Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃO
Assim, firma-
A compreensão dos processos sociais e
históricos que marcaram o desenvolvimento da mas ao mesmo tempo permite-se a oferta de
instrução primária da população de Paripiranga,
perpassa pela análise de importantes aspectos da esclarecimento acerca preceitos de cidadania, ou
história da educação no Brasil e na Bahia definições no que tange aos aspectos estruturais
oitocentista. Os olhares voltados para a educação e legais para a educação. A constituição, apesar
pública e as medidas administrativas adotadas das lacunas, gerou importantes discussões acerca
desde a pós Independência até a Primeira do ensino, ao demonstrar interesse e
República, se refletem nos lugares mais preocupação com a popularização da instrução
longínquos da nação. primária; porém, na prática, o acesso à educação
Os princípios liberais e democráticos que ficou reduzido aos grupos das camadas sociais
fundamentavam o novo regime proclamado mais privilegiadas que dispunham de recursos
mediante o processo de independência; financeiros para ingressar no universo das
impulsionaram as discussões acerca da educação primeiras letras.
popular brasileira durante o Império. Inflamaram- Carneiro (2015) em seus estudos sobre os
se os discursos sobre a escassez de mestres, dada níveis de alfabetismo na Bahia entre 1857-1878;
falta de incentivo financeiro e condições propícias tendo como foco a região nordeste da província 1;
à sua boa formação, a precariedade das nos dá a dimensão do nível de instrução da
instalações escolares ou a ausência delas; e a população de Bom Conselho, qual Paripiranga
necessidade urgente de investimento na estava interligada no período; ao verificar, a
instrução popular, considerando-a aspecto de partir da análise de Registros Eclesiásticos ou
grande importância para a viabilidade de um Paroquiais de Terras e Livros de Notas de
governo constitucional. Municípios, a percentagem de gabinetes da
Apesar dos discursos, primeira constituição região capazes de assinar o próprio nome. Dados
brasileira, outorgada em 24 de março de 1824, estes que, segundo a autora, mostram que havia
deu à educação, status de instrução popular; uma prática de escrita na região, realizada por
porém, limitou-se apenas à formalização da uma classe social específica detentora de terras e
educação como direito subjetivo dos cidadãos, de poder aquisitivo elevado em consideração à
inserido no texto constitucional, sem especificar maioria.
as incumbências efetivas do Estado dentro do
A capacidade de assinar dos indivíduos
processo de organização e oferta de instrução envolvidos na documentação gerada no âmbito do
pública. O texto trata apenas do estabelecimento registro de terras nas localidades de Bom Conselho,
da gratuidade da instrução primária para todos os 73/159 (45,91%), Tucano, 63/124 (50,80%) e
cidadãos e prevê a criação de colégios e Itapicuru, 76/88 (86,36%) é relativamente alta em
universidades, em seu artigo 179: relação aos dados do Censo de 1872 para a região
Nordeste, o que parece indicar se tratar de um grupo
A inviolabilidade dos direitos civis e políticos específico, com posses, representando uma
dos cidadãos brasileiros, que tem por base a especialização da escrita e, também, uma escrita
liberdade, a segurança individual e a propriedade, é majoritamente escrita por homens (64,08% -
garantida pela Constituição do Império, pela maneira 207/323 e 10,4% - 5/48) (CARNEIRO, 2015. p. 153).
seguinte:
A autora traz ainda os resultados do censo quaes podesse conseguir melhor distribuição das
de 1872, que apresentam um índice de 25,44% de escolas. Bom preparo dos pro0fessores, prédioas,
mobílias, livros e utensílios, e fiscalização local, que é
alfabetizados em Bom Conselho, e referem-se à actualmente nulla, sou obrigado a dizer que a
capacidade uso da escrita da população, instrção definha e está muito a quem das
necessidades do cultivo intelectual dos habitantes
escrita entre fazendeiros, configurando mpassando de uma
realidade puramente orçamentária. (PORTELLA.
1889. p. 72-73).
capacidade de escrita não de dava na mesma
proporção entre homens e mulheres; pois, ainda
que as mulheres representassem à quase metade Os Presidentes de Província tinham por
dos inventariantes, representavam manos de um obrigação de seus cargos, apresentar anualmente
terço das pessoas aptas para assinar. à Assembleia Legislativa, relatando do ocorrido
Entendendo a educação como uma em sua administração no ano anterior. Tais
experiência e prática social histórica, percebe-se relatos constituem preciosas fontes de
que, na Bahia do final do século XIX, a educação informação acerca da estrutura social, política,
se constituiu numa necessidade geral, cultural e administrativa da província; de modo
independente de sexo, porém com superioridade que os registros relacionados à instrução pública
masculina, dado o contexto sociocultural; como na Bahia oitocentista, sobretudo na microrregião
numa força impulsionada pelas necessidades de Bom Conselho; apontam para à existência de
sociais de seu tempo. Assim, prática educativa, se uma estrutura educacional bastante precária e
produziu do estabelecimento das relações que os muito abaixo do vislumbrado pela administração
gêneros estabeleceram entre si na cultura; sob o provincial; que constantemente salientava a
signo das ideologias e das relações de cultura e de necessidade de mais investimentos e a
poder, estabelecidas entre os sexos, classes, realizações práticas.
etnias e gerações. Os estudos historiográficos da educação
Os Relatórios de Trabalhos do Conselho brasileira nesse período, deixam evidentes os
Interino de Governo2, mostram que até a esforços do Governo Imperial na instituição de
primeira República (1889); em quase todas as leis que viabilizassem o acesso ao ensino no país,
regiões brasileiras, em especial no sertão baiano, a partir da promulgação da Lei de 15 de outubro
a maioria das escolas funcionava em residências de 1827; apontada como a primeira lei da
particulares cedidas ou pertencentes ao próprio educação no Brasil; que vigorou por mais de cem
professor. As turmas eram separadas anos, e regulamentou a tomada de importantes
sexualmente; sendo que o número de meninos medidas educacionais; como a construção de
era sempre muito superior ao de meninas, dado o prédios escolares, remuneração de mestres,
contexto cultural onde a figura feminina estava definição do Método Lancaster3 como padrão de
associada ao recato, à maternidade ao serviço do ensino, estruturação curricular e admissão e
lar. No início, o ensino era ministrado por escolas do sexo feminino; esforços estes, que
professores leigos, e aos poucos chegam os favoreceram implantação de uma educação
mestres formados que, em sua maioria, se elitizada e voltada para a formação de bacharéis,
desdobram para atender às necessidades de deixando à margem da educação nacional.
instrução de uma cidade inteira. Paripiranga, nesse período de constantes
Nas ausências que, ao abrir a Assembleia
mudanças administrativas e reformas
educacionais; surge como povoação, em meados
e incremento a este reamo de serviço e mediante as do século XIX; como resultado de um processo
2 3
Criado em 20 de agosto de 1822, a partir da união Esse método, inventado na Inglaterra, consistia no
administrativas das Vilas da província, como forma de preparo dos alunos mais capazes, que se tornavam
fortalecimento do processo de Independência, monitores para os demais. Os resultados obtidos foram
consolidação e organização administrativa da Regência e do péssimos, o que não impediu sua adoção durante quinze
Império do Brasil. (ALMEIDA, 1822. p. 04). anos 1923-1838. (SAVELI 2010. P.146).
Revista Saberes Especial SPC 2016 49
de ocupação das terras do sertão baiano, sustenta a formação educacional de sua prole;
marcado pela doação de terras e prática da um reflexo do que ocorria no grande sertão da
pecuária extensiva. De início, as terras de Bahia Imperial.
Malhada Vermelha (hoje Paripiranga)
integravam a totalidade do território AS REFORMAS DA EDUCAÇÃO PRIMÁRIA NO
Jeremoabo; passando; depois passou a IMPÉRIO E SEUS REFLEXOS NA ESCOLARIZAÇÃO
pertencer a Bom Conselho, e compunha dos POPULAÇÃO DE PARIPIRANGA
dados de alfabetização apresentado por
Carneiro (2015); até sua emancipação política
em 1886. Historiando o processo de escolarização da
Silva (1982), historiador paripiranguense, população de Paripiranga no final do século XIX;
em sua obra Roteiro de Vida e Morte; um estudo nos primeiros tempo de sua organização
sobre a expansão do catolicismo no sertão territorial e administrativa; quando era conhecida
baiano; nos apresenta dados que sobre o como Arraial de Malhada Vermelha; vemos que,
povoamento de Malhada Vermelha em meados assim como ocorria em quase todos os arraiais e
do XVII, e descreve traços da população que vilas so sertão da Bahia, o processo de
habitou região de Jeremoabo a qual Paripiranga estruturação da instrução pública da população
pertencia no período, ao relatar a existência de foi marcado pela precariedade em todos os
população muito pequena, em relação à ares de aspectos de sua estrutura; em um período em
terra, assim como o estado de pobreza e que os olhos do Estado ainda não haviam
servidão em que viviam: alcançado os mais distantes recantos do sertão.
Todos entregues à roça de mantimentos para
Os registros de documentos, correspondência e
a dieta ordinária, plantando a mandioca, o milho , e imprensa local, demonstram o desejo latente da
o feijão; espalhando pequenos cafezais no população pela instrução de seus filhos, e a
sombreado da mata ou no cinturão das árvores inquietação diante das faltas de prédios públicos,
fruteiras adjacentes às moradias e destinados ao e de mestres que condicionassem o acesso da
consumo doméstico; aplicados à cultura da mamona
para o lume, e do algodão para roupa grosseira, e
maioria de baixo poder aquisitivo ao universo da
quando o comércio abriu condições, passaram a educação formal.
fornecer para fora... Trata-se evidentemente de um O decreto 1.331A, de 17 de fevereiro de
mundo rural, cujos limites naturais e sociais 1854, traz a proposta se uniformização do ensino,
estiveram sempre agravados pela peculiaridade como forma de suprir as carências de uma
ecológica e por instituições inadequadas. Uma
população que vive do campo ou em função dele. Os
estrutura educacional nacional verdadeiramente
censos de 1872 e 1892 apenas registram o cômputo eficiente. O decreto de 1854 contempla a
geral, respectivamente 13 034 e 17 278 habitantes. regulamentação da Instrução Primária e
(SILVA, 1982. p. 11-12). Secundária pública e privada, que ficam sob a
vigilância da Inspetoria Geral da Instrução
O contexto apresentado por Silva (1982) Primária e secundária (PERES, 2005). Desde então
nos traz uma noção da precariedade da vida da o ensino primário divide-se em elementar
população de Paripiranga, no início de sua caracterizado pela educação moral e religiosa e
formação; em um ambiente rural, desprovido das outras quatro matérias consideradas básicas e
estruturas administrativas e sociais que fundamentais para a construção do
permeiam o universo urbano. Um ambiente em conhecimento; e o superior, que contempla as
que as reformas educacionais promovidas pelo disciplinas básicas e outras dez. (PILETTI, 2006).
governo ainda não haviam chegado, e a As reformas ficaram inicialmente restritas
população vivia em condições de extrema ao Município da Corte, e somente após
simplicidade e analfabetismo; uma vez que o intensificação de protestos reivindicações a sua
conhecimento da leitura e da escrita era privilégio aplicação, foi estendida a todas as províncias e
dos mais abastados donos de terras, que gozavam houve então a uniformização das medidas e do
de condições financeiras e base familiar que ensino a nível nacional; para o qual também foi
Revista Saberes Especial SPC 2016 50
estendido alcance da Inspetoria Geral; ampliando investimentos na educação dos colonos, deixada
assim o rigor e as exigência sobre magistério a cargo da igreja católica desde o início da
público e particular. ocupação da terra; que apesar da forte atuação
Como nos aponta Peres (2005. p. 16-17), os jesuítas, não abarcavam a todas as localidades;
entre 1878-1789, ocorreram novas modificações até meados do século XVIII, o que se via nas
na normatização do ensino primário, secundário e pequenas povoações como Malhada Vermelha,
superior; que estabeleceram a não onde a presença da igreja se fazia através da
obrigatoriedade de frequência aos exames figura do vigário, acumulando funções de líder
preparatórios aos cursos superiores e de espiritual e político, sem que houvesse maior
participação nas aulas de ensino religioso, atenção à educação escolar; as crianças eram
reforçando em conformidade com a proposta de iniciadas nas letras por professores leigos com
laicidade do Estado Brasileiro. Entre às ações instrução mínima, que lecionavam em casa, a
educacionais trazidas pela reforma de 1854, estão meninos e meninas cujos pais possuíam
ainda: a liberdade para abrir escolas e o livre condições financeiras para o financiamento das
exercício da docência, sem a obrigatoriedade das aulas; aos demais, restavam às lições que a
provas de capacidade. Porém segundo a autora, vivência social cotidiana lhes proporcionava.
As mudanças na instrução pública
efetivadas pela Carta Régia de 06/11/1772, e
posteriormente a organização das Escolas
ASPECTOS DA POPULAÇÃO DE PARIPIRANGA NO Públicas Primárias, também tiveram reflexo no já
INÍCIO DO SÉCULO XIX E A ORGANIZAÇÃO DA Distrito de Malhada Vermelha; que 1869, não
EDUCAÇÃO COM PROFESSORES SEM ESCOLAS E possuía ainda uma escola pública, e o ensino
ESCOLAS SEM PROFESSORES primário era ainda mínimo e continuava a cargo
de educadores leigos; havia uma escola pública
Em meio a tantas outras povoações na sede da Freguesia, em Bom Conselho, 15
surgidas a partir da ocupação do sertão Baiano no léguas distante, como nos mostra o Jornalista
início do século XIX; num processo marcado pela paripiranguense Francino Silveira Déda, em seus
imposição da pecuária extensiva, e pela violência textos de memórias publicados no jornal local.
no trato com indígenas; o Arraial de Malhada
Vermelha4 desenvolvia-se na lavoura. Abatiam-se Em 1869, o Distrito de Malhada Vermelha não
as matas para o arroteamento dos terrenos, e possuía ainda uma escola pública, o ensino primário
era em parte mínima, ministrado por leigos; havia
Erguia-se o Arraial a cada edificação construída, a uma escola pública na sede da Freguesia, a 15 léguas
cada melhoramento social alcançado. De modo distante. Por isso, em 15-2-1869, os Irmãos Paulo
que já pelo idos de 1840; por necessidade e Cardoso de Menezes, Vitor Marculino de Menezes e
desejo de seus habitantes, representados pelo Lourenço Justino de Menezes, com apoio de
Major José Antônio de Menezes, em solicitação Estanisláo Garcia de Carvalho e outros, pediram ao
Governo da Bahia a criação de uma escola no
ao Vigário de Bom Conselho dos Montes do Povoado Malhada Vermelha onde residiam e no
Boqueirão, se fez construir a Capela de Nossa pedido, ofereciam uma casa pronta, com todos os
Senhora do Patrocínio. utensílios necessários. Grande gesto daqueles
O processo civilizatório que ali se conterrâneos e parentes e afinal, veio à primeira
desenvolvia e a situação de abandono intelectual escola primária. (DÉDA 1953. P. 04).
em que viviam os habitantes de Malhada
Vermelha, fomentava a necessidade de um O cenário descrito por Déda (1953),
sistema de instrução pública. Como o modelo de caracteriza a realidade educacional de Paripiranga
colonização Portuguesa não contemplava grandes na primeira metade do Século XIX, onde o
4 processo educativo de se dava por iniciativas
Primeira denominação dada à cidade de Paripiranga, no
início do processo de povoamento, em decorrência das
particulares, com aula ministradas por leigos em
condições geográficas do lugar e da coloração avermelhada residências cedidas por membros da população
de suas terras (SILVA, 1982, p. 05) ou pelos próprios professores que ministravam
Revista Saberes Especial SPC 2016 51
aulas em suas casas. Em suas crônicas recheadas de Geremoabo ao qual pertencia o Distrito,
de memórias da antiga Malhada Vermelha ou da pedindo a criação de uma escola onde residiam e
Villa de Patrocínio do Coité. no pedido, ofereciam uma casa pronta, com
Voltando à nossa quase mania de recordar o todos os utensílios necessários; conforme ofícios
passado de nossa terra, vamos relembrar aquele transcritos abaixo:
velho método de ensino rotineiro de Patrocínio do
Coité, de Professores Públicos ou particulares, com Illmo. Srs. Presidente e Senadores da Câmara
escolas em casa inaptáveis, onde se viam bancos Municipal.
toscos, compridos e duros, sem encosto e sem Os abaixo assinados moradores na povoação
apoiamento para o busto das crianças, que por denominada Malhada Vermelha, (Coité),
vezes, escreviam nos acentos dos próprios bancos, compreensiva dos districtos do Coité e Sabão, na
ajoelhadas no piso batido e fio do alojamento. O Freguesia de Nossa Senhora do Bom Conselho deste
Mestre-Escola, sentado numa banca ordinária, onde município, convictos de que a instrução pública é
ficavam lápis, papéis, um tinteiro de barro, e uma uma das necessidades mais palpitantes de que
pedra redonda que os meninos conduziam quando devem curar as autoridades constituídas, como o
saíam para necessidade fisiológicas. Uma régua primeiro complemento da sociedade e felicidade dos
grossam, com a qual o professor avivava os alunos seus membros, pois muita vez a ignorância é a causa
com pancadas na cabeça e a célebre palmatória para efficiente dos desvios do homem, que por ella não
compreende os deveres que tem consigo mesmo,
palmatoadas contadas contadas por dúzias, e, os para com seus semelhantes e para consigo mesmo,
alunos humilhados enfezados, olhavam o professor, para com seus semelhantes e com Deus, á esta
mais como uma fera humana duque um Mestre Illustríssima Câmara, como fiel e legítima
amigo; estudavam pelo receio, com aquele barulho representante de seus munícipes, se dirigem,
infernal, com as pernas penduradas nos bancos pedindo pelos termos competentes a criação de uma
altos, em movimentos de balanço e a vozeria escola primaria na referida povoação. Distando ela
ensurdecedora, que ai se estabelecia, com a da sede da Freguesia 15 léguas, onde existe uma
cantilenas ritimadas do; - escola e sendo a sua população de muitos
habitantes, e absolutamente impossível que os
abaixo assinados e mais de famílias deem o devido
mais adeantados cantavam com voz mudad - ensino a seus filhos, que por essa forma ficam
privados desse beneficio tão salutar e eficaz, quanto
um ou dois decuriões, apontavam com palitos aos necessário. Para consecução desse fim, os abaixo
assinados oferecem ao governo uma casa pronta de
infernal era comandado pelo professor rotineiro todos os utensílios precisos para funcionar a escola e
que, com reguadas e palmatoadas estridentes sobre esperam que esta Illustríssima Câmara,
o lastro da banca, amedrontava os alunos para compenetrada do que vem eles expor, se digne de
ativarem os estudos. (DÉDA. 1954. p. 02) fazer chegar esta sua solicitação no Exmo. Governo
da Província para prover essa necessidade tão
Vemos no texto, uma descrição com urgente reclamada Pede a V. S. deferimento.
detalhes ricos sobre o ambiente das salas de (LIMITES DO ESTADO DA BAHIA. 1916. P. 406)
aulas, dos recursos e da metodologia de ensino
empregada pelos chamado Mestre-Escola; em
uma época onde a figura do professor era dotada O ofício emitido pela Câmara de
de respeito e autoridade fornecida pelo sistema Geremoabo em 18 e março de 1869, transmitindo
educacional vigente e pelo prestígio social dado á ao governo do Estado o pedido feito pelos
figura do professor, apesar da baixa remuneração habitantes do districto de Malhada Vermelha
e das péssimas condições de trabalho as quais (Coité) a respeito da necessidade de construção
estava submetido. de uma escola para instrução da população, e
Como mencionado por Déda (1953), a informando a favor, por pertencer o districto ao
instalação da Primeira escola pública na povoação termo da citada Villa, conforme Lei da Regência
ocorreu em 15 (quinze) de fevereiro de 1869, por de 1831:
iniciativa de alguns jovens como os irmãos Paulo
Illmo. Exmo. Conselheiro Presidente da
Cardoso de Meneses, Victor Marcionillo de
Província
Meneses e Lourenço Justiniano de Meneses, que A Câmara Municipal desta Villa,
dignaram-se em escrever ao Conselho Municipal acompanhando a justa solicitação de seus munícipes
Revista Saberes Especial SPC 2016 52
CONSIDERAÇÕES FINAIS
_____.
in Revista do Instituto
Geográfico e Histórico da Bahia, Salvador, nº 93,
jan/dez 1997, pp 165-203.
Arquivo Digital da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro. Brasil. Ed. 00001. 1879. Pag. 6. Serviço de
Reprografia. http://hemerotecadigital.bn.br/ Acesso em 28 de janeiro de 2012.