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A Gestao Da Educação Basica
A Gestao Da Educação Basica
AUTORIA:
Várias marcas registradas são citadas no conteúdo deste Módulo. Mais do que simplesmente
listar esses nomes e informar quem possui seus direitos de exploração ou ainda imprimir
logotipos, o Autor declara estar utilizando tais nomes apenas para fins editoriais Acadêmicos.
Declara ainda, que sua utilização tem como objetivo, exclusivamente na aplicação didática,
beneficiando e divulgando a marca do detentor, sem a intenção de infringir as regras básicas
de autenticidade de sua utilização e direitos autorais.
E, por fim, declara estar utilizando parte de alguns circuitos eletrônicos, os quais foram
analisados em pesquisas de Laboratório e de literaturas já editadas, que se encontram
expostas ao comércio livre editorial.
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A presentação
No mundo contemporâneo, cada vez mais é exigido dos gestores qualificação. A atitude, a
habilidade e a competência são requisitos básicos esperados dos profissionais modernos.
Este Módulo tratará, de forma bem abrangente, a Educação Nacional e suas evoluções ao
longo dos anos, mostrando a especificidade da organização educacional, tanto na parte mais
burocrática, como em ações práticas do cotidiano escolar, buscando proporcionar subsídios
importantes aos novos gestores que estaremos formando.
A Equipe sempre está à disposição, por esta razão, em caso de dúvidas faça uso do espaço
“dúvidas ao Tutor”, onde terão esclarecidas possíveis incertezas sobre o conteúdo.
Participe, também, do “Fórum”, que é um espaço de troca de experiências e reflexões sobre
os temas abordados.
Bons estudos!
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O bjetivo
Fornecer embasamento aos alunos a fim de que estes possam conhecer a História da
Gestão da Educação no país, avaliar as mudanças sofridas e que continuam acontecendo,
compreender as funções sociais e políticas do gestor escolar, e sua importância e relevância.
Além de promover a reflexão sobre as possibilidades laborais neste campo de atuação.
E menta
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S obre o Autor
Cassiano Noimann Leal é licenciado em Educação Física pelo Instituto Porto Alegre – IPA,
pós-graduado em Psicopedagogia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e
possui MBA profissional em Gestão Administrativa e Marketing pela Escola Superior Aberta
do Brasil – ESAB. Em fevereiro de 2010, recebeu o título “Master of Education h.c.” (Mestre
em Educação), pela Calamus International University (Universidade Internacional Calamus),
com sedes em Londres (Reino Unido) e em Port Vila (Vanuatu).
É professor das redes públicas de ensino do município de Porto Alegre e do Estado do Rio
Grande do Sul, além de ser Tutor Acadêmico da Escola Superior Aberta do Brasil – ESAB,
desde 2002.
Possui diversos trabalhos e artigos publicados em nível nacional e internacional.
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S UMÁRIO
UNIDADE 1 ........................................................................................................... 9
Gestão da Educação .......................................................................................... 9
UNIDADE 2 ......................................................................................................... 13
O Processo de Desenvolvimento Educacional ................................................ 13
UNIDADE 3 ......................................................................................................... 15
O Processo Educacional da Modernização Brasileira ..................................... 15
UNIDADE 4 ......................................................................................................... 18
A Gestão dos Sistemas e os Conselhos de Educação ................................... 18
UNIDADE 5 ......................................................................................................... 23
A Gestão Democrática da Educação ............................................................... 23
UNIDADE 6 ......................................................................................................... 24
A Democratização da Educação ...................................................................... 24
UNIDADE 7 ......................................................................................................... 30
Gestão da Avaliação ........................................................................................ 30
UNIDADE 8 ......................................................................................................... 33
Gestão da Educação e seus Dilemas .............................................................. 33
UNIDADE 9 ......................................................................................................... 38
Perspectivas da Gestão Educacional .............................................................. 38
UNIDADE 10 ....................................................................................................... 40
Gestão da educação: O município e estado.................................................... 40
UNIDADE 11 ....................................................................................................... 42
Pressupostos da Gestão da Educação ........................................................... 42
UNIDADE 12 ....................................................................................................... 44
A Especificidade da Organização Educacional ............................................... 44
UNIDADE 13 ....................................................................................................... 46
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Gestão da Educação e a Proposta Educacional ............................................. 46
UNIDADE 14 ....................................................................................................... 47
Gestão da Educação e a Formação do Profissional de Pedagogia ................ 47
UNIDADE 15 ....................................................................................................... 50
Gestão da Educação Escolar. ......................................................................... 50
UNIDADE 16 ....................................................................................................... 56
A Gestão Escolar e a Política Educacional ..................................................... 56
UNIDADE 17 ....................................................................................................... 61
Os Paradigmas e a “Nova” Escola................................................................... 61
UNIDADE 18 ....................................................................................................... 64
O Papel da Gestão na Escola .......................................................................... 64
UNIDADE 19 ....................................................................................................... 67
Gestão Educacional e os Desafios do dia a dia .............................................. 67
UNIDADE 20 ....................................................................................................... 70
Democratização ou Compartilhamento da Gestão .......................................... 70
UNIDADE 21 ....................................................................................................... 74
Gestão da Escola e as Interfaces .................................................................... 74
UNIDADE 22 ....................................................................................................... 77
Os Indicadores de Gestão Escolar .................................................................. 77
UNIDADE 23 ....................................................................................................... 79
Gestão da Escola Fundamental. ...................................................................... 79
UNIDADE 24 ....................................................................................................... 81
Atribuições do Diretor e Seu Papel como Administrador de uma Comunidade
Educativa .......................................................................................................... 81
UNIDADE 25 ....................................................................................................... 83
O DIRETOR-GESTOR ..................................................................................... 83
UNIDADE 26 ....................................................................................................... 86
As Funções do Diretor Gestor ......................................................................... 86
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UNIDADE 27 ....................................................................................................... 89
O Diretor, Controlador e Avaliador da Gestão Escolar.................................... 89
UNIDADE 28 ....................................................................................................... 98
O Diretor- Agente da Ligação Escola-Comunidade. ....................................... 98
UNIDADE 29 ..................................................................................................... 102
Projeto Global da Escola................................................................................ 102
Alguns exemplos ................................................................................................................................ 107
UNIDADE 30 ..................................................................................................... 109
Teste Reflexivo sobre Administração Escolar – comportamento e estilo de
administração. ................................................................................................ 109
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 113
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U NIDADE 1
Gestão da Educação
O conservadorismo foi o ideário liberal como substrato doutrinário do novo momento. Suas
formulações, filtradas e adaptadas pelos interesses prevalecentes, forneceram a justificação
para o projeto de uma sociedade livre.
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O Liberalismo constitui-se na base doutrinária para a promulgação dos direitos civis,
contribuindo para viabilizar o predomínio das relações de assalariamento, fundamentais para
a afirmação da ordem burguesa.
A Constituição Imperial de 1824, em seu artigo 179 garantia a todos os cidadãos a instrução
primária e gratuita, os colégios e universidades. Nas condições históricas em que se forjou o
reconhecimento legal desse direito, o que estava em discussão não era a escolaridade das
massas. A reprodução da força de trabalho prescindia desse tipo de qualificação, bem como
da atuação da escola como veículo ideológico para um determinado padrão de sociabilidade.
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Rede de Ensino público e gratuito, compreendia, o que se concebia na época, como Ensino
Primário e o Ensino Secundário eminentemente vocacional.
Produziu-se, assim, como reflexo da rígida estratificação da sociedade brasileira, uma dicotomização
da escola. O sistema de ensino que se pretendeu reservar aos pobres, fechado e impermeável, não
encontrava correspondência nem equiparação como o outro sistema, próprio das elites. Seus
usuários teriam aí suas únicas possibilidades de instrução. Uma vez que seu objetivo era preparar
para o trabalho, o acesso a ele significava, de certa forma, um fator de desqualificação social.
Socialmente reconhecida era a educação ornamental, ou seja, a educação “bacharelesca e livresca”,
já que a vocacional se identificava com o mundo da escravidão (Azevedo, 1944).
Quem o frequentou, entretanto, não foram os pobres. As poucas vagas ofertadas serviram a
outra clientela: as camadas médias emergentes. As escolas primárias públicas acabaram por
atender à demanda por educação dessas camadas. O mesmo ocorreu com o ensino
vocacional feminino, o qual adquiriu certo prestígio social por atribuição da sua clientela. Isto
é verdadeiro, sobretudo, para os cursos normais. Nesse contexto, sobre as escolas que
ensinam os ofícios masculinos que indicaria o estigma da educação dos pobres. São estas,
pois, que realmente desenvolveram algum tipo de educação popular.
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Mesmo não sendo uma necessidade premente, a problematização da educação dos
subalternos não saiu de cena em nenhum instante ao longo desse período, ainda que não se
tenham efetivado ações substantivas do Estado nessa direção.
Na segunda metade do século XIX, a questão educacional, tal como foi formulada pelos
segmentos da elite adeptos da doutrina liberal, voltaria à pauta do dia, impulsionada pelo
revigoramento do ideário republicano que se encarregou de realimentar o debate.
Nesse período não se pode falar ainda da educação como uma questão nacional. Com essa
característica ela só se configurará nas décadas iniciais do século passado, no bojo do
movimento que vai consolidar a afirmação da ordem capitalista no país, quando o campo
educacional é estruturado como um setor e têm início as ações sistematizadas do Estado
visando à sua regulação.
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U NIDADE 2
O Processo de Desenvolvimento Educacional
A problemática educacional emerge com vigor em meio à efervescência que tomava conta
do país a partir da Primeira Guerra Mundial, entremeada com o movimento nacionalista e as
transformações que, paulatinamente, vão se operando na sociedade.
No campo educacional, essas forças vão pugnar pela escolarização das massas, mediante
campanhas de alfabetização, e pela universalização do ensino primário.
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entidade nacional a congregar profissionais da área e diletantes da educação. A partir dela é
que os profissionais da educação passam a ser reconhecidos socialmente como tal.
Mesclava-se nos quadros da ABE as mais distintas correntes ideológicas, o que explica a
presença de múltiplos projetos educativos. Em termos educacionais, predominaram as
propostas de universalização do ensino primário leigo, obrigatório e gratuito, sob a
responsabilidade do Estado.
No campo pedagógico, a ABE teve entre seus interlocutores um ator especial: a Igreja
Católica, instituição que vinha sendo responsável por fatia significativa da educação
brasileira desde os tempos coloniais. A separação entre a Igreja e o Estado com a República
não alterara essa posição. A rede privada de ensino era praticamente de sua
responsabilidade.
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U NIDADE 3
O Processo Educacional da Modernização Brasileira
No Brasil, embora se empunhasse a bandeira da escola básica como bem público, o impulso
para a universalização da cobertura escolar deu-se apenas de forma pontual, ou mediante
arranjos que desqualificariam a oferta desses serviços, comprometendo a escolaridade da
maior parte da população e, por conseguinte, o seu acesso ao pleno exercício desse direito
de cidadania. O modo como evoluiu o Sistema Educacional articulou-se ao modelo imprimido
à modernização capitalista e ao processo pelo qual se estabeleceu um tipo peculiar de
cidadania.
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No modelo de modernização adotado, um projeto educacional que envolvesse a escola para
as massas não foi prioritário.
No início dos anos 60, a questão educacional ganhou maior destaque na sociedade, quando
a crise do sistema de ensino foi amplamente debatida e problematizada.
Nesse contexto, a resolução da questão educacional passou a ser incluída entre as reformas
de base reivindicadas nas amplas mobilizações que tomaram conta do país no início dos
anos 60, e que conduziram à quebra do pacto populista. Ao mesmo tempo, intensificou-se a
difusão do papel da educação como instrumento de mobilização política e de
“conscientização”, dando origem aos movimentos de alfabetização de massa, como
Movimento de Educação de Base (MEB), uma iniciativa de grupos da esquerda católica, as
campanhas dos Centros Populares de Cultura (CPCs), organizados pela União Nacional dos
Estudantes (UNE), e as ações mais localizadas, tal como o Movimento de Cultura Popular
em Pernambuco e a campanha “De Pé no Chão Também se Aprende a Ler”, no Rio Grande
do Norte.
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de regulação calcado nos valores e práticas explicitamente autoritárias, graças às
características do próprio regime de exceção.
Essas mesmas marcas, apesar de amenizadas pelos processos políticos mais recentes que
permitiram a reinstalação da democracia política no país em meados dos anos 80, ainda são
passíveis de ser encontradas como obstáculos que impedem a construção de uma
democracia social, em que o gozo do direito à escolarização é um dos pressupostos.
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U NIDADE 4
A Gestão dos Sistemas e os Conselhos de Educação
Segundo Carlos Roberto Jamil Cury, inúmeros fenômenos sociais novos passam a disputar a
cena, tais como o surgimento de novos postos de trabalho, perda de outros, novos grupos
organizados e arrefecimento de outros, novas tendências políticas e grande diversificação
institucional. Tais fatos passam a influenciar as instituições escolares até porque as
exigências do mundo do trabalho, da vida sociopolítica e cultural se tornam mais e mais
articuladas com os conhecimentos e as capacidades aprendidos nas escolas.
Nesse circuito normativo a figura de Conselhos aparece sob várias formas e sob várias
denominações. Normalmente são órgãos colegiados com atribuições variadas em aspectos
normativos, consultivos e deliberativos. Tais aspectos podem ser separados ou coexistentes
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e sua explicitação depende do ato legal de criação dos Conselhos. Assim, os Conselhos de
Classe visam acompanhar o rendimento escolar dos estudantes; Os Conselhos Escolares
pretendem discutir e avaliar a evolução de um estabelecimento como um todo e expressar a
participação da comunidade; Os Conselhos de Controle Fiscal e Social devem controlar o
dinheiro público investido na manutenção e desenvolvimento da educação; Os Conselhos
Municipais e Estaduais e o Conselho Nacional de Educação são órgãos colegiados, de
caráter normativo, deliberativo e consultivo que interpretam e resolvem, segundo suas
competências e atribuições, a aplicação da Legislação Educacional.
A rigor, todos esses Conselhos têm uma convergência final: garantir o acesso e a
permanência de todas as crianças, de todos os adolescentes, jovens e adultos em escolas
de qualidade. E, sendo a Educação Escolar um serviço público e de finalidade universal, é no
Ensino Público que a oferta de ensino deve ser cuidadosamente gerida a fim de que a
igualdade perante a lei, a igualdade de condições e de oportunidades tenham vigência para
todos, sem distinções.
Essa gestão cruza, no interior das competências normativas desses órgãos, mecanismos
jurídicos de proteção do direito à Educação com mecanismos financeiros de garantia material
do mesmo.
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A existência desses Conselhos, de acordo com o espírito das leis existentes, não é o de
serem órgãos burocráticos, cartoriais e engessadores da dinamicidade dos profissionais e
administradores da educação ou da autonomia dos sistemas. Sua linha de frente é dentro da
relação: Estado e Sociedade, estar a serviço das finalidades maiores da Educação e
cooperar com o zelo pela aprendizagem nas escolas brasileiras.
A gestão da Educação Escolar no Brasil, de longa data, tem como um dos seus
componentes os Conselhos de Educação, ao lado de ministros, secretários, diretores-gerais
e outros nomes dados a ocupantes de cargos executivos. Tais Conselhos existem no Brasil
desde o Império e adquiriram um grau variável de complexidade ao longo de muitos anos. No
império, pode-se logo apontar a estruturação e a importância dos mesmos quando
vinculados ao Colégio Pedro II e a normatização do Ensino Superior então existente na
capital e em algumas províncias.
O atual Conselho Nacional de Educação, criado pela Lei nº 9.131/95, teve sua confirmação
na Lei 9.394/96 (art. 9º, § 1º). Essa nova LDB, sem referir-se à denominação “Conselho de
Educação”, admite a existência de “órgãos normativos dos sistemas”. É preciso dizer que a
Constituição Federal de 1988 reconhece os municípios como entes federativos e, pelo artigo
211, reconhece a existência de sistemas municipais de educação. Portanto, fica sob sua
autonomia a denominação do seu órgão normativo como Conselho Municipal de Educação.
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De um ponto de vista realista, pode-se dizer que os Conselhos de Educação recobrem todos
os estados e o Distrito Federal e sua criação, entre os mais de 5500 municípios do país, está
se dando progressivamente.
Por mais que uma cultura de Conselhos de Educação ainda impregne seus altos, a
expectativa hoje é de que eles devem conter, em alto grau, a dinâmica da participação, da
abertura e do diálogo.
A Ditadura não só propiciou a presença maior do setor privado nos Conselhos de Educação
como tolheu a criatividade e a crítica. Desse modo, boa parte da atuação desses órgãos
ficou comprometida pela burocratização e pelo excesso de regulamentação.
Um ponto a ser exigido dos Conselhos de Educação e dos conselheiros é a presença ética
do domínio da educação como serviço público. A eles se aplicam os princípios postos no
artigo 37 da Constituição Federal: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência... Responsáveis por autorizações, reconhecimentos e credenciamentos tornam-se
corresponsáveis na medida do rigor e do zelo com que se submetem a esses princípios e os
aplicam em seus atos.
Entre outros pontos temos a flexibilidade posta na LDB. De um lado, ela possibilita tanto a
desconstrução de entraves burocráticos e cartoriais engessadores da administração dos
sistemas e dos estabelecimentos escolares quanto à montagem de uma cultura mais
autônoma na elaboração dos projetos pedagógicos – marca distintiva da autonomia dos
estabelecimentos escolares e de seus respectivos conselhos escolares.
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É na relação com os estabelecimentos de ensino que verá o grau de diálogo com que os
administradores dos sistemas e seus respectivos órgãos normativos poderão traduzir a
gestão democrática como forma de participação. A discussão de diretrizes gerais para o
ensino, as formas de valorização do magistério e tantos outros pareceres normativos só são
coerentes com a autonomia dos estabelecimentos e com o princípio da Gestão Democrática
se forem conduzidos por formas tradicionais e contemporâneas de diálogo.
Aos Conselhos de Educação e aos Conselhos de Controle Social cabe, dentro de suas
atribuições, a busca incessante do diálogo entre Estado e todos os setores implicados,
interessados e compromissados com a qualidade da educação escolar em nosso país. A
eles incumbe trilhar a via de mão dupla que vai do Estado à Sociedade e desta para aquele.
Aos Conselhos Escolares cabe aprofundar a busca da qualidade dos estabelecimentos e
palmear o caminho que vai da comunidade à escola e vice-versa.
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U NIDADE 5
A Gestão Democrática da Educação
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U NIDADE 6
A Democratização da Educação
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O raciocínio eficientista incorporado às reformas educacionais dos anos 90, no que se refere
à Educação Básica, tem suas origens na crise de legitimidade que o Estado e,
consequentemente, o setor educacional enfrenta, a partir de meados da década de 80
quando não conseguem responder nem quantitativa nem qualitativamente as pressões
sociais em torno da educação pública. A crise é detectada inicialmente por um descompasso
existente entre o número de vagas nos estabelecimentos públicos de ensino e a população
que demandava escola.
A questão de abertura de novas vagas não era mais solução para o problema da
universalização da educação básica. O problema localizava-se na alocação das vagas, ou
seja, na distribuição espacial e temporal das mesmas. A distribuição espacial refere-se à má
alocação geográfica das vagas. A construção concentrada de escolas em certas regiões
onde o clientelismo político favoreceu tal iniciativa, ou mesmo nos grandes centros urbanos,
fez com que 75% da ausência de vagas se concentrassem numa mesma região, no caso o
Nordeste rural (Cf. Ribeiro, 1999).
O que pode ser caracterizado como distribuição temporal refere-se ao fenômeno que ficou
conhecido como “fracasso escolar”: a persistência de altas taxas de evasão e repetência. As
vagas praticamente correspondiam à demanda da população em idade regular, porém as
altas taxas de repetência e evasão nas séries iniciais não permitiam o ingresso de novos
alunos.
Por tais razões, a absorção da maior contingente pela Escola Pública passa a ser um
problema de ordem temporal, ou seja, por uma questão de tempo alguns alunos que não
conseguem provar seu rendimento dentro dos critérios estabelecidos pelos sistemas de
avaliação impedem que novatos se insiram na escola, Isto porque, na organização escolar,
fundada no modelo seriado, a avaliação de rendimento se dá a partir da conjugação de
domínios de conteúdos em intervalos de tempo, ambos, em geral, predeterminados pelos
avaliadores.
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A partir de estudos como o de Ribeiro (1991), que demonstravam ser o problema do fracasso
escolar muito mais de repetência que evasão, as tradicionais formas de avaliação começam
a ser apontadas como responsáveis pela crise educacional. A evasão passa a ser
compreendida como resultado de sucessivas repetências que acabavam por desestimular os
alunos a prosseguirem na sua trajetória escolar.
Mas até que a repetência leve os alunos a evadirem, eles continuam a ocupar as séries
iniciais do Ensino Fundamental na Escola Regular, fazendo com que haja um desequilíbrio
no fluxo escolar, elevando os níveis de defasagem idades/série. A defasagem idade/série
passou a ser estabelecida como importante critério de mensuração de desempenho escolar,
constituindo-se em medida estatística largamente utilizada pelo Estado como indicador na
avaliação das políticas públicas para a Educação Básica.
É importante não esquecer que tal argumento ganha maior consistência se pensando à luz
da legislação vigente, até final da década de 80, onde o direito à educação pública e gratuita
estava condicionado à idade. O direito à educação pública e gratuita foi paulatinamente
ampliado entre anos 70 e 80. Até a Lei nº 5692/71 o direito à educação pública e gratuita, e
consequentemente a obrigação do Estado em ofertá-la, restringia-se a quatro anos de
escolaridade.
É a partir da década de 70 que o direito à Educação será ampliado para oito anos de
escolaridade, entretanto, com o limite de idade, cuja obrigação do Estado era com os
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indivíduos entre 7 e 14 anos. O que passou a ocorrer com a Educação Pública no Brasil foi
que os indivíduos que conseguiam ter acesso a ela, na sua a grande maioria, não obtinham o
certificado de conclusão do Ensino Primário na idade prevista.
A questão começa a aparecer para tais gestores, como um problema de ineficiência das
redes públicas, que não conseguem cumprir seus objetivos com os recursos de que
dispõem. A situação será assim percebida como um problema administrativo ou mesmo de
ordem econômica, devendo o Estado, para tanto, investir na racionalização administrativa do
setor educacional para solucioná-lo.
A descentralização como orientação para o planejamento, não seja uma novidade dos anos
90, pois já estava prevista na reforma do Estado da década de 60, no Decreto nº 200 de
1967, ganhará um novo vigor nas reformas atuais.
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Para o mesmo autor, a Constituição Federal de 1988 representa um retrocesso burocrático, o
que resultou em uma administração pública altamente centralizada, hierárquica e rígida. O
ex-ministro considera que os constituintes não conseguiram perceber que era preciso dotar o
Estado de novas formas de intervenção mais leves, em que a competição tivesse um papel
mais importante. Que era urgente montar uma administração não apenas profissional, mas
também eficiente e orientada para o atendimento das demandas do cidadão. (Bresser
Pereira, 1999:249).
Para o referido autor, a saída para a recuperação da legitimidade burocrática foi encontrada
na administração pública gerencial, definida como aquela que está inspirada nos avanços
realizados pela administração de empresas, caracterizada por:
Nos anos 90 irão refletir um contexto em que a luta pela democratização do ensino assume,
no âmbito da Educação Básica, o caráter da qualidade, da busca da permanência e
conclusão da escolaridade como direito social. Ao mesmo tempo o Estado procurará imprimir
maior racionalidade à gestão da Educação Pública, buscando cumprir seus objetivos,
equacionar seus problemas e otimizar seus recursos, adotando em muitos casos o
planejamento por objetivos e metas.
São por tais razões que a luta pela universalização do ensino levou à defesa da gestão
democrática da equação pública. Por considerar a crise educacional como uma questão de
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natureza administrativa, o Estado irá atribuir relativa centralidade à gestão da escola na
formulação de políticas públicas para a Educação Básica, sobretudo a partir dos anos 90. Na
mesma esteira o movimento social, por considerar o caráter excludente da escola resultante
da frequente repetência, a expressão do autoritarismo da estrutura escolar, passou a
reivindicar maior democracia na Gestão da Educação.
Na Educação Básica, a luta sempre foi pela incorporação de todos, o que provavelmente
ajudou a constituir a enorme malha pública de educação que tem no Brasil.
O setor público atende 85,5% da matrícula em todos os níveis de ensino, o que corresponde
a 46,5 milhões de estudantes em todo o território nacional. (Cf. EFA-9, janeiro de 2000).
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U NIDADE 7
Gestão da Avaliação
A política de Gratificação por Estímulo à Docência (GED), implementada pelo MEC em 1998,
após movimento grevista dos professores universitários, reforça exatamente a tendência,
cada vez mais assumida pelo Estado, de vincular financiamento e avaliação.
A eficácia, contudo, das mencionadas políticas, que atrelam financiamento e avaliação como
principais instrumentos de gestão, só é conseguida a partir da legitimidade conferida aos
processos de avaliação utilizados pelo MEC junto à sociedade em geral. A exploração da
imagem do servidor público como um funcionário que trabalha pouco é moroso e ineficiente,
junto à opinião pública passou a ser uma constante nos discursos da reforma. Isso porque,
como afirma Abrucio (1999:176): “Ao sentimento antiburocrático alivia-se a crença, presente
em boa parte da opinião pública de que o setor privado possuía o melhor modelo de gestão”.
A Avaliação de Desempenho passou a ser apresentada como instrumento indispensável à
otimização do trabalho dos servidores públicos.
Na Educação a avaliação assume ainda outros aspectos, pois sempre esteve presente como
um importante instrumento, quer de controle das políticas educacionais quer dos processos
de aprendizagem. Por tais razões, no setor educacional, é sabido que os processos de
avaliação são desejáveis e indispensáveis ao desenvolvimento da educação. Porém, a
literatura recente vem indicando a necessidade de rever os princípios e objetivos e ainda os
usos que se tem feito dos últimos programas de avaliação adotados pelos governos.
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O Exame Nacional de Cursos, vulgarmente conhecido por Provão, o Exame Nacional do
Ensino Médio (ENEM) e as avaliações realizadas pelo Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Básica (SAEB) têm adotado como indicadores de qualidade e eficiência critérios
orientados pela lógica da reforma do Estado. A legitimidade dos sistemas de avaliação é
buscada junto à opinião pública através de ampla divulgação pelo MEC nos meios de
comunicação.
Isto envolve a fidedignidade atribuída pelos leigos aos sistemas peritos. É a confiança no
conhecimento e habilidades aos quais o indivíduo leigo não tem acesso efetivo. Assim: “a
confiança em sistemas assume a forma de compromissos sem rosto, nos quais é mantida a fé
no funcionamento do conhecimento em relação ao qual a pessoa leiga é amplamente
ignorante” (Giddens, 1991:91).
Aceitar que a atual situação da Educação Brasileira, que levou a certo “consenso” da
necessidade de reformas, poderá ser equacionada nos marcos do capitalismo é reduzi-la a
uma mera questão de escolhas administrativas. Mas, ainda assim, tal abordagem encontraria
dificuldade, pois nem mesmo os proponentes dessas mudanças às têm avaliado, na sua
integridade, como capazes de solucionar os problemas detectados. Diante de tal situação, só
resta inferir que ou os problemas encontrados não são os mesmos e, portanto, não existe
consenso, ou, sem dúvida, as soluções buscadas deveriam ser outras.
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U NIDADE 8
Gestão da Educação e seus Dilemas
Segundo Walter E. Garcia, ao longo dos anos de vigência do Regime Militar no Brasil,
sobretudo com a presença expressiva de técnicos na direção de ministérios e órgãos
públicos em geral, ficou fortemente consagrada à expressão tecnocrata, atribuída a todo
servidor que conduzia os destinos de sua área sem prestar contas a não ser àqueles
responsáveis pelas indicações para os postos em determinada atividade de interesse
coletivo. E a credibilidade dessa forma de condução das atividades do Estado esteve
alicerçada no prestígio angariado pelos economistas, geralmente formados em universidades
e instituições de elevada qualificação acadêmica, que faziam de suas fórmulas as receitas a
serem seguidas por todos, em nome do crescimento a qualquer custo, da relativa
estabilização do país.
O fundamento maior de toda essa aura conseguida pelos chamados tecnocratas era dado
pelas certezas que transmitiam em suas lições, pela legitimidade que lhes era garantida
pelos chefes que então os dirigiam, embora quando a realidade os desmentia, criassem
outras respostas ou desculpas. E assim seguia-se, como num campo de experimentos para
todo tipo de propostas, por mais perversas que estas pudessem ser para a maioria da
população. Roberto Campos, Delfim Neto, Mário Simonsen, no Brasil, entre outros foram
emblemáticos de um tipo de administração que deixou aliados e seguidores até os dias de
hoje. O processo de retirada dos militares do poder, pouco a pouco, alterou essa visão
iluminista que os tecnocratas sempre desfrutaram no âmbito das áreas que dominavam com
invulgar habilidade.
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A redemocratização, da forma como se deu, conservou a visão de que o mecanismo dos
tecnocratas era algo que deveria ser preservado. A sucessão de planos de ajustes, nos
governos Sarney, Collor, Itamar e Fernando Henrique, indica que a postura salvacionista da
tecnocracia está mais consolidada, a ponto de gerar políticas e decisões de muito maior
alcance. A Constituição de 88, ao possibilitar que o chefe de governo edite medidas
provisórias, criou um poder legislativo paralelo que decide sobre todas as coisas, mesmo que
muitas delas devessem contar com a manifestação explícita do Congresso, tal a relevância
de suas consequências para a maioria da população.
O êxito inicial obtido com o Plano Real, consolidando o predomínio das propostas técnicas e
economicistas sobre a condução da política global, praticamente retifica esse tipo de
soluções mágicas, que se expandiram a todos os domínios de ação governamental,
transformando as decisões da tecnocracia em decisões políticas em seu pleno sentido. À
eventual crítica sobre as fórmulas adotadas, invoca-se o argumento de que num regime
democrático as decisões do dirigente já estão pré-legitimadas pelo voto popular que
consagrou o grupo ocupante do poder. A insistência na crítica à forma de condução política
traz consigo um processo de desqualificação do opositor, transformando-se este em
inimigo...
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professor e as condições de seu melhor desempenho profissional, a articulação entre as
distintas esferas públicas que atuam na educação é evitada, até porque todos sabem o
quadro dramático que representa a omissão do poder público nesses aspectos.
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Teixeira) ou entre aquilo que é anunciado e veiculado pela propaganda e o que acontece no
dia a dia da escola e das salas de aula. O distanciamento entre a cúpula do sistema e as
escolas tende, inclusive, a se ampliar, na medida em que o governo federal, ao longo dos
últimos anos, assume uma agenda educativa que, com algumas exceções, ainda é pouca
conhecida e debatida por professores, pais e todos quantos possam se interessar pelas
questões educativas.
A construção da realidade virtual serve, também, para dar a impressão de que está fazendo
muita coisa importante quando, objetivamente, podem estar se concretizando poucas
atividades essenciais em termos de política educativa.
A simples ocupação de espaços na mídia seja para falar do “provão” ou do repasse de
verbas para escolas, em si pouco pode significar, já que, rigorosamente, são atividades
instrumentais, ou auxiliares, de uma política educativa. No entanto, jamais poderão ser
confundidas com a política em si. Esta, por seu turno, deveria ser avaliada segundo outros
indicadores, que, no entanto são deliberadamente omitidos. Quanto se gasta em Educação?
Como se dá o regime de colaboração com estados e municípios? De que forma o governo
federal está exercendo o papel de redistribuidor de oportunidades e contribuindo para maior
equidade no sistema educativo? Suspeito que não haja muito que dizer, até porque a criação
do FEF (Fundo de Estabilização Fiscal), por exemplo, que retirou 20% dos recursos da
Educação, é pouco mencionado, embora na prática signifique uma sangria altamente
expressiva no orçamento do Ministério da Educação.
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impõem trabalho silencioso e que só ganham maior visibilidade após anos e anos de
elevados investimentos.
"A criança desprotegida que se encontram nas ruas não é motivo para revolta ou
exasperação, e sim um apelo para que se trabalhe com mais amor pela edificação de um
mundo melhor."
(Chico Xavier)
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U NIDADE 9
Perspectivas da Gestão Educacional
A ausência dessa articulação mais ampla traz reflexos para o funcionamento cotidiano dos
sistemas educativos. Não existem canais institucionais regulares que exercitem o saudável
princípio da colaboração solidária entre os sistemas de ensino. No Ensino Fundamental isto
pode ser catastrófico para muitos estados e municípios como, por exemplo, ocorre com a
maneira pela qual a lei que criou o FUNDEF está sendo implementada em todo o país. A
Escola, unidade onde efetivamente ocorre a Educação, também se ressente dessa
desarticulação, segundo Cândido Gomes. (Cadernos de Pesquisa, nº 109. São Paulo, Ed.
Autores Associados, mar. 2000), sem contar que professores, dirigentes e pais pouco podem
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contribuir, ou por ausência de informações adequadas ou por absoluta falta de tempo para
maior envolvimento com essas questões.
Apesar das tendências recentralizantes que se observam na forma como a atual gestão do
MEC vem conduzindo os assuntos de sua área, alguns sinais animadores podem ser
verificados em inúmeros estados e municípios do país. Prefeitos e governadores,
efetivamente convencidos da importância da Educação para a mudança das condições de
vida das populações que devem ser atendidas, estão inovando em muitos aspectos, seja
estimulando a maior participação dos atores (pais, alunos, professores e comunidade em
geral) na vida educativa, veja dando efetividade ao princípio da valorização do professor,
com planos de carreira que efetivamente estimulam jovens de melhor potencial a
ingressarem e a permanecerem na carreira docente ou, ainda, organizando a população para
que compreenda e valorize a política educativa com relevância que ela merece.
Esses dilemas da gestão, em que propostas inovadoras, que em muitos lugares já se firmam
como orientações que vêm se sucedendo em diferentes períodos governamentais e que em
outras situações representam apenas a ótica voluntarista do ocasional dirigente político do
município ou do estado, são frequentemente agravados por orientações casuísticas que são
elaboradas em centros muito distintos da realidade escolar, onde os objetivos do formulador
iniciais podem guardar remota ou nenhuma vinculação com aquele que deve articular a
execução junto aos diretamente interessados nas atividades educativas.
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U NIDADE 10
Antes de dar continuidade aos seus estudos é fundamental que você acesse sua
SALA DE AULA e faça a Atividade 1 no “link” ATIVIDADES.
Apesar da superficialidade com que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – (LDB
– 9.394/96, no inciso VIII do art. 3º), trata da questão da Gestão da Educação, ao
determinar os princípios que devem reger o Ensino indica que um deles é a Gestão
Democrática. Mais adiante (art. 14), a referida lei define que os sistemas de ensino devem
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estabelecer normas para o desenvolvimento da gestão democrática nas escolas públicas de
educação básica e que essas normas devem, primeiro, estar de acordo com as peculiaridades
de cada sistema e, segundo garantir a “participação dos profissionais da educação na
elaboração do projeto pedagógico da escola”, além da “participação das comunidades escolar
e local em conselhos escolares ou equivalentes”.
Nesse sentido, a Gestão Democrática da Educação requer mais do que simples mudanças nas
estruturas organizacionais; requer mudanças de paradigmas que fundamentem a construção
de uma Proposta Educacional e o desenvolvimento de uma gestão diferente da que hoje é
vivenciada. Ela precisa estar para além dos padrões vigentes, comumente desenvolvidos
pelas organizações burocráticas.
O presente texto, na primeira parte, apresenta os pressupostos que viabilizam um novo tipo
de uma gestão da educação, analisando a questão dos paradigmas, a especificidade da
organização escolar e a qualidade na educação.
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U NIDADE 11
Pressupostos da Gestão da Educação
O novo fundamento que deve sustentar a educação precisa estar ancorado em dois eixos que
determinam a especificidade da organização escolar e sua gestão: um eixo constituído pelos
fins da educação, que definem a finalidade da escola e o outro determinado pelo contexto
social, pelo ambiente em que a escola atua.
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U NIDADE 12
A Especificidade da Organização Educacional
A Qualidade na Educação
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Ensinar a aprender, muito mais do que ensinar a fazer.
Essas questões situam a finalidade da escola e seu planejamento escolar, que requerem
qualidade técnica e política. O Projeto Político Pedagógico da Escola define sua especificidade,
que demanda novos paradigmas para o processo de gestão.
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U NIDADE 13
Gestão da Educação e a Proposta Educacional
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U NIDADE 14
Gestão da Educação e a Formação do Profissional de Pedagogia
São muitas as mudanças que se processam nos sistemas de ensino e nas escolas pondo em
evidência a gestão. Compreendê-la em seu contexto histórico constitui um aspecto
fundamental nos cursos de Pedagogia e, também, nos demais cursos de licenciaturas, tendo
em vista que a escola e outras instâncias do sistema educacional constituem o espaço
primordial de atuação do profissional da educação. Nessa ótica, considera-se necessária a
inclusão dessa temática no currículo, de forma a propiciar a problematização das relações
entre processos produtivos e sociais, as mudanças nos padrões de gestão e organização do
trabalho, as novas exigências postas para a educação e os projetos pedagógicos que vêm
sendo construídos. Isto pela compreensão que se tem de que os egressos desses cursos com
base na docência provavelmente buscarão atuar nas escolas e demais instâncias do Sistema
Educacional, ou mesmo em outros espaços educativos que supõem atividades gestionárias,
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requerendo, portanto, uma visão ampla e crítica da Gestão Educacional, além de
competências específicas e de instrumentalização para essa atuação.
Um primeiro nível voltado para a discussão dos marcos teóricos que clarifiquem:
O entendimento das políticas educacionais no contexto sociopolítico e cultural, que as
engendra, bem como de seus desdobramentos nos diversos níveis e instâncias do
poder público, visando a instrumentalização para intervenção no plano político,
pedagógico e curricular;
O entendimento da Escola como uma construção histórica e sociocultural e, portanto,
em permanente mudança;
O entendimento dos parâmetros que orientam os processos de Gestão Educacional,
considerando as relações entre o mundo do trabalho, da cultura e as relações sociais.
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O terceiro nível possibilitaria o aproximar-se da discussão teórica sobre o planejamento e a
gestão dos sistemas de ensino, com vistas à compreensão e apropriação de instrumentais
metodológicos e tecnológicos passíveis de serem utilizados nas instituições escolares e não
escolares como elementos de apoio ao diálogo e interação internos e à articulação dessas
instâncias com movimentos da sociedade civil.
Nos tempos atuais, as demandas por profissionais da educação que, tendo como base de
formação a docência, são capazes de assumir outras tarefas do campo pedagógico, sinalizam
para o fortalecimento dos cursos de Pedagogia. Interromper o desenvolvimento do curso com
essa característica mediante a utilização de instrumentos jurídicos e legais significa impor,
pela força da lei, uma determinada visão de educação recusada pela maioria dos educadores
que têm compromisso com a escola pública de qualidade para todos.
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U NIDADE 15
Gestão da Educação Escolar.
Segundo Sofia Lerche Vieira (Professora da Universidade Estadual do Ceará), por muito
tempo a escola não se configurou como um foco do interesse da gestão e da política
educacional, pelo menos não em sentido estrito. Embora se constituindo no espaço
específico que a sociedade reservou para veicular o conhecimento que se julga importante
transmitir às novas gerações, a Escola permaneceu como a grande esquecida das políticas
educacionais brasileiras. Os anos noventa, todavia, trazem-na para o centro do debate sobre
educação, (re) significando o sentido de uma reflexão sobre sua função política e social na
formação da cidadania.
Ao refletir sobre a Função Social da Escola, seria possível começar pela pergunta: que
articulações existem entre escola e cidadania? A esse respeito faz sentido a afirmação de
Canivez: Se toda comunidade política se caracteriza pela coexistência de várias tradições, a
escolaridade tem significado particular. A escola, de fato, institui a cidadania. É ela o lugar
onde as crianças deixem de pertencer exclusivamente à família para integrarem-se numa
comunidade mais ampla em que os indivíduos estão reunidos não por vínculos de
parentesco ou de afinidade, mas pela obrigação de viver em comum. A escola institui, em
outras palavras, a coabitação de seres diferentes sob a autoridade de uma mesma regra
(1991:33).
Há uma estreita articulação entre as relações de convivência social instituída pela escola e a
cidadania. Ou seja, é no exercício da vivência entre os seres diferentes que seres diferentes
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que se aprendem normas, sem as quais não sobrevive a sociedade. Mas, por certo, não é
apenas para a convivência social e para a socialização que existe a escola. Ela surge da
necessidade que se tem de transmitir de forma sistematizada o saber acumulado pela
humanidade. Na chamada sociedade do conhecimento este papel tende a assumir uma
importância sem precedentes. Outro aspecto a assinalar é que a escola é uma instituição
datada historicamente. Ou seja, cada sociedade, cada tempo forja um modelo escolar que
lhe é próprio. Este, por sua vez é atravessado por marcas e interesses diferenciados. Sobre
o assunto é oportuno observar que: A prática escolar consiste na concretização das
condições que asseguram a realização do trabalho docente. Tais condições não se reduzem
ao estritamente “pedagógico”, já que a escola cumpre funções que lhe são dadas pela
sociedade concreta que, por sua vez, apresenta-se como constituída por classes sociais com
interesses antagônicas. A prática escolar, assim, tem atrás de si condicionantes
sociopolíticos que configuram diferentes concepções de homem e de sociedade e,
consequentemente diferentes pressupostos sobre o papel da escola, aprendizagem, relações
professor-aluno, técnicas pedagógicas, etc (Libâno, 1986:19).
As funções políticas e sociais da escola são também atravessadas pelos interesses das
classes sociais. Nessa perspectiva interessante situar a contribuição de tendências, que
resultaram em diferentes concepções do papel da escola e, consequentemente, de sua
função política e social na construção da cidadania. Este foi um tema predominante do
debate sobre a Educação no Brasil, nos anos oitenta, que permitiu, através de diferentes
tipificações, compreender o papel da Escola, segundo demandas que surgem em distintos
contextos.
Através da análise dos principais documentos de política educacional produzido entre 1985 e
1995 é possível perceber que, contrariamente ao que uma interpretação superficial permitiria
supor, não é o governo Fernando Henrique Cardoso o autor da “descoberta” da escola pela
política educacional (Vieira, 1998). É aos poucos, e já no início da década de 90, que a
Escola começa a aparecer. Momento chave na emergência de uma atenção sobre o tema no
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debate da Política Educacional é o Seminário sobre Qualidade, Eficiência e Equidade na
Educação Básica, promovido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA,
realizado em novembro de 1991, em Pirenópolis, ainda durante o governo Collor. O temário
do evento discute a Gestão Escolar, na perspectiva de um repensar sobre o gigantismo
burocrático dos sistemas de ensino e sobre a melhor alocação de recursos humanos às
escolas. (Gomes & Amaral Sobrinho) (orgs.) (1992:2).
Torna-se cada vez mais importante que cada uma dessas instâncias e segmentos assumam
compromissos públicos com a melhoria do ensino, fazendo da escola um centro de qualidade
e cidadania, com professores e dirigentes devidamente valorizados, ajudando o País a
edificar um eficiente Sistema Público de Educação Básica. (Brasil. MEC. 1993).
Todos os estudos e diagnósticos apontam a Escola Fundamental como a raiz dos problemas
educacionais do povo brasileiro. Portanto, a prioridade absoluta será a de promover o
fortalecimento da Escola de Ensino Fundamental. Há escolas, há vagas, há evasão, há
repetência, há professor mal treinado, professor mal pago, há desperdício. Para trilhar um
caminho de seriedade, é preciso acima de tudo, valorizar a escola e tudo o que lhe é próprio:
a sala de aula e os professores; o currículo e a formação dos mestres; o resultado da
aprendizagem.
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sintetiza o nível gerencial/operacional do sistema: a Escola Fundamental, a Escola de
Ensino.
O Planejamento político estratégico é inteiramente permeado pela ideias da autonomia
escolar que se expressa, inclusive, no mecanismo de repasses automáticos de recursos,
viabilizando através do Programa de Repasse de Recursos para a Manutenção das Escolas
Públicas do Ensino Médio, a instituição de Ensino Superior. É na escola que estão os
problemas e é na escola que está a solução.
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História, a instituição social que, por excelência: trabalha com o conhecimento de forma
sistemática e organizada. A ela cabe ensinar e garantir a aprendizagem de certas
habilidades e conteúdos necessários à inserção das novas gerações na vida em sociedade,
oferecendo instrumentos de compreensão da realidade e favorecendo a participação dos
educando em relações sociais diversificadas e cada vez mais amplas (CENPEC, 1994:11).
Nesse processo, há que se buscar também um caminho para que a população e os usuários
da Escola a percebem como sua. Quando o espaço da escola é apropriado pela comunidade
escolar, a violência contra esse patrimônio de todos, tão comum em nossos dias, pode pôr
em risco a própria sobrevivência da casa do saber, instância ímpar de construção da
cidadania de crianças e adolescentes de todas as classes, independentemente de etnia,
sexo e confissão religiosa.
Um programa interessante e importante de ser destacado é o “Escola Aberta” que foi criado
a partir de um acordo de cooperação técnica entre o Ministério da Educação e a Unesco e
tem por objetivo contribuir para a melhoria da qualidade da educação, a inclusão social e a
construção de uma cultura de paz, por meio da ampliação das relações entre escola e
comunidade e do aumento das oportunidades de acesso à formação para a cidadania, de
maneira a reduzir a violência na comunidade escolar.
Visa proporcionar aos alunos da educação básica das escolas públicas e as suas
comunidades espaços alternativos, nos finais de semana, para o desenvolvimento de
atividades de cultura, esporte, lazer, geração de renda, formação para a cidadania e ações
educativas complementares.
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"Cuidado com seus pensamentos; eles podem virar palavras.
(Autor desconhecido)
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U NIDADE 16
A Gestão Escolar e a Política Educacional
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maquiavélica dos organismos internacionais, financiadores de projetos em nosso país. É
vermos internacionais, financiadores de projetos em nosso país. É verdade que há
coincidências entre agendas internacionais e nacionais. Pode-se supor que, como no dito
popular, “monde há fumaça há fogo”. As recomendações sobre a necessidade de focalizar a
escola na agenda das políticas educacionais não são propriamente novas, como o exame
anterior permitiu constatar. Novas são as formas como as políticas têm incorporado tais
recomendações. Para bem entender esse processo, é necessário fazer um movimento
complementar, aprofundando aspectos da reflexão sobre centralização/descentralização
(Vieira, 1998).
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centralização das decisões na esfera federal. Anulam-se gradativamente a governabilidade
dos Estados sobre decisões que afetam mão apenas os sistemas educacionais, mas o
próprio pacto federativo.
E, também, nas escolas o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). Não por coincidência
a escola passa a ser denominada de “Unidade Executora”. De outro, está o controle de
resultados de ensino-aprendizagem, através da montagem de um complexo e meticuloso
sistema nacional de avaliação, afeto a todos os níveis de educação – desde o Ensino
Fundamental e Médio (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica – SAEB – e o
Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM), ao ensino superior (Exame Nacional de Cursos-
ENC, mais conhecido como Provão).
O ENEM vem sofrendo constante valorização nos últimos anos, primeiramente através da
possibilidade de utilização da nota nesta avaliação visando à contemplação no Pro Uni
(Programa Universidade para Todos – que faz a distribuição de bolsas de ensino em
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Instituições Privadas De Ensino Superior). E, em 2009, outra grande alteração, podendo ser
utilizado também por diversas Universidades Púbicas como instrumento de ingresso a um
curso superior. Algumas instituições utilizarão o ENEM para preenchimento de vagas
remanescentes neste primeiro momento, mas a ideia é que futuramente possa servir como
instrumento de acesso a qualquer Universidade Pública, semelhante a processos utilizados
nos Estados Unidos e Europa.
Tudo isso faz parte de um movimento mais amplo e não casual que se passa no cenário
sobre o qual se constrói a gestão educacional em nossos dias. A globalização, a
internacionalização das economias, as novas formas de organização do trabalho na
produção flexível e a divulgação do conhecimento em redes cada vez mais complexas de
informação, impõem circunstâncias inimagináveis em ciclos históricos anteriores. Tais
mudanças, por sua vez, atingem de forma diferenciada os diversos países. Os governos
brasileiros têm feito, desde o início da década de 90 – primeiro, com Fernando Collor de
Mello e, depois, com Fernando Henrique Cardoso – opções pela abertura da economia aos
capitais internacionais. Assistimos naquela época a um processo de privatização sem
precedentes de empresas e outras organizações estatais. Uma das justificativas da opção
pela privatização era a de que o Estado necessitava retirar-se da esfera econômica, para
melhor intervir na área social. A realidade, todavia, tramou contra tais argumentos.
Desemprego, salários congelados, depreciação generalizada dos serviços públicos põem o
olho nu todas as mazelas de um país que chega ao novo milênio como uma das economias
importantes do mundo, mas com problemas sociais os mais graves. As desigualdades
sociais e econômicas persistem.
Nesse contexto mais amplo, que por certo não é de todo novo, mais se impõe novo desafio,
a gestão muitas vezes se põe como a pedra de toque para a solução dos velhos problemas
educacionais. Os investimentos na capacitação de gestores que o digam. “Nem tanto ao mar,
nem tanto à terra”, aconselharia o velho senso comum. Investir na gestão é importante, sim.
Mas de pouco adianta se no real e no concreto as coisas permanecem as mesmas onde em
última instância, se faz o exercício cotidiano de ensinar e de aprender – a sala de aula.
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Neste quadro tanto é necessário buscar respostas novas para desafios novos, quanto
lembrar dos muitos velhos desafios que ainda estão por resolver. Buscar este caminho é
uma tarefa para a pesquisa e para os protagonistas da Gestão Educacional.
Assista aos vídeos disponíveis no ambiente virtual Campus Online da ESAB, eles foram
produzidos para ajudar na compreensão dos conteúdos do Módulo
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U NIDADE 17
Os Paradigmas e a “Nova” Escola
O modelo burocrático de gestão tem sua origem nas teorias organizacionais clássicas e
científicas, incorporando as remodelagens das teorias mais recentes, gestadas no caldo da
cultura positivista, cartesianamente concebidas, dando-lhe sua afeição estrutural e
funcionalista. O eixo central de umas e outras é baseado no poder central, de
superintendência, delegação e distribuição de tarefas, mantida a unidade de comando e os
controles, onde o sujeito é poder e o objetivo é a subordinação. Esse modelo é fundado nos
princípios da eficiência e da eficácia, uma vez que está voltado para a produtividade, cuja
estratégia é a produção em série e a economia de escala. A ênfase atual na “Qualidade
Total” hipertrofia o eixo da eficiência/eficácia, evidenciando sua adequação ao modelo
burocrático de gestão.
Na escola burocrática não há projeto, nem objetivos, mas rotinas. Portanto, não há desafios,
nem vitórias. O conhecimento também é segmentado, tanto nas funções técnicas, quanto
nas docentes. Processos interativos das atividades educacionais constituídas pela interação
da intersubjetividade dos atores constituem mero discurso, miragem. E, assim, a escola
burocrática se reproduz, produzindo súditos.
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Na Escola Cidadã, o poder está no todo e é feito de processos dinâmicos construídos
coletivamente pelo conhecimento e pela afetividade, constituindo-se em espaços aberto de
criação e vivência. Nesse espaço o gestor é o coordenador, com conhecimento técnico e
percepção política, não mais o dono do fazer e, sim, o animador dos processos, o mediador
das vontades e seus conflitos.
TAREFA DISSERTATIVA:
DAS UTOPIAS
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U NIDADE 18
O Papel da Gestão na Escola
O novo perfil de configuração que caracteriza a sociedade atual pode até construir um
entendimento de que muito pouco sobra aos agentes locais, como no caso da Gestão da
Escola, para ser feito. A análise feita pode passar a impressão de que as instituições sociais,
particularmente a escola, encontram-se sob a determinação de um “rolo compressor”, do
qual não se dispõe de meios para se esquivar. Na verdade, ao agente local, como é o caso
da gestão da escola, cabe o exercício de um importante papel, além da mera racionalização
dos recursos financeiros apontados pelos planejadores das Políticas Educacionais. O papel
da Gestão da Escola hoje pode ser sintetizado em três grandes aspectos:
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com questões atuais que caracterizam este momento social, como é o caso da exclusão
social, a desqualificação, o multiculturalismo e a diferença.
Por outro lado, contudo, se olhar a sociedade a partir de uma ótica, como citada
anteriormente, a Escola, tanto aquela unidade física implantada no bairro, como a própria
discussão que se faz dela, percebe-se que é uma instituição que representa esfera estatal,
mas também cumpre o papel de organização dos sujeitos sociais, sendo estes os agentes
de intervenção e que irão constituir uma correlação de forças no embate de posições em
torno das políticas públicas em geral e das próprias políticas educacionais em particular.
Além disto, a repercussão dialética da globalização aguça o papel do local e da diferença.
Nesse caso, a Escola, sobretudo a partir da sua gestão, cumpre um papel duplo no
contexto do seu próprio desafio: o da formação do sujeito social (dentro da escola ou
organização da comunidade) e o da conquista da cidadania para as diferenças sociais.
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U NIDADE 19
Gestão Educacional e os Desafios do dia a dia
A Escola, como instituição social que interage com a sociedade, encontra-se nesse contexto
e tem o seu cotidiano permeado por práticas e teses autoritárias.
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produção e distribuição de riqueza, com a organização da sociedade civil, com a organização
política, com a definição dos papéis dos Poderes Públicos, com as teorias do conhecimento,
as ciências, as artes, as culturas” (1995).
Com a vigência do neoliberalismo, o tema gestão está associado aos paradigmas que
fundamentam as mudanças conservadoras na forma de pensar a sociedade e a gestão
educacional. A estratégia usada tem até a aparência de novas políticas para melhorar a
educação, mas a essência do discurso é facilmente desmistificada se questionarmos o seu
caráter público e democratizante e a sua perspectiva de inclusão social.
A tese trazida para o interior da escola – a da qualidade total da educação – propõe como
fórmula a ser aplicada a da gestão empresarial, na qual a busca por resultados, o
pragmatismo pedagógico, a eficiência e a eficácia dos modelos deixam patente a
competitividade como método e a busca pelo sucesso individual como regra.
A outra face dessa estratégia, com a clara intenção de secundarizar o caráter público da
Educação, investe nos processos de descentralização e municipalização do ensino, na
delegação de responsabilidades aos estados, aos municípios e à iniciativa privada.
Como a LDB (Lei 9.394/96) não consagrou um Sistema Nacional de Educação que
contemple um projeto articulado, unitário e orgânico de educação, mas mantém a
fragmentação e a concorrência na oferta das etapas do ensino, o quadro atual da
organização do sistema educacional favorece as propostas de gestão desvinculadas de um
projeto maior, embora decisivamente sirvam a determinado projeto. Faz da Escola um lugar
de aparente autonomia, ao incentivar a solução dos “pequenos problemas cotidianos”, pelo
exercício da criatividade e da busca de parceiros para superação imediata, mesmo que
momentânea das dificuldades encontradas na gestão escolar, deixando claro certo sentido
micro institucional.
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Dessa forma, protegida pelo manto da qualidade, componente educacional em grande
evidência e clamada como principal exigência da escola hoje, a tese da qualidade total se
desdobra em uma série de projetos e programas sobre a Gestão Educacional que chegam
as escolas, na maioria das vezes, com luzes de verdadeira parafernália.
Essa lógica de ajustar a Educação às necessidades do mercado é avaliada por Pablo Gentili
sob a alegação de três premissas da tese da qualidade total:
Reafirma-se, pois, o alerta: “os indicadores meramente estatísticos, oriundos deste modelo,
precisam ser questionados com a exigência da democratização do acesso e da permanência
de todos na escola. E não uma escola qualquer. Mas numa Escola Pública de qualidade e
democrática. As regras seletivas e burocráticas da Administração Escolar hão de ser
protestadas com a concepção de uma gestão que desenvolve dentro da escola, fazendo
emergir novas relações de trabalho, socializando o poder, construindo a efetiva participação
de todos os segmentos da comunidade escolar” (Melo, 1999:48).
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U NIDADE 20
Antes de dar continuidade aos seus estudos é fundamental que você acesse sua
SALA DE AULA e faça a Atividade 2 no “link” ATIVIDADES.
A atual política da Gestão Educacional fundamentada nas teses neoliberais das leis do
mercado chega às escolas e ao cotidiano dos trabalhadores em educação utilizando-se das
mais variadas estratégias para se consolidar.
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governamental dentro da escola. Tamanha pluralidade de perfil pode se constituir em
verdadeira riqueza no debate interno da escola e na construção de consensos possíveis para
a implementação do seu projeto político-pedagógico. Mas isso só é possível se a
organização e a gestão da escola girarem em torno desse projeto.
A segunda questão decorre da primeira: há uma sutil, porém essencial diferença entre
compartilhar a gestão e democratizar a gestão. “O que vem sendo posto pelas políticas de
governo é o primeiro conceito, como concessão de um poder maior, com o objetivo de
envolver as pessoas e buscar aliados de “boa vontade” que se interesse em salvar a escola
pública”. Para compartilhar a gestão não é preciso explicar a situação precária em que se
encontra a escola pública, nem tampouco identificar os responsáveis e os determinantes
desse quadro.
É bastante comprovar que a realidade é grave e precisa ser resolvida, estando a solução nas
mãos da comunidade escolar que, na forma de gestão compartilhada, irá buscar os meios
possíveis para melhorar o desempenho e a imagem da escola. Por comunidade escolar
entende-se: os pais, os alunos, os trabalhadores em educação (nos documentos oficiais
especificados em professores e diretores, anulando-se os funcionários administrativos, as
diversas associações do bairro e os empresários). A participação, dever de ofício para uns e
voluntariado para outros, revela uma concepção que se afasta da ideia de controle social e
se aproxima do conceito de gerência.
Por isso o projeto pedagógico, espaço privilegiado para a escola se definir em seus objetivos,
sua organização e forma de gestão, não encontram ressonância na gestão compartilhada.
Sumária e sutilmente, sem ser descartado de todo, ele é secundarizado e substituído, em
grande escala, pelo famoso Plano de Desenvolvimento Escolar (PDE). Trata-se de um plano
de metas, calcado no pragmatismo dos resultados estatísticos e na paranóia da otimização e
da eficiência a qualquer custo.
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Essa concepção vem se expressando em vários programas de governo ou de seus
parceiros, alguns com ostensivo apoio da grande mídia. Pode-se citar os “Amigos da Escola”,
voluntários que em seu tempo livre assumem as mais diversas tarefas escolares, programa
coordenado pela Rede Globo, porém com toda estrutura e rede de informação fornecida pelo
governo federal.
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escolas que não implantassem as tais Unidades Executoras, e de disputas judiciais.
Infelizmente, na maioria dos casos, prevaleceu a posição do governo e hoje temos, e muitos
estados e municípios, oficialmente instalados a gestão privada do espaço da escola pública...
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U NIDADE 21
Gestão da Escola e as Interfaces
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Outra referência é as metas do MEC, que por sua vez são emanadas do Banco Mundial, e os
professores, meros executores das tarefas, ficam a mercê dos resultados da avaliação oficial
para ter sua competência comprovada e seu trabalho reconhecido. O que isso tem
provocado na queda da autoestima, associada às precárias condições de salários e trabalho,
é um crime que os responsáveis terão, mais cedo ou mais tarde, de responder à sociedade
brasileira.
A relação com as políticas da qualidade do ensino vista como o combate estatístico à evasão
e à repetência. Por outro lado o Brasil comemorou os índices de matrícula, beirando a
universalização. Mas teve de amargar os limites dessa estatística, embora promissora,
evidenciados pelo péssimo desempenho da qualidade de ensino. Tratar essa questão
desvinculada da Gestão Escolar é continuar trabalhando sob a batuta dos números pelos
números. Tratá-la com a implementação de algumas inovações pedagógicas, trazidas pela
LDB, como classes de aceleração, ciclos de aprendizagem, progressão parcial, considerando
apenas a melhoria do fluxo do sistema e a economia de recursos, é maquinar a gravidade do
problema. Os professores têm demonstrado boa receptividade para discutir essas questões,
porém não querem ser usados ou ter sua autoridade pedagógica negada pela ausência de
uma gestão que não permita contextualizar o debate na proposta da escola.
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conceder que tais políticas e programas continuem a ser gestados em gabinetes, ouvindo
apenas as imposições do Banco Mundial e longe de construir uma escola pública de
qualidade, com profissionais valorizados e gestão democrática, tendo como perspectiva o
direito, a cidadania e a inclusão social.
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U NIDADE 22
Os Indicadores de Gestão Escolar
Este é, talvez, o grande empecilho a ser enfrentado, tal o estado de isolamento e o desgaste
das relações de trabalho existentes hoje em nossas escolas que, por sua vez, espelham os
traços de uma sociedade egoísta e promotora do apartheid social.
Indicadores:
A autonomia escolar;
A descentralização do poder;
A representatividade social dos Conselhos e Colegiados;
O controle social da gestão educacional;
A escolha dos dirigentes escolares por processo de eleição;
A inclusão de todos os segmentos da comunidade escolar.
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A frágil democracia brasileira dá sinais de descontrole em sua gestão. O esgotamento do
modelo social em vigor é explícito nas taxas de desemprego, fome e miséria. A concepção
política e os desvios da ética enchem os noticiários nacionais.
Este é o grande desafio: dar um salto a favor e na direção de superar essa realidade. Olhar a
escola, olhar a educação como instrumento de transformação social. E sonhar... Sonhar
coletivamente como o grande educador pernambucano Paulo Freire, na esperança e no
compromisso “de refazer esse país sério, democratizá-lo e, assim, defender a vida, construir
o sonho e viabilizar o amor”.
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U NIDADE 23
Gestão da Escola Fundamental.
O Planejamento Escolar
Este processo nada mais é do que um processo de planejamento que, diferentemente da sua
postura antiga (que o identificava como um trabalho de simples elaboração de um plano, que
se limitava a “prever”, geralmente descompromissado com a prática), na visão moderna,
envolve etapas que se complementam e que são interligadas, realimentando todo o
processo. Essas etapas são: elaboração, acompanhamento e avaliação.
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A relação finalidade/ambiente incorpora aos tradicionais conceitos de eficiência e eficácia os
de efetividade e congruência. As noções de congruência e efetividade, como medidas de
intencionalidade e impacto, ampliam os conceitos de eficiência e eficácia, indicadores de
produção e desempenho, conceitos restritos à dimensão organizacional. Congruência e
efetividade são conceitos que buscam situar a organização no seu ambiente.
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U NIDADE 24
Atribuições do Diretor e Seu Papel como Administrador de uma Comunidade
Educativa
Cada uma destas razões exige que o Diretor, ao exercer suas funções, adquira novo perfil.
Deixando de ser apenas:
Animador pedagógico
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Administrador/gestor da escola
Agente de mudança e agente do desenvolvimento.
Confrontado com uma situação mais complexa, o Diretor de Escola surge cada vez mais
como o Gestor da Comunidade Educativa.
Terá de encontrar os meios de conciliar esta função com a de Administrador, representante
da Administração Central.
"Muitas pessoas pensam que a felicidade somente será possível depois de alcançar algo,
mas a verdade é que deixar para ser feliz amanhã é uma forma de ser infeliz."
(ROBERTO SHINYASHIKI)
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U NIDADE 25
O DIRETOR-GESTOR
A Gestão Escolar
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empreendimento: na maior parte por países, a educação tornou-se a primeira e
mais importante empresa.
O Diretor de Escola vem assumindo, pouco a pouco, importância cada vez maior na
administração. Progressivamente, ele foi levado a desempenhar, num certo sentido, todas as
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funções. Esta nova realidade implica que sejam redefinidas suas atribuições, a fim de que
sejam evitados choques de competência. Por um lado, o poder do Diretor de Escola é
proporcional ao do supervisor; por outro, ao dos professores.
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UNIDADE 26
As Funções do Diretor Gestor
Mesmo dispondo de pessoal em número reduzido, as escolas podem exercer, hoje em dia,
múltiplas funções, cuja diversidade crescente justificou e justifica a atribuição de progressiva
autonomia e de mais amplas responsabilidades, tais como:
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Essa tendência para “a escola se fechar em si mesma” reduz o campo de participação dos
diversos elementos da comunidade escolar a uma simples presença passiva nas instâncias
consultivas e tende a reforçar o papel e a função de direção a que vamos agora consagrar
atenção particular.
“As regras do jogo”, determinadas pelo poder relativo dos fatores humanos,
sociais e políticos, através da pressão dos grupos em presença, e pela partilha
fundamental dos domínios e dos meios de poder;
Tendo como palco à Escola, a peça pode resumir-se a um monólogo, se o diretor de escola,
de perfil autoritário, reduzir o diálogo a um simulacro de consulta que lhe assegura a decisão
final, ou então se ele manipular os diversos autores – alunos, professores, pais – de forma a
tirar proveito de seus conflitos.
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Tal teatro é tanto ou mais possível, na medida em que o poder de intervenção se transferir
dos professores e dos pais para os próprios alunos.
Os questionários são, acima de tudo, instrumentos de autoanálise. São propostos, não para
que se responda de maneira precisa a todas as questões, mas para que o diretor possa
refletir e distanciar-se em relação à sua prática cotidiana.
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U NIDADE 27
O Diretor, Controlador e Avaliador da Gestão Escolar.
Último elo da cadeia administrativa que mantém presença real na Escola, o Diretor tem a
responsabilidade de reunir as informações necessárias para facilitar a tomada de decisão.
Além dos relatórios e das informações de ordem quantitativa colhida pelos levantamentos
estatísticos, o diretor deve desempenhar papel efetivo no controle e na avaliação do ensino
realizado por sua escola, mesmo que esse papel nem sempre se encontre muito claro nos
textos oficiais.
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O diretor de escola não tem normalmente necessidade de conhecer os resultados obtidos
pelos alunos. (Se essa informação é necessária, por exemplo, quando se recebe a visita de
um pai, é sempre possível consultar os registros do aluno ou o respectivo professor.) Por
outro lado, o diretor precisa ser informado do progresso de cada classe de sua escola, de
forma a poder utilizar os recursos de que dispõe, de acordo com as necessidades, prestando
apoio a todas as classes, para que possam atingir os objetivos propostos.
Para esse fim, o diretor poderá organizar, por exemplo, em cada bimestre, uma reunião de
“balanço” com cada um dos professores ou com os professores agrupados por série. Nessas
reuniões, os resultados deverão ser organizados classe por classe, analisados e
comparados. A finalidade que se pretende atingir é determinar quais as classes que
necessitam de apoio suplementar, no sentido de se saber se convém manter ou não os
objetivos, ou se, ao contrário, há necessidade de modificá-los (muito ou pouco). Ou, ainda,
se há necessidade de modificar a organização da escola (introdução de atividades de
recuperação, atividades livres,...).
De todos esses encontros e reuniões, o diretor fará uma síntese global para cada classe, que
em princípio transmitirá ao supervisor ou ao serviço administrativo competente. Deve-se
destacar aqui, de forma muito especial, a iniciativa e a responsabilidade do diretor.
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Se tal sistema de síntese ainda não existir, em nível mais amplo, os diretores de escola e seu
supervisor podem organizar um sistema de informação que permita a cada escola comparar
seus resultados com os das escolas vizinhas. Essa comparação pode revelar-se muito rica
de ensinamentos.
Admitindo que, para as três disciplinas consideradas, tenham sido avaliados os resultados
obtidos em 10 perguntas ou provas em relação a cinco aspectos ou domínios específicos,
classificados de 1 a 5, de que resulta uma classificação total T, torna-se possível
estabelecer, para uma determinada classe, um quadro análogo ao que a seguir se reproduz
(figuram no quadro apenas 4 alunos: A, B, C, D).
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Alunos Língua Pátria Matemática Ciências
1 2 3 4 5 T 1 2 3 4 5 T 1 2 3 4 5 T
A 10 4 9 10 10 43 5 5 3 7 5 25 10 9 10 9 10 48
B 8 1 8 9 10 36 7 8 9 7 7 38 8 8 9 9 8 42
C 7 3 8 9 9 36 7 9 8 7 7 38 10 8 9 8 8 43
D 9 2 9 8 9 37 7 9 7 7 7 37 9 10 8 9 9 45
…
…
Durante a reunião de balanço, orientada pelo diretor, com o professor da classe é então
possível determinar, com ajuda do quadro, tal como está constituído, o elemento significativo
referente a cada aluno e ao conjunto da turma.
Outra conclusão: em Língua Pátria, todos os alunos tiveram muito bons resultados, exceto
nas questões relativas ao assunto n° 2. O professor deve, então, neste caso, refletir por que
razão houve falta de compreensão e pouca eficiência na aprendizagem dessa matéria (se
dedicou tempo suficiente, se as explicações não teriam sido muito confusas, se o livro de
texto tratava do assunto, se houve trabalho para casa, se o material didático era adequado,
as razões podem ser múltiplas).
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Para isso, tentará determinar a “eficácia absoluta” quanto à parte do programa de ensino que
foi assimilado pelos alunos de sua escola e será levado a examinar a “eficácia relativa”,
comparando seus resultados com os das escolas vizinhas.
Pode-se medir o grau de eficácia absoluta através do cálculo da porcentagem de alunos que
atingiram o domínio deste ou daquele aspecto da aprendizagem, desta ou daquela disciplina
(mais de 75%, o resultado é excelente; menos de 25%, o resultado é mau).
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Por exemplo, em Língua Pátria, a eficácia da escola é medíocre em relação às escolas
semelhantes ou ao conjunto das escolas. Esta situação deverá suscitar numerosas
perguntas:
Será necessário proceder ao reexame do programa do ensino de Língua Pátria?
Será útil visitar a escola semelhante que obteve o melhor rendimento?
Será conveniente rever as perguntas que foram feitas sobre os diversos aspectos?
Será preciso organizar formação em serviço para os professores desta disciplina?
O quadro demonstra, por outro lado, que a escola obteve os melhores resultados de toda a
região em Matemática. No entanto, são grandes as diferenças entre os rapazes e as moças.
E isto levanta um outro tipo de problema. Como resolvê-lo?
Por fim, os resultados em Ciências são inferiores à média da região, mas idênticos aos
obtidos pelas escolas semelhantes. O que pode explicar-se pela diferença de recursos em
material didático, fato nem sempre fácil de remediar, se considerarmos que os equipamentos
para o ensino de Ciências são sempre caros.
Por exemplo, uma escola tem turmas com muitos alunos, com instalações inadequadas e
dispõe de poucos ou de nenhum livro de texto. Está situada no meio rural, onde a maior
parte dos pais dos alunos é analfabeta. Seria de todo injusto comparar os resultados em
leitura e escrita com a média obtida no país e se concluísse que seu ensino é ineficaz. Ao
contrário, se levarmos em conta seu contexto real, o rendimento é admirável e,
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relativamente, bem mais elevado que os obtidos por uma escola urbana bem equipada e
com número de alunos muito mais limitado.
De fato, o diretor de escola não é responsável pela condição sócioeconômica das famílias,
pelas características climáticas e econômicas do território onde a escola está situada, pelo
grau de isolamento dos serviços culturais. Por outro lado, pode, em articulação com seus
superiores hierárquicos, desenvolver uma ação imediata, através de um programa de
formação (ou auto formação) em serviço dos professores, de aquisição de mais livros de
texto, ou aumentar o número de trabalhos para casa ou, ainda, aumentar as sessões de
estudo dirigidas após o fim das aulas.
A questão realmente importante para o diretor, neste caso, é o fato de poder informar seus
superiores, de modo a que as autoridades locais, regionais ou estaduais, devidamente
esclarecidas, sejam capazes de determinar as prioridades e de tomar as decisões mais
apropriadas para melhorar a qualidade do ensino.
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Além das classificações obtidas nas disciplinas fundamentais do ensino, convém também
levar em consideração outros critérios, para evitar que a escola caia no perigo, sempre muito
real, do saber enciclopédico e do saber abstrato.
O diretor deve ter o maior interesse em acompanhar, ano após ano, as diferentes taxas de
promoção e de sucesso escolar de seus alunos e das diversas classes de sua escola. Desta
forma, poderá estar em condições de propor aos professores ou à comunidade local,
objetivos precisos e quantificados pra melhorar as taxas de promoção (igualar ou ultrapassar,
por exemplo, a taxa média nacional).
Está transição não se realiza, contudo, sem problemas, por duas razões essenciais:
Por um lado, o corpo docente e a escola têm a tendência, na maior parte das vezes,
de privilegiar o acesso dos alunos no ensino de tipo acadêmico e remetem para um
plano inferior a formação prática que seria muito útil para aqueles que, muito cedo,
ingressam na força de trabalho;
Por outro lado, os pais têm a esperança de que a escola consiga levar seus filhos até
o ensino.
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O controle e a avaliação dos professores
A observação de uma aula pelo Diretor, durante uma visita a uma classe, não deve ser
encarada como uma ação de controle ou de crítica, mas como uma forma de apoio, onde é
importante explicar bem aos professores visitados.
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U NIDADE 28
O Diretor- Agente da Ligação Escola-Comunidade.
Mas como se sabe muito bem, não acabam aí, as tarefas e as funções de um Diretor de
Escola, o qual deve ser também mais próximo: a escola situa-se no centro de uma
comunidade educacional, e esta não se restringe apenas aos professores.
O quadro a seguir permitirá ao Diretor avaliar as atividades que podem ser beneficiadas pela
participação da comunidade, levando em conta que a legislação em vigor, quer a riqueza, a
autonomia e o poder político da comunidade e, sobretudo, a excelência das relações
pessoais que possa estabelecer com os responsáveis locais.
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ATIVIDADE Autoridade Escola Professores Comunidade
Educacional Pais
FINANCIAMENTO
A obtenção de recursos para o sistema
de ensino.
Obtenção de créditos para financiamento
do ensino.
Compra de material didático:
Livros de texto
Material escolar
Outros
Despesas com o pessoal docente,
administrativo, em serviço.
Construção, manutenção, conservação.
CURRÍCULO
Desenvolvimento do programa de
ensino.
Elaboração do currículo;
Seleção de materiais;
Seleção de métodos de ensino.
ALUNOS
Orientação;
Avaliação.
PROFESSORES
Recrutamento;
Nomeação/Atribuição;
Condições de trabalho.
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O diretor, agente do desenvolvimento.
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É nesse contexto de dificuldades que se atribui importância, cada vez maior, ao pessoal de
“supervisão” e, de modo particular, ao diretor.
“A qualificação e a motivação do diretor de escola são hoje a dimensão que mais atenções
requerem, não só porque o diretor é o pólo integrador de todos os demais, mas também
porque é o elemento determinante da eficácia da ação educativa”.
"A maior vitória na competição é derivada da satisfação interna de saber que você fez o
seu melhor e que você obteve o máximo daquilo que você deu." (Howard Cosell)
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U NIDADE 29
Projeto Global da Escola
Como traduzir em fatos concretos, no dia a dia da escola, o dinamismo e a eficiência que
fazem dela motor e o fator positivo da mudança, como chegar ao melhor funcionamento da
escola, como atingir a melhoria da qualidade do ensino, a não ser através da introdução e da
implementação institucional da inovação?
Os objetivos desse “projeto” deverão ser definidos claramente, tanto pelos professores
quanto pelos pais e pela comunidade. Estes objetivos poderiam ser os seguintes:
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Melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem
“Mensurável” pela diminuição dos índices de reprovação e de abandono, ou ainda pela
comparação dos resultados obtidos entre as várias disciplinas das diversas classes da
escola e, sobretudo, entre a escola e as escolas vizinhas;
Um tal de projeto pode constituir-se em função de três componentes, dois dos quais
podem ser conduzidos pelo diretor de escola e o terceiro dependendo das instâncias
superiores.
A maioria dos países adotou reformas profundas no Ensino Fundamental, atribuindo a este
nível de ensino novas finalidades e adotando também novos programas.
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Nesses casos, o Diretor de Escola tem ação determinante:
Tem de explicar as mudanças introduzidas, tanto aos professores quanto aos pais;
Deve, na maior parte das vezes, adaptar medidas, que são definidas no plano geral,
mas cujos processos de implementação não se encontram pormenorizados. Isto é, o
diretor de escola deverá saber adotar e adaptar as disposições gerais às situações
locais e às condições de sua escola.
Para tal:
O Conselho de escola;
A Associação de pais e mestres;
O Controle dos resultados obtidos pelas diversas classes e pelos alunos, serão os
principais instrumentos que o diretor poderá utilizar.
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A prática da correspondência interescolar.
O interesse de tais projetos pilotos, que podem ser financiados por agências de apoio à
pesquisa, é o de permitir trabalhar em uma área de geográfica relativamente grande, de tal
forma que as inovações introduzidas possam ter continuidade. É realmente difícil aumentar
em cada escola o orçamento e os recursos financeiros a fim de tomar a direção da escola
mais eficiente e, por conseguinte, poderá ser mais fácil conseguir recursos suplementares a
um conjunto de escolas que estão envolvidas no mesmo projeto.
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A integração de duas ou mais escolas tem naturalmente suas limitações, mas o projeto
poderá tomar outra dimensão se significar a integração de escolas de uma região.
O projeto piloto poderá conter (mas com possibilidades e meios acrescidos) o conjunto das
inovações indicadas nos parágrafos precedentes. O projeto piloto poderá ainda:
Estratégia de implementação
O projeto global da escola, tal como resume o esquema que se apresenta a seguir, não deve
ser proposto total e imediatamente aos professores, aos pais, aos responsáveis
comunitários. Com a ajuda deste texto, o diretor está em condições de efetuar uma análise
de si próprio e da sua escola. Essa autoanálise permitirá traçar uma estratégia. Por vezes,
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terão interesse em introduzir alterações mais ou menos consecutivas; outras poderão agir
mais rapidamente, reagrupando várias inovações.
Mas, qualquer que seja a estratégia seguida, não se deve esquecer que o engajamento dos
professores e a autorização dos superiores, assim como a adesão dos pais, são condições
indispensáveis e trunfos importantíssimos.
Alguns exemplos
...
Novos conteúdos, novas metodologias (qualidade de vida,
participação em projeto de desenvolvimento externo à
E escola.Experimentação de novas técnicas.) Participação em
projeto piloto
I
Criação do Conselho de escola para haver maior
X participação dos elementos da comunidade.
O
Projeto maior, como ensino de ciências, com dotações
suplementares.
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Novos programas, levando em conta o meio social, cultural
D
e econômico.
O Inovações ligadas à
Integração do ensino no meio rural, no trabalho produtivo. implementação de
S
reformas
Implementação de nova legislação, mais coerente.
O
B Autoformação assistida (apoio de professores mais
experientes).
J
E Autoprodução de material didático. Margem de
manobra do diretor
T
Estrutura, utilização das instalações, distribuição dos de escola
I alunos.
V
Associação de antigos alunos, correspondência escolar,
O integração da escola.
S
COMPONENTES DO PROJETO
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U NIDADE 30
Teste Reflexivo sobre Administração Escolar – comportamento e estilo de
administração.
Não é necessário o envio deste teste, ele servirá para autorreflexão sobre os
conteúdos estudados.
Indicações Prévias
Autocrático
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Democrático
“Laissez-Faire”
Burocrático
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Carismático
O termo carismático é de difícil explicação. Traduzindo literalmente significa
“favorito de Deus” e implica a noção de irradiação magnética pessoal
intensa e, também, espiritualidade interior profunda. Gandhi ou Joana
D´Arc são considerados, por exemplo, como chefes carismáticos. O mesmo
certamente pode ser dito em relação a Martin Luther King ou Papa João
Paulo II.
A maior parte dos diretores exerce sua própria autoridade, misturando estes diversos
modelos, ainda que a forma de direção carismática seja mais rara, e que, frequentemente,
um determinado modelo predomine sobre os demais.
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Antes de iniciar sua Avaliação Online, é fundamental que você acesse sua SALA
DE AULA e faça a Atividade 3 no “link” ATIVIDADES.
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B IBLIOGRAFIA
Caso haja dúvidas sobre algum termo ou sigla utilizada, consulte o link Bibliografia em sua
sala de aula, no site da ESAB.
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G LOSSÁRIO
Caso haja dúvidas sobre algum termo ou sigla utilizada, consulte o link Glossário em sua
sala de aula, no site da ESAB.
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