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CADASTRE-SE ENTRAR FALE CONOSCO quinta-feira, 23 de julho de 2020
ISSN 1983-392X
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Nos dias atuais, não pairam dúvidas sobre a funcionalização dos institutos fundamentais do
Direito Civil, e do sistema jurídico como um todo, à luz dos valores e princípios consagrados
na Constituição Federal de 1988.
Consolidando o ser humano como valor maior do ordenamento e a dignidade humana como
princípio fundamental do Estado Democrático de Direito, a Constituição Federal garantiu,
como objetivo fundamental da República, a promoção de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, inciso IV), além de
estabelecer a igualdade, em direitos e obrigações, entre homens e mulheres (art. 5º, inciso
I).
Não se pode negar que o caminho percorrido em busca da igualdade entre mulheres e
homens foi pavimentado por longos anos de luta e marcado pela forte resistência do
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23/07/2020 A inconstitucionalidade do art. 1736, II, do Código Civil - Migalhas de Peso
conservadorismo e do patriarcado, tampouco ignorar a influência destes, até hoje, nas bases
estruturadoras das relações sociais e políticas.
Toma-se como exemplo o seu art. 1.736, inciso I, que, reproduzindo parcialmente a previsão
contida no art. 414, inciso I, do Código anterior, estabelece que as mulheres casadas podem
se escusar do exercício da tutela.
Não por outro motivo, o Enunciado 136 da I Jornada de Direito Civil do CJF propôs a
revogação do inciso I do art. 1.736 do Código Civil, sob o fundamento de que “não há
qualquer justificativa de ordem legal a legitimar que as mulheres casadas, apenas por essa
condições, possam se escusar da tutela”.
Como se vê, a luta pela igualdade entre mulheres e homens segue sendo uma tarefa
constante. Longe de esgotar as discussões sobre o tema, a reflexão que aqui se propõe é a
de questionar, para muito além das normas jurídicas vigentes e suas bases, o papel que é
reservado às mulheres nos espaços de criação e discussão do direito, sob pena de se
reproduzir, continuamente, regras, práticas e discursos discriminatórios.
_______________
1 TEPETINO, Gustavo e TEIXEIRA, Ana Caroline Brochado. Fundamentos do Direito Civil – Vol.
6: Direito de Família, 1ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2020, p. 398.
______________
*Ana Caroline dos Santos Accioli é advogada (UERJ). Pós-graduanda em Direito das
Famílias e das Sucessões pela PUC-Rio.
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