Você está na página 1de 53

INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA Prof.

Jainara Gomes
Saúde Pública

Saúde Coletiva
A Saúde
Pública
SAÚDE PÚBLICA

Formas de agenciamento Político/governamental


(programas, serviços, instituições);

Objeto de trabalho é definido em termos de: mortes,


doenças, agravos e riscos em suas ocorrências no nível
da coletividade

Mobiliza a epidemiologia tradicional, o planejamento


normativo da concepção biologicista da saúde.
SAÚDE COLETIVA

Se propõem a utilizar como instrumentos de


trabalho a:

Epidemiologia social ou crítica que, aliada às


ciências sociais, prioriza o estudo da
determinação social e das desigualdades em
saúde, o planejamento estratégico e comunicativo
e a gestão democrática.
SAÚDE COLETIVA

Abre-se às contribuições de todos os saberes -


científicos e populares - que podem orientar a
elevação da consciência sanitária e a realização de
intervenções intersetoriais sobre os determinantes
estruturais da saúde.

Os movimentos como:
Promoção da saúde, cidades saudáveis, políticas públicas
saudáveis, saúde em todas as políticas compõem as
estratégias da Saúde Coletiva.
Quanto ao trabalho
propriamente dito...
NA SAÚDE PÚBLICA

É o trabalhador que desempenha as atividades das


vigilâncias tradicionais - Epidemiológica e Sanitária -,
aplica os modelos de transmissão de doenças (controle
de riscos);
Realiza ações de educação sanitária e fiscaliza a
produção e a distribuição de bens e serviços definidos
como de interesse da saúde na perspectiva reducionista
do risco sanitário, definido pela clínica biomédica.
NA SAÚDE PÚBLICA

O trabalhador assume as tarefas do planejamento


normativo, que define objetivos e metas sem
considerar outros pontos de vista;
e sem ter em conta a distribuição do poder na
sociedade, e da administração sanitária, orientada
pelas tentativas de controle burocrático dos
trabalhadores subalternos.
NA SAÚDE COLETIVA

Ao agente da Saúde Coletiva se atribui um papel


abrangente e estratégico:

a responsabilidade pela direção do processo coletivo de


trabalho, tanto na dimensão epidemiológica e social de
apreensão e compreensão das necessidades de saúde,
quanto na dimensão organizacional e gerencial de seleção
e operação de tecnologias para o atendimento dessas
necessidades.

(perspectiva assumida pela Abrasco)


PORTANTO...

A Saúde Pública
São ações promovidas por diversas instituições
do Estado para a promoção do bem estar. É a
aplicação de conhecimentos (médicos ou não) com
o objetivo de organizar os sistemas e serviços de
saúde.

Saúde Coletiva
Expressão que designa um campo de saber
e práticas em saúde como fenômeno
social, de interesse público.
PRA REFORÇAR...
SAÚDE COLETIVA

Pode ser definida como um campo de produção de


conhecimentos voltados para a compreensão da saúde
e a explicação de seus determinantes sociais, bem
como o âmbito de práticas direcionadas
prioritariamente para sua promoção, além de voltadas
para a prevenção e o cuidado a agravos e a doenças,
tomando por objeto não apenas os indivíduos mas,
sobretudo, os grupos sociais, portanto a
COLETIVIDADE.
(Paim, 1982; Donnangelo 1983).
PRA REFORÇAR...
SAÚDE COLETIVA

É uma expressão que designa um campo de saber e


de práticas referido à saúde como fenômeno
social e, portanto, de interesse público/coletivo.

“A Saúde Coletiva pode ser considerada como um


campo de conhecimento de natureza
interdisciplinar cujas disciplinas básicas são a
epidemiologia, o planejamento/administração de
saúde e as ciências sociais em saúde”
(Paim; Almeida Filho, 2000, p. 63).
Embora a Saúde Coletiva historicamente tenha
sido constituída principalmente por médicos,
outros profissionais como: cientistas sociais,
enfermeiros, odontólogos, farmacêuticos e
também agentes oriundos de outras áreas
contribuíram para a sua construção.
É uma área multiprofissional e
interdisciplinar!!!
Falando em Saúde Pública ....

Como está a nossa?????


OU ASSIM...
O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) É O
MEIO DE CONCRETIZAR O DIREITO À SAÚDE
O SUS E A PROTEÇÃO DA VIDA
Precisamos então, compreender de
onde partimos para saber aonde
estamos...

De onde surgiu a Saúde coletiva?


Ela de fato importa?
SAÚDE POPULAÇÃO:
ASPECTOS HISTÓRICOS DA SAÚDE COLETIVA

A saúde da coletividade tem sido objeto de intervenções desde o


mercantilismo e o absolutismo, em que as populações passam a ser
consideradas em si mesmas, uma riqueza a ser preservada e
multiplicada.

Ao Poder Público, então, cabia contar o número de súditos, conhecer


sua condições de vida - incluindo as taxas de natalidade e de
mortalidade - e agir para promover o crescimento e a saúde da
população.
NESSE CONTEXTO SURGE A
ARITMÉTICA POLÍTICA
Criado pelo Conselho de Saúde de Londres, proposto por
William Petty (Médico, economista, cientista e filósofo
britânico) em 1687.
Que:
dá origem ao estudo Estatísticos dos fenômenos sociais e
políticos.,

Petty, separa a ciência da moral.

“A ciência não resolve problemas morais, ela somente se


reporta aos meios”
NESSE CONTEXTO SURGE A
ARITMÉTICA POLÍTICA

Sem chegar a desenvolver um sistema geral de


conhecimento, ele limitou – se a ditar soluções
para um conjunto de problemas práticos;

Sua aritmética Política tornou-se um guia geral


para Políticas Públicas, no entanto, ele não
apresentou nenhuma contribuição para a análise
econômica;
WILLIAM PETTY

Propôs a criação de
uma empresa de Estatística Central, que
registasse não só os batismos,
casamentos e mortes, mas também outro
s dados como a tipologia das casas
habitadas, o n.º de membros das famílias,
idades, ocupações, entre outros;
e sugeriu a elaboração de Tabelas de
Sobrevivência (life tables), com base nas
taxas de mortalidade por grupos etários.
É ORGANIZADA A POLÍCIA MÉDICA,
NA ALEMANHA.

Polícia Médica expressam a responsabilidade do Estado


pela definição de leis e regulamentos sobre a saúde
das pessoas, incluindo a fiscalização de sua
aplicação.

Voltadas para a supervisão da saúde das populações, o


que correspondia a regulamentação da educação
médica, supervisão de farmácias e hospitais,
prevenção de epidemias, combate ao charlantarismo
e esclarecimento público.
POLÍCIA MÉDICA

Esse movimento continua com a


institucionalização da Higiene, na França,
na primeira metade do século XIX, vista
como a parte da medicina responsável por
ajudar a administração pública a manter a
população saudável, com base em um
conjunto de:
regras, normas, prescrições e recomendações
a serem observadas pelas famílias e pelos
indivíduos.
ASPECTOS HISTÓRICOS DA SAÚDE COLETIVA

Como desdobramento da Higiene, surge o movimento da


Medicina Social, inspirado no socialismo utópico de Saint-
Simon.

Esse movimento, que ocorre na França, e na Alemanha,,


afirma o caráter social das doenças e da prática
médica, destacando que a promoção da saúde e o
enfrentamento das doenças exigem medidas de caráter
médico e social.
Na mesma época, na Inglaterra, a industrialização e a
urbanização agravam as condições de saúde dos
trabalhadores, em particular, e da população, em geral, a ponto
de motivar uma investigação oficial, cujos resultados são
sistematizados por Edwin Chadwick no relatório (1842) que leva
eu nome.
Esse movimento, intitulado de Sanitarismo ou Saúde Pública,
enfatiza as ações de saneamento ambiental, que têm força de lei,
com medidas como o Ato de Saúde Pública de 1848.

reformador social inglês que é conhecido por


sua liderança na reforma das Leis Pobres na
Inglaterra e por instituir reformas
importantes no saneamento urbano e na saúde
pública.
ASPECTOS HISTÓRICOS DA SAÚDE
COLETIVA

Um pouco mais tarde, já no final do século XIX, os


Estados Unidos adotam medidas inspiradas na Saúde
Pública inglesa e criam, em 1879, o Departamento
Nacional de Saúde, que desenvolve:

ações de saneamento, voltadas fundamentalmente para


o controle de doenças infecciosas de acordo com as
recomendações oriundas da nascente bacteriologia.
PRINCÍPIO DA SAÚDE COLETIVA NO BRASIL...

No Brasil, as intervenções sobre a saúde da


coletividade ganham força durante a República
Velha, como estratégia de saneamento dos
espaços de circulação da economia cafeeira.

É a época de Oswaldo Cruz e das campanhas


sanitárias, em que se destacam as medidas de
saneamento voltadas à erradicação da Febre
Amarela urbana e a vacinação obrigatória contra a
varíola.
PRINCÍPIO DA SAÚDE COLETIVA NO BRASIL...

A partir do Estado Novo (regime político instaurado


por Getúlio Vargas), as campanhas se
institucionalizam em programas de saúde pública,
dentro do Ministério da Educação e Saúde Pública e,
depois de 1953, no Ministério da Saúde.

durante a 2ª Guerra Mundial, o modelo norte-


americano de organização de programas de saúde é
adotado pelo governo brasileiro com a criação do
Serviço Especial de Saúde Pública.
PRINCÍPIO DA SAÚDE COLETIVA NO BRASIL...

Para compreender a emergência da Saúde Coletiva, deve-se


mencionar que a assistência médica individual se desenvolve sem
articulação direta com a Saúde Pública campanhista e programática,
através dos Institutos de Aposentadoria e Pensão, destinados a
prover serviços às categorias de trabalhadores formalmente
empregados

Mais tarde, nos anos 60, essa chamada medicina previdenciária vai
ensejar o surgimento da “saúde suplementar”, constituída pelos
planos e seguros de saúde que irão se tornar o setor hegemônico
do sistema de saúde brasileiro na penúltima década do século XX.
Todos esses movimentos de ideologias e intervenções sobre a
saúde das populações, ainda que longínquos na história, são
importantes para a discussão que, nos anos 70, no Brasil,
leva à ideia de Saúde Coletiva.

O mais importante de todos, como inspiração político-ideológica,


é, certamente, a Medicina Social, concebida durante as
revoluções de 1848, na Europa, que identifica na estrutura
social classista o principal determinante das condições de
saúde da coletividade.

busca implementar o cuidado social através de


compreender como as condições sociais e econômicas
impactam a saúde, a doença e a prática da medicina
e promovendo condições em que esse entendimento
pode levar a uma sociedade mais saudável.
ORIGENS DA SAÚDE COLETIVA
CONTEXTO BRASILEIRO

Década de 70 – Medicina Social

“ Valorização do social enquanto esfera de determinação dos


adoecimentos e possibilidades de saúde, na prevenção das
doenças e na promoção da saúde, assim como esfera própria de
intervenção, para além de uma articulação com a medicina como
intervenção nos casos individuais.”

Intervenção do Estado –
Atenção à Saúde dos trabalhadores!!!
DÉCADA DE 70 – MEDICINA SOCIAL

A saúde das pessoas é um assunto societário direto e que a sociedade têm


Princípio I
a obrigação de proteger e assegurar a saúde de seus membros

As condições sociais e econômicas têm um importante e crucial


Princípio II impacto sobre a saúde e a doença e que estas relações devem ser
submetidas às investigações científicas.

Os passos tomados para promover a saúde e combater a doença devem ser


Princípio III
tantos sociais como médicos.
DÉCADA DE 70- CAMPO DA SAÚDE COLETIVA

• Democratização da Saúde
1974- Centro Brasileiro de
Estudos de Saúde (CEBES) • Pensamento em Saúde

1979 –
• Redefinir a formação de
DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE PROGRAMAS DE PÓS pessoal para a área da
GRADUAÇÃO EM SAÚDE
COLETIVA (ABRASCO)
saúde
Objeto da saúde coletiva é construído nos limites do
biológico e do social

Compreende a investigação dos determinantes da


produção social das doenças e da organização dos
serviços de saúde.

O caráter interdisciplinar desse objeto sugere uma integração


no plano de conhecimento e no plano da estratégia de reunir
profissionais com múltiplas formações.
SAÚDE COLETIVA NO CAMPO DA SAÚDE

Plano Horizontal
❖ Saberes e práticas de várias categorias
profissionais e atores sociais – mudanças do modelo
de atenção e da lógica com que funcionam os serviços
de saúde em geral.

Plano vertical
❖Saberes e práticas de uma área específica de
intervenção sobre o processo saúde e doença.
A SAÚDE COLETIVA ENTENDE QUE AS
CONDIÇÕES DE SAÚDE E DOENÇA NÃO
ACONTECEM AO ACASO NEM POR ACASO...

É determinado por um processo permanente e


dinâmico com interações de diversos fatores
relacionados com a qualidade de vida

Tem distribuição diferenciada dos eventos relacionados


com saúde e doença em grupos populacionais.

PAIM E SCHRAIBER,
2014.
DOENÇA

Desajustamento ou falha nos mecanismos de


adaptação do organismo, ou uma ausência de
reação aos estímulos a cuja ação está exposto.

A doença é um sinal da alteração do equilíbrio


homem-ambiente, estaticamente relevante e
precocemente calculável, produzida pelas
transformações produtivas, territoriais,
demográficas e culturais.
SAÚDE

Em seu sendo mais abrangente, é a resultante


das condições de alimentação, habitação,
educação, renda, meio ambiente, trabalho,
transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e
posse de terra e acesso a serviços de saúde.

Resultado das formas de organização social da


produção, as quais podem gerar grandes
desigualdades nos níveis de vida.
OS MESMOS FATORES QUE PERMITEM O
HOMEM VIVER, PODEM CAUSAR DOENÇAS

Normalidade
Doença
Água Trabalho
Alimento
Habitação
Clima Ar
Relações familiares e sociais
O processo saúde e doença representa o conjunto de relações e variáveis
que produz e condiciona o estado de saúde e doença de uma população,
que se modificou nos diversos momentos históricos.

CAMPOS DE CO-PRODUÇÃO MODOS DE INTERVENÇÃO FATORES DE CO-PRODUÇÃO

Particular Biológico sujeito:


desejo e interesse
Inerente ao sujeito/ a pessoa Corresponsabilização da saúde
Singular Políticas públicas, Gestão em Dominação/eliminação do
saúde, trabalho e Práticas agente.
Capacidade de intervenção dos cotidinas Espaços dialógicos com
sujeitos sobre a dinâmica da formação de compromisso e
saúde e da doença e de suas construção de contratos
organizações.

Universal Necessidades sociais,


Transcendente ao sujeito instituições e organizações,
contexto econômico, cultura e
social.
Algo já incomodou você nos
serviços de saúde pública?

Você enxerga algo importante na


saúde coletiva da sua cidade?

Qual a necessidade atual?

Você também pode gostar