Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Márcio Padrão
O que não está necessariamente errado. Afinal, se você comprar um celular de uma
marca de renome, espera-se que o fone que acompanha seja um bom acessório para o
cotidiano. Mas o problema está na hora de substituir. Para economizar, muita gente opta
por produtos de má qualidade ou mesmo modelos piratas de camelô, que são bem
baratos. Mas são também muito ruins.
Para saber o quão ruins são, o UOL Tecnologia procurou um expert em áudio --no
caso, o técnico de som Fernando Narcizo, que já trabalhou com Arnaldo Antunes, Céu e
Elza Soares -- para ouvir e analisar vários fones in-ear de marcas e modelos diferentes,
do mais barato ao mais caro.
Fones de ouvido sem fios viram colares com reforço sonoro e controles
Após 2 meses de atraso, Apple começa a vender fones sem fio por R$ 1.399
Fanático por fones, o atual fone in-ear eleito por ele é o da Apple, que acompanhou um
iPhone 5C, lançado em 2013. Por isso, quando começamos o teste por um fone vendido
em um camelô de São Paulo, a R$ 20, Fernando foi taxativo após ouvir alguns segundos
da música: "Esse fone é uma merda. Pode jogar fora", disse.
Ok, o de camelô não é bom. Mas a coisa já muda de figura quando testamos o fone
seguinte, o SHE3010 da Philips. A boa notícia sobre ele é que é só um pouco mais caro
que o modelo pirata --na faixa dos R$ 30-- mas a qualidade do som já melhora
bastante.
Fone de ouvido SHE3010, da Philips
Imagem: Divulgação
"O som dele é melhor. Mais agradável de ouvir. Ainda tem pouco grave, mas perdeu um
pouco daquela sensação de som embolado", diz Fernando. Sobre o fato da construção
dele ser aparentemente frágil e similar ao de camelô, com fios finos, o técnico crê que
isso não é determinante. "Alguns fones podem ser frágeis e funcionam bem. Tudo
depende do manuseio do usuário", opina.
Outros modelos da Philips um pouco mais caros, o Vibes SHE3705 com preço médio
de R$ 70, e o esportivo SHQ1405, por R$ 130, já trazem níveis bem melhores de
grave e os instrumentos já soam mais nítidos. No segundo, há uma redução de volume,
talvez por conta de ser um modelo que permite entrada do som ambiente.
Ambos foram elogiados por Fernando. "O da Sennheiser tem um ótimo grave. O Sony
Extra Bass tem um grave melhor que os outros, mais redondo. Passa um pouquinho do
ponto ideal, até. Mas é uma questão de perfil", diz.
Há modelos de in-ear ainda mais luxuosos no mercado, mais caros do que muito fone
supra-auricular (os mais convencionais, que envolvem o ouvido externamente). Os
Airpods da Apple, por exemplo, estão na faixa dos R$ 1.400.
Voltando à questão que abre este texto, é importante salientar que a qualidade do fone
de ouvido que acompanha o celular varia conforme o modelo e costuma ser diretamente
proporcional ao preço do smartphone; quanto mais caro, maior a chance do acessório
ser bom. Vide o próprio fone da Apple elogiado pelo técnico.
Além dos fones avulsos, a reportagem levou para Fernando Narcizo o fone que
acompanha o smartphone intermediário Galaxy A7 (2017), da Samsung, que foi testado
pelo UOL Tecnologia há alguns dias. Ele também é usado em outros modelos, como o
Galaxy A5 e o J7 Prime.
E o fone surpreendeu Fernando. "O isolamento deste é maior, por conta das coberturas
de silicone que envolvem os alto-falantes e ajudam a entrar no ouvido. É um fone que
eu gosto. Veste bem, tem um bom grave. É o mais próximo do fone do iPhone. Só acho
as altas frequências do iPhone mais claras", analisou.
A visão das empresas
Para as fabricantes, investir em fones de camelô só trazem malefícios para o usuário. "A
durabilidade dele vai ser muito baixa. Um fone que custou barato no camelô vai ter
cinco vezes maior chance de quebrar do que um que custou R$ 50", diz Nicolas
Fernandes Nascimento, gerente de marketing da Gibson no Brasil. Famosa por suas
guitarras e amplificadoras, a Gibson é parceira da Philips no segmento áudio.
Marcelo Gonçalves, gerente de marketing e da Sony Brasil, crê que o sucesso dos in-ear
vem de fatores como praticidade, discrição, abrangência (por acompanhar os celulares),
o fácil encaixe e a qualidade sonora.
Além disso, comprar um produto de uma marca reconhecida, no varejo comum, vai dar
ao usuário uma nota fiscal que o cobrirá na garantia --de três a seis meses, dependendo
do produto. É um pouco menor que os 12 meses de outros eletrônicos, mas é melhor
que ficar descoberto, como seria comprar um fone pirata no camelô. "É um produto que
o uso é mais contínuo e o cuidado é menor que com outros aparelhos",
justifica Nascimento.
https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2017/07/27/entenda-por-que-ter-um-fone-de-
ouvido-melhor-e-mais-caro-nao-e-frescura.htm