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Liderar em tempos de crise

O papel de um líder por si só já é exigente, mas é num ambiente de dificuldade


que se conhecem os verdadeiros líderes.
Perante a crise que vivemos atualmente, onde as empresas enfrentam
problemas como a falta de receitas, quebra das vendas, onde se perdem também
clientes, é fácil para um chefe gerir as dificuldades que lhe vão aparecer. Perante a
falta de lucro, a solução é simples: cortar nos custos. E por isso um dos primeiros
passos será dispensar funcionários. Infelizmente é uma situação que acontece
atualmente no nosso mercado empresarial, embora o nosso governo tenha tentado
implementar medidas no sentido de contrariar isso, limitando por exemplo o acesso ao
crédito a empresas que garantissem não despedir, entre outras medidas.
Hoje em dia, onde princípios como motivação e recompensa são obrigatórios
para que haja o bom desempenho geral dentro de uma organização, nunca os bons
líderes foram tão necessários. Liderar neste momento que estamos a atravessar é
difícil, porque a verdade é que ninguém estava preparado para que o mundo se
fechasse dentro de quatro paredes.
Na minha opinião, os 3 fatores mais importantes são os seguintes:
1. A comunicação. É uma necessidade básica para as boas relações, mais
ainda no
mundo empresarial. “Porque é a falar que as pessoas se entendem”.
A comunicação é essencial em períodos de crise, um líder tem de ser
honesto e comunicativo com os seus colaboradores, mostrar que está disponível para
os ouvir, para os tranquilizar e para lhe transmitir a confiança e a segurança que eles
necessitam. Afinal de contas já basta o desconhecimento e a incerteza que existe
relativamente à Saúde. O desempenho das pessoas está relacionado com o seu estado
de espírito, por isso, colaboradores desconfiados ou receosos não são produtivos.
A partir desta comunicação, os líderes poderão também colher ideias dos
seus colaboradores para reformular o novo plano estratégico tendo em conta o momento
que vivem. Introduzir as pessoas nas soluções dos problemas é um passo para que a
resolução destes seja mais eficaz.

2. A capacidade de adaptar toda a logística da empresa. Embora já muita


gente trabalhe a partir de casa, o teletrabalho ainda não era uma realidade para a
maioria das pessoas. É necessário haver uma fase de adaptação a esta nova
realidade e criar meios para que os colaboradores possam continuar a realizar o seu
trabalho à distância. Juntando a isto o facto de que a maioria delas ficou com as
crianças em casa, claramente que isso afeta o seu desempenho. Neste sentido, os
líderes terão de ser mais flexíveis e compreensíveis com esta situação, mas poderão
também aproveitar esta experiência para, a médio/longo prazo, estruturarem as suas
empresas para que esta seja uma opção para os seus colaboradores. Para mim,
trabalhar a partir de casa é uma proposta aliciante, afinal de contas podemos
organizar o nosso tempo conforme as nossas rotinas e trabalhar no conforto do nosso
lar. Isto levará as empresas a poupar alguns custos a nível de infraestruturas – por
isso, vendo desta perspetiva, poderá tornar-se uma boa oportunidade para as
empresas!

3. Perceber a necessidade de investimento, perante a quebra de receitas.


Neste ponto, o melhor exemplo é o setor da restauração e hotelaria. O investimento
em equipamentos de segurança e higiene é brutal, para que possam voltar a abrir as
suas portas aos seus clientes. E mesmo com portas fechadas e a maioria deles sem
quaisquer receitas nestes últimos meses, é necessário que o líder entenda que esse
esforço é imprescindível. Transmitir segurança aos seus colaboradores e clientes, é
meio caminho para conseguir voltar à “normalidade” de hoje em dia.
Claramente que este é um tema inesgotável, e é a capacidade de adaptação e
inovação que cada líder tem é o que vai ditar o futuro das suas empresas.
Para mim, uma das coisas que poderia ter sido feito de forma diferente seria o
apoio do Estado às empresas. Houve muita publicidade relativamente às linhas de
crédito de apoio ao Covid-19, mas a realidade é que estes apoios não chegaram a
quem realmente precisavam. Falo por experiência própria, por conhecimento de causa
de uma micro-empresa de familiares da área da marroquinaria e calçado de apenas 3
funcionários, que recorreram logo no início do Estado de Emergência à linha para
Apoio à Tesouraria para pedir o valor de (uns míseros) 20.000€ para garantir o
pagamento de ordenados e a fornecedores porque não sabiam por quanto tempo
estariam sem encomendas, não sendo um setor primário a probabilidade de voltarem
à atividade normal é muito baixa, e antes que tivessem qualquer resposta as linhas
foram fechadas e não conseguiram o apoio. Como eles há outros exemplos, e ouve-se
a velha história de que “os grandes comem sempre primeiro”. Vistas as coisas de
modo prático, o banco não ia ganhar nada com o empréstimo de 20.000€ com taxas
de 1,5% , portanto eu entendo o porquê de terem ficado para o final da fila… No
entanto, a Benecar, uma grande empresa daqui da região recebeu uns largos milhões
de euros. Porque não haveriam eles de aproveitar o dinheiro quase de borla, e porque
não haveria o banco de lhes dar preferência que assim lucram muito mais em juros,
não é verdade?

Cristiana V. M. Lopes
Turma A, nº180100471

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