SANTOS
2021
BIANCA ALONSO VASQUES
FIORELLA BRUNELLI DOMINGUES
PAULA PINTO SPIRANDELI
SANTOS
2021
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 5
1 IDENTIFICAÇÃO DA ESTAGIÁRIA ............................................................................ 6
2 DESCRIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO .............................................................................. 7
4 ENTREVISTAS .............................................................................................................. 19
5 TABULAÇÃO ................................................................................................................. 41
7 PLANO DE AÇÃO......................................................................................................... 70
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 72
5
INTRODUÇÃO
1 Identificação da Estagiária
2 Descrição da Organização
2.2 Organograma
8
QUADRO DE PESSOAL
Gerontóloga/Psicóloga/Enfermeira 1
Médico 1
Secretária/Gerente 1
Nutricionista 1
Cozinheira 1
Técnica de Enfermagem 4
Cuidadores (Apoio) 8
Auxiliar Administrativo 1
Serviços Gerais 4
TOTAL 22
3 Planejamento do Diagnóstico
Legendas
P: Proprietário
F: Funcionário
História, Valores A identidade conceitual de uma Você sabe como a empresa foi
e Tarefa Primária empresa é estabelecida pelos fundada? (F)
valores que ela possui, e a
Você sabe quais são os valores da
história que ela viveu, sendo
empresa? (F)
assim, como a empresa se porta
e age é derivada desses fatores. Qual foi o ano e o motivo de ter
fundado a sua empresa? (P)
Já a tarefa primária, são os
objetivos centrais que guiam a Quais objetivos você tem para a sua
empresa. Tudo que uma empresa? Esses objetivos e valores
empresa faz, segue esses são compartilhados com a equipe?
objetivos, portanto é importante (P)
que a equipe tenha ciência não
somente da história e valores,
como a tarefa primária.
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Sobrevivência e Este conceito se refere a todas Você sente que tem um espaço para
Crescimento as estratégias, atos e práticas trazer dúvidas, críticas, ideias? E
Organizacional que uma empresa adota para se você sente que
manter no mercado, e ter são ouvidos ou implementados? (F)
crescimento. A participação dos
Por ser um atendimento
funcionários é um aspecto que
interdisciplinar, existe diálogo entre a
cada vez mais ganha espaço,
equipe para a melhoria do
pois trazem novas ideias, e
atendimento? (P/F)
conhecimentos que se
relacionam com a prática diária Há um espaço para que os
de suas funções. funcionários expressem suas ideias,
opiniões e críticas? Como você lida
com essas informações? (P)
Nosso primeiro contato com a instituição foi por meio da proprietária, onde
realizamos a entrevista por meio do Google Meet, juntamente com o professor
supervisor do Estágio Profissional. Por já conhecermos a proprietária, a entrevista
ocorreu de forma descontraída e confortável pelo fato de uma das estagiárias ser filha
dela, e teve duração de cerca de uma hora.
e última entrevista foi realizada pela mesma estagiária, porém via meet, devido a
agenda cheia da entrevistada, esta que é uma das cuidadoras da instituição.
Comunicação e Integração
Alienação
Colaboração
Saúde Organizacional
• Você sente que tem um espaço para trazer dúvidas, críticas, ideias? E você
sente que são ouvidos ou implementados? (F)
• Por ser um atendimento interdisciplinar, existe diálogo entre a equipe para
a melhoria do atendimento? (P/F)
• Há um espaço para que os funcionários expressem suas ideias, opiniões e
críticas? Como você lida com essas informações? (P)
• Existem estratégias para manter o conforto dos pacientes? (P)
• Houve adaptações frente a pandemia? (P)
3.4 Cronograma
4 Entrevistas
Olha, eu fundei em 97, o motivo foi: eu saí de uma grande empresa onde eu
trabalhava como psicóloga com o Maluff, em São Paulo, e essa empresa fechou e eu
vim pra Santos. E aí eu conheci uma pessoa, que ela tinha uma clínica, e queria abrir
uma outra com alguém que fosse jovem, na época eu tinha 40 anos, mais ou menos,
e ela queria alguém que fosse jovem que fizesse uma sociedade com ela, que tivesse
corrida, tivesse disposição. E aí nós nos associamos e montamos essa empresa e já
estamos... eu já to com essa empresa a 20 e poucos anos. (A sociedade se
mantém? Ou hoje você tá sozinha?). Não, graças a Deus, a sociedade não se
mantém porque nós temos... nós tínhamos pensamentos muito diferentes. O meu
pensamento sempre foi o melhor para o ser humano, não só... pra mim o ser humano,
ali dentro, não é só dinheiro, ele tem muito mais coisas que eu tenho que dar pra ele
e muitas coisas eu recebo dele. Nós pensávamos diferente. Eu sempre pensei no
paciente, no cliente da casa como um ser humano que eu tinha que cuidar, e ela era
uma pessoa mais prática que só pensava no dinheiro, então, por isso, a sociedade
não deu certo, ela acabou saindo e eu me mantive solo e to até hoje.
Quais objetivos você tem para a sua empresa? Esses objetivos e valores são
compartilhados com a equipe?
Ah sim, materiais que você deve tá falando são os EPIs, né? Os equipamentos
individuais. Não, eu forneço todos os materiais, touca, luva, avental, tudo que for
necessário a minha equipe tem. Se hoje lançam, que nem lançaram agora o spray,
que é superbacana, ele é muito melhor que o álcool gel, eu vou atrás, eu pesquiso,
eu compro pra equipe, faço todo mundo usar essa espuma, que mata 99,9 das
bactérias, ensino semanalmente os cuidados que tem que se ter, por causa do corona,
por causa das bactérias da rua, e tudo que eu vejo de material, que eu leio, que eu
vejo em televisão ou que eu pesquiso na internet, eu procuro adquirir pra trazer pra
equipe, pra gente ter mais segurança e ter o melhor conforto.
Quando você enfrenta desafios na sua função, que estratégias você usa para
superá-los e para se sentir motivado apesar deles?
pra tentar entender aonde que tá a falha, onde que tá o problema e qual a solução
que eu posso tomar. Eu reflito, eu discuto comigo mesmo, e aí até tomar uma decisão,
uma posição pra... Mas o escrever, o estar ali, é... tenho que escrever pra eu ler o
que que é, e aí tentar entender onde é que tá a falha, onde que tá a brecha. E eu
monto as metas, vai, tá difícil? Por exemplo, no começo da pandemia, todos os gastos
estavam lá, eu cheguei a um ponto de ficar com 20 pacientes, numa casa com 42
camas, eu tava no vermelho. Então, eu tive que sentar, colocar no papel, ver quais
eram as falhas, o que que eu tinha que fazer. Aonde que tava a falha? Não era
comigo, a falha tava no mundo, com o começo da pandemia e todo mundo com medo.
Então, eu tive que traçar estratégias, pra não ter que cortar equipe porque não dava,
eu sempre acreditei que a coisa vai melhorar, e melhorou, mas assim, você sempre
tem que estar muito atenta, mas o ideal, se puder escreve lá, qual é o problema? Pra
você tentar entender.
Ah, olha, eu não coloco o retorno financeiro, claro, ninguém trabalha de graça, eu
tenho retorno financeiro, já tive muito mais, hoje é bem menos, mas não é isso que
me agrada lá. O que me agrada lá é o prazer de cuidar do outro, é o prazer de tirar
alguém de uma crise, de receber alguém que não tinha amor, que não tinha
compreensão onde ela vivia, e eu transformar a vida dela, esse é o grande benefício
da minha vida. O dinheiro, hoje em dia eu posso dizer, é muito bom, faz muita falta,
eu preciso dele, mas tá em segundo plano pra mim.
Ah sim, sim, uma coisa que o funcionário gosta são de reuniões, reuniões assim, que
você coloque umas... ele sente a gente mais próximo dele. Então, ele gosta de sentir
o patrão, o dono da empresa... às vezes eles me colocam num pedestal, que eu não
gosto disso, eles acham que eu compreendo tudo... a maioria vem me contar os seus
problemas, adoram sentar no sofazinho da minha sala pra fazer terapia, e eu tento
tirar deles esse endeusamento. Tenho meus erros, tenho os meus acertos, mas,
assim, eu sempre procuro trazer a equipe muito perto, eles sabem que ali eles vão
sempre ter um líder, que sou eu, eu vou sempre ser o líder daquela matilha, mas eles
têm que tá junto comigo pro caminhar ser mais fácil, não adianta eu querer liderar e
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eu querer dominar tudo, não. Eu preciso deles caminhando lado a lado, junto comigo.
Então isso é uma coisa que eu sempre converso muito com eles, muito, quando eu
vejo alguém errando ou fazendo as coisas mecanicamente, sem amor, eu chamo pra
explicar, trago comigo, me aproximo mais da função dele, procuro ajudar, às vezes
até num banho, eu entro no banheiro e “vamo lá, vamo ensinar de novo como é que
se faz” e, dessa forma, a equipe vai ter muita confiança no seu líder, entendeu? O
endeusamento é ruim, mas ele confiar nessa liderança e seguir a liderança é muito
importante.
Tranquilas, as normas... é muito assim, nossas normas são muito pequenas, quando
o funcionário entra na empresa, eu já coloco tudo que pode, tudo que não pode, tudo
que deve ser feito, tudo que o paciente precisa, o respeito que ele tem que ter com o
paciente. Se um paciente... eu tenho, por exemplo, hoje, que já me é permitido,
pacientes com problemas mentais, né, com doenças mentais, até então eu não podia,
eu só deveria ter os idosos com a demência senil, com Parkinson, não, hoje eu já
posso abrir pra uma outra área. Então eu explico muito pro funcionário o que que é
aquela doença, o que que é a esquizofrenia, o que que é... ele tem que entender pra
ele estar experiente quando o paciente toma certas atitudes, ele tem que saber até
onde ele pode ir e onde ele deve me chamar. Então, isso que eu acho que, também,
é uma coisa muito importante, o funcionário tem que saber quais as doenças que
estão ali dentro, e como se deve proceder, o que que ele tem fazer, o que é esperado
dele pra fazer perante o paciente, entendeu?
É assim, se disser que sou eu, não dá. A minha grande... gerir a empresa
financeiramente, administrar, não dá pra eu ficar vendo o que cada funcionário tem
que fazer. Tem uma pessoa abaixo de mim, que é a C., que é a minha secretária, o
meu faz-tudo, a minha gerente, né? Ela contrata, geralmente, no final, eu participo da
entrevista, mas ela contrata, ela faz a planilha do que cada um tem que realizar, por
exemplo, fulano tem que dar 4 banhos e 5 comidas, ela faz essa divisão do trabalho
de cada um. Não dá pra eu cuidar da administração da empresa, da parte financeira...
23
Ah, afetou, aproximou muito. Tinha uns que quase não se falavam e hoje são
superamigos, eu digo até que eles saem hoje em dia em bando. Todos saem juntos,
todos saem grudados, coisa que antes, antigamente, não era. Cada um pegava sua
bicicletinha, sua motinha e ia embora, hoje não, eu vejo que eles estão muito mais
unidos, sabe? Como que um protegendo o outro, trocam muita confidência. Então, eu
acho, que essa... esse último ano aproximou muito as pessoas, as pessoas passaram
a apoiar quem tá do lado, então eu acho que foi muito bom.
Existe comunicação via redes sociais? Se sim, qual a função? Em que horário
essas redes funcionam?
Existe alguma tarefa que você faz e que é muito repetitiva, sem sentido ou
pouco eficiente?
Não, eu... quando eu vejo que uma tarefa... por exemplo, vou dar um exemplo pra
vocês. Quando a gente faz um... uma brincadeira com o paciente, ah... semana da
jardinagem, então vamo todo mundo pegar um vasinho... Vocês vão ver que meu
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jardim tá lindo, cheio de vasinho. Só que em 10, 15 dias eles já cansaram, aquela
atividade já passou. Então eu tenho que ter um olhar pra ver que aquilo cansou, tá na
hora da gente ver outra atividade. Uma atividade que eles gostam é... chama-se a
roda de conversa. Nós sentamos muito no jardim, todos sentam por ali, e eles sabem
que aonde eu estou tem comida, e pro paciente, pro idoso, é muito importante a
comida, eles valorizam demais a comida, e a minha comida é: pipoca, bolacha,
salgadinho, chocolate. Então nós sentamos em roda, ali no... no nosso jardim e
conversamos, aí começamos a falar de namorados, quando você menos pensa, tá
todo mundo contando das suas vidas, do que eles lembram, do que eles têm
saudades, então ali eles trocam informações das vidas, e os funcionários que tão
perto acabam participando, e também acabam contando sobre suas vidas. Então a
roda de conversa é uma atividade que nunca acaba, essa sempre vai permanecer.
Agora, as outras que a gente vai fazendo ao longo do tempo, como jardinagem,
pintura, isso vai cansando com o tempo. (Vocês fazem a roda de conversa toda
semana?). É, toda semana, todos os dias têm roda de conversa. (E aí tem um tema
que você implementa ou é livre? Qualquer um pode começar a falar?). É livre, é
livre, a gente pega o gancho na hora. Às vezes uma música, hoje um paciente, senhor
Carlos, ele me pediu uma música do Pixinguinha e, graças a Deus, a minha filha me
ensinou a mexer, como é que chama o canal? (Spotify?). Spotify. E aí no Spotify
você acha tudo, e eu achei o tal do Pixinguinha, adoro Pixinguinha também, e baixei
a música que ele me pediu, que chama-se Felicidade. Vocês precisam ver a
transformação, nós estávamos em 25 ali, todos conversavam sobre a música, todos
cantaram, a maioria lembrava da letra da música, foi, assim, superinteressante. E aí,
a partir do tema, felicidade, todo mundo começou a contar um motivo de felicidade
das suas vidas, motivo que eles lembravam. Então, uma senhora me contou que
felicidade, pra ela, era chegar do escolar que ela estudava e sentir o cheiro da comida
da mãe, que até hoje parece que ela sente o cheiro da comida da mãe. Aí outro já
contou que felicidade é quando ele podia sair no domingo com o pai, e passear, e
jogar bola no campinho. Então, você vê, que eu não escolhi o tema, o tema apareceu
por causa de uma música, e isso rodou acho que mais de 1 hora, 1 hora e meia, nós
ficamos ali conversando e fluiu, fomos em frente. (E você que é a mediadora desses
grupos?). Sempre, sempre.
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Não, competição tem, quem estudou um pouquinho mais se julga superior a quem
estudou menos, e isso é um problema na área da saúde. Eles acham que eu tô num
patamar muito alto igual ao médico porque, meu médico, ele quando chega na
empresa, a gente anda junto, a gente discute muito caso, eu sugiro qual é a
medicação que o paciente tem que tomar porque eu convivo com o paciente, ele só
vai lá duas vezes por semana. Então, eu acabo relatando o que que tá acontecendo
e dou a sugestão de medicação, então entre eu e ele não tem nenhum problema.
Agora, as técnicas de enfermagem, elas se acham absolutamente acima do pessoal
de apoio, e o que que elas fazem de diferente? O que elas fazem de diferente é o que
eu passo pra elas: ajudar num curativo, dar uma injeção, separar medicação... Mas
isso não é nada demais, né? Mas elas se julgam superiores ao pessoal do apoio, que
faz a mesma coisa que elas: dão o banho, cuidam do paciente, dão alimentação, elas
só não mexem na medicação. Então, nessa área, eu sempre tenho muito conflito, e
aí eu sou obrigada a chamar as partes, conversar e tentar entrosar, e se eu vejo que
ficou alguma coisa mal resolvida eu mudo a pessoa da equipe, faço uns rodízios de
equipe. (Mas isso melhorou, né? Depois da pandemia.). Ah, 100%, as pessoas, por
um motivo ruim, que é a pandemia, que tá todo mundo apavorado com isso, mas
mexeu no coração de todo mundo, as pessoas estão ouvindo, elas querem ouvir o
outro, elas querem falar, mas elas também querem ouvir o outro. Então isso acabou
aproximando e fazendo com que amizades que eram mornas, que eram chochas,
desabrochassem numa bela amizade. (A galera tá se ajudando mais então?).
Muito mais, muito mais, e se eu percebo que não, eu vou atrás. Aí eu começo a ajudar,
elas ficam sem graça, aí elas começam a fazer a parte. (E como se davam esses
conflitos entre as equipes?). Olha, eu já tive brigas entre funcionários de rolarem
no chão. É muito complicado, o ser humano, ele se julga muito perante o outro, eles
gostam de se comparar e gostam de ganhar na comparação, e quem é comparado
que é menor, não gosta. Então, o que que eles fazem, se agridem, né? Sabem brigar,
então eu tenho que tá muito atenta nisso, se eu percebo que de uma discussãozinha
um começou a provocar o outro ao longo do dia, eu já tenho que parar e chamar, eu
tenho que acabar com aquilo ali, por quê? Isso mexe com o emocional do meu
paciente, o meu paciente percebe, eles sabem quando um não gosta do outro e eles
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ficam aflitos com isso. Então eu, por bem da equipe, e por bem dos pacientes, eu
tenho que intervir na hora, na hora, e separo, e tento... chamo as duas pessoas,
converso individualmente primeiro com cada um, e depois trago as duas pessoas pra
gente tentar aparar as arestas.
Hoje todos nós trabalhamos com o mesmo objetivo, mesmo objetivo, ali todo mundo
quer ver o bem de todo mundo, quer crescer, e eu falo pra eles: quanto mais eu
crescer, e quanto melhor a empresa tiver, melhor é pra vocês. Então, hoje todos
estamos unidos no mesmo propósito.
Muito, muito porque eu vejo o feedback das famílias, do próprio paciente, né? Hoje
chegou uma família lá que faz 3, 4 dias que colocou o paciente e o paciente deu um
feedback, explicou pra família como é que eu era, como é que a casa era... Aquilo me
encheu de orgulho! Pronto, não preciso fazer propaganda, ele próprio falou de tudo,
de tudo que ele viveu esses 3, 4 dias, como ele tá feliz lá dentro. Então, não tem coisa
melhor do que isso.
Não, não vejo nenhum mecanismo não. O que incentiva a equipe é você tá junto, é
você conversar, é você ter o olho atento e ele ver que você teve o olho atento, que
você percebeu que ele fez alguma coisa... eu quando vejo alguém fazer uma coisa
super bem, eu paro, vou lá, abraço, elogio, “poxa, olha que legal, você melhorou muito
nesse aspecto!”. Então isso pra eles é o melhor que tem. O salário, tem uma faixa
salarial, todos do apoio ganham a mesma coisa, todas as técnicas ganham um pouco
mais, mas é o mesmo salário, e os multiprofissionais são outros salários. Mas eles,
é... não fazem a diferenciação pelo salário, eles fazem a diferenciação quando eu me
aproximo, que eu elogio ou que a C. elogia, que vai lá e fala “legal, você aprendeu
mesmo, muito bem, gostei de ver como você conversou com o paciente, como você
tratou o paciente”, então isso é o melhor que a gente pode fazer.
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Ah sim, eu tenho, inclusive, é... nós somos muito vigiados e comandados pela
Vigilância Sanitária. É uma praga nas nossas vidas, às vezes atrasa, ao invés de
permitir um progresso eles atrasam a gente. Então eu tenho um livro de interação
multiprofissional, e nesse livro eu tenho que relatar as nossas reuniões. Então, às
vezes, eu, o médio e a nutricionista sentamos e conversamos sobre tais pacientes, o
que que preciso, o que que não precisa, o que que tá falhando, a nutricionista vem e
me coloca “olha, nós estamos na época de tal coisa, eu acho que a senhora deveria
de comprar mais isso, que vai melhorar”, o médico também fala as coisas dele, então
a gente procura sempre tá junto, se não dá pros 3, os 4 estarem juntos, mas a gente
procura sempre tá conversando, ou pelo WhatsApp ou pessoalmente, e tudo isso é
relatado no livro multiprofissional, que é pra poder provar pra Vigilância que a equipe
é uma equipe coesa.
De boa, a minha sala... eu tinha uma sala lá em cima, que eu tenho até meu divã, ela
tá montada lá em cima, mas eu não tô usando. Então, a minha sala debaixo que vai,
hoje seria a administração, é uma sala muito gostosa, tem duas poltronas deliciosas,
ar-condicionado, som. Então, quando algum funcionário quer conversar comigo e ele
fala que é particular, então eu tiro o telefone do gancho, desligo o meu celular, fecho
a porta, ele entra, liga o ar-condicionado e ali a gente conversa. Na maioria das vezes,
ele vem falar sobre problemas deles, problemas internos de família, de filho, um filho
que caiu nas drogas, e eles não tão sabendo como lidar. Tem uma lá que ela tá com
problemas com o filho que tá... alguns problemas mentais, ela também não sabia
aonde procurar ajuda, já que as faculdades tavam fechadas nos atendimentos, e
parece que ele se tratava numa faculdade. Então, às vezes, a pessoa quer conversar
um assunto dele, familiar, mas muitas vezes ele vem me dar sugestão. Porque como
ele tá muito perto do paciente, ele vem me contar “olha, eu acho que a senhora
deveria mudar fulano de quarto porque ela tá tão amiga de fulana, que se a senhora
mudar ela de quarto, ela vai ficar superfeliz”, então, às vezes, eu não percebi aquela
coisa, aquela proximidade entre os dois pacientes, e ele como tá ali perto, dando
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alimentação, cuidando, conversando, ele tem um outro olhar. Então ele vem me
contar, então aí eu posso concordar ou não, vai depender muito... porque, às vezes,
a pessoa se dá bem ali fora, no pátio, mas dentro do seu quarto, na sua intimidade, a
pessoa é outra, né? Então tem que ter uma análise mais profunda, mas, na maioria
das vezes, a gente aceita, eu vejo “ah, é isso mesmo”, então eu faço a mudança que
ele sugeriu, e aí o funcionário se sente super gratificado com isso.
Ah sim, eu tô sempre pesquisando o que que eu posso melhorar pro conforto dele,
então, vai... Eu vi numa pesquisa da internet umas cadeiras que são feitas no Ceará,
com uma... agora não vou saber dizer, é tipo de uma palha, de uma resina de uma
planta, que pode tomar sol, pode tomar chuva, é ergonômica, então ela tem a... o
tamanho da coluna de uma pessoa. Eu pesquisei, foi difícil, porque é caro, mas eu
compre, vai, 20 cadeiras daquela. Então você percebe depois que a pessoa muda até
o humor. Antes ela tava numa cadeira, num sofá, e ela começava a cair, então aquela
cadeira que eu comprei fez melhor pra ele, foi muito melhor. E você vai vendo, eu vou
pesquisando sempre assim, o conforto do paciente é muito físico, entendeu? O que
eu posso dar de físico pra ele, uma cama, um colchão, uma cadeira melhor, tá? Agora,
o conforto dele que eu posso dar de uma outra forma, é o conforto espiritual e o
conforto mental, esse eu não abro mão, esse eu vou tá sempre atento e é uma coisa
muito individual, o que é bom pra um, não é bom para o outro. Então tem pessoas
que desejam que o padre vá lá, ou que o pasto vá lá, nossa! É pra hoje mesmo que
eu providencio. Então eu tenho que tá atento não só a esse conforto físico, mas
conforto mesmo mental do paciente, o que que é bom, o que que vai fazer ele feliz, o
que que ele tá precisando pra melhorar. Então isso é um olhar que a gente tem que
ter sempre.
Ah, muitas adaptações. Nós tivemos que, por exemplo, separar o horário da refeição.
Antigamente todo mundo entrava e comia todo mundo junto, agora não, tem que ser
de 20 em 20. Visitas, todo mundo vinha, tinha muitas festas, eu sempre comemorei
Dia das Mães, Dia dos Namorados, todos os dias, dias de santo... tudo que a gente
pode a gente comemora lá dentro, hoje eu já não posso fazer mais isso, mas chegou
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um ponto que eu também não podia mais cercear a entrada da visita lá dentro, tá?
Então eu desenvolvi uns protocolos, eu tenho aventais... Agora como já tá a maioria
da população que frequenta lá já vacinada, então eu marco, através no WhatsApp,
grupos de visitas. Então, você quer visitar seu avô, você vai me dizer o dia e a hora,
aí eu marco. E eu procuro marcar só 2, 3 famílias naqueles horários, então teve muita
mudança porque antigamente as famílias vinham, sentavam junto, conversavam,
trocavam informações, e hoje não, hoje eu tenho que deixar cada paciente apenas
com a sua família.
Quando você enfrenta desafios na sua função, que estratégias você usa para
superá-los e para se sentir motivado apesar deles?
[...] a medicina é dinâmica, então a gente tem que estar sempre encarando os
desafios com a ciência, temos sempre que estar estudando e se atualizando para
lidar com esses desafios.
Quando você entrou para a empresa, como foi sua recepção? Você se sentiu
acolhido? Como você se sente hoje em relação a equipe?
Sim eu sempre fui muito bem acolhido pela dona. Nunca tive problema com isso.
Desde que eu entrei até hoje, sempre fui muito bem acolhido.
Existe comunicação via redes sociais? Se sim, qual a função? Em que horário
essas redes funcionam?
Sim, WhatsApp com a V.
Existe alguma tarefa que você faz e que é muito repetitiva, sem sentido ou
pouco eficiente?
Não é uma tarefa repetitiva, porque cada vez que a gente vem, é um problema
diferente, é um outro paciente, são outros problemas.
32
Você sente que tem um espaço para trazer dúvidas, críticas, ideias? E você
sente que são ouvidos ou implementados?
Espaço para ideias novas ou dúvidas sempre vai ter, porque a gente visa sempre
melhorar, então nunca nada é perfeito, então sempre tem espaço para dúvidas.
Quando você enfrenta desafios na sua função, que estratégias você usa para
superá-los e para se sentir motivado apesar deles?
34
Quando você entrou para a empresa, como foi sua recepção? Você se sentiu
acolhido? Como você se sente hoje em relação a equipe?
Com certeza. A empresa tem um lado que ninguém percebe, quem entra aqui não é
mandado embora, é difícil ser mandado embora. Claro! Só se fizer algo muito errado,
que não queira trabalhar. Mas somos sempre acolhidos com muito carinho, com
profissionalismo obvio, mas tem que fazer a coisa certa.
Existe comunicação via redes sociais? Se sim, qual a função? Em que horário
essas redes funcionam?
Não tem uma rede social específica. O que acontece, é que pela empresa ser muito
grande, as vezes o pessoal ta lá no fundo e precisa falar com a dona da clínica aqui
na frente, então eles usam o whatsapp... é o meio mais usado.
Ah sim! Meu propósito é fazer a coisa direitinho e fazer bem-feita. Pra não deixar o
patrão descontente.
Existe alguma tarefa que você faz e que é muito repetitiva, sem sentido ou
pouco eficiente?
Eu faço muita coisa repetitiva: é abrir e fechar porta toda hora. Mas não é nada
ineficiente. É eficiente, porque se eu não fechar a porta e deixar aberto, vai entrar
gente, vai sair gente.
Muito muito! A patroa é muito profissional, ela reconhece tudo. Foi como eu falei, a
gente faz a coisa bem-feita porque tem que fazer, então o reconhecimento é a pessoa
falar “muito bem! Você fez... isso você fez aquilo”. O reconhecimento do funcionário
é só não ser chamado atenção, esse já é um grande reconhecimento.
Você sente que tem um espaço para trazer dúvidas, críticas, ideias? E você
sente que são ouvidos ou implementados?
Tem muito espaço. Na minha área não tem muito o que fazer. Mas lá dentro, na parte
administrativa, do pessoal de enfermagem, tem muita coisa que eles podem trazer e
eles trazem e a dona da clínica sempre recebe muito bem.
Quando você enfrenta desafios na sua função, que estratégias você usa para
superá-los e para se sentir motivado apesar deles?
Ah! Eu procuro enfrentar da melhor maneira, né, vou pedindo ajuda a quem for meu
superior.
Quando você entrou para a empresa, como foi sua recepção? Você se sentiu
acolhido? Como você se sente hoje em relação a equipe?
Fui bem recebida por todos e me senti muito bem.
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Existe comunicação via redes sociais? Se sim, qual a função? Em que horário
essas redes funcionam?
Pelo whats né, assim, pra avisos essas coisas.
Existe alguma tarefa que você faz e que é muito repetitiva, sem sentido ou
pouco eficiente?
Todas tarefas são necessárias, rotineiras são sim, mas não indispensável, tem que
fazer né.
Você sente que tem um espaço para trazer dúvidas, críticas, ideias? E você
sente que são ouvidos ou implementados?
Quando tenho dúvida eu sempre pergunto pra quem pode responder ou resolver,
sabe.
5 Tabulação
Legenda: M. (Médico)
AA. (Auxiliar Administrativo)
A. (Apoio)
Fonte em negrito no meio das respostas: Questões realizadas pela
estagiária para esclarecimentos.
M. A clínica? Eu cheguei aqui ela já tinha sido fundada. Eu sei que tinha uma sócia e
depois a V. ficou sozinha.
AA. A empresa foi fundada pela Dona V. e uma sócia, lá há 20 anos atrás, aí ela foi
ficando sozinha e está sozinha até hoje. Hoje ela comanda a empresa sozinha.
A. A clínica? Não sei como foi fundada, mas sei que tem um bom tempo.
Pré-Análise: Parece ser um ambiente que faz bem e contribui para o bem-estar dos
funcionários.
M. O material mais usado por mim são os materiais que eu trago. Mas a V. sempre
traz os exames atualizados [...] Veja, aqui não é um hospital, né, é como se fosse a
casa das pessoas.
43
AA. Meu material aqui na minha área é mais caneta e chave mesmo. Porque eu tenho
que ficar na portaria, tenho que ver quem entra quem sai, quem tá de férias, quem
não tá... o pagamento, quem tem que receber. No meu caso meu material é a caneta
mesmo.
A. Pra mim supre todas minhas necessidades.
M. Olha, enquanto eu tiver saúde, porque eu gosto do que eu faço... acho que a longo
prazo depende mais de Deus do que de mim.
AA. Ah eu já to a longo prazo aqui. Eu pretendo ir mais longe, enquanto a empresa
estiver funcionando a gente vai. A empresa tem 22 anos, eu to aqui tem 12... então
enquanto a empresa existir eu vou ajudando.
A. Eu gosto do que faço, sabe... eu pretendo fazer pra sempre.
• Quando você enfrenta desafios na sua função, que estratégias você usa
para superá-los e para se sentir motivado apesar deles?
M. [...] a medicina é dinâmica, então a gente tem que estar sempre encarando os
desafios com a ciência, temos sempre que estar estudando e se atualizando para
lidar com esses desafios.
AA. Eu tento procurar alguém que me ajude a resolver o problema.
A. Ah! Eu procuro enfrentar da melhor maneira, né, vou pedindo ajuda a quem for
meu superior.
Pré-Análise: Pela fala dos funcionários AA. e A., aparenta que não há problema no
diálogo vertical entre as hierarquias, frente a dúvidas e dificuldades. M. por outro lado,
levou em consideração os aspectos advindos da profissão, de maneira
individualizada.
44
M. É uma satisfação pessoal toda vez que eu venho visitar os pacientes aqui da
clínica. É satisfatório ver as pessoas em bom estado.
AA. Benefício para mim, é o conhecimento. Cada dia que passa a gente vai tendo
conhecimento de mais coisas, muitas pessoas, muitos amigos. Então é isso.
A. Ah... eu me sinto muito bem fazendo o que eu faço aqui, né, é gratificante pra mim.
M. Aqui na clínica eu não tenho expectativa profissional. Eu já faço esse trabalho aqui
há muito tempo, não mudou meu cargo e nem acho que vai mudar. Agora na minha
parte pessoal, eu sempre procuro melhorar na minha vida médica.
AA. Eu não tenho expectativas mais, porque eu to com 68 anos. Eu to mais na
empresa para não ficar parado em casa, sem fazer nada. De expectativa de vida, o
que eu tinha para fazer eu já fiz né. Para não ficar parado eu to ajudando na empresa
com o que eu sei
A. Minha expectativa? É continuar fazendo o meu trabalho e tentar melhorar né e
aprender cada vez mais.
Pré-Análise: Aqui as respostas não se diferem tanto bastante, os funcionários não
mostraram ter muitas expectativas e aspirações dentro da empresa, mas todo
procuram aprender mais e evoluir em sua atuação atual.
M. Eu procuro fazer o que eu acho necessário, muitas vezes pode ser além do
combinado, mas procuro fazer o necessário para o bem-estar para os pacientes.
AA. Ah sim, com certeza, além das minhas funções eu faço muita coisa além do que
não é combinado, porque eu quero ajudar né. Se eu fizer só o que está combinando
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a empresa não vai para frente né. É uma equipe né, é uma engrenagem, todo mundo
tem que se ajudar no que for possível.
A. Faço minha função e se vejo algum colega que tá precisando de ajuda não custa
nada fazer um pouco além, claro né.
Pré-Análise: Todos mostraram tem conhecimento das normas que acercam seus
afazeres; contudo M. novamente partiu de uma perspectiva mais individualista e não
acerca das normas da organização e equipe.
M. Então essa parte de funcionários eu não conheço muito. O que eu sei é que a V.
que é a enfermeira encarregada da clínica que contrata e da função para cada
funcionário, isso não compete a mim.
AA. Aqui é uma hierarquia né. Aí tem a dona, depois tem a gerente, depois tem os
enfermeiros, os técnicos, os apoios. A dona V. passa as diretrizes para gerente e a
gerente passa para os demais – e cada um tem a sua função, mas tudo com
hierarquia.
A. Cada um faz sua função, né, mas na minha equipe, todos se ajudam mesmo, mas
a responsável por isso né, por organizar e distribuir as tarefas, agora é a A.
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• Quando você entrou para a empresa, como foi sua recepção? Você se
sentiu acolhido? Como você se sente hoje em relação a equipe?
M. Sim eu sempre fui muito bem acolhido pela dona. Nunca tive problema com isso.
Desde que eu entrei até hoje, sempre fui muito bem acolhido.
AA. Com certeza. A empresa tem um lado que ninguém percebe, quem entra aqui
não é mandado embora, é difícil ser mandado embora. Claro! Só se fizer algo muito
errado, que não queira trabalhar. Mas somos sempre acolhidos com muito carinho,
com profissionalismo obvio, mas tem que fazer a coisa certa.
A. Fui bem recebida por todos e me senti muito bem.
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M. Não, normalmente eu estou sempre em contato com a V. para caso tenha alguma
intercorrência, ela me liga, ou manda um whatsapp, para eu estar sempre antenado
com o que ocorre com os pacientes.
AA. Normal! A gente tem muita amizade entre os funcionários, tem muita festa de
aniversário aqui, um barzinho ali, uma festinha ali. Lá fora, logico! Aqui dentro é
sempre com muito profissionalismo.
A. Muito pouco contato só o necessário e pelo whats sabe, uma coisa ou outra.
M. A pandemia mexeu mais com o cuidado que foi aumentado com os pacientes, em
relação as visitas dos familiares. Mas em relação aos funcionários nada mudou,
apenas maiores cuidados.
AA. A relação tem muita amizade, muito respeito e muito profissionalismo. Logico, na
pandemia houve um certo medo, depois o pessoal começou a conhecer a receber
mais informações. A dona da clínica passou orientações pros funcionários, de que é
perigoso, tem que tomar cuidado, mas que não é o fim do mundo então tem que
trabalhar unido pra não ter problema futuro.
A. Tem pouco contato, como eu disse né.
5.6 Alienação
• Existe alguma tarefa que você faz e que é muito repetitiva, sem sentido ou
pouco eficiente?
M. Não é uma tarefa repetitiva, porque cada vez que a gente vem, é um problema
diferente, é um outro paciente, são outros problemas.
AA. Eu faço muita coisa repetitiva: é abrir e fechar porta toda hora. Mas não é nada
ineficiente. É eficiente, porque se eu não fechar a porta e deixar aberto, vai entrar
gente, vai sair gente
A. Todas tarefas são necessárias, rotineiras são sim, mas não indispensável, tem que
fazer né.
Pré-Análise: AA. e A. parecem enxergar que algumas tarefas são repetitivas devido
a função que exercem, mas os dois funcionários veem como tarefas eficientes, veem
valor naquilo que fazem. M. não vê suas tarefas como repetitivas, talvez por exercer
um outro papel dentro da instituição ou por não estar presente realizando aquelas
tarefas todos os dias.
5.7 Colaboração
M. Então como eu venho uma vez por semana, eu não posso afirmar se tem
competição entre os funcionários... mas no período que eu estou aqui eu não vejo
competitividade.
AA. Eles se ajudam e não tem competição. Cada um tem a sua função né. Não é
uma empresa que a pessoa vai começar como apoio e depois de um tempo vai ser
auxiliar de enfermagem, não é assim. Porque para ser auxiliar de enfermagem ai
precisar fazer um curso, vai precisar se especializar lá fora, para depois fazer alguma
coisa aqui dentro.
A. Não respondeu.
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M. Repreensão eu não sinto... mas a gente procura trabalhar com os erros para
corrigi-los.
AA. São trabalhados, as vezes o erro da gente, a gente conversa. O patrão chega e
conversa, fala que tem que ser feito assim, assim e tá tudo certo.
A. Os erros são conversados sempre.
AA. Lógico. Quando fazemos a coisa certa tem mais um reforço do superior, não
elogios né. A gente faz porque tem que ser feito, mas aí eles reforçam a necessidade
de sempre melhorar. De maneira verbal mesmo, não financeira.
A. Ah sim!
Pré-Análise: Nessa questão nem todas as respostas foram suficientes para realizar
uma Pré-Análise.
M. Aí tem que perguntar para a chefe. Eu acho que sim. Pelo menos, quando eu estou
de férias ela fala que sentiu falta.
AA. Muito muito! A patroa é muito profissional, ela reconhece tudo. Foi como eu falei,
a gente faz a coisa bem-feita porque tem que fazer, então o reconhecimento é a
pessoa falar “muito bem! Você fez... isso você fez aquilo”. O reconhecimento do
funcionário é só não ser chamado atenção, esse já é um grande reconhecimento.
A. Sinto meu trabalho reconhecido, sim.
Pré-Análise: Todos relatam ter seu trabalho reconhecido somente por meio de
elogios, apesar de AA. dizer que se sente reconhecido no fato de não ser chamado
atenção.
• Você sente que tem um espaço para trazer dúvidas, críticas, ideias? E você
sente que são ouvidos ou implementados?
M. Espaço para ideias novas ou dividas sempre vai ter, porque a gente visa sempre
melhorar, então nunca nada é perfeito, então sempre tem espaço para dúvidas.
AA. Tem muito espaço. Na minha área não tem muito o que fazer. Mas lá dentro, na
parte administrativa, do pessoal de enfermagem, tem muita coisa que eles podem
trazer e eles trazem e a dona da clínica sempre recebe muito bem.
A. Quando tenho dúvida eu sempre pergunto pra quem pode responder ou resolver,
sabe.
Pré-Análise: Todos transmitiram se sentir abertos para expor duvidas e possíveis
queixas.
M. Com certeza, a gente sempre procura falar com outras pessoas que fazem parte
do grupo para que tenho uma melhoria do atendimento.
AA. Existe, logico! Aqui é uma equipe, tudo tem que ser trabalhado em equipe.
A. Graças a Deus minha equipe sempre tenta se entender da melhor maneira.
Pré-Análise: Mais uma vez deixaram claro que funcionam muito bem em equipe que
existe colaboração e diálogo entre eles.
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Legenda: P (Proprietária)
M. (Médico)
AA. (Auxiliar Administrativo)
A. (Apoio)
Fonte em negrito no meio das respostas: Questões realizadas pela estagiária
para esclarecimentos.
P. Olha, eu fundei em 97, o motivo foi: eu saí de uma grande empresa onde eu
trabalhava como psicóloga com o Maluff, em São Paulo, e essa empresa fechou e eu
vim pra Santos. E aí eu conheci uma pessoa, que ela tinha uma clínica, e queria abrir
uma outra com alguém que fosse jovem, na época eu tinha 40 anos, mais ou menos,
e ela queria alguém que fosse jovem que fizesse uma sociedade com ela, que tivesse
corrida, tivesse disposição. E aí nós nos associamos e montamos essa empresa e já
estamos... eu já to com essa empresa a 20 e poucos anos. (A sociedade se
mantém? Ou hoje você tá sozinha?). Não, graças a Deus, a sociedade não se
mantém porque nós temos... nós tínhamos pensamentos muito diferentes. O meu
pensamento sempre foi o melhor para o ser humano, não só... pra mim o ser humano,
ali dentro, não é só dinheiro, ele tem muito mais coisas que eu tenho que dar pra ele
e muitas coisas eu recebo dele. Nós pensávamos diferente. Eu sempre pensei no
paciente, no cliente da casa como um ser humano que eu tinha que cuidar, e ela era
uma pessoa mais prática que só pensava no dinheiro, então, por isso, a sociedade
não deu certo, ela acabou saindo e eu me mantive solo e to até hoje.
Análise Final: Com base no exposto, considera-se um fator que pode ser trabalhado,
visto que, o conhecimento da história da empresa, pelo grupo de funcionários, permite
que a noção de valores e subjetividade da empresa pela equipe. Compreende-se
como um aspecto negativo, mas não de grande risco.
• Quais objetivos você tem para a sua empresa? Esses objetivos e valores
são compartilhados com a equipe?
P. Ah sim, materiais que você deve tá falando são os EPIs, né? Os equipamentos
individuais. Não, eu forneço todos os materiais, touca, luva, avental, tudo que for
necessário, a minha equipe tem. Se hoje lançam, que nem lançaram agora o spray,
que é superbacana, ele é muito melhor que o álcool gel, eu vou atrás, eu pesquiso,
eu compro pra equipe, faço todo mundo usar essa espuma, que mata 99,9 das
bactérias, ensino semanalmente os cuidados que tem que se ter, por causa do corona,
por causa das bactérias da rua, e tudo que eu vejo de material, que eu leio, que eu
vejo em televisão ou que eu pesquiso na internet, eu procuro adquirir pra trazer pra
equipe, pra gente ter mais segurança e ter o melhor conforto.
Análise Final: A clínica disponibiliza o espaço e material necessários para que cada
funcionário possa realizar sua função com máxima eficiência e segurança, ainda mais
dentro do contexto da pandemia, sendo esse um fator muito positivo para a
organização.
Análise Final: As equipes são bem distribuídas em turnos, 4 equipes no total, e cada
funcionário parece estar ciente de suas funções, horários e com disponibilidade de
Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para a realização de seu trabalho. Essa
estrutura, é muito benéfica para a instituição, se mostrando favorável até o presente
momento.
• Quando você enfrenta desafios na sua função, que estratégias você usa
para superá-los e para se sentir motivado apesar deles?
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Pré-Análise: Pela fala dos funcionários AA. e A., aparenta que não há problema no
diálogo vertical entre as hierarquias, frente a dúvidas e dificuldades. M. por outro lado,
levou em consideração os aspectos advindos da profissão, de maneira individualizada.
P. Ah, olha, eu não coloco o retorno financeiro, claro, ninguém trabalha de graça, eu
tenho retorno financeiro, já tive muito mais, hoje é bem menos, mas não é isso que
me agrada lá. O que me agrada lá é o prazer de cuidar do outro, é o prazer de tirar
58
alguém de uma crise, de receber alguém que não tinha amor, que não tinha
compreensão onde ela vivia, e eu transformar a vida dela, esse é o grande benefício
da minha vida. O dinheiro, hoje em dia eu posso dizer, é muito bom, faz muita falta,
eu preciso dele, mas tá em segundo plano pra mim.
P. Ah sim, sim, uma coisa que o funcionário gosta são de reuniões, reuniões assim,
que você coloque umas... ele sente a gente mais próximo dele. Então, ele gosta de
sentir o patrão, o dono da empresa... às vezes eles me colocam num pedestal, que
eu não gosto disso, eles acham que eu compreendo tudo... a maioria vem me contar
os seus problemas, adoram sentar no sofázinho da minha sala pra fazer terapia, e eu
tento tirar deles esse endeusamento. Tenho meus erros, tenho os meus acertos, mas,
assim, eu sempre procuro trazer a equipe muito perto, eles sabem que ali eles vão
sempre ter um líder, que sou eu, eu vou sempre ser o líder daquela matilha, mas eles
têm que tá junto comigo pro caminhar ser mais fácil, não adianta eu querer liderar e
eu querer dominar tudo, não. Eu preciso deles caminhando lado a lado, junto comigo.
Então isso é uma coisa que eu sempre converso muito com eles, muito, quando eu
vejo alguém errando ou fazendo as coisas mecanicamente, sem amor, eu chamo pra
explicar, trago comigo, me aproximo mais da função dele, procuro ajudar, às vezes
até num banho, eu entro no banheiro e “vamo lá, vamo ensinar de novo como é que
se faz” e, dessa forma, a equipe vai ter muita confiança no seu líder, entendeu? O
endeusamento é ruim, mas ele confiar nessa liderança e seguir a liderança é muito
importante.
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Análise Final: A resposta da Dona parece estar em consenso com o das funcionárias,
todos se sentem gratificados em trabalhar no local, por motivos além do retorno
financeiro, e essa gratificação se mostra como motivação. A motivação pode ser
incentivada de diversas maneiras, dependendo do indivíduo em questão, por estarem
alinhados os sentidos e objetivos de todos.
Pré-Análise: Todos mostraram tem conhecimento das normas que acercam seus
afazeres; contudo M. novamente partiu de uma perspectiva mais individualista e não
acerca das normas da organização e equipe.
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P. É assim, se disser que sou eu, não dá. A minha grande... gerir a empresa
financeiramente, administrar, não dá pra eu ficar vendo o que cada funcionário tem
que fazer. Tem uma pessoa abaixo de mim, que é a Cláudia, que é a minha secretária,
o meu faz-tudo, a minha gerente, né? Ela contrata, geralmente, no final, eu participo
da entrevista, mas ela contrata, ela faz a planilha do que cada um tem que realizar,
por exemplo, fulano tem que dar 4 banhos e 5 comidas, ela faz essa divisão do
trabalho de cada um. Não dá pra eu cuidar da administração da empresa, da parte
financeira... eu cuido muito do paciente, eu procuro tá muito junto do paciente, eu
escuto todos os problemas, eu convivo muito com eles, então, tudo isso já me enche
o dia inteiro. Então, cuidar do funcionário diretamente eu passo pra C.
P. Ah, afetou, aproximou muito. Tinha uns que quase não se falavam e hoje são
superamigos, eu digo até que eles saem hoje em dia em bando. Todos saem juntos,
todos saem grudados, coisa que antes, antigamente, não era. Cada um pegava sua
bicicletinha, sua motinha e ia embora, hoje não, eu vejo que eles estão muito mais
unidos, sabe? Como que um protegendo o outro, trocam muita confidência. Então, eu
acho, que essa... esse último ano aproximou muito as pessoas, as pessoas passaram
a apoiar quem tá do lado, então eu acho que foi muito bom.
quero conhecer o meu funcionário ali dentro, o que ele publica lá fora, pra mim, não
vai me interessar... não preciso saber disso. Mas eles são muito curiosos, eles entram
nas minhas páginas do Face, do Instagram, procurando fotos, procurando
publicações da minha vida... não acham nada porque eu nem tenho tempo pra isso,
né?
6.6 Alienação
• Existe alguma tarefa que você faz e que é muito repetitiva, sem sentido
ou pouco eficiente?
P. Não, eu... quando eu vejo que uma tarefa... por exemplo, vou dar um exemplo pra
vocês. Quando a gente faz um... uma brincadeira com o paciente, ah... semana da
jardinagem, então vamo todo mundo pegar um vasinho... Vocês vão ver que meu
jardim tá lindo, cheio de vasinho. Só que em 10, 15 dias eles já cansaram, aquela
atividade já passou. Então eu tenho que ter um olhar pra ver que aquilo cansou, tá na
hora da gente ver outra atividade. Uma atividade que eles gostam é... chama-se a
roda de conversa. Nós sentamos muito no jardim, todos sentam por ali, e eles sabem
que aonde eu estou tem comida, e pro paciente, pro idoso, é muito importante a
comida, eles valorizam demais a comida, e a minha comida é: pipoca, bolacha,
salgadinho, chocolate. Então nós sentamos em roda, ali no... no nosso jardim e
conversamos, aí começamos a falar de namorados, quando você menos pensa, tá
todo mundo contando das suas vidas, do que eles lembram, do que eles têm
saudades, então ali eles trocam informações das vidas, e os funcionários que tão
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perto acabam participando, e também acabam contando sobre suas vidas. Então a
roda de conversa é uma atividade que nunca acaba, essa sempre vai permanecer.
Agora, as outras que a gente vai fazendo ao longo do tempo, como jardinagem,
pintura, isso vai cansando com o tempo. (Vocês fazem a roda de conversa toda
semana?). É, toda semana, todos os dias têm roda de conversa. (E aí tem um tema
que você implementa ou é livre? Qualquer um pode começar a falar?). É livre, é
livre, a gente pega o gancho na hora. Às vezes uma música, hoje um paciente, senhor
Carlos, ele me pediu uma música do Pixinguinha e, graças a Deus, a minha filha me
ensinou a mexer, como é que chama o canal? (Spotify?). Spotify. E aí no Spotify
você acha tudo, e eu achei o tal do Pixinguinha, adoro Pixinguinha também, e baixei
a música que ele me pediu, que se chama Felicidade. Vocês precisam ver a
transformação, nós estávamos em 25 ali, todos conversavam sobre a música, todos
cantaram, a maioria lembrava da letra da música, foi, assim, superinteressante. E aí,
a partir do tema, felicidade, todo mundo começou a contar um motivo de felicidade
das suas vidas, motivo que eles lembravam. Então, uma senhora me contou que
felicidade, pra ela, era chegar do escolar que ela estudava e sentir o cheiro da comida
da mãe, que até hoje parece que ela sente o cheiro da comida da mãe. Aí outro já
contou que felicidade é quando ele podia sair no domingo com o pai, e passear, e
jogar bola no campinho. Então, você vê, que eu não escolhi o tema, o tema apareceu
por causa de uma música, e isso rodou acho que mais de 1 hora, 1 hora e meia, nós
ficamos ali conversando e fluiu, fomos em frente. (E você que é a mediadora desses
grupos?). Sempre, sempre.
Pré-Análise: AA. e A. parecem enxergar que algumas tarefas são repetitivas devido
a função que exercem, mas os dois funcionários veem como tarefas eficientes, veem
valor naquilo que fazem. M. não vê suas tarefas como repetitivas, talvez por exercer
um outro papel dentro da instituição ou por não estar presente realizando aquelas
tarefas todos os dias.
portas), mas que são tarefas eficientes, outra funcionária utilizou até o termo “tarefas
rotineiras”, mas também declarou a importância delas.
6.7 Colaboração
P. Não, competição tem, quem estudou um pouquinho mais se julga superior a quem
estudou menos, e isso é um problema na área da saúde. Eles acham que eu tô num
patamar muito alto igual ao médico porque, meu médico, ele quando chega na
empresa, a gente anda junto, a gente discute muito caso, eu sugiro qual é a
medicação que o paciente tem que tomar porque eu convivo com o paciente, ele só
vai lá duas vezes por semana. Então, eu acabo relatando o que que tá acontecendo
e dou a sugestão de medicação, então entre eu e ele não tem nenhum problema.
Agora, as técnicas de enfermagem, elas se acham absolutamente acima do pessoal
de apoio, e o que que elas fazem de diferente? O que elas fazem de diferente é o que
eu passo pra elas: ajudar num curativo, dar uma injeção, separar medicação... Mas
isso não é nada demais, né? Mas elas se julgam superiores ao pessoal do apoio, que
faz a mesma coisa que elas: dão o banho, cuidam do paciente, dão alimentação, elas
só não mexem na medicação. Então, nessa área, eu sempre tenho muito conflito, e
aí eu sou obrigada a chamar as partes, conversar e tentar entrosar, e se eu vejo que
ficou alguma coisa mal resolvida eu mudo a pessoa da equipe, faço uns rodízios de
equipe. (Mas isso melhorou, né? Depois da pandemia.). Ah, 100%, as pessoas, por
um motivo ruim, que é a pandemia, que tá todo mundo apavorado com isso, mas
mexeu no coração de todo mundo, as pessoas estão ouvindo, elas querem ouvir o
outro, elas querem falar, mas elas também querem ouvir o outro. Então isso acabou
aproximando e fazendo com que amizades que eram mornas, que eram chochas,
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P. Hoje todos nós trabalhamos com o mesmo objetivo, mesmo objetivo, ali todo
mundo quer ver o bem de todo mundo, quer crescer, e eu falo pra eles: quanto mais
eu crescer, e quanto melhor a empresa tiver, melhor é pra vocês. Então, hoje todos
estamos unidos no mesmo propósito.
P. Muito, muito porque eu vejo o feedback das famílias, do próprio paciente, né? Hoje
chegou uma família lá que faz 3, 4 dias que colocou o paciente e o paciente deu um
feedback, explicou pra família como é que eu era, como é que a casa era... Aquilo
me encheu de orgulho! Pronto, não preciso fazer propaganda, ele próprio falou de
tudo, de tudo que ele viveu esses 3, 4 dias, como ele tá feliz lá dentro. Então, não
tem coisa melhor do que isso.
Pré-Análise: Todos relatam ter seu trabalho reconhecido somente por meio de
elogios, apesar de AA. dizer que se sente reconhecido pelo fato de não ser chamado
atenção.
P. Não, não vejo nenhum mecanismo não. O que incentiva a equipe é você tá junto,
é você conversar, é você ter o olho atento e ele ver que você teve o olho atento, que
você percebeu que ele fez alguma coisa... eu quando vejo alguém fazer uma coisa
super bem, eu paro, vou lá, abraço, elogio, “poxa, olha que legal, você melhorou muito
nesse aspecto!”. Então isso pra eles é o melhor que tem. O salário, tem uma faixa
salarial, todos do apoio ganham a mesma coisa, todas as técnicas ganham um pouco
mais, mas é o mesmo salário, e os multiprofissionais são outros salários. Mas eles,
é... não fazem a diferenciação pelo salário, eles fazem a diferenciação quando eu me
aproximo, que eu elogio ou que a Cláudia elogia, que vai lá e fala “legal, você
aprendeu mesmo, muito bem, gostei de ver como você conversou com o paciente,
como você tratou o paciente”, então isso é o melhor que a gente pode fazer.
P. Ah sim, eu tenho, inclusive, é... nós somos muito vigiados e comandados pela
Vigilância Sanitária. É uma praga nas nossas vidas, às vezes atrasa, ao invés de
permitir um progresso eles atrasam a gente. Então eu tenho um livro de interação
multiprofissional, e nesse livro eu tenho que relatar as nossas reuniões. Então, às
vezes, eu, o médio e a nutricionista sentamos e conversamos sobre tais pacientes, o
que que preciso, o que que não precisa, o que que tá falhando, a nutricionista vem e
me coloca “olha, nós estamos na época de tal coisa, eu acho que a senhora deveria
de comprar mais isso, que vai melhorar”, o médico também fala as coisas dele, então
a gente procura sempre tá junto, se não dá pros 3, os 4 estarem juntos, mas a gente
procura sempre tá conversando, ou pelo WhatsApp ou pessoalmente, e tudo isso é
relatado no livro multiprofissional, que é pra poder provar pra Vigilância que a equipe
é uma equipe coesa.
Pré-Análise: Mais uma vez deixaram claro que funcionam muito bem em equipe que
existe colaboração e diálogo entre eles.
P. De boa, a minha sala... eu tinha uma sala lá em cima, que eu tinho até meu divã,
ela tá montada lá em cima, mas eu não tô usando. Então, a minha sala debaixo que
vai, hoje seria a administração, é uma sala muito gostosa, tem duas poltronas
deliciosas, ar-condicionado, som. Então, quando algum funcionário quer conversar
comigo e ele fala que é particular, então eu tiro o telefone do gancho, desligo o meu
celular, fecho a porta, ele entra, liga o ar-condicionado e ali a gente conversa. Na
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maioria das vezes, ele vem falar sobre problemas deles, problemas internos de
família, de filho, um filho que caiu nas drogas, e eles não tão sabendo como lidar.
Tem uma lá que ela tá com problemas com o filho que tá... alguns problemas mentais,
ela também não sabia aonde procurar ajuda, já que as faculdades tavam fechadas
nos atendimentos, e parece que ele se tratava numa faculdade. Então, às vezes, a
pessoa quer conversar um assunto dele, familiar, mas muitas vezes ele vem me dar
sugestão. Porque como ele tá muito perto do paciente, ele vem me contar “olha, eu
acho que a senhora deveria mudar fulano de quarto porque ela tá tão amiga de fulana,
que se a senhora mudar ela de quarto, ela vai ficar superfeliz”, então, às vezes, eu
não percebi aquela coisa, aquela proximidade entre os dois pacientes, e ele como tá
ali perto, dando alimentação, cuidando, conversando, ele tem um outro olhar. Então
ele vem me contar, então aí eu posso concordar ou não, vai depender muito... porque,
às vezes, a pessoa se dá bem ali fora, no pátio, mas dentro do seu quarto, na sua
intimidade, a pessoa é outra, né? Então tem que ter uma análise mais profunda, mas,
na maioria das vezes, a gente aceita, eu vejo “ah, é isso mesmo”, então eu faço a
mudança que ele sugeriu, e aí o funcionário se sente super gratificado com isso.
7 PLANO DE AÇÃO
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KATZ, Robert; KAHN, Daniel. Psicologia Social das Organizações, São Paulo: Atlas,
1987.