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DÉDA, Francino Silveira. Silva Xavier. O IDEAL; Ano II, nº 57; p.03. 30 de maio de 1954.

Acervo Digital do
Laboratório de Ensino e pesquisa em História. LEPH; UniAGES; Paripiranga/BA

SILVA XAVIER

Não vamos falar aqui do inconfidente Mineiro, do enforcado no “campo dos ciganos”, cujo corpo foi decapitado
e esquartejado, e outro o nosso Silva Xavier.
Estamos recordando os velhos tempos de Patrocínio do Coite e ali o inesquecível José da Silva Xavier o “Silva
Xavier” ou o José do Doutor”.
La para o sertão Baiano, havia um casal de pretos com filhos um dos filhos chamava-se José da Silva Xavier e
este chegou a ser internado em um dos Ginásios da Bahia. Morto porem o cabeça daquele casal, a família caia
em extremo estado de pobreza e o pretinho José foi retirado do G nasio e voltando ao sertão, não se conformou
com aquele novo estado de vida, agravado ainda pelo seu complexo de inferioridade pela cor e resolveu fugir:
assim o mundo seria seu e andou o jovem penosamente de cidade em cidade, ate que lá para os lados de
Alagoinhas ou Inhambupe, topou com um cidadão viajante que lhe prometera levar ã casa de um homem de
bem, um cidadão acolhedor e justo. O pretinho desiludido de sua nova vida de judeu errante, aceitou a propôs
a e foi parar na vizinha cidade de Paripiranga, então Patrocínio do coité e ali fora leva o a casa do Dr. Manoel
Ferreira Coelho, então Juiz Municipal daquele termo judiciário do estado da Bahia.
Devemos lembrar aqui que o Dr. Manoel Ferreira Coelho, era um cidadão largamente relacionado em todo
sertão baiano; Juiz e cidadão a quem Paripiranga deve grande parte do progresso, podemos dizer mesmo que
Dr. Coelho, foi o desbravador do nosso meio social e por isso mesmo Patrocínio do Coite jamais esqueceu o
seu grande benfeitor e tempo houve em que uma das ruas daquela Cidade, tivera o nome do “Dr. Manoel
Coelho” , mudando depois pela influência da “megera” política, não queremos crer que os próprios
reformadores da terra, tivessem em mira apagar nossa gratidão e sim satisfazer homenagens encomendadas
dos políticos do centro na nomenclatura das ruas e praças dos municípios do interior.
E para a companhia desse homem de bem e que foi o pretinho José da Silva Xavier, conhecido logo depois,
por nós do seu tempo, por “José do Doutor”.
E como eu gostava de tomar o tempo do Silva Xavier, com brinquedos da nossa idade, quando ele ia todos os
dias, ao seu serviço habitual de pastorear e apartar o filhote da jumenta que dava leite todas as manhas ao Dr.
Coelho? Mas, o Dr. Coelho, homem de bem, caridoso, justo, culto e civilizado, o fidalgo do nosso meio, não
tinha o Silva Xavier, ou José, como ele chamava, apenas um serviçal; a estudar em casa; admirador apaixonado
que era o Dr. Coelho da arte e ciência de combinar os sons; mandou ensinar musica ao José e este tocava
bem o Saxofone-alto. O pretinho, inteligentes na vila e amigo da juventude selecionado do seu tempo. Em casa
do Dr. Coelho, já o Silva Xavier pouco se aparecia do seu complexo de inferioridade pela cor e foi além. Ocupou
cargos públicos na vila e sendo o Dr. Coelho, nomeado Juiz de Direito da comarca de Xique-Xique. Tora
nomeado Escrivão daquela comarca o José da Silva Xavier. Sendo o Dr. Coelho, transferido por acesso,
daquela para a Comarca de Monte Santo, o Silva Xavier não gostou da sua permanência ali sem o seu protetor
amigo e voltou para Patrocínio do Coite, onde estabeleceu-se no comercio; casou-se e constituiu família.
Recordo do Silva Xavier a sua lealdade; e quando de certa feita entendi constituir em grupo musical na Vila,
contei com a sua lealdade, como um dos melhores elementos daquele grupo que bons serviços prestou a
localidade.
Infelizmente, pertinaz moléstia levou cedo ao tumulo o Silva Xavier que não conseguiu chegar comigo a velhice,
para comentarmos juntos, as travessuras da nossa mocidade.
E hoje, eu não tenho ao menos, noticias da prole do José da Silva Xavier.
Cousas do destino...

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