Você está na página 1de 50

Aos Profissionais em Saúde

 Estas são diretrizes para melhor entendimento das


reações hansênicas e seu manejo, no entanto, situações
inusitadas ou particulares podem ocorrer
 Consultem a sua referência sempre que surgirem
dúvidas
 Lembrem-se, o paciente é parceiro na própria cura, um
bom relacionamento, uma boa história pessoal e familiar
e um adequado acompanhamento fazem a diferença

Ewalda v. R. S. Stahlke
Dermatologista e Hansenologista
RECONHECER E TRATAR

REAÇÕES HANSÊNICAS
Bibliografia
 Manual elaborado pelo grupo coordenado pela
Dra Ana Regina Coelho de Andrade - Minas Gerais
 Manual do MS
 Manual de Lepra Ridley e Jopling
 International Journal Leprosy
Ewalda Stahlke
CRE Metropolitano
Secretaria de Estado da Saúde do Paraná
SURTOS REACIONAIS EM
HANSENÍASE
 Doença imunológica
 Episódios inflamatórios agudos e sub-agudos de
hipersensibilidade ao M.leprae
íntegro ou granuloso
Edema, calor, rubor, dor, perda de função
 Podem ocorrer antes, durante ou após PQT
SURTOS REACIONAIS EM
HANSENÍASE

TIPO 1 - REAÇÃO REVERSA


TIPO 2 - ERITEMA NODOSO
1 e 2 – NEURITE
dor e/ou espessamento dos nervos

FENÔMENO DE LÚCIO
REAÇÃO
TIPO 1

•Lesões mais eritematosas, infiltradas, dolorosas


podem descamar e ulcerar
•Novas lesões

•NEURITE – comprometimento mais importante


associada ou não a lesões cutâneas
TRATAMENTO REAÇÃO TIPO 1
 Amitriptilina 25/75mg - 25 a 225mg/d
 Dor queimada (parestésica)

 Carbamazepina 200mg - 200 a 600mg/d


 Dor lancinante (aguda)

 ação central, não recuperam função neural


(sensibilidade e motricidade)
 monitorar a função neural

Neurite
REAÇÃO TIPO 1
 Artrite
 Poliarticular, subagudo
 Rigidez matinal de 1h
 Lesões cutâneas concomitantes
 Ocorre em não tratados, com tratamento irregular,
e nas formas de resistência
 Sintoma sistêmicos
febre, mal estar
edema generalizado (mãos, pés e face)
GRAVIDADE REAÇÃO TIPO I
CLÍNICA TRATAMENTO

LEVE lesões cutâneas AINH


sem neurite

GRAVE neurite Corticosteróide


com ou sem
lesões de pele
TRATAMENTO
SURTO REACIONAL TIPO 1

Droga de escolha

PREDNISONA

Não suspender PQT quando em


vigência do tratamento

Talidomida não é droga efetiva na reação tipo I


TRATAMENTO REAÇÃO TIPO 1
 Prednisona 5/20mg - 1 a 2mg/Kg/d
até regressão clínica
lenta a cada 15 – 30 dias ou

 Metilprednisolona 4mg ou
 Dexametasona 0,5/0,75/4mg ou
 Deflazacort 6/7,5/30mg

Dose de manutenção pelo menos 2 meses


Não usar como profilático

Reação Reversa e Neurite


CUIDADOS CORTICOTERAPIA
 Strongiloides stercoralis
 Tiabendazol 50mg/kg/d – 3d
50mg/Kg/d – 2d
50mg/kg/d – adulto
30mg/Kg/d – criança
 HAS, DM
 Dieta hipossódica
 Osteoporose
TRATAMENTO REAÇÃO TIPO 1
Neurite

 Analgésicos e anti-inflamatórios: AAS, Indometacina,


Paracetamol, Diclofenacos, Pirazolonas, Codeína 15 a
30mg/dia
 Complexo B – dor parestésica

 Imobilização, Calor local


 Fisioterapia passiva e ativa

 Eletroacupuntura: estimula nervos lesados


TRATAMENTO REAÇÃO TIPO 1
Neurite

 Amitriptilina 25/75mg - 25 a 225mg/d


 Dor queimada (parestésica)

 Carbamazepina 200mg - 200 a 600mg/d


 Dor lancinante (aguda)

 ação central, não recuperam função neural (sensibilidade e


motricidade)
 monitorar a função neural
TRATAMENTO REAÇÃO TIPO 1
Reação reversa e neurite

 Azatioprina 50mg (Imuran)


 Ação parcial
 Fase tardia
 Não age sobre edema intraneural
 Ciclosporina A 50mg (Sandimmun)
3 a 5mg/Kg/d – até melhora clínica
manter mais 3 a 4 meses (8 meses)
monitorar PA e função renal

 Pentoxifilina 400mg – 1200mg/d


após melhora manter 2-3 meses
+ PDN 0,5mg/Kg/d após melhora em 20-30d

 Clofazimina - 100 a 300mg/d até 9 meses


REAÇÃO TIPO 2

Antes, durante, após PQT


Geralmente prolongados ou
recorrentes

5 anos ou mais
REAÇÃO TIPO 2

 Eritema Nodoso
Hansênico

 Eritema Polimorfo

 Neurite

 EN Necrotizante
REAÇÃO TIPO 2
 Irite, iridociclite, uveíte, esclerite
dor e hiperemia
recente acuidade visual perda 2 linhas em até 3 meses
fraqueza muscular fechamento pálpebras
sensibilidade corneana
estreitamento e irregularidade pupila
fotofobia
sensação de corpo estranho

 Rinite, epistaxe
pequenos sangramentos
crostas hemáticas
risco de desabamento
REAÇÃO TIPO 2
 Hepatite
 Esplenomegalia
 Orqui-epididimite
edema e dor
(afastar neoplasia)

 Glomerulonefrite, proteinúria
depósito de imunocomplexos
REAÇÃO TIPO 2

 Edema e dores articulares


 Dactilite
 Mãos e pés reacionais

 Linfadenopatia

 Sintomas sistêmicos: febre, cefaléia, mal


estar, anorexia, insônia pela dor, depressão
REAÇÃO TIPO 2

Eritema Multiforme
 Bolhas
 Placas eritematosas
 Ulcerações

Fenômeno de Lúcio
 Vasculite
 Cicatrizes inestéticas
REAÇÃO TIPO 2

Eritema nodoso
REAÇÃO TIPO 2

Eritema polimorfo
REAÇÃO TIPO 2

Vasculite
TRATAMENTO REAÇÃO TIPO 2

 Talidomida 100 a 400mg/d


não necessita esquema de retirada normalmente
 Prednisona 1 a 2mg/Kg/d
esquema de retirada lenta
TRATAMENTO REAÇÃO TIPO 2
ENH
 Clofazimina 300mg/d – 1m + PDN
200mg/d – 1m
100mg/d – 1m
ou 300mg até 9 meses

 Pentoxifilina 400 a 1200mg + PDN


TRATAMENTO REAÇÃO TIPO 2
ENH

 Ciclosporina A 50mg – EN Grave


3 a 5mg/kg/dia
até melhora clínica, manter por 3 a 4 meses
monitorar PA e função renal

 Azatioprina
TRATAMENTO ERITEMA
MULTIFORME OU TIPO 2

 Prednisona
 Clofazimina
 Anti-histamínicos
TRATAMENTO - IRITE

 Colírio de Hidrocortisona a 1%
 Colírio de Atropina 1% 2x/dia
 Corticóide VO
 Talidomida
 Iridectomia completa
TRATAMENTO
OUTRAS SITUAÇÕES

ORQUIEPIDIDIMITE, MÃO E PÉ
REACIONAIS, NEFRITE, ARTRITES,
EM NECROTIZANTE E MIOSITES.

 Prednisona
 Imobilização
USAR PREDNISONA
 EN Necrotizante
 EM
 Troncos Nervosos
 Irite, Iridociclite
 Mãos e Pés Reacionais
 Vasculite (Fenômeno de Lúcio)

 Mulher Idade Fértil


TRTAMENTO ERITEMA NODOSO
HANSÊNICO ou TIPO II

 Analgésicos e anti-inflamatórios:
AAS, Indometacina,
Diclofenacos, Paracetamol
ATENÇÃO
 TALIDOMIDA
 TERATOGENICIDADE ( lei no 10.651
de 16/04/2003 )
 Oferecer todos os métodos
contraceptivos às mulheres em idade
fértil, em tratamento de hanseníase ou
de qualquer outra doença com o
emprego de talidomida.
GRAVIDADE REAÇÃO TIPO II
CLÍNICA TRATAMENTO
LEVE ENH poucas AINH
sem sint. sistêmicos
sem neurite

MODERADA ENH Talidomida


com sint. sistêmicos Clofazimina
sem neurite
sem outros órgãos

GRAVE ENH Talidomida e/ou


com compr. sistêmico grave Corticostereóide e/ou
com neurite e/ou CFZ e/ou
orquite,linfadenopatia,irite, Pentoxifilina
mão e pé reacional,
ENH necrotizante,artrite
NEURITE
•Dor espontânea ou a palpação
•Espessamento
•Repercussão clínica por dano neural
destruição de 30% do nervo
•Maioria tipo misto (sensitivo-motor)

•Ulnar
•Fibular
•Tibial posterior

•Neurite silenciosa
NEURITE SILENCIOSA
 Espessamento do nervo
 Alteração da sensibilidade
 Alteração da força muscular

 Piora da sensibilidade e/ou força muscular

Sem queixas de alteração sensibilidade e


Sem dor

Hipertrofia neural
Tratamento da Neurite

Prednisona
droga mandatória
1 a 2 mg/kg/dia

Imobilização do membro

Tratamento cirúrgico
Descompressão
Transposição
Tratamento da Neurite
Pulsoterapia
 Metilprednisolona EV 1g/d – 3 dias
+ 1g/sem – 4 sem
 Hidrocortisona EV 600mg 6/6h – 3d
+ 200mg/d – 6 sem
+ Prednisona 40mg/d

Quando não melhora com corticosteróides em geral


Neurite Hansênica

Abscesso
de nervo Paciente com dor não
Uso de Corticosteróides Controlada e/ou crônica

Nocicepção Desaferentação
Não Sim
Corticóides, Antidepressivos
Talidomida AINH Tricíclicos e/ou
Drenagem Não responde ao
neurolépticos
cirúrgica tratamento clínico Neurite subentrante
em 4 semanas com 3 episódios
de agravamento Dores persistentes com
quadro sensitivo e motor
normal ou sem piora
Neurolise
Antidepressivos tricíclicos
e/ou neurolépticos; Monitorização
p/ avaliar uso corticóide
CIRURGIA X NERVO
 Neuropatia = compressão intra e extraneural

 finalidade da cirurgia
reduzir ou eliminar a compressão

 Principais questões
quando operar
até aonde ir durante a cirurgia
INDICAÇÃO DE CIRURGIA

 neurólise
 desbridamento de úlceras
 drenagem de abscessos

Emergência
 Vacinação
FATORES
 Infecções intercorrentes
ITU, Tb, viroses, PRECIPITANTES
problemas ondontológicos
infest. parasitológicas
vírus da hepatite
 Distúrbios hormonais
puberdade
gravidez
parto
 Tratamentos hormonais
 Fatores psicossociais
estresse
 Iodeto de potássio
CARACTERÍS REAÇÃO RECIDIVA
TICAS REVERSA

Intervalo de Durante a PQT Pós PQT


tempo Até 6 meses após 1 a 3 anos - Lesões
(3 anos) 5 anos - EN persistente

Aparecimento Súbito Lento

Distúrbios Febre Geralmente sem


Sistêmicos Mal Estar
CARACTERÍS REAÇÃO RECIDIVA
TICAS REVERSA

Lesões Antigas Algumas ou todas Eritema/edema de


borda - PB/MB
Eritematosa Infiltração
Edematosa
Brilhante EM/EP severo
persistente

Lesões Novas Várias Poucas


em geral Lesão nova fixa
Hansenomas, placas
EM/EP Novo
CARACTERÍST REAÇÃO RECIDIVA
ICAS REVERSA

Ulceração Muitas vezes Raras vezes

Regressão Com Descamação Sem Descamação

Envolvimento Muitos nervos Poucos nervos


Neural Antigos ou novos

Neurite Neurite

Alteração Sensibilidade Perturbações


Perturbações motoras motoras lentas
CARACTERÍS REAÇÃO RECIDIVA
TICAS REVERSA

Resposta a Excelente 2 ciclos


Cortisona Não pronunciada
Lenta
Não responde

Recidiva lesão
após suspensão
CARACTERÍS REAÇÃO RECIDIVA
TICAS REVERSA

Baciloscopia Negativa IB 2 em 1 local ou +


em relação ao início/alta
IM bacilos íntegros

2 exames
intervalo 6 meses
REAÇÃO REVERSA X RECIDIVA
OD=1 OD=3 2 OD=4 OD=3
OE=0 OE=0 OE=5 OE=2
CD=2 CD=1 CD=4 OE=4
CE=3 CE=0 CE=2 CE=4 2
Le=0 Le=3 3
REAÇÃO REVERSA X RECIDIVA
Risco potencial
IB inicial>= 4
IB final >= 3
(Lepr. Rew. 2001)

Recidiva
PB = 1,07%
MB = 0,77%
Persistência M.leprae = 10% dos MB
Reação Reversa x Recidiva
CONSIDERAÇÕES GERAIS

Levar em conta antecedentes de


 Hepatopatia grave
 Alcoolismo crônico com lesão hepática
 Distúrbios hematológicos severos
 Nefropatia auto-imune
 Doença mental prévia

Você também pode gostar