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Por abranger vários temas, manter-se sempre atualizado com as novidades das diretrizes e
artigos acaba sendo um tarefa difícil. Pensando nisso, selecionamos dentro do Portal PEBMED e
reunimos neste e-book as diretrizes de maior interesse para o clínico que foram publicadas no
ano de 2019.
osteoporose em mulheres na pós-menopausa
A diretriz para tratamento da osteoporose em mulheres na pós-menopausa, da Endocriny Society,
recomenda:
• Bisfosfonatos como escolha inicial para reduzir o risco de fratura. A continuidade do tratamento deve
ser reavaliada após 3-5 anos de uso. Quem possui risco alto de fraturas deve prosseguir com as
medicações, já as pacientes com risco baixo podem considerar a interrupção por até 5 anos.
• As pacientes que já tem osteoporose (risco alto de fraturas) devem considerar terapia inicial com
denosumab (sem período de intervalo como dos bisfosfonatos). Naquelas com altíssimo risco de
fraturas, com fraturas graves ou múltiplas, devem ser tratadas com teriparatida por pelo menos 2 anos,
e após esse tempo, trocar a terapia para bisfosfonatos.
osteoporose em mulheres
na pós-menopausa
• Calcitonina só está indicada nos casos que todas as
medicações acima não poderem ser utilizadas.
O diabetes mellitus (DM) é uma das doenças mais prevalentes no ambulatório do clinico. A população idosa
(≥65 anos) se destaca por apresentar particularidades que devem ser consideradas na escolha do melhor
responsável por conduzir o tratamento daqueles: com diabetes tipo 1; que demandem esquema terapêutico
mais complexo; que apresentem múltiplas comorbidades; ou com hipoglicemias severas recorrentes.
• Recomenda-se o uso da glicemia de jejum e ou da hemoglobina glicada (HgA1c) como testes de triagem
• Naqueles com critérios para pré-DM, recomenda-se a realização de teste oral de tolerância à glicose 75 g
(TOTG) se: sobrepeso ou obesidade, história familiar de DM em parentes de primeiro grau, etnias de alto risco,
história de doença cardiovascular, hipertensão arterial, nível de HDL colesterol inferior a 35 mg/dl e/ou
• Naqueles diagnosticados com pré-DM, não se indica a metformina como terapia inicial, e sim mudanças de
estilo de vida.
DIABETES EM IDOSOS
• Todos devem ser avaliados quanto ao estado geral de saúde: status funcional, acuidade visual, acuidade
auditiva, presença de depressão, cognição, IMC, risco de quedas, pressão arterial, tabagismo, uso de álcool, uso
Montreal. Se o primeiro exame é normal, reavaliar a cada 2-3 anos. Se alterado ou limítrofe, todo ano.
• Naqueles com déficit cognitivo, o tratamento deve ser simplificado e os alvos terapêuticos devem ser
menos rigorosos.
• Idosos com boa saúde: HgA1c <7,5%, glicemia de jejum entre 90-130 mg\dL e glicemia ao deitar entre
90-150 mg\dL;
• Mais de três doenças crônicas, déficit cognitivo leve ou demência inicial: HgA1c <8%, glicemia de jejum
• Idosos com demência grave e comorbidades graves terminais (câncer avançado, DRC em diálise, IC
avançada ou dependentes de oxigenioterapia por penumopatias): HgA1c <8,5%, glicemia de jejum entre
• Além das mudanças de estilo de vida, a metformina é a terapia oral inicial, exceto quando TFG estimada
<30 mL\min ou intolerância gastrointestinal. Se o controle não for alcançado, recomenda-se o acréscimo de
outros agentes. Evitar o uso de sulfonilureias ou glinidas e utilizar insulina com cautela, especialmente
naqueles com DRC. Observar as peculiaridades de cada classe.
• O alvo de pressão arterial é inferior a 140/90 mmHg. Para alto risco (história de AVE ou DRC progressiva),
alvos inferiores a 130/80 mmHg podem ser tentados com cautela. Dos anti-hipertensivos, os IECA ou BRA
devem ser a escolha de primeira linha.
• Os alvos de LDL colesterol são os recomendados por diretrizes já existentes. Para aqueles com idade
superior a 80 anos ou com baixa expectativa de vida, o controle não deve ser excessivamente rigoroso. Níveis
de triglicerídeos acima de 500 mg\dL demandam o uso de óleo de peixe e/ou fenofibrato.
• Pacientes com saúde bastante prejudicada e que já tenham uma medida prévia de relação
albumina/creatinina inferior a 30 mg/g, é dispensável a medida anual deste índice para rastreio de nefropatia
diabética. Retinopatia e neuropatia diabética devem ser rastreados e, quando presentes, demandam maior
cautela na definição do esquema terapêutico e na abordagem multidisciplinar.
Diabetes em idosos
A leitura completa do documento é fundamental para o entendimento de maiores detalhes, porém fica
claro que a população idosa demanda uma conduta mais tolerante e cautelosa nas escolhas terapêuticas
para o controle do DM.
A primeira novidade é de definição: a doença arterial coronariana passa a ser classificada em dois grupos,
com alguns subtipos cada.
3. Angina instável:
2. ICFER etiologia isquêmica;
• Repouso;
3. SCA/ICP há <1 ano;
• Crescendo;
4. SCA/ICP há >1 ano;
A orientação da diretriz é que a avaliação dos pacientes com DCC (DAC crônica) siga um passo a passo,
como ilustrado abaixo.
DOENÇA CORONARIANA (esc 2019)
Avaliação: O aspecto mais importante é a história. Se a dor apresentar as três características, dizemos que
é tipicamente anginosa (dor tipo A). Quando apenas duas, é possivelmente anginosa (dor tipo B). Se uma ou
nenhuma, provavelmente não ou definitivamente não anginosa (dor tipo C e D). Nesse momento, é
importante juntar os dados dessa história, idade, sexo e comorbidades, para estimar a probabilidade
pré-teste de doença coronariana.
Quando a probabilidade de DAC é muito baixa (exemplo: jovem de 20 anos com dor tipo D e sem
comorbidades), nenhum teste está indicado. Se muito alta, como um idoso diabético e tabagista, com dor
tipo A, você deve começar o tratamento clínico e pode ir direto para coronariografia, já pensando em
intervir.
A grande dúvida são os pacientes intermediários. Aqui, duas decisões são importantes:
• Vale a pena já começar o tratamento clínico (AAS, estatina e betabloqueador) antes do resultado do
teste?
E é bom lembrar que, em muitos pacientes, nós vamos precisar das duas informações:
Esta informação funcional pode vir do ECG (parede com alteração ST/T), do teste funcional ou do próprio
teste anatômico, no caso o FFR. A diretriz diz que a única justificativa para abrir lesões com ICP sem teste
funcional são naquelas com alto grau de obstrução (> 90%).
DOENÇA CORONARIANA (esc 2019)
Outra novidade é que a diretriz deixa de
recomendar o teste ergométrico “puro”, só com ECG.
Ela recomenda o estresse com esforço, mas sempre
complementado com imagem, seja cintilo ou
ecocardiograma.
Hábitos:
Fármacos:
• Dieta do Mediterrâneo;
AAS;
• Parar de fumar;
Bloqueadores canais cálcio;
• Reduzir a poluição;
Nitrato;
• Vacina Influenza.
Intervenção:
DAPT: (1) no primeiro ano após SCA/ICP ou (2) crônico
• Cirurgia: trivascular ± FE < 35-40%;
no paciente de muito alto risco isquêmico e baixo risco
• CP: uni ou bi-vascular com FE normal.
de sangramento.
1. Primeiro passo: estratificação do paciente em estável versus instável, sendo Shock Index ≥ 1
instável (shock index = frequência cardíaca/pressão arterial sistólica).
2. Segundo passo: paciente instável encaminhar à angiotomografia; paciente estável avaliar escore
de Oakland: minor x major.
3. Terceiro passo: pacientes instáveis (angiotomografia negativa), fazer endoscopia digestiva alta (EDA).
Sobre a terapia cirúrgica, esta tem sido evitada até que todos os esforços tenham sido feitos para
cessar o sangramento e tratá-lo, por via endoscópica ou radiológica.
• Antiagregação plaquetária: aspirina para profilaxia primária deve ser suspensa indefinidamente.
Para profilaxia secundária, pode retornar quando houver estabilidade hemodinâmica. Quando o
doente faz dupla antiagregação plaquetária com aspirina e inibidores da P2Y12, há a recomendação
de manutenção da terapia com aspirina apenas, pelo alto risco de recorrência.
• Agentes antifibrinolíticos (ácido tranexâmico): pode melhorar mortalidade no cenário agudo dos
sangramentos. Porém, os estudos sobre seus efeitos colaterais, inclusive tromboembólicos, ainda
são pequenos no contexto desse tipo de patologia.
Enfim, os tempos contemporâneos trazem pacientes cada vez mais idosos e com polifarmácia. Às
vezes com anticoagulantes, antiplaquetários e outras medicações que interagem entre si e até
facilitam o risco de sangramento, porém necessárias para o tratamento de diversas doenças.
Resta-nos conhecer a fundo como manejar e tratar as condições clínicas relacionadas a esses
doentes, o risco benefício do manejo das drogas e primar por acessibilidade a métodos cada vez
menos invasivos para o diagnóstico e tratamento dos sangramentos gastrointestinais.
O câncer é um fator de risco importante para o desenvolvimento de tromboembolismo venoso (TEV), seja a
trombose venosa profunda ou o temido tromboembolismo pulmonar. Identificar os pacientes com maior
probabilidade de se beneficiar da profilaxia farmacológica e realizar tratamento eficaz são etapas
importantes para reduzir o risco de recorrência e mortalidade do TEV.
As orientações da diretriz mais atual publicada pela American Society of Clinical Oncology são:
1) Os pacientes hospitalizados com câncer devem receber anticoagulação para profilaxia para TEV?
Recomenda-se que pacientes hospitalizados com malignidade ativa e doença aguda ou mobilidade reduzida
devem receber tromboprofilaxia farmacológica na ausência de sangramento ou outras contraindicações. A
profilaxia também foi recomendada no guideline para os pacientes com malignidade ativa sem outros fatores
de risco.
Com base em consenso informal, a tromboprofilaxia farmacológica de rotina não é recomendada para
pacientes admitidos com objetivo de procedimentos menores ou infusão de quimioterapia, nem a pacientes
submetidos a transplante de células-tronco/medula óssea.
Caso estejamos diante deste cenário, devemos estar cientes da importância de discutir
com o paciente sobre os benefícios e danos relativos, custos e duração da profilaxia.
Sabemos que, no Brasil, nem sempre a realidade do paciente permite que ele suporte os
custos destes medicamentos, principalmente na realidade do SUS.
Todos os pacientes com doença maligna submetidos a cirurgia de grande porte devem receber
tromboprofilaxia farmacológica com heparina não fracionada (HNF) ou HBPM, a menos que contraindicado
por causa de sangramento ativo ou alto risco de sangramento ou outros fatores.
A diretriz orienta iniciar a profilaxia no pré-operatório. Os métodos mecânicos podem ser adicionados à
tromboprofilaxia farmacológica, mas não devem ser usados como monoterapia para a prevenção de TEV, a
não ser que os métodos farmacológicos sejam contraindicados devido a sangramento ativo ou alto risco de
sangramento. Combinar métodos farmacológicos e não farmacológicos parece uma boa estratégia,
principalmente nos pacientes de alto risco.
4) Qual é o melhor método para tratar pacientes com TEV de câncer para
prevenir a recorrência?
O tema ainda carece de pesquisas, porém com base na opinião de especialistas, benefícios a curto prazo
incertos e evidências crescentes de danos a longo prazo por filtros, a inserção de filtro de veia cava não está
indicada a pacientes com trombose estabelecida ou crônica (diagnóstico de TEV há mais de 4 semanas), nem
a pacientes com contraindicações temporárias à terapia anticoagulante (por exemplo, cirurgia).
Também não há indicação de inserção do filtro para prevenção primária ou profilaxia de embolia pulmonar
ou trombose venosa profunda devido às preocupações com danos a longo prazo.
Afinal, quando devemos colocar filtro então? A diretriz indica que o filtro pode ser oferecido a pacientes com
contraindicações absolutas à terapia anticoagulante no cenário de tratamento agudo (diagnóstico de TEV nas
últimas 4 semanas) se o trombo for considerado potencialmente fatal. Também citaram a recomendação
considerada fraca de colocar filtro de veia cava em pacientes com progressão da trombose a despeito da
anticoagulação.
Não recomendado!
Dislipidemia
A dislipidemia também é tema frequente do ambulatório de Clínica Médica. A diretriz mais recente é a do
último congresso da European Society of Cardiology (ESC 2019).
Estratificação do risco cardiovascular: A dislipidemia não pode ser vista como uma doença isolada, mas
sim no conjunto com os demais fatores de risco para aterosclerose, sua principal complicação. Por isso, na
consulta, é necessária além da história e do exame físico, informações sobre histórico familiar de
cardiopatia, pressão arterial, perfil lipídico, glicemia e hemoglobina glicada, função renal, tabagismo e
hábitos de vida.
Agora, você deve separar condições de alto e muito alto risco que já são evidentes nessa etapa: renais
crônicos avançados, diabetes melito de longa data e doença cardiovascular estabelecida (neste último caso,
a profilaxia é secundária e sempre devemos usar estatina), entre outras (veja tabela abaixo). Caso o seu
paciente não se enquadre nessas situações, siga para a próxima etapa.
A partir destes dados, é necessária uma calculadora e estimar o risco cardiovascular (RCV) (indicada para
pacientes >40 anos). Os europeus recomendam o SCORE, mas ele é validado apenas por lá. Aqui no Brasil, a
SBC utiliza o escore de risco global, baseado na equação de Framingham, e a American Heart calibrou o seu
ASCVD risk. Não há consenso de qual delas é mais precisa. Então, escolha um e use.
Dislipidemia
Ao final, o paciente deverá ser classificado em uma das categorias de risco.
• DM: com lesão de órgão-alvo e/ou ≥ 3 fatores de risco e/ou DM1 duração > 20 anos;
• SCORE ≥ 10%;
Alto risco:
• Fator de risco isolado muito alterado, como PA ≥ 180/110 mmHg ou LDL ≥ 190 mg/dL;
• SCORE 5-10%.
Dislipidemia
Risco intermediário:
• DM < 10 anos de duração + idade jovem (tipo 1 < 35 anos ou tipo 2 < 50 anos);
• SCORE 1-5%.
Baixo risco:
Nos pacientes de perfil intermediário, há dúvida sobre o real benefício das estatinas. Por isso, pode ser
necessário complementar as informações, em busca da presença ou não de aterosclerose subclínica. As
opções disponíveis são:
• Albuminúria;
• Proteína C reativa;
• Lipoproteína(a) e ApoB;
• Escore de cálcio.
Destas, o escore de cálcio é o mais validado e ganha a preferência como recomendação número 1. Mas a
diretriz europeia traz vários elogios à dosagem de Lipoproteína(a) e ApoB-100.
Dislipidemia
Como tratar: Aqui, a diretriz é clara: trace uma meta e use a estatina necessária para alcançá-la. Qualquer
outro tratamento só entra depois da estatina estar no máximo! Neste caso, a primeira opção adjuvante é o
Dislipidemia
2. Como regra geral, a meta nos pacientes de risco alto ou muito alto
200 mg/dL.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• 2019 Guidelines on Chronic Coronary Syndromes. ESC Clinical Practice Guidelines. Disponível em
<https://www.escardio.org/Guidelines/Clinical-Practice-Guidelines/Chronic-Coronary-Syndromes>
• Mach F, etal. 2019 ESC/EAS Guidelines for the management of dyslipidaemias: lipid modification to
reduce cardiovascular risk: The Task Force for the management of dyslipidaemias of the European
Society of Cardiology (ESC) and European Atherosclerosis Society (EAS). European Heart Journal,
ehz455, https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehz455
• Nigel SK, et al. Venous Thromboembolism Prophylaxis and Treatment in Patients With Cancer: ASCO
Clinical Practice Guideline Update. Journal of Clinical Oncology. Published online August 05, 2019. DOI:
10.1200/JCO.19.01461
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• LeRoith D, Biessels GJ, Braithwaite SS, et al. Treatment of diabetes in older adults: an Endocrine
Society clinical practice guideline. J Clin Endocrinol Metab. 2019;104(5):1-55.
• EASTELL, Richard et al. The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, Volume 104, Issue 5, May
2019, Pages 1595–1622, https://doi.org/10.1210/jc.2019-00221