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Tratamento:
O esquema terapêutico deve ser individualizado.
A resposta clínica e laboratorial, que é variável, deve servir como critério para realização
de mudanças no protocolo conforme a necessidade.
Objetivos da terapia:
Tratar a desidratação
Reverter a cetose e corrigir a acidose
Restauração da glicemia para próximo da normal
Monitorização das complicações da CAD e do seu tratamento
Identificar e tratar qualquer evento precipitante
Monitorização rigorosa:
Anotar em folha de evolução do tratamento de CAD
Sinais vitais (FC, FR, PA) de 1/1h ou mais frequente, se necessário.
Escala de coma de Glasgow de 1/1h.
Insulina administrada
Exames laboratoriais: Glicemia, potássio, sódio, cloro, ureia, cálcio, magnésio, fósforo,
gasometria venosa a cada 2 a 4 horas ou mais frequente se necessário.
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Reposição de líquidos (PROTOCOLO 2018 – NÃO MOSTROU DIFERENÇA ENTRE O USO DE NACL 0,45 A
0,9% - deverá ocorrer em 24 a 48 horas). PECARN FLUID Study 1389 episódios de CAD em crianças
Volume da fase 2 =
(Volume do défict de líquido calculado à admissão – Volume utilizado na ressucitação
fluídica, fase1) + (volume do soro de manutenção X 2) para 48 horas
Obs: Em pacientes obesos para evitar a excessiva administração de líquidos, utilizar o peso
ideal.
Tipo de líquido:
Bolsa 1:
NaCL 0,9% + K em concentração conforme o nível de K sérico
Bolsa 2:
NaCL 0,9% + K em concentração conforme o nível de K sérico + Glicose 10%
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Ajustar a concentração de glicose conforme a glicemia e velocidade de queda da
glicemia (evitar queda da glicemia acima de 90 mg/dL/h) da seguinte forma:
Para infusão de 2,5% de glicose infundir bolsa 1 em 75% do gotejamento total e bolsa 2 em
25% do gotejamento total (simultaneamente).
Para infusão de 5% de glicose infundir bolsa 1 em 50% do gotejamento total e bolsa 2 em 50%
do gotejamento total (simultaneamente). E assim sucessivamente.
Ou utilizar o protocolo proposto por Collett-Solberg, a seguir:
Glicemia inicial (mg%) % da velocidade de infusão calculada
<800 Solução sem glicose Solução com glicose 10%
Glicemia no momento (mg%) Bolsa 1 Bolsa 2
>350 100 zero
301 - 350 75 25
251 - 300 50 50
201 - 250 25 75
<200 zero 100
Se glicemia inicial maior que 800 mg% considerar tratamento de coma hiperosmolar.
Liberar ingestão de líquidos VO assim que o paciente apresentar melhora clínica, não
apresentar vómitos ou alteração do nível de consciência. E diminuir proporcionalmente a oferta
EV.
Não ofertar em 24h, volume maior que 2x o volume de manutenção diária por
aumentar o risco de edema cerebral.
Reposição de potássio:
Apesar do K sérico à admissão, geralmente, estar normal ou mesmo elevado existe uma
diminuição do K corporal total e os níveis de K tendem a diminuir rapidamente com a
administração de insulina.
Se na avaliação inicial:
K< 3,5 - Iniciar já na expansão inicial e antes da insulina, com cautela, e monitorização do
ritmo cardíaco por eletrocardiograma.
3,5 < K <5,5: iniciar após ressuscitação fluídica na fase 2 e concomitante ao início da
insulina
K>5,5: postergar a infusão de K até assegurar a presença de bom débito urinário.
Se dosagem de K imediata, não for possível, deverá ser realizada a monitorização do ECG
e considerar:
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Hipocalemia se prolongamento do intervalo PR, achatamento e inversão da onda T,
depressão ST, ondas U proeminentes, intervalo QT aparentemente longo
Hipercalemia se onda T alta, em pico e simétrica e encurtamento QT.
Correção da acidose:
A acidose mesmo grave é reversível pelos fluidos e insulina, sendo raramente necessária
a sua reposição. A insulina interrompe a produção de cetoácidos e permite que os cetoácidos
sejam metabolizados gerando bicarbonato. A reposição de bicarbonato pode levar a acidose
paradoxal do SNC e hipocalemia.
Se a infusão de bicarbonato for considerada necessária, infundir com cautela 1-2 mEq /
Kg em tempo igual ou maior que 60 minutos. Se hipercalemia severa ou pH<6,9 com
evidência de comprometimento da contractilidade cardiovascular.
Reposição de fósforo:
Na presença de hipofosfatemia grave (P <1mg/dL) associada aos sintomas de depleção de
P (irritabilidade, parestesias, confusão, convulsão, coma, diminuição da contratilidade
miocárdica, fraqueza do diafragma levando a falência respiratória, miopatia proximal, disfagia,
ileo, eventos hemorrágicos ou rabdomiólise), o P deve ser reposto na forma de fosfato de
potássio com monitorização do cálcio sérico e com o abatimento do K oferecido nas soluções
de KCl.
Insulina
Início: 1-2 horas após o início da administração de líquidos. Ou seja, após a fase1.
Infusão EV contínua (bomba de infusão; acesso venoso exclusivo)
Dose: 0,05 Ui/Kg/hora (0,05 a 0,1).
Não necessita de bolus inicial.
Diluição: 50Ui de insulina regular em 50 mL de NaCl0,9% (1Ui/1mL). Lavar o equipo
com solução antes de iniciar a infusão.
Esta infusão deve ser mantida até resolução da CAD (pH >7,3; Bic > 15).
Lembrar que a cetonúria poderá persistir por período mais prolongado e não serve como
marcador da correção da acidose.
Se ocorrer queda da glicemia (glicemia < 250 – 300 mg% ou apresentar rápido ritmo de
queda da glicemia >90 mg/dL/h) acrescentar glicose à expansão, conforme descrito acima. Se
o paciente apresentar grande sensibilidade à insulina, considerar a necessidade de diminuir
gradualmente a velocidade de infusão da insulina 0,1 – 0,05 – 0,03 ui/Kg/h para prevenir a
hipoglicemia.
Caso a administração EV não seja possível, o esquema intermitente poderá ser utilizado:
Insulina regular 2/2h SC ou IM
Dose inicial: 0,2 Ui/kg
Seguido por 0,1 – 0,15 Ui/Kg 4/4h.
Se glicemia < 250-300mg% antes da correção da acidose, diminuir a dose para 0,05Ui/Kg/
dose até resolução da CAD e acrescentar solução com glicose.
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Após resolução da CAD, nos pacientes recém diagnosticados:
Iniciar com insulina NPH 0,5Ui/Kg/dia sendo 2/3 pela manhã e 1/3 às 22:00. Nas
crianças pequenas considerar a utilização de dose inicial menor (0,3 Ui/Kg).
Persistir monitorizando a glicemia capilar antes do café, antes do almoço, antes do
jantar, antes da ceia, 3:00 e na presença de sintomas de hipoglicemia ou hiperglicemia. Caso o
paciente apresente hiperglicemia >200 mg% administrar dose de correção com insulina regular
SC 0,1 a 0,2 ui/Kg.
Nos pacientes em tratamento, manter a dose habitual de insulina ou aumentar a dose em
20% se existir associação de processo infeccioso.
Referências:
Wolfsdorf JI. The International Society of Pediatric and Adolescent Diabetes guidelines
for management of diabetic ketoacidosis: Do the guidelines need to be modified? Pediatr
Diabetes. 2014 Jun;15(4):277-86.
Wolfsdorf JI, Allgrove J, Craig ME, Edge J, Glaser N, Jain V, Lee WW, Mungai LN,
Rosenbloom AL, Sperling MA, Hanas R. Diabetic ketoacidosis and hyperglycemic
hyperosmolar state. Pediatr Diabetes. 2014 Sep;15 Suppl 20:154-79.