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Traumatologia

Agentes mecânicos

- (i) internos - esforço


- (ii) externos

a) simples (única forma de lesão)

- (A) cortantes (incisão) - são aqueles que atuam por um gume muito fino (corte), por pressão e
deslizamento. Geralmente são leves e muito bem afiados. Exs: faca, navalha, canivete, laminas
("estilete"), vidro, gilete, lata, papel, tesoura, serra, bisturi, cerol.

- (B) contundentes (contusão) – Normalmente são achatados, obtusos. Atuam por choque, compressão,
batida. Há aqueles naturalmente contundentes (soco inglês, tchaco) e os ocasionalmente contundentes
(revólver, cabo da faca). É basicamente tudo que nos rodeia. Exs: chicote, dentes, cascos dos animais,
unhas, garras.

- (C) perfurantes (perfuração) - seu diâmetro transverso é arredondado. Atuam pela ponta, de maior ou
menor calibre, por pressão. Exs: caneta, chave de fenda (Philips), espeto (arredondado), picador de gelo
(arredondado), agulha de injeção, de tricô, estaca, prego, alfinete, espinho vegetal.

b) compostos (mais de uma forma de lesão - ação mista)

- (AB) corto-contundentes - cortam e contundem - são geralmente pesados, e por causa de seu peso
acabam contundindo, além de cortar. Exs: machado, enxada, espada, foice, facão, guilhotina, pá de
ventilador, serra-elétrica.

- (CA) pérfuro-cortantes - perfuram por uma ponta e cortam por um ângulo, ângulos, gume ou gumes.
A ação deverá ser por pressão. Exs: garfo, chave de fenda, punhal, flecha, lança, tesoura.

- (CB) pérfuro-contundentes - são aqueles instrumentos cuja velocidade é muito grande, dependendo de
seu calibre. Os chamados únicos são os projéteis; os múltiplos são os balins (grãos de chumbo). Perfuram
e contundem.

03.09.04 - faltei
- (A) instrumentos cortantes e (AB) corto-contundentes - lesões

Instrumentos (C) perfurantes e (CA) perfuro-cortantes - lesões

(i) perfurantes

- punctórias: o instrumento perfurante afasta as fibras musculares do local da lesão, que tem forma de
ponto. Por isso é lesão menos profunda, já que não há lesão cortante. Quem determina suas
características são as fibras musculares do local da lesão. Independe-se do angulo de perfuração, onde as
lesões causadas serão sempre iguais.

Leis de Fills e Langer - determinaram as características das lesões perfurantes:

a) numa mesma região, a direção da lesão é sempre a mesma, a da fibra muscular;


b) a ferida produzida por um instrumento perfurante é achatada, alongada, como se tivesse sido produzida
por um pérfuro-cortante de 2 gumes, já que o orifício de entrada é repuxado pelas fibras musculares, em
virtude de sua elasticidade;

c) onde há cruzamento de fibras, a lesão toma o aspecto de figuras geométricas, dependendo do numero
de fibras que são afastadas.

As lesões punctórias podem ser:

- superficiais: o oposto das penetrantes. Não atinge 50% de profundidade do local da perfuração.

-- penetrantes: são profundas toda vez que a perfuração ultrapassa a metade daquilo que penetrou.

As lesões punctórias penetrantes podem ser:

- cavitárias: será cavitária toda vez que a penetração se der em uma das cavidades do indivíduo
(encéfalo, tórax ou abdômen - possuem órgãos).

- transfixantes: quando a perfuração possui um orifício de entrada e outro de saída.

- empalação: qdo a penetração se dá na vagina, ânus ou no períneo (entre a vagina e o ânus; entre o
escroto e o ânus). è lesão de localização e instrumentos certos, que não podem ser cortantes.

(ii) perfuro-cortantes

Suas lesões são muito mais graves do que as feridas punctórias, já que produzem ferimentos
múltiplos.

- pérfuro-incisas: quando o instrumento pérfuro-cortante possui 1 só gume, a lesão tem aspecto de


gotoeira. O ângulo aberto corresponde ao dorso do instrumento; o ângulo agudo corresponde ao gume.
Tratando-se de instrumento de 2 gumes, a lesão será alongada e achatada. Se o instrumento é anguloso,
a ferida será estrelada, com o número de raios correspondente ao número de ângulos.

As lesões pérfuro-incisas podem ser:

- superficiais: o oposto das penetrantes. Não atinge 50% de profundidade do local da perfuração

- penetrantes: são profundas toda vez que a perfuração ultrapassa a metade daquilo que penetrou

As lesões pérfuro-incisas podem ser:

- cavitárias: será cavitária toda vez que a penetração se der em uma das cavidades do indivíduo
(encéfalo, tórax ou abdômen - possuem órgãos).

- transfixantes: quando a perfuração possui um orifício de entrada e outro de saída.

(B) Instrumentos contundentes - lesões

É todo instrumento de superfície plana ou obtusa que nos atinge. A ação pode ser ativa (uma
pedra atirada - instrumento contundente) ou passiva (o chão - corpo contundente). Quando o individuo
sofre varias contusões, e chamado politraumatizado.
- eritema: pode ser emocional (vermelhidão). Mas nos interessa o eritema traumático, causado por uma
pancada, um bofetão. Trata-se de um afluxo de sangue na região traumatizada. Normalmente não se
presta a exame pericial.

- edema: é o aumento de volume na região traumatizada (inchaço), que pode ser causado por um soco,
por exemplo. Tem volume, mas não tem coloração. O vaso sangüíneo é esmagado com a pancada,
permitindo apenas a passagem do soro sangüíneo, que é incolor.

- equimose: na região traumatizada, os vasos sangüíneos arrebentam, pois ficam em posição


intermediaria a pancada e o tecido muscular. O sangue se infiltra no tecido (pele) da área traumatizada do
indivíduo (roxo). É indicio de que o individuo estava vivo no momento da lesão.

Seus mecanismos de produção são 4:

a) compressão: é a batida, a pancada. Também pode ocasionar o hematoma;

b) tração: é o beliscão, praticado com as mãos. No sentido longitudinal, os vasos sangüíneos não têm
elasticidade. No beliscão, torce-se o vaso sangüíneo, que arrebenta, causando a infiltração de sangue nos
tecidos, o que acarreta a equimose. Não causa o hematoma;

c) sucção: é a conhecida sucção libidinosa. Ocorre qdo a pressão extravasal é retirada como apoio do vaso
sangüíneo, que arrebenta. Não é suficiente para causar hematoma;

d) esforço: geralmente localizada nos braços ou no tronco. É freqüente nas pessoas que exercem grande
esforço durante a musculação. Este esforço arrebenta os vasos sangüíneos. A pressão intravasal supera a
pressão extravasal, causando o arrebentamento do vaso sangüíneo. Não é suficiente para causar
hematoma.

Certas vezes a equimose não está relacionada com a área traumatizada. É o exemplo da lesão do
joelho. A marca pode ser percebida no osso coxofemoral. Nos olhos, a lesão aparece na região subjuntiva.

- hematoma: há um aumento de volume da região traumatizada, além do arrebentamento dos vasos,


causando a infiltração de uma parte do sangue dos vasos nas malhas dos tecidos, e a outra parte se
acumula, coagulando.

- bossa linfática: ocorre quando há um edema localizado na região onde está o couro cabeludo. É um
trauma craniano leve, periférico. Já o edema cerebral atinge o encéfalo, portanto trata-se de lesão mais
grave.

- bossa sangüínea: ocorre quando a equimose ou hematoma está localizada no couro cabeludo do
individuo. É lesão leve e periférica.

Evolução cromática (hematoma, equimose e bossa sangüínea)

No momento em que se dá a contusão, a coloração que se apresenta é um vermelho intenso. Do 3º


ao 6º dia da contusão, a coloração é azulada (roxo). Do 7º ao 12º dia, a coloração é amarelada. Do 13º ao
20º dia, a coloração é esverdeada e sólida.

Isto tudo ocorre porque a parte liquida do sangue volta à circulação. A parte sólida é fagocitada.
Uma parte da hemoglobina vai sofrendo reações químicas, passando por alterações em sua coloração.
Esta variação pode ser percebida em lesões maiores a 3cm. A evolução da coloração se da sempre da
periferia para o centro.
24.09.04 - faltei

(B) Instrumentos contundentes – lesões - continuação

(CB) Instrumentos pérfuro-contundentes - lesões

Trajeto - é o caminho que o projétil percorre a partir do momento que atinge o alvo, dentro deste.

Trajetória - é o caminho considerado desde a saída do projétil da boca da arma até atingir o alvo.

Orifício de entrada

I) forma

O aspecto da lesão pérfuro-contundente (forma), observada no orifício de entrada do projétil no


corpo do indivíduo, normalmente é circular ou oval, dependendo dos seguintes aspectos:

- direção - se o tiro é perpendicular ao alvo, a forma do orifício de entrada é circular; se o tiro vem de
cima pra baixo ou de baixo pra cima, a forma do orifício é oval. Se a angulação é muito inclinada, não
teremos um orifício, mas uma escoriação alongada ("raspão").

- distância - conforme a distancia do disparo em relação ao alvo, produzem-se orifícios de diferentes


formas. Se a distancia é longa, o alvo poderá ser atingido pelo flanco (oval), pela base (circular) ou pela
ponta do projétil (circular). Se a distancia é curta, pela força de expansão dos gases, se produzirá um
orifício irregular, em virtude da dilaceração dos tecidos.

- condições do projétil - se o projétil atinge a vítima após estar deformado, em virtude de ricocheteio, o
orifício produzido, por óbvio, apresentará características diferenciadas, de acordo com a deformidade.

II) dimensões:

A dimensão do orifício de entrada compara-se:

- quanto ao orifício de saída - o orifício de entrada é, geralmente, menor do que o orifício de saída. Qdo
o projeto entra no corpo, percorre o complexo epiderme/derme, que é mais elástico, arrebentando pra
dentro. Qdo o projétil sai do corpo, percorre o complexo derme/epiderme, que é menos elástico,
arrebentando pra fora.

- ao projétil: o orifício de entrada é, geralmente, menor que o projétil. Qdo atinge o alvo, a pele se
expande, arrebenta e quase volta ao normal, em virtude de sua elasticidade. Com relação aos ossos, o
orifício de entrada tem dimensão praticamente igual a do projétil.

III) orlas

São produzidas pelo projétil. Sempre que o alvo for atingido pelo projétil, teremos orlas,
independente da distância do disparo.

- contusão: ocorre em virtude do impacto e do arrebentamento dos tecidos. Em virtude da diferenca de


elasticidade entre derme e epiderme, há uma diferenciação de orifícios. É a chamada orla de contusão.
- enxugo: o projétil carrega consigo toda a sujeira (impurezas) existente no cano da arma (chama-se
sarro). Ao entrar girando pelo alvo, ele se limpa, deixando a sujeira na superfície do orifício de entrada. É
a orla de enxugo.

IV) zonas

São produzidas pelos outros elementos presentes na boca da arma. Só esta presente se a distancia
do disparo é muito curta.

- tatuagem: qdo as partículas incombustas que acompanham o projétil atingem o alvo, produz-se a
tatuagem.

- esfumaçamento: qdo o disparo é feito de uma distância media, e as partículas que acompanham o
projétil, combustas, atingem os tecidos, produzindo o esfumaçamento.

- chamuscamento: qdo o disparo é feito muito próximo ao alvo, os gases aquecidos que saem da boca da
arma se incendeiam ao tomar contato com a atmosfera, e acabam por queimar a roupa, a pele, o couro
cabeludo, etc..

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