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Graduação em História

História da Idade Média

Professor: Paulo Pachá – ppacha@id.uff.br


Semestre: 2019-1

Trabalho Final
Bibliografia Comentada

Estudantes: Jenifher Alves

Bibliografia comentada:
A tese de Ana Carolina Lima Almeida se baseia em mostrar como Bocaccio utilizou da
mulher e seu gênero quando espelhou as virtudes que julgava necessárias em sua cidade em
seus personagens femininos, que são maioria em Decameron. Através dos membros da
brigata, Bocaccio criou narrativas singulares e ricas (ou não) que interagiam com o leitor com
o objetivo de ensiná-lo tais virtudes. A tese é bem estruturada e coesa mas se torna confusa
em torno da elucidação de Florença em contexto histórico mas não o torna menos rico em
análise e informação. A tese de Ana Carolina ressalta a função da mulher na Idade Média,
que ainda que ilustrativa, era em posição pedagógica: ensinar e perpetuar tais virtudes. Já o
trabalho de Joan Scott critica diretamente a categorização de gênero desde o uso gramatical
da palavra até a categorização como tema de domínio na pesquisa, destacando a necessidade
de não procurar uma origem singular mas ir além e buscar métodos de análise abrangentes
que não reduzam a pauta e as “definições” em si. O texto é estruturado em conceito,
contextualização histórica e argumentação. Se torna confuso em volta da explicação
gramatical mas que se mostra útil na argumentação de Scott que dentro do contexto do
trabalho, mostra a importância da crítica e análise até mesmo no meio acadêmico quando se
fala de gênero. E por último, a obra de Jacques Le Goff traz uma reflexão quanto ao papel -
ou a ausência dele - da mulher, em boa parte no XIII. O homem medieval era o homem de
Deus e esse perfil estava de acordo com o que a bíblia, o livro de Deus, pedia que o homem
fosse. Como agir, como se comportar, como ver o mundo e a sociedade nele, tudo era ditado
por Deus e enquanto o papel do homem era rico em origem, destino, presente e futuro, o da
mulher era retratado como submisso, inerte e não importante, tendo o seu destino quando
mencionado ligado ao destino de um homem ou como auxílio no caminho do mesmo. Le
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Goff, desta forma, elucida a ausência da mulher e o seu papel historicamente, mais uma vez
comprovando a importância do estudo de gênero centralizado na Idade Média, onde foi de
certa forma o período que enraizou o poder do homem em oposição à mulher.

Referências:
ALMEIDA, Ana Carolina Lima. A recriação de Florença por Giovanni Boccaccio através do
Decameron (1349-1351). Revista Diálogos Mediterrânicos, n. 5, 2013, pp. 118–131.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, v. 20,
n. 2, 2017, pp. 71-99.
LE GOFF, Jacques (Org.). O homem medieval. Lisboa: Presença, 1990, pp. 193-208.
6 BRANCA, Vittore. Coerenza dell’introduzione al Decameron: rispondenze strutturali e
stilistiche. Romance Philology, Berkely: University of California Press; Los Angeles:
University of California Press; New York: AMS Reprint Company, v. XIII. n. 4, p. 351-360,
may, 1960. p. 356. “[...] porque aqueles vínculos humanos, primeiros e primordiais sinais da
vivê
Cf. ZUMTHOR, Paul. A letra e a voz: a “literatura” medieval. São Paulo, Companhia das
Letras, 2001.
FACINA, Adriana. Literatura & sociedade. Rio de Janeiro, Zahar Editor, Coleção
Passo-a-Passo, nº 48, 2004, p. 24. 3
RÉGNIER-BOHLER, Danielle. Ficções. In: DUBY, Georges (org). História da vida privada:
da Europa feudal à Renascença. São Paulo, Companhia das Letras, 1990, pp. 314-315.

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