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Intelectuais da Igreja na Baixa Idade Média: nas Universidades.

Vitor Reis e Renato Queiroz.

Resumo:

Este artigo tem como assunto central. Os Intelectuais na Idade Média, e trazendo todo
o seu contexto histórico. Na Baixa Idade Média, e tratando especialmente dos
Intelectuais nas Universidades Européias. Sua origem, sua importância. E como a
Universidade se tornou uma grande questão política e cultural.

Summary:

This article has as its central subject. Intellectuals in the Middle Ages, and bringing all
their historical context. In the Middle Ages, and especially in the case of Intellectuals in
European Universities. Its origin, its importance. And as the University became a major
political and cultural issue.
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A Sociedade Européia Medieval era plural, como em todo momento histórico


teve questões culturais, religiosas, institucionais que deixaram cicatrizes fortíssimas de
herança nas gerações vindouras. O Período que nomeado de a Noite de Mil Anos,
pelos Iluministas dura cerca de dez séculos (V-XV). Dois pontos são de destaque:
primeiro, que para muitos Historiadores é considerada uma extensão da Idade Antiga.
E segundo, sobre esta Sociedade que será construída a Europa Moderna.

O fim da Idade Média é um período de agitação. A queda do surto


demográfico, depois o seu refluxo agravado pelas fomes a pestes, das quais
a de 1348 foi catastrófica, as perturbações na alimentação da economia
ocidental em metais preciosos que provocam fome de prata e depois de
ouro, fome agudizada pelas guerras – guerra dos Cem anos, guerra das Duas
Rosas, guerras Ibéricas, guerras italianas -, tudo concorre para acelerar a
transformação das estruturas econômicas e sociais do Ocidente. A evolução
da renda feudal, que massivamente assume forma monetária, perturba as
condições sociais. Aprofunda-se o fosso que separa as vítimas dos
beneficiários desta evolução. A linha divisória passa pelo centro das classes
urbanas (LE GOFF, 1984, 125).

Para Franco Cambi, O “Outono da Idade Média” 1 chega devido ao desequilíbrio


que entra a Baixa Idade Média. É em meio a todo esse caos. É o Poder Político que vem
socorrer O Poder Econômico. A tal ponto que ocorre uma simbiose entre e Poder
Político e o Poder Econômico, onde não se enxerga. O Primeiro e o Segundo e nem tão
pouco o seu início e o seu fim. Pois, a Idade Média é uma Sociedade de pouco ou
nenhuma mobilidade social. Dependendo de relações interpessoais com o Rei e a
Nobreza, para mover-se socialmente. E é Jacques Le Goff, que nos esclarece isso:

O poder político vem em auxílio das forças econômicas. Durante séculos vai
sustentar o Antigo regime. É a era do Príncipe. É servindo-o, fazendo, poder,
seu funcionário ou cortesão, que se ganha riqueza, poder, prestígio.
Compreenderam-no os antigos poderosos, que se ligam às tiranias e às
monarquias ao mesmo tempo em que outros homens vindos de novo, que
se insinuam entre eles graças ao favor do príncipe.

Neste contexto vai desaparecer o Intelectual da Idade Média. O Primeiro


plano da cena cultural vai ser ocupado por uma nova personagem; o

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Nome dado por Franco Cambi a Baixa Idade Média, na sua obra: História da Pedagogia.
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Humanista. Mas este só no fim dará o empurrão que fará desaparecer o seu
antecessor (LE GOFF, 1984, 126).

Para Maria L. de Arruda Aranha, as Universidades Medievais são uma releitura


das Universidades Superiores da Idade Antiga, que serve como um paradigma para a
cultura. Assim, a Universidade não tinha conotação alguma ligada a ensino ou
Educação. No entanto, representava toda e qualquer Assembléia Corporativa de
profissionais, que acaba sofrendo influencia burguesa esperançosa de mobilidade
social.

Ambos, Le Goff e Aranha são unânimes quando destaca Pedro Abelardo como o
mais atraente dos Intelectuais da Idade Média, quando se fala em poder de discursar.
No Século XII as Universidades tendem a reler-se internamente para dar conta de
atender os novos atores sociais medievos, que a cada instante modernizava-se. Assim,
que conforme aumenta o status da Universidade muda no tempo. A Instituição passa a
ser alvo de disputa entre os reis e a Igreja, isso é um fenômeno quase que universal no
tempo medievo.

Figura 1: Mapa das Universidades medievais 2

Veremos um resumo das Universidades:

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Origens Históricas da Universidade Ocidental: das Corporações à Formação dos Intelectuais (séculos
XIII e XIV). Bluma Salomão. Professora da FFSD, UNESA e UCAM. Mestre em Educação (UERJ).
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A universidade mais Antiga que se tem notícia talvez seja a de Salerno, na


Itália, que oferecia o curso de Medicina, desde o século X. No final do século
XI (em 1088) foram criadas as universidades de Bolonha, na Itália
especializada em Direito, e no século seguinte, a de Teologia, em Paris. Na
Inglaterra destacam-se a de Cambridge e a de Oxford, com predominante
interesse estudos pelos estudos científicos como matemática, física e
astronomia. Outras formam criadas em Montpellier, Salamanca, Roma e
Nápoles. Nos territórios Germânicos, as Universidades de Praga, Viena,
Hiedelberg e Colônia só aprecem ao final do século XVI. Ao longo da Idade
Média foram fundadas mais de oitenta na Europa Ocidental (ARANHA, 2006,

110 p.).

Para acrescentar no assunto da origem das Universidades. Segundo Mario


Alighero Manacorda, a origem se situa no anseio de Clérigos em busca Mestres
famosos, que deste nasce o fenômeno chamado Clerici Vagantes. Condenado pelas
Autoridades Eclesiásticas.

Segundo Antonio Gramsci, na sua obra: A formação dos Intelectuais. Todo e


qualquer grupo social tem seus Intelectuais. Portanto é algo enigmático conceituá-lo.
Existem dois padrões triviais. O primeiro é o Intelectual Orgânico. Esse é oriundo de
uma categoria importante do modelo de produção vigente. O Empresário Capitalista é
um padrão deste modelo de intelectualidade, ainda que sendo da prateleira de cima
do resíduo social, é um orientador e direcionador das massas. Ocorre uma situação
relacional da atividade intelectual e a própria sociedade
Prosseguindo, Gramsci em sua obra destaca outra categoria de Intelectuais: Os
Eclesiásticos. Destacando que, para Gramsci em toda a sociedade existem Intelectuais
Tradicionais. E o resíduo de ideologias econômicas, ou seja, os novos Intelectuais – são
os Revolucionários.

No pensamento de Gramsci ocorreu um domínio dos Intelectuais Eclesiásticos,


na Noite Gótica, na Noite de Mil anos – Idade Média. Tudo que tocavam dominavam
como um grande polvo: a Ciência; a Justiça; a Moral; a Filosofia; a Escola; o Ensino. E
todas as Instituições que pudesse erguer um poder concorrente. Tornando-se uma
Intelectualidade Orgânica com estreitos laços com dominadores Sociais. Tudo isso
tinha um preço, as rivalidades se aguçaram. Nesse período arvora também a
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Aristocracia Togada. Conjuntamente, a pluralidade de Mentalidade Tradicional é uma


ajudadora mútua na história, para se conservarem independentes e ornados de um
memorial autônomo.

No Ponto de vista de Gramsci é errôneo o Trabalho Intelectual do conjunto de


relações sociais. Igualmente, cada respectivo grupo que os representam – admiti toda
a complexidade orgânica e generalista da Sociedade. Todos nós seres humanos somos
Intelectuais, e discordando em suas posições profissionais. A separação é devido a
referendar-se ao caráter profissional. Assim para Gramsci não existe o não intelectual.
A divisão social do trabalho é a expressão da fragmentação da Sociedade. A
desigualdade social atinge e divide o trabalho intelectual e manual; citadino e
campestre. Assim. O tipo de divisão de trabalho corresponde á estrutura de Classes da
Sociedade.

Como os universitários enobreceram-se? Primeiramente, tornou-se uma Classe


ou Estamentos de privilégios. Em meio a um tempo tão áridos economicamente, eles
lucram com os pagamentos de lições. Mesmo com a oposição da Igreja. Originam-se
uma redução de ensino gratuito nas universidades, com base me seus respectivos
estatutos.

Assim se extingue essa alimentação das universidades em estudantes de


condição modesta, que tinham sido o fermento das faculdades. A partir de
então, não mais a elas terão acesso, a não ser aqueles que forem
sustentados por um protector desejoso de retê-los junto de si ou aqueles
que se contentarem com uma existência de boêmia onde as ambições
intelectuais são secundária – um Villon ( LE GOFF, 1984, 127p.)

Um exemplo de excentricidade ocorreu na decisão dos Doutores em Direito da


universidade de Pádua. Mostra à proporção que as coisas tomaram na relação Mestre-
Estudante. Por volta de 1400 elaboram um estatuto, que estabelecem uma escala
gradativa de aumento de remuneração dos Mestres, de contra partida os Estudantes
Bolsistas mantém suas Bolsa congeladas. Isso mostra outra simbiose entre a Política
Universitária e a Economia Européia de 1450-500. Essas Autoridades quando tomam
tal atitude, com o objetivo de não estabelecer ligação entre o custo de vida e os
salários. Percebe-se uma ligação estrita entre economia e Educação. Os Universitários
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flutuam em torno de Estamentos Sociais que vivem de modo econômico feudal: quer
feudal-tradicional; feudal-senhorial e feudal-capitalista. Até porque é deste modelo
econômico que os Universitários construíram suas maiores fontes de renda. Mesmo
em meio aos caos Social, que vivia a Idade Média do século XIII em diante. A vida de
Universitário não era tão glamorosa assim, existe outro lado da moeda:

Assiste-se à decadência da riqueza de numerosos Universitários, casa e


terras vendidas uma a uma. Daí a obstinação no recebimento de outros
proventos: pagamentos dos estudantes, salários devido aos exames. Daí
também a renovação de parte do pessoal universitário, com base nas suas
possibilidades econômicas. Daí, finalmente, as razões de natureza financeira
que lavarão os universitários para novos centros de riqueza, para cortes dos
príncipes e dos mecenas eclesiásticos ou laicos (LE GOFF, 1984, 129p.)

Quando olhamos a Sociedade Medieval pelo prisma, de Durkheim os


Intelectuais estavam inseridos em uma Sociedade de pouca mobilidade, de uma
Solidariedade Mecânica, ou seja, o indivíduo é tratado como coisa. Uma Sociedade
com o Direito Repressivo (baseado em prevenções); sem a divisão social do trabalho; a
Consciência era pequena; as funções no trabalho eram iguais; uma Sociedade com
pouca diferenciação social; uma Sociedade Linear e menos dependente que a
Moderna.

A Sociedade Medieval baseada na diferença entre a superioridade do Clero e


Nobres por situarem no primeiro Estamento Social. Na lógica do tempo Medievo é
natural. O Sociólogo Marx Weber, o Estamento é baseado em tradição; sangue;
Família; é um grupo restrito; o dinheiro na lhe dá acesso, e esta Sociedade é adestrada
com o a dominação tradicional . O Social e Político atingiram questão da Educação.
Agora, na Educação ergue-se uma espécie de Nobreza. Constrói-se toda uma estrutura
para se acomodar-se sobre ela sem maiores problemas.

Em Pádua é decretada em 1394 a entrada gratuita no colégio dos juristas


para todo doutor que pertença à descendência masculina de um doutor,
mesmo que um dos intermediários não tenha sido doutor. Em 1409 precisa-
se que um filho de doutor deve ser sujeito a exame gratuitamente. Esta
formação de uma Oligarquia Universitária contribuía simultaneamente para
reduzir significativamente o nível intelectual e para conferir ao meio
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universitário uma das características essenciais da nobreza: a


hereditariedade. Constituía-se uma casta (LE GOFF, 1984, 129p.).

Os Universitários adotam uma vida que muitas vezes não podiam sustentar por
muito tempo era um risco a ser corrido, pois queriam conquistar a Nobreza. E move se
todas as peças do tabuleiro para fazer parte da mesma.

Para ascenderem a uma aristocracia, os universitários adoptam um dos


habituais dos grupos e dos indivíduos dos grupos e dos indivíduos para
ingressarem na nobreza [...]

Dos seus hábitos e dos atributos da sua função faz em símbolos de nobreza.
A cátedra, cada vez mais decorada de um espaldar de características
senhoriais, isola-os, exalta-os, glorifica-os [...]. As casas dos universitários
tornam-se luxuosas [...]. Os túmulos são verdadeiros monumentos [...] (LE
GOFF, 1984, 130p.).

Para Le Goff, a Ciência tornou-se uma ferramenta de poder político e


econômico. São os Intelectuais que volumeiam as fileiras que faz distanciamento entre
o trabalho manual do intelectual – divide as profissões. Efetua-se uma separação
oficial entre o técnico e o científico. Toda essa aristocratização da Sociedade desdobra-
se no grau de importância que ganha a Instituição chamada Colégio. Muitos são
notáveis sem dúvida tomam uma proporção institucional incrível. Todavia, o grande
destaque ainda eram as Universidades.

As universidades tornavam-se assim potências ancoradas no meio do


temporal, proprietários cujas preocupações econômicas a administração dos
negócios corporativos, das casas senhoriais. Os selos que haviam sido a
insígnia da corporação transformavam-se nas armas da dama (LE GOFF,
1984, 134 p.).

Outro ponto a ressaltar é a Escolástica, que é mais nobre das expressões da


Filosofia Cristã Medieval. Seu auge é no século XII-XIII. Assim, nomeada por se
lecionada nas Escolas. Scholacsticus era o nome dado a quem lecionava das artes
liberais, que mais a frente atingiria os professores e Teologia Filosofia, sobre uma nova
nomenclatura magister. A Escolástica cumpre um grande papel para os Intelectuais na
Idade Média.
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Após o trabalho enciclopédico dos sábios da primeira parte da Idade Média,


a escolástica iniciou a sistematização da doutrina, recorrendo cada vez mais
ao concurso da razão. As Universidades serão o foco, por excelência, dessa
fermentação intelectual. Até entre os fiéis, mesmo quando não se
desprezava a religiosidade, o gosto pelo racional se tornava evidente.
Enquanto na Idade Média, com a urbanização, a sociedade tornou-se mais
complexa e as heresias aumentaram, prenunciando as rupturas na unidade
secular da Igreja (ARANHA, 2006, 114).

O Divórcio entre a razão e a fé tem como referencial o franciscano Guilherme


de Ockham. É a partir dele que a Teologia começa se perseguida pela Escolástica.
Nasce uma busca pela estabilidade “Fe-razão”. A Origem da separação está em Duns
Escoto. Para Duns Escoto, Deus é um ser tão acima da percepção humana, que razão
humana não tem como dimensioná-lo. Pois, Deus está no cerne da Teologia, e
conseguintemente fora do alcance da razão. Ockham conduz a ideia de Duns Escoto, e
depois de Ockham as questões redimensionam-se.

Depois de Ockham, as questões diminuem em número e concentram cada


vez mais sobre a omnipotência e o livre arbítrio. Simultaneamente rompe-se
todo e qualquer equilíbrio entre a natureza e a graça. O homem pode
cumprir com tudo aquilo que Deus exige dele, mesmo que esteja fora da
graça. O ensino dogmático perde todo o alcance. O conjunto dos valores
acha-se subvertido. O bem e o mal já se não excluem necessariamente. As
forças humanas não podem ser discutidas senão em termos naturais,
confrontadas com a experiência (LE GOFF, 1984, 137p.).

O grande acontecimento a destacar é que muitos dos Sábios Medievos tinham


Instituições de grande destaque, que num determinado momento sai da inércia
medieval, e rumam para escavara às bases do Renascimento. Que é fruto de embate,
releitura, e inovação de diversas ideologias. A Escolástica é sepultada pela Ciência
Racional sem sequer ter um enterro de honras. Consequentemente, os Universitários
se unem a Espiritualidade Humanística.

Resta acrescentar que eles contribuíram poderosamente para o descrédito


do racionalismo que, ele, teria sido capaz de moldar os espíritos dos
intelectuais e de lhes dar, mais cedo, hábitos mentais e métodos necessários
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ao progresso da ciência. Enveredaram por becos sem saída (LE GOFF, 1984,
139 p.).

As ideias políticas e o momento histórico do final da Idade Média elevam as


Universidades de simples Instituições de “debates” para uma Instituição Política,
ativista. Uma referência a inspiração de um sentimento romântico nacional. Pois,
contribuem para uma nova ideia de Estado. Vem á tona uma busca pela afirmação de
um: Estado Laico, Autônomo, que tinha como principal meta era o divórcio do Direito e
a Moral.

O Estado todo-poderoso reivindica todos os direitos relativos à vida social


cuja unidade é fortemente proclamada, detém o poder legislativo,
executivo, jurídico. É universal: num dado território nenhum súbdito pode
escapar á autoridade do príncipe. Concretamente, o Estado laico não se
satisfaz com a rejeição da Igreja para o domínio espiritual; reclama para si
mesmo a uma missão espiritual, o direito de administrar também esse
domínio (LE GOFF, 1984, 147 p.).

As Universidades com essas ideias darão muitos frutos, e dentre eles muitos
arautos, ainda que paradoxais, e divergentes como: Maquiavel; Lutero; Hobbes;
Rousseau. Todavia, o grande destaque é Ockham, devido as suas ideias visionárias no
século XIV.

As teorias políticas de Ockham e o averroísmo político se defendem uma


tese extrema ultrapassando em muito as condições do século XIV, mas que
teve um eco considerável – estão de acordo com uma tendência geral da
reflexão intelectual aplicada ao exame da evolução política. Essa tendência,
toma partido pela fragmentação da cristandade. Adopta o particularismo (LE
GOFF, 1984, 147 p.).

A universidade de Praga é primeira que podemos chamar da Nacional. É


erguida em um ambiente turbulento. A Instituição não é diferente das outras
Universidades é dominada pelos Mestres e Estudantes Alemães. E se multiplicam
quando se mudam de Paris na época do Grande Cisma. Agora, tem embates étnicos e
corporativistas. Os Estudantes Alemães não tardam a erguer Leipzig, e a deixar Praga.
Outra Instituição de destaque é a universidade de Paris, que tem codinome de “a Filha
mais velha do rei da França” e a grande Juíza Teológica. A sua reputação é
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imensurável, mais ainda tem uma relação íntima como o Papado. Mas, ela não escapa
do efeito do Cisma – desequilibra-se, tendo que fazer uma escolha. Fica com o Papa da
Avinhão. Ao mesmo tempo, que tem o amparo papal, quer uma relação mais direta e
íntima coma a Monarquia.

Assim, as Universidades triunfam no Concílio de Constança e é apenas uma


figura decorativa do Concílio da Basiléia. As Universidades se abriram ao Humanismo
ao se distanciarem do domínio Papal. Os Humanistas viviam sob a diretriz monárquica:
servia-a diariamente; no silêncio dos Castelos; na tranqüilidade; na ociosidade. “Assim
abandonam os humanistas uma das tarefas fundamentais do intelectual, o contacto
com a massa, a ligação entre a ciência e o ensino” (LE GOFF, 1984, 165 p.). Este colapso
só chega ao fim com a Contra-Reforma. Ainda na questão dos humanistas é só
observar como Le Goff descreve-o sinuosamente:

...Se o Intelectual da Idade Média acabou por atrair a sua vocação para
cientificamente, fê-lo renegado a sua própria natureza. Humanista toma
abertamente o espírito, o gênio por divisa, mesmo quando fraqueja sobre os
textos ou quando a sua eloqüência soa falso. Escreve para os iniciados...

Sim o ambiente que nasce o humanista é muito diferente do buliçoso


estaleiro urbano – aberto a todos, interessado em fazer progredir
simultaneamente todas as técnicas e em unificá-las numa economia comum
– em que se formara o intelectual medieval.

O meio ambiente do humanista é o do grupo, da Academia fechada e


quando o verdadeiro humanismo conquista Paris não é ensinado nas
Universidades, mas nessa Instituição destinada a uma elite: o Colégio dos
Leitores Reais, o futuro Colégio da França (LE GOFF, 1984, 161 p.).

Outro grande nome re forçar a posição de Le Goff, quanto ao Humanismo é


Manacorda na particularidade que tem o humanista:

Humanismo nasce aristocrático, e, embora nenhum outro movimento


cultural tenha dedicado maior atenção, todavia o renovado contato com
os clássicos gera nos novos intelectuais uma aversão não somente pela
cultura medieval, mas também pela sua forma tradicional de transmissão, a
escola (MANACORDA, 2006, 175p.).
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Em suma, a Universidade é uma Instituição chave para entender a


Intelectualidade da Sociedade Medieval. É o centro da Intelectualidade, e uma peça
importante que passa a interessar o Papado e o Rei. A Universidade e os Intelectuais
sofrem com os acontecimentos externos como os próprios fenômenos sociais: O Cisma
do Oriente e o Humanismo. Mas, elas estavam sempre sofrendo releituras. Uma
Instituição que começa com a função de debate se transforma utilidade, e ás vezes em
árbitra teológica. Ganham status e força. E sem dúvida, que os principais intelectuais
da Idade Média saíram das Universidades.
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Bibliografia:

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação de da Pedagogia: geral e


do Brasil. 3ª Ed. Ver e ampli. São Paulo. Moderna, 2006.

CAMBI, Franco. História da Pedagogia. Tradução: Álvaro Lorencini. São Paulo.


Fundação Editora da UNESP (FEU), 1999.

LE GOFF, Jacques. Os Intelectuais na Idade Média. Tradução: Margarida Sérvulo


Correia. 2ª Ed.? Editora Gradiva, 1984.

GRAMSCI, Antonio. A Formação dos Intelectuais. Tradução e notas: Serafim


Ferreira. Editora Robson Achimé, Rio de Janeiro?

MANACORDA, Mario Alighiero. História da Educação: da antiguidade aos


nossos dias. Tradução: Gaetano Lo Monaco; revisão da tradução Rosa dos Anjos
Oliveira e Pablo Nosella. 12ª Ed. São Paulo. Cortez, 2006.

QUINTANEIRO, Tania et al. “Um toque de clássicos: Marx; Durkheim; Weber.


ED. UFMG, Belo Horizonte, 2007.

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