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Formação Sociocultural e Ética II
Formação Sociocultural e Ética II
Organizadores
Adriana Pacheco do Amaral Mello
Jessica Akemi Kawano Ribeiro
Márcio Ricardo Dias Marosti
Marta Ferreira Gomes de Lima
Coordenação
Fabiane Carniel
APRESENTAÇÃO
TEXTOS SELECIONADOS
FILOSOFIA POLÍTICA
Mateus Bunde
A filosofia política é tida como uma vertente filosófica, em que sua função
abrange estudar questões que norteiam a convivência entre humanos e grupos
de seres.
O estudo fundamenta, na prática, questões que envolvam Estado, governo,
iniciativa privada, justiça, liberdade, pluralismo, e, claro, a política.
É o ponto que converge a ética com os integrantes da sociedade, em que dita
as melhores formas de se agir no meio social. A filosofia política abrange,
dessa maneira, o direito à liberdade, à propriedade, à defesa pessoal e à vida.
(Imagem: Reprodução)
A filosofia política tem por objetivo principal buscar respostas que sejam
complementares às perguntas como:
• O que é governo?
• Por que o Estado é necessário?
• É possível haver legitimidade no governo?
• O governo deve assegurar direitos? Como?
• Quando um governo pode/deve ser deposto?
Aristóteles
Os iluministas
Maurício Bugarin
Até o dia 8 de maio de 2020, a pandemia causada pelo novo coronavírus havia
causado a morte de 9.899 pessoas em todo o território nacional, enquanto
139.900 cidadãos se tornaram vítimas fatais de doenças cardiovasculares no
país. Comparando-se esses valores poder-se-ia estranhar a grande
preocupação originada pela pandemia do covid-19. O que torna essa epidemia
tão diferente dos desafios de saúde que os brasileiros enfrentam há anos e
dominam as causas de mortalidade?
O efeito da nova pandemia sobre a sociedade nos oferece a oportunidade de
ilustrar dois conceitos fundamentais da Teoria Econômica: risco e incerteza.
Ambos conceitos estão associados ao fato de vivermos em um mundo “não
determinístico” em que não temos informação completa sobre os fenômenos
que nos cercam, mas diferem quanto ao nível de incompletude dessa
informação.
Em uma situação de risco, conseguimos antecipar o que pode ocorrer e
determinar probabilidades razoáveis sobre os possíveis acontecimentos.
Quando nos deslocamos em nossa típica cidade brasileira, por exemplo,
sabemos que corremos riscos. No entanto, por conhecermos a cidade, temos
uma boa ideia de que regiões são mais perigosas, que horários são mais
arriscados, etc. Com toda essa informação, podemos calcular com alguma
precisão os riscos que corremos e escolher um deslocamento sem que o
pânico nos domine.
Em uma situação de incerteza, por outro lado, a informação é mais limitada, é
difícil estimar as diferentes probabilidades do que pode acontecer e, em alguns
casos, sequer conseguimos prever tudo que é passível de ocorrer. Se tivermos
que nos deslocar em uma cidade desconhecida e perigosa em um país
estrangeiro, estaremos em uma situação de incerteza: não sabemos que
bairros são mais seguros, que vias são mais arriscadas, etc. Nesse caso é bem
mais difícil decidir com segurança e não será de se estranhar que um certo
pânico tome conta de nós...
Uma doença que há anos acomete nosso país é a dengue. Em 2019 foram
mais de um milhão e meio de casos em todo o país. Essa doença, no entanto,
é relativamente bem conhecida. Sabemos diagnosticá-la e tratá-la. Ainda que
não exista vacina, morreram menos de 800 cidadãos pela dengue em 2019.
Trata-se de uma situação de risco, certamente, mas não é de se estranhar que
a dengue não cause comoção social.
Compare agora com a covid-19. Surgida em finais de 2019, parecia
relativamente circunscrita à província chinesa de Hubei até que, de repente
explodiram os casos mundo afora. Sobre essa nova cepa de coronavírus muito
pouco se sabe até hoje, nem mesmo se uma pessoa pode ser reinfectada.
Trata-se de uma claríssima situação de incerteza em que não conseguimos
estimar as probabilidades associadas à pandemia. Que órgãos de nosso corpo,
além do pulmão, o vírus atinge? Que remédios poderiam ser usados? Qual é a
verdadeira taxa de fatalidade da doença? Confrontados com essa situação de
grande incerteza, entende-se a dificuldade que temos em tomar decisões bem
pensadas.
Com o surgimento da covid-19 sentimos na pele a dramática diferença entre
risco e incerteza. Fica então a esperança de que rapidamente acumulemos
informações suficientes para passarmos de um ambiente de incerteza para um
de risco. Até lá, resta-nos manter o isolamento social, uma vez que uma das
poucas certezas que temos é que esse vírus tem altíssima transmissibilidade
mesmo antes dos sintomas se manifestarem.
Vinícius Lemos
O Pantanal passa pela sua fase mais crítica das últimas décadas. O bioma
enfrenta uma de suas maiores secas da história recente, sofre com o
desmatamento e tem o pior período de queimadas desde o fim dos anos 90.
A atual situação do Pantanal, maior área úmida continental do planeta,
preocupa ambientalistas.
Nos primeiros sete meses deste ano, o principal rio do Pantanal atingiu o
menor nível em quase cinco décadas. A chuva foi escassa. O desmatamento
cresceu. Os incêndios aumentaram. E a fiscalização por parte do poder
público, segundo entidades que atuam na preservação da área, diminuiu.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que os
primeiros sete meses de 2020 foram os que registraram mais queimadas em
comparativo ao mesmo período de anos anteriores, ao menos desde o fim do
anos 90 — período em que o Inpe desenvolveu a plataforma que se tornou
referência para monitorar focos de calor no Brasil.
O mês passado, por exemplo, foi o julho em que o Pantanal mais pegou fogo
nos últimos 22 anos. Conforme o Inpe, foram registrados 1.684 focos de
queimadas. No mesmo mês, no ano passado, foram 494 focos. O recorde de
queimadas em julho, até então, havia sido em 2005, com 1259 registros.
Pesquisadores apontam que a situação no bioma, localizado na Bacia
Hidrográfica do Alto Paraguai (BAP), deve permanecer difícil pelos próximos
meses.
Em julho, algumas cidades de Mato Grosso do Sul e de Mato Grosso, Estados
que abrigam o Pantanal, sentiram as consequências de um dos períodos
ambientais mais difíceis do bioma. Essas regiões chegaram a ficar encobertas
por fumaças vindas dos incêndios no Pantanal. A situação piora os problemas
respiratórios de moradores da região e se torna ainda mais perigosa no atual
contexto da pandemia de coronavírus, principalmente para as pessoas que
integram o grupo de risco, como idosos e pacientes com doenças pré-
existentes.
Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil consideram que não há dúvidas: o
Pantanal vive atualmente a sua maior tragédia ambiental das últimas décadas.
"Esse cenário de redução de chuvas no primeiro semestre do ano, o menor
nível do rio (em período recente) e, principalmente, os incêndios de grandes
proporções indicam isso", diz o engenheiro florestal Vinícius Silgueiro,
coordenador de inteligência territorial do Instituto Centro de Vida (ICV).
"E o receio é que isso seja um 'novo normal', como consequência das
mudanças acumuladas causadas pelo homem, que alteram o ciclo de chuvas,
seca e das inundações naturais do Pantanal", acrescenta o geógrafo Marcos
Rosa, coordenador técnico do MapBiomas, iniciativa que monitora a situação
dos biomas brasileiros.
Ciência e Tecnologia
TEXTOS SELECIONADOS
Débora Ely
Medida começará a valer nos próximos dias, após sanção do presidente Jair
Bolsonaro
Em abril de 2020, mais da metade da população global estava com algum nível
de distanciamento social ou lockdown. A pandemia da Covid-19 nos mostrou a
necessidade de estarmos conectados e não vivermos excluídos, à margem da
sociedade. As medidas de isolamento nos forçaram a nos fazer presentes em
um mundo digital para manter nossa rotina de trabalho, de estudo, de consumo
e até de entretenimento. Houve uma grande mudança nas nossas vidas, que
só foi possível pelo uso mais intenso de tecnologia.
A mudança também ocorreu nas organizações. A transformação digital era
latente e ocorria lentamente. No entanto, durante a pandemia essa
transformação foi impulsionada e, em menos de três meses, foi significativa e
impactante para toda a sociedade mundial. O receio e o desconhecimento
deram espaço à adoção de tecnologias digitais. Muitas empresas aceleraram
sua transformação digital, com a implementação de diversos recursos
tecnológicos que permitissem seus negócios continuarem funcionando.
O uso indiscriminado de tecnologia já existia, contudo, passou a ser a forma de
conexão entre a empresa e seu funcionário, entre a empresa e seu cliente,
entre o cliente e o mundo real. O trabalho remoto se popularizou, e assim, a
utilidade da tecnologia para as empresas. A partir de então, novas ferramentas
tecnológicas começaram a ser utilizadas. Historicamente, o uso de tecnologia
foi sempre acompanhado da necessidade de mudança de paradigmas no dia a
dia, e as empresas não tiveram tempo para amadurecer reflexos dessa
mudança em processos e, principalmente, nas pessoas.
A obesidade digital pode ser gerada pela falta de consciência crítica no uso de
tecnologia. Poderíamos até dizer que é um estágio inicial da dependência
digital. Ela é um problema iminente tanto para as pessoas, quanto para as
organizações, pois a tecnologia está sendo utilizada para saciar necessidades
sociais que o isolamento impediu que fossem supridas da forma tradicional.
Seu uso intenso pode ser percebido pelo aumento de 76% do uso de
WhatsApp, o incremento de 70% no tempo de uso do Facebook e o aumento
em 70% das lives no Instagram em março de 2020. E ainda, em 18 de abril,
mais de oito milhões de pessoas assistiram ao festival online “One World:
Together at Home”. Dessa forma, artistas, médicos, organizações,
empreendedores, professores, religiosos, prestadores de serviço, e outros
profissionais ressignificaram as transmissões em vídeo.
O uso intenso não é percebido somente nas mídias sociais e tende permanecer
intenso quando o isolamento social acabar. O home office deve continuar
sendo estimulado pela maioria das organizações. A instituição financeira XP
Inc, bem como a JP Morgan Chase, a Barclays e outras organizações de Nova
York, avaliam manter o home office como prática permanente. Essa mudança
veio para ficar, como um novo comportamento das pessoas. Nossa identidade
no mundo real está sendo substituída por nosso perfil no ambiente virtual.
Uma pesquisa recente de Cassitas Hino, Coelho e Leluddak realizada com
mais de 300 pessoas identificou que mais de 45% das pessoas utilizam três ou
mais aplicativos diferentes para fazer a mesma coisa. Mas já paramos para
entender o por quê? Essa mesma pesquisa indicou que o nível de ansiedade
por estar conectado aumentou mais de 400% durante a pandemia e que,
embora o uso de tecnologia esteja mais intenso, as pessoas não querem voltar
a usá-la como antes.
/ Isso nos leva a crer que as pessoas não parecem perceber o que está
acontecendo e é esse comportamento que está levando as pessoas à
obesidade digital.
Usamos e dependemos tanto da tecnologia que se quer percebemos o
risco que podemos correr.
A obesidade digital pode afetar vários aspectos da vida de uma pessoa e
pode até exigir tratamento.
A frequência e duração do uso podem influenciar e impactar na
biomecânica do corpo, como no caso dos smartphones, interferindo
também nos aspectos sociais e psicológicos. /
E o que você faz quando se está obeso? Uma dieta. Mas a dieta digital não é
tão simples assim. O uso de tecnologia tem a ver com utilidade e essa utilidade
dificulta o processo de libertação ou “equilíbrio” de seu uso.
O smartphone, por exemplo, ficou mais popular à medida que sua conveniência
aumentou. O smartphone hoje é agenda, máquina fotográfica, calculadora,
navegador de internet, plataforma de jogos, equipamento de trabalho, enfim: a
partir do momento que os usuários passaram a perceber mais utilidade, eles se
tornaram mais relevantes, mais presentes, e nós, mais dependentes. Da
mesma forma, o uso da internet em equipamentos móveis, que, por um lado,
nos possibilita ter acesso em qualquer lugar e a qualquer hora, é o que nos
monitora, controlando nossas vidas e nossos hábitos.
No momento em que você se depara com mudanças tecnológicas que são
incorporadas na sua rotina e facilitam o seu dia a dia, as pessoas não desejam
mais regredir. Algumas pessoas abandonarão estes hábitos, mas muitas
ficarão dependentes destas novas tecnologias. A tecnologia já está tão
incorporada na vida das pessoas que elas passaram a ver isso como algo
“normal”, ou ainda, “o novo normal”. A tendência é cada vez mais as pessoas
ficarem mais dependentes e obesas digitais.
TEXTOS SELECIONADOS
Somos todos habitantes de uma grande polis, deste planeta que nos abriga
Daniel Medeiros
Isabelle Barone
Denúncias
Os canais de atendimento da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos
(ONDH) funcionam 24 horas por dia, de forma gratuita. Caso precise realizar
uma denúncia em território brasileiro, basta ligar para o Disque 100. Para
brasileiros no exterior, o canal de denúncias é o 180.
Em breve, a pasta deve divulgar um aplicativo e um site por meio dos quais
poderão ser registradas as denúncias.
Clara Ribeiro
Muito se fala sobre Direitos Humanos. Está presente nas notícias do dia a dia,
nos livros, nas apostilas, nas aulas, assim como na rotina cotidiana. Afinal, se
referem às determinações que nos protegem contra atos que ferem a honra e a
dignidade.
Mas apesar de ser um tema super debatido, muitas pessoas ainda têm dúvidas
sobre os seus conceitos e suas características.
Por aparecer constantemente em questões de vestibulares e do ENEM (Exame
Nacional do Ensino Médio), assim como em concursos públicos, trouxemos um
panorama para você conhecer.
Contexto histórico
Para entender a proclamação dos direitos humanos, precisamos voltar no
tempo e entender o contexto pós Segunda Guerra Mundial.
Com a invasão das tropas aliadas adentrando territórios nazistas e
presenciando o horror humanitário, sobretudo pelo holocausto e seus terríveis
campos de concentração.
Vale frisar que ao contrário do que sabemos hoje em dia sobre essa época de
terror nazista. As suas práticas de extermínio no Terceiro Reich comunidade
internacional.
O que se sabia sobre o governo autoritário de Adolf Hitler girava em torno da
perseguição de certos povos. Como por exemplo:
• Judeus
• Negros
• Homossexuais
• Ciganos
• Entre outros
Porém, o holocausto e todo seu terror não era, de fato, algo de conhecimento
público. Logo após o fim da Segunda Guerra ocorre a exposição do holocausto
e de seus terríveis campos de concentração, o que choca o mundo todo.
Com isso, a ONU (Organização das Nações Unidas), que na época tinha pouco
tempo desde a sua criação, decide criar um instrumento jurídico que proteja os
direitos considerados fundamentais para qualquer pessoa.
TEXTOS SELECIONADOS
As obras de arte, desde a Antiguidade até hoje, nem sempre tiveram a mesma
função. Ora serviam para contar uma história, ora para rememorar um
acontecimento importante, ora para despertar o sentimento religioso ou cívico.
Foi só neste século que a obra de arte passou a ser considerada um objeto
desvinculado desses interesses não artísticos, um objeto propiciador de uma
experiência estética por seus valores íntimos.
Assim dependendo do propósito e do tipo de interesse com que alguém se
aproxima de uma obra de arte, podemos distinguir três funções principais para
a arte.
Função Utilitária: A arte serve ou é útil para se alcançar um fim não artístico,
isto é, ela não é valorizada por si mesma, mas só como meio de se alcançar
uma outra finalidade.
Esses fins não artísticos variam muito no curso da história. Na Idade Média, por
exemplo, na medida em que a maior parte da população dos feudos era
analfabeta, a arte serviu para ensinar os principais preceitos da religião católica
e para relatar as histórias bíblicas.
Função Naturalista: A obra é encarada como um espelho, que reflete a
realidade e nos remete diretamente a ela. Em outras palavras, a obra tem
função referencial de nos enviar para fora do mundo artístico, para o mundo
dos objetos retratados. Essa atitude perante a arte surge bastante cedo. Ela
aparece na Grécia, no século V a.C., nas esculturas e pinturas que “imitam” ou
“copiam” a realidade. Essa tendência caracterizou a arte ocidental até meados
do século XIX, quando surgiu a fotografia. A partir de então, a função arte,
especialmente da pintura, teve de ser repensado e houve uma ruptura do
naturalismo.
Função Formalista: Preocupa-se com a forma de apresentação da arte. Há,
nessa função, uma valorização da experiência estética como um movimento
em que, pela percepção e pela intuição, temos uma consciência intensificada
do mundo, ou seja, é a análise da obra de arte como todo, pela sua forma, seu
conteúdo, sua temática, seu contexto histórico, sua técnica, enfim, todos os
elementos para a compreensão da obra em si.
Quando o ser humano precisa pensar sobre algo, geralmente, busca encontrar
elementos funcionais que lhe deem sentido e um valor. Então ele procura
responder perguntas como: para que serve? E qual sua importância no
mundo?
Esse sentido utilitarista é comum a todos os povos desde as suas formações
iniciais. O homem primitivo, por exemplo, precisava se cercar, primeiramente,
de objetos que respondessem à sua necessidade urgente de sobrevivência.
Por isso, os desenhos nas cavernas, as danças e as representações primitivas
precisavam ter utilidade, ou seja, deveriam servir para que os espíritos dos
animais fossem atraídos e aprisionados, ajudando os homens nas caçadas.
Com o tempo, essas manifestações artísticas primitivas começaram a ser
desvinculadas das suas funções primitivas nas comunidades. O homem
passou a revelar interesse por aspectos e objetos que não possuíam função
prática na vida, como as formas, as cores, as texturas em tecidos, certos sons,
que passaram a ser apreciados por puro prazer. Nesse sentido, tais utensílios
e representações passaram, cada vez mais, a ser criados e executados pelo
prazer em si, desligando-se de uma utilidade.
Assim, os humanos demonstram, desde tempos ancestrais, interesse pelo
enfeite, pelo belo, por elementos e fatos capazes de instigar e manifestar
pensamentos e emoções.
A pintura corporal em uma tribo indígena, na maioria das vezes, tem a função
de camuflar, preparar-se para a guerra, determinar uma posição social do
individuo, preparativos para diversos rituais da tribo, como culto aos deuses,
casamento, funeral, ou, simplesmente, enfeitar-se. Atualmente, a pintura da
pele, como as tatuagens, na maioria das vezes, estão ligadas a um sentido
decorativo, servindo apenas para adornar ou decorar o corpo.
Há vertentes e perspectivas diferentes quanto à função da arte. Isso ocorre
porque cada sociedade estabelece uma relação muito específica com os
objetos artísticos, definindo necessidades e importâncias particulares. Pode-se,
contudo, definir duas correntes de pensamento muito comuns, no que se refere
à utilidade da arte.
A primeira defende que as artes não derivam de uma necessidade prática,
existindo independentemente de qualquer utilidade, tais como: ensinar,
entreter, instigar, inspirar ou educar. Uma das escolas defensoras dessa
vertente foi o Romantismo, que estabeleceu o que ficou conhecido como
autonomia da arte.
A outra corrente defende que a arte só pode existir ligada a alguma
funcionalidade, ou algo que lhe dê um sentido, tal qual ocorria nas sociedades
primitivas. Nessa concepção, só pode haver objeto artístico se este se
relacionar, por exemplo, a uma função social, histórica, educativa ou
psicológica.
Obviamente, as duas correntes possuem fundamentos e argumentos
necessários de serem discutidos, mas é inevitável que convivam, em um
mesmo processo de criação artística, elementos estéticos e outros de ordem
funcional, econômica, etc.
Vale dizer que a humanidade não vive sem a arte, seja ela funcional, mista ou
puramente ligada à fruição da beleza.
“A arte é necessária para que o homem se torne capaz de conhecer e mudar o
mundo. Mas a arte também é necessária em virtude da magia que lhe é
inerente.” Ernst Ficher, A Necessidade da Arte.
IMBROISI, Margaret; MARTINS, Simone. Pra que serve a arte. História das
Artes, 2020. Disponível em: http://www.historiadasartes.com/olho-vivo/pra-que-
serve-a-arte/. Acesso em: 22 set. 2020.
CULTURA DE MASSA
Francisco Porfírio
A cultura de massa faz parte da cultura em geral, que é o bem mais precioso
produzido pela humanidade. Por cultura, entendemos um conjunto de hábitos,
costumes, religião, idioma e produções artísticas ligadas a um grupo específico
de pessoas, ou seja, a uma comunidade ou sociedade.
Dentro desse recorte, temos a cultura autêntica e a cultura inautêntica. A
cultura inautêntica é a cultura de massa, que é produzida em larga escala e
serve como artifício para fazer girar o mecanismo capitalista por meio dos
lucros com a produção cultural e com a manipulação das massas, que serve
aos interesses políticos e mercantis.
A cultura de massa não é produzida, mas sim reproduzida. A ideia aqui não é
criar algo autêntico, mas reproduzir incessantemente o que já foi produzido (até
que a demanda pelo objeto reproduzido esgote-se) para conseguir atingir o
maior número de espectadores, gerando assim um maior lucro com menos
esforço e gasto. O grande comunicador brasileiro Abelardo Barbosa,
imortalizado pelo seu nome artístico Chacrinha, lançou uma frase que ainda
circula na mídia: “Na TV nada se cria, tudo se copia”.
Ironicamente, Chacrinha é copiado até hoje. Seu formato irreverente de
apresentar um programa de auditório, com piadas, música ao vivo,
competições, dançarinas e cenários chamativos ainda é utilizado nos
programas de auditório brasileiros. A música comercial, os filmes comerciais,
até mesmo as artes plásticas atuais renderam-se a um sistema de reprodução
de cópias.
A cultura de massa apresenta-se como o modelo de reprodução cultural que
deixa de lado o que o filósofo e crítico literário alemão Walter Benjamin chamou
de aura da obra de arte, para dar lugar à produção de fácil acesso, de fácil
“digestão”, de baixa qualidade e de baixo nível intelectual e técnico.
Filmes com roteiros que prendem o espectador por sua fórmula que mistura
ação, romance e planos dinâmicos; músicas de poucos acordes e poesias
pobres; estampas reproduzidas que dão lugar à arte plástica produzida pelo
pintor, enfim, tudo isso pode compor a gama de objetos da cultura de massa. A
cultura de massa trata as pessoas não como indivíduos, mas como uma massa
que busca sempre as mesmas coisas.
Thamiris Magalhães
Uma das coisas que tem chamado a atenção, principalmente do público fiel às
redes sociais e que aderiu – seja agora em tempos da Covid-19 ou há algum
tempo – às lives é o fato destas estarem ocorrendo constantemente, sendo
realizada pela maioria dos artistas, de todos os gêneros musicais, do Brasil e
do mundo, como forma de alegrar e entreter os seus públicos, ao mesmo
tempo em que continuam sendo vistos, logo não esquecidos pelo público-
internauta nessas redes.
Percebe-se a participação massiva dos artistas nas redes sociais digitais há
algum tempo. Porém, as lives, mais predominantemente no Instagram e
YouTube, estão sendo realizadas com maior frequência nos últimos dias, por
conta da pandemia do coronavírus, por conseguinte, do isolamento social,
principalmente no Brasil, onde, não por mera coincidência, concentra-se o
número maior de pessoas que estão e participam ativamente do mundo digital,
uma vez que o Brasil é um dos principais países com maior participação on-
line, mais especificamente o segundo que passa mais tempo “conectado”,
perdendo apenas das Filipinas .
Não à toa que os recordes de público assistindo a uma live simultaneamente
tenha ocorrido, até a realização deste artigo, no Brasil, com mais de 3 milhões
de acessos simultâneos, a um show de uma dupla sertaneja. Números que
ultrapassam qualquer show presencial de um artista renomado
internacionalmente. Ou, mesmo destes, ao realizarem suas lives na Internet.