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INTRODUÇÃO
“(...) o militar durante a Regência tem como parâmetro um universo institucional que
não se restringe apenas ao Exército, ao qual se juntam a Guarda Nacional e uma série de
grupos como os guardas municipais, as forças policiais, pequenas ordenanças, entre
outros que, apesar de terem sido legalmente extintos com a criação da guarda Nacional,
continuam a conviver e dividir áreas de atuação.”
“As Hierarquias que definiam os quadros das forças de linha acompanhavam o sistema
de liberdades e distinções estabelecido por um certo sentimento aristocrático, que
estruturava todo o corpo social. O alto oficialato não só era extremamente solidário,
como integrava a elite política do império.”
“A reforma das leis requerida pelo deputado, ainda que solitariamente, previa uma total
disciplinarização do Exército. As forças de linha deveriam ser ‘... disciplinadas, porque
um exército muito numeroso não valerá a terça parte de um exército bem disciplinado,
além do que, quanto mais indisciplinado for, mais funesto para o país, e mais perigoso
para a ordem pública’.”
“Ser um oficial, conforme indica a provisão, era antes um honraria que uma profissão.”
“As pesquisas realizadas por John Schulz ajudam a comprovar com argumentos
numéricos esse fato.”
“Na sua amostragem, a participação dos militares nos cargos da política nacional
descreve uma curva decrescente que revela um aumento dos níveis de
profissionalização e a consequente redefinição do papel social e político do Exército.”
“Esse fácil trânsito dos oficiais entre tarefas propriamente militares e cargos políticos,
de acordo com José Murilo de Carvalho, constitui a estratégia básica de organização
dessa política de base burocrática. O império resgatava a velha prática portuguesa de
fazer circular seus funcionários a fim de que pudessem acumular uma vasta experiência
de governo e, ao mesmo tempo, evitar a identificação do grupo com interesses
regionais.”
Seguindo a mesma linha argumentação acima é possível separar alguns trechos que
elucidam a pouca importância e as críticas que eram feitas ao Exército, por sua
participação falha no combate as rebeliões que eclodiam em todo o território e a
importância que é dada pela historiografia para a Guarda Nacional. A Guarda Nacional
também se encontrava deteriorada e se mostrava igualmente incapaz de combater as
diversas rebeliões.
“(...)o estado de desarticulação das forças de linha pode ser facilmente deduzido das
medidas liberais adotadas pela Primeira Regência e dos mecanismos de recrutamento da
oficialidade. Por mais que as reformas de 1831 e 1832 não tenham sido mocidas por
uma intenção propriamente erradicadora, é impossível negar o amploprocesso de
desmobilização a que foi submetido o Exército nesse período.”
“A contrapartida de um exército desprestigiado é o destaque dado à atuação da Guarda
Nacional.”
“(...)a eficácia da atuação da Guarda como filha da revolução liberal e substituta das
forças de linha nas questões internas é duvidosa.”
“Essas críticas ao estado das forças militares da legalidade e o reclame por ‘printas e
enérgicas medidas’ vão gradativamente se construindo à medida que as rebeliões
provinciais se difundiam pelo território nacional e a incapacidade do governo em dar-
lhes combate tornava-se cada vez mais notória.”
“Para debelar as rebeliões não basta aumentar a força militar, muito menos com a
contratação de mercenários; nessa política, os partidários do conservadorismo
localizarão, como poderá ser visto adiante, uma intenção de militarização do Império.
As circunstâncias exigiam uma reforma militar que restabelecesse a disciplina e a ordem
no interior do Exército.”
“O ministro Sebastião do Rego Barros foi um importante nome regressista nesse embate
inicial pela implementação das medidas reformistas no campo militar.”
“No ano de 1837, a nomeação para o Ministério da Guerra consolidou a imagem de
Rego Barros na política nacional, quando, aos 34 anos, assegurou definitivamente o seu
lugar no grupo da elite política.”
“Para aprovar a proposta que autorizava a elevação das forças de terra em circunstâncias
extraordinárias para até 15 mil praças de pret, o ministro teve que acompanhar durante
dois meses as sessões parlamentares e enfrentar pronunciamentos bastante hostis.”
É interessante ver que, mesmo tendo que conviver com várias revoltas, que
desestabilizavam o governo, comandado seja por um partido ou por outro, os Deputados
tentavam de qualquer forma barrar qualquer reforma ou projetos de lei, mesmo que
servissem para uma maior estabilidade. O jogo político mostra que não estava em jogo o
interesse do país, mas o interesse do partido. “O ano de 1842 constituiria o segundo
marco da trajetória conservadora.”
“Nesse período, as medidas reformistas não dariam mais um passo na Câmara, pondo
em evidência os limites da ação regressista e confirmando a resistência dos deputados
ao projeto de reorganização das forças de linha.”
Com a subida dos Conservadores ao poder, mais uma vez é possível notar uma
reforma expressiva no Exército, reformar que procuravam não só modernizar, mas
principalmente organizar administrativamente o Exército, que era alvo de várias
denúncias em relação a suas despesas. O orçamento se torna maior, e com ele a
necessidade de um controle também se torna maior, já que se buscava uma maior
eficiência nos controle das finanças do estado.
O capítulo, como fala um dos seus tópicos, fala preponderantemente dos limites da
reforma ao qual o Exército passou durante o retorno dos conservadores ao comando do
governo. A questão gira em torno dos investimentos, que visavam uma modernização
infraestrutural em detrimento do Exército e na manutenção dos privilégio de nomeação
dos cargos de comando das forças regulares pela aristocracia. Outra grande polêmica
que segue no capítulo é a do recrutamento. Seguindo essa linha, por mais que fossem
feitas reformas administrativas, a profissionalização esbarrava nos corpos de privilégio
que regiam o Império, se estendendo, é claro, também ao Exército. O Exército estava
completamente subordinado a política, o que causava um desconforto nos Oficiais
formados profissionalmente.
“O destaque dado pelo governo aos negócios da Guerra era tanto que, em pouco tempo,
a administração Felizardo passou a ser identificada no meio político como ‘aquela que
mais gasta’, despertando a atenção da Câmara e criando uma série de suspeitas.”
“Esse não era contudo o único motivo que justificava a permanência do antigo sistema
de recrutamento.”
“A medida que a nomeação para os postos da alta burocracia passava a ser uma
prerrogativa do Estado, os militares deveriam reconhecer e subordinarem-se às novas
regras e interesses.”
“Todas as críticas realizadas pelo O Militar apontavam para uma instituição com baixo
grau de racionalização, e isso constituía na verdade a razão de seu surgimento.”
No final de suas atividades o jornal começa a tecer ameaças, o que mostra uma
possibilidade de esgotamento da paciência na espera que os anseios dos “verdadeiros”
militares fossem ouvidos. É como se o governo não desse a menor atenção aos
problemas relatados e as exigências feitas. Por fim o último trecho revela uma ameaça
que viria a ser cumprida, a de que penetrariam no castelo, o que veio a acontecer em
1889.
“Crescia entre os seus colaboradores a convicção de que os governistas só nutriam
desprezo pelo Exército porque acreditavam que eles eram incapazes de empreender um
ato de força.(...) Os militares do jornal começavam a ameaçar a sociedade política com
uma reação imprevisível.”
“O Militar já não era mais o jornal de julho de 1854. A única certeza que mantinha era a
recusa em estabelecer qualquer vínculo partidário.”