No labirinto exercita-se o ato de andar. Andar como
aprender, perceber o labirinto, um espaço que por ser um enigma ou ato enganador, nos provoca a verificar os sentidos. Para escapar do labirinto precisamos da visão que denuncia as diferenças, para que finalmente escapemos da semelhança das suas paredes e da escuta que nos permite diferenciar as distâncias e reconhecer o percorrido.
Estar no labirinto é estar suspenso, um estado de tensão
dos sentidos, percepção sintonizada no tempo da caminhada. Andar e perceber, eis o enigma do anônimo cidadão que caminha na cidade, envolvido com seus pensamentos, o devir-andar. A cidade também é um labirinto e precisa ser decifrada. Seu mapa é algo a ser aprendido e caminhar por ela nos lembra da sua história em todos os momentos, perceber a cidade através da sua história é reter mais do que a simples fruição das suas luzes e sons, é estar diante e experienciar as suas pequenas histórias, os seus becos, que são lugares que trazem afetos e lembranças assim como possibilidades de vida, que não se aprendem. É a ideia de uma cidade viva, através dos séculos, formada por um tempo dos instantes vividos, mas que permanece presa a uma lógica interna.
Poder alterar o labirinto é experimentar o exercício do
enigma, criar uma passagem pelas paredes móveis, mudar o fatalismo do labirinto é mudar tambem o destino de quem anda, que passa de passivo a um ser ativo, atuante, e mutável. Eis o caminhante, que adquire uma consciência de si próprio a partir da percepção pura, pois ele é o cerne do labirinto.