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As obras, Madame Bovary e O primo Basílio inauguraram em seus respectivos

países , o realismo, uma literatura objetiva e universal que mergulhava nos lares da
sociedade burguesa , e de forma crítica analisava os comportamentos e suas
convenções. O francês Gustave Flaubert lança em 1857, Madame Bovary, obra que
chocou a sociedade por trazer como protagonista uma adúltera, a obra foi considerada
uma afronta a moral e os bons costumes, o que lhe rendeu um processo judicial . Após
vinte e um ano, em 1878, o português Eça de Queiroz publica O primo Basílio, as obras
retratam a vida burguesa e a desmitificacao do amor romântico.
Gustave Flaubert nasceu em 1821 em Ruão, na França. Nascido em família
abastada, estou Direito, mas não chegou a concluir. As principais obras são Madame
Bovary, 1857, Salambô, 1862, Educação sentimental, 1869, mas a obra de destaque é
Madame Bovary. Em Portugal o nome de destaque foi Eça de Querioz, nasceu em
Povoa de Varzim, 1845. Estudou Direito em Coimbra, ingressou na politica onde foi
nomeado cônsul em Cuba, Inglaterra e França. Suas principais obras publicadas em vida
são O crime do padre amaro, 1876, O primo Basílio, 1878, os maias. Quanto ás obras
póstumas, destaque são A ilustre casa de Ramires, A cidade e as serras, entre outras.
Na obra Madame Bovary, Flaubert da vida à Ema, que mora no campo ao lado do
seu pai, teve uma educação requintada e sonha com os bailes pairisenses e o luxo da
alta burguesia, após fraturar uma perna, o pai de Emma pede para buscar um médico
na cidade, Charles Bovary é apresentado, médico e jovem, o que desperta em Emma a
possibilidade de ascensão social, eles se casam, mas após alguns meses, a jovem ociosa
percebe o engano que cometeu, não amava aquele homem medíocre. Após serem
convidados para um baile, Emma se encanta com aquele estilo de vida, logo o casal se
muda para uma cidade maior, Yonville. Em um jantar no albergue da cidade, Emma
conhece o jovem Leão, após o flerte ela se encanta com jovem, e seu estilo de vida,
mas Leão se muda para Paris. Ema engravida, nem mesmo com o nascimento da filha
muda sua prostação. Logo conhece Rodophe, este busca formas para conquista-la, após
conseguir seu feitio, acha excessivo aquela paixão de Emma, abandona-a.
Emma começa a contrair divídas com o excêntrico comerciante Lhereux, caí em
depressão, aconselhado pelo padre Buornisien, Charles leva a esposa a um concerto,
Emma reencontra Leão, após perceber mudanças no aspecto da esposa, Charles decide
deixar Emma na cidade, Ema se entrega ao jovem, ao retornar para Yonville Emma
busca uma forma para manter o caso com Leão, inventa aulas de músicas para manter os
encontros com o amante, o médico contrai dívidas, a situação se torna insustentável , o
que leva Ema a recorrer a Rodophe, mas ele não empresta o valor estimado, diante das
chantagem de L'hereux, que sabe os segredos de sua infidelidade Ema comete suicídio.
Após sua morte Charles tem conhecimento das infidelidades da esposa, afogado em
dividas e sem rumo também morre, após sua morte a filha vai morar com a avó, essa
também morre, e a filha é enviada pela tia para trabalhar numa fábrica.
A personagem de Eça de Querioz, é a Luísa, jovem, bela, casada com o
engenheiro Jorge, vive uma vida confortável, entre costuras e leitura de romances, suas
vidas mudam quando seu marido precisa se ausentar por uns dias, em uma viajem a
trabalho para o Alentejo, o engenheiro demora mais do que previsto, mas a visita
inesperda do primo Basilio, seu amor da infância, acende em Luísa desejos de uma
paixão adormecida, o inescrupuloso Basílio ver na prima a oportunidade de viver uma
aventura, na enfadonha Lisboa, esse jogo de sedução atraí Luísa, trai o marido, para
não levantar suspeitas dos vizinhos Basilio e Luísa se encontram no subúrbio da cidade,
no paraíso, nesses encontros Luísa começa a perceber o engano que cometeu um erro ,
traindo seu marido, mas essa traição é descoberta pela empregada Juliana, que tem
posse de cartas compremetedoras da patroa, passando a chantagear-los e assim obter
uma aposentadoria sossegada. Luísa recorre a Basílio, mas esse não ajuda.
Sozinha e carregando a vergonha de ser uma mulher adúltera, Luísa se submete a
Juliana, passando a trabalhar para própria empregada, o retorno do seu marido causa
mais sofrimento em Luísa, que tem medo de ser descoberta, Jorge percebe as mudanças
em sua casa e acredita que a empregada saiba de um segredo da sua bela esposa, após
ficar no leito de morte, Jorge tem suas suspeitas confirmadas, ao receber uma carta do
primo Basílio endereçada a Luísa, mesmo contra os seus princípios Jorge a perdoa, mas
Luísa sucumbe ao sofrimento e morre. Basílio retorna a Portugal , ao visitar a casa da
prima recebe a noticia da sua morte, ele não lamenta.
A leitura dessas obras trazem à tona uma discussão, que nenhuma literatura é
particular e única, mas sofrem influências, Ema e Luíza são jovens, ociosas, leitoras de
romances, casadas, seus maridos naõ tem grandes ambições, vivendo um
relacionamento por conveniência. Podemos verificar, que Eça de Queiroz foi
influenciada pela obra de Flaubert, não se trata de imitação. Para Nitrini :

Podemos confirmar os traços de influência com imitação. No entanto o que


diferenciara as duas noções é que a imitação se refere a detalhes matérias
como a traços de composições, a episódios e procedimentos, enquanto que a
influência denuncia a presença de uma transmissão menos material, mais
difícil de se apontar. (2001 p. 121).

O que leva duas ou mais pessoas a escreverem sobre o mesmo assunto. Ou seja, a
influência está para indução, e a imitação para a cópia. Levando em consideração que
essa cópia pode se tratar de uma releitura do texto anterior, e não plágio.
As obras supracitadas têm características semelhantes em vários aspectos, o ideal
de felicidade tão sonhado por Ema e Luiza, o caráter dubio de seus amantes, a teia de
mentiras que as protagonistas sem envolvem, o sofrimento causado pela chantagem,
assim como o fim trágico das protagonistas, para ALDRIDGE (apud Nitrine 2000,
p.144) diz que a influência se define como algo que existiu na obra de um autor, que
não poderia ter existido, se ele não tivesse lido a obra de um autor que a precedeu.
FLAUBERT, Gustave. Madame Bovary.
QUEIROZ, de Eça. O primo Basílio.

NITRINI, Sandra. Literatura Comparada. São Paulo: Universidade de São Paulo,


2000, cap.2.

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