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AVALIAÇÃO MEDIADORA
Jussara Hoffman
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Esta obra discute a avaliação numa perspectiva construtivista que se contraponha à prática de
avaliação tradicional, buscando o sentido em direção a uma escola igualitária e libertadora desde a
educação infantil, o ensino fundamental, médio, até a universidade.
O livro inicia com a discussão da escola de qualidade e sobre o compromisso de manter na esco-
la o aluno favorecendo-lhe de fato o acesso ao saber (não simplesmente por promovê-lo), a outros
graus de ensino, de permanência e continuidade nos estudos. Melhoria da qualidade do ensino re-
quer: escolaridade para todas as crianças e escolas que compreendam essas crianças a ponto de auxi-
liá-las a usufruir seu direito ao ensino fundamental no sentido de sua promoção como cidadãos parti-
cipantes nesta sociedade; que perceba a educação como direito da criança consciente desse direito.
Numa perspectiva construtivista da avaliação, a questão da qualidade do ensino deve ser anali-
sada em termos dos objetivos efetivamente perseguidos no sentido do desenvolvimento máximo pos-
sível dos alunos, à aprendizagem, no seu sentido amplo, alcançada pela criança a partir das oportuni-
dades que o meio lhe oferece.
A qualidade do ensino na concepção classificatória, a qualidade se refere a padrões preestabele-
cidos, em bases comparativas: critérios de promoção, gabaritos de respostas, padrões de comporta-
mento ideal. Uma qualidade que se confunde com quantidade.
Qualidade, na perspectiva mediadora da avaliação, significa desenvolvimento máximo possível,
um permanente “vir a ser”, sem limites preestabelecidos, embora com objetivos delineados e aceita-
ção das pré-condições socioculturais do educando.
A avaliação apresenta uma importância social e política fundamental no fazer educativo vincu-
lando-a a idéia de qualidade. Avaliar qualitativamente significa um julgamento mais global e intenso,
no qual o aluno é observado como um ser integral, colocado em determinada situação relacionada às
expectativas do professor e também deles mesmos.
A autora pesquisou as causas do fracasso escolar junto aos professores (30) de escolas estaduais
de educação infantil, ensino fundamental e médio, os quais responderam:
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www.tanalousa.com.br / Prof. Vinícius Reccanello de Almeida
A partir das considerações, apontamos alguns princípios coerentes à ação avaliativa mediadora:
- oportunizar aos alunos muitos momentos de expressar suas idéias – as tarefas são elementos
essenciais para a observação das hipóteses construída pelos alunos ao longo do processo;
- em vez do certo/errado e da atribuição de pontos, fazer comentários sobre as tarefas dos alu-
nos, auxiliando-os a localizar as dificuldades, oferecendo-lhes oportunidades de descobrirem melhores
soluções – é preciso ultrapassar a sistemática tradicional de buscar certos e errados em relação às
respostas do aluno e atribuir significado ao que se observa em sua tarefa, valorizando idéia e dando
importância a suas dificuldades. O respeito e a valorização de cada tarefa favorecem a expressão de
crenças verdadeiramente espontâneas.
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As diferentes posturas também se revelam nas expectativas dos alunos (pedindo para professor
dar nota em toda atividade; não aceitando que sua tarefa tenha erro), dos pais (não aceitando que não
se corrija o caderno de seu filho), dos professores (corrijo tudo, não corrijo, o que fazer?).
Na concepção mediadora a correção se faz presente pensando na evolução do conhecimento de
forma dinâmica, de descoberta por ensaio e erro, de tomada de consciência sobre o fazer, muito mais
que a preocupação com resultados imediatos ou fórmulas definitivas de solução apresentadas pelo
professor.
Não significa aceitar tudo o que a criança faz. Considerar, valorizar, não significa observar e dei-
xar como está. Ao contrário exige do professor a reflexão teórica necessária para o planejamento de
situações provocativas ao aluno que favoreçam a sua descoberta. As tarefas de aprendizagem são
pontos de partida do professor no sentido de gerar conflitos entre as crianças pela confrontação entre
elas a respeito de diferentes soluções pensadas em evolução.
A ação mediadora do professor, a sua intervenção pedagógica, desafiadora, não pode ser uni-
forme em todas as situações de tarefas dos alunos. Os erros que a criança apresenta podem ser de
natureza diversa. Nenhum extremo é válido: considerar que sempre devemos dizer a resposta certa ou
no outro extremo, considerar que todo e qualquer erro que o aluno cometa tenha o caráter construti-
vo e que ele poderá descobrir todas as respostas.
A tarefa do aluno está presente entre uma tarefa do aluno e a posterior. A tarefa do professor
consiste em favorecer a este aluno o alcance de um saber competente e a aproximação com a verdade
científica.
O tema correção envolve essencialmente o respeito à criança em suas etapas de desenvolvi-
mento e, por isso é urgente incluir o termo “ainda” no seu vocabulário. Ao invés de analisar os exercí-
cios dos alunos para responder quem errou ou quem acertou, analisá-los para observar quem apren-
deu e quem “ainda” não aprendeu.
Os registros de avaliação refletem a concepção de educação do professor. Relatórios de avalia-
ção devem expressar avanços, conquistas, descobertas, bem como relatar o processo vivido em sua
evolução, em seu desenvolvimento, dirigindo-se aos encaminhamentos, às sugestões de cooperação
entre todos que participam do processo. Ao relatarmos um processo efetivamente vivido, encontra-
remos as representações que lhes dêem verdadeiro sentido.
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Há muitas crenças que a avaliação mediadora é restrita aos professores das séries iniciais do en-
sino fundamental, mas a autora revela o desenvolvimento desta perspectiva no ensino médio e no
ensino universitário através de pesquisas realizadas.
O modelo que se instala em cursos de formação, é um modelo reprodutivista sendo muito mais
forte que qualquer teoria que o aluno possa adquirir, pois é vivida em seu cotidiano.
Em sua pesquisa no curso universitário a autora aponta algumas concepções apresentadas pelos
professores resistentes à avaliação mediadora e assinala caminhos para reflexão:
- o processo de transformação inicia de forma lenta com muitas resistências dos alunos. Uma
vez compreendido, o processo alcança bons resultados; · a proposta exige a reflexão permanente do
grupo e ajustes freqüentes;
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Nesta perspectiva, avaliação mediadora é uma postura de vida e os fundamentos de uma ação
avaliativa mediadora ultrapassam estudos sobre teorias de avaliação e exigem o aprofundamento em
teorias de conhecimento bem como estudos referentes a áreas específicas de trabalho do professor.
A ação avaliativa mediadora se desenvolve em benefício ao educando e dá-se fundamentalmen-
te pela proximidade entre quem educa e quem é educado. Pela curiosidade de conhecer a quem edu-
ca e conhecendo, a descoberta de si próprio. Conhecimento das possibilidades dos educandos de con-
tínuo vir a ser, desde que lhe sejam oferecidas as oportunidades de viver muitas e desafiadoras situa-
ções de vida.