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2020 © REDE E INSTITUTO DE PESQUISA OBVIO OBSERVATÓRIO DA VIOLÊNCIA | INSTITUTO MARCOS DIONISIO DE PESQUISA
LICENÇA PADRÃO CREATIVE COMMONS. É PERMITIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTA OBRA, DESDE QUE SEJA CITADA A FONTE E NÃO SEJA PARA VENDA OU
QUALQUER FIM COMERCIAL.
FICHA EDITORIAL
COLABORAÇÃO ESPECIAL
ALEXSANDRA BEZERRA DA ROCHA
CLÁUDIO ROBERTO DE JESUS
GABRIEL MEDEIROS DE MIRANDA
JENAIR ALVES DA SILVA
OBVIO REDE DE PESQUISA ACADÊMICA
OBSERVATÓRIO DA VIOLÊNCIA DO RIO GRANDE DO NORTE
MEMBROS
REDE E INSTITUTO MARCOS DIONISIO DE PESQUISA
ALEXSANDRA BEZERRA DA ROCHA (UFCG)
ALINE GRIMBERG PEREIRA DE MEDEIROS (UFRN)
FICHA INSTITUCIONAL
ANA CATARINA COUTINHO (UFRN)
ANA PATRÍCIA DIAS SALES (UFRN)
PRESIDENTE (IN MEMORIAM)
ANDRÉIA MAGALHÃES DA ROCHA (UFRN)
MARCOS DIONISIO MEDEIROS CALDAS
BÁRBARA NASCIMENTO RODRIGUES (UFPE)
CLÁUDIO ROBERTO DE JESUS (UFRN)
INSTITUTO
IZETE SOARES DA SILVA DANTAS PEREIRA (UERN)
COORDENADOR GERAL
JEAN HENRIQUE COSTA (UERN)
OSWALDO GOMES CORRÊA NEGRÃO
JENAIR ALVES DA SILVA (UFRN)
JORDANA CRISTINA DE JESUS (UFRN)
COORDENADOR DA REDE JOSE LUIZ RATTON (UFPE)
MOZART FAZITO JOSÉ VILTON COSTA (UFRN)
JOSINEIDE BATISTA DA SILVA (UFRN)
COORDENADOR ACADÊMICO JULIANA MELO (UFRN)
WILKER NÓBREGA KELLY CHRISTINA DA SILVA MATOS PEREIRA (UFRN)
LUCIANA CONCEIÇÃO DE LIMA (UFRN)
COORDENADOR DE PESQUISA MARCOS ROBERTO GONZAGA (UFRN)
IVENIO HERMES NIEDERLAND TAVARES LEMOS (UFRN)
RAMIRO DE VASCONCELOS DOS SANTOS JR (UFRN)
COORDENADOR INSTITUCIONAL RODRIGO SUASSUNA (UFRN)
JÁRVIS CAMPOS THAYANE SILVA CAMPOS (UFRN)
VINICIUS ASSIS COUTO (UNFPA)
COORDENADORA DE POLÍTICAS DE COMBATE WALTER NUNES (UFRN)
À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER WENDELL DE FREITAS BARBOSA (UFCA)
KARINA CARDOSO MEIRA WILSON FUSCO (FUNDAJ)
COORDENADOR DE CONVÊNIOS
CLÁUDIO ROBERTO DE JESUS
Mensal
RESUMO em português
Disponível em: https://issuu.com/obvium
ISSN: 2595-2102
1. Criminologia – Periódico. 2. Estatística Criminal – Rio Grande do Norte – Periódico 3. Rio Grande do Norte – Criminologia - Periódico.
CDU: 341.59
_________________________________________________________________________________________________________________________________
Índices para catálogo sistemático:
1. Brasil : Rio Grande do Norte : Estado : Observatório da Violência do Rio Grande do Norte :
2.1 ESCOLARIDADE....................................................................................................................... 17
Pág. 4
4.4 REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL ......................................................................................26
Pág. 5
7.4.1 ZONAS REFERENCIAIS DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE ..................................................... 49
8 TAXAS DA MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR POR GRUPOS DE 100 MIL HABITANTES ...... 54
Pág. 6
MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
PREFÁCIO
Jenair Alves da Silva1 e Cláudio Roberto de Jesus2
Essa publicação é lançada em um momento singular e bastante difícil da história mundial. Estamos
vivenciando uma pandemia originada na Ásia e que atualmente (junho de 2020) está presente em todos os
continentes. Há registros de infectados pelo novo Coronavírus na maioria dos países, e por consequência
mortes provocadas pela Covid-19. O Brasil, nesse momento, está entre os primeiros no ranking das nações
com maior número de óbitos em decorrência do vírus. Este que, aparentemente é democrático e alcança
pessoas de todas as raças, classes sociais e gêneros, não-coincidentemente no Brasil atinge em sua
maioria pessoas negras e pobres, sobretudo as mulheres, que são uma parcela significativa das funções
essenciais - enfermeiras, técnicas em enfermagem, médicas, cuidadoras, prestadoras de serviço de limpeza,
caixas de supermercado, etc. Sabe-se que pandemia do novo Coronavírus também está afetando de forma
contundente a geração de idosos, o que é motivo de grande preocupação. Mas e a juventude? Além da Covid-
19 e seus impactos, que outras preocupações afligem esses sujeitos de direitos?
Jovens, sobretudo negros, continuam a morrer nas periferias do Rio Grande do Norte. Quem mata? Quem (ou
quê) causa tanta morte? Quem se responsabiliza por elas? A repetição dos altos índices de morte de jovens
nos últimos 15 anos, segundo estudos nacionais como Mapa da Violência e Atlas da Violência, reforça o
discurso de que a sociedade brasileira tem sistematicamente exterminado parte de sua juventude. Não são
números, são histórias interrompidas, na maioria das vezes por arma de fogo. O fato de que em 2019
diminuiu o número de jovens mortos no Rio Grande do Norte não merece comemoração. É apenas um alento,
uma pausa respirar fundo e continuar a busca por uma sociedade menos violenta, que proteja e ampare sua
juventude.
O perfil descritivo das vítimas é conhecido pelas pesquisas e divulgado pela mídia: homens, negros,
solteiros, com baixa escolaridade e que completaram a maioridade penal, é como se apresenta a grande
parte daqueles que concluem sua vida muito cedo. Nas periferias das cidades mais populosas do estado do
Rio Grande do Norte ter tais características implica em convivência com risco de morte. Uma ameaça que
não se analisa a partir de fatos e eventos isolados, mas que somente é possível discutir ao se levar em
conta uma investigação da realidade a qual revela a necropolítica: um longo processo de exclusão de
populações e territórios, o racismo, a desigualdade, a socialização violenta e exposição à morte, os vínculos
fragilmente construídos e a destituição da vida em comunidade, a ausência de políticas públicas e as
ameaças à democracia, entre outras questões. É preciso romper com o conhecido ciclo que leva uma parte
da juventude a morte precoce.
Nos últimos 5 anos, o monitoramento realizado pelo OBVIO, a partir do Sistema Metadados, conclui que o
Rio Grande do Norte perdeu 5.376 adolescentes e jovens de 12 a 29 anos. Uma média de um pouco mais de
1 mil jovens por ano são assassinados no RN, e cerca de 90% deles são negros (pardos e pretos).
1
Jenair Alves da Silva – Graduada em Psicologia (UFRN), Mestre em Estudos Urbanos e Regionais (UFRN), Doutoranda em Psicologia
(PPGPsi/UFRN), Pesquisadora no Observatório da População Infantojuvenil em Contexto de Violência (OBIJUV/UFRN) e bolsista no Programa
Marielle Franco - Fundo Baobá.
2
Cláudio Roberto de Jesus – Graduado em Ciências Sociais (Sociologia) pela UFMG, Mestre em Economia Social e do Trabalho (UNICAMP) e
Doutorado em Geografia pela UFMG. Docente do Departamento de Políticas Públicas e do Programa de Pós-graduação em Estudos Urbanos e
Regionais da UFRN. Coordenador do grupo de pesquisa Violência, trabalho e ilegalismos e do projeto de extensão Motyrum Penitenciário.
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
A via pública, as ruas principais das comunidades, têm deixado de ser lugar de circulação, encontro, troca,
potência de vida, movimento, para ser lugar de recolhimento de corpos. Não se pode naturalizar esses
espaços como o lugar do encontro fatal. É fato que, comparado a anos anteriores, há uma diminuição do
número de mortes de jovens no Rio Grande do Norte em 2019, mas podemos nomear isso como tendência?
Existe um plano ou política que garanta que 2020 apresente índices menores que 2019? Se sim, quais
estratégias e ações compõem esse plano? Mais do que refletir sobre como a violência rebate sobre a
juventude potiguar é importante apontar caminhos para que os dados não sejam apenas quadros
enumerados, mas sobretudo subsidiem estratégias urgente para as políticas públicas de juventudes.
Essa edição especial OBIVUM Nº 17, propõe demonstrar o quão real é o processo de extermínio da juventude
em curso no Rio Grande do Norte, como também ocorre em todo o Brasil, evidenciando seu carácter
continuado. As estatísticas da Mortandade da Juventude Potiguar no estado do Rio Grande do Norte, aqui
apresentadas de forma qualificada em diversas variáveis, considerando o período entre 2015 a 2019, apenas
comprovam isso. Nossa edição especial OBIVUM Nº17, evidencia mais uma vez números que demonstram o
quão real é o processo de extermínio da juventude em curso no Rio Grande do Norte, como também ocorre
em todo o Brasil. Seja pela via criminógena, seja pela ausência parcial do Estado em suas diversas
instâncias, abrindo precedentes e espaço para grupos ilegítimos e ilegais assumirem ações em seu lugar,
fazendo com que a juventude padeça e entre num redemoinho de morte com poucas chances de sobreviver.
As estatísticas da Mortandade da Juventude Potiguar no estado do Rio Grande do Norte, aqui apresentadas
de forma qualificada, desagregada em diversas variáveis, no período entre 2015 a 2019, apenas comprovam
isso.
Dentre as diversas variáveis aqui disponibilizadas e que já gerariam em sim diversos estudos, estão as
características das vítimas (idade, escolaridade, renda, estado civil), as características do crime (tipo de
conduta letal, tipo de arma utilizada e local do crime) e as possíveis macrocausas da violência que remetem,
em parte, o perfil do agressor. Destarte, é uma edição rica em dados e informações que certamente podem
e devem subsidiar quaisquer planejamentos de políticas de segurança para a juventude no RN e ainda
realimentar estudos sobre a temática.
O estudo está organizado de modo a disponibilizar as características das vítimas (idade, escolaridade,
renda, estado civil), as características do crime (tipo de conduta letal, tipo de arma utilizada e local do
crime) e as possíveis macrocausas da violência que remete, em parte, o perfil do suspeito agressor.
Destarte, é uma edição rica em dados e informações que certamente podem e devem subsidiar quaisquer
planejamentos de políticas de segurança para a juventude no RN e ainda realimentar estudos sobre a
temática.
Parece estranho, em meio ao enfrentamento à Covid-19, apresentarmos este estudo que discute dados e
informações sistematizadas sobre a violência letal intencional contra a juventude ocorrida entre 2015 a
2019. Enquanto rede composta por pesquisadoras e pesquisadores que buscam produzir ciência, sabe-se
que é observado o que aconteceu em nossa história antiga e recente que podemos projetar o futuro. Apesar
da brusca alteração no cotidiano provocada pela doença atualmente sem cura ou vacina, seguimos, cientes
do desafio de que é necessário mais do que álcool em gel e máscaras para proteger e garantir a vida dos
potiguares jovens.
Boa leitura!
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
ORIENTAÇÕES
A sequência de imagens abaixo segue o modelo de tabela (Figura 1) e de gráfico (Figura 2) que são
apresentados no estudo, com a chave do entendimento de cada um deles, tornando claro o que cada dado,
representação, imagem ou formulação estatística se refere.
FIGURA 1 – TABELAS.
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
FIGURA 2 – GRÁFICOS.
Dados
O Banco de Dados do OBVIO Observatório da Violência do RN, Instituto Marcos Dionisio de Pesquisa,
entidade sediada pela UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte, é construído por meio do Sistema
Metadados3. Ele consiste no tratamento interpolado de dados de diversas fontes governamentais e não-
governamentais (Datasus, Dados da Segurança Pública, ITEP, SISOBI, Ministério Público e algumas fontes
jornalísticas previamente credenciadas), oriundas de um processo de coleta dinâmico denominado
Plataforma Multifonte criado por Hermes e Dionisio4.
As análises produzidas pelos pesquisadores do OBVIO são coordenadas e organizadas pelos
pesquisadores do instituto e da rede de pesquisa.
3
HERMES, Ivenio; DIONISIO, Marcos. Do Homicímetro Ao Cvlimetro: A Plataforma Multifonte e a Contribuição Social nas Políticas Públicas de
Segurança. 2. ed. Natal: Saraiva, 2014. 110 p.
4
HERMES, Ivenio. Metadados 2013: Análises da Violência Letal Intencional no Rio Grande do Norte. 2. ed. Natal: Saraiva, 2014. 145 p.
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
NOTAS TÉCNICAS:
1 – A Mortandade da Juventude Potiguar no período 2015-2019 apresenta o ano 2017 como o mais violento,
alçando 26% em taxa de incidência, e o ano de 2019 o menos violento. Mas o agrupamento da série revela
a triste situação no Rio Grande do Norte e a perda de 5.376 jovens. Há de verificar que, de fato, as condições
gerais de vida – como renda, educação, serviços públicos – estão diretamente relacionados a questão da
violência.
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
1.2 ETNIA
1.2.1 GERAL
TABELA 2 – ETNIA.
OBVIO Rede e Instituto de Pesquisa Observatório da Violência
NOTAS TÉCNICAS:
1 - Usamos a nomenclatura “etnia” ao invés de “raça”, por uma questão de ser um termo mais atual;
2 - O termo “ignorada” foi usado para os casos onde não foram obtidas as informações de cor da pele em
nenhuma das bases de dados utilizadas no Sistema Metadados.
3 - Os dados usados para o mapeamento da cor da pele são inseridos após análise de fotografias das
identificações das vítimas, ou quando a vítima não é identificada, foram usadas fotos do local do crime.
4 - A cor da pele é o fator de risco para a população negra e parda no estado do Rio Grande do Norte, de
acordo com a tabela 2 o agrupamento da série em análise representa 90,3%. Apenas no ano de 2017
morreram 1.312 negros e pardos. Isso nos deixa uma inquietação as ações desenvolvidas no período de
2015-2019 de combate à violência estariam baseadas em quais pressupostos ideológicos a respeito da
pobreza ou da exclusão social?
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
NOTA TÉCNICA:
1 – A população parda e preta, que agregamos sob a classificação negra representam, juntas, 68,6% das
mortes de jovens potiguares no período 2015-2019. Chama a atenção que em 2019 o número de ocorrências
da juventude negra tenha sido igual ao de 2015, enquanto, no mesmo período, observou-se uma redução de
62% das ocorrências entre jovens brancos e uma redução de 19,6% entre todos os jovens.
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
NOTA TÉCNICA:
1 - A distribuição das mortes da juventude por idade mostra que 58,8% das ocorrências entre 2015 e 2019
estão concentradas no grupo etário entre 18 e 24 anos, e 28,7% das ocorrências entre 25 e 29 anos. Nesse
período, observou-se uma redução de 19,6%. A redução no período só não foi maior, pois, observou-se um
aumento nas ocorrências entre 2016 e 2017, em todas as idades, da ordem de 23,7%.
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
NOTA TÉCNICA:
1 - A mortandade da juventude potiguar nas faixas de 12 a 29 anos representa 56,6%. Mesmo com uma
redução de 19,6%, estes números mostram o quanto nossa juventude está exposta ao risco e a violência,
principalmente nas áreas mais vulneráveis das cidades. Será que relacionar condições precárias de vida com
a violência poderia conduzir a uma análise sutil que referende a relação entre pobres e violência?
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
NOTA TÉCNICA:
1 - Em relação ao estado civil, a Tabela 6 mostra variações percentuais importantes em todas as categorias
(solteiro(a), união consensual, casado(a), divorciado(a) e viúvo(a)), no período 2015-2019. Ressalta-se a
prevalência de solteiros(as) nas ocorrências da mortandade da juventude (84,6%), no período em análise.
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
TABELA 7 – ESCOLARIDADE.
OBVIO Rede e Instituto de Pesquisa Observatório da Violência
NOTA TÉCNICA:
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
NOTA TÉCNICA:
1 - Em relação à distribuição segundo a renda estimada, a Tabela 8 mostra (63,5%) não tinham atividade
remunerada. Ao agregar este grupo os jovens com até 2 salários mínimos (de renda estimada), essa parcela
da população chega a 82% das ocorrências. Isso mostra como a violência pode estar atrelada à desigualdade
econômica, à falta de investimentos na educação da nossa juventude e à elevada circulação de armas de
fogos, além da falta de políticas públicas de permanência dessa juventude no mercado de trabalho, e/ou
reprodução de melhores condições de vida.
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
NOTA TÉCNICA:
1 - Os dados até o momento mostram que ser nordestino, negro, pardo, morador de áreas vulneráveis,
conviver com violência, ter apenas ensino fundamental, ser solteiro, sem renda ou ganhar até 2 salários são
fatores que determinam a exclusão social em diferentes contextos: violência, perigo/medo e pobreza. Afinal,
como poderíamos ter evitado a mortandade de 5.376 jovens?
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
NOTA TÉCNICA:
1 - Porque se mata tantos jovens no território potiguar? Os números mostram que a mortandade da
juventude representou em 2015-2016 (27,7%), 2016-2017 (87,7%), e em 2015-2019 (28,3%). Tendo uma
redução dentro dos períodos 2017-2018 (-20,4%) 2018-2019 (-32,8%).
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
NOTA TÉCNICA:
1 - Como esses jovens conseguiram sobreviver a tamanha exclusão, uma vez que a mortandade representou
68,1% no território potiguar?
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
4 ESPACIALIDADE DA OCORRÊNCIA
4.1 MESORREGIÕES POTIGUARES
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
MAPA 1 – INCIDÊNCIA POR MESORREGIÕES POTIGUARES
NOTA TÉCNICA:
1 – A análise das mesorregiões do Leste Potiguar e Oeste Potiguar merecem atenção especial (subdivisão
do estado que congrega os diversos municípios de uma determinada área geográfica com características
econômicas e sociais). A primeira, contempla a maioria dos municípios da Grande Natal e os demais
municípios litorâneos. Além da maior concentração de população geral, também apresenta as maiores taxas
de mortes. Apesar da redução nos números observados, os números ainda são bastante preocupantes
(61%). Estes dados deveriam subsidiar as tomadas de decisão para o enfrentamento desta problemática,
bem como para as estratégias de prevenção destes CVLIs (61%). Da mesma forma os índices de CVLIs no
Oeste Potiguar representam elevadíssimas taxas de mortalidades. Merece destaque especial a região
Central Potiguar que conseguiu melhores taxas de redução das CVLIs no período. Fato que merece uma
análise mais aprofundada para verificar os determinantes e condicionantes locais que possam ter
contribuído para a melhoria e resultados observados.
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
NOTA TÉCNICA:
1 - As informações por Microrregiões permitem observar a importante redução das mortes da juventude na
Microrregião de Natal (-49,8%) no período 2015-2019, em paralelo ao aumento das microrregiões agreste
potiguar de (52,6%), Mossoró (15,9%) e Macaíba (16,9%). Contudo, a Microrregião de Natal compreende
quase um terço (36,4%) das ocorrências, no período.
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
NOTA TÉCNICA:
1 - Em relação aos polos turísticos, embora a Costa das Dunas tenha observado uma redução importante
da mortandade da juventude entre 2015 e 2019 (-28,3%), a região compreende 60,4% das ocorrências no
período. Merece destaque a Costa Branca, que teve um aumento de 6,4% no período analisado.
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NOTA TÉCNICA:
1 - Em relação à Região Metropolitana, embora Natal seja responsável por 45,5%, apresentou redução de -
51,7%, seguido de Parnamirim responsável por 12,5%, e redução de -51,9% das ocorrências, nesse período.
Dentre os municípios com maior número de ocorrências, destacam-se São Gonçalo do Amarante, com 10,9%
das ocorrências e aumento de 39,2% no período; Macaíba, com aumento de 40% nas ocorrências e Ceará-
Mirim, com redução de 29,4%.
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
NOTA TÉCNICA:
1 - Mesmo com redução de (-30, 6%) a região metropolitana é mais violenta que o interior potiguar (-2,2%)
da mortandade da nossa juventude. Para ambas o período 2016-2017 foi o mais violento.
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
NOTA TÉCNICA:
1 - Nos territórios da Cidadania felizmente percebe-se nesse período analisado a redução da mortandade de
jovens em 7 territórios, sendo os mais característicos no (Sertão Central (-88, 2%), e aumento em 3 Agreste
litoral sul, Mato grande e Assú/Mossoró.
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
NOTA TÉCNICA:
1 - Os 10 municípios top da violência Natal mesmo em 1 lugar apresentou dentro do período uma redução
de (-51,7%), seguido de Caicó (67,9%), Parnamirim (51,9%), Ceará – Mirim (29,4%). Enquanto Macaíba
apresentou aumento de (40%), São Gonçalo do Amarante (39,2%), e Mossoró (31,7%).
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
NOTA TÉCNICA:
1 - Sobre o tipo de conduta letal, observa-se a prevalência de homicídio doloso (79,8%), muito embora tenha
se observado uma redução de 32% deste tipo de conduta letal, entre 2015 e 2019. O feminicídio também
apresentou uma redução importante (-46,2%). Enquanto intervenção policial aumentou (143,6%).
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NOTA TÉCNICA:
1 – Ao analisarmos os meios empregados, as armas de fogo lideram com 92,1% como armamento e/ou meio
empregado, além de ter tido um aumento de 16,5% deste meio empregado no período 2015-2019. As armas
brancas ocuparam a segunda opção (4,5%), embora tenha se observado uma redução relativa importante no
período (-54,7%). Vale ressaltar a importância efetiva do controle do uso de circulação de armas de fogo. A
banalização do porte de armas, bem como a supervalorização “social” da posse, pode contribuir em um futuro
breve com a piora desses indicadores que ainda são bastante preocupantes.
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
NOTA TÉCNICA:
1 - Quanto à incidência por tipo de local de crimes contra jovens, as vias públicas e as residências e
proximidades somadas, representam os locais de mais da metade (55%) das mortes no período 2015-2019.
As Residência e proximidades (16,1%) tiveram um aumento de 427% no período. As vias públicas, que em
números absolutos ainda ocuparam a primeira posição, com 2094 casos no período representaram 39% dos
casos. Ainda assim observou-se uma redução de 51% no período 2015-2019.
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NOTAS TÉCNICAS:
1 - As macrocausas da violência podem ser entendidas como as causas que deram origem ao conflito gerador
da letalidade, onde a contextualização da vítima, suas vulnerabilidades sociais e criminais podem influir
como agente ignitor da violência.
2 – Crimes de encomenda está na primeira posição, com 42,1% das mortes matadas entre 2015 e 2019,
embora tenha sofrido uma redução de 58,7% nesse período. Chama a atenção a violência interpessoal
segunda posição (21,1% das ocorrências), apesar da redução de 19,7% no período os números são
absolutamente preocupantes. A terceira macro causa observada foi o Conflito Polícia X criminalidade (9,7%)
seguida pela ação do tráfico (9,4%). Nestes dois últimos, observou-se aumento expressivo de 122,6% e
126% respectivamente.
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6 MUNICÍPIOS TOTAL
TABELA 24 – MUNICÍPIOS.
OBVIO Rede e Instituto de Pesquisa Observatório da Violência
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Os municípios tratados como polos da violência são aqueles que por suas características demográficas,
ou seja, devido ao adensamento populacional e por possuírem mais de 100 mil habitantes em 2019, São:
Natal, Mossoró, Parnamirim e São Gonçalo do Amarante.
7.1 NATAL
7.1.1 ZONAS ADMINISTRATIVAS DE NATAL
TABELA 25 – ZONAS ADMINISTRATIVAS DE NATAL.
OBVIO Rede e Instituto de Pesquisa Observatório da Violência
NOTA TÉCNICA:
1 - Em relação ao município de Natal, 42,3% das ocorrências estão concentradas na Zona Norte (47,3%),
seguido pela Zona Oeste Zona Leste (35,6%). As Zonas Leste (10,6%) e Zona Sul (6,4%). Importante
observar a redução expressiva nas três regiões com maior incidência: Norte com redução de 46,5%, Oeste
com redução de 54,2%, a Zona Leste com a maior redução 72,7% e, por fim a Zona Sul, com a redução de
20% no período 2015-2019.
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MAPA 2 – INCIDÊNCIA POR BAIRROS DE NATAL
NOTA TÉCNICA:
1 – O mapa com a incidência por bairros de Natal ajuda compreender melhor como se deu a mortandade da
juventude. A Zona Norte é sem dúvidas e região que necessita maior atenção, considerando a gravidade dos
números observados, em especial nos bairros de Nossa Senhora da Apresentação, Lagoa Azul e Pajuçara. Da
mesma forma na Zona Oeste merece destaque o bairro de Felipe Camarão. Nestes quatro bairros se
concentraram 41% de todas as mortes no período analisado. As soluções para o enfrentamento desta
questão passam necessariamente pela busca de maior presença e articulação das políticas públicas nestes
bairros.
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7.2 MOSSORÓ
7.2.1 ZONAS REFERENCIAIS DE MOSSORÓ
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MAPA 3 – INCIDÊNCIA POR BAIRROS DE MOSSORÓ.
NOTA TÉCNICA:
1 – O mapa com a incidência por bairros de Mossoró, merecem destaques os bairros de Santo Antônio, Belo
Horizonte, Aeroporto e Santa Delmira. Estes bairros juntos concentraram 35,4% de todas as CVLIs, no
período 2015-2019. Assim como em Natal, a busca de soluções passa necessariamente pela mudança na
forma de atuação dos entes públicos estatais nestes bairros.
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7.3 PARNAMIRIM
7.3.1 ZONAS REFERENCIAIS DE PARNAMIRIM
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TABELA 39 – TAXAS DE MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR POR GRUPOS DE 100 MIL HABITANTES.
Mortandade da Juventude Potiguar Taxa de CVLIs por grupos de 100 mil habitantes
Municípios 2015 2016 2017 2018 2019 Média 2015-2019
Afonso Bezerra 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Alexandria 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Alto Do Rodrigues 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Angicos 35,72 36,78 37,97 39,24 40,58 38,06
Antonio Martins 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Apodi 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Areia Branca 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Arez 28,11 28,26 28,49 28,77 29,08 28,54
Assu 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Baia Formosa 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Barauna 28,52 28,25 28,06 27,91 27,77 28,10
Barcelona 109,83 111,37 113,21 115,19 117,25 113,37
Bento Fernandes 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Boa Saude 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Bom Jesus 41,37 41,44 41,61 41,82 42,06 41,66
Brejinho 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Caicara Do Norte 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Caico 13,18 13,35 13,55 13,77 14,00 13,57
Canguaretama 10,97 10,99 11,05 11,11 11,18 11,06
Caraubas 21,77 22,14 22,59 23,08 23,59 22,63
Ceara-Mirim 32,11 32,40 32,78 33,21 33,67 32,83
Cerro Cora 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Currais Novos 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Encanto 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Equador 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Extremoz 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Frutuoso Gomes 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Galinhos 158,58 158,28 158,30 158,41 158,51 158,41
Goianinha 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Gov Dix-Sept Rosado 31,13 31,55 32,05 32,59 33,17 32,10
Grossos 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Guamare 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Ipanguacu 27,32 27,35 27,45 27,58 27,73 27,49
Itaja 266,24 268,98 272,56 276,52 280,70 273,00
Itau 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Jacana 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Jandaira 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Jardim De Piranhas 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
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Mortandade da Juventude Potiguar Taxa de CVLIs por grupos de 100 mil habitantes
Municípios 2015 2016 2017 2018 2019 Média 2015-2019
Jardim Do Serido 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Joao Camara 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Joao Dias 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Jucurutu 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Lagoa Nova 25,31 25,62 26,02 26,45 26,91 26,06
Lagoa Salgada 95,51 96,18 97,10 98,15 99,28 97,24
Lajes 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Luis Gomes 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Macaiba 24,43 24,27 24,18 24,13 24,09 24,22
Macau 13,98 13,99 14,04 14,11 14,19 14,06
Marcelino Vieira 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Martins 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Maxaranguape 33,27 32,83 32,49 32,19 31,92 32,54
Messias Targino 97,45 96,95 96,72 96,61 96,57 96,86
Montanhas 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Monte Alegre 17,61 17,73 17,89 18,08 18,28 17,92
Mossoro 11,17 11,24 11,35 11,47 11,60 11,37
Natal 16,90 17,14 17,43 17,76 18,11 17,47
Nisia Floresta 28,86 28,59 28,40 28,25 28,11 28,44
Nova Cruz 10,95 11,09 11,26 11,45 11,66 11,28
Olho D'Agua Do Borges 107,43 110,06 113,02 116,09 119,20 113,16
Parelhas 19,84 20,43 21,11 21,83 22,58 21,16
Parnamirim 4,51 4,41 4,32 4,24 4,16 4,33
Passa-E-Fica 30,49 30,57 30,73 30,94 31,17 30,78
Passagem 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Patu 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Pau Dos Ferros 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Pedro Avelino 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Pedro Velho 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Poco Branco 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Pureza 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Rafael Godeiro 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Rodolfo Fernandes 98,01 98,82 99,92 101,13 102,43 100,06
Santa Cruz 19,70 19,92 20,21 20,53 20,86 20,24
Santa Maria 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Santana Do Matos 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Santo Antonio 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Sao Bento Do Norte 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Sao Fernando 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Sao Francisco Do Oeste 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Sao Goncalo Do Amarante 26,70 26,56 26,49 26,46 26,44 26,53
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
NOTA TÉCNICA:
1 - Estimativas da população residente nos municípios do Rio Grande do Norte realizada pela equipe do
OBVIO no Departamento de Demografia da UFRN, em 1º de julho de 2019.
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
Nota introdutória
Encarar dados tão duros sobre violações de direitos da juventude como os da mortandade apresentados
neste estudo exigem conectar-se com a realidade, refletir e enxergar mais que números. De início, é
necessária uma incursão no conceito de juventude. Ser jovem, de um ponto de vista subjetivo, é estar em
um período da vida permeado por transformações psicossociais fundamentais para a constituição humana.
É o momento de constituição de identidade, de construção de autonomia, de transformação na forma de
enxergar a si e ao mundo a sua volta. É tempo de constituir laços, desenvolver potências, organizar-se
coletivamente e buscar desenhar a sua história e a de sua comunidade.
No Brasil, ser jovem, em especial jovem negro, significa também ser sujeito de diversas violações de
direitos. A realidade do estado do Rio Grande do Norte não foge à regra e tem sido de uma dureza enorme
para a juventude. Conforme dados da PNAD Contínua (IBGE), desde 2018 temos cerca de 30% de jovens em
estado de “desocupação”, sem vínculos de estudo nem de trabalho. Dentre os que trabalhavam, a renda
média no último trimestre de 2018 era de R$712,00, valor bem abaixo do salário mínimo e mais baixo dentre
todas as unidades da federação.
Os dados apresentados neste estudo escancaram a dura realidade da violação mais bruta e desumana de
direito, a violação da vida. Ainda que a morte constitua parte fundamental da vida humana, as mortes
matadas aqui retratadas são reflexo da desumanização de centenas de jovens ao longo dos anos.
O retrato do perfil das vítimas é nítido: a eles não lhes foi dada a humanidade na garantia dos direitos à
educação, ao trabalho, à renda digna, ao tratamento igual em razão de sua cor. Em todos os períodos
analisados, a esmagadora maioria de vítimas é de baixa renda e escolaridade e negros. Ao fim, suas vidas
foram tratadas como descartáveis pela sociedade, pelas organizações criminosas, pelas forças policiais e
pelo Estado. O abandono à própria sorte durante a vida tem culminado em verdadeiro desafio à sobrevivência
imposto à juventude.
Um sopro de esperança
A série histórica aqui retratada apresenta, todavia, entre tanta dor, esperança. Desde 2017, dentre todas
as faixas etárias, foram os homicídios contra jovens os que mais diminuíram, com uma redução de 21%
entre 2017 e 2018 e 29,6% entre 2018 e 2019, contra redução de 15,2% entre 2017 e 2018 e 21,6% entre
2018 e 2019 das estatísticas para outras faixas etárias. Se compararmos 2019 a 2015, início da série
histórica e antes do pico de 2017, verifica-se a redução nos homicídios de jovens de 19,6%. Especificamente
5
Gabriel Medeiros de Miranda – é jovem advogado formado pela UFRN. Foi coordenador-geral do DCE da UFRN e 1º Diretor de Universidades
Públicas da União Nacional dos Estudantes. Atualmente preside o Conselho Estadual de Juventude e exerce o cargo de subsecretário da
juventude da Secretaria de Estado das Mulheres, da Juventude, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
quanto a vitimização de jovens negros, que teve seu pico de em 2018, esta também sofreu queda de 23,7%
em 2019 e atingiu patamares semelhantes a 2015.
Certamente que o caráter multicausal da violência letal intencional torna extremamente desafiadora a
determinação exata dos fatores responsáveis pela redução dos homicídios de jovens no Rio Grande do Norte.
Essa tarefa exigiria pesquisa técnica profunda que não cabe neste breve comentário. Entretanto, é possível
levantar hipóteses para provocar o debate científico e de gestão.
Em 2019, a PNAD Contínua (IBGE) apontou crescimento significativo da renda média nominal da juventude
se comparado ao ano anterior, atingindo os R$883,00. Sendo a renda, conforme os dados apresentados,
fator importante na caracterização do perfil vitimizado, este fato tem relevância significativa.
Além disso, em 2019 houve a regularização do pagamento mensal das folhas salariais do funcionalismo
público do RN, que produz impacto de duas sortes. Em primeiro lugar, estabiliza a prestação de serviços
públicos e por consequência melhora a garantia de direitos nos territórios. Com a regularidade dos
pagamentos, por exemplo, a rede de educação funciona regularmente, garantindo não só o direito à
educação, mas a segurança alimentar da juventude em idade escolar, disputando o destino da vida da
juventude nos territórios mais vulneráveis. Ainda, a regularidade no pagamento dos salários e diárias
operacionais dá mais condições de trabalho às forças de segurança pública, cuja ação – ainda que permeada
de contradições e violações de direitos da juventude ela mesma – pode contribuir para a redução de índices
de violência.
Em segundo lugar, a teia econômica que depende da renda dos servidores públicos no RN era severamente
comprometida pelo atraso de salários. O atraso comprometia diretamente as famílias que contam com a
renda dos servidores públicos e indiretamente as economias locais, alimentadas pela circulação dessa
renda em setores como comércio, serviços e turismo, afetando, portanto, a oferta de emprego e
oportunidades de geração de renda da juventude. Em um estado em que mais de 35% da massa de
rendimentos circulantes são oriundos da renda de servidores públicos (municipais, estaduais e federais), as
consequências sociais e econômicas do atraso sistemático de salários pelas gestões estaduais anteriores
eram devastadoras.
Entretanto, apesar das vidas poupadas neste último ano serem motivo de celebração, os desafios à gestão
permanecem gigantescos. Paradoxalmente à redução significativa dos homicídios de jovens em todas as
regiões de Natal entre 2018 e 2019 (42,3%) e – mais surpreendentemente ainda – no comparativo 2015-
2019 (49,8%), verifica-se um aumento de 11,8% nos homicídios em Mossoró no último biênio e de 31,7%
se analisado o quinquênio inteiro. Este fato desperta importante questão quanto a atual dinâmica criminal
no estado e sua nova distribuição territorial, que merece investigação própria.
Ainda, grande preocupação emerge dos dados de vitimização por intervenção policial. O crescimento
vertiginoso desses casos entre 2015 e 2018 ainda não apresenta perspectiva de reversão, apesar de
estagnado em 2019. É tarefa urgente dos governos e forças de segurança a construção de ferramentas de
gestão, formação e protocolos de atuação que mitiguem o caráter violento das ações policiais no Rio Grande
do Norte. É inaceitável que a vida da juventude potiguar, em especial a juventude potiguar negra, seja
violentada pelas forças do próprio Estado.
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
O Estado precisa encarar a juventude como sujeito de direitos e assumir a tarefa de garanti-los. Isso exige
a produção de dados acurados que permitam a apreensão da realidade da vida da juventude e orientem a
elaboração e execução de políticas públicas e esse tem sido o esforço da gestão estadual. Os fatos
expressos nos estudos publicados periodicamente pelo OBVIO, o monitoramento da Câmara Técnica de
Violência Letal Intencional e o trabalho da COINE-SESED têm sido determinantes para a definição dos rumos
das Políticas Públicas de Juventude no Rio Grande do Norte.
Diagnosticado o quadro da vida da juventude potiguar e a presença marcante da violência, desemprego e
baixa renda e desigualdades regionais e raciais, a gestão tem se orientado para o enfrentamento desses
desafios. As iniciativas de garantia de mais oportunidades de entrada no mercado de trabalho e geração de
renda autônoma, como os programas RN Aprendiz, CredJovem e CredMais; de transformação de territórios
para que sejam espaços públicos de ocupação pela juventude e que ela estreite seus laços com as políticas
do estado, como o programa Praças da Juventude e o Festival de Rap, Coco e Repente; e de intervenção nas
políticas de segurança através da elaboração do Plano Estadual de Segurança a partir de uma perspectiva
participativa junto a juventude são expressões disso. Todas elas voltadas para a garantia de direitos e
contendo ferramentas para o combate às desigualdades - em especial a de raça, gritante nos dados como
os que aqui se apresentam.
Por fim, também é importante destacar que a juventude potiguar não se encerra nas mazelas que lhe
acometem historicamente. Por mais duro que o cenário possa parecer, da própria juventude brotam a
disposição para encará-lo e propostas de saídas para superá-lo. Em cada canto do estado resistem jovens
das mais diversas origens organizando os seus sonhos coletivamente e transformando as realidades sua e
da sua comunidade. São inúmeros os grupos de hip-hop, de juventude LGBT, coletivos de economia solidária,
grêmios estudantis e DCEs, coletivos de comunicação independente, pastorais, cooperativas de produção
rural, coletivos de juventude negra, grupos feministas e tantos outros tipos de organização coletiva que a
criatividade da juventude permite criar para a transformação da realidade. Essa juventude é indispensável
para a elaboração, execução e avaliação de políticas públicas que se disponham a efetivamente mudar o
quadro de vulnerabilidade e exclusão garantindo direitos. Por isso, também, que a primeira medida da gestão
de juventude do Governo Fátima Bezerra foi efetivar a Lei do Conselho Estadual de Juventude e criar essa
ferramenta de participação social fundamental.
A tarefa de construir políticas públicas que permitam a superação do caráter de genocídio dos índices de
mortes matadas de jovens potiguares é árdua, complexa e impossível de ser cumprida por um ator
governamental isolado. Exige o comprometimento de todas as esferas de gestão e a participação ativa da
sociedade civil. Seguiremos nesse esforço conjunto empenhando esforços e esperança na construção de
um Rio Grande do Norte em que a juventude não mais seja consumida pelo desafio à sobrevivência, mas
impulsionada ao desenvolvimento de toda a sua potência.
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
10 ANÁLISES E DISCUSSÃO
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Járvis Campos – Professor Adjunto do Departamento de Demografia e Ciências Atuariais (DDCA) da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN), é graduado em Geografia e Mestre em Geografia pela PUC-Minas, e Doutor em Demografia pelo Centro de Desenvolvimento e
Planejamento Regional (CEDEPLAR), da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, tendo realizado intercâmbio/sanduíche no Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Possui experiência e tem atuado nas áreas de Demografia Espacial, Distribuição Espacial da População,
Estimativas Populacionais e Sensoriamento Remoto. Já atuou como professor substituto do CEDEPLAR, como pesquisador em projetos na área
de estimativas e projeções, bem como em projetos das Nações Unidas, na área de migração. Atualmente é coordenador do Laboratório do Grupo
de Estudos Demográficos (GED/DDCA); membro do OBVIO (Observatório da Violência do Estado do Rio Grande do Norte); pesquisador bolsista
do Projeto (financiado pela FUNASA e coordenado pelo DESA/UFMG) referente ao Plano Municipal de Saneamento Básico; e coordena projetos
de pesquisa e de extensão interinstitucionais, na UFRN. É membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN
(PPGDEM), com orientações de mestrado nas áreas de Demografia Espacial, Estimativas e Distribuição Espacial da População.
7
Oswaldo Gomes Corrêa Negrão – Professor Adjunto do Departamento de Saúde Coletiva (DSC) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN), é graduado em odontologia pela PUC-Paraná, especialista em Saúde Coletiva pela UFPR e pela PUC-PR. Mestre em Saúde Coletiva para
(UFRN) e doutor em Ciências da Saúde também pela (UFRN). Possui experiência na análise das violências e seus impactos no campo da saúde.
Membro do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva (UFRN) e coordenador geral do OBVIO (Observatório da Violência do Estado do Rio Grande do
Norte) e Membro da Câmara Técnica de CVLIs (Condutas Violentas Letais Intencionais) da SESED (Secretaria de Defesa Social e Segurança
Pública) do RN.
8
Ivenio Hermes – Mestre em Cognição, Tecnologias e Instituições pela Universidade Federal do Semi-Árido - UFERSA, Doutorando do Programa
de Pós-Graduação em Demografia – PPGDEM da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, pesquisador e escritor vencedor do Prêmio
Literário Tancredo Neves, consultor em Gestão e Políticas Públicas de Segurança e de Segurança Pública. Possui bibliografia com 20 livros
publicados, dezenas revistas técnicas e artigos científicos. É Coordenador de Bancos de Dados do OBVIO – Observatório da Violência do Rio
Grande do Norte, Instituto Marcos Dionisio de Pesquisa, sediado na UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Coordenador de Análises
Criminais da Secretaria Estadual da Segurança Pública e da Defesa Social do RN, Consultor do Conselho Especial de Segurança Pública e
Políticas Carcerárias da OAB-RN. Presidente da Câmara Técnica de Monitoramento de CVLIs, Membro da Comissão de Combate e Prevenção à
Tortura do RN, Membro da Subcomissão Executiva do Plano Estadual de Segurança Pública do RN, e Membro Sênior do Fórum Brasileiro de
Segurança Pública - FBSP.
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do Rio Grande do Norte ainda apresenta taxas preocupantes em relação ao número de anos estudados e a
altas taxas de evasão no ensino médio. Questões que precisam estar atreladas à outras políticas de
inclusão dos jovens nos meios de geração de renda e de participação social. Estas questões precisam estar
direcionadas para a melhoria da qualidade de vida dos jovens, bem como para a preservação das suas vidas.
Todo este cenário resulta num perfil estereotipado e muito bem delimitado da juventude potiguar, vítima
de violência: 80% são homicídios dolosos, por motivo de crime de encomenda (42%), acometidos quase
sempre por arma de fogo (92%), e principalmente contra solteiros (85%), de baixa escolaridade (29%) ou
escolaridade ignorada, também associada à baixa escolaridade (57%), e sem atividade remunerada (63,5%),
característica está associada ao tráfico de drogas.
Observamos, ainda, que 61% das ocorrências entre 2015 e 2019 se deram na mesorregião leste potiguar,
fenômeno associado à violência persistente na Região Metropolitana de Natal, que representa 59% dos
casos de violência no estado. Somente a capital corresponde a 27% (1.442) dos casos registrados no
Estado do RN (5.376) no período 2015-2019, seguido por Mossoró (618, 12%), Parnamirim (397, 7%), São
Gonçalo do Amarante (346, 6%) e Macaíba (250, 5%). Por outro lado, quando se analisa a taxa de incidência,
Natal apresenta uma média de 17,5 vítimas por 100 mil habitantes, no período 2015-2019, enquanto
Mossoró apresenta uma média inferior (11,4), em contraste a São Gonçalo do Amarante, com uma média de
26,5.
O Gráfico 38 mostra a taxa de mortandade da juventude potiguar, por 100 mil habitantes. Nele observamos
que embora tenhamos reduções na mortandade da juventude apontadas entre os anos 2017 a 2019, quando
esses números deixam de ser contabilizados de forma absoluta passando a apresentá-los em relação ao
número de habitantes dessa faixa estaria no estado, as taxas se apresentam em crescimento constante.
Quanto mais a população jovem cresce, mas sua vulnerabilidade social e outras vulnerabilidades contextuais
também aumentam, deixando a juventude em constante processo de extermínio.
GRÁFICO 38 – TAXA DE MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR POR GRUPO DE 100 MIL HABITANTES.
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MORTANDADE DA JUVENTUDE POTIGUAR 2015-2019
do gráfico parece acompanhar a outra na medida que crescem ou diminuem, dando a impressão de
interdependem uma da outra.
No entanto, a Juventude Potiguar, aqui compreendida pelas idades entre 16 e 29 anos, como pode ser visto
no Gráfico 40, é 13,2% mais vitimizada em Condutas Violentas Letais Intencionais do que todas as outras
faixas etárias agregadas. comparam a mortandade da juventude com as ocorrências registradas em outras
faixas etárias, aonde fica evidenciado a similaridade no nível de violência, no período 2015-2019.
Suscitemos pois, diante dos números, análises, gráficos e todo material nessa edição apresentados, um
amplo debate sobre os rumos das políticas públicas de segurança que queremos ter no Rio Grande do Norte,
lembrando que seu efetivo sucesso se materializará, indubitavelmente, nos números da mortandade da
juventude potiguar dos próximos anos.
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