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Computador e Sociedade

Vaninha Vieira, Marizete S. Santos

Recife, 2010
Universidade Federal Rural de Pernambuco

Reitor: Prof. Valmar Corrêa de Andrade


Vice-Reitor: Prof. Reginaldo Barros
Pró-Reitor de Administração: Prof. Francisco Fernando Ramos Carvalho
Pró-Reitor de Extensão: Prof. Paulo Donizeti Siepierski
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Prof. Fernando José Freire
Pró-Reitor de Planejamento: Prof. Rinaldo Luiz Caraciolo Ferreira
Pró-Reitora de Ensino de Graduação: Profª. Maria José de Sena
Coordenação Geral de Ensino a Distância: Profª Marizete Silva Santos

Produção Gráfica e Editorial


Capa e Editoração: Allyson Vila Nova, Rafael Lira e Italo Amorim
Revisão Ortográfica: Elias Vieira
Ilustrações: Diego Almeida
Coordenação de Produção: Marizete Silva Santos
Sumário

Apresentação.........................................................................................4

Conhecendo o Volume 1.......................................................................5

Capítulo 1 – Filosofia e História da Informática..................................6

1.1. O que é a Informática?.................................................................6

1.2. O que é a Filosofia da Informática?..............................................7

1.3. As Origens da Informática............................................................9

1.4. As Cinco Gerações dos Computadores......................................10

Capítulo 2 – História da Informática: A Internet e a Web.................24

2.1. A ARPANet..................................................................................24

2.2. A Evolução da ARPANet rumo à Internet....................................25

2.3. A World Wide Web......................................................................28

2.4. A Revolução da Web..................................................................30

2.5. A História da Internet no Brasil...................................................33

Capítulo 3 – A Sociedade da Informação...........................................41

3.1. Fases do Desenvolvimento Tecnológico....................................41

3.2. As Novas Tecnologias de Informação e Comunicação...............43

3.3. Influências das NTICs sobre a Sociedade..................................44

Considerações Finais..........................................................................58

Conheça as Autoras............................................................................60
Apresentação

Caro(a) cursista,

Seja bem-vindo(a) ao primeiro módulo do curso Computador e Sociedade. Neste


primeiro módulo, vamos estudar a Filosofia e a História da Informática.

Durante esse módulo, iremos discutir alguns aspectos relacionados às origens da


informática, sua história, evolução e influência em diferentes aspectos da sociedade.
Iremos abordar a história dos computadores, como eles surgiram e chegaram ao estágio
em que estão hoje. Falaremos sobre a história da Internet e da Web e discutiremos
a revolução que a Web representa para o mundo moderno. Você será incentivado a
pesquisar e refletir sobre o papel da informática e das novas tecnologias no mundo
atual.

O objetivo principal deste primeiro módulo é apresentar fatos e opiniões relacionados


à história e filosofia da informática, desde o seu surgimento até os dias atuais, e levá-lo
a refletir e a expressar, de forma crítica, sua visão sobre os fatos estudados.

Você nos acompanha nessa jornada virtual?

Bons estudos!

Vaninha Vieira e Marizete S. Santos

Autoras
Computador e Sociedade

Conhecendo o Volume 1

Neste primeiro volume, você irá encontrar o Módulo 1 da disciplina


Computador e Sociedade. Para facilitar seus estudos, veja a
organização deste primeiro módulo.

Módulo 1 – Filosofia e História da Informática

Carga Horária do Módulo 1: 15 h/aula

Objetivo do Módulo 1: apresentar fatos e opiniões relacionados à


história e filosofia da informática, desde o seu surgimento até os dias
atuais, e estimular a reflexão e expressão da visão do aluno sobre os
fatos estudados.

Conteúdo Programático do Módulo 1

» Introdução à filosofia da informática

» A história dos computadores

» A história da Internet e da Web

» A revolução da Web

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Computador e Sociedade

Capítulo 1 – Filosofia e História


da Informática

Vamos conversar sobre o assunto?

Se alguém lhe perguntar “O que é a Informática?”, o que você


responderá? Pensando rápido, pode parecer um pouco difícil dar
uma resposta adequada, não é? Porém, sabemos que a informática,
hoje, está por toda a parte, em todo lugar, e conseguimos facilmente
citar exemplos de elementos reais ligados a ela. E como será que
ela surgiu? Você sabe? Você consegue imaginar o mundo sem as
facilidades trazidas pela tecnologia? Mas será que foi sempre assim?
O que será que passava pela mente dessas pessoas geniais que
descobriram o computador, o celular, a Web? Será que o que eles
imaginavam naquela época foi o que de fato aconteceu? Será que
hoje a Informática é usada com a mesma finalidade para a qual ela
foi criada? Você acha que a informática surgiu a partir da evolução
da sociedade, ou a sociedade mudou por causa da informática?
Você Sabia? Iniciaremos a busca pelas respostas para essas e outras questões
neste capítulo. Você me acompanha nessa jornada virtual? Que tal
1
Origem começarmos buscando responder “O que é a Informática”?
da palavra
Informática

Em 1957, o 1.1. O que é a Informática?


cientista da
computação
alemão Karl Qual seria uma definição adequada para a Informática? Analisando
Steinbuch publicou
um jornal chamado a palavra “informática”1, percebe-se uma derivação clara de duas
Informatica: outras palavras associadas: “informação” e “automática”. Ou seja,
Informationsverar-
beitung a informática surge com o objetivo de obter e fazer o tratamento da
(“Informática:
processamento informação de forma automática. No dicionário Michaelis [Michaelis
de informação”). 2009], encontramos a seguinte definição:
A palavra
portuguesa é
derivada do francês “Informática é o tratamento automático da informação,
informatique,
ou seja, o emprego da ciência da informação com o
vocábulo criado por
Philippe Dreyfus, computador eletrônico. Tem como base a informação,
em 1962, a partir que por sua vez é resultante da evolução do conceito de
do radical do verbo documentação; teoria da informação”.
francês informer,
por analogia com
mathématique, Como indicado nessa definição, o computador é considerado
électronique.
o meio mais comum da utilização da informática, visando tratar

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Computador e Sociedade

informações de maneira automática.

Pensando em termos da sua atuação, a informática inclui os


seguintes aspectos:

» A compreensão do impacto da tecnologia sobre as pessoas;

» O desenvolvimento de novas utilizações para a tecnologia;

» A aplicação da tecnologia da informação no contexto de outras


áreas, como a saúde, o jornalismo, a biologia, a economia, e
muitas outras.

A informática pode ser vista, também, como um termo genérico


que serve para designar todas as ciências relacionadas ao uso da
informação e seu processamento por computadores, como: ciência
da computação, teoria da informação, análise numérica e métodos
teóricos da representação dos conhecimentos e de modelagem dos
problemas.

1.2. O que é a Filosofia da Informática?

Uma vez que esse curso visa discutir aspectos filosóficos da


informática e nós assumimos que você não possui uma formação
filosófica, é importante começarmos nossa jornada pela compreensão
do que entendemos por filosofia, e onde esta se relaciona com o que
iremos estudar. Consideramos, nesse curso, a definição de filosofia
dada pelo Prof. Rapaport [Rapaport 2005] para o qual:

“a Filosofia é a busca pela verdade, em qualquer área,


por meio de métodos racionais, que podem ser limitados à
lógica ou podem ser estendidos para incluir investigações
científicas práticas”.

Para Rapaport, a filosofia da informática é o estudo das questões


fundamentais e dos principais objetivos da informática [Rapaport
2005].

Chazal, em seu trabalho sobre a filosofia da informática, considera


o fato de que a informática progride em resposta a necessidades
imediatas, de ordem política, militar e econômica, como evidenciado
na seguinte citação [Chazal 1995]:

“Historicamente, o computador se desenvolveu como


forma de calcular por causa de necessidades militares,
mas muito rapidamente os informatas descobriram a

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Computador e Sociedade

possibilidade de manipular símbolos não numéricos


através da máquina”.

A informática desempenha um papel cada vez mais importante


no dia-a-dia das pessoas. Praticamente todos os serviços públicos
já estão informatizados. Mesmo tarefas que, tradicionalmente, eram
realizadas sem o auxílio do computador, hoje contam com suporte
computacional que permite que elas sejam executadas com maior
rapidez e simplicidade. Como, por exemplo, a escolha de qual filme
você vai assistir hoje à noite ou a indicação sobre como chegar àquele
restaurante novo que você tanto deseja conhecer.

Dessa maneira, a informática implica não apenas em questões


técnicas, relacionadas à tecnologia que deve ser utilizada para
processar a informação. Um aspecto fundamental na filosofia
da informática diz respeito ao relacionamento entre tecnologias
inventadas e o seu uso pelas pessoas no apoio ao desempenho
de tarefas no mundo real. Questões sociais, culturais, históricas e
organizacionais devem ser analisadas quando se busca compreender
a evolução da informática.

A forte presença dos computadores e da informática na sociedade


contemporânea e o seu papel na evolução da humanidade é ilustrada
de forma bem humorada na Figura 1.1. A figura usa a famosa
ilustração da teoria da evolução de Darwin e faz uma sátira à evolução
da humanidade em relação ao seu crescimento e uso de instrumentos
de trabalho. Apesar do humor da ilustração, podemos apreender dela
duas coisas sérias: a primeira é que o trabalho do ser humano evoluiu
para uma dependência cada vez maior dos computadores. A segunda
é o impacto do uso excessivo do computador sobre a postura e,
consequentemente, saúde do homem.

Figura 1.1 – Ilustração sobre a Evolução da Humanidade encontrada na Internet

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Como será que chegamos a esse estágio de dependência total


dos computadores? Como mostra a ilustração, nossos antepassados
viviam muito bem sem essas máquinas de processamento rápido de
informações. Mesmo porque os computadores são uma invenção
relativamente nova. Você sabe quando foi que surgiu o primeiro
computador? Você sabe para qual finalidade ele foi idealizado?
Você sabe quem foi o inventor? Se não tem as respostas para essas
questões, me acompanhe, que iremos descobrir juntos.

1.3. As Origens da Informática

A origem e evolução da informática têm uma forte associação com


dois fatores: de um lado temos as necessidades de processamento da
informação impostos pela sociedade e organizações; e, por outro lado,
temos os avanços tecnológicos e dos computadores, que permitem
que processamentos mais sofisticados possam ser realizados e, com
isso, influencia a evolução da própria sociedade. Da mesma maneira
que as máquinas provocaram a revolução industrial, transferindo boa
parte do trabalho humano para as máquinas nas indústrias e fábricas, a
informática acompanhou essa evolução e os avanços nas tecnologias
da informação provocaram a chamada “revolução digital”.

Do primeiro computador, o ENIAC, construído em 1946, até os


processadores modernos, a informática percorreu um longo caminho.
Vamos observar alguns fatos históricos importantes:

» No século VIII a.C, os chineses inventaram o ábaco, uma


pequena máquina que permitia fazer contas e é a precursora
das calculadoras modernas;

» Tempos depois, em 1642, Blaise Pascal construiu a primeira


calculadora analógica;

» A primeira inovação na informática surgiu da necessidade de


processar dados cada vez mais complexos provenientes da
economia e da ciência. Charles Babbage, em 1822, projetou os
enunciados relativos a máquinas capazes de realizar cálculos
financeiros:

○ o programa deveria residir na própria máquina;

○ os resultados intermediários do cálculo deveriam ser


memorizados no seu interior; e

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Computador e Sociedade

○ deveriam existir dispositivos que permitissem introduzir


dados e visualizar os resultados.

» Não é difícil observar que os enunciados propostos por Babbage,


em 1822, são exatamente os que guiam os computadores e a
computação moderna. Entretanto, Babbage não conseguiu ver
o projeto da sua máquina sair do papel;

» Com a explosão econômica da primeira metade do século 20,


Herman Hollerith inventou, em 1886, um sistema que utilizava
cartões perfurados para contabilizar tabelas de dados.

Analisando os fatos históricos ora apresentados, é possível


perceber que o uso da informática está fortemente relacionado ao
processamento automatizado de dados numéricos. Outra motivação
para as pesquisas em computação começou a surgir no início do
século XX com o avanço da revolução industrial. Os pesquisadores
acreditavam que as máquinas poderiam, futuramente, resolver os
mesmos problemas que os seres humanos eram capazes, porém
de forma muito mais rápida e mais eficaz. Matemáticos como Alan
Turing, Kurt Gödel e Alonzo Church começaram a pesquisar quais
tipos de problemas poderiam ser resolvidos, ou computados, por
elementos humanos que seguissem uma série de instruções simples,
independente do tempo exigido para isso.

As descobertas relacionadas aos computadores chegaram ao


seu auge por ocasião da segunda guerra mundial, nos anos 40. A
guerra trouxe diversas motivações para a pesquisa tecnológica a
partir das necessidades militares de calcular trajetórias longas e
decifrar mensagens secretas. Foi a partir dessas pesquisas que
surgiu o primeiro computador. Vamos contar essa história da criação e
evolução dos computadores na próxima seção, onde falaremos sobre
as cinco gerações dos computadores.

1.4. As Cinco Gerações dos Computadores

Nesta seção, vamos fazer um resumo da história da informática,


passando pelas várias gerações dos computadores e indicando como
cada geração influenciou o seu uso e, consequentemente, a inserção
da informática na sociedade.

Cada geração de computador é caracterizada por um


desenvolvimento tecnológico principal que mudou fundamentalmente

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Computador e Sociedade

a maneira de operar do computador, resultando em um dispositivo


menor, mais barato, mais poderoso, mais eficiente e confiável. Além
disso, a evolução dos computadores influenciou diretamente o seu
uso, pois à medida que eles foram se tornando menores e mais
baratos, puderam ser adquiridos por diferentes setores da sociedade.
Inicialmente, apenas militares e cientistas tinham acesso às máquinas.
Com o tempo, grandes organizações começaram a investir nesses
equipamentos, visando melhorar sua produtividade. Posteriormente,
o barateamento viabilizou que, também, pequenas organizações
tivessem acesso a essa tecnologia. E, finalmente, os computadores
invadiram as casas e passaram a fazer parte dos eletrodomésticos
básicos de qualquer família, sendo acessível a uma grande parcela
da população. Vamos então estudar a geração dos computadores?

A Tabela 1.1 apresenta um resumo das cinco gerações de


computadores, considerando o período que cada uma compreende a
principal tecnologia descoberta que desencadeou o seu surgimento e
exemplos e características principais de cada geração.

Tabela 1.1 – Resumo das Gerações dos Computadores

Principal Exemplos e
Geração Período
tecnologia Características Principais

Mainframes gigantescos.
1ª 1940-1956 Válvula
Exemplo pioneiro: ENIAC

Início da miniaturização dos


2ª 1956-1963 Transistor
computadores

Mainframes de menor
porte e minicomputadores.
3ª 1964-1971 Circuito Integrado
Exemplos IBM 360 e IBM
System/3

Microprocessador, Microcomputadores.
4ª 1971-Atual
LSI, VLSI, Vetores Exemplo pioneiro: Apple II

Inteligência Computadores portáteis,


Atual e Artificial, Sistemas celulares, dispositivos

Futuro Embarcados e móveis, sensores,
Mobilidade eletrodomésticos

1.4.1. 1ª Geração – Uso Militar e Científico

Os primeiros computadores surgiram em meados dos anos 40,


durante a segunda guerra mundial. Nessa época, o uso principal
dos computadores era para fazer a codificação e decodificação de

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mensagens secretas e cálculos de artilharia.

Em 1941, uma equipe liderada pelo matemático inglês Alan Turing


projetou o computador Colossus, cujo principal objetivo era fazer a
criptoanálise de códigos ultrassecretos, utilizados pelos nazistas.
Em 1936, Alan Turing havia lançado a base teórica da informática ao
propor um modelo simples do que seria uma máquina para tratamento
de informação, a famosa máquina de Turing.

O título de primeiro computador digital da história é, muitas vezes,


atribuído ao famoso ENIAC (do inglês Electronic Numeric Integrator
and Computer, ou integrador e computador numérico eletrônico),
lançado em 1946. Como podemos visualizar na Figura 1.2, o ENIAC
era uma máquina enorme, que ocupava uma sala inteira.

Hiperlink
Figura 1.2 – O ENIAC2
2
Original da
foto pode ser
encontrada em O ENIAC foi desenvolvido como resultado de uma parceria
http://www.arl.army. entre o exército americano e a Moorse School, da Universidade da
mil/www/default.
cfm?Action=20& Pensilvânia. Ele era formado por circuitos lógicos que funcionavam
Page=307
com milhares de válvulas. O seu diferencial, em relação a inventos
anteriores (como o Colossus, por exemplo), era o fato de usar
válvulas e circuitos lógicos. Além disso, ele foi o pioneiro na indústria
de computadores e se manteve em operação por muitos anos após o
seu invento. Esse feito ocorreu graças aos esforços comerciais dos
seus criadores: os pesquisadores John P. Eckert e John Mauchly
e da sua companhia Remington Rand, que comercializou a versão

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Computador e Sociedade

evoluída do ENIAC, o UNIVAC.

O acesso ao ENIAC e ao UNIVAC era, ainda, limitado a


organizações científicas e governamentais. Isso deve-se ao seu
altíssimo custo, proibitivo para pessoas comuns, e à alta complexidade
de manuseio, acessível apenas a pessoas com elevado conhecimento
de informática.

1.4.2. 2ª Geração – Uso Espacial

Dois outros grandes desafios da humanidade, ainda de cunho


militar e científico, impulsionaram as pesquisas e avanços na
informática: a Guerra Fria e a Corrida Espacial. A guerra fria envolveu
os Estados Unidos, a antiga União Soviética e os países associados.
Com a corrida espacial, o grande desafio surgiu da necessidade
de instalar computadores cada vez menores e mais poderosos nas
cápsulas espaciais. Essa redução do tamanho dos computadores foi
o que viabilizou, no futuro, a sua popularização.

Com isso, a partir do final dos anos 50, teve início o que se
chama de segunda geração dos computadores e é marcada pela
substituição das válvulas eletrônicas por transistores. Teve início,
assim, a miniaturização da computação. Além disso, os computadores
tornaram-se mais rápidos e com menor custo de construção.

1.4.3. 3ª Geração – Uso Organizacional

A terceira geração de computadores teve início a partir de meados


dos anos 60. O grande invento dessa geração é a utilização de
circuitos integrados. Com isso, foi possível uma maior compactação,
redução dos custos e velocidade de processamento dos computadores.
Nessa época, teve início, ainda, a utilização de sistemas operacionais
avançados.

Essa diminuição no tamanho e custo dos computadores, a


melhoria no desempenho e o invento de linguagens de programação
como Fortran, Cobol e Pascal, proporcionaram que os computadores
pudessem ser comercializados em larga escala e utilizados para
resolver processamento de dados em grandes corporações. O seu
uso, porém, ainda era restrito a grandes empresas, devido aos
(ainda) altos custos de aquisição, utilização e manutenção. Além
disso, apenas pessoas qualificadas com conhecimento avançado em
informática eram aptas a usar essas máquinas.

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Computador e Sociedade

Os computadores, símbolo da terceira geração, são os chamados


mainframes, como a família de produtos IBM 360 (veja a Figura 1.3),
lançada em 1964. O IBM 360 possuía seis modelos básicos e várias
opções de expansão e realizava mais de 2 milhões de adições por
segundo e cerca de 500 mil multiplicações. Esse fato tornou seus
antecessores totalmente obsoletos e elevou a IBM à categoria de
principal fabricante de computadores na época.

Figura 1.3 – O IBM System/360

1.4.4. 4ª Geração – Uso Organizacional e Pessoal

A quarta geração dos computadores tem início em 1971, e tem


como marco principal o surgimento do microprocessador. Com isso,
deu-se início a uma grande redução no tamanho dos computadores.
Surgiram muitas linguagens de programação de alto-nível. Nessa
época, nasce também a teleinformática, com a transmissão de
dados entre computadores através de redes. A informática dessa
época é caracterizada pelo aperfeiçoamento da tecnologia existente,
proporcionando uma otimização da máquina para os problemas dos
usuários, um alto grau de miniaturização e maior confiabilidade.

Quando a IBM lançou sua série de minicomputadores System/3


(ver Figura 1.4) ela visava atingir as pequenas organizações que
ainda não podiam arcar com os custos dos mainframes. O custo de
manutenção do System/3 era, por exemplo, menos do que a metade
dos custos do IBM System/360.

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Computador e Sociedade

Figura 1.4 – O IBM System3

1.4.5. 5ª e Futura Geração dos Computadores – Uso Pessoal e


Ubíquo

A quinta geração de computadores ocorre a partir de 1981, com


a miniaturização chegando ao seu ponto máximo, para a época,
com o advento dos micro-computadores, uma revolução na forma de
produzir computadores em larga escala que popularizou o seu uso e
permitiu que pessoas comuns, e não apenas empresas, pudessem
adquiri-los. Vários construtores iniciam a produção em larga escala
de computadores miniaturizados, de fácil utilização e baixo preço
de venda. Com isso, o computador se transforma em um bem de
consumo; acessível a uma grande parcela da população, e não
apenas a grandes organizações.

Dois exemplos de computadores dessa geração, que


revolucionaram o uso dos computadores, foram o PC e o Apple II
(veja a Figura 1.5). O Apple II foi lançado em 1977, tendo se tornado
um grande sucesso de vendas, apesar do preço salgado para a
época: US$ 1.298, ou quase 10.000 dólares em valores corrigidos
[Morimoto 2005]. O PC (sigla em inglês para computador pessoal) da
IBM foi um outro sucesso de vendas. Como descrito em [Morimoto
2005], até 1980, a IBM só trabalhava com mainframes. Ao perceber
o potencial dos computadores pessoais criaram um pequeno grupo
(originalmente, com apenas 12 desenvolvedores) para projetar um
computador pessoal de baixo custo. O PC era considerado um projeto
menor dentro da IBM, apenas uma experiência para testar a demanda
do mercado. Depois de quase um ano de desenvolvimento, o primeiro
PC foi lançado em 12 de agosto de 1981, o IBM 5150 (ver Figura 1.5).
O grande diferencial do PC em relação ao Apple II é que qualquer
fabricante podia desenvolver e vender acessórios para o PC. Essa
característica, futuramente, fez toda a diferença e fez com que a

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Computador e Sociedade

indústria de computadores pessoais orbitasse em torno do PC.

Figura 1.5 – Exemplos de computadores históricos da quinta geração.


Acima: Apple I (projeto original) e Apple II.
Abaixo à esquerda , o PC original da IBM, modelo 5150.
Abaixo à direita a primeira versão do Macintosh (com interface gráfica e mouse).

Nessa era da microinformática, uma descoberta da Xerox


revolucionou o uso dos micros. Em 1979, Steve Jobs, o visionário da
Apple, em visita à Xerox, teve acesso a um novo invento projetado
pelos seus pesquisadores: o mouse. Com o auxílio desse invento,
a Apple reinventou a interface de comunicação com o usuário, foi
quando surgiu o conceito de interface gráfica com o usuário (ou GUI
- Graphical User Interface). O computador Macintosh (ver Figura 1.5),
lançado em 1984, foi o primeiro a ser lançado comercialmente com
esse conceito de mouse e interface gráfica. Foi uma revolução no
mundo da Computação!

No momento atual em que vivemos, a informática vive a era do uso


fortemente focado nos indivíduos. A miniaturização e barateamento
crescente dos computadores permitem que eles sejam adquiridos
por uma grande parcela da população, a um custo compatível com
o de um eletrodoméstico. Os computadores estão ficando cada vez
menores e mais móveis (veja os exemplos do iPhone da Apple e o iKIT
da iMOVIO na Figura 1.6). O iPhone (sigla para telefone inteligente)

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Computador e Sociedade

representou uma revolução na telefonia móvel, na ocasião do seu


lançamento, devido às diversas funcionalidades computacionais
trazidas pelo mesmo. O iKIT é um notebook de bolso (ou um “micro”
notebook), que cabe na palma da mão, como mostra a Figura 1.6.

Figura 1.6 – À esquerda o iPhone da Apple


À direita, o iKIT da iMOVIO

A Evolução dos Computadores no Brasil

E no Brasil? Como a indústria nacional se posicionou nessa evolução


dos computadores?

Como indicado no Museu da Computação e Informática [MCI 2009], do


início da década de 60 até o começo dos anos 70, era enorme a insatisfação
com a situação brasileira no setor tecnológico. Nessa época, todos os
computadores no país eram importados. A Marinha do Brasil, que havia
comprado fragatas inglesas comandadas por computador, conseguiu que
parte do equipamento passasse a ser fabricado por empresas brasileiras,
reivindicando a criação de uma indústria de eletrônica digital.

Em 18 de julho de 1974, a E.E. Eletrônica, o BNDE e a inglesa Ferranti


associaram-se para formar a COBRA - Computadores e Sistemas Brasileiros
Ltda. COBRA foi a primeira empresa a desenvolver, produzir e comercializar
tecnologia genuinamente brasileira na área de informática.

O primeiro computador totalmente projetado, desenvolvido e


industrializado no Brasil foi o Cobra 530, lançado no início da década de 80.

O uso em larga escala de dispositivos computacionais móveis


(ex. celulares, notebooks e PDAs) tem feito com que as pessoas
passem a contar com o apoio dos computadores e de sistemas de
informação, para realizar as mais diversas tarefas do dia-a-dia, como
escolher um filme, identificar o melhor caminho para chegar a um
lugar, ou assistentes virtuais em visitas guiadas. Esse fenômeno da
computação disponível a qualquer hora e em qualquer lugar, usando

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Computador e Sociedade

diferentes tipos de dispositivos é chamado de computação ubíqua.


Os pesquisadores apontam esse caminho ubíquo como a próxima
revolução da informática.

Um outro marco importante na evolução da computação atual


são os chamados sistemas embarcados. Você sabe o que eles
significam? Se alguém lhe perguntasse quantos computadores você
possui em casa, o que você responderia? Um computador? Talvez
dois? Se você pensar direitinho e olhar ao seu redor, é possível que
você identifique que de fato você deve possuir mais do que dois. Além
dos fáceis de constatar, como os PCs ou notebooks, os computadores
se escondem dentro de aparelhos celulares, televisores, modem,
brinquedos, câmeras digitais, tocadores de mp3, forno de microondas
e diversos outros aparelhos domésticos. Além disso, os automóveis
atuais possuem diversos computadores embutidos, como sistema de
injeção eletrônica, freios ABS, airbag, computador de bordo, e outros.
Esses dispositivos computacionais invisíveis, embutidos em aparelhos
com outras funcionalidades, porém com componentes similares a um
PC (processador, memória, armazenamento e interfaces de entrada e
saída), são os chamados sistemas embarcados.

Além disso, são características marcantes da época atual da


computação o uso de Inteligência Artificial, altíssima velocidade de
processamento e alto grau de interatividade. Com isso, vemos hoje
em dia a informática tomar um espaço cada vez maior na sociedade.
Os computadores estão por toda parte, em todo lugar, acessíveis
às mais diversas pessoas. Hoje é praticamente impossível imaginar
qualquer tarefa que não tenha alguma participação de um componente
da informática. Conforme previu Bill Gates, ao lançar o seu popular
pacote de software Microsoft Office, os computadores substituíram
totalmente as máquinas de escritório. E como previu Steve Jobs, da
Apple, empresa inventora do popular tocador de mp3 iPOD, pioneira
nesse segmento de produtos, os computadores se tornaram o
principal veículo de entretenimento da humanidade.

Porém, não apenas a evolução dos computadores foi responsável


pela revolução digital na sociedade, tal qual vivemos hoje. Um outro
elemento fundamental nessa revolução chama-se Internet. Mas isso é
um assunto que iremos estudar no próximo capítulo.

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Computador e Sociedade

Conheça Mais

A história da informática e dos computadores é contada em


diferentes fontes na internet. Alguns sites interessantes onde você
poderá encontrar fotos, fatos e discussões interessantes sobre a
temática abordada nesse capítulo são listados a seguir. Entre nos sites
sugeridos e busque ampliar os seus conhecimentos sobre a história
da informática, o avanço dos computadores ao longo do tempo, o
desenvolvimento das tecnologias e museus do computador.

» Museu da Computação e Informática: Relata fatos da história


da Informática no Brasil.

http://www.mci.org.br/

» Museu do Computador: localizado em São Paulo. Resgata a


história dos computadores.

http://www.museudocomputador.com.br/

» Museu Virtual da Informática: No item cronologia, todos


os principais fatos históricos (até 1989) são listados e
comentados.

http://piano.dsi.uminho.pt/museu/index.html

» Timelife of Computing History (Linha do Tempo da História


da Computação): trabalho realizado em comemoração aos 50
anos da computação moderna e da IEEE Computer Society.
Apresenta uma linha do tempo que conta de forma bem ilustrada
e fácil de ler a história da computação desde o ano 4000 a.C
até 1996.

http://www.computer.org/computer/timeline/timeline.pdf

» História do Computador – para crianças: site muito


interessante que conta a história dos computadores de uma
forma mais leve para crianças.

http://www.canalkids.com.br/tecnologia/info/computador.htm

» Empresas, organizações e pessoas que influenciaram a


história da informática.

História da IBM: http://www.ibm.com/br/ibm/history/

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Computador e Sociedade

História da Microsoft: http://www.infoescola.com/informatica/


historia-da-microsoft/

História da Apple: http://www.macfix.com/hist.asp

Alan Turing: http://www.turing.org.uk/turing/

Cinema em Ação

Diversos vídeos e filmes oferecem diferentes visões sobre a


história da informática. A seguir, você pode encontrar algumas dicas
que podem ajudar a compreender melhor os fatos por trás da história.
Assista aos vídeos na internet. Alugue o filme em uma locadora.
Compartilhe suas opiniões sobre os vídeos e filme no ambiente virtual
da disciplina, com os seus colegas e tutores.

Vídeos

» História do computador em minutos: Um interessante passeio


pela história do computador, com ênfase no seu surgimento e
miniaturização.

http://www.youtube.com/watch?v=F3qWg1JBPZg

» Evolução da Informática: Apresenta os principais fatos que


marcaram a história influenciando diretamente na tecnologia
atual.

http://www.youtube.com/watch?v=n6MHbsantcQ

» Eniac - O primeiro computador eletrônico: Descreve o


invento do computador Eniac.

http://www.youtube.com/watch?v=6X2B8Z_DCo0

» Microsoft Windows 1.04 demo: Vídeo interessante que mostra


uma demonstração da versão 1.04 do Windows. Veja que ainda
não existia o mouse. Observe como o uso do Windows é muito
mais simples hoje em dia.

http://www.youtube.com/watch?v=ItuymzxNUYM

Filme

“Pirates of Silicon Valley” (Nome em português: Piratas do

20
Computador e Sociedade

Vale do Silício ou Piratas da Informática), de 1999.

http://www.submarino.com.br/produto/6/21230606/piratas+da+informatica

Esse é um filme não-autorizado feito apenas para a televisão,


pela TNT, escrito e dirigido por Martyn Burke. O filme documenta
o nascimento da era da informática, indo do início da década de
1970 até 1985. A revolução começou quando ninguém estava
olhando. Aconteceu em uma garagem. Em um dormitório. Em
infinitas horas de esforço, imaginação e intriga. O co-fundador
da Apple®, Steve Jobs, e o co-fundador da Microsoft®, Bill
Gates, estavam mudando o jeito do mundo funcionar, viver e se
comunicar. A saga dos ardilosos visionários que deram um pulo
evolucionário é desvendada em estilo vibrante e incomum em
Piratas do Vale do Silício. Noah Wyle (do seriado ER - Plantão
Médico) interpreta Jobs e Anthony Michael Hall (de O Vidente -
Dead Zone) interpreta Gates nesta crônica de uma batalha feroz
e frequentemente bem-humorada pelo controle da soberania
mundial sobre os inovadores computadores pessoais.

Atividades e Orientações de Estudo

Atividade de Pesquisa e Interação

Essa atividade está relacionada ao fórum temático da semana:


Fórum 1: Histórias da Informática: o que não está no módulo
e consta de duas partes: uma parte de pesquisa, individual,
desempenhada pelo aluno; e uma parte de interação, no fórum
temático, coordenada pelo tutor virtual da disciplina e com a
participação de todos os alunos do polo.

Nessa atividade, você deverá escolher uma tecnologia, um


invento, um tipo de dispositivo, um aplicativo, enfim, algum
elemento importante da informática moderna, pesquisar sobre
a sua história e contar os seus achados para os seus colegas
no fórum. Algumas sugestões de temas:

» História dos computadores no Brasil (aprofunde o que foi


apresentado no módulo)

» História do Celular

» História do palm top (PDA)

21
Computador e Sociedade

» História do notebook

» História do iPod

» História do Windows

» História do Linux

» História da rede sem fio

» Outro?

Escolha o tema do seu interesse, leia sobre ele e compartilhe


com os seus colegas e tutores os seus achados. Seja curioso,
investigue, busque fatos interessantes, diferentes e analise
esses fatos no fórum. Tente entender o que ocorria na sociedade
na época em que esse invento foi proposto. Lembre-se de que
você será avaliado pelas atividades virtuais indicadas e pela
sua participação no ambiente virtual da disciplina. Portanto,
é de fundamental importância que você acesse o ambiente.
Fique atento! Você também será avaliado pelas participações
significativas nos fóruns de discussão e chats indicados no
ambiente.

Atividades de Estudo e Comunicação

Essa atividade visa aprofundar os seus conhecimentos sobre


os tópicos que foram discutidos nesse módulo e incentivar que
você acesse os conteúdos diversos de comunicação a respeito
do tema que abordamos nesse capítulo. Para isso, você deverá
assistir aos vídeos sugeridos na seção Cinema em Ação deste
capítulo e visitar os sites indicados na seção Conheça Mais. A
seguir, você deve compartilhar os seus achados, aprendizado
e opinião com os seus colegas e tutores nos chats e fóruns do
seu polo.

Vamos Revisar?

Neste capítulo você estudou uma introdução à filosofia e história


da informática. Você viu que informática está relacionada ao
processamento automático de informações e que o computador é
considerado um dos principais mecanismos associados à informática.
Fizemos um breve passeio pela história das cinco gerações dos

22
Computador e Sociedade

computadores e como cada geração tinha uma relação com o seu uso
pela sociedade: desde o uso puramente militar e científico, passando
pelo uso organizacional, até chegar à fase atual em que o uso é
pessoal e ubíquo. Necessidades da sociedade motivaram os avanços
na informática, os quais, em contrapartida, provocaram mudanças
irreversíveis no modo de trabalho e nas relações sociais.

23
Computador e Sociedade

Capítulo 2 – História da
Informática: A Internet e a Web

Você não sente e nem vê


Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
Que uma nova mudança, em breve,
Vai acontecer
O que há algum tempo era jovem, novo,
Hoje é antigo
E precisamos, todos, rejuvenescer...
No presente, a mente, o corpo é diferente
E o passado é uma roupa que não nos serve mais...

Velha roupa colorida


(BELCHIOR)

Vamos conversar sobre o assunto?


Como será que os nossos antepassados sobreviveram à vida
sem internet? Hoje é inimaginável pensar em executar determinadas
tarefas sem o auxílio da grande rede de computadores. Como fazer
uma pesquisa sem poder recorrer ao Google ou outras fontes de
informação disponíveis na rede? Quem ainda escreve e envia cartas
pessoais pelo correio para saber notícias de uma pessoa próxima?
Como esperar o jornal do dia seguinte para obter as últimas notícias?
Como seria possível para você participar desse curso à distância
sem a Internet? Difícil imaginar a vida sem essa tecnologia não é?
Mas você sabe como se originou a Internet? Sabe dizer qual foi o
seu propósito ao ter sido inventada? O que acha de continuarmos
nossa viagem pelo tempo buscando as origens da informática? Neste
capítulo, vamos analisar as motivações e fatos que marcaram a
criação da internet tal qual a conhecemos hoje. Vamos começar por
entender uma rede chamada ARPANet.

2.1. A ARPANet

A Internet foi criada no final da década de 60, como resultado da


rede ARPANET. Essa rede foi projetada, criada e mantida pela ARPA,
sigla em inglês para Agência de Projetos de Pesquisa Avançada, do
Departamento de Defesa dos EUA. Esse projeto foi financiado pelo
governo norte-americano durante a chamada Guerra Fria (período
de embate entre a antiga União Soviética e os Estados Unidos).

24
Computador e Sociedade

Os americanos temiam ficar vulneráveis a um ataque soviético


e, com isso, planejaram desenvolver uma rede de comunicação
que permitisse conectar as suas bases militares com os seus
departamentos de pesquisa, em caso de ataque ao Pentágono. Com
isso, os pesquisadores da ARPA idealizaram um modelo de troca e
compartilhamento de informações que permitisse descentralizar
essas informações, de modo que, caso o Pentágono fosse atingido,
as informações armazenadas ali não estariam perdidas.

A rede experimental ARPANET, lançada em 1969, interligava,


inicialmente, quatro centros universitários: Instituto Stanford,
Universidade da Califórnia, em Los Angeles, Universidade da
Califórnia, em Santa Bárbara, e a Universidade de Utah. Os princípios
fundamentais da ARPANET incluíam:

» Um ou vários nós da rede podiam ser destruídos sem abalar o


seu funcionamento;

» A comunicação entre máquinas ocorria sem uma máquina


central intermediária;

» Os protocolos utilizados eram básicos.

Nessa época, o uso da ARPANET era exclusivo da indústria


bélica como tecnologia de espionagem e seu acesso era restrito a
pessoas com um profundo conhecimento de informática. A partir
de 1970, diversos outros grupos e instituições, governamentais e
não governamentais, acadêmicos e não acadêmicos começam a
mostrar interesse e a desenvolver suas próprias redes de conexão
de computadores. Algumas universidades e instituições que faziam
trabalhos envolvidos com a defesa tiveram permissão para se
conectar à ARPANET.

De fato, o Pentágono não foi atacado durante a Guerra Fria, porém


a invenção da ARPANet deu início ao maior fenômeno midático do
século.

2.2. A Evolução da ARPANet rumo à Internet

Em 1970 o primeiro protocolo de comunicação ponto a ponto foi


finalizado, denominado Network Control Protocol (NCP). A partir daí os
usuários da rede puderam começar a se dedicar ao desenvolvimento
de aplicações para a rede. Uma importante aplicação inventada foi
o correio eletrônico (email). Em 1971, Ray Tomlinson, da empresa

25
Computador e Sociedade

BBN (Bolt Beranek and Newman), contratado pelo Departamento de


Defesa dos Estados Unidos em 1968, para implantar a ARPANET,
passou a enviar mensagens para si mesmo e para seus colegas.
Tomlinson somou as funcionalidades dos aplicativos SNDMSG
(uma contração da expressão em inglês send message, ou “enviar
mensagem”) e o sistema Readmail, para leitura de correio. Ao juntar
os dois programas, ele conseguiu enviar uma mensagem para seus
colaboradores, anunciando a sua criação. Em 1972, Tomlinson
Você Sabia?
expandiu o programa para os usuários da ARPANET utilizando
3
O primeiro
o símbolo “@” como parte do endereço3, para distinguir entre as
endereço de mensagens destinadas a caixas de correio na máquina local e as que
e-mail criado foi o
tomlinson@bbn- se dirigiam para a rede. A escolha desse símbolo deve-se ao mesmo
tenexa
significar “at”, ou seja, estar em algum lugar. Em março de 1972,
Tomlinson escreveu o primeiro software básico de correio eletrônico
com as funções enviar email e ler email.

A ideia de interconexão de redes para formar a rede das redes


começa a tomar força. A internet começa a ser pensada como uma
rede de arquitetura aberta, onde as redes interligadas poderiam
ser desenvolvidas com arquiteturas próprias, existindo apenas uma
camada superior de compatibilidade definida por protocolos de
interconexão. O projeto da internet foi discutido em um seminário em
1973, na Universidade de Stanford, proposto por Vicent Cerf, da ARPA,
e com a participação de vários grupos de pesquisa e desenvolvimento
envolvidos com a tecnologia das redes. A partir desse seminário foi
especificado o protocolo TCP (Transmission Control Protocol). A ideia
do TCP era prover um protocolo comum e um espaço comum de
endereços que pudesse abstrair as diferenças nas arquiteturas das
distintas redes.

Para conectar as redes, fisicamente, foram propostos os gateways,


que são hosts especiais que permitiriam conectar duas ou mais redes
e transmitir pacotes entre elas. Em 1978, em um novo seminário, foi
proposta a divisão do TCP em duas partes: TCP/IP; o TCP seria o
protocolo ponto a ponto e o IP seria apenas para transmitir pacotes
e seria usado nos gateways. Em meados de 1975, já existiam
aproximadamente 100 sites. Pesquisadores, alunos e amigos dos
alunos puderam ter acesso aos estudos já empreendidos para a
criação dessa rede e somaram esforços para aperfeiçoá-los.

O modem para PC foi inventado em 1978, por dois estudantes


de Chicago que queriam trocar arquivos entre si. Esse invento

26
Computador e Sociedade

foi fundamental para permitir a conexão entre computadores. O


protocolo XModem, que permitia a transferência de arquivos, foi
disponibilizado gratuitamente em 1979, com o objetivo de espalhar o
máximo possível a capacidade de comunicação (CASTELLS, 2006).
Em 1979, três estudantes da Universidade Duke e da Universidade da
Carolina do Norte criaram protocolos que possibilitaram a interligação
de computadores via linha telefônica.

Nesta época, foram criadas as primeiras comunidades virtuais


através da utilização dos sistemas BBS (bulletim board systems). Os
BBS não precisavam de redes sofisticadas, apenas de PC, modens e
linha telefônica e possibilitaram a formação de fóruns eletrônicos de
todo tipo de interesse e afinidade (CASTELLS, 2006).

Em 1983, para manter a segurança militar, a ARPA decide dividir


a ARPANET em dois grupos: a MILNET, que possuía as localidades
militares, e a nova ARPANET, que possuía as localidades não militares.
Posteriormente, a ARPANET passou a ser chamada de INTERNET
(redes interligadas), na época ainda sustentada pelo Departamento
de Defesa dos EUA (CASTELLS, 2006). A partir da década de
1990, as redes isoladas que não faziam parte da internet passam a
adotar o mesmo protocolo usado por ela, o TCP/IP, garantindo sua
integração com a rede mundial e a expansão da mesma. Em 1990, a
ARPANET encerrou suas atividades e a NSFNET (National Science
Foundation) assumiu o posto de espinha dorsal da internet. A partir
de 1995, a internet deixa de ser coordenada pela NSF e inicia sua
fase de privatização. Sistemas de discagem (ex. CompuServe e AOL)
começaram a prover acesso à internet.

A Internet passou por um forte crescimento na década de 80,


tanto em uso quanto em infraestrutura. No entanto, as aplicações
construídas para operar sobre essa rede ainda deixavam muito
a desejar e não eram muito amigáveis. Dois fatores agravavam a
situação: 1) a limitação de uso de outra linguagem que não a textual e
2) a dificuldade de localizar e obter informações disponíveis na rede.
Era possível realizar a transferência de arquivos, porém o usuário
tinha que saber, de antemão, qual o nome do arquivo desejado e o
nome do computador (host) onde estava guardado o arquivo. No início
dos anos 90, foi desenvolvido o sistema gopher, pela Universidade
de Minnesota, através do qual os provedores de informação poderiam
organizar seus dados por tópicos, de forma hierárquica, e a pesquisa
poderia se dar a partir dos tópicos definidos previamente.

27
Computador e Sociedade

Embora a Internet já fosse um sucesso e tenha representado


uma das maiores revoluções tecnológicas, a grande revolução na
popularização do uso da rede ainda estava por vir, e surgiu apenas
em 1990 com o advento da World Wide Web (WWW).

2.3. A World Wide Web

A World Wide Web (Rede de Alcance Mundial), ou simplesmente


Web, foi criada por volta de 1990 pelo instituto CERN (Centre
Européen pour Recherche Nucleaire), o maior centro de estudos
sobre física de partículas do mundo, localizado na Suíça. Seu criador
foi o pesquisador Tim Berners-Lee. Até hoje, a Web é considerada o
principal invento criado no CERN. Porém, no início não foi bem assim.
O projeto foi visto com bastante descrédito, tanto que, em 1991, o
artigo de Berners-Lee sobre a Web foi aceito apenas como um pôster
na conferência Hypertext’91, realizada nos Estados Unidos (veja a
Figura 2.1).

Você Sabia?

Figura 2.1 – Poster do artigo de Tim Berners-Lee sobre a Web, de 1991


4
1965: Ted Nelson
batizou o termo
“Hipertexto” em um
artigo entitulado “A
A Web é uma aplicação baseada em um novo conceito de
File Structure for organização da informação, imaginado por Ted Nelson4, em 1965, e
the Complex, the
Changing, and the batizado de hipertexto. Os princípios do hipertexto foram propostos
Indeterminate”, na
20th Conferência
em 1945, por Vannevar Bush, como parte do sistema Memex. A
Nacional da ACM ideia central do hipertexto é permitir que dados que possuam alguma
(Association
for Computing relação semântica sejam conectados entre si, internamente. Desse
Machinery),
realizada em Nova
modo, pode-se ter acesso a um dado a partir de outro, sem haver
York. necessariamente uma linearidade ou uma hierarquia entre esses

28
Computador e Sociedade

dados. Berners-Lee planejou criar um sistema de hipertexto que


conectasse, através de links, arquivos localizados em computadores
ao redor do mundo formando uma teia mundial de informação. Com
isso, seria possível navegar, por meio de links, entre textos diferentes,
porém relacionados.

Você sabia?

O endereço info.cern.ch foi o primeiro website e


webserver da história e a primeira página Web foi a
http://info.cern.ch/hypertext/WWW/TheProject.html

A equipe de Berners-Lee acrescentou à ideia do hipertexto o


uso de multimídias (além de texto, imagens e, mais tarde, áudios
e vídeos). Para isso, foi necessário solucionar algumas questões
técnicas, como relatado em (CASTELLS, 2006): primeiro, eles criaram
um formato padrão para os documentos em formato de hipertexto –
o HTML (Hypertext Markup Language). Em seguida, eles projetaram
um protocolo de transferência de hipertextos que guiasse a troca de
informações entre os diferentes servidores atuando acima do TCP/
IP – o HTTP (Hypertext Transfer Protocol). Por fim, eles criaram um
formato padrão de endereçamento na web – a URL (Uniform Resource
Locator).

O CERN começou a distribuir seu software para Web


gratuitamente pela própria internet, em 1991. No final de 1990,
teve início o desenvolvimento do primeiro navegador (denominado
«WorldWideWeb»), editor e servidor Web.

Os primeiros sites da web foram criados por grandes centros de


pesquisa, dentre eles o National Center of Supercomputer Application
(NCSA) cuja equipe foi responsável pela criação do primeiro navegador
web com interface gráfica, o MOSAIC, que também foi disponibilizado
gratuitamente na internet, em 1993. Em 1994, o Mosaic, desenvolvido
por Mark Andreessen e colegas se tornou o Netscape, um navegador
que se manteve por muitos anos como o mais usado, até ser
desbancado pelo Internet Explorer da Microsoft.

Os navegadores Web foram os principais responsáveis pela


popularização da Internet, fazendo com que ela saísse do meio
acadêmico para fazer parte do cotidiano das pessoas comuns.

29
Computador e Sociedade

Lemos (2004) ressalta essa característica gratuita e livre do


surgimento da internet e seus aplicativos básicos como uma
característica fundamental para a disseminação do seu uso e para
o seu crescimento, uma vez que viabilizou a interconexão de outras
redes que surgiram de forma isolada.

Figura 2.2 – Ilustração do primeiro navegador Web, desenvolvido por Tim Berners-Lee

Em 1994, Berners-Lee criou o World Wide Web Consortium (W3C),


o qual regulamenta diversas especificações de padrões para a Web.
Pelos seus serviços prestados à humanidade, Berners-Lee recebeu o
título de Sir e foi nomeado cavaleiro pela rainha da Inglaterra.

2.4. A Revolução da Web

E eis que surge uma nova revolução no mundo! A Revolução


da Web! Com a Web, a internet pode ser compreendida e utilizada
por diversos tipos de pessoas, não necessariamente com profundo
conhecimento técnico. A Web viabilizou, também, que a internet
(antes mais restrita aos norte-americanos) pudesse ser utilizada pelo
resto do mundo. A partir de 1996, a palavra “Internet“ já era de uso
comum, principalmente nos países desenvolvidos, referindo-se, na
maioria das vezes, à Web. Vale ressaltar que Internet e Web não são
a mesma coisa! A Web é apenas uma parte da Internet.

O alcance da Internet e da Web na sociedade, especialmente a


partir do ano 2000, foi gigantesco e mudou completamente a história

30
Computador e Sociedade

da humanidade. Hoje pode-se dizer que a Internet é um divisor de


águas. Seu impacto na sociedade pode ser comparado ao invento da
energia elétrica no passado. O número de pessoas que navega na Web
cresce a cada dia que passa. Barreiras geográficas foram quebradas
e pessoas de locais distantes e de difícil acesso podem finalmente
fazer parte do mundo e ter acesso a um universo de informações.
As pessoas descobriram a interatividade. A maneira de conhecer e
interagir com pessoas sofreu uma mudança radical. A Web permite
ligar pessoas de uma maneira que antes não seria possível, dadas
as barreiras geográficas e culturais. Com isso, a palavra globalização
ganha um novo e real sentido. De fato, hoje é possível estabelecer
conexões com pessoas de qualquer parte do globo, em tempo real.

A forma de fazer negócios foi revolucionada com o chamado


e-Commerce, ou comércio eletrônico. As empresas descobriram na
Internet um excelente caminho para melhorar seus lucros. O comércio
online trouxe uma nova forma de negociação entre consumidores e
empresas, abolindo o papel do vendedor como mediador da compra.
Os custos com pessoas e instalações físicas puderam ser bastante
reduzidos. As vendas online dispararam, transformando a Internet
em verdadeiros shopping centers virtuais. O interesse mundial,
aliado ao interesse comercial, proporcionou o boom (explosão) e a
popularização da Internet na década de 90.

Com a Web e a popularização do uso de computadores (agora


com preços mais acessíveis), a Internet passou a ser utilizada por
vários segmentos sociais: pesquisas escolares, diversão em sites
de jogos, comunicação informal em salas de bate papo, envio de
currículos por e-mail na busca por novos empregos, busca de imóveis
ou passagens mais baratas em sites de agências especializadas. A
Web revolucionou, também, em áreas como a medicina, educação, as
artes e a economia. A Internet está presente nas escolas, faculdades,
empresas e diversos locais, possibilitando o acesso às informações
e notícias do mundo em tempo real. Nos dias atuais, é impossível
pensar no mundo sem a Internet. Ela tomou parte dos lares de
pessoas do mundo todo. Estar conectado à rede mundial passou a
ser uma necessidade de extrema importância.

O desenvolvimento da microinformática, o surgimento da internet e


da Web não foram acontecimentos deliberadamente planejados e nem
profetizados. Embora cada grupo envolvido em todo esse movimento
tenha tido seus objetivos próprios, a participação de diversos setores

31
Computador e Sociedade

da sociedade possibilitou que a internet se tornasse o que é hoje: uma


grande teia de informação compartilhada e construída coletivamente. O
sociólogo espanhol e estudioso da rede, Manuel Castells (CASTELLS,
2006) ressalta que a Internet é, acima de tudo, uma criação cultural.
Jovens da contracultura, ideologicamente engajados, ou não, em uma
utopia de difusão da informação, contribuíram decisivamente para a
formação da Internet como hoje é conhecida. Esse pensamento é
compartilhado por Lévy (LÉVY, 2000), para quem a grande protagonista
da história da internet foi a juventude metropolitana escolarizada.

Pode parecer estranho falar de “movimento social”, quando se trata


de um fenômeno habitualmente considerado como “técnico”. Eis, portanto,
a tese que vou tentar sustentar: a emergência do ciberespaço é fruto
de um verdadeiro movimento social, com seu grupo líder (a juventude
metropolitana escolarizada), suas palavras de ordem (interconexão, criação
de comunidades virtuais, inteligência coletiva) e suas aspirações coerentes
(LÉVY, 2000).

Abbate (1999) argumenta que muito do sucesso da internet pode


ser atribuído à habilidade dos usuários em adaptar a rede para se
enquadrar em seus próprios objetivos. A história da internet não
é formada apenas por alguns inventores heróicos, mas, também,
por meio da colaboração e conflitos entre uma grande variedade
de atores. À medida que o acesso à ARPANET e, posteriormente,
à Internet foi disponibilizado para pessoas fora do grupo inicial de
pesquisadores, usuários não especialistas exerceram sua influência,
improvisando novas maneiras de usar a rede e decidindo quais
aplicações se tornariam funcionalidades padrões do sistema e
quais iriam desaparecer. Ferramentas de correio eletrônico e a Web
são exemplos de aplicações criadas de maneira informal e que se
tornaram populares, não como resultado do marketing planejado
por alguma agência, mas por decisões espontâneas de milhões de
usuários independentes.

Como indicado em (LEMOS, 2004), a história da internet


caracteriza-se por relações sócio-técnicas e deve ser compreendida
na perspectiva das relações mútuas existentes entre sociedade e
tecnologia. Não são as técnicas que determinam as mudanças sociais
e nem é a sociedade que determina objetivamente o surgimento das
técnicas.

32
Computador e Sociedade

2.5. A História da Internet no Brasil

No Brasil, a Internet teve início em 1988, quando o Ibase começou


a testar o AlterNex, o primeiro serviço brasileiro de Internet não-
acadêmica e não-governamental. Em 1992, o AlterNex foi aberto ao
público, pois até então o seu uso era restrito aos membros do Ibase e
associados. A Alternex foi o primeiro serviço de rede de computadores
fora da comunidade acadêmica a oferecer todos os serviços na
internet no Brasil.

Em 1988, no Rio de Janeiro, o Laboratório Nacional de


Computação Científica (LNCC) consegue o acesso à BITNET, através
de uma conexão de 9.600bps (bits por segundo), estabelecida com a
Universidade de Maryland. Em 1991, foi criada a conexão entre Rio
e São Paulo, por meio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo), que se ligou à BITNET e à Hepnet (High
Energy Physics Network), com uma conexão de 4.800bps com a
Fermi National Accelerator Laboratory (FERMILAB), em Chicago EUA.
A FAPESP passou a trafegar TCP/IP, tendo sido a primeira conexão
à internet realizada no Brasil, e encarregou-se da administração do
domínio ‘.’br’’ e da distribuição dos números IP no Brasil. A partir de
1995, o Registro.br passou a ser responsável pelo registro de nomes
de domínio, administração e publicação do DNS para o domínio “.br”.

Em 1989, o Ministério da Ciência e Tecnologia lança o projeto


da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). A RNP existe até
hoje e sua missão é gerir uma rede acadêmica de alcance nacional. Hiperlink
Foi da RNP a missão de implantar o primeiro backbone5 brasileiro,
inaugurado em 1991, para a comunidade acadêmica. Mais tarde, 5
O backbone
funciona como uma
em 1995, o governo abriu o backbone para fornecer conectividade espinha dorsal, é
a infra-estrutura
a provedores de acesso comerciais. A partir dessa decisão, surgiu que conecta todos
uma discussão sobre o papel da RNP como uma rede estritamente os pontos de uma
rede.
acadêmica com acesso livre para acadêmicos e taxada para todos
os outros consumidores. Com o crescimento da Internet comercial, a
RNP voltou novamente a atenção para a comunidade científica. Em
2000, foi implantado o backbone RNP2, cujo objetivo é interligar todos
os 27 estados brasileiros em uma rede de alta tecnologia, por meio
das instituições de ensino superior e de pesquisa. A partir de 2005,
a RNP iniciou a implantar o acesso usando fibra ótica, o que elevou
sua taxa de transmissão a mais de 11Gbps. A Figura 8 mostra uma
visão geral do backbone da RNP e como os diferentes estados estão
fisicamente conectados.

33
Computador e Sociedade

RNP – Rede Nacional de Pesquisa

A RNP, além de prestar serviços pioneiros de Internet à comunidade


acadêmica do País, formou um contingente numeroso e importante de
profissionais, com conhecimento de aplicação de tecnologia de ponta em
redes e com experiência prática em operação de um serviço para atender
a um público exigente que é a comunidade acadêmica. Assim, quando a
Internet começou a deixar de ser uma rede puramente acadêmica no Brasil,
com o interesse crescente das empresas por comunicação mais barata
via correio eletrônico e, depois, por uma forma ainda primitiva de negócio
eletrônico, usando os websites como vitrines e catálogos eletrônicos, havia
esse contingente de profissionais experientes que ajudaram viabilizar para
as empresas provedoras e clientes de serviços de Internet uma iniciação
relativamente rápida na aplicação dessas novas tecnologias.

Fonte: Livro Verde, 2001.

Um Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI-Br) foi instituído em


maio 1995, composto por membros do governo, do setor empresarial,
de entidades operadoras e gestoras de espinhas dorsais, de
representantes de provedores de acesso ou de informações, de
representantes de usuários e da comunidade acadêmica. Seu objetivo
era coordenar e integrar todas as iniciativas de serviços Internet no
país. Esse modelo de governança da Internet é pioneiro no que diz
respeito à efetivação da participação da sociedade nas decisões
envolvendo a implantação, administração e uso da rede. Entre as
diversas atribuições e responsabilidades do CGI.br destacam-se: a
proposição de normas e procedimentos relativos à regulamentação das
atividades na internet; a recomendação de padrões e procedimentos
técnicos operacionais para a internet no Brasil; o estabelecimento
de diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da
internet no Brasil; a promoção de estudos e padrões técnicos para a
segurança das redes e serviços no país; a coordenação da atribuição
de endereços internet (IPs) e do registro de nomes de domínios
usando <.br>; e a coleta, organização e disseminação de informações
sobre os serviços internet, incluindo indicadores e estatísticas.

O CGI.br é composto por 21 membros, sendo 9 representantes do


Governo Federal (Ministério da Ciência e Tecnologia; Ministério das
Comunicações; Casa Civil da Presidência da República; Ministério da
Defesa; Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; Agência Nacional de

34
Computador e Sociedade

Telecomunicações; Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico


e Tecnológico; e Conselho Nacional dos Secretários Estaduais
para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Informação – CONSECTI);
4 representantes do setor empresarial (provedores de acesso e
conteúdo; provedores de infra-estrutura de telecomunicações; indústria
de bens de informática, telecomunicações e software; e segmento
das empresas usuárias da Internet); 4 representantes do terceiro
setor; 3 representantes da comunidade científica e tecnológica; e 1
representante de notório saber em assuntos de Internet. Com base
nos princípios de multilateralidade, transparência e democracia, desde
julho de 2004 o CGI.br elege democraticamente seus representantes
da sociedade civil para participar das deliberações e debater
prioridades para a internet, junto com o governo.

Os anos de 1996 e 1997 representaram o grande salto da internet


no país com um enorme aparecimento de usuários e provedores
privados de acesso. Na Fenasoft (Feira Nacional de Software) de
1996, a BOL (Futura UOL) começa a vender assinaturas para acesso
à internet. Em 1997, pela primeira vez, o imposto de renda foi entregue
via internet. Em dezembro de 2008, havia mais de 1.530.000 domínios
internet registrados no Brasil.

Figura 2.3 – Visão Geral das Conexões ao Backbone da RNP

35
Computador e Sociedade

Conheça Mais

Aprenda mais sobre a história da internet e da Web, visitando os


sites indicados a seguir:

» História da Internet

http://www.computerhistory.org/internet_history/

» História da Internet no Brasil

http://www.museudocomputador.com.br/internet_brasil.php

http://www.internetnobrasil.net

» W3C - Como tudo começou: série de apresentações em


comemoração aos 10 anos do W3C, comentando fatos
históricos relativos à história da internet e Web.

http://www.w3.org/2004/Talks/w3c10-HowItAllStarted/

» Museu Virtual da Informática: Item História da Internet.

http://piano.dsi.uminho.pt/museu/index.html

» Proposta original da Web: elaborada por Tim Berners-Lee e


Robert Cailliau.

http://www.w3.org/History/19921103-hypertext/hypertext/WWW/
Proposal.html

» O primeiro website da história

http://info.cern.ch/

» Como estudo complementar, leia também o livro “A


Sociedade em Rede” de Manoel Castells.

Cinema em Ação

Diversos vídeos e filmes oferecem diferentes visões sobre a


história da informática. A seguir, você pode encontrar algumas dicas
que podem ajudar a compreender melhor os fatos por trás da história.
Assista aos vídeos na internet. Alugue o filme em uma locadora.
Compartilhe suas opiniões sobre os vídeos e filme no ambiente virtual
da disciplina, com os seus colegas e tutores.

36
Computador e Sociedade

Vídeos

» História da Internet - Liceu: Vídeo que conta a história do


surgimento da Internet.

http://www.youtube.com/watch?v=tBXM0n6RiAo

» Arpanet: Oferece uma visão geral sobre o que era a Arpanet e


como ela veio a se tornar a Internet de hoje.

http://www.youtube.com/watch?v=6fp03kDdfV0

Atividades e Orientações de Estudo

Atividade de Pesquisa e Interação

Essa atividade está relacionada ao fórum temático da semana:


Fórum 1: Histórias da Informática: o que não está no módulo
e consta de duas partes: uma parte de pesquisa, individual,
desempenhada pelo aluno; e uma parte de interação, no fórum
temático, coordenada pelo tutor virtual da disciplina e com a
participação de todos os alunos do polo.

Nessa atividade, você deverá escolher algum elemento


importante (ex. tecnologia, ferramenta, pessoa, organização)
relacionado à história da internet e Web, pesquisar sobre a sua
história, relatar e discutir com os seus colegas e tutor no fórum
(e também nos chats) sobre as suas descobertas. Algumas
sugestões de temas:

» História da Google

» Netscape x Internet Explorer

» Como a Microsoft perdeu o bonde da história da Internet?

» A bolha da internet

» A história do blog e fotolog

» A história do Orkut e das ferramentas de redes sociais

» A história do Twitter e para que serve?

Escolha o tema do seu interesse, leia sobre ele e compartilhe


com os seus colegas e tutores os seus achados. Seja curioso,
investigue, busque fatos interessantes, diferentes e analise

37
Computador e Sociedade

esses fatos no fórum. Busque entender e discutir a relação


entre a sociedade e a tecnologia. Lembre-se de que você
será avaliado pelas atividades virtuais indicadas e pela sua
participação no ambiente virtual da disciplina. Portanto, é de
fundamental importância que você acesse o ambiente.
Fique atento!! Você também será avaliado pelas participações
significativas nos fóruns de discussão e chats indicados no
ambiente.

Atividades de Estudo e Comunicação

Essa atividade visa aprofundar os seus conhecimentos sobre


os tópicos que foram discutidos nesse módulo e incentivar que
você acesse os conteúdos diversos de comunicação a respeito
do tema que abordamos nesse capítulo. Para isso, você deverá
assistir aos vídeos sugeridos na seção Cinema em Ação deste
capítulo e visitar os sites indicados na seção Conheça Mais. A
seguir, você deve compartilhar os seus achados, aprendizado
e opinião com os seus colegas e tutores nos chats e fóruns do
seu polo.

Webquest: Pesquisa em Ação

Título da Webquest: A Evolução da Sociedade Informática

Uma webquest de Computador e Sociedade para alunos dos


cursos de Bacharelado em Sistemas de Informação e Licenciatura em
Computação em EAD da UFRPE.

Introdução

Como discutimos, neste capítulo, a informática evoluiu a partir


das necessidades da sociedade, que por sua vez evoluiu a partir
dos inventos tecnológicos descobertos e colocados em uso.
Dessa maneira, uma análise da evolução da informática deve
levar em consideração o contexto da época, como a sociedade
estava estruturada antes do invento e como ela passou a se
comportar a partir do uso da tecnologia.

38
Computador e Sociedade

A Tarefa

Nessa atividade, você deverá fazer o papel de um historiador-


pesquisador que investiga uma etapa específica da história
relativa a uma geração de computadores e analisa o impacto
das necessidades da sociedade da época nos inventos
propostos e o impacto das tecnologias inventadas no dia-a-dia
da sociedade.

O Processo

» A primeira coisa que você deve fazer é escolher uma das


gerações de computadores descritas no Capítulo 1 deste
módulo;

» A partir da geração escolhida, leia histórias relativas a essa


época veiculadas na Internet em diferentes sites (alguns sites
são indicados no item Links Interessantes neste capítulo, mas
você pode e deve propor outros);

» Procure analisar nessa pesquisa três aspectos principais: (1)


a estrutura da sociedade antes do início da geração estudada;
(2) exemplos de inventos tecnológicos relacionados a essa
geração; e (3) as mudanças provocadas por esses inventos na
sociedade da época;

» Você pode analisar uma sociedade específica, por exemplo, o


Brasil, ou abordar o assunto de forma mais genérica, ou seja,
no mundo todo, se for o caso;

» De posse das informações coletadas na pesquisa, elabore um


resumo discutindo os três aspectos principais investigados.

A Avaliação

Na avaliação dessa atividade, serão observados os seguintes


critérios:

a) A profundidade da pesquisa realizada;

b) A adequação dos temas apresentados à geração estudada;

c) A habilidade do aluno na elaboração do texto;

d) A competência do aluno na discussão online sobre as etapas de


pesquisa e de produção da atividade, ou seja, será avaliada a
participação SIGNIFICATIVA do aluno nos fóruns de discussão

39
Computador e Sociedade

e chats orientados pelos tutores.

Conclusão

Caro(a) aluno(a),

A partir dessa atividade, você pode aprofundar os seus


conhecimentos sobre o contexto relacionado à evolução da informática
em uma época específica da história da humanidade. Você pode
identificar como a sociedade da época era constituída, as motivações
que conduziram às descobertas tecnológicas, o impacto causado pelo
invento na sociedade e como esse fato mudou toda uma cultura social
no dia-a-dia dessa sociedade.

Referências

Você pode aprender mais sobre as origens e evolução da


informática e a influência da tecnologia sobre o dia-a-dia da sociedade.
Para isso, leia as histórias e veja os vídeos sugeridos no item Links
Interessantes e também no item Cinema em Ação, procure por outros
canais de comunicação que contêm diferentes capítulos dessa história
e compartilhe seus achados, experiências e percepções com os seus
colegas e tutores.

Vamos Revisar?

Neste capítulo, você estudou uma introdução à história da internet


e da Web. Você viu que a internet foi o resultado de pesquisas
militares, mas hoje já faz parte do dia-a-dia das pessoas comuns.

40
Computador e Sociedade

Capítulo 3 – A Sociedade da
Informação

Vamos conversar sobre o assunto?

Como foi possível perceber a partir do estudo da história dos


computadores e da Internet, vivemos a era da informação, onde cada
vez mais a informática é um instrumento importante na condução das
ações pelos diversos setores da sociedade. Segundo a Wikipédia,
o termo Sociedade da Informação surgiu no fim do Século XX vinda
da expressão Globalização. Este tipo de sociedade encontra-se em
processo de formação e expansão e trata-se de um cenário onde
as transmissões de dados são de baixo custo e as tecnologias de
armazenamento são amplamente utilizadas, onde a informação flui
a velocidades e em quantidades antes inimagináveis, assumindo
valores políticos, religiosos, sociais, educacionais, antropológicos
e econômicos. A Sociedade da Informação é uma realidade para a
qual as pessoas e os países devem estar preparados. Neste capítulo
vamos estudar a relação entre a informática e a sociedade e como as
novas tecnologias de informação e comunicação vêm influenciando
diferentes segmentos de atividades sociais.

3.1. Fases do Desenvolvimento Tecnológico

Como a revolução da sociedade da informação vem acontecendo?


Que consequências tem trazido para as pessoas, as organizações e o
conjunto da sociedade? Em [Lemos 2004], o autor discute as origens
dessa tecnocultura e divide a história do desenvolvimento tecnológico
em três fases principais:

» a fase da indiferença (até a Idade Média);

» a fase do conforto (modernidade);

» a fase da ubiquidade (pós-modernidade).

A fase da indiferença se caracteriza pela mistura entre arte, religião,


ciência e mito, onde a vida social gira em torno de um universo
sagrado. A técnica e a ciência não possuem um estatuto privilegiado e
o olhar em relação à técnica está próximo da indiferença.

41
Computador e Sociedade

Na fase do conforto, a natureza é dissociada dos elementos


sagrados e passa a ser controlada, explorada e transformada. A razão
se torna independente e passa a ser a norma que dirige as condições
materiais de existência. A ciência substitui a religião no monopólio da
verdade. A tecnologia faz o homem se sentir deus na administração
racional do mundo. A modernidade é a fase da ideologia em
substituição ao mito. O homem usa a força racional para conquistar o
espaço, promover o progresso tecnológico, científico e industrial, criar
cidades com base em planejamentos urbanos e usar intensivamente
a energia.

A fase da ubiquidade, ou era pós-moderna, ou fase da comunicação


e da informação digital, é apontada como a conclusão da fase do
conforto (a natureza é agora controlável) e o surgimento da tecnologia
digital, permitindo escapar do tempo linear e do espaço geográfico.
Com isso, surgem a telepresença, os mundos virtuais, o tempo
instantâneo, a abolição do espaço físico. Essa fase da cibercultura é
alavancada pelas novas tecnologias de informação e comunicação.

Segundo [Takahashi 2000], três fenômenos inter-relacionados


estão na origem da transformação da sociedade da informação na
era da ubiquidade. O primeiro é a convergência da base tecnológica,
que decorre do fato de se poder representar e processar qualquer
tipo de informação de uma única forma, a digital. Pela digitalização,
a computação (a informática e suas aplicações), as comunicações
(transmissão e recepção de dados, voz, imagens etc.) e os conteúdos
(livros, filmes, pinturas, fotografias, música etc.) aproximam-se e
o computador vira um aparelho de TV, a foto favorita sai do álbum
para um disquete e pelo telefone entra-se na Internet. O segundo é
a dinâmica da indústria que tem proporcionado contínua queda dos
preços dos computadores relativamente à potência computacional,
permitindo a popularização crescente do uso dessas máquinas.
Finalmente, o terceiro aspecto é o crescimento acelerado no uso
da Internet; nos EUA, a Internet atingiu 50 milhões de usuários em
somente quatro anos, enquanto, para atingir esse número de usuários,
o computador pessoal tardou 16 anos, a televisão 13, e o rádio, 38.

Como discutido em [Pretto e Silveira 2008], a principal


característica da digitalização e o motivo de seu avanço crescente é a
facilidade e o baixo custo de manipular e reproduzir os bens digitais.
Com o uso em larga escala dos computadores pessoais, os bens
digitalizados (ex. livro, música, filme, notícias) podem ser copiados e

42
Computador e Sociedade

reproduzidos infinitas vezes a um custo baixo, e com grande facilidade


de processamento. O surgimento da internet torna a distribuição dos
bens digitais mais simples, barata e relativamente descentralizada.

3.2. As Novas Tecnologias de Informação e


Comunicação

As Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs)


indicam as tecnologias e métodos surgidos no contexto da Revolução
Digital, a partir dos anos 90. Essas tecnologias têm por finalidade
apoiar a captação, transmissão e distribuição de informações em
diferentes formatos (ex. texto, imagem estática, vídeo ou som), por
meio da digitalização e da comunicação em redes (mediada ou não
por computadores). A forma como essas tecnologias passaram a
ser utilizadas por governos, empresas, indivíduos e setores sociais
possibilitou o surgimento da sociedade da informação.

São consideradas NTICs, entre outras: os computadores pessoais,


as tecnologias digitais de captação e tratamento de imagens e sons
(ex. webcam, scanner, câmera digital, cinema digital, som digital, TV
digital e rádio digital); os diversos suportes para armazenar dados
(ex. CD, DVD, disquete, disco rígido, cartão de memória, pendrive e
zipdrive), a telefonia móvel, a internet e suas tecnologias associadas
(ex. World Wide Web, websites, home pages, correio eletrônico,
ferramentas de bate papo e de mensagem instantânea, listas de
discussão, blog, wiki e redes sociais); o streaming (fluxo contínuo)
de áudio e vídeo via internet (ex. vídeo sob demanda, áudio sob
demanda e voz sobre IP), as tecnologias de acesso remoto (ex. Wi-Fi,
Bluetooth e RFID), entre outras.

Essas tecnologias possuem uma forte relação com a interatividade


e com um modelo de transmissão de informação muitos-para-
muitos, ou seja, onde as redes de conexão são integradas às NTIC,
para possibilitar o envio e recebimento de informações produzidas e
consumidas por diversas pessoas. O impacto das NTICs na forma
de se comunicar inclui uma maior facilidade e rapidez de acesso à
informação, uma melhor coordenação de colaboradores dispersos
geograficamente, uma maior integração e automatização dos
processos de negócio.

As tecnologias digitais já trouxeram mudanças profundas nas


economias e sociedades em todo o mundo, por meio da automação

43
Computador e Sociedade

dos trabalhos, facilidade nas transações financeiras, entrega


de notícias em tempo real e possibilitando a quebra de barreira
geográfica nas relações sociais. Essas tecnologias permitem a fusão
das indústrias de telecomunicação, computação e entretenimento e
sua influência no dia-a-dia das pessoas é imenso.

As dificuldades de isolamento de regiões remotas podem


ser fortemente reduzidas por meio do acesso rápido e barato às
comunicações. Pessoas com pensamentos similares podem cooperar
para defender causas similares ou realizar projetos de interesse
comum. O monitoramento remoto pode ser utilizado para proteger
o meio ambiente. E muitos outros avanços na sociedade podem ser
viabilizados pelas NTICs.

O perigo do uso das NTICs e da sociedade da informação aparece


com a competição pelo controle sobre as tecnologias digitais. A
vantagem digital pode reforçar a possibilidade de que grupos cada vez
menores de pessoas possam determinar o uso dos recursos globais.
O progresso pode se concentrar em regiões onde a infraestrutura de
informação é mais desenvolvida em detrimento de áreas com menores
capacidades. Como evitar que as novas tecnologias aumentem
ainda mais a disparidade social entre as pessoas, nações e blocos
de países? Esse assunto será discutido em maiores detalhes no
Módulo 2. Por enquanto, vamos analisar como as NTICs influenciam
a sociedade em diferentes segmentos de atividades.

3.3. Influências das NTICs sobre a Sociedade

Uma das primeiras iniciativas brasileiras rumo à sociedade da


informação foi realizada em 2000, pelo Ministério da Ciência e
Tecnologia, quando foi elaborado e lançado o livro denominado
Livro Verde do Programa Sociedade da Informação, que contém as
metas de implementação do Programa Sociedade da Informação
e constitui uma súmula consolidada de possíveis aplicações de
Tecnologias da Informação [Takahashi 2000]. O documento que lhe
deu origem foi elaborado pelo Grupo de Implantação do Programa,
composto por representantes do MCT, da iniciativa privada e do
setor acadêmico. Esse livro contempla um conjunto de ações para
impulsionar a Sociedade da Informação no Brasil em todos os seus
aspectos: ampliação do acesso, meios de conectividade, formação de
recursos humanos, incentivo à pesquisa e desenvolvimento, comércio

44
Computador e Sociedade

eletrônico e desenvolvimento de novas aplicações.

Diversos segmentos da sociedade são afetados pelas NTICs. A


seguir, discutiremos quatro deles: comércio, educação, emprego e
relações sociais.

3.3.1. Comércio Eletrônico

A internet e as NTIC representaram uma revolução na forma


de fazer negócios e vendas. Você alguma vez já comprou alguma
coisa pela internet? Comprar pela internet passagens aéreas, livros,
DVDs, televisores, equipamentos de informática e outros já é uma
realidade para muitas pessoas. Ainda não é tão comum a compra
de materiais mais pessoais como roupas e alimentos, porém essa
realidade também está mudando e, aos poucos, as pessoas optam
pelo conforto de comprar em casa ao invés de enfrentar as filas e Hiperlink
trânsito até as lojas e shoppings. Sites de comércio informal como o
6
http://www.
Mercado Livre6 e eBay7, onde é possível encontrar praticamente tudo mercadolivre.com
o que se deseja, representam o shopping center do futuro e são fortes
fontes de negócios.

O comércio eletrônico (também chamado de e-commerce ou


comércio virtual) é um tipo de transação comercial feita especialmente
através de um equipamento eletrônico, como, por exemplo, um Hiperlink

computador. Seu princípio está no uso da comunicação digital 7


http://www.ebay.
aplicada aos processos de negócios para aquisição de bens, produtos com/
ou serviços e pagamentos eletrônicos.

O comércio eletrônico se baseia na mesma filosofia já praticada


na década de 80 com os serviços de televendas e tele-atendimento.
Esse modelo de negócio procura incorporar os seguintes conceitos,
conforme discutido em [Bogo 2000]:

» Desmaterialização: substituição do movimento e contato físico


por informação telefônica ou via catálogos e um contato virtual;

» Desintermediação: eliminação de um ou mais intermediários na


cadeia de venda do produto;

» Grupo de afinidades: são produtos e serviços que possuem


similaridades (em termos de divulgação e consumo) e que
oferecem ao consumidor soluções apenas visuais, cujas
características são inquestionáveis em termo de qualidade,
preços e garantias.

45
Computador e Sociedade

Os recursos de telefonia integrados com sistemas de banco de


dados aliados a uma filosofia de televendas proporcionam o início
do comércio eletrônico que “acoplou” os recursos de Internet, home
page, browser, servidor Web e provedor de acesso. Com a internet,
o próprio usuário, ciente do que deseja, procura e efetua as suas
compras de forma rápida, fácil, sem sair de casa. E pode fazer isso
a qualquer hora e de qualquer lugar do mundo. E o vendedor tem a
possibilidade de manter a sua loja aberta 365 dias por ano, com baixo
custo de manutenção.
Você Sabia?
Os negócios eletrônicos são hoje fundamentais para a
8
A Câmara
modernização do setor produtivo, pois permitem ampliar e diversificar
Brasileira de mercados e aperfeiçoar as atividades de negócios. O comércio
Comércio
Eletrônico, fundada eletrônico apresenta taxas de crescimento sem paralelo, tanto nas
em 07 de maio
de 2001, é a
transações entre empresas e consumidores, como nos negócios entre
principal entidade empresas. De acordo com pesquisa da Escola de Administração de
multi-setorial da
Economia Digital Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas [Albertin 2008],
no Brasil e América
Latina, voltada
o comércio eletrônico no Brasil8 movimentou9 114 bilhões de dólares
ao comércio em 2008, um aumento de 82% sobre o volume de 2005.
eletrônico como
fator estratégico de
desenvolvimento
Entretanto, atuar no ambiente dos negócios e comércio eletrônico
econômico na era requer que tanto produtores de bens e serviços quanto consumidores
do conhecimento.
estejam conectados às redes digitais e capacitados para operá-las
http://www. adequadamente. Para isso, é preciso ampliar, facilitar e baratear o
camara-e.net
acesso às redes de comunicação e proporcionar as informações e
os meios necessários para que pessoas e empresas sejam capazes
de operar nas novas modalidades de negócios e comércio [Takahashi
2000].

Você Sabia?

9
A Secretaria
de Tecnologia
Industrial
estabeleceu,
em 2001, o
Comitê Executivo
de Comércio
Eletrônico,
responsável por

http://
ce.desenvolvi-
mento.gov.br/

46
Computador e Sociedade

3.3.2. Educação

A educação é o elemento-chave na construção de uma sociedade


baseada na informação, no conhecimento e no aprendizado [Takahashi
2000]. A dinâmica da sociedade da informação requer educação
continuada ao longo da vida, que permita ao indivíduo não apenas
acompanhar as mudanças tecnológicas, mas sobretudo inovar.
No Brasil, o analfabetismo permanece como realidade nacional. As
tecnologias de informação e comunicação podem contribuir para que
os programas de educação ganhem maior eficácia e alcancem cada
vez maior número de comunidades e regiões. No entanto, é necessário
que a capacitação pedagógica e tecnológica de educadores –
elemento indispensável para a adequada utilização do potencial
didático dos novos meios e fator de multiplicação das competências
– tenha paralelo ao desenvolvimento de conteúdo local.

Educar em uma sociedade da informação significa muito mais


que treinar as pessoas para o uso das tecnologias de informação
e comunicação: trata-se de investir na criação de competências
suficientemente amplas que lhes permitam ter uma atuação efetiva
na produção de bens e serviços, tomar decisões fundamentadas no
conhecimento, operar com fluência os novos meios e ferramentas em
seu trabalho, bem como aplicar criativamente as novas mídias, seja
em usos simples e rotineiros, seja em aplicações mais sofisticadas
[Takahashi 2000].

Trata-se também de formar os indivíduos para “aprender a


aprender”, de modo a serem capazes de lidar positivamente com a
contínua e acelerada transformação da base tecnológica. O uso das
redes como uma nova forma de interação no processo educativo
amplia a ação de comunicação entre aluno e professor e o intercâmbio
educacional e cultural. A Internet ajuda a quebrar barreiras e reduzir o
isolamento, acelerando a autonomia da aprendizagem dos alunos.

Nesse contexto, impulsionada pelas NTICs e especialmente pela


Internet, a Educação à Distância (EaD) surge na sociedade atual como
um mecanismo complementar, substitutivo ou integrante do ensino
presencial. O interesse crescente pela EaD deve-se às possibilidades
de [Takahashi 2000]:

» Aumentar consideravelmente a audiência de um curso ou


palestra, tanto no tempo como no espaço, através do uso
intensivo de meios eletrônicos para o registro e a transmissão

47
Computador e Sociedade

de conteúdos, o que permite, por exemplo, oferecer boas


oportunidades de educação para os interessados, mesmo que
em áreas remotas e desprovidas de locais de educação;

» Permitir o compartilhamento de recursos de ensino entre


instituições com interesses e quadros complementares, mesmo
que situadas em locais afastados entre si;

» Possibilitar o estudo em casa ou no trabalho, em qualquer


horário, ampliando as possibilidades de oferta de educação
continuada;

» Garantir a individualização do processo educativo, mesmo em


esquemas de grande escala, devido à maior interatividade
propiciada pela Internet;

» Viabilizar a organização do trabalho em equipe de intensa


cooperação, mesmo envolvendo pessoas geograficamente
dispersas e trabalhando em horários distintos.

As novas tecnologias de informação e comunicação abrem


oportunidades para integrar, enriquecer e expandir os materiais
instrucionais sob o formato de vídeos, animações, e outros. Além
disso, apresentam novas formas de interação e comunicação entre
instrutores e alunos.

O Ministério da Educação e Cultura, através do Programa


Nacional de Informática na Educação – ProInfo e em parceria com
professores e multiplicadores em todo o país, tem buscado integrar
o uso de tecnologias de informática e telecomunicações ao processo
de ensino-aprendizagem, em projetos interdisciplinares mediante a
utilização de uma variedade de aplicativos básicos nos laboratórios
de informática das escolas.

48
Computador e Sociedade

3.3.3. Oportunidades de trabalho

As novas tecnologias têm um papel fundamental na geração


de oportunidades de emprego. Em relação às pequenas e médias
empresas (que possuem uma importância estratégica pelo seu
elevado potencial gerador de emprego, trabalho e renda), as novas
tecnologias possibilitam divulgação de negócios, comunicação mais
rápida e barata, acesso a informações úteis, agilidade na compra e
venda, ampliação de mercados e diminuição de custos operacionais.

Para garantir a empregabilidade dos funcionários nesse novo


cenário, é necessário investimento em aprendizado continuado
e no desenvolvimento de novas habilidades e competências,
sobretudo quanto ao conhecimento das tecnologias de informação
e comunicação. Isso vale tanto para as gerações que ingressam Você Sabia
no mercado de trabalho, quanto para os que não adquiriram esses
conhecimentos e precisam reciclar as habilidades profissionais.
10
Em 2002,
foi lançada a
Classificação
Um dos efeitos do aumento do uso da tecnologia no setor produtivo Brasileira de
é a transformação no mercado de trabalho e no perfil dos empregos e Ocupações (CBO).
Esse documento
profissões existentes. Com a informática e os avanços da tecnologia, é utilizado por
instituições como o
novas especializações profissionais e postos de trabalho surgiram Instituto Brasileiro
como o analista de sistemas, o web designer, o administrador de de Geografia e
Estatística (IBGE)
dados e de redes, e outros. Da mesma forma, diversas ocupações10 e o Ministério do
Trabalho e do
tradicionais foram ou estão sendo transformadas, substituídas Emprego (MTE),
ou mesmo eliminadas como o office boy interno, o datilógrafo, o para reconhecer,
nomear e codificar
perfurador de cartões e muitos outros. Aumentaram as disparidades os títulos e o
conteúdo das
de remuneração entre os trabalhadores mais qualificados e os demais, ocupações do
enquanto diversas atividades intermediárias tornam-se dispensáveis. mercado brasileiro.

49
Computador e Sociedade

Profissões extintas x Profissões do futuro

Cada vez mais se exige dos trabalhadores contínua atualização


e desenvolvimento de habilidades e competências, de modo a
atender aos novos requisitos técnico-econômicos e a aumentar sua
empregabilidade. Dentre os perfis profissionais mais disputados, estão
programadores, web-designers, administradores de redes, jornalistas
e outros profissionais que lidam com conteúdos na web, especialistas
em marketing e gerentes de Internet.

O mercado virtual demanda organizações cada vez mais flexíveis,


atuando em redes. Os requisitos desse novo mercado, aliados aos
problemas de deslocamento nos grandes centros, contribuiu para o
crescimento de uma modalidade de trabalho em número de adeptos:
o teletrabalho. O teletrabalho implica na separação do trabalhador
do ambiente tradicional, ou seja, do local físico do escritório, o que
desestrutura também o tempo de trabalho: esses trabalhadores
passam a dispor de horários flexíveis para realização de suas tarefas.
O Quadro 3.1 apresenta algumas vantagens do teletrabalho, do ponto
de vista das empresas.

50
Computador e Sociedade

Quadro 3.1 – Vantagens do Teletrabalho [Takahashi 2000]

Trabalhador Custos custos menores de alimentação, transporte e


vestuário

Oportunidades mais tempo para atender a clientes


de negócio

maiores oportunidades para pessoas com


restrições de tempo e locomoção

relacionamento mais estreito com clientes em


comunidades específicas

maior facilidade de atender a múltiplas


empresas por parte de especialistas altamente
qualificados

Gestão maior facilidade de determinar estilo de vida


e de trabalho

Empresa Custos diminuição da estrutura física da empresa

aumento de produtividade gerencial e


profissional

Oportunidades área geográfica de atuação mais ampla


de negócio

maior proximidade com o cliente

fixação mais fácil de profissionais


experientes

área geográfica de recrutamento mais ampla

acesso mais fácil a profissionais altamente


qualificados

Gestão maior agilidade

maior flexibilidade na composição de equipes


de especialistas

Governo Custos menor consumo de energia

Oportunidades redução de veículos em circulação


de negócio

governo mais próximo do cidadão

prestação de serviços de melhor qualidade

Gestão maior facilidade na organização e gestão de


prestação de serviços

Fonte: SocInfo, com base em Pinel, 1998 e OECD, 1999

51
Computador e Sociedade

3.3.4. Redes Sociais

O que são redes sociais? Uma pesquisa divulgada no Mashable11,


que abordou 13 mil pessoas em 17 países, mostrou que 58% dos
adultos não sabem o que significa “rede social”. Em relação ao
Hiperlink interesse das pessoas em redes sociais, a pesquisa concluiu que,
das pessoas entrevistadas, com idade entre 18-65, 36% no Japão,
11
http://mashable. Eslováquia e Canadá e 45% nos EUA disseram estar perdendo
com/2008/09/03/
social-networking- rapidamente o interesse. No entanto, essa pesquisa não considerou
survey/
os adolescentes, tidos como a principal audiência das redes sociais
virtuais, especialmente Facebook12 e MySpace13.

Mas e você? Sabe o que são redes sociais? Você usa alguma rede
social virtual?

Hiperlink Segundo a Wikipédia, uma rede social é uma das formas de


representação dos relacionamentos afetivos ou profissionais dos seres
12
http://www.
facebook.com
humanos entre si ou entre seus agrupamentos de interesses mútuos.
A rede é responsável pelo compartilhamento de ideias entre pessoas
que possuem interesses e objetivos em comum e também valores a
serem compartilhados. Assim, um grupo de discussão é composto
por indivíduos que possuem identidades semelhantes. Essas redes
sociais estão hoje instaladas principalmente na Internet devido ao fato
desta possibilitar uma aceleração e ampla maneira das ideias serem
divulgadas e da absorção de novos elementos em busca de algo em
Hiperlink
comum.
http://www.
13
Em matéria publicada no site Diário de Saúde14, uma pesquisa do
myspace.com
programa de inclusão digital Acessa São Paulo indicou que usuários
estão se comunicando mais por meio de sites de relacionamento do
que por e-mail. Os adolescentes entrevistados na pesquisa revelaram
posições fortes sobre o que acreditam, e contaram que criam muitos
perfis nas redes de relacionamento. Quando perguntados se essa era
Hiperlink uma atitude desonesta, os adolescentes disseram que as pessoas
também assumem vários perfis na vida real, dependendo da situação,
14
http://www.
diariodasaude. e isso é normal. Disseram também não ter problemas em fazer várias
com.br/news.
php?article=redes-
coisas ao mesmo tempo. Por outro lado, os adultos entrevistados
sociais-criam- desconfiavam da rede e a associam com fraude e engano. A maioria
novas-formas-de-
relacionamento- deles tinha apenas um perfil no Orkut, com informações verdadeiras e
e-aprendi-
zado&id=4040 1
contatos confiáveis. Para eles, os computadores do Acessa São Paulo
não devem ser um local de diversão. Assim, ficaram constrangidos
em dizer nos grupos de discussão que navegavam em sites de
relacionamento.

52
Computador e Sociedade

Os jovens envolvidos no estudo têm o hábito de pesquisar, sabem


que terão que aprender por toda a vida e não enxergam a escola
como o único meio para adquirir conhecimentos. Eles aceitam a
figura dos professores, mas aprendem com seus iguais, nos fóruns
de discussão, nos sites de relacionamento. Para eles, a escola serve
apenas como um meio para obter um diploma, o caminho oficial a
seguir. Esses estudantes trazem informações e argumentação para
a escola; têm mais tempo para pesquisar que os professores, cujo
papel talvez seja orientar a discussão. O aprendizado em listas de Hiperlink

discussão não divide temas em disciplinas específicas. Os jovens


15
http://www.
estudam tudo ao mesmo tempo nas redes sociais. Eles também têm facebook.com
mais facilidade para mudar de opiniões e aceitar que estão errados.

Já os adultos têm mais dificuldade de aprender, principalmente


através de novas tecnologias, e mudar. As construções de
conhecimento deles são mais profundas. Os adolescentes nasceram
numa época de explosão de informações. Por isso, estão acostumados
Hiperlink
a aprender de uma forma muito tranquila.
16
Exemplo
As redes sociais são capazes de expressar ideias políticas Linkedin
e econômicas inovadoras com o surgimento de novos valores,
http://www.linkedin.
pensamentos e atitudes. O uso em larga escala do conceito de redes com/
sociais é possível, atualmente, graças ao desenvolvimento das novas
tecnologias de comunicação e informação, especialmente a internet,
à globalização e à evolução do conhecimento científico.

No Brasil, a rede social de maior alcance em termos de números


Hiperlink
de usuários e comunidades criadas é o Orkut15. No restante do
mundo, a rede social Facebook é a preferida dos jovens em busca Exemplo
17

de relacionamentos pessoais e profissionais. Algumas redes MySpace

sociais são direcionadas a um propósito específico como identificar http://www.


relacionamentos16 profissionais, que possam facilitar a busca e myspace.com/

oferecimento de emprego. Artistas usam redes sociais para divulgar


seus trabalhos musicais17. As organizações, percebendo o potencial
das redes sociais para apoiar as relações de trabalho, começaram
a introduzir redes sociais corporativas, formada apenas pelos
funcionários da empresa e com acesso controlado como é o caso do
projeto AMIGOS, desenvolvido pelo CESAR/UFPE18.
Hiperlink

18
http://www.cesar.
com.br

53
Computador e Sociedade

Conheça Mais

Alguns sites para você explorar essa temática:

» Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico

http://www.camara-e.net/

» Dos microcomputadores à Sociedade da Informação. Uma


entrevista com Marcelo Sávio

http://www.tidia.fapesp.br/portal/entrevistas/dos-microcomputadores-
a-sociedade-da-informacao/

» Apresentação que discute as Redes Sociais Corporativas como


um segmento natural da Web 2.0

http://www.slideshare.net/mnegrini/redes-sociais-551212

» Redes sociais ganham apelo profissional

http://www.dnt.adv.br/entrevistas/redes-sociais-ganham-apelo-
profissional/

» O mundo do trabalho em mutação: profissões deixam de existir;


novas funções são criadas

http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-
67252004000100004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

» Profissões do futuro

http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?materia=13673

» Profissões em extinção

http://www.museudapessoa.net/mtrab/profissoes.htm#7

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Computador e Sociedade

» Profissões diferentes e inusitadas

h t t p : / / w w w. b i b l i o t e c a v i r t u a l . s p . g o v. b r / e s p e c i a l / 2 0 0 8 0 5 -
profissoesdiferentes.php

Se possível, leia também:

» “Livro Verde do Programa Sociedade da Informação”

http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/18878.html

» “Livro Além das Redes de Colaboração”

http://rn.softwarelivre.org/alemdasredes/

Cinema em Ação

» O impacto da Tecnologia da Informação na Vida Social – Matéria


da TV Futura

http://www.youtube.com/watch?v=w-iWSfwmI9g

» Teletrabalho – Matéria de Televisão Portuguesa

http://www.youtube.com/watch?v=AfJLlSj9XAI

» Eu e as TICs – Vídeo Premiado

http://www.youtube.com/watch?v=XplO_9aVZ2A

» Aspectos positivos e negativos da tecnologia

http://www.youtube.com/watch?v=Y1IRKzxQlq

» Tecnologia e Educação - A mudança aconteceu. Vídeo


apresentado na Jornada Científica da FAZU em Uberaba

http://www.youtube.com/watch?v=Q2Ck-GwJtqE

» O que são redes sociais?

http://www.youtube.com/watch?v=ty9xmwMnqtg

55
Computador e Sociedade

Atividades e Orientações de Estudo

Atividade de Pesquisa e Interação

Essa atividade tem por objetivo aprofundar os seus


conhecimentos sobre os tópicos que foram discutidos nesse
módulo e incentivar que você acesse os conteúdos diversos
de comunicação a respeito do tema que abordamos nesse
capítulo. Essa atividade está relacionada ao fórum temático
da semana: Influência das NTICs na Sociedade da Informação
e consta de duas partes: uma parte de pesquisa, individual,
desempenhada pelo aluno; e uma parte de interação, no fórum
temático, coordenada pelo tutor virtual da disciplina e com a
participação de todos os alunos do polo.

Nessa atividade, você deverá ler o que foi discutido no módulo


sobre a influência das NTICs nos quatro segmentos estudados:
comércio, educação, empregos e relações sociais; assistir aos
vídeos sugeridos na seção Cinema em Ação deste capítulo,
visitar e ler as matérias publicadas na seção Conheça Mais.
Analise criticamente tudo o que estudou, reflita e compartilhe
seus conhecimentos e opiniões com os seus colegas e tutores
do seu polo no Fórum temático e também nos chats.

Não se limite aos segmentos da sociedade indicados no


módulo. Se questione: que outros segmentos da sociedade
foram e estão sendo profundamente afetados pelas NTICs? De
que maneira? O que você pensa sobre isso? Seja curioso! seja
criativo! Investigue! Pergunte! Discuta! Pesquise sites, vídeos,
animações, músicas, filmes, notícias! Traga sua experiência para
o grupo! Ajude a você e aos seus colegas nessa maravilhosa
aventura da construção interativa do conhecimento.

Lembre-se de que você será avaliado pelas atividades virtuais


indicadas e pela sua participação no ambiente virtual da
disciplina. Portanto, é de fundamental importância que você
acesse o ambiente. Fique atento!! Você também será avaliado
pelas participações significativas nos fóruns de discussão e
chats indicados no ambiente.

56
Computador e Sociedade

Vamos Revisar?

Neste capítulo, você estudou sobre a Sociedade da Informação, o


que são as novas tecnologias de comunicação e informação e como
estas vêm influenciando diferentes segmentos da sociedade. Em
especial, discutimos seu impacto em quatro importantes segmentos:
comércio, educação, emprego e relações sociais.

57
Computador e Sociedade

Considerações Finais

Olá, cursista!

Chegamos ao final do primeiro módulo da disciplina Computador e


Sociedade. Esperamos que tenha sido prazerosa e instrutiva a leitura
deste texto e que ele tenha lhe despertado o interesse em buscar mais
informações sobre as origens da informática, dos computadores e da
internet, e tenha lhe feito refletir sobre como as novas tecnologias vêm
influenciando a sociedade.

No próximo módulo, estudaremos dois temas importantes e atuais:


Inclusão Digital e Software Livre. Muito têm-se falado sobre esses dois
tópicos, mas você sabe o que é inclusão digital? O que implica incluir
uma pessoa ou um país digitalmente? Porque a exclusão digital vem
sendo chamada de analfabetismo do século XXI? E software livre?
Você sabe definir o que significa um software livre? Sabe dizer quais
as vantagens e desvantagens em usar software livre em relação a
software proprietário? Conhece os tipos de licença e as implicações
legais relacionadas a esse tipo de produto? No próximo módulo,
lançaremos esses e outros temas em nossas discussões. Comece,
desde já, a refletir sobre eles, para que nossas interações sejam mais
ricas em troca de conhecimento.

Aguardamos sua participação ativa no próximo módulo.

Até lá e bons estudos!

Vaninha Vieira e Marizete S. Santos

Autoras

58
Computador e Sociedade

Referências

Albertin, A. L. (2008) “Pesquisa FGV-EAESP sobre Comércio


Eletrônico no Mercado Brasileiro”, NED-FGV. In: http://www.
eaesp.fgvsp.br/default.aspx?pagid=JTGCTJSP (acesso em
04/2009).

Bogo, K. C. (2000) “AHistória da Internet - Como Tudo Começou...”,


http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=11&rv=Vivencia.

Castells, M. (2006) A Sociedade em Rede, São Paulo, Editora


Paz e Terra.

Castells, M. (2003) A Galáxia da Internet, Jorge Zahar.

Lemos, A. (2004) Cibercultura: tecnologia e vida social na


cultura contemporânea, 2a ed., Porto Alegre, Editora Sulina.

Pretto, N. L., Silveira, S. A. (2008) Além das redes de


colaboração: internet, diversidade cultural e tecnologias do
poder, Salvador, Bahia, Editora da UFBA.

Riccio, N. C. R. (2008) “Ambientes Virtuais de Aprendizagem


na Ufba: A Possibilidade de Autonomia e de Novas Educações”,
Qualificação para o Doutorado, Faculdade de Educação /
UFBA.

Schaff, A. (1996) A Sociedade Informática, São Paulo, Editora


Brasiliense.

Takahashi, T. (2000) Livro Verde do Programa Sociedade da


Informação, Brasilia, Brasil, MCT.

Artigos em jornais, revistas e internet.

Vídeos e filmes.

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Conheça as Autoras

Vaninha Vieira

Eu sou doutora em Ciência da Computação, desde 2008, pelo Centro de Informática


da UFPE com estágio de doutorado de um ano realizado na Universidade de Paris VI,
na França. Atualmente, trabalho como docente-pesquisadora da Universidade Federal
da Bahia. Sou formada em Ciência da Computação, em 1998, pela UFBA, e realizei
mestrado em Ciência da Computação na COPPE/UFRJ (2003). Possuo experiência
acadêmica e profissional na área de Ciência da Computação, com ênfase nas linhas
de Banco de Dados e Engenharia de Software. Atuei na graduação e pós-graduação
das faculdades UFRPE, AESO e FAPE, e em empresas como Embratel, Rio Sul Linhas
Aéreas, Marinha do Brasil, CPD/UFBA, TecnoTrends e SAM Sistemas. Atuei como
professora executora da disciplina de EAD Aprendizagem Mediada por Computador no
curso de Física Virtual, da UFRPE. Minhas principais áreas de interesse para pesquisa
incluem: desenvolvimento e modelagem de sistemas sensíveis ao contexto, tecnologias
e técnicas de apoio à educação à distância, percepção em sistemas colaborativos,
metamodelagem e processos de software, representação do conhecimento e ontologias.
Possuo diversos artigos e capítulos de livro escritos sobre os temas de sistemas
sensíveis ao contexto e percepção em sistemas colaborativos.

Marizete Silva Santos

Possui graduação em Licenciatura Em Matemática pela Universidade Estadual do


Sudoeste da Bahia (1990), mestrado em Ciências da Computação pela Universidade
Federal de Pernambuco (1995) e doutorado em Ciências da Computação pela
Universidade Federal de Pernambuco (2000). Atualmente é avaliadora de curso e
institucional do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
e professor adjunto I da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Tem experiência
na área de Ciência da Computação, com ênfase em Inteligência Artificial, atuando
principalmente com reconhecimento de odores e robôs. As pesquisas recentes estão
relacionadas à Educação a Distância. Atualmente exerce a função de Coordenadora
Geral da Educação a Distância da UFRPE, coordenando todas as ações de educação
a distância na universidade. No momento atua, ainda, na coordenação do Programa de
Formação Inicial para Professores do Ensino Fundamental e Médio I (pró-licenciatura I)
Universidade Aberta do Brasil (UAB) e o Programa Formação Continuada em Midias na
Educação, todos no âmbito da UFRPE.

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