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L.E.D. – “Light Emitting Diode”

Bracco, João Lucas Z.; Lembo, Giovanni; Lima, Tiago C.; Olegário, Felipe F.
Departamento de Ciências Básicas e Ambientais,
Escola de Engenharia de Lorena – Universidade de São Paulo
Estrada Municipal do Campinho S/N CEP: 12602-810, Lorena, Brasil.

RESUMO: o presente artigo tem como objetivo enunciar o funcionamento e as aplicações do


L.E.D., sigla oriunda do inglês, “Light Emitting Diode” – diodo emissor de luz, que representa
uma promissora tecnologia em desenvolvimento e é amplamente utilizada nos dias atuais.
Palavras chave: L.E.D., Light Emitting Diode, diodo emissor de luz, emissão de luz artificial, fonte
de baixo consumo, aplicações do LED, teoria do LED.

I. INTRODUÇÃO seguida, serão discutidos os diferentes tipos de LED


que existem atualmente, assim como suas diferenças.
Neste artigo será abordada a história e aplicação Suas aplicações gerais serão destacadas e, por fim, as
do LED (‘‘Light Emitting Diode’’, ou diodo emissor conclusões do grupo quanto ao tema trabalhado.
de luz como escrito anteriormente), assim como seu
funcionamento e importância na sociedade atual. São II. FUNDAMENTO TEÓRICO
dispositivos com um cátodo e um ânodo, que ligados
O LED é um diodo formado por dois materiais
a uma diferença de potencial superior a um valor
semicondutores polarizados (PN) e separados por
mínimo, com o ânodo contendo maior potencial que
uma heteroestrutura, além de um invólucro de epóxi
o cátodo, produzem luz monocromática. Quando o
(podendo ser colorido ou não), como mostram as
potencial do ânodo for menor que o potencial do
figuras a seguir:
cátodo, o LED não deixa passar corrente e não
acende. A energia elétrica que os portadores de carga
perdem na passagem da interface entre os dois
semicondutores é transformada em luz. Essa energia
corresponde à diferença entre dois níveis de energia
no semicondutor e tem um valor específico próprio
dos semicondutores usados no LED.

Apesar do LED ser muito utilizado hoje em dia,


sua invenção, por Nick Holonyak, aconteceu em
1963, somente na cor vermelha, com baixa
intensidade luminosa. Por muito tempo, o LED era Figura 1 – LED e sua representação num circuito
utilizado somente para indicação de estado, ou seja,
em rádios, televisores e outros equipamentos,
sinalizando se o aparelho estava ligado ou não.
Somente no início dos anos 90, com o surgimento da
tecnologia ‘‘InGaN’’(Índio, Gálio e Nitrogênio) foi
possível obter LEDs com comprimento de onda
menores, nas cores azul, verde e ciano, tecnologia
esta que propiciou a obtenção do LED branco,
cobrindo assim todo o espectro de cores. [1]
Figura 2 – Região interna do LED e sua diferença
Tendo todos estes detalhes em vista, será
de potencial
abordado na proxima seção as fundamentações
teóricas do eletromagnetismo que explicam o A parte N do semicondutor, ligada ao negativo do
funcionamento do LED e suas definições. Em circuito, apresenta majoritariamente elétrons (e-) livres,
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configurando um cátodo, enquanto que a parte P, ligada as bandas de valência dos arredores, mantendo o elétron
ao positivo do circuito, apresenta, em sua maioria, “preso” na região, a menos que liberem energia da mesma
lacunas, ou seja, espaços livres na estrutura de seu forma. Desse modo é possível levar lacunas e elétrons
material (ânodo). livres à mesma região de espaço, aumentando a
probabilidade de recombinação radiativa.
Esse diodo se torna condutivo quando é fornecida
uma tensão acima da tensão limite (threshold voltage). Podem-se obter diferentes valores de energia emitida
Assim, é possibilitado que hajam lacunas e e- livres de acordo com diferentes materiais nas regiões
ocupando a mesma região do espaço (o que é conhecido intermediárias. Fotos de cor vermelha, por exemplo,
como injeção de portadores). Quando o valor dessas “carregam” menos energia do que fótons violeta.
combinações ultrapassa a condição de equilíbrio dos
elementos, favorece-se a recombinação de portadores e Mais recentemente, foi criado o Led Azul, que,
há emissão de energia. combinado com materiais fosforescentes, emitem ondas
com diferentes frequências, se assimilando à luz branca
Nos semicondutores, os elétrons de condução sempre do Sol. Lâmpadas incandescentes, por outro lado, emitem
apresentam maior nível energético do que os elétrons um espectro de onda além da luz visível, perdendo parte
presentes nas ligações entre os átomos. Dessa maneira, de sua energia em forma de calor apenas. Portanto, LEDs
são formadas três bandas de diferentes níveis energéticos, apresentam maior eficiência do que lâmpadas mais
cada uma com uma faixa de valores de energia que podem antigas. [2]
ter os seus respectivos elétrons (banda de condução para
elétrons de condução, banda de valência para elétrons de Frequência de onda emitida
ligação e banda proibida para valores entre as bandas (comparação entre a lâmpada incandescente e o
anteriores, como mostra a figura 3). LED)

O LED apresenta muitas vantagens se


comparados aos outros dispositivos de iluminação. Ele
não se aquece, necessita menos energia e tensão, possui
menor tamanho, possuem maior tempo de vida e não
necessitam filtros, pois estão disponíveis em diferentes
cores. São fabricados em diferentes tamanhos e formatos,
sendo mais comuns os tamanhos circulares T-1(3mm de
diâmetro) e o T-3/4 (5mm de diâmetro). Também existem
LEDs de formato retangular, por exemplo, 1mmx5mm.

Os materiais usados nas regiões intermediárias


Figura 3 – Bandas Energéticas da junção PN do diodo resultarão na cor de luz emitida,
pois possuem diferentes bandas de valência. Desse modo,
Quando fornecida uma corrente ao diodo, um elétron
o fóton liberado na recombinação das lacunas e dos
livre, ao se combinar com uma lacuna na banda de
elétrons livres varia sua cor de acordo com a energia que
valência, passa a fazer parte da estrutura de ligação do
possui. Na figura 4, estão alguns exemplos de materiais
material ali presente, eliminando o estado vazio nela.
combinados na região intermediária e as cores que são
Neste processo, energia é liberada em forma de radiação
emitidas do LED.
eletromagnética(fóton) ou calor, pois, como explica Bohr,
o elétron passa de um nível mais energético para um
menos energético.

Para aumentar a eficácia da recombinação radioativa,


a junção PN é substituída por uma heteroestrutura na qual
se inserta uma região ativa, de várias camadas finas com
diferentes larguras de banda proibida, formando uma
região intermediária com alta concentração de lacunas e
elétrons. Em algumas camadas, essa largura é menor do
que a dos arredores. Assim elétrons tendem a ocupar
níveis de energia mais baixos disponíveis nessa camada.
Então, essa região se torna um “poço de elétrons”, pois Figura 4 – Cor em função do material.
esses precisam aumentar seu nível energético para voltar
a banda de condução. Com as lacunas, o processo é Geralmente, alguma resistência necessita ser
inverso. As bandas proibidas nas camadas da ligada ao LED, pois esse, como diodo, não possui
heteroestrutura apresentam nível energético maior do que resistência. Portanto, o aumento de tensão fornecida pode
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elevar exponencialmente a corrente elétrica causando um escolhidos para dividir o Nobel de Física pela invenção
curto circuito (como mostra a figura 5, representando a do LED Azul.
resistência de um resistor em função da tensão e corrente,
e a figura 6, mostrando a resistência do LED).
Desde os anos 1960 já existiam as cores vermelha e
verde, porém após diversas tentativas por diversos
cientistas não houve sucesso no desenvolvimento do LED
azul até a década de 90. O processo de desenvolvimento
do LED azul se deu na busca de encontrar a combinação
correta do gás nitreto de gálio (GaN), índio (In) e
alumínio (Al) para formação de cristais que viessem a
produzir a luz azul. O sucesso dessa descoberta foi de
suma importância e geraram muitos ganhos, tanto
Figura 5 – Gráfico da resistência financeiros como ambientais, para humanidade, pois com
a essa nova forma de luz foi possível a produção da luz
branca e a geração de uma enorme gama de modelos e
aplicações do LED. [3,4]

Dentre as principais aplicações do LED azul temos os


aparelhos Blu-Ray e as televisões de pontos quânticos
(QD-LED).

Modelos de LED

Figura 6 – Gráfico do LED Os LEDs podem variar conforme sua forma e

Para calcular-se o valor da resistência limitadora disposição como pela estrutura interna. Essas variações
para um LED, utiliza-se a fórmula: permitem que seja atendida a demanda cada vez maior
𝑅 = (𝑉𝑐𝑐 − 𝑉𝑓)/𝐼 pelas suas diferentes aplicações.

Onde: Os principais tipos de LED são LEDs de


-R é a resistência a se calcular em ohms; encapsulamento comum, SMD, Infravermelho e HPLED.

-Vcc é a tensão de alimentação, em volts; LED de encapsulamento comum


-Vf é a tensão direta especificada para o LED (forward),
em volts; São LEDs que emitem luz difusa distribuída em seu
encapsulamento que geralmente é de plástico e opaco.
-I é a corrente desejada, em ampéres.

Cada tipo de LED possui suas próprias


especificações como corrente e tensão máxima suportada
e recomendada, temperatura de operação, potência
dissipada, etc.

III. TIPOS DE LED

O LED Azul

Em 2014 Isamu Akasaki, e Hiroshi Amano, da


Universidade de Nagoya, no Japão, e Shuji Nakamura, da
Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, foram
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LED de Alta Potência

São LEDs que emitem forte luminosidade e são


utilizados em soluções como refletores de estádios,
iluminação pública, residencial e em faróis de carro. [5]

Figura 7 – LED comum

LED Infravermelho

Os LEDs infravermelho emitem luz em um espectro


invisível ao olho humano e são bastante úteis em Figura 10 – LED de alta potência

sensores, controle remoto e aparelhos de visão noturna. IV. APLICAÇÃO

A tecnologia dos dias atuais permite a produção


em massa de LED, com custo reduzido, podendo ter
aplicações corriqueiras, sem necessidade de
conhecimento técnico prévio para utilização do
aparato.

Utilização do LED para o tratamento de


úlceras

A aplicação direta da radiação eletromagnética


gerada pela exposição ao LED, utilizada em
tratamentos terapêuticos foi possível quando, na
década de 80, pesquisas científicas foram feitas, a
Figura 8 – LED Infravermelho fim de se obter os efeitos positivos de
fotoestimulação da luz sobre células de diferentes
LED SMD
tipos. A consequência de tal estímulo é o aumento de
proliferação dessas células, e nos humanos, o
O LED SMD é modelo muito pequeno, normalmente
aumento da vascularização e da produção de
é utilizado na construção de fitas de LED e em placas de colágeno, o que auxilia na cicatrização de úlceras.
circuito impresso. Atualmente, o tratamento dessa lesão, que utiliza o
LED como fonte primária de radiação possui
eficiência muito próxima aos métodos anteriormente
utilizados, podendo substituí-los, por ser uma
alternativa mais barata e de simples obtenção.[6]

LED como fonte de luz e uso no design de


interiores

O LED encotra um mercado de alta


concorrência, uma vez que existem inúmeras opções de
luminárias e lâmpadas, como as fluorescentes, as de
vapor de mercúrio, incandescentes, etc. Uma vez que os
fabricantes de LED garantem que a economia no
consumo de energia é maior com a utilização dessa nova
Figura 9 – LED Infravermelho
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tecnologia, e que sua durabilidade e vida útil são maiores, Professora, Dra. Bertha Cuadros pela oportunidade
sua utilização é benéfica, mais eficiente e econômica. [7] de produção de um artigo com temas aplicados às
nossas aulas de física, que facilitam a visualização
Sendo assim, o LED pode ser utilizado para dos assuntos abordados.
iluminar artificialmente ambientes fechados, podendo ter
objetivos distintos como iluminação industrial,
comercial, residencial, etc., onde as variáveis atribuídas
podem ser preço final, acomodação da vista, boas REFERÊNCIAS
condições de visibilidade para segurança, menor custo de [1] LED – O QUE É E COMO FUNCIONA. Disponível
manutenção/instalação, e melhorar a estética de em
diferentes ambientes, aliando o design dos mesmos. [8] <https://www.iar.unicamp.br/lab/luz/dicasemail/led/dica
QD LED – “Quantum Dots LED” 36.htm>. Acesso em 06 de maio de 2019.

QD LEDs são nanopartículas de diferentes cristais [2] ESTUDO DA ESTRUTURA DO WHITE


(com composições diferentes) que possuem LED.Disponível em
funcionamento parecido com o LED comum, mas em <http://ic.ufabc.edu.br/II_SIC_UFABC/resumos/paper_
escala nanométrica. Geram cores mais estáveis, tendo 5_89.pdf>. Acesso em 06 de junho de 2019.
uma emissão extremamente eficiente e portanto, geram
uma emissão com uma amostragem espectrométrica
maior. [3] TSAO, Jeffrey Y., Jung Han, Roland H. Haitz, and P.
Morgan Pattison. "THE BLUE LED NOBEL PRIZE:
Uma aplicação para tal tecnologia é sua utilização em HISTORICAL CONTEXT, CURRENT SCIENTIFIC
televisões LCD. A estabilidade da luz gerada por estes UNDERSTANDING, HUMAN BENEFIT”. Annalen Der
nanocristais gera uma imagem projetada mais vívida, Physik 527, no. 5-6 (2015): A53-61.
com cores mais corretas e nítidez melhorada. [4] GIBNEY, Elizabeth. (2014). NOBEL FOR BLUE LED
THAT REVOLUTIONIZED LIGHTING. NATURE, 514
(7521), 152.

[5] Jang, Ho Jin, Lee, Jun Yeob, Kwak, Jeonghun, Lee, Dukho,
Park, Jae-Hyeung, Lee, Byoungho, & Noh, Yong Young.
(2019). Progress of display performances: AR, VR, QLED,
OLED, and TFT. Journal of Information Display, 20(1), 1-8.

[6] EFEITOS BIOLÓGICOS DA LUZ. Disponível


em<www.uel.br/revistas/uel/index.php/seminabio/article/down
load/2898/2457>. Acesso em 05 maio 2019.
Figura 11 – Quantum Dots LED com nanocristais [7] RIOS, Luciane. O USO DOS LEDs NA ILUMINAÇÃO
de composições diferentes DE RESIDÊNCIAS. Brasília, DF. 06 de agosto de 2014.
Disponível em .
<https://www.ipog.edu.br/download-arquivo-
V. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES site.sp?arquivo=o-uso-dos-leds-na-iluminacao-de-residencias-
83560.pdf> Acesso em 05 de maio de 2019.
A partir das informações citadas, é evidente a
importância do LED no dia a dia do ser humano. Sua [8]MARTELETO, Douglas. AVALIAÇÃO DO DIODO
descoberta remete aos anos 60 do século passado, e EMISSOR DE LUZ (LED) PARA ILUMINAÇÃO DE
desde então vêm evoluindo, e é encontrado em INTERIORES. Rio de Janeiro, RJ. Março de 2011. Disponível
grande parte de sistemas eletrônicos e placas de em . .
<http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli100037
circuito, utilizados em carros, iluminação de
63.pdf>.Acesso em 05 de maio 2019.
ambientes e, surprendentemente, no avanço da cura
de úlceras locais e lesões em células de humanos.
Essa evolução garante a redução do custo de
produção deste componente, expondo sua utilização
aos novos mercados e objetivos.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos os colegas envolvidos, que


nos auxiliaram a obter informações interessantes de
fontes distintas. Agradecemos também à nossa

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