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MACROECONOMIA

& MERCADOS

rddddddddRelatório
Relatório do Iº Semestre de 2019

Iº Semestre 2019
Gabinete de Estudos e Estratégia

Agosto, 2019
Nota Editorial
De acordo às últimas previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), no World Economic

Outlook – WEO de Julho, os Estados Unidos da América (EUA) aumentaram ainda mais as
tarifas sobre certas importações chinesas e, por sua vez, a China retrucou com a adopção

de medidas semelhantes. As cadeias globais de fornecimento de tecnologia foram

ameaçadas pelas sanções dos OS Estados Unidos da América (EUA) fruto da guerra
tecnológica com a China, pela incerteza relacionada ao Brexit, e o aumento das tensões
geopolíticas agitou os preços da energia.

Neste cenário, o crescimento global está previsto em 3,2% para 2019 e 3,5% para 2020. As

previsões do PIB, juntamente com a desaceleração geral da inflação, apontam para uma
actividade global mais fraca do que a esperada. O investimento e a procura por bens de
consumo duradouros têm sido moderados tanto nas economias avançadas quanto nas

emergentes, à medida que as empresas e as famílias continuam a reter os gastos de longo

prazo. Nesse sentido, o comércio global, que é intensivo em máquinas e bens de consumo
duradouros, permanece lento. Existe uma forte incerteza em relação à retoma do

crescimento em 2020, presumindo estabilização na maior parte das economias mundiais e


progresso em direcção à resolução de diferenças na política comercial.

Em Angola, os últimos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE)


demonstram que a economia nacional voltou a contrair no primeiro trimestre de 2019, cerca
de 0,4%, em termos homólogos. Esta variação é atribuída fundamentalmente às actividades

de Comércio (-3,2%), Financeiras (-4,8%), Indústria Transformadora (-6,5%),


Telecomunicações (-6,8%), e Petróleo (-6,9%). Entretanto, com as reformas económicas em
curso desde o início de 2019, já se verificam melhorias na economia nacional permitindo
um decréscimo da economia cada vez menor.

Disclaimer: Este documento foi elaborado com base em informação obtida em fontes consideradas fiáveis, mas a sua precisão não
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2
ENQUADRAMENTO
Macroeconómico

Estados Unidos

Estados Unid
3
Estados Unidos da América

4
O Produto Interno Bruto (PIB) da economia americana desacelerou no segundo trimestre de

2019, registando uma taxa anualizada de 2,1%, 1 p.p abaixo da taxa registada no primeiro
trimestre do período em análise, de acordo com os dados divulgados pelo Departamento
de Comércio (Bureau of Economic Analysis, US Department of Commerce). Entretanto,
apesar da desaceleração relativa ao segundo trimestre, o resultado superou as previsões

dos analistas (1,8%) e a economia dos EUA manteve-se forte o suficiente para continuar a

perseguir o alcance da meta estabelecida pelo governo de Donald Trump (3% neste ano).

A desaceleração verificada acontece diante de um cenário de aumento de riscos para as

perspectivas económicas, especialmente da guerra comercial com a China e da


desaceleração do crescimento global, que devem encorajar o Federal Reserve (Banco Central

dos EUA) a cortar a taxa de juro de referência pela primeira vez em uma década.

6,0
No que tange ao mercado de trabalho, a economia dos EUA evoluiu de forma positiva. A
Taxa de inflação
EUA taxa de desemprego observou uma tendência maioritariamente decrescente ao longo do
5,0
semestre, não obstante ter subido ligeiramente em Junho (3,7%). Nos meses de Maio e

4,0 Abril, a taxa de desemprego atingiu o nível mais baixo desde 1969, tendo-se situado em

3,6%. De acordo com o Gabinete de Estatísticas do Trabalho, a criação de novos empregos


3,0
foi sobretudo suportada pelo sector não agrícola, nomeadamente, saúde, restauração,

2,0 construção, indústria e retalho.

1,0 Em relação à inflação, esta apresentou um cenário oscilante durante o semestre tendo-se
situado em 1,6% em Junho, um decréscimo relativamente ao último nível observado no final
0,0
dez/03 dez/05 do dez/07
período homólogo.
dez/09 dez/11 dez/13 dez/15

-1,0

-2,0

Crescimento do PIB, Desemprego e Inflação


-3,0

5 12
4,5
4 Taxa de inflação
4 10 EUA
3,5
Taxa de
Crescimento do 3
3 8
PIB EUA 2,5
2 Taxa de 6 2
Desemprego 1,5
(eixo a direita)
1 4 1
0,5
0 2 0
jun/17
jun/15

jun/16

jun/18

jun/19
dez/14

mar/16
mar/15

dez/15

dez/16
mar/17

dez/17
mar/18

set/18
dez/18
mar/19
set/15

set/16

set/17
jun/15

jun/16

jun/17

jun/18

jun/19
set/16
dez/14
mar/15

set/15
dez/15
mar/16

dez/16
mar/17

set/17
dez/17
mar/18

set/18
dez/18
mar/19

-0,5
-1 -

Fonte: Bureau of Economic Analysis, US Department of Commerce


5
Zona Euro

6
A economia da Zona Euro cresceu 0,4% no primeiro trimestre do ano, segundo o Eurostat.

A instituição informou que o consumo das famílias contribuiu positivamente com 0,3 p.p
para o crescimento trimestral, enquanto a formação bruta de capital fixo acrescentou 0,2
p.p e o comércio, 0,1 p.p. Segundo ainda o Eurostat, no segundo trimestre, a economia
Europeia cresceu 0,2%, correspondendo a um decréscimo de 0,2 p.p relativamente ao

trimestre anterior e também ao período homólogo de 2018. Contribuiu para esta diminuição,
a redução do consumo privado (0,2%) e a guerra comercial entre os EUA e a China que

continua a influenciar negativamente a economia global.

No que diz respeito à taxa de desemprego, esta fixou-se nos 7,5% no final de Junho, o que
representa uma diminuição de 0,4 p.p face ao nível observado no final do primeiro trimestre

e 0,7 p.p em relação ao nível observado no período homólogo de 2018.

De acordo com os dados publicados pelo Eurostat, em termos homólogos, esta diminuição
foi impulsionada pela Espanha, Itália e Malta, onde o desemprego caiu em 0,1 p.p em Junho,

registrando uma taxa de 14%, 9,7% e 3,4%, respectivamente.

A taxa de inflação no final do segundo trimestre situou-se em 1,3%, um recuo de 0,1 p.p.
face aos 1,4% observado no final do primeiro trimestre e 0,43 p.p observado no período

homólogo, abaixo da meta estabelecida pelo Banco Central Europeu (BCE) de 2%. Na base
deste comportamento da inflação esteve, fundamentalmente, a queda nos preços da energia

e dos produtos industriais.

Crescimento do PIB, Desemprego e Taxa de Inflação

1,0 Taxa de 13
Cres. do Taxa de
0,8 PIB Zona Desemp 12 4
Euro (eixo rego Taxa de
0,6 (eixo Inflação
esquerda) 11 3 Zona Euro
direito)
0,4
10
0,2 2
9
0,0 1
8
-0,2
0
-0,4 7

-0,6 6 -1
jun/15

jun/16

jun/17

jun/18

jun/19
mar/15

mar/16

mar/17

mar/18

mar/19
dez/14

set/15
dez/15

set/16
dez/16

set/17
dez/17

set/18
dez/18
jun/15

jun/16

jun/17

jun/18

jun/19
dez/14
mar/15

dez/15
mar/16

dez/16
mar/17

dez/17
mar/18

dez/18
mar/19
set/15

set/16

set/17

set/18

Fonte: Eurostat e Bloomberg

7
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS)

8
Ao longo do segundo semestre de 2019, as economias emergentes tiveram

comportamentos díspares.

Brasil
No segundo trimestre, a economia brasileira cresceu 0,2% face ao primeiro trimestre do
ano, após um ligeiro recuo de 0,1%. Segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação
Getúlio Vargas (Ibre/FGV), esta ascensão põe a economia de volta na trajectória de

crescimento que havia perdido no primeiro trimestre. Segundo ainda o mesmo instituto, o
referido crescimento foi influenciado pelo sector de serviços, único dos três grandes sectores
de actividade a apresentar crescimento no período (0,3%). Sob a óptica da procura, o
consumo das famílias avançou 0,7%, enquanto a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF,

medida dos investimentos no PIB) expandiu 2,3%.

No que tange à inflação, registou-se um comportamento maioritariamente descendente ao

longo do semestre em análise, fixando-se em cerca de 0,01% em Junho, contrariamente aos

0,15% observados no final do semestre anterior. Com o resultado, a taxa apresentou uma
acumulação de 2,23% no 1º semestre e de 3,37% nos últimos 12 meses, permanecendo
bem abaixo da meta de 4,25% definida pelo governo para o ano. Trata-se da taxa mais

baixa em 12 meses, desde Maio de 2018 (2,86%), o que deve aumentar as apostas de cortes

na taxa básica de juro, actualmente em 6,5% ao ano.

A baixa inflação foi garantida principalmente pelo decréscimo dos preços dos grupos
"Alimentação e bebidas" e "Transportes", que respondem, juntos, por cerca de 43% das

despesas das famílias.

Rússia
De acordo com o serviço estatístico russo (Rosstat), a economia cresceu 0,5% nos primeiros

três meses de 2019 em relação ao mesmo período do ano anterior. O número foi o menor
desde o final de 2017, quando o crescimento foi de 0,3%. Este crescimento foi inferior a

0,8% previsto anteriormente pelo Ministério da Economia e 1,5% pelo Banco Central Russo.

Após a divulgação dos dados, o Ministério da Economia justificou que a desaceleração foi

"esperada e ligada à fraca procura interna, devido ao aumento da carga tributária", após o

aumento do IVA de 18% para 20% a partir de Janeiro de 2019.

Em relação à inflação, registou-se um comportamento decrescente durante o semestre,


atingindo cerca de 4,7% em Junho, porém ainda acima dos 4,3% observados no final do

9
semestre anterior e 2,3% observado no período homólogo. A principal razão para a queda
da inflação está relacionada com a dinâmica dos preços dos alimentos, ou seja,
tradicionalmente, o declínio sazonal dos preços dos alimentos e vegetais começa em Julho,
porém, para este ano o processo começou mais cedo e teve um impacto significativo no

índice de preços no final do semestre.

Índia
De acordo com dados divulgados pelo governo indiano, no segundo trimestre de 2019, a

economia do país cresceu em cerca de 8,2%. Foi a primeira vez em 2 anos que cresceu
acima dos 8%. O governo indiano acredita que o bom resultado nos investimentos no sector
transformador e de construção tem impulsionado a emergente economia indiana. Com esse
resultado, a Índia mantém a sua posição de economia com o crescimento mais forte do

mundo, a frente da China, que no mesmo período registou uma expansão de cerca de 6,2%.

Quanto à inflação, a trajectória foi ascendente. No final do semestre em análise, a mesma


variou 0,99 p.p. comparativamente ao final de Dezembro (ao passar dos cerca de 2,19%

para os cerca de 3,18%) e 0,88 p.p. face ao período homólogo (2,3%). Tal comportamento,
em grande medida, foi explicado pelo crescimento acentuado verificado nos preços do

sector de alimentação e bebidas (2,37%).

China
No segundo trimestre de 2019, o PIB chinês cresceu cerca de 6,2% em relação ao período

homólogo, menor ritmo desde 1992. Apesar de representar uma desaceleração frente ao
primeiro trimestre (6,4%), o resultado ainda está dentro da margem estabelecida pelo

governo para 2019 (6% e 6,5%).

De acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas do país, esta redução deveu-se ao


enfraquecimento da procura interna e das tarifas impostas pelos EUA às exportações
chinesas.

A inflação registou uma tendência crescente, situando-se nos cerca de 2,7%. Embora ser 0,3

p.p. abaixo da meta governamentalmente definida (3%), comparativamente ao final do

semestre anterior e ao período homólogo houve um crescimento de 0,8 p.p.

10
África do Sul
No primeiro trimestre de 2019, a economia sul-africana registou uma recessão de 3,2%, a
maior queda trimestral do PIB em 10 anos segundo a publicação da Stats.SA. Segundo ainda
o departamento de estatística sul-africana, contribuíram principalmente para a recessão os
sectores da indústria transformadora, indústria extractiva e agricultura, -8,8%, -10,8% e -

13,2%, respectivamente.

Em relação à inflação, a taxa situou-se nos 4,5% mantendo-se inalterada comparativamente

ao final do semestre anterior e 0,1 p.p inferior a do período homólogo. Durante o período
em análise apresentou o seu ponto mais baixo em Janeiro (4%) tendo sido influenciada pela
descida acentuada do custo de transporte, após a desaceleração observada nos custos dos

combustíveis.

BRICS I Taxa de Crescimento do PIB e Taxa de Inflação

6 Taxa de Crescimento PIB Brasil (eixo esquerdo) 15 Taxa de Crescimento PIB Russia (eixo esquerdo)

Taxa de Inflação Russia (eixo direito)


Taxa de Inflação Brasil (eixo direito)
4 4 20,0
10
2 2 15,0

0 0 10,0
5
jun/15

jun/16

jun/17

jun/18

jun/19
jun/15

jun/16

jun/17

jun/18

jun/19

mar/16
set/15

mar/15

mar/17

mar/18

mar/19
dez/14
mar/15

dez/15
mar/16

set/16
dez/16
mar/17

set/17
dez/17
mar/18

set/18
dez/18
mar/19

dez/14

set/15
dez/15

set/16
dez/16

set/17
dez/17

set/18
dez/18
-2 -2 5,0

-4 0 -4 -

Taxa de Crescimento PIB India (eixo esquerdo)


12 14
Taxa de Inflação India (eixo direito) 10 Taxa de Crescimento PIB China (eixo esquerdo) 3
10 12
8 Taxa de Inflação China (eixo direito)
8 10
8
2
6
6
6
4 4
4 1
2 2 2
0 0 0 0
jun/18
jun/15

jun/16

jun/17

jun/19
mar/15

mar/16

mar/17

mar/18

mar/19
dez/14

set/15
dez/15

set/16
dez/16

set/17
dez/17

set/18
dez/18
jun/17
jun/15

jun/16

jun/18

jun/19
mar/17
dez/14
mar/15

dez/15
mar/16

dez/16

set/17
dez/17
mar/18

dez/18
mar/19
set/15

set/16

set/18

11
Fonte: Bloomberg, FMI

Taxa de Crescimento PIB África do Sul (eixo esquerdo)


4,0 Taxa de Inflação África do Sul (eixo direito)
8

2,0 6

0,0 4

-2,0 2

-4,0 0

12
Angola

13
Desempenho do Produto e da Inflação

No que diz respeito ao PIB, de acordo com as últimas projecções do Instituto Nacional de
Estatística (INE), a economia nacional voltou a contrair no primeiro trimestre de 2019, cerca
de 0,4%, em termos homólogos. Esta variação é atribuída fundamentalmente às actividades
de Comércio (-3,2%), Financeiras (-4,8%), Indústria Transformadora (-6,5%),
Telecomunicações (-6,8%), e Petróleo (-6,9%). Entretanto, com as reformas económicas em
curso desde o início de 2019, já se verificam melhorias na economia nacional permitindo

um decréscimo da economia cada vez menor.

Quanto ao nível geral de preços, a tendência tem sido decrescente ao longo do semestre,

no final do período em análise o valor fixou-se em cerca de 16,94% em termos homólogos.

Nesta senda, com o decréscimo registado no final do semestre, a taxa de inflação foi 2,58

p.p inferior a taxa observada no final do período homólogo em 2018, e 1,66 p.p inferior à

taxa observada no final do semestre anterior. Deste modo, a taxa de inflação mantém-se

acima da meta estabelecida pelo Executivo em 2019 (15%).

Comportamento da Taxa de Inflação Homológa I 2018 - 2019

Taxa de Inflação homóloga

21,00 19,52

16,94

16,00

11,00

6,00
jun/18 set/18 dez/18 mar/19 jun/19

Fonte: INE

14
Política Monetária

O período em análise ficou fundamentalmente marcado pela redução da Taxa BNA em 0,25

p.p. (ao passar dos 15,75% para os 15,5%) e pela decisão do Comité de Política Monetária
(CPM) do BNA em manter a Taxa de Juro da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez
em 0%. Essencialmente, tais medidas foram sustentadas pelo facto da inflação homóloga
continuar com a sua trajectória decrescente, bem como pela evolução da Base Monetária

em moeda nacional, variável operacional da política monetária, que contraiu 0,54% nos

últimos doze meses.

No que diz respeito às Reservas Internacionais Líquidas (RIL), de acordo com informação
divulgada pelo BNA, apresentaram uma trajectória decrescente ao longo do semestre em
análise, situando-se em USD 10,2 mil milhões no final de Junho, o que representa uma
variação negativa de cerca de 3,8% face ao valor observado no final do semestre anterior
(USD 10,6 mil milhões) e de cerca de 23,9% relativamente ao período homólogo (USD 13,4
mil milhões). Fundamentalmente, este facto deveu-se à diminuição das receitas petrolíferas

fruto da baixa do preço do petróleo verificada desde finais do semestre anterior.

Reservas Internacionais Líquidas, mM USD

13,4 13,9
12,5 11,9 11,9
11,7
10,6 11,1 10,5 10,8
10,3 10,3 10,2

Fonte: BNA

15
DESEMPENHO
dos Mercados

16
Mercado Accionista

No primeiro semestre de 2019, os principais índices bolsistas mundiais apresentaram uma trajectória
positiva. Nos Estados Unidos da América, o índice accionista S&P 500 registou, no final do período
(Junho), uma variação acumulada positiva de 16,54%, contrariando a tendência de baixa registada
no segundo semestre de 2018. A variação positiva deste índice foi influenciada principalmente pelo

sector tecnológico que apresentou um crescimento de 27,13%.

No mesmo período, o índice europeu Eurostoxx 50, registou uma variação acumulada positiva em
torno dos 15,30%. Esta variação foi motivada pelo bom desempenho apresentado pelo sector

bancário europeu.

Por fim, o índice MSCI dos mercados emergentes registou uma variação acumulada positiva de

10,21% fruto dos esforços em torno de um possível acordo para o término da guerra comercial
entre os EUA e a China.

Mercado Accionista

Eurostoxx 50 (Eixo à Dir.) vstoxx 50 (Eixo à Esq.) MSCI Emergentes


4 300,00 30,00 1400
3 700,00 25,00
3 100,00 20,00 1100
2 500,00 15,00 800
1 900,00 10,00
1 300,00 500
700,00 5,00
100,00 0,00 200

S&P500 (Eixo à Dir.) VIX (Eixo à Esq.)

45,00
3 700,00
3 100,00 35,00
2 500,00
1 900,00 25,00
1 300,00 15,00
700,00
100,00 5,00

Fonte: Bloomberg

17
Mercado Cambial

No primeiro semestre de 2019, a moeda nacional depreciou-se face ao Dólar americano em cerca de
9,98%. Sendo que a taxa de câmbio de referência para a venda da moeda norte-americana nas operações

do mercado primário fixou-se em USD/AOA 341,03.

Por outro lado, no mercado internacional, verificou-se uma apreciação do Euro face à moeda americana
em cerca de 0,82%. Este comportamento foi influenciado pelo facto do Banco Central norte-americano

ter deixado de aumentar as taxas de juro de referência sob o pressuposto de uma desaceleração da
economia americana.

Evolução do Kwanza, Dólar e do Euro

EUR/USD (Eixo à Esq.) USD/AOA (Eixo à Dir.)

1,20
380,00
1,18

1,16 330,00

1,14 280,00
1,12
230,00
1,10
180,00
1,08

1,06 130,00
jun/18 ago/18 out/18 dez/18 fev/19 abr/19 jun/19

Fonte: Bloomberg

18
Mercado Interbancário

No mercado interbancário angolano, no primeiro semestre de 2019, a taxa de juro a 1 dia (Luibor
overnight) fixou-se em 14,91%. Em comparação com a taxa de Dezembro de 2018, a mesma fixou-
se em 16,75%, representando uma variação negativa na ordem dos 10,99%.

A Luibor para as maturidades de 30, 90, 180, 270 e 360 dias, registou uma variação negativa de
0,02, 0,01, 0,01, 0,01 e 0,01 p.p. ao fixar-se em 15,30%, 15,69%, 15,86%, 16,49% e 17,01%,
respectivamente, no final do período em análise.

No mercado internacional, a taxa Libor 6M registou uma variação negativa de 0,20 p.p, no período

em análise, fixando-se em 2,30%. Por outro lado, a Euribor 6M apresentou uma variação negativa

na ordem dos 0,15 p.p, fixando-se em -0,27%. A manutenção dos níveis da EURIBOR deveu-se ao
facto da continuidade do programa de estímulo à economia levada a cabo pelo Banco Central
Europeu (BCE).

Evolução das Taxas de Juro

Euribor 6M (Eixo à Esq.) Luibor 6M (Eixo à Dir.) Libor 6M (Eixo à Esq.)

25,00 3,50

20,00 3,00

2,50
15,00
2,00
10,00
1,50
5,00
1,00
0,00 0,50

-5,00 0,00
jun/18 ago/18 out/18 dez/18 fev/19 abr/19 jun/19

Fonte: Bloomberg

19
Mercado de Dívida Pública
No mercado angolano, verificou-se uma diminuição na emissão de dívida pública no primeiro semestre
de 2019 em torno dos 25,92% face ao verificado no segundo semestre de 2018. De acordo com os

dados divulgados pela UGD, no período em análise, o valor da emissão de Títulos do Tesouro situou-
se em torno de AOA 503,01 mil milhões. Deste valor AOA 364,58 mil milhões correspondem a Bilhetes

do Tesouro (BT) e AOA 138,42 mil milhões a Obrigações de Tesouro (OT).

Relativamente ao mercado secundário, sob gestão da BODIVA, registou-se uma diminuição no volume
de transacções de cerca de 1,82%, fixando-se no final do período em análise em AOA 427,07 mil

milhões.

Evolução do volume de negócios transacionados na BODIVA (AOA, mil milhões)

Volume de Negociação (MM AOA) Índice de Rotatividade

120 3,0%

100 2,5%

80 2,0%

60 1,5%

40 1,0%

20 0,5%

0 0,0%
jun/18 ago/18 out/18 dez/18 fev/19 abr/19 jun/19

Fonte: BNA e BODIVA

No mercado internacional, de modo geral as economias analisadas apresentaram uma diminuição

da ield a 10 anos ao longo do primeiro semestre de 2019. Na Zona Euro, a yield das obrigações
alemãs a 10 anos fixou-se em -0,32%, representando uma diminuição de 0,219 p.p face ao
segundo semestre de 2018. Para Itália, Portugal e Espanha as yields a 10 anos fixaram-se em

2,10%, 0,47% e 0,39%, representando uma diminuição de 0,21, 0,72, e 0,71 p.p, face ao segundo
semestre de 2018, respectivamente. Nos EUA, a rentabilidade das obrigações a 10 anos registou

uma diminuição de 0,23 p.p, fixando-se no primeiro semestre em 2,34%.


s

20
Dívida Pública core – yields a 10 anos

EUA Alemanha (Eixo à Dir.) Portugal Espanha Itália (Eixo a Dir.)

3,500 0,800 2,500 4,000


3,000 0,600 2,000 3,200
2,500
0,400
2,000 1,500 2,400
0,200
1,500 1,000 1,600
0,000
1,000
-0,200 0,500 0,800
0,500
0,000 -0,400 0,000 0,000

Fonte: Bloomberg

Mercado de Commodities

qqde 2019, as commodities analisadas apresentaram um desempenho


Durante o primeiro semestre

positivo. O Brent, referência das exportações angolanas, registou uma variação positiva de 23,70%,

fixando-se em 66,55 USD/barril no final do período em análise. O aumento do preço dessa commodity
foi influenciado pela diminuição do volume de produção, por um lado fruto do acordo estabelecido

pela OPEP, e, por outro lado, devido à sanção imposta ao Irão pelos EUA.

No que concerne aos metais preciosos, o Ouro registou uma variação positiva na ordem dos 9,91%,

fixando-se em 1 409,55 Ouro/onça no final do primeiro semestre de 2019. O aumento do preço deste
metal precioso deveu-se à tensão geopolítica vivenciada entre o governo americano e os governos da

China, Irão e Venezuela, reforçando a apetência por este activo de refúgio.

Relativamente às commodities agrícolas, o trigo registou uma variação positiva na ordem dos 4,92%,
fixando-se em 528,00 USD/Bushel no período em análise. Este desempenho foi influenciado pela

diminuição da oferta desta commodity por parte dos produtores, em resultado tanto das más condições

das colheitas quanto climáticas.


s

21
Evolução das Commodities

Brent/barril (Eixo à Dir.) Trigo/bushel(Eixo à Esq.) Ouro/onça(Eixo à Esq.)

100,00 1500,00

80,00 1200,00

60,00 900,00

40,00 600,00

20,00 300,00

0,00 0,00
jun/18 ago/18 out/18 dez/18 fev/19 abr/19 jun/19

Fonte: Bloomberg

22
VISTO DE PERTO

O comportamento recente dos agregados monetários em


Angola

Num contexto de queda dos preços do petróleo nos mercados internacionais e de uma queda da oferta
de moeda estrangeira na economia nacional, o Banco Nacional de Angola (BNA) confrontado com as
pressões inflacionistas decidiu restringir a política monetária, oque resultou no início de um ciclo de
elevação da taxa básica de juro (taxa BNA) a partir de Outubro de 2014, tendo saído de 8,75% para
16%.
s

Como é bem sabido, em regime de metas de inflação o instrumento básico da política monetária é a
taxa básica de juros. Em outras palavras, o Banco Central fixa periodicamente o valor da taxa de juros 23
com o objectivo de garantir a convergência no médio prazo da taxa de inflação ao valor estipulado
como meta para a referida variável. Nesse sistema, a meta da política monetária é a taxa de inflação,
Comunicado do BNA sobre movimentação de Contas de Clientes Particulares em
Moeda Estrangeira: Possível Impacto sobre as Reservas Internacionais Líquidas

O Banco Nacional de Angola (BNA), no passado mês de Julho, face às dificuldades dos cidadãos na
movimentação das suas contas denominadas em moeda estrangeira domiciliadas nos bancos nacionais,

emitiu um comunicado onde esclarece que as pessoas singulares podem movimentar as suas contas em
moeda estrangeira para a liquidação de operações de importação de mercadorias, invisíveis correntes e
capitais realizados pelo próprio depositante, de acordo com a legislação cambial e demais regulamentação

aplicável.

De acordo com o referido comunicado, no caso deas operações de invisíveis correntes e de capitais, os
bancos devem ter condições de executar os pedidos de movimentação das contas dos seus clientes
denominadas em moeda estrangeira no momento em que é atribuído o número de licenciamento da

operação pelo BNA.

Relativamente às operações de mercadorias, a mesma deve ser feita imediatamente após a validação dos
documentos de importação da mercadoria, prazo que não deve ultrapassar cinco (5) dias úteis contados a

partir da data de entrega dos documentos necessários.

Para as transferências bancárias, com data-valor no banco do beneficiário, tem um máximo de dois (2) dias

úteis, já o carregamento de cartões pré-pagos ou atribuição de um limite num cartão de crédito é executado
no prazo máximo de dois (2) dias úteis a partir da data do pedido do cliente, utilizando os recursos em

moeda estrangeira do cliente para a cobertura das operações.

Os levantamentos são feitos no prazo máximo de dois (2) dias úteis, a contar da data da recepção do
pedido do cliente. Na impossibilidade de pagamento de numerário na moeda ou forma pretendida pelo

cliente, de acordo com o BNA, o banco deve oferecer uma solução alternativa, que, dependendo da
finalidade da operação, pode ser o levantamento numa moeda estrangeira alternativa livremente convertível,

uma transferência bancária ou o carregamento de um cartão pré-pago de aceitação internacional.

Situação dos Bancos Comerciais

Em 2009, resultado da crise económica internacional, o PIB angolano sofreu uma grande desaceleração,
contrariando a assinalável tendência crescente que vinha registando. Após a fase de clara recuperação nos
anos seguintes, que culminaram com um crescimento de 8,5% em 2013, a brusca queda dos preços do

petróleo nos mercados internacionais em 2014 abrandou novamente a taxa de crescimento da economia

(4,8%).
s

24
Uma vez que, tradicionalmente, a actividade bancária consiste essencialmente na captação de depósitos e
consequente concessão de crédito, sendo que o petróleo é o principal motor da economia angolana, de

forma natural, as repercussões das oscilações registadas nesta commodity são rapidamente repassadas para
a economia e impactam sobre a actividade das empresas, afectando a sua capacidade de honrar com os

compromissos assumidos com os bancos (essencialmente em moeda estrangeira - ME).

Depósitos
66% 68% 69%
64%
58%
50% 50%
42%
36% 34% 32% 31%

2012 2013 2014 2015 2016 2017

Depósitos em AOA Depósitos em ME

Fonte: Relatório Banca em Análise 2018

No que diz respeito aos depósitos totais efectuados em ME, durante o período ilustrado, verifica-se uma
diminuição, comportamento similar ao verificado na figura abaixo relativamente ao crédito total que os

bancos concederam à economia em ME.

Crédito
68% 70% 70% 71%
62% 65%

38% 35%
32% 30% 30% 29%

2012 2013 2014 2015 2016 2017

Crédito em AOA Crédito em ME

Fonte: Relatório Banca em Análise 2018


s

25
Ainda relativamente ao crédito concedido à economia, pode-se verificar que o percentual do crédito
concedido em ME foi reduzindo, fruto também da diminuição verificada na arrecadação de depósitos em
ME. Ou seja, em função da crise verificada no país fruto da baixa do preço do petróleo, visto ser esta
commodity a maior fonte de entrada de ME na economia angolana, causou um impacto negativo na própria
economia relativamente às transacções em ME e com isto tornaria difícil a obtenção de ME e
consequentemente diminuindo a probabilidade de reembolso dos créditos obtidos.

Nesta senda, em 2014, o BNA por via da emissão do Aviso N.º 11/2014 decidiu rever a regulamentação
relativa à concessão, classificação e tratamento das operações de crédito concedidas pelas instituições
financeiras autorizadas a funcionar em Angola. O nº 3 do referido aviso esclarece que as instituições
financeiras devem, na cobrança das prestações de crédito concedido, aceitar fundos disponíveis nas contas
dos seus clientes expressos em quaisquer moedas, independentemente da moeda contratada.

Com esta medida, à luz do referido aviso, os bancos comerciais ficaram obrigados a aceitar pagamentos
em moeda nacional (MN) de créditos concedidos em ME. Tal medida teve um impacto negativo sobre estes,
fundamentalmente na redução da sua liquidez em ME.

Possível Impacto do comunicado do BNA sobre as Reservas Internacionais


Líquidas (RIL)

Num contexto em que a economia angolana tem sido afectada pela baixa do preço do petróleo nos
mercados internacionais, as Reservas Internacionais Líquidas (RIL), cuja principal fonte são as receitas
provenientes das exportações petrolíferas, têm seguido uma trajectória decrescente, chegando a atingir os
USD 10,2 mil milhões em Junho de 2019. Além da queda das receitas petrolíferas, a manutenção cambial,
bem como as importações de matérias-primas de bens e serviços, têm contribuído significativamente para
a variação negativa das RIL.

13,4 13,9
12,5 11,9 11,7 11,9
10,6 11,1 10,5 10,8
10,3 10,3 10,2

Fonte: BNA
s

26
Não obstante a redução verificada, fruto do trabalho desenvolvido no sentido de reestabelecer o stock de
ME dos bancos comerciais, o BNA entende que os bancos estão preparados para satisfazer essa
obrigatoriedade e amortecer um impacto negativo nas RIL.

Com o nº 3 do Aviso N.º 11/2014, a liquidez das instituições bancárias foi afectada e pese embora o BNA
garantir que as mesmas têm condições de satisfazer a procura, na eventualidade da procura registar um
excessivo aumento e os bancos observarem insuficiência de ME, poderá pressionar a procura no leilão de

venda de divísas do BNA e, consequentemente, afectar negativamente as RIL. Porém, na qualidade de


regulador do sector bancário e gestor das RIL, o BNA é a entidade competente para garantir que os bancos

tenham ou não condições de satisfazer as necessidades dos depositantes por ME.

27
s

28

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