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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA - UNIVERSO

ANTROPOLOGIA

CANDOMBLÉ

CARLOS MAGNO
ELIÚDE ROSA
ERIVALDO COSTA
HIVES BITTENCOURT TRINDADE
JAÍSE BASTOS
JUTORIB BITTENCOURT TRINDADE

SALVADOR (BA)
2007
2

Especialização em Direito

Pesquisa sobre

a cultura religiosa do Candomblé

apresentado para complementação

da avaliação da disciplina Antropologia,

ministrada pelo Professor Jorge Cruz.


3

“No candomblé, é a gente que se


supera, não tem que superar o outro”.

Mãe Stella de Oxóssi


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5

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................7

As Casas....................................................................................................................7

Consciência Negra.....................................................................................................7

Os mitos.....................................................................................................................7

2. CONCEITO................................................................................................................8

Etimologia da palavra Candomblé.............................................................................8

Nasce o Candomblé...................................................................................................8

No Brasil.....................................................................................................................8

3. NAÇÃO......................................................................................................................9

Origem........................................................................................................................9

Nações mais conhecidas...........................................................................................9

4. ORIXÁS......................................................................................................................9

Candomblé da Nação Ketu........................................................................................9

Relação dos Orixás com a Igreja.............................................................................10

Os Orixás e as cores................................................................................................10

Controvérsias históricas...........................................................................................11

5. ENTREVISTA..........................................................................................................11

Entrevista com Mãe Stella de Oxossi......................................................................11

6. CULINÁRIA.............................................................................................................13

Chamariz..................................................................................................................13

7. A HIERARQUIA.......................................................................................................14

Babalorixá “Pai” e Iyalorixá “Mãe”............................................................................14

8. TERREIROS DA BAHIA.........................................................................................14
6

Casa Branca............................................................................................................14

Gantois.....................................................................................................................14

Ilê Axé Opô Afonjá...................................................................................................15

9. AS FORÇAS DE IWÁ, AXÉ E ABÁ........................................................................15

Deus Pai Criador de tudo e de todos.......................................................................15

Iwá............................................................................................................................15

Axé...........................................................................................................................15

Abá...........................................................................................................................15

10. PONTOS NEGATIVOS DA ANTROPOLOGIA.....................................................16

Pesquisas desastrosas............................................................................................16

Equívocos.................................................................................................................16

11. BIBLIOGRAFIA......................................................................................................17
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1. INTRODUÇÃO

As Casas

No Brasil, em cada templo religioso são cultuados todos os Orixás,


diferenciando que nas casas
grandes tem um quarto
separado para cada Orixá,
nas casas menores são
cultuados em um único
quarto de santo (termo
usado para designar o
quarto onde são cultuados
os Orixás).

Consciência Negra

No dia 20 de novembro é comemorado o Dia Nacional da Consciência Negra,


data da morte, em 1695, do líder da resistência negra Zumbi. Que representou a luta
desse povo que sofreu e sofre com a escravidão, foi traficado e comercializado
como animais. Esse povo até hoje luta pela sua identidade e as relações raciais, que
nos presenteou com uma rica cultura, a exemplo da religiosidade, comidas, além
das várias heranças que recebemos da cultura negra no Brasil.

A abordagem realizada neste trabalho irá dividir com o leitor uma cultura
advinda do povo africano, na disseminação da cultura da religiosidade desse povo, o
candomblé.

Os Mitos

Dificilmente se lê um livro ou artigo sobre as religiões dos orixás sem que um


ou mais mitos sejam citados, uma vez que os valores e ritos dessas religiões
repousam num conhecimento místico.

No Candomblé e em outras variantes regionais da religião dos Orixás no


Brasil, na África e em Cuba, os mitos justificam papéis e atributos dos Orixás,
explicam a ocorrência de fatos dos dia-a-dia e legitimam as práticas rituais, desde as
fórmulas iniciativas, oraculares e sacrificais até a coreografia das danças sagradas,
8

definindo cores, objetos, alimentos, etc. A associação a algum desses aspectos é


que dá vida ao mito, é sua prova de sentido.

2. CONCEITO

Etimologia da palavra Candomblé

É uma palavra de origem Yoruba1 que significa festa, ou nome que se dá ao


local onde são realizadas as festas. Esse termo acabou por designar o conjunto de
crenças religiosas das diversas etnias africanas, reunidas no Brasil em
conseqüência do processo de escravidão.

Nasce o Candomblé2

“Os humanos faziam oferendas aos Orixás, convidando-os a Terra, aos


corpos das “iaôs”.

Então os Orixás vinham e tomavam seus cavalos.

E enquanto os homens tocavam seus tambores, vibrando os batas e agogôs,


soando os xequerês e adjás, enquanto os homens cantavam e davam vivas e
aplaudiam, convidando todos os humanos iniciados para a roda do “xirê”, os orixás
dançavam, dançavam e dançavam.

Os Orixás estavam felizes.

Na roda das feitas, no corpo das iaôs, eles dançavam, dançavam e


dançavam.

Estava inventado o Candomblé.”

No Brasil

Este culto, no Brasil, é similar ao culto praticado na África, em que o principal


quesito para se ingressar em seus mistérios seria a iniciação. Na África a iniciação é
feita vezes em plena floresta, no Brasil foram estabelecidas mini África, ou seja, a
1
O yoruba é o segundo grupo étnico em maioria  da Nigéria, compreendendo aproximadamente
dezoito por cento da população total. Eles vivem a maior parte no sudoeste do país; há também uma
comunidade substancial do yorubá em Benin. É um grupo étnico principal nos estados de Ekiti,
Kwara, Lagos, Ogun, Ongo, Osun, e Oyo. Um número de yoruba vivo na república de Benin,
enquanto em  comunidades pequenas podem ser encontradas , em Togo, em Serra Leoa, no Brasil e
em Cuba.
http://www.orixas.com.br/page002.html - Pesquisado em 01-11-2007
2
PRANDI, Reginaldo – Mitologia dos Orixás. 3ª ed. – São Paulo: Companhia das Letras, 2001. PP
528
9

casa de culto teria todos os orixás africanos juntos, ao contrário da África, no qual
cada orixá está ligado a uma aldeia, ou cidade.

A palavra Candomblé possui dois significados entre os diversos


pesquisadores, o primeiro seria que o Candomblé seria uma modificação fonética de
“Candonbé”, um tipo de atabaque utilizado pelos Angolanos; ou seria “Candonbidé”,
que quer dizer “ato de louvar, pedir por alguém ou por alguma coisa”.

Nos dias atuais, a palavra Candomblé revela-se no Brasil como o culto afro-
brasileiro, ou melhor, a cultura africana no território brasileiro.

3. NAÇÃO

Origem

Por ele ter passado a definir o modelo de cada tribo ou região africana, além
de forma complementar de culto, a palavra nação foi inserida para delimitar aquele
ou outro Candomblé, apesar de não existir como um termo político. Pois, lá esse
termo é desconhecido.

Nações mais conhecidas

Exemplos dessas nações são: Candomblé da Nação Jeje, Angola, Congo,


Nação Muxicongo e Ketu. Sendo que o Candomblé da Nação de Angola e Ketu ou
Alaketu são mais praticados aqui no Brasil. Ketu era uma cidade e esses yorubás
por terem perdido para os Jejes em uma batalha, tornaram-se escravos desses
povos, assim foram vendidos e vendidos para o Brasil. Daí a sua cultura (conjunto
dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e de outros valores
morais e materiais, característicos de uma sociedade) ser presente no Brasil.

4. ORIXÁS

Candomblé da Nação Ketu

Os Orixás do Ketu são


basicamente os da Mitologia
Yoruba. As crenças são
parecidas com as demais nações
do Candomblé em termos gerais.

Os mais conhecidos são:


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 Olorun é o Deus supremo, que criou as divindades, Orishas (orixás);

 Exu guardião dos templos, casas, cidades e das pessoas;

 Ogum o orixá do ferro, guerra, fogo e da tecnologia;

 Oxossi, o orixá da caça e da fartura;

 Xangô o orixá do fogo e trovão, protetor da justiça;

 Obaluaiyê o orixá das doenças epidérmicas e pragas;

 Oxum orixá feminino dos rios, dos ventos, relâmpagos;

 Iemanjá orixá feminino, um dos mais conhecidos, dos lagos, mares e


fertilidade, mãe de muitos Orixás;

 Oxalá é um nome genérico para vários Orixás Funfun (brancos), etc.

Relação dos Orixás com a Igreja

O sincretismo entre os Orixás e os Santos Católicos é muito forte, tanto que é


feita uma relação entre eles, por não poderem diretamente cultuar seus orixás.
Assim, as correspondências de alguns deles ficaram dessa forma:

Iansã – Santa Bárbara Ibejis – Cosme e Damião

Iemanjá – Virg. Maria, N. S. da Conceição Nanan – Santa Ana, mãe de Maria

Oba – Santa Catarina, S. Joana D’Arc Oxalá – Jesus

Oxossi – São Jorge e São Sebastião Oxumaré – São Bartolomeu

Ogum – Santo Antônio e São Jorge Obaluaiyê – São Lázaro e São Roque

Xangô – São Francisco e São Pedro Oxum – N. S. Aparecida

Os Orixás e as cores

Oxalá – Branca Oxossi – Verde Xangô – Marrom

Ogum – Azul Iemanjá – Azul e branco Oxum – Amarelo

Nanan – Lilás Iansã – Vermelho e Rosa Cabloco – Verde

Preto-Velho – Branco Boiadeiro – Marrom e verde Criança – Variadas

Controvérsias históricas
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Nas pesquisas realizadas foi encontrado um relato de Mãe Stella de Oxóssi,


no qual ela criticava essa relação que é feita entre os Orixás e os Santos católicos.
Leia a reportagem e veja argumentação dessa Iyalorixá muito respeitada e avessa à
imprensa e a publicidade falaram para o Jornal da Bahia, explicando a sua posição e
de muitas outras mães-de-santo respeitada, como Mãe Menininha do Gantois, Olga
do Alaketu, Tete de Yansã.

Leia: “- Os Santos e imagens católicas


têm seus valores. Nós não estamos a fim de
deixar de acreditar, por exemplo, em Santa
Bárbara. Um espírito elevado, sem dúvida.
Mas sabemos que Iansã é uma outra energia,
não é Sta. Bárbara. Religião não se impõe,
depende da consciência de cada um. Mas
queremos respeito com o Candomblé. Não
tem nada a ver, por exemplo, arriar-se comida
de Iansã nos pés da imagem de Sta. Bárbara.
Não tem sentido. A comida é de Iansã, é outra
energia, completamente diferente do que é
Sta. Bárbara, entende?”

5. ENTREVISTA

Entrevista com Mãe Stella de Oxossi

Numa manhã de quarta-feira, entre uma consulta e outra, Mãe Stella


de Oxóssi nos recebeu na casa de Xangô e falou sobre o sacerdócio, a história do
candomblé baiano e do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá. A conversa não pôde ser longa,
porque, como sempre, uma fila de pessoas aguardava por seus conselhos. Ao seu
lado, o inseparável pastor alemão. Iniciada na religião dos orixás há mais de 60
anos, Maria Stella Azevedo dos Santos é mesmo uma mulher singular. Assim como
fizeram suas predecessoras no Afonjá, Mãe Stella mantém a tradição religiosa
herdada da África com uma seriedade que faz desse terreiro um referencial para
todo o candomblé. Uma tarefa que, garante ela, a absorve integralmente. A autora
de livros, enfermeira e funcionária pública aposentada têm que dividir o seu tempo
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entre as atividades religiosas, as consultas e as solicitações de entrevistas, palestras


e conferências em vários países. Com voz branda e uma fluência verbal invejável,
ela revela a clareza e inteligência que a tornaram uma líder religiosa respeitada em
todo o mundo. Mas, para as crianças do Afonjá, ela é apenas a “Tia Stella”.

Por Agnes Mariano3

AM - E sobre a casa, o terreiro, como a senhora define? Porque antropólogos,


escritores, visitantes falam muitas coisas. É uma casa religiosa? Tem semelhanças
com uma escola, uma universidade, uma casa terapêutica, onde as pessoas buscam
cura? Como a senhora define o terreiro? É uma família?

MS - A princípio, todo terreiro é uma família, porque é a família espiritual.


Nosso chefe, nosso patrono aqui é Xangô. Então, tudo aqui é feito com as bênçãos,
as determinações de Xangô. Ele não vem e fala, mas, através dos búzios, de certas
práticas, nós podemos contar com ele. Então tudo o que aqui é feito é por orientação
espiritual de Xangô. E, como na vida, a comunidade axé é uma escola. Aqui a gente
aprende o lado espiritual - e o espiritual apenas por si só é importante -, mas não é a
única coisa que existe na sociedade, por isso temos o lado social. Temos o espiritual
e o social. Então esse espaço que nós ocupamos é como se fosse uma pequena
cidade. Uma cidade que já vem do tempo de Mãe Aninha, quando ela caracterizou
aqui como a África, botando uma casa para cada orixá. Enquanto lá, cada orixá tem
a sua tribo, a sua cidade, ela deu um espaço para cada um, onde eles têm seus
rituais, em dias diferentes, separados, cada um seguindo os seus preceitos. E
também a resistência maior da raça negra foi na religião, na crença dos orixás. Se
não fosse assim, a mulher da crença nos orixás não teria essa auto-estima. O
pessoal de candomblé tem auto-estima, o pessoal de candomblé se gosta, gosta de
si próprio e, até por osmose, gosta do irmão, porque os que entram aqui estão todos
sobre orientação de Xangô ou de Oxalá. São todos irmãos e a coisa mais normal do
mundo é que um irmão goste do outro, com raras exceções, mas é normal na vida.

AM - Diariamente vêm pessoas aqui?

MS - Quase que diariamente. O meu dia de atender era quarta-feira, mas é


tanta gente que vem… Fico com pena de ver as pessoas chegarem e voltar
chorando. Eu aí atendo e isso até impede a minha vida social. Eu quase não faço
3
Posted by: Soteropolitanos | 31st Ago, 2007
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mais nada a não ser trabalhar aqui dentro. Virei uma escrava. Mas a compensação é
que a gente tem a sensação do dever cumprido, vê que conseguiu ajudar algumas
pessoas. A gente não se julga onipotente, mas damos graças ao orixá por conseguir
ajudar. Quando nada, o bem-estar. Muita gente vem aqui para nada também, porque
gosta do espaço. Vem, senta-se aí, passa a tarde sentada nesse espaço e vai
tranqüilo. Não toma um banho, não faz nada, só vem pelo axé. Deve ser o astral que
é bom, não é? (Risos). Pronto, iaiá.

(06 de janeiro de 2001)  

6. CULINÁRIA

A preocupação com o comer é uma constante na vida do ser humano,


transformando-se, quase sempre, em sua ocupação principal. A sorte, a ajuda, os
pedidos para uma boa colheita, bela caça, um bom trabalho sempre surgem na
nossa mente.

Tendo como contexto principal a terra e


seus frutos os yorubás basicamente subsistiam
pela colheita do inhame (isu), milho (àgbado),
feijão (ewa), quiabo (ilá) e mandioca (paki). Seus
Orixás assim também comiam, desta integração
surge a força, a base para os pedidos,
agradecimentos, as comidas dos Orixás - ONGE BILE - comidas secas.

Chamariz

O Candomblé gira em torno da culinária, tudo é aproveitado quando feito à


matança, a carne, o couro, além de ser uma maneira de inserir mais adeptos e
mantê-los, é através da boca, pois nada melhor do que um chamariz com iguarias
diversas e saborosas para novos adeptos.

7. A HIERARQUIA

As religiões afro-brasileiras, em particular os Candomblés, se constituíram


como um empreendimento de diversos agentes religiosos, que resultou na formação
de um corpo de sacerdotes responsáveis pela sistematização de um “ethos” (valor)
religioso calçado nas mais diversas tradições africanas.

Babalorixá “Pai” e Iyalorixá “Mãe”


14

Na hierarquia do Candomblé os pais e mães-de-santo dos terreiros de


Candomblé são autenticados como detentores exclusivos de um monopólio na
gestão dos bens sagrados.

Suas autoridades são incontestáveis no âmbito mítico ritual, seus perfis de


liderança são desenvolvidos na dinâmica concreta dos seus terreiros, pela sua
capacidade de manter a estabilidade, controlar os conflitos, de garantir o
recrutamento contínuo e evitar a deserção dos membros e da clientela, processo
que consolida e a prova sua legitimidade pela competência em administrar bens
sagrados.

Eles são a âncora para os fieis, na busca de seus anseios e contra os perigos
que os afligem.

8. TERREIROS DA BAHIA

Casa Branca

O terreiro da Casa Branca é considerado o primeiro Candomblé da Bahia, da


Nação Keto, fundado provavelmente em 1830, segundo os cálculos feitos por Edison
Carneiro, através de três tias, Adetá, Iya Kala e Iya Nassô. Fundada no bairro da
Barroquinha inicialmente e atualmente com a denominação de Ilê Axé Iya Nassô
Oká a Casa Branca esta situada no Engenho Velho. Essa denominação é em
homenagem a sua fundadora que possuía o título honorífico Iya Nassô, do palácio
real de Oyó, a suprema sacerdotisa de Xangô.

Gantois

Outro terreiro que é muito conhecido na


Bahia e que surgiu devido ao descontentamento
de alguns dissidentes da Casa Branca, surgiu a
“roça” do Gantois, devido ao nome dos antigos
proprietários da área. Daí nasce o Ilê Axé Omi
Iyamasse em 1849, onde a memorável Mãe
Menininha foi iniciada e assumiu a liderança do
terreiro aos vinte e oito anos em 1926, até aos 92
anos vindo a falecer em 13 de agosto de 1986.
Ficando conhecida como Mãe Menininha do
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Gantois mundialmente, por seu carisma e agregar personalidades do mundo


artístico e político do país.

Ilê Axé Opô Afonjá

Completando essa tríade de terreiros intrínsecos, essenciais e construtivos no


contexto histórico religioso da Bahia, esta o Ilê Axé Opô Afonjá que esta situada no
São Gonçalo do Retiro no Cabula, antiga área quilombola, fundada em 1910 por
Mãe Aninha que se desligou do Candomblé do Engenho Velho acompanhado de Tio
Joaquim (velho africano que viverá em recife ligado ao Candomblé do Engenho
Velho). Hoje nas mãos de Mãe Stella de Oxóssi “Iya Ode Kayode”.

9. AS FORÇAS DE IWÁ, AXÉ E ABÁ

Deus Pai Criador de tudo e de todos

Olorum que é o princípio de todas as coisas, aquele que distribuiu as


responsabilidades aos orixás, ele é a origem das três forças ou princípios do
universo, Iwá, Axé e Abá.

Iwá

É o ser, o princípio ou a força da existência em geral. Através de Iwá é dado


ás coisas à possibilidade de existência.

Axé

É o princípio que possibilita que a existência desabroche, venha a ser. Axé é


a força da dinâmica de realização ele é o elemento mais importante para a
existência, pois sem ele a existência não teria dinâmica. Esta força é intermediada
pelos Orixás e o receber o Axé dos Orixás é um dos objetivos principais de muitas
atividades religiosas no Candomblé.

Abá

É a terceira das forças de Olorum que sustentam e possibilitam o sistema


Orum-Aiye. Abá acompanha o Axé e dá à dinâmica uma direção, um objetivo, são
intermediados pelos Orixás e podem ser liberados ou reforçados através de várias
atividades religiosas. Seu início e posse permanecem, porém sempre com Olorum.

10. PONTOS NEGATIVOS DA ANTROPOLOGIA


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Pesquisas desastrosas

De acordo com Fábio Lima, certas publicações realizadas por alguns


antropólogos, podem vir a dificultar o acesso de novos pesquisadores aos terreiros
de Candomblé. Ele afirma que isso já vem acontecendo, como na transcrição a
seguir: “[...] alguns pesquisadores não se contentam com as análises sobre a
realidade social estudada e se empenham em revelar os segredos aos quais eles
tiveram acesso. [...]” 4.

No seu histórico o Candomblé é uma religião em que o conhecimento é


repassado de “boca a ouvido”, nos momentos específicos para cada integrante que
se interesse e esteja iniciando na prática religiosa.

Equívocos

A representante do Ilê Axé Opô Afonjá, em uma outra entrevista no Jornal da


Bahia de Salvador datado de 29 de julho de 1983, disse quando indagado pelo
jornalista Vander Prata do J.B. “- a respeito dos artistas, os estudiosos, enfim, a
crescente aproximação da intelectualidade para beber na fonte e depois utilizar o
aprendizado, seja nas artes ou nas teses acadêmicas, sem nada reverter para o
Candomblé. Ela responde: “Os sabidos que andam pelos Candomblés não estão
agindo certo. Não sou contra um pintor pintar Xangô, mas quando ele começa a
utilizar-se disso para ganhar muito dinheiro, para profanar, está errado. Isto tende a
desaparecer, com o crescimento de nossa consciência dentro de nossas casas".”

4
PP. 20 Os Candomblés da Bahia
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11. BIBLIOGRAFIA

PRANDI, Reginaldo – Mitologia dos Orixás. 3ª ed. – São Paulo: Companhia das
Letras, 2001.

LIMA, Fábio Batista – Os Candomblés da Bahia – Salvador: Universidade do


Estado da Bahia / ARCADIA, 2005.

CARNEIRO, Edison – Candomblés da Bahia. 8ª ed. – Rio de Janeiro: Editora


Civilização Brasileira S.A., 1991.

BERKENBROCK, Volney J. – A experiência dos Orixás: um estudo sobre a


experiência religiosa no Candomblé. 2ª ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 1997

http://rycegbe.vilabol.uol.com.br/oque.htm - Pesquisado no dia 01-11-2007

http://soteropolitanosculturaafro.wordpress.com/2007/08/31/entrevista-mae-stella-de-
oxossi/ - Pesquisado no dia 02-11-2007

http://www.geocities.com/ileaxeopoafonja/page4.html - Pesquisado no dia 03-11-


2007

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