozimento utilizados nos processos químicos de polpação. O mesmo que
licor negro.
Lote (lot): Conjunto de papel ou pasta celulósica de um mesmo tipo, com características definidas.
Lustração (glazing): Operação de tornar a superfície do papel lustrosa por meio apropriado de secagem
ou processo mecânico de acabamento.
Maciez (softness): Sensação percebida ao amassar com a mão os papéis crepados utilizados como
lenços e higiênicos, sensação esta que permite a atribuição de maior ou menor grau de maciez.
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
Manta (furnish layer): Folha constituída por uma ou mais camadas de massa da mesma composição,
unidas por pressão enquanto ainda úmidas, sem o uso de adesivos.
Máquina de forma redonda (vat machine, cylinder machine): Máquina para a fabricação de papel,
mais comumente cartão, na qual a folha contínua é formada sobre uma ou mais unidades cilíndricas.
Máquina de mesa plana (fourdrinier machine): Máquina para produção de papel formado pela drenagem
de massa sobre a mesa plana, com subsequente prensagem e secagem.
Nota: Máquina de mesa plana: termo utilizado também para drenagem com subsequente prensagem e
secagem de pasta celulósica.
Máquina intermitente para cartão (intermittent board machine, wet lap machine): Máquina para a
fabricação de folhas de cartão. Constituída por mesa plana ou por uma ou mais formas redondas. Quando
a folha úmida sai da máquina, enrola-se ao redor de um tambor para formar uma folha composta por
várias camadas cuja espessura aumenta com o número de revoluções do tambor. Quando a espessura
desejada é alcançada, corta-se a folha e o cartão formado se solta do tambor. 337
- por meio de um modelo em baixo ou alto relevo na tela, por exemplo, máquina com tela formadora ou
cilindro formador;
- por meio de um modelo em baixo ou alto relevo na superfície do bailarino girando em contato com a
massa úmida sobre a tela formadora.
Marca d´agua falsa (simulated water mark): Texto ou desenho semelhante a uma marca d´agua, porém,
produzido por meios mecânicos ou pela aplicação de uma substância que aumente a transparência do
papel.
Marca da tela (wiremark): Impressão deixada, no papel ou cartão, pela malha da tela sobre a qual o
papel ou cartão foi formado.
Marca de borracha ou filigrana a seco (rubber mark): Desenho conferido ao papel durante sua
fabricação na máquina, pela passagem da folha úmida através de uma prensa marcadora.
Marca de calandra (calleder scabs, calender spots): Impressões de maior densidade na folha de
papel, geralmente com um contorno não regular, que se repete em intervalos fixos ao longo da direção
SENAI - CETCEP
da máquina.
Fabricação de Celulose
Marca de feltro (felt mark): Impressão deixada, no papel ou cartão, pelo feltro utilizado na máquina
de fabricação.
Marca de nip (blowing): Bolsa de ar residual entre camadas de papel, no nip da prensa.
Marca de tela (wire mark): Reprodução do desenho do tecido da tela formadora na folha de papel, ou
de algum defeito da mesma que é reproduzido na folha.
Marcas de feltro secador (dryer felt marks): Defeitos na superfície do papel provocados por
irregularidades no feltro secador.
Marcas do bailarino (dandy marks): Marcas produzidas no papel pelo rolo bailarino. Quando não
propositais, apresentam uma descontinuidade indesejável de formação.
Marca do rolo de sucção (couch mark, shadow mark, shell mark): Marcação na folha de papel
correspondente ao desenho do rolo de sucção.
Massa (pulp stock): Suspensão aquosa de um ou diversos tipos de pastas, na fabricação de papel,
entre os estágios de desagregação e da formação da folha.
338 Massa aceita (accepted stock): Parte da massa da qual o rejeito foi retirado por depuração.
Materiais indesejáveis nos papéis velhos (waste paper contraries or impurities): Qualquer material
presente nos papéis velhos, que possa ser prejudicial ao processo de fabricação do papel.
Maturação (maturing): Estocagem do papel sob condições apropriadas para melhorar certas
características do mesmo.
Mesa plana (open wire table, fourdrinier machine): Parte da máquina de papel tipo Fourdrinier onde
a folha é formada.
Moinho (mill): Nome genérico dada a refinadores dos tipos utilizados em laboratório, como moinhos
tipo PFI, Valley, Jökro.
Moinho tipo holandesa (beater): Equipamento para tratamento mecânico de materiais fibrosos em
meio aquoso, constituído de um cilindro munido de facas e uma placa de assento, com a finalidade de
conferir às fibras características apropriadas à fabricação de papel.
Molde de tela metálica (wire mould): Moldura de madeira onde é fixada uma tela metálica de malha
fina e através da qual a água da massa drena, quando da fabricação manual de papel.
Nota: Atualmente são muito utilizadas telas confeccionadas com tecidos sintéticos.
Moldura (deckle frame): Dispositivo retangular removível que se ajusta sobre um molde com tela,
utilizado na fabricação de papel manual, para evitar que a massa se escoe lateralmente.
Nip de um rolo prensa (press roll nip): Deformação da camada de material na zona de contacto dos
rolos de uma prensa.
339
Núcleo (core): Tubo de metal ou de material fibroso sobre o qual a folha contínua de papel é enrolada
para formar a bobina.
Número de dobras duplas (fold number): É o número de dobras duplas a que o papel resiste até a
ruptura, quando submetido ao ensaio em equipamento e condições padronizadas.
Onda, ondulação (wave, waviness): Deformação do papel que ocorre geralmente nas bordas e
usualmente na direção transversal.
Opacidade sobre fundo branco (opacity, white backing): A relação, expressa em porcentagem, entre
a quantidade de luz refletida por uma só folha de papel colocada sobre um fundo preto e aquela refletida
pela mesma folha sobre um fundo branco padronizado.
Opacidade sobre fundo papel (opacity, paper backing): A relação expressa em porcentagem, entre
a quantidade de luz refletida por uma só folha de papel colocada sobre um fundo preto e a quantidade
de luz refletida pela mesma folha de papel quando colocada sobre uma pilha suficientemente opaca do
mesmo papel.
Nota: Entende-se por uma pilha suficientemente opaca, uma pilha de espessura tal que a adição de uma
SENAI - CETCEP
Palha (straw): talos secos de plantas que contêm quantidade suficiente de fibras configurando-se uma
fonte econômica de polpa para uso na fabricação de papel com características peculiares.
Papel (paper): Nome genérico dado a uma folha formada sobre uma tela a partir de uma suspensão
aquosa de fibras naturais (minerais, vegetais, animais) ou sintéticas, com ou sem a adição de outras
substâncias.
Papéis velhos ( waster paper): Papel ou cartão que, após o uso, é reconduzido ao processo como
matéria-prima.
Nota: No Brasil usa-se erroneamente a denominação aparas como sinônimo de papéis velhos.
Papiro (papyrus): planta usada por egípcios antigos com propósito de escrita e registro; fabricado em
camadas e reunido em folhas.
Papel Kraft (kraft paper): Papel feito somente a partir de polpa de madeira, por processo especial, de
textura espessa utilizado para embrulhos e multifoliados, e como material de revestimento.
340 Papelão (cardboard): Produto à base de celulose semi-rígido ou rígido, utilizado na confecção de
embalagens.
Pasta (pulp): Material fibroso geralmente de origem natural e vegetal, preparado para utilização em
processos industriais posteriores.
Pasta mecânica, ou mecânica de mó, ou de rebolo ou de pedra (mechanical pulp): Pasta resultante
de polpação por processo mecânico.
Pasta mecânica de refinador (refiner mechanical pulp): Pasta mecânica obtida de cavaco ou serragem
de madeira por meio de um refinador.
Pasta mecânica marrom (brown mechanical pulp): Pasta mecânica obtida a partir de madeira tratada
com vapor, em autoclave.
Pasta química (chemical pulp): Pasta obtida a partir de matéria-prima da qual a maior parte de certos
componentes não celulósicos foi removida, por tratamento químico, por exemplo, cozimento, dispensando
desfibramento mecânico.
Pasta seca (dry pulp): Pasta cujo teor de umidade é aproximadamente aquele da pasta seca ao ar.
SENAI - CETCEP
Pasta úmida (wet pulp): Pasta cujo teor de umidade é consideravelmente maior do que o da pasta
seca.
Fabricação de Celulose
Pé de galinha (cockle): Ver rugosidade localizada.
Peneira (screen): Dispositivo provido de furos ou fendas com o objetivo de separar materiais conforme
seus tamanhos.
Penugem (fuzz, fluff, lint): Material caracterizado pela sua natureza fibrosa, solto ou preso ao papel
por uma de suas extremidades.
Pigmento (pigment): Pó fino, de natureza mineral ou orgânica, insolúvel, inclusive em água, que aplicado
na massa ou na superfície do papel, confere a este cor ou refletância óptica.
Pique na enroladeira (winder crack): Rasgo na borda da folha de papel causado por falta de uniformidade
de tensão na enroladeira.
341
Plano (flatness): Papel que não apresenta encanoamento, rugosidade localizada ou ondulação.
Plantas fibrosas anuais (annual fibrous plants): Espécies vegetais, como algodão, linho e linteres,
usadas na obtenção de fibras, PLI : libra-força por polegada linear.
Pó (dust): Material celulósico e/ou carga, finalmente divididos, que se solta da superfície do papel.
Poço da tela (wire pitch): Poço localizado abaixo e no final da mesa plana, que recebe a água branca
da seção de formação.
Polpação (pulping): Processo que separa as fibras da matéria-prima, não só umas das outras como
também de lignina que as une; divide-se em dois grandes grupos: polpações químicas e polpações de
alto rendimento.
Polpação mecânica (mechanical pulping): Processo que separa as fibras através da ruptura das
ligações entre elas, mediante o uso de forças de cisalhamento.
Polpações de alto rendimento (high yield pulpings): Processos que aproveitam 60% a 90% da madeira,
pois só eliminam parte da lignina. As polpações de alto rendimento podem ser mecânica, termomecânica,
SENAI - CETCEP
Polpações químicas (chemical pulpings): Processos de desfibramento da madeira por meio de reações
químicas. Podem ser kraft ou sulfato, soda, ou sulfito.
Ponto de sujeira (dirt): Todo material estranho existente na folha que contraste de cor com o fundo e
que, quando observado sob vários ângulos a luz refletida, tiver uma área equivalente igual ou superior
a 0,04 mm2.
Potencial zeta (zeta potential): valor da carga eletrostática de partículas; controlado para melhorar a
342
retenção.
Prensa (press): Conjunto de cilindros entre os quais passa a folha de papel em formação.
Prensa de colagem (size-press): Prensa constituída por dois rolos entre os quais passa a folha contínua
de papel e onde esta recebe uma camada de cola, tinta de revestimento ou outro material de aplicação
superficial. Este conjunto está localizado entre duas baterias de secagem.
Prensa marcadora (marking press): Prensa provida de um rolo revestido de borracha cuja superfície é
gravada em alto ou baixo relevo, usada em conjunto com um rolo prensa, na prensa úmida, com objetivo
de transferir seu desenho para a folha de papel.
Prensa off-set (smoothing press): Prensa sem feltro, localizada entre as seções de prensas úmidas
e a de secagem. Visa melhorar a superfície do papel e eliminar as marcas de feltro.
Prensagem úmida (wet pressing): Remoção da quantidade máxima de água da folha de papel. Conjunto
de rolos dos quais um ou mais são munidos de feltro que por pressão remove a água da folha. Localiza-
se entre as seções de formação e secagem.
- aplicado a um corpo:
Um corpo perfeitamente preto é aquele que absorve toda a luz incidente, nada refletindo.
Por extensão, um corpo que absorva, de forma não seletiva, uma proporção extremamente alta de todas
as radiações incidentes sobre ele, por exemplo, uma cavidade revestida por um material próximo ao
preto recebendo a luz incidente através de uma pequena fenda.
Ausência de sensação luminosa porque o estímulo está abaixo do limiar da sensibilidade do olho.
Produção bruta (raw production): Quantidade do papel em rolos, no estado em que sai da enroladeira
da máquina.
Produção teórica (theorical production): Produção que a máquina teria, funcionando ininterruptamente
durante certo período, sem quebra do papel. É calculada multiplicando-se a gramatura do papel pela
largura da folha na enroladeira, pela velocidade e pelo espaço de tempo que se deseja medir. Normalmente 343
é calculada em quilos por hora ou toneladas por dia.
Psig: pound per square inch gauge; libra-força por polegada quadrada.
Raspadeira (doctor blade): Lâmina fina que pode ser de madeira, aço ou plástico, colocada em alguns
rolos da máquina, na direção do comprimento do rolo e em ângulo determinado, com o objetivo de limpar
ou de não permitir que a folha contínua se envolva no rolo. O mesmo que raspa.
Rebolo (grindstone): Nome dado à peça de material abrasivo existente nos desfibradores.
Recuperadores (savealls): Instrumentos que recolhem a água da drenagem da máquina de papel para
SENAI - CETCEP
devolver as fibras não utilizadas ao sistema e tratar a água que será utilizada novamente.
Fabricação de Celulose
Refilar por guilhotina (guillotine trimming): Operação de retirar as bordas de uma pilha de folhas de
papel, através de uma guilhotina, para obter bordas limpas, precisão de ângulo e dimensões de acordo
com a especificação.
Refilo (trimming): Toda tira removida das beiradas dos rolos de papel bruto durante o processamento
para acerto do formato.
Refinação: Tratamento mecânico de materiais fibrosos, em meio aquoso, num moinho tipo holandesa
ou num refinador. Dando continuidade à operação de separação das fibras.
Refinador (refiner): Equipamento para tratamento mecânico de materiais fibrosos em meio aquoso,
podendo ser a disco ou cônico, com a finalidade de conferir às fibras características apropriadas à
fabricação de pasta ou papel.
Refletância (refletance): É a relação entre o fluxo luminoso refletido e o fluxo luminoso incidente.
Réguas laterais (deckle boards): Dispositivo estacionário para reter lateralmente a massa sobre a
tela formadora na parte inicial da drenagem. Esse dispositivo serve também para controlar a largura da
manta.
344
Regulador de largura na caixa de sucção (deckle of suction box): Dispositivo existente no interior
das caixas de sucção da máquina de papel, que serve para ajustar a área de sucção à largura da manta,
usualmente conhecido como castelo.
Rejeito (reject): Impurezas contidas nas pastas, com dimensões maiores que as fibras; o mesmo que
refugo.
Rejeito de depuração e classificação (screening and classification reject): Todo material separado
durante os processos de depuração ou classificação, podendo ou não ser reaproveitado.
Reologia (reology): parte da física que investiga as propriedades e o comportamento mecânico dos
corpos deformáveis que não são sólidos nem líquidos.
Resíduos de exploração (extraction waste): Galhos, ramos, cascas e folhas de árvores das quais
foram cortadas as toras.
Resistência a dobras duplas (folding endurance): Termo em desuso, ver número de dobras duplas.
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
Resistência à drenagem (drainage resistance): É a propriedade da pasta celulósica, quando em
suspensão aquosa, de resistir à separação da água, drenada por gravidade, conforme especificado em
método de ensaio normalizado, conhecido como Schopper-Riegler.
Resistência à tração (tensile strength): Força máxima de tração que o corpo-de-prova suporta antes
de se romper, sob condições definidas em método de ensaio padronizado.
Resistência a úmido (wet strength retention): Ver retenção da resistência no estado úmido.
Resistência ao ar (air resistance): Propriedade do papel em resistir à passagem do ar, sob condições
definidas em método de ensaio padronizado.
Reversão da cor (color reversion): Expressão que indica perda da alvura da massa ou do papel, com
o passar do tempo.
Rigidez à flexão (stiffness): É o momento, por unidade de largura, resultante da força de resistência
que o papel oferece à flexão na região de deformação elástica.
Rolo bailarino (dandy roll): Rolo revestido com uma tela fina que, girando suavemente sobre a folha
úmida, entre as caixas de sucção, pode melhorar a formação do papel, gravar marcas d’água ou
proporcionar um acabamento como o Vergé.
Rolo cabeceira (breast roll): Primeiro rolo da mesa plana da máquina de papel; sustenta a tela formadora
SENAI - CETCEP
Rolo de sucção (suction roll): Rolo de corpo perfurado, que, devido ao vácuo interior, suga a água
encontrada em sua superfície. Presente na tela, na prensa de sucção, na prensa lava-feltro ou de sucção
de feltro. O mesmo que sulgador.
Rolo de sucção da tela (suction couch roll): último rolo da seção de formação.
Rolo pegador (pick up roll): Destaca da tela a folha úmida de papel e leva para o setor de prensas.
Rugosidade localizada (cockle): Deformação local na folha de papel, apresentando rugas causadas
por um encolhimento desigual.
Sacudidor (shake): Equipamento colocado no início da máquina de papel, para provocar um movimento
transversal na mesa plana. Este movimento é também conhecido como shake.
Secagem (drying): Operação de redução da umidade contida nas pastas, por processo de evaporação,
para cerca de 40% a 60%, a fim de possibilitar seu transporte e estocagem.
Secagem ao ar (air-drying): Método usado para secagem do papel. Secagem ao ar do papel em folhas
é geralmente realizada em contato com o ar circulando livremente. Secagem ao ar da folha contínua é
geralmente realizado por contato com ar aquecido numa sala ou em um túnel.
Seção de formação da máquina de mesa plana (fourdrinier former, fourdrinier table, fourdrinier
wire part): Parte da máquina de papel constituída de uma cinta sem fim (tela) e tecida, de material
metálico ou sintético, cuja parte superior forma uma superfície plana onde a folha contínua é formada e
pela qual a água é parcialmente removida.
Secaria (drying section): Parte da máquina de papel onde ficam os cilindros secadores.
Set point: valor desejado para a variável controlado, ajustado no instrumento de controle.
Shadow marking: defeito do papel proveniente das furações de, por exemplo, um rolo de sucção;
deixando áreas mais espessas, mais opacas, produzindo uma aparência mais escura nesses pontos.
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
Size press: Prensa de colagem; unidade de processo de fabricação de papel consistindo de dois rolos
geralmente revestidos de borracha, localizados entre dois grupos da secção de secagem. Usado para
aplicar solução de cola a superfície da folha.
Suspensão (suspension): sistema bifásico constituído por uma fase sólida de partículas grosseiras
imersa numa fase líquida.
Suspensão de caulim (clay slip): Suspensão na qual o pigmento é caulim e o líquido é água.
347
Talhadia (lopping): Corte de árvore a cada 5 ou 8 anos, durante um período de cerca de 20 anos
Tela (wire): Tecido sem emendas, fabricado com uma liga especial de bronze fosforoso e fibras sintéticas,
onde se forma a folha contínua de papel.
Teor seco do material (dry solid): Relação entre a massa do material remanescente após secagem
segundo método de ensaio normalizado e a massa ou volume de material anterior à secagem.
Tinta de revestimento (coating slip): Consiste em uma suspensão na qual o pigmento é geralmente
mineral e com formulação adequada para aplicação e fixação no papel.
Umidade (moisture content): Quantidade de água em um material, determinado pela perda de massa
quando seco em estufa, em relação à massa inicial da amostra e expressa em porcentagem.
Umidade relativa (rela\tive humidity): Razão entre a pressão de vapor de água na atmosfera e a
pressão de vapor saturado na mesma temperatura.
Unidade (unity): Cada uma das bobinas, fardos, pacotes, caixas ou resmas que formam um lote.
Volume específico aparente (apparent specific volume): É o quociente entre o volume e a massa.
348
SENAI - CETCEP
Fabricação de Celulose
E laboração