Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INSTITUTO DE FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA
- Cuiabá -
31 de outubro de 2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA
-Cuiabá -
31 de outubro de 2016
Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
À Deus em primeiro lugar por ter me dado capacidade de vencer mais uma etapa na
minha vida prossional, em especial ao meu esposo Reinaldo e ao meu lho Guilherme
pela motivação diária e necessária em todos os momentos, à minha mãe Marlene e ao meu
pai Antonio pelo amor, cuidado e carinho nas horas mais difíceis, aos meus irmãos, Aline
e Alexandre pelo cuidado e apoio.
Ao meu orientador Professor Dr. Teldo Anderson da Silva Pereira que sempre me
motivou e me apoiou diante de tantas adversidades desde a graduação quando fui sua
aluna de iniciação cientica, ao meu coorientador Professor Dr. Ariel Adorno pela sua
contribuição signicativa neste trabalho.
A todos os meus colegas de mestrado, em especial a Patricia, Ana Paula, Renan,
Fabrício, João Paulo e Jeny, nalmente agradeço ao Instituto de Física da UFMT pela
oportunidade e a CAPES pelo apoio nanceiro.
Resumo
In recent decades the society has witnessed a major technological leap in production
and miniaturization of electronic devices, with a signicant impact on people's daily li-
ves. This advance was based on research in Physics of Condensed Matter, in which the
Physics of Semiconductor Materials and Devices has a prominent position. In this con-
text, the theoretical and experimental description of carriers transport in low-dimensional
systems, which are the cornerstone of the construction of an electronic device, is of great
importance. In this work, we present a theoretical research of electron transport in semi-
conductor systems formed by quantum wires blocked by barriers and slits potentials, and
also, branched quantum wires based on multi-channels output for electron. The applied
theoretical model is based on the numerical solution of the time dependent Schrödinger
equation, account for the eective mass approach, the envelope wave function mathe-
matical formalism and technique based on operators separation, namely split-Operator.
The wave packet kinetic energies values range from 70 to 200 meV. We are aiming to
investigate the dynamics of electron transport and scattering eect produced by potential
obstruction and the device geometry. The quantum wires are formed by semiconductor
materials with a 10 nm width, wich the potentials are like-connement potential along
the y direction and simple barrier, single and double slit along the x direction. Branched
quantum wires are formed by one channel for electrons input and for three channels for
electrons output.
Sumário
Agradecimentos iii
Resumo iv
Abstract v
Lista de Figuras vi
Lista de tabelas x
1 Introdução 14
1.1 Nanoestruturas semicondutoras:
Poços, os, anéis, pontos e canais quânticos. . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2 Modelo teórico 24
2.1 Equação de Schrödinger para um cristal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.2 Aproximação Adiabática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.3 Teoria da Massa Efetiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.4 Aproximação da Função Envelope . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.5 Descrição teórica para propagação de pacote de ondas em nanoestruturas
semicondutoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.5.1 Técnica de solução da equação de Schrödinger dependente do tempo:
Propagação em Tempo Real . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.1 Pers de potencial para três canais estudados: (a) canal com barreira, (b)
canal com uma fenda e (c) canal com dupla fenda. WB é a largura das
barreiras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.2 Transmissão em função da energia do pacote de ondas, para 3 valores da
largura da barreira WB . As linhas azuis indicam WB = 0.5 nm, linhas
vermelhas indicam WB = 1.0 nm e linhas pretas indicam WB = 2.0 nm,
sendo linhas sólidas a transmissão e linhas tracejadas reexão. . . . . . . . 44
3.3 Corrente de probabilidade em função do tempo para pacote de ondas pro-
pagando a partir do estado fundamental com energia cinética igual a ε1 (li-
nha sólida preta), ε2 (linha tracejada vermelha) e para ε3 (linha pontilhada
azul). A linha traço ponto em verde representa a corrente de probabilidade
em função do tempo, considerando energia cinética igual a ε3 e pacote de
ondas propagado a partir do primeiro estado excitado. . . . . . . . . . . . 45
3.4 (a) Auto-energias de um poço quântico nito em função da largura do canal
(b) Diagrama representando as bandas de energia do estado fundamental
e 1o estado excitado em função do vetor de onda, para um poço quântico
com largura L = 10 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.5 Módulo quadrado da função de onda em quatro instantes de tempo dife-
rentes, propagado a partir do estado fundamental com energia cinética ε3 .
A primeira coluna mostra o instante t=300 f s, enquanto que as colunas
seguintes mostram, respectivamente, os instantes t=600 f s, t=1.200 f s e
t=12.600 f s. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
e Willian Bradford Shockley (1910-1989) os quais foram contemplados em 1956 pelo prêmio Nobel em
Física.
15
N O TECNOLOGI
NA Cosméticos
A
Lubrificantes
Implantes
Aditivos
Medicamentos
Bio-quimica
Bio-física Moléculas
Catalisadores
Sistemas Medicina
Imunológicos
DNA Polímeros
Informática Física
Nanoestruturas
Cerâmicas
Computação
quântica
Chips de Equipamentos
computadores Militares
100nm 1m TV 60
Vírus pol
-1
90nm 10 m
-2
Primeiro
80nm 10 m Transistor
(1cm)
-3
70nm 10 m
(1mm)
Resistor
-4
1/16W
60nm 10 m
Fio de cabelo
-5
50nm 10 m
40nm 10-6m
(1mm)
Folha plástica
-7
30nm 10 m semicondutora orgânica
com transistores
-8
20nm 10 m
-9
Proteinas 10nm 10 m
(1nm) Nanotubo de
1nm -10
10 m Carbono
Fita de
DNA
circuitos integrados, sem que os custos de fabricação alterassem, tendência que segundo
Moore, iria se manter por dez anos. Entretanto, em 1975 Moore atualizou a previsão,
profetizando que o número iria dobrar a cada 24 meses, e que esta tendência deveria
continuar, imprimindo na história da eletrônica desta forma à celebre lei de Moore. Nas
últimas décadas o crescimento do número de transistores foi observado a cada 18 meses.
Desde então, temos com o passar dos anos uma crescente miniaturização de componentes
eletrônicos, acompanhada de uma explosão de aplicações tecnológicas, que vão desde
computadores de mão (smartfones, tablets, notebooks), smart tv, supercomputadores,
à veículos de transporte (carros, aviões, etc.), modicando profundamente, e de forma
irreversível, a forma como a sociedade se comunica, se desloca e, principalmente, como se
comporta.
O desenvolvimento de técnicas de crescimento de lmes nos, com alta qualidade, como
crescimento por epitaxia molecular (MBE) [3] e deposição por vapor químico (MOCVD)
[4], tornou possível o grande avanço de dispositivos semicondutores, a partir da década de
70, mantendo a lei de Moore vigente até os dias atuais. Naturalmente, a lei de Moore não
deve continuar indenidamente, tendo em vista que tais processos de litograa irão esbar-
rar em leis físicas, o que deve ocorrer, segundo previsões da indústria de semicondutores,
até o ano de 2020. Os conhecimentos acumulados no decorrer destes anos possibilitaram
integrar grandes quantidades de circuitos sobre um mesmo substrato semicondutor. A
funcionalidade e o benecio do dispositivo estão diretamente relacionados ao número de
circuitos integrados no substrato semicondutor. Com isso, a diminuição das dimensões dos
17
(g)
Figura 1.3: (a) Primeiro transistor criado por John Bardeen, Walter Brattain e Willian
Shockley (b). (c) Protótipo do primeiro circuito integrado. (d) Primeiro transistor comer-
cializado seguido de sua primeira aplicação (e) um aparelho auditivo. (f) 4004, primeiro
processador fabricado da IBM, utilizado em calculadoras. (g) 8080, primeiro processador
usado em computadores e (h) processador comercializado atualmente com maior número
de transistores, o Intel Core i7 que possuí 55 milhões de transistores.
E
(a) (b) BC
E
BC
AlAs
y
GaAs z
y
z
BV
BV
Sistemas quânticos Dl Dc
Bulk 3 0
Poço quântico 2 1
Fio quântico 1 2
Ponto quântico 0 3
1.1. NANOESTRUTURAS SEMICONDUTORAS:
POÇOS, FIOS, ANÉIS, PONTOS E CANAIS QUÂNTICOS. 20
h h
λ= =√ ∗ . (1.1)
p 3m Kb T
E g A − E g B = ∆E e + ∆E h (1.2)
1.1. NANOESTRUTURAS SEMICONDUTORAS:
POÇOS, FIOS, ANÉIS, PONTOS E CANAIS QUÂNTICOS. 21
Ec E E E E
Figura 1.5: (Em cima) Morfologia esquemática e (em baixo) densidade de estados para
portadores com diferentes dimensionalidades: (a) bulk, (b) um poço quântico, (c) o
quântico e (d) ponto quântico.
(a) (b)
A U(r) B
B DEe A DEe
EgA B A
Eg Eg
B
Eg
DEh DEh
0 -a/2 0 a/2 z 0 r r
Figura 1.7: (A) Imagem de um ponto quântico GaAs obtida por Microscopia de Força
Atômica, (B) Triplo anel concêntrico e (C) Anel/disco quântico [35].
Neste trabalho temos por objetivo estudar propriedades de transporte em canais es-
1.1. NANOESTRUTURAS SEMICONDUTORAS:
POÇOS, FIOS, ANÉIS, PONTOS E CANAIS QUÂNTICOS. 23
L W
GaAs
Bc
Banda de condução el
Egap
Energia
ESO
Níveis discretos hh
lh Bv
Banda de valência
So
L G C K
distância entre átomos
Figura 2.1: (a) Banda de condução e valência devido a aproximação de um grande número
de átomos em um sólido semicondutor.(b) Bandas de energia em um semicondutor GaAs.
As regiões hachuradas mostram os elétrons com T > 0K .
Ga
4
2
0
Energia eV
-2
kz -4
(b)
C -6
w
D w -8
L
G L D C
C D
S -10
k ky
kx -12
L L G D C K S G
vetor de onda K
Figura 2.2: (a) Estrutura cristalina Zincblend do semicondutor GaAs (b) Primeira zona
de Brillouin com indicação de pontos e direção de alta simetria no espaço recíproco e (c)
Estrutura de bandas de energia.
n n n
X ~2 2 X ~2 2 X 1 e2
H=− ∇i − ∇i +
i
2mi i
2Mi i<j=1
4πε0 |ri − rj |
N n,N
X 1 Zi Zj e2 X 1 ZI e2
+ − . (2.2)
i<j=1
4πε0 |Ri − Rj | i,j
4πε0 |Ri − rj |
2.2. APROXIMAÇÃO ADIABÁTICA 27
Nesta equação, o Hamiltoniano não contém termos que descrevem efeitos relativísticos e
de spin. O primeiro termo na Eq. (2.2) representa o operador de energia cinética dos
elétrons, sendo que a soma se estende sobre todas os elétrons de massa mi e coordenada
ri ; o segundo termo representa o operador de energia cinética dos íons, e a soma se
estende sobre todos os íons com massa Mi e coordenada Ri ; o terceiro termo representa
a energia potencial de interação coulombiana elétron-elétron para i < j ; o quarto termo
representa a energia potencial de interação coulombiana íon-íon, para i < j ; o quinto e
último termo representa a energia potencial de interação coulombiana elétron-íon. Cada
soma se estende à aproximadamente 1023 partículas por cm3 , de forma que a equação
como se apresenta em (2.2) não possui solução analítica e/ou numérica, devido a sua
complexidade, para sistemas cristalinos e moleculares. Para contornar este problema é
necessário aplicar aproximações que simplicam a Eq. (2.2) diminuindo o número de
termos de interação e de energia cinética.
onde Ψ(r) é a autofunção eletrônica, que depende da coordenada r dos elétrons. Subs-
tituindo a função Ψ(r, R) da Eq. (2.3) e o Hamiltoniano Ĥ da Eq. (2.2) na equação
de autovalores (2.1), podemos desacoplar as coordenadas eletrônicas r das coordenadas
iônicas R. Desta forma, a função de onda ψ(r, R) que descreve o estado dos elétrons,
satisfaz a equação de Shcrödinger
2.3. TEORIA DA MASSA EFETIVA 28
n,N
" n n
#
X ~2 2
X 1 e2 X 1 ZI e2
− ∇i + − ψ(r, R)
i=1
2mi i<j=1
4πε0 |ri − rj | i,I
4πε0 |RI − ri |
onde Ee é a energia total dos elétrons, ou seja, auto-valores eletrônicos que dependem das
coordenadas r e R. A função Ψ(R) é autofunção iônica e satisfaz a equação de Schrödinger
" N
#
X ~2
− ∇i 2 + φ(R) Ψ(R) = EΨ(R), (2.5)
i=1
2M i
sendo:
N
X 1 ZI Zj e2
φ(R) = Ee + (2.6)
I<j
4πε0 |Ri − Rj |
o termo que descreve o potencial de interações ion-ion e a energia total Ee dos elétrons.
Essa aproximação tem efeito apenas sobre os íons. Agora queremos encontrar aproxima-
ções que descrevem o comportamento dos elétrons de coordenada r . A coordenada R é
arbitrária mas o potencial de interação elétron-íon é considerado um potencial periódico,
com a periodicidade da rede cristalina. Ainda assim, o número de termos do Hamiltoniano
da Eq. (2.2) é extremamente grande. Mesmo eliminando todos os termos corresponden-
tes à energia cinética dos íons e a interação entre os mesmos, desacoplando o movimento
dos elétrons do movimento dos íons, a solução numérica da equação de Schrödinger é
totalmente inviável, fazendo com que tenhamos que aplicar outras aproximações.
p2
+ Vcr (r) ψn,k (r) = En,k ψn,k (r). (2.7)
2m0
2.3. TEORIA DA MASSA EFETIVA 29
onde eik·r é a função de onda de Bloch, que tem a periodicidade da rede cristalina (unk (r) =
unk (r + R)), e descreve o comportamento da função de onda dentro de uma célula unitária.
Substituindo a eq. (2.8) na eq. (2.7), temos que
~2 2 ~2 k 2
Hun,k (r) = − ∇ + Vcr (r) + k · p un,k (r) = En (k)un,k (r).
~
+ (2.9)
2m0 2m0 m0
∞
un,k (r) = cn,n0 un0 ,0 (r),
X
(2.10)
n0
~2 k 2
hun,0 |Hkp | un,0 i = En,0 + (2.11)
2m∗i
Este modelo leva a uma forma de dispersão da energia, que ocorre no modelo equi-
valente de elétrons livre, na região da banda de condução próximo ao ponto k = 0, com
formato aproximadamente parabólico. Entretanto, a curvatura difere da parabolicidade
de dispersão do modelo de elétrons livres e depende especicamente da composição e
2.3. TEORIA DA MASSA EFETIVA 30
~
H0 = − ∇2 + Vcr (r), (2.12)
2m0
~2 2 ~2
H0 = − k + k · p. (2.13)
2m0 2m0
A energia En,k , leva em consideração correções até a segunda ordem, dada por:
" α 2 #
X ~2 k 2 1 2 X Pn,n 0
En,k = En,0 + − + 2 , (2.14)
α=x,y,z
2 m0 m0 n0 En,0 − En0 ,0
onde Pn,n
α
0 representa um parâmetro empírico determinado por experimentos ou através
de cálculos de primeiros princípios (ab − initio). Os termos entre colchetes são denidos
como o inverso da massa efetiva
α 2
1 1 2 X Pn,n0
= + , (2.15)
m∗ m0 m20 n0 En,0 − En0 ,0
~2 k 2
En (k) = En,0 + . (2.16)
2m∗
de modo que o Hamiltoniano associado a energia descrita na Eq. (2.16) é dado por
p2
H= (2.17)
2m∗
∂ vk 1 ∂ ∂E(k)
1 ∂
ak = = ∇~k E(k) ≡ , (2.18)
∂t ~ ∂t ~ ∂t ∂k
2.3. TEORIA DA MASSA EFETIVA 31
1 ∂ 2 E(k)
ak = 2 Fext , (2.19)
~ ∂ k∂ k
−1
∂ 2 E(k)
F=~ 2
a, (2.20)
∂ki ∂kj
∂ 2 E(k)
−1
∗
m ij
=~ . (2.21)
∂ki ∂kj
A Eq. (2.21) dene um tensor de massa efetiva para uma banda eletrônica, cujas
componentes são
1 1 ∂ 2 E(k)
= (2.22)
mij ~ ∂ki ∂kj
Assim, um elétron de Bloch excitado por um campo de forças externo comporta-se como
se possuísse uma massa anisotrópica, diferente da massa de repouso do elétron m0 . A
massa efetiva incorpora todas as informações da estrutura da rede que leve à banda de
energia E(k). Para alguns cristais complexos, componentes não diagonais do tensor massa
efetiva são diferentes de zero. Assim, um campo elétrico aplicado em uma certa direção
do cristal pode causar aceleração eletrônica em uma direção diferente. Na maior parte dos
semicondutores o tensor massa efetiva é diagonal. Em especial, nos cristais isotrópicos, o
tensor se reduz a uma massa escalar:
~2
m∗ = (2.23)
∂ 2 E(k)/∂k 2
A banda de valência é geralmente formada por três ramos denominados buraco leve,
buraco pesado e spin-orbita, devido as suas diferentes massas efetivas, como pode ser
2.4. APROXIMAÇÃO DA FUNÇÃO ENVELOPE 32
visto na Figura 2.2b. As expressões teóricas obtidas para a massa efetiva dos elétrons
também se aplicam aos buracos, e em geral, seus valores dependem da estrutura cristalina,
da periodicidade da rede, e da composição química do material. Na aproximação de
massa efetiva, os elétrons (buracos) na banda de condução (valência) de um material são
considerados como partículas livres, onde a inuência de qualquer potencial externo é
adicionado ao Hamiltoniano efetivo, e interações com outros elétrons e íons de rede são
considerados introduzindo o conceito de massa efetiva.
p2
H= + V (r). (2.24)
2m∗
rezas em poços quânticos [56], estudos de correntes de tunelamento entre os quânticos
dobrados [31], entre outros. Chaves e colaboradores [30] expandiram em 2015 a técnica
de split-operator para estudo de sistemas onde interações spin-orbita e efeitos Zeeman
tem importante papel. Outro exemplo de aplicação interessante foi publicado por Sousa e
colaboradores em 2013 [51], que mostraram a baixa eciência de transmissão de elétrons
devido à adição de um canal extra a um anel quântico conectado em um canal de entrada,
alinhado com um canal de saída de elétrons, ver Figura (1.7). Foi mostrado neste trabalho
a equivalência entre a baixa eciência da transmissão devido ao acréscimo de um canal
extra ao anel e o Paradoxo de Braess. Em escala nanométrica, onde efeitos quânticos são
relevantes, o equivalente quântico do Paradoxo se deve à fenômenos de espalhamento e
interferência do pacote de onda.
Além da técnica split-operator, outras técnicas tem sido desenvolvidas para o cálculo
de propagação de ondas em estruturas quânticas [57, 58, 59, 60, 61]. A maior parte des-
tas técnicas são baseadas na aproximação de um operador de evolução temporal com o
objetivo de se aplicar em situações práticas, por meio de ferramentas numéricas e compu-
tacionais. Neste trabalho optamos pela técnica de split-operator porque quando aplicada
em sistemas cujo potencial se extende em um plano (x, y), e é invariante com o tempo,
apresenta baixo custo computacional, além de ter simples implementação.
i~∂ψ(r, t)
− = Ĥψ(r, t) (2.25)
∂t
p̂2
Ĥ = + Û (r), (2.26)
2m
2.5. DESCRIÇÃO TEÓRICA PARA PROPAGAÇÃO DE PACOTE DE ONDAS EM NANOESTRUTURAS
SEMICONDUTORAS 35
onde p̂ = −i~∇ é o operador momento e Û (r) o operador energia potencial, que descreve
o potencial de connamento de portadores em nanoestruturas. A solução formal para Eq.
2.25 pode ser escrita na forma
Rt
− ~i H∆t
ψ(~r, t) = e 0 ψ(~r, 0) (2.27)
ou
2 /2~m∗
e−iH∆t/~ = e−i(T +V )∆t/~ = e−ip e−iV ∆t/~ + erro. (2.31)
∞
xn
Expandindo o exponencial em série de potência: ex = obtemos
P
n!
n=0
∆t2 ∆t2
erro = (T V − V T ) 2 = [T, V ] 2 ≈ O(∆t2 ) (2.32)
2~ 2~
e−i(T +V )∆t/~ = e−iV ∆t/2~ e−iT ∆t/~ e−iV ∆t/2~ + O(∆t3 ) (2.33)
2.5. DESCRIÇÃO TEÓRICA PARA PROPAGAÇÃO DE PACOTE DE ONDAS EM NANOESTRUTURAS
SEMICONDUTORAS 36
de forma que a Eq. (2.28) pode ser reescrita para o caso unidimensional, como:
2 ∆t/2~m∗
ψ(~r, t) ' e−iV ∆t/2~ e−ip e−iV ∆t/2~ ψ(x, 0) (2.34)
2 ∆t/2~m∗
ξ(x, ∆t) = e−ip η(x, ∆t) (2.35)
Para lidar com o termo que contém o operador de energia cinética, consideramos
σ = −ip2 ∆t/2~m∗ , de forma que
2 ∆t/2~m∗
e−ip = eσ∆t (2.36)
−σ∆t/2 −1 −σ∆t/2 σ∆t
= (e ) e e
= (e−σ∆t/2 )−1 eσ∆t/2
−1
(σ∆t) 2
(σ∆t) 2
= 1− + O ∆t + ... 1+ + O ∆t + ...
2 2
−1
σ∆t σ∆t
' 1− 1+
2 2
substituindo o valor de σ :
−1
ip2 ∆t ip2 ∆t
−ip2 ∆t/2~m∗
e ' 1+ 1− (2.37)
4~m∗ 4~m∗
−1
ip2 ∆t ip2 ∆t
ξ(x, ∆t) = 1+ 1− η(x, ∆t) (2.38)
4~m∗ 4~m∗
∆t ~2 ∂ 2 ∆t ~2 ∂ 2
1+i ξ (x, ∆t) = 1 − i η (x, ∆t) (2.39)
~ 4m ∂x2 ~ 4m ∂x2
2.5. DESCRIÇÃO TEÓRICA PARA PROPAGAÇÃO DE PACOTE DE ONDAS EM NANOESTRUTURAS
SEMICONDUTORAS 37
Figura 2.3: Grid de discretização para aplicação de derivadas pelo método de diferenças
nitas
Usamos agora o método numérico de diferenças nitas para resolver as derivadas da Eq.
(2.39), considerando que
sendo h (= xi+1 − xi = xi − xi−1 ) a distância entre dois pontos da grid, que é uniforme
para toda a grid.
A Eq. (2.40) é a derivada central de segunda ordem, que é obtida a partir da composi-
ção entre derivadas de primeira ordem a direita e a esquerda, usando o método numérico
de diferenças nita. A denição da discretização a direita da derivada primeira da função
ψ(x) é escrita como
∂ψ(x) ψi+1 − ψi
= , (2.41)
∂x h
∂ψ(x) ψi − ψi−1
= . (2.42)
∂x h
ip2 ∆t
1− ξ = ξi + β(ξi−1 − 2ξi + ξi+1 ) (2.43)
4~m∗
ip2 ∆t
1+ η = ηi − β(ηi−1 − 2ηi + ηi+1 ) (2.44)
4~m∗
esta equação tem a forma de uma matriz tridiagonal, e desde que o lado direito desta
equação seja conhecido, a inversão da matriz fornece a função ξ(x). Esta aproximação
pode ser aplicada com diferentes condições de contorno, periódica ou não. Se o sistema a
ser estudado for nito, como é o caso dos sistemas investigados nesta dissertação, usamos
condições de contorno para sistemas nitos, de forma que a Eq. (2.45) pode ser escrita
como:
1 + 2β −β 0 0 0 ξ1
−β 1 + 2β −β 0 0 ξ2
.. .. .. .
.. =
0 . . . 0
−β 1 + 2β −β ξN −1
0 0
0 0 0 −β 1 + 2β ξN
1 − 2β β 0 0 0 η1
β 1 − 2β β 0 0 η2
.. .. .. .
..
0 . . . 0 (2.46)
β 1 − 2β
0 0 β ηN −1
0 0 0 β 1 − 2β ηN
Neste caso nas extremidades do sistema a função de onda deve ser nula, ou seja, ξ0 =
ξN +1 = 0. Realizando este processo repetidamente, a cada passo no tempo ∆t, uma função
de onda inicial ψ (x, 0) pode ser evoluída para um estado nal ψ (x, t). Este é o principal
ponto do método numérico, a evolução de uma matriz tridiagonal é facilmente obtida
por meio de subrotinas disponíveis na literatura. Para implementação em linguagem do
Fortran, a diagonalização da matriz pode ser feita por meio da subrotina TRIDAG, que
é de fácil implementação, usada para sistemas nitos e de livre acesso na internet, que
pode ser também encontrada na Referência [52].
Capítulo 3
Fios Quânticos Semicondutores
Nanoestruturas semicondutoras de baixa-dimensionalidade, em que o connamento
quântico pode ser controlado de forma a proporcionar propriedades ópticas e eletrônicas
desejáveis, têm estado na vanguarda da evolução da física do estado sólido por mais de
quatro décadas [62]. Os efeitos do connamento quântico de portadores tornam-se cada
vez mais importantes a medida que as dimensões das estruturas semicondutoras são redu-
zidas. Da mesma forma, a geometria da estrutura, que em princípio não era considerada
como uma característica importante, têm grande inuência nas propriedades de conna-
mento e transporte eletrônico [63]. A eciência no transporte de elétrons em sistemas
semicondutores de baixa dimensionalidade e de variadas geometrias, é alvo de intensa
pesquisas hà vários anos [64, 65, 66, 67, 68, 69]. Os estudos levaram a um maior controle
do movimento eletrônico sob diferentes aspectos: i. Efeitos de campos externos (cam-
pos magnéticos e elétricos estáticos ou dependentes do tempo); ii. inuência de diferentes
pers de potenciais; iii. interações devido à defeitos e/ou impurezas [67]. O foco principal
das pesquisas tem voltado para a busca por materiais e geometrias que consigam produzir
dispositivos cada vez menores, ecientes e com baixo consumo de energia. Por outro lado,
a redução nas dimensões provoca correntes indesejáveis no interior do dispositivo. Neste
sentido, o uso de canais 2D em dispositivos tem mostrado bons resultados no controle de
parâmetros importantes para o desempenho do MOSFET fabricado em nanoescala.
Do ponto de vista experimental, os aprimoramentos das técnicas de crescimentos, como
AFM (Atomic Force Microscopy : Microscopia de Força Atômica) e técnica de split-gate
em MBE, tem permitido a fabricação em nanoescala de canais semicondutores estreitos.
Do ponto de vista teórico, em escala nanométrica, o transporte de elétrons é de grande
interesse, e um grande número de novos fenômenos foram preditos e observados nos anos
recentes [70, 71, 72].
Neste capítulo faremos um estudo teórico das propriedades de transporte em canais
quânticos semicondutores, abordando cálculos das probabilidades de transmissão, densi-
dade de corrente e condutividade nestes sistemas. O modelo teórico usado é baseando
na solução da Equação de Schrödinger dependente do tempo através do método de split-
operator e técnicas numéricas de discretização, mostradas no Capítulo 2. Este modelo é
3.1. DESCRIÇÃO TEÓRICA DO MODELO 40
~2 kx2
En (kx ) = En(y) + (3.1)
2m∗e
(y)
Nesta equação me é a massa efetiva do elétron e as auto-energias En
= hφn (y)| H |φn (y)i
são numericamente calculadas para um potencial de connamento Ve (= 600 meV). O
método para cálculo das auto-energias pode ser baseado na discretização numérica da
equação de Schrödinger independente do tempo, ou na solução numérica da equação
dependente do tempo. O pacote de onda é representado por uma combinação de uma
função Gaussiana com uma onda plana
" #
(x − x0 )2
Ψ(x, y) = exp ik0 x − φ0 (y) (3.2)
2σ 2
p
sendo k0 = 2me ε/~ o vetor de onda correspondente a energia cinética ε. A função φ0 (y)
3.1. DESCRIÇÃO TEÓRICA DO MODELO 41
7.5 (a)
WB
5.0
y (nm)
2.5
0 L=10 nm
-2.5
-5.0
-7.5
7.5 (b)
WB
y (nm) 5.0
2.5 nm
2.5
0 5 nm
-2.5
2.5 nm
-5.0
-7.5
7.5 (c)
WB
5.0
y (nm)
2.5 2.0 nm
0
-2.5 2.0 nm
-5.0
-7.5
Figura 3.1: Pers de potencial para três canais estudados: (a) canal com barreira, (b)
canal com uma fenda e (c) canal com dupla fenda. WB é a largura das barreiras.
Z ∞ Z +∞
T = dt dyJx (xR , y, t) (3.3)
0 −∞
Z ∞ Z +∞
R=− dt dyJx (xL , y, t) (3.4)
0 −∞
3.1. DESCRIÇÃO TEÓRICA DO MODELO 42
~ ∗ ∂ ∂ ∗
Jx (x, y, t) = ψ ψ−ψ ψ (3.5)
2me i ∂x ∂x
Z∞
JT (xi , y, t) = Jx (xi , y, t)dy (3.6)
−∞
4 4
Vim = −iEmin (ax − bx3 ) + 2 − (3.7)
(c − x) (c + x)2
16
a=1− (3.8)
c3
17
b = 1 − 3 /c2 (3.9)
c
Z∞ √ √
dz
c= = 2k 1/ 2 (3.10)
(1 + z 2 )3/4
0
sendo k denido a partir de uma integral elíptica com argumentos K(k) = F (π/2) [74],
resultando em c = 2. 62206. Emin é a energia mínima a ser considerada para o elétron, e
pode ser escrita como
2
~2
c
Emin = (3.11)
2me 2(x2 − x1 )δ
3.2. RESULTADOS E DISCUSSÕES 43
(a)
(b)
(c)
afetada. Pode se observar que para a barreira larga WB = 2.0 nm, a transmissão chega a
ser menor do que a reexão para ε < 110 eV.
A Figura 3.3 mostra os resultados para a densidade de corrente de probabilidade
em função do tempo. A sequência dos grácos plotados na Figura 3.3 (a), (b) e (c)
correspondem, respectivamente aos sistemas (a), (b) e (c) mostrados na Figura 3.1. Os
grácos da primeira coluna a esquerda correspondem à WB = 0.5 nm, enquanto que as
duas colunas seguintes correspondem à WB = 1.0 e 2.0 nm, respectivamente. Os resultados
foram plotados no gráco de forma que cada linha corresponde a um valor especico de
energia cinética do pacote de ondas propagado a partir do estado fundamental: ε1 = 70
meV (linha preta sólida), ε2 = 140 meV (linha tracejada vermelha), ε3 = 180 meV (linha
pontilhada azul). A linha traço-ponto verde representa o pacote de ondas com energia ε3
propagado a partir do primeiro estado excitado.
3.2. RESULTADOS E DISCUSSÕES 45
t (fs) x 10
Figura 3.3: Corrente de probabilidade em função do tempo para pacote de ondas propa-
gando a partir do estado fundamental com energia cinética igual a ε1 (linha sólida preta),
ε2 (linha tracejada vermelha) e para ε3 (linha pontilhada azul). A linha traço ponto em
verde representa a corrente de probabilidade em função do tempo, considerando energia
cinética igual a ε3 e pacote de ondas propagado a partir do primeiro estado excitado.
GaAs
InGaAs
Figura 3.4: (a) Auto-energias de um poço quântico nito em função da largura do canal
(b) Diagrama representando as bandas de energia do estado fundamental e 1o estado
excitado em função do vetor de onda, para um poço quântico com largura L = 10 nm.
0
-20
-40
40
20
y (nm)
0
-20
-40
40
20
y (nm)
0
-20
-40
-40 -20 0 20 40 -40 -20 0 20 40 -40 -20 0 20 40 -40 -20 0 20 40
x (nm) x (nm) x (nm) x (nm)
Figura 3.5: Módulo quadrado da função de onda em quatro instantes de tempo diferentes,
propagado a partir do estado fundamental com energia cinética ε3 . A primeira coluna
mostra o instante t=300 f s, enquanto que as colunas seguintes mostram, respectivamente,
os instantes t=600 f s, t=1.200 f s e t=12.600 f s.
efeito túnel para a região à direita da barreira. É possível observar no instante t = 12.600
f s, que o espalhamento muda o vetor de onda de forma que o pacote passa a se propagar
no primeiro estado excitado. Nos sistemas (b) e (c) o pacote de ondas é pouco reetido.
Nesses dois sistemas, o espalhamento provocado pelas fendas não altera o vetor de onda
do pacote, e o pacote permanece propagando no estado fundamental.
Em conclusão, neste capítulo estudamos espalhamento de pacotes de ondas em canais
quânticos semicondutores com obstruções do tipo barreira e fendas simples e dupla. O
método empregado consiste na solução da equação de Schrödinger dependente do tempo,
sendo consistente com a teoria da massa efetiva e com formalismo da função envelope. Os
resultados obtidos mostram que as obstruções no interior do canal provocam espalhamento
do pacote de onda na região da barreira. A transmissão e a corrente de probabilidade
são fortemente dependentes da energia cinética ε do pacote de ondas e da largura WB
da barreira. Os resultados obtidos neste trabalho podem servir de referência tanto para
estudos de interesse acadêmico quanto para estudos experimentais. O método aplicado
aqui ainda possui fôlego para uma vasta aplicação em estudos de sistemas semicondutores
de baixa dimensionalidade, tais como estudos em canais quânticos envolvendo interações
do tipo: i. elétron-impureza; ii. elétron-fótons; iii. elétron-elétron; iv. efeito de campos
externos, magnético e elétrico, estático ou dependente do tempo.
Capítulo 4
Propagação de pacotes de ondas em
Fios Quânticos ramicados
Dispositivos mesoscópicos de baixa dimensionalidade são sistemas em que o movi-
mento de elétrons é connado em uma camada bidimensional de um semicondutor. Os
elétrons, com densidade da ordem de 10−11 cm−2 , ocupam estados permitidos acima do
nivel de Fermi EF , o qual pode ser ajustado através de campos externos. Do ponto de
vista experimental, as propriedades do sistema são obtidas a partir de contato metálico
que chegam até a camada eletrônica. Em baixas temperaturas, a corrente através do
sistema é medida como função da diferença de potencial nos contatos. A descrição quân-
tica do circuito completo é um desao ainda em aberto, e alternativas para estudo de
transporte eletrônico tem se baseado em sistemas abertos, onde o contato para injeção
de elétrons surge a partir de reservatórios externos. A determinação de condições de con-
torno corretas para os contatos eletrônicos também consiste em um grande desao que
envolve problemas ainda sem solução em casos de partículas interagentes. Do ponto de
vista teórico, propriedades de transporte em sistemas mesoscópicos, com baixa tempera-
tura e corrente, é comunente descrito por métodos não interagentes. Esta simplicação
se sustenta por considerar que apenas elétrons com energia próximo à energia de Fermi
participam do transporte eletrônico.
A corrente que surge através do dispositivos, devido a pequenas variações no potencial
em um dos contatos, pode ser obtida quantitativamente por métodos que calculam a pro-
babilidade de transmissão entre o contato da fonte e o contato do dreno no dispositivo.
Dispositivos com geometrias irregulares, precisam de métodos numéricos para estudar o
processo de transporte eletrônico, e o objetivo deste capítulo é estudar transporte ele-
trônico em dispositivos mesoscópicos com diferentes geometrias em escala nanométrica.
O comportamento de elétrons nesta escala é domínio da mecânica quântica, e efeitos de
difração e espalhamento quântico ocorrem devido a geometria dos dispositivos, afetando
de forma signicativa as propriedades de transporte nestes dispositivos. A investigação
do comportamento eletrônico é baseada na solução numérica da equação de Schrödinger
dependente do tempo, através do método de propagação de pacote de ondas, já descrito
50
Figura 4.1: Pers de potencial para os sistemas investigados, compostos por 1 canal de
entrada para injeção do pacote de onda e 3 terminas de saída, os canais possuem 10 nm
de largura inclusive o canal vertical.
em capítulos anteriores.
Os dispositivos consistem em quatro sistemas mesoscópicos cuja geometria é formada
por um canal para injeção de elétrons, (pacote de ondas) e três canais de saída, os quais
produzem espalhamento do pacote de ondas. A Figura 4.1 mostra os quatro dispositivos
usados neste trabalho. A diferença entre os sistemas está no alinhamento do canal de
entrada com os canais de saída. O material que compõe a região do canal é o semicondutor
InGaAs, enquanto a região fora do canal é formado pelo semicondutor GaAs. Conforme
mostrado na Figura 4.1 (a), os contornos dos sistemas são suavizados para evitar que
surgem estados ligados no interior do canal. Os dispositivos consistem em estruturas
planares quânticas em que o movimento de elétrons é obrigado a estar no plano (x, y), cuja
dimensão é de 420 x 420 nm. O potencial de absorção tem a largura de 420 nm, xo nas
extremidades esquerda e direita da grid. As probabilidades de transmissão e reexão são
calculadas através da integração numérica da densidade de corrente em pontos especícos
da grid do sistema, sendo que a reexão é calculada no canal de entrada e as transmissões
nos canais de saída. Os pontos onde a reexão e a transmissão são calculadas estão
indicados pelas letras R, T1 , T2 e T3 na Figura 4.1. As equações de transmissão e reexão
são as mesmas denidas pelas equações (3.3) e (3.4), e os erros observados na soma de R
+ T, também apresentam valores da ordem de (0.1%).
51
0.6 T1 0.8
T2
T3
0.7
0.4
R
0.2 0.1
Transmissão
0.0
0.0
0.4 0.6
0.3 0.4
0.2 0.2
0.1 0.0
80 100 120 140 160 180 80 100 120 140 160 180
(meV) (meV)
40
y (nm)
20
0
-20
-40 t1= 400 fs t2= 900 fs t3= 1.900 fs t4= 2.200 fs
40
y (nm)
20
0
-20
-40
40
y (nm)
20
0
-20
-40
40
y (nm)
20
0
-20
-40
-40 -20 0 20 40 -40 -20 0 20 40 -40 -20 0 20 40 -40 -20 0 20 40
x (nm) x (nm) x (nm) x (nm)
Figura 4.3: Módulo quadrado da função de onda em quatro instantes diferentes, propa-
gado a partir do estado fundamental.
que o pico de corrente ocorre mais rapidamente comforme a energia cinética aumenta,
como consequência da alta velocidade de Fermi. O transporte da corrente de probabilidade
se dá com maior intensidade através do canal de saída que é alinhado com o canal de
entrada, conforme mostrado nas Figuras (a) T1 , (b) T2 e (d) T2 .
No sistema (b), a barreira de potencial, alinhada com o canal de entrada, produz maior
espalhamento do pacote de ondas, que pode ser visto através das oscilações de corrente de
probabilidade e pelas probabilidades de transmissão, na Figura 4.2. quando propagado
a partir do primeiro estado excitado, a corrente de probabilidade leva mais tempo para
sair dos canais, devido à baixa velocidade de propagação estar associada à um vetor de
onda menor. No sistema (d) o ângulo de alinhamento (30o ) dos canais T1 e T3 com o
canal de entrada favorece o transporte, de forma que a corrente de probabilidade passa
pelo sistema sem oscilações.
Do ponto de vista de uma aplicação prática, é importante descrever o comportamento
da condutância para diferentes valores da energia cinética. Neste trabalho, a condutância
é calculada como um caso particular do formalismo de Landauer [76, 77], descrito em
termos da soma das transmissões em multibandas de energia, representadas pelo índice
n.
54
40
y (nm)
20
0
-20
-40 t1= 400 fs t2= 900 fs t3= 1.900 fs t4= 2.200 fs
40
y (nm)
20
0
-20
-40
40
y (nm)
20
0
-20
-40
y (nm)
20
0
-20
-40
-40 -20 0 20 40 -40 -20 0 20 40 -40 -20 0 20 40 -40 -20 0 20
x (nm) x (nm) x (nm) x (nm)
Figura 4.4: Módulo quadrado da função de onda em quatro instantes diferentes, propa-
gado a partir do primeiro estado excitado.
X (n)
Gl (ε) = G0 Tl (ε) (4.1)
n
onde o índice l(= 1, 2, 3) refere-se ao canal de saída, onde a condutância é calculdada, por
meio das transmissões T1 , T2 e T3 . O quantum de condutância G0 (= 2e2 /h) é usada aqui
(n)
como unidade de condutividade elétrica, e as transmissões Tl são calculdadas ajustando
o pacote de ondas com o índice n da banda de energia. A propagação do pacote de
ondas com energia menor que 165 meV ocorre apenas na banda de energia do estado
fundamental. Quando a energia cinética passa de 165 meV. O pacote de ondas se espalha
para o 1o estado excitado, propagando-se em duas bandas. Este efeito é obsevado no
cálculo da condutância a qual apresenta um salto no valor G/G0 em torno de ε= 165
meV, conforme mostrado na Figura 4.6. As condutâncias G1 (linha preta sólida). G2
(linha tracejada vermelha) e G3 (linha traço-ponto azul) são calculadas por meio das
transmissões T1 , T2 e T3 , respectivamente.
A equação (4.1) descreve exatamente a condutância à temperatura 0K, a partir de
probabilidades de transmissão calculadas com ondas planas e com energia ε. Por outro
lado, para temperaturas diferente de zero, o cálculo de condutância tem que levar em
consideração a energia de Fermi, cuja derivada da distribuição deve ser multiplicada pela
55
Figura 4.5: Corrente de probabilidade em função do tempo para quatro valores de energia
cinética do pacote de onda, sendo eles: Linha sólida preta, 70 meV; Linha tracejada
vermelha, 140 meV; Linha pontilhada azul, 180 meV no estado fundamental; e linha
tracejada pontilhada verde, 180 meV propagada no primeiro estado excitado.
(a) (c)
0.8
0
0.6
G/G
T
1
0.4
T
2
0.2 T
3
(b) (d)
0.8
0
0.6
G/G
0.4
0.2
(meV) (meV)
condutância nos terminais de saída, mas não possuem conrmação experimentais disponi-
veis na literatura. Por outro lado, espera-se que a possível publicação dos resultados aqui
apresentados possam servir de motivação para realização de trabalhos experimentais. Do
ponto de vista teórico, o controle do transporte através dos canais pode ser investigado
através de aplicação de campo externos e interação com potenciais de pontas de AFM e
STM, o que gera perspectivas futuras para continuidade deste trabalho.
Capítulo 5
Conclusões e Perspectivas
Neste trabalho, nós utilizamos a técnica Split − operator , que é consistente com a
teoria da massa efetiva e com formalismo da função envelope, para resolver a equação
de Schödinger dependente do tempo, am de investigar o transporte e as propriedades
eletrônicas de nanoestruturas semicondutoras. Estas nanoestruturas consistem em Fios
quânticos com barreiras e Fios quânticos ramicados por meio de canais .
No Capítulo três investigamos as propriedades eletrônicas de um pacote de ondas,
formado pela combinação de uma função gaussiana com uma onda plana que é propa-
gado através de três diferentes Fios quânticos, formados por canais semicondutores com
obstruções (barreira simples, fenda simples e fenda dupla). O pacote de ondas, reetido e
transmitido através de barreiras, possibilita um estudo sobre o espalhamento de elétrons
em diferentes sub-bandas de energia. Nossos resultados mostram que a transmissão e a
corrente de probabilidade são fortemente dependentes da energia cinética ε do pacote de
ondas e da largura WB da obstrução no interior do o.
O Capítulo 4 foi destinado ao estudo teórico do espalhamento de um pacote de ondas
em os quânticos ramicados em multicanais. Os resultados mostram que a geometria
dos dispositivos alteram signicativamente os cálculos da probabilidade de transmissão,
corrente de probabilidade e condutância nos terminais de saída.
Acreditamos que os resultados apresentados neste trabalho, assim como a técnica
utilizada, podem servir como referência para trabalhos futuros em sistemas de baixa di-
mensionalidade. O controle do transporte de elétrons nos sistemas propostos aqui, podem
ser investigados, por exemplo, por meio de interação com campos externos e potenciais
que simulam pontas AFM e STM. Outros problemas também podem ser pesquisados por
meio das técnicas aqui apresentadas, como por exemplo:
[36] Ashcroft, Neil W and Mermin, N. David, Solid State Physics, publishing Thomson
Learning (1976).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 60
[37] A. A. Sousa. Fios Quânticos Core-Shell com Efeito de Potencial de Carga Imagem,
Dissertação de Mestrado (2012).
[38] M. S. Dresselhaus, Solid State Physics, Part I, Transport Properties of Solids, (2001).
[53] B. Szafran, F. M. Peeters and S. Bednarek, Phys. Rev. Lett. 70, 125310 (2004).
[54] M. D. Petrovic, F. M. Peeters, A. Chaves and G. A. Farias, J. Phys. Condens. Matter
25, 495301 (2013).
[55] L. G. G. V. D. Silva, S. E. Ulloa, A. O. Govorov Phys. Rev. B 70, 155318.
[56] T. A. S. Pereira, A.A SOUSA, M.H Degani, G.A. Farias, Dielectric mismatch and
shallow donor impurities in GaN/HfO2 quantum wells. Phys. E, Low-Dimensional
Systems and Nanostructures, 66, p. 81, (2014).
[57] U. Peskin, R. Koslo, N. Moiseyev, J. Chem. Phys. 100, 8849 (1994).
[58] A. Alvermann and H. Fehske, J. Comp. Phys. 230, 5930 (2011).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 61
[75] A. Chaves, G. A. Farias, F. M. Peeters, and B. Szafran, Phys. Rev.B 80, 125331
(2009).