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Estudo dirigido: Produção de fichamentos

Disciplina: História da Educação I


Docente: Dayana Lima

Nome da/o estudante: Meysianne de Farias Oliveira

Período: 2022.2
Curso: Pedagogia

ANANIAS, Mauricéia. BARROS de Pombo Aaronovich Surya. Escolarização na


província da Parahyba do Norte: a organização da instrução pública primária (1840-
1860) Rev. bras. hist. Educ. Maringá-PR, v. 15, n. 1 (37), p. 83-108, jan./abr. 2015

Esse texto mostra um senário educacional Parahybano no século XIX de


início da formação de pensar de construir a maquinária escolar na Parahyba. O texto
aborda como, e quais foram os principais debates com relação a história da
educação escolar institucional Parahybano. As autoras escolheram como corte
temporal a escolarização na província da Parahyba do Norte pública primária, o
interesse delas é na formação de professoras(es) e de alunas(os) e os
conhecimentos básicos da instrução, isso é aprender a ler, escrever e contar. Elas
falam também de como se começou a debater essa formação no início do século
XIX na Parahyba. O objetivo do texto é que as autoras vão considerar a atuação do
governo provincial diante da instrução pública da Parahyba, este é um objetivo que
situa o texto. Elas trabalham com um autor específico que tem a visão conceitual do
que é lei por exemplo, esse autor tem uma visão metodológica do texto que é o
Edward Palmer Thompson, ele foi um importante historiador britânico que na década
de 60 apoiava muito o marxismo. A metodologia do texto é que as autoras não
enxergam as leis como algo que sempre existiu e que o tempo todo vem acima da
sociedade, elas enxergam as leis no diálogo com as práticas sociais e elas sendo
construídas por esses diálogos. As autoras trabalham com as legislações na
percepção do Thompson porque elas existem escritas e elas tentam regrar um olhar
dos poderes públicos. No texto as justificativas e as brechas que o poder público
encontrou para que se elaborasse o regulamento de 1849, as autoras citam alguns
exemplos como achar que as famílias e professores não se adequavam a civilização
imperial e por isso era preciso regrar o cotidiano das escolas públicas paraibanas.
Na introdução do texto as autoras já partem de uma problemática
historiográfica, que é muito comum ainda para as pesquisas sobre história da
educação no império tradicionalmente as pesquisas antes da década de 90 diziam
que o império não teve preocupação com a questão educacional no Brasil, isso é um
discurso que muitas vezes naturalizamos até hoje achando que só na república é
que foi montada uma maquinária escolar muito próxima da que a gente compreende
na atualidade, e isso não é bem assim. Na introdução as autoras explicam o porquê
do corte temporal escolhido, Elas escolheram esse intervalo temporal como
demonstrativo de intensos debates acerca da importância da instrução,
manifestados algumas vezes na elaboração da legislação e também nas falas dos
envolvidos com o processo de organização desse ramo da vida na província e
apresentados a partir da documentação analisada. As autoras mostram que as
novas pesquisas desde a década de 90 referente a história da educação têm falado
que o império brasileiro foi um ponto de partida muito importante para entendermos
a escola atual, para entendermos a maquinaria escolar contemporânea, esse
discurso de que no império não houve preocupação com a educação veio da
república foi um discurso construído na década de 20. As autoras dizem que as
pesquisas desde a década de 80, 90 tem mostrado que o processo de escolarização
no império do Brasil serviu de inspiração para as legislações que vinheram na
república, serviu para os discursos sobre a educação que vinheram na república,
então isso é enxergar que a história é um processo muitas vezes lento, muitas vezes
rápido, e não como uma quebra. As autoras focam em uma lei específica, o
regulamento de 20 de janeiro de 1849 após o ato adicional. Regulamentos são tipos
de documentos que trazem detalhadamente como o poder público pensava, a
premiação dos alunos, os castigos, o método de ensino aplicado, os horários das
aulas, as matérias que eram lecionadas, então regulamento é um tipo de
documentação detalhada desse cotidiano escolar, e as autoras analisam esse
regulamento. As autoras dividiram o texto em três tópicos, no primeiro tópico elas
vão abordar Nação, Estado nacional e a Parahyba do Norte, no segundo tópico vão
tratar A atuação do governo provincial na constituição da instrução pública, e por
último o tópico os regulamentos da instrução provincial.
No primeiro tópico Nação, Estado nacional e a Parahyba do Norte, nesse
tópico as autoras falam sobre a relação entre o debate sobre a nação brasileira, a
formação do Estado nacional independente brasileiro, com uma historiografia
Paraibana e nacional, aborda esse debate ligado a educação. Na primeira parte elas
vão debater que dentro do império do Brasil havia um debate na qual já discutimos,
isso é, o que era ser brasileiro, quais eram a formas educacionais e o que era um
Brasil independente de Portugal. As autoras para analisar esse debate utilizam a
Schueler e Gondra para poder entender como que estava a realidade Paraíba na
educação após a independência, elas começam a mostrar as ligações políticas,
como era o ideal da educação que os paraibanos defendiam, elas contextualizam,
elas fazem um cenário político nacional e provincial da educação. Nesse contexto, a
construção do Estado nacional e da nação no Brasil após a independência política
de Portugal em 1822 não foi imediata. Foi necessário um amplo processo em
diferentes níveis, como político, econômico e cultural, para garantir a soberania e a
unidade territorial. A criação do Brasil foi uma experiência singular e única, com
manobras precisas para organizar e disciplinar a sociedade brasileira. Nesse
processo, a atuação dos presidentes da província e da Assembleia Legislativa
desempenhou um papel importante na estratégia de direção e controle da
administração e da política imperial. A instrução pública essencial também ganhou
destaque, sendo considerada para elevar o Império à condição de Estado moderno
e civilizado. Esse período após a independência foi marcado por desassossego e
revolta social, expondo as disputas entre diferentes grupos e projetos para uma
jovem nação. Na Paraíba, a historiografia analisa a província a partir de três
elementos basilares: os movimentos liberais, a construção da ordem e a crise
agrária. A construção da ordem foi uma das principais estratégias da política imperial
na tentativa de construir a Nação. Os movimentos sociais e a visão de que eles
poderiam comprometer a unidade nacional levaram à repressão desses
movimentos. A estrutura política da época pode ser explicada pela nacionalização
do poder por meio da atuação das elites agrárias, que buscavam ocupar e ampliar a
máquina político-administrativa na província. A Presidência da Província, o Conselho
Provincial, o aparato judiciário e foram implantados para implantar o poder político
policial na província. Além disso, novas vilas e cidades foram criadas para aumentar
a presença do poder público. Como estratégia para a construção da ordem, os
discursos dos presidentes da província enfatizavam a importância da ordem, do
desenvolvimento e da civilidade da população paraibana. A instrução pública era
defendida como indispensável para alcançar a moralidade dos cidadãos e projetar
um futuro de paz e ordem. Nesse contexto, a legislação desempenhava um papel
fundamental na construção da ordem, sendo utilizada como mecanismo para
consolidar o ideário desejado. As reformas constitucionais, mesmo em uma
sociedade escravocrata e latifundiária, representavam uma consolidação desse
ideário. A instrução pública primária foi apresentada como um elemento de garantia
da ordem e da formação de um povo civilizado.
No segundo tópico sobre a atuação do governo provincial na constituição da
instrução pública, o governo provincial desempenhou um papel fundamental na
constituição da instrução pública durante o período analisado. Através dos discursos
dos presidentes da província e da documentação produzida, pode-se perceber a
intensa atividade do governo nesse campo. Diversas leis foram criadas para
estabelecer, modificar, fechar e reabrir escolas, determinar a organização e
inspeção das aulas, definir as matérias e os métodos de ensino, implementar o
ensino misto, regular a caixa escolar, os materiais didáticos, os recursos financeiros
necessários e o tipo de aluno desejado. Em alguns períodos, a frequência de
escravos nas escolas foi proibida, e o ensino feminino teve seu início. A carreira
docente também foi objeto de regulamentação por parte do governo provincial.
Foram estabelecidas normas para a conduta moral dos professores, aposentadorias,
licenças, processos, salários, suspensão, demissão e remoção, realização de
concursos e exames, bem como os requisitos de habilitação para admissão dos
professores. Os horários e divisões das aulas em relação à localização e idade dos
alunos também foram regulamentados. A Assembleia Legislativa Provincial
desempenhou um papel importante na promoção da legislação local relacionada à
instrução pública. Essas ações eram consideradas parte dos esforços das elites
para a construção da nacionalidade brasileira, acreditando que a base legal seria a
fundadora da escola moderna e do desenvolvimento almejado. Em determinado
momento, foi projetada a criação da Diretoria da Instrução Pública e a fiscalização
realizada pelos comissários como garantia de controle sobre as escolas e os
professores. Os ideais de progresso e civilização foram invocados para convencer a
população a enviar seus filhos à escola, especialmente aqueles considerados
rústicos e ignorantes. A falta de apreço à instrução, de acordo com os legisladores,
justificava a defesa do ensino obrigatório. Embora essa obrigatoriedade não tenha
sido efetivada na época, o debate sobre o assunto revela o papel das elites
governamentais na valorização do ensino para a população, especialmente para os
considerados mais pobres e negligentes em relação à instrução. O discurso
predominante era o de que havia falta de professores preparados para lecionar,
sendo frequentemente mencionada a necessidade de controle sobre sua atuação. A
legislação e os relatórios dos presidentes refletiram essa visão, retratando os
professores como poucos e despreparados para a nobre missão de educar a
juventude. Em suma, a atuação do governo provincial na constituição da instrução
pública envolveu a elaboração e promulgação de leis e regulamentos, além do
controle e organização das escolas e dos professores. O objetivo era garantir a
educação necessária para a população, superando o atraso e contribuindo para a
construção da ordem e da nacionalidade.
No terceiro e último tópico, que fala sobre os regulamentos da instrução
provincial, as autoras vão abordar os regulamentos que foram estabelecidos com o
objetivo de organizar a instrução pública e garantir sua uniformidade. O primeiro
regulamento, datado de 17 de janeiro de 1849, criou o cargo de diretor geral da
instrução pública, que seria nomeado pelo presidente da província. O diretor geral
tinha a responsabilidade de inspecionar os estabelecimentos de instrução e as aulas
públicas provinciais, bem como os professores providos pelo governo ou
particulares. Além disso, o diretor era encarregado de regular o ensino público
nacional, designar as matérias e o método a serem seguidos, promover a
composição de compêndios, distribuir as aulas e organizar regulamentos escolares.
Além do diretor geral, cada município contava com comissários da instrução pública,
nomeados pelo diretor geral com a aprovação do presidente da província. Esses
comissários tinham a função de fiscalizar as escolas e os professores em suas
localidades. Esses comissários eram nomeados pelo diretor geral, com aprovação
do presidente da província, e eram responsáveis por fiscalizar as escolas e relatar
informações sobre a instrução, além de monitorar a conduta dos professores. O
segundo regulamento, de 20 de janeiro de 1849, introduziu diretrizes mais
detalhadas. Ele enfatizava a importância de garantir um espaço adequado para as
escolas, distinto das residências dos professores. Ao longo da década de 1850, não
foram encontrados regulamentos específicos para a instrução pública, mas houve
discussões sobre a necessidade de reformas e de um controle mais efetivo sobre os
professores. A ênfase passou a ser dada à qualificação dos professores, à seleção
de materiais didáticos adequados e à organização do ensino escolar. Além disso,
estabelecia regras para a disposição do mobiliário na sala de aula, incluindo a
presença de uma imagem de Cristo e o retrato do imperador. O método de ensino
utilizado era predominantemente o simultâneo, embora alguns relatos sugiram que
na prática era empregado um método misto. Esses regulamentos refletiam a
tentativa do governo provincial de assumir a regulação e fiscalização das escolas
primárias, seguindo as diretrizes estabelecidas pelo Ato Adicional de 1834. Eles
visavam racionalizar e modernizar a instrução pública, garantindo um ensino de
qualidade e o controle sobre os professores e o ambiente escolar.

Considerações

O texto Escolarização na província da Parahyba do Norte: a organização da


instrução pública primária (1840-1860) destaca que a legislação analisada e os
discursos presentes nos documentos investigados contribuíram para o
estabelecimento da instrução pública primária na província. O governo provincial
demonstrou preocupação com a disseminação da escola, levando em consideração
as famílias dos alunos e os professores como alvos da ação reguladora e
civilizadora. Essas conclusões apontam para a importância atribuída à educação
primária nesse contexto histórico específico. O governo provincial desempenhou um
papel fundamental na criação e organização das aulas de primeiras letras, buscando
estabelecer um sistema de instrução pública que visava não apenas a transmissão
de conhecimentos, mas também a promoção da civilização e do progresso da
sociedade. Esse texto foi muito importante para a minha formação pois a análise
dessas fontes históricas e os argumentos apresentados no artigo podem fornecer
insights sobre a organização da instrução pública primária na província da Parahyba
do Norte durante o período de 1840 a 1860. Isso vai enriquecer a minha
compreensão sobre a história da educação e o papel do governo provincial na
promoção da escolarização nessa região específica do Brasil no século XIX.

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