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REDAÇÃO PARA CONCURSO.

Profª: Lorena Rocha

Antes de iniciar os estudos sobre o texto dissertativo-argumentativo, vamos


discutir algumas questões:
 Você costuma expressar sua opinião?
 Se sim, em que situações e veículos sua manifestação é mais comum?
 Ao expressar sua opinião você utiliza com maior frequência a fala ou a
escrita?
 Qual é a importância da escrita ocupa em sua vida?
 Para você, suas opiniões e argumentos são capazes de modificar o
ponto de vista do outro?
 Você costuma aceitar a opinião alheia?
 Em caso de discordância, é comum defender seu ponto de vista?
 Você já mudou de opinião? Por quê?
 Para você qual é a importância de ter uma opinião formada? De que
modo isso influenciará em seu futuro?
 Para emitir seu posicionamento você utiliza que tipo de argumentos?
 Qual é sua principal fonte de informação?

Porque dissertar é:
I. Expor um assunto, esclarecendo as verdades que o envolvem, discutindo a
problemática que nele reside;
II. Defender princípios, tomando decisões
III. Analisar objetivamente um assunto através da sequência lógica de ideias;
IV. Apresentar opiniões sobre um determinado assunto;
V. Apresentar opiniões positivas e negativas, provando suas opiniões, citando
fatos, razões, justificativas.

E argumentar:
I - Apresentar fatos, provas ou argumentos;
II - Tirar as consequências de um princípio ou fato; concluir, deduzir.
III - Servir de argumento, prova ou documento;
IV - Chamar à discussão; provocar controvérsia; altercar, brigar, discutir.
V - Apresentar ou enunciar argumentação sobre algum assunto;
Mas como vou construir esse texto?
O texto dissertativo-argumentativo apresenta uma estrutura formada por três
partes:
• INTRODUÇÃO - tese ou ideia principal (1º parágrafo);
I - É na introdução que o assunto deve estar. É possível identificarmos qual é o
assunto? Se não conseguimos identificar o assunto na introdução, é porque
alguma coisa não vai bem;
II - É necessário que saibamos qual é a opinião defendida. Isso é possível?
Então, qual é a opinião? É a de que não necessitamos tanto assim de amigos?
III - É possível identificar a opinião clara da pessoa que escreveu? Se
conseguimos, estamos diante de uma boa introdução

• DESENVOLVIMENTO – argumento (2º e 3º parágrafo);


Apresentar argumentos fundamentado suas ideias e trazendo informações
importantes no papel de convencimento do leitor. Podendo ser:
I - ARGUMENTOS DE VALOR UNIVERSAL: São argumentos fortes, irrefutáveis, que
são compartilhados pela maioria dos leitores. Evite as opiniões pessoais, baseados na
emoção ou no lugar-comum.
II - DADOS COLHIDOS DA REALIDADE: a exatidão das informações usadas e do
seu conhecimento público permite convencer aquele que lê o seu texto.
C - CITAÇÕES DE AUTORIDADES: leia textos, pesquisas de autoridades sobre um
determinado tema para melhorar o seu texto e cite pessoas consagradas, como
filósofos, autores, músicos, etc..
D - EXEMPLOS E ILUSTRAÇÕES: para melhorar o seu texto recorra a exemplos
conhecidos para facilitar o entendimento do texto, como filmes, series entre outros.

• CONCLUSÃO - retomada da tese + confirmação do posicionamento


defendido no texto + observação final / aponta uma solução ou proposta
para a questão abordada. A proposta deve ter:
- AÇÃO - o que deve ser feito?
- AGENTE - quem vai executar?
- MODO / MEIO - como executar/por meio de quê?
- EFEITO- para quê?
E A LINGUAGEM?
A linguagem nesse tipo de texto precisa ser predominantemente IMPESSOAL.
O que seria isso? Ser impessoal no texto é não revelar a opinião pessoal de
quem escreve. Se um texto dissertativo-argumentativo já é, em si mesmo, um
tipo de texto no qual o autor expõe a sua opinião, torna-se desnecessário
marcas como “eu acho” e “na minha opinião”. Mas como tornar um texto
impessoal? Usando os verbos na 3ª pessoa do singular (ele/ela) e do plural
(eles/elas) ( (geralmente acompanhados do pronome “se”). Evite as
construções com 1ª pessoa do singular (eu) e do plural (nós).
Para dar maior impessoalidade ao texto, deve-se seguir as seguintes
orientações:
 Substituir expressões como “eu acho”, “na minha opinião”, “do meu
ponto de vista” etc., por outras mais gerais, como “é bom lembrar”, “é
preciso considerar”, “é importante”, “convém observar” e outras;
 Evitar ao máximo o uso da primeira pessoa do singular. Assim, em vez
de o autor escrever “Considero que as contribuições sociais foram
importantes para…”, deve optar por “As considerações sociais foram
importantes para…”. Ou seja, o autor deve ser mais direto, não há a
necessidade de usar a primeira pessoa, pois já se sabe que se trata de
um texto essencialmente opinativo;
 Indeterminar o sujeito. Neste caso, são duas as opções: o autor pode
omitir o sujeito e colocar o verbo na 3ª pessoa do plural (eles/elas) ou
usar o verbo intransitivo ou transitivo indireto ou de ligação + pronome
“se”. Assim, em vez de o autor escrever: “Eu acredito que as pessoas
vivem melhor no campo”, deve optar por “Vive-se melhor no campo”.
EXEMPLO DE REDAÇÃO: A persistência da violência contra a mulher na
sociedade brasileira.
(INTRODUÇÃO) A violência contra a mulher no Brasil tem apresentado
aumentos significativos nas últimas décadas. De acordo com o Mapa da
Violência de 2012, o número de mortes por essa causa aumentou em
230% no período de 1980 a 2010 (ARGUMENTO EXEMPLOS E
ILUSTRAÇÕES). Além da física, o balanço de 2014 relatou cerca de 48% de
outros tipos de violência contra a mulher, dentre esses a psicológica. Nesse
âmbito, pode-se analisar que essa problemática persiste por ter raízes
históricas e ideológicas (TESE).
(DESENVOLVIMENTO 1) O Brasil ainda não conseguiu se desprender das
amarras da sociedade patriarcal (DESENVOLVIMENTO DA TESE). Isso se
dá porque, ainda no século XXI, existe uma espécie de determinismo biológico
em relação às mulheres. Contrariando a célebre frase de Simone de Beauvoir
(ARGUMENTO DE AUTORIDADE) “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, a
cultura brasileira, em grande parte, prega que o sexo feminino tem a função
social de se submeter ao masculino, independentemente de seu convívio
social, capaz de construir um ser como mulher livre. Dessa forma, os
comportamentos violentos contra as mulheres são naturalizados, pois estavam
dentro da construção social advinda da ditadura do patriarcado.
Consequentemente, a punição para este tipo de agressão é dificultada pelos
traços culturais existentes, e, assim, a liberdade para o ato é aumentada.
(DESENVOLVIMENTO 2) Além disso, já há o estigma do machismo na
sociedade brasileira (DESENVOLVIMENTO DA TESE). Isso ocorre porque a
ideologia da superioridade do gênero masculino em detrimento do feminino
reflete no cotidiano dos brasileiros. Nesse viés, as mulheres são objetificadas e
vistas apenas como fonte de prazer para o homem, e são ensinadas desde
cedo a se submeterem aos mesmos e a serem recatadas. Dessa maneira,
constrói-se uma cultura do medo, na qual o sexo feminino tem medo de se
expressar por estar sob a constante ameaça de sofrer violência física ou
psicológica de seu progenitor ou companheiro. Por conseguinte, o número de
casos de violência contra a mulher reportados às autoridades é baixíssimo,
inclusive os de reincidência.
(CONCLUSÃO) Pode-se perceber, portanto, que as raízes históricas e
ideológicas brasileiras dificultam a erradicação da violência contra a
mulher no país. (RETOMADA DA TESE) Para que essa erradicação seja
possível, é necessário que as mídias (AGENTE) deixem de utilizar sua
capacidade de propagação de informação para promover a objetificação da
mulher (AÇÃO) e passe a usá-la para difundir campanhas governamentais
para a denúncia de agressão contra o sexo feminino (MODO / MEIO).
Ademais, é preciso que o Poder Legislativo (AGENTE) crie um projeto de lei
(AÇÃO) para aumentar a punição de agressores, para que seja possível
diminuir a reincidência (MODO / MEIO). Quem sabe, assim, o fim da violência
contra a mulher deixe de ser uma utopia para o Brasil (EFEITO).

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