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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA __

VARA CRIMINAL DA COMARCA DE JARU, ESTADO DE RONDÔNIA.

Autos nº 000000000000000

FÁBIO JORGE CRUZ, já qualificado nos autos do processo em


epígrafe, vem a Vossa Excelência, por intermédio do Advogado
subscritor, com fulcro no artigo 316 do CPP, requerer a
REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA, pelos motivos abaixo
expostos.

I – DOS FATOS

De acordo com o Auto de Prisão em Flagrante, em 18 de novembro de 2018,


diligências de busca e apreensão foram realizadas no domicílio de Tício Castro

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E-mail: erikaposmossertorrejon@gmail.com
Souza, mas que no momento inicial das buscas, Tício fugiu do local, soltando seus
cachorros pitbulls em direção aos policiais.
Porém, após incessantes buscas do suspeito, os policiais adentraram a casa
e encontraram grande quantidade de entorpecente, sendo aproximadamente 23 kg
de maconha e 400 g de cocaína.
Ademais, constatou a presença dos infratores Mévio Cabral e Caio Sobral,
que diante das provas, determinou a voz de prisão.
É importante ressaltar que, no local também estava a namorada de Mévio,
que informou que minutos antes do início da busca, surgiu Paulo Pedro Rosa,
apressado e dizendo que pegaria seus pertences.
Ocorre que, por ele ser conhecido pela traficância, logo tal atitude levantou
suspeita, sendo o suficiente para concluir que tais pertences, seriam na realidade
mais entorpecentes.
Desse modo, os policiais perceberam que no local havia um aparelho de
DVR com circuito interno de gravação, e verificaram a ação de Paulo, bem como o
veículo utilizado, sendo uma motocicleta.
Logo, deram continuidade à diligência, seguindo Paulo até o seu domicílio,
sendo este abordado pelos policiais e informou que o destino do entorpecente teria
sido entregue para Fábio Jorge Cruz e, este o teria armazenado em sua residência,
sendo propriedade de Wagner Cristian Cruz.
Assim, os policiais se deslocaram até o local indicado por Paulo, e Wagner
autorizou a entrada, sendo localizada uma mochila embaixo da cama de Fábio,
contendo aproximadamente 7,7 kg de entorpecente, aparentando ser maconha.
Por tais razões, Fábio Jorge, ora requerente, foi preso em flagrante delito
nos termos do art. 302, I do CPP e no art. 33 e 35 da Lei 11.343/2006 (Lei de
drogas)
Após o tempo transcorrido de 24 horas, e as hipóteses elencadas no art. 310
do CPP, o juízo plantonista, converteu a prisão em flagrante, com fundamento na
garantia da ordem pública, para que evitar a possibilidade de novos delitos.

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II – DO MÉRITO

A) DA FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO PARA A CONVERSÃO DA PRISÃO EM


FLAGRANTE EM PRISÃO PREVENTIVA

A Constituição da República Federativa do Brasil consagrou, através do


artigo 93, IX, o princípio da motivação das decisões judiciais, sendo prevista a
sanção de nulidade para a decisão que não for devidamente fundamentada. Eis o
teor desse dispositivo.

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal,


disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes
princípios:
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei
limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do
direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse
público à informação;

Dessa forma, todas as decisões do Poder Judiciário, em qualquer instância


de jurisdição ou a matéria da decisão, devem ser devidamente motivadas,
fundamentadas, sob pena de nulidade, ou seja, a decisão deve expor os motivos e
circunstâncias concretas que embasaram o convencimento do julgador.
O princípio da motivação das decisões judiciais tem como ponto central
“possibilitar aos interessados impugnarem, as decisões dos magistrados e tribunais
sobre as questões que lhes tenham sido postas à análise, bem como a garantir à
sociedade que a deliberação jurisdicional foi proferida com imparcialidade e de
acordo com a lei" (AVENA, p. 18). É, pois, através da motivação da decisão que se

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avalia o exercício regular do Poder Judiciário, assegurando aos cidadãos garantia
contra a arbitrariedade do poder punitivo estatal.
Segundo o artigo 315 do Código de Processo Penal, "A decisão que
decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre motivada". No
entanto, a mera menção ao texto legislativo, ilusão de justiça instantânea ou a
citação abstrata de doutrina, não são suficientes para caracterizar a fundamentação
da decisão. Vejamos:

Habeas corpus. 2. Sentença que negou ao paciente o direito de apelar em


liberdade. Insubsistência dos requisitos autorizadores da segregação
cautelar. A prisão preventiva, pela excepcionalidade que a caracteriza,
pressupõe decisão judicial devidamente fundamentada, amparada em
elementos concretos que justifiquem a sua necessidade, não bastando
apenas aludir-se a qualquer das previsões do art. 312 do Código de
Processo Penal. 3. Constrangimento ilegal caracterizado. 4. Ordem
concedida.
(STF. HC. 99.043/PE. Rel. Gilmar Mendes. T2. Julg. 24.08.2010).

Nesse mesmo sentido, Paulo RANGEL:

“(...) ao decretar a prisão preventiva do acusado, deve o juiz demonstrar,


nos autos do processo, a presença dos requisitos que a autorizam, não
copiando o que diz a lei, mas, sim, mostrando, por exemplo, onde está
a necessidade de garantir a ordem pública com a prisão do acusado,
citando depoimentos de testemunhas que se dizem (...) ameaçadas com a
liberdade do acusado (...). Portanto, a ausência de fundamentação da
decisão que decreta a prisão do acusado acarreta a nulidade da mesma.
(RANGEL, p. 622/623).

Eis o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL PENAL. ROUBO QUALIFICADO. CONVERSÃO DO


FLAGRANTE EM PREVENTIVA. GRAVIDADE ABSTRATA DO DELITO.
FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. PROVIMENTO DO RECURSO. - A

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jurisprudência desta Corte tem proclamado que a prisão cautelar é
medida de caráter excepcional, devendo ser imposta, ou mantida,
apenas quando atendidas, mediante decisão judicial fundamentada
(art. 93, IX, da Constituição Federal), as exigências do art. 312 do
Código de Processo Penal. Isso porque a liberdade, antes de sentença
penal condenatória definitiva, é a regra, e o enclausuramento provisório, a
exceção, como têm insistido está Corte e o Supremo Tribunal Federal em
inúmeros julgados, por força do princípio da presunção de inocência, ou da
não culpabilidade. - Na hipótese dos autos, a decisão que converteu o
flagrante em prisão preventiva encontra-se deficientemente
fundamentada, pois lastreada em argumentos genéricos tais como a
gravidade abstrata do delito e elementos inerentes ao próprio tipo
penal, desacompanhadas de respaldo concreto dos autos. Tais
considerações, na linha de precedentes desta Corte, são inaptas a
ensejar a decretação da segregação cautelar. Recurso ordinário provido.
(STJ - RHC: 36698 MG 2013/0096679-9, Relator: Ministra MARILZA
MAYNARD (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE), Data de
Julgamento: 13/08/2013, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe
30/08/2013).

E também o Supremo Tribunal Federal:

HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. PRISÃO EM FLAGRANTE


POR TRÁFICO DE DROGAS E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO.
INDEFERIMENTO DE LIBERDADE PROVISÓRIA. AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. ORDEM CONCEDIDA. I – A prisão, antes da
condenação definitiva, pode ser decretada segundo o prudente arbítrio do
magistrado, quando evidenciada a materialidade delitiva e desde que
presentes indícios suficientes de autoria. Mas ela deve guardar relação
direta com fatos concretos que a justifiquem, sob pena de se mostrar ilegal.
II – No caso sob exame, o indeferimento do pedido de liberdade provisória
fundou-se na necessidade de se preservar a ordem pública em razão da
gravidade abstrata dos delitos e por conveniência da instrução criminal,
fazendo-se alusão ao potencial intimidador em crimes dessa natureza,
fundamentos insuficientes para se manter o paciente na prisão. III –
Segundo remansosa jurisprudência desta Suprema Corte, não basta a

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gravidade do crime e a afirmação abstrata de que os réus oferecem
perigo à sociedade e à saúde pública para justificar a imposição da
prisão cautelar. Assim, o STF vem repelindo a prisão preventiva
baseada apenas na gravidade do delito, na comoção social ou em
eventual indignação popular dele decorrente, a exemplo do que se
decidiu no HC 80.719/SP, relatado pelo Ministro Celso de Mello. IV –
Não obstante a vedação prevista no art. 44 da Lei 11.343/2006, esta
Segunda Turma, desde o julgamento do HC 93.115/BA, Rel. Min. Eros
Grau, e do HC 100.185/PA, Rel. Min. Gilmar Mendes, passou a admitir a
possibilidade de concessão de liberdade provisória em se tratando de delito
de tráfico de substância entorpecente, devendo o magistrado processante,
para manter a prisão, analisar, no caso concreto, se estão presentes os
requisitos do art. 312 do Código de Processo Penal, o que não ocorre no
caso sob exame. V – Ordem concedida para colocar o paciente em
liberdade provisória, devendo ser expedido o respectivo alvará de soltura
somente se por outro motivo não estiver preso.
(STF - HC: 110132 SP, Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Data de
Julgamento: 08/11/2011, Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-226
DIVULG 28-11-2011 PUBLIC 29-11-2011).

Em face do disposto, fica claro que o decreto de prisão preventiva deve ser
revogado, por ser totalmente destituído de qualquer fundamentação válida.

B) DAS CONDIÇÕES PESSOAIS DO REQUERENTE

Não há razão para a protraída permanência do requerente na prisão,


comprovado que possui família – com a qual colabora – e endereço fixo, onde pode
ser encontrado (doc. em anexo). Ademais, é pessoa de bons antecedentes, e que
jamais respondeu qualquer processo crime conforme certidão negativa acostada aos
autos.
Portanto, verifica-se que as informações sobre o acusado claras quanto à
boa conduta, sendo idôneo perante a sociedade, bem como subsistindo
fundamentos para a decretação prisional.
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Nesse sentido, tem entendido os tribunais, vejamos:

ROUBO - INDEFERIMENTO LIBERDADE PROVISÓRIA - SEGREGAÇÃO


CAUTELAR FUNDAMENTADA NA ORDEM PÚBLICA E CONVENIÊNCIA
DA INSTRUÇÃO CRIMINAL - AUSÊNCIA DE ELEMENTOS CONCRETOS
A ENSEJAR A CUSTÓDIA CAUTELAR - CONDIÇÕES PESSOAIS
FAVORÁVEIS - ORDEM CONCEDIDA.
A segregação cautelar é medida excepcional e somente se justifica quando
presentes os requisitos do art. 312 do CPP, desde que fundados em
elementos concretos que evidenciem a real necessidade da prisão.
A gravidade abstrata do delito, o clamor público e a invocação de resposta
enérgica do Poder Judiciário, sem qualquer motivo concretamente
apontado nos autos, não são elementos idôneos a justificar a prisão
cautelar do paciente, ainda mais quando o mesmo possui condições
pessoais favoráveis.
(TJ-MS - HC: 34489 MS 2009.034489-9, Relator: Juiz Manoel Mendes Carli,
Data de Julgamento: 01/02/2010, 2ª Turma Criminal, Data de Publicação:
05/02/2010)

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL.


CRIMES DE FURTO E RECEPTAÇÃO. PRISÃO PREVENTIVA. DECISÃO
JUDICIAL CARENTE DE FUNDAMENTAÇÃO LEGAL. AUSÊNCIA DE
ELEMENTOS CONCRETOS APTOS A DEMONSTRAR A NECESSIDADE
DA SEGREGAÇÃO. MOTIVAÇÃO GENÉRICA E ABSTRATA.
PRECEDENTES DO STJ. 1. O édito constritivo de liberdade deve ser
concretamente fundamentado, com a exposição dos elementos reais
e justificadores de que o réu solto irá perturbar a ordem pública, a
instrução criminal ou a aplicação da lei penal. Precedentes do STJ. 2.
Recurso provido para revogar o decreto judicial de prisão preventiva
expedido em desfavor do ora recorrente, se por outro motivo não estiver
preso, sem prejuízo de eventual decretação de prisão cautelar
devidamente fundamentada.

(STJ - RHC: 16906 MG 2004/0162823-8, Relator: Ministra LAURITA VAZ,


Data de Julgamento: 16/12/2004, T5 - QUINTA TURMA, Data de
Publicação: --> DJ 28/02/2005 p. 340)
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C) DA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E APLICAÇÃO DA LEI PENAL

Sabe-se que a prisão no Ordenamento Jurídico Brasileiro somente pode ser


decretada em última hipótese; a prisão tem caráter de ultima ratio. Quanto à prisão
preventiva, tem-se que esta somente pode ser decretada como garantia da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para
assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e
indício suficiente de autoria (art. 312 CPP).
Na decretação da prisão preventiva, o juízo não deve se ater, simplesmente,
na gravidade do delito hipoteticamente imputado, mas sim nos requisitos
enumerados taxativamente pelo mencionado art. 312 do CPP. Conforme será
demonstrado a seguir, não restou configurado os requisitos para a decretação da
prisão preventiva.
Contudo, a autoridade judicial converteu a prisão em flagrante em
preventiva, sem qualquer fundamentação plausível. Sua Excelência, simplesmente,
fundamentando a conversão, limitou-se a afirmar que:

“Permitir a soltura dos acusados é estimular o prosseguimento da atividade


criminosa, gerar a sensação de impunidade, trazer revolta e insegurança
para a população, dai porque como garantia da ordem pública e para
assegurar aplicação da Lei Penal, converto a prisão em flagrante de Paulo
Pedro Rosa, Caio Sobral, Mévio Cabral e Fábio Jorge Cruz em Prisão
Preventiva.”

Observa-se, que o magistrado não demonstrou razões objetivas, tampouco


motivos concretos, que justificassem a respectiva decisão.
Sobre o tema, é uníssono o entendimento jurisprudencial. Não basta como
fundamento dizer que é para garantia da ordem pública, por conveniência da
instrução criminal e/ou para assegurar a aplicação da lei penal, repetindo a letra fria
da lei (NILTON RAMOS, 2002).

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Vejamos o que já decidiu a jurisprudência:

“PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA.


PRESSUPOSTOS. FUNDAMENTAÇÃO INSUFICIENTE. A prisão
preventiva, medida extrema que implica sacrifício à liberdade individual,
concebida com cautela à luz do princípio constitucional da inocência
presumida, deve fundar-se em razões objetivas, demonstrativas da
existência de motivos concretos, suscetíveis de autorizar sua imposição.
Meras considerações sobre a periculosidade da conduta e a gravidade
do delito, bem como à necessidade de combate à criminalidade não
justificam a custódia preventiva, por não atender aos pressupostos
inscritos no art. 312, do CPP. Recurso ordinário provido. Habeas Corpus
concedido.” (RHC nº 5747-RS, Relator Ministro Vicente Leal, in DJ de
02.12.96, p. 47.723).

Conforme já citado, não se vislumbra neste caso concreto, de antemão,


quaisquer motivos autorizadores da custódia preventiva.
Em primeiro lugar, tem-se que a ordem pública não se encontra
comprometida em uma provável soltura do requerente. Ora, não é razoável pensar
que um cidadão que jamais foi réu em qualquer outro processo, sendo, portanto, réu
primário e de bons antecedentes, venha por em risco a ordem pública.
Inclusive, o entendimento do STJ é no sentido de que “a prisão para garantir
a ordem pública tem por escopo impedir a prática de novos crimes (…) Clamor
popular, isoladamente, e gravidade do crime, com proposições abstratas, de cunho
subjetivo, não justificam o ferrete da prisão, antes do trânsito em julgado de eventual
sentença condenatória”.
Assim, pode-se concluir que no caso em análise não há que se falar em
manutenção da prisão pelo argumento da ordem pública; Excelência, o judiciário não
pode manter detido ao nosso lamentável sistema prisional – reconhecido pela
contínua violação de direito humanos – indivíduo sem qualquer histórico de violação
da paz social e de prática de outros crimes.

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Tampouco se afigura razoável fundamentar a prisão do requerente ao
argumento legal da devida aplicação da lei penal. Este fundamento visa impedir que
o agente obstasse a aplicação da lei, como, por exemplo, o rico de evasão,
inviabilizando futura execução da penal.
Ora, excelência, como já relatado por diversas oportunidades, o requerente
não tem qualquer histórico criminal, nunca praticou qualquer crime, e contra ele não
pode militar, sem qualquer evidência séria e concreta – devidamente demonstrada
nos autos – mera presunção de que, talvez em liberdade, venha a obstar a instrução
criminal.
Caso contrário, todo cidadão que, por algum motivo, vier a cometer algum
delito teria que ficar detido preventivamente, uma vez que recairia sobre ele a dúvida
quanto à obstrução da instrução criminal, o que não se mostra razoável em nosso
Estado Democrático de Direito que tem como princípio fundamental o da Presunção
de Inocência.
Ademais, não há quaisquer elementos objetivos que indicam a possibilidade
de o requerente burlar a aplicação da lei pena.
Assim, conclui-se pela evidente falta de fundamentação para a manutenção
da prisão cautelar, visto que não há qualquer conduta do requerente que autorize o
decreto preventivo.

D) DA POSSIBILIDADE DE CONVERSÃO EM MEDIDA CAUTELAR DIVERSA DA


PRISÃO

A prisão cautelar pode ser convertida em qualquer outra medida cautelar


diversa da prisão com fulcro no art. 319 do CPP, sendo a privação da liberdade do
indiciado somente em última hipótese.

In, Verbis, o art. 319 do CPP:

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Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas
pelo juiz, para informar e justificar atividades;
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado
permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela
permanecer distante;
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja
conveniente ou necessária para a investigação ou instrução;
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o
investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos;
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza
econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para
a prática de infrações penais;
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados
com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser
inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de
reiteração;
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o
comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento
ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; (Incluído pela Lei nº
12.403, de 2011).
IX - monitoração eletrônica.

Portanto, com firmamento nas balizas constitucionais, garantias firmadas


pelo Constituinte, o acusado, possui direito de responder a todo o processo em
liberdade, em razão da não necessidade da medida cautelar prisional, conforme
demonstrado.

III - DOS PEDIDOS

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Por todo exposto, requer:

A) A revogação da prisão preventiva decretada em desfavor de Fábio Jorge


Cruz, com fulcro no artigo 316 do CPP, por não subsistir o pressuposto da
necessidade de garantia da ordem pública e aplicação da lei penal (artigo 312 do
CPP), com a consequente expedição do Alvará de Soltura;

B) Subsidiariamente, requer que seja a prisão preventiva substituída por


uma das medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP.

Nestes Termos,
Pede deferimento.

Jaru-RO, 10 de Dezembro de 2018.

AMANDA SILVA POSMOSSER REIS


OAB/RO Nº 1.860

ERIKA PINHEIRO AUS


OAB/RO Nº 4.571

MARIA LUIZ TORREJON SERRANO


OAB/RO Nº 5.329

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