Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
6 O Formalismo Matemático da
Mecânica Quântica I
Um espaço vetorial pode ser caracterizado por dez propriedades satisfeitas por
seus elementos, chamados de vetores. Estes vetores podem ser de quaisquer
natureza, contanto que cumpram os dez mandamentos. Especialmente as
funções de onda da mecânica quântica têm o direito de serem chamados de
vetores, pois, como veremos, elas pertencem ao grupo dos objetos escolhidos.
(O nome "vetor" é devido à semelhança com quantidades que se comportam
como flechas no plano ou no espaço físico. Alias, os espaços vetoriais da
mecânica quântica são, geralmente, de dimensões infinitas, e são então
chamados de espaços de Hilbert. David Hilbert foi um Matemático alemão,
1862-1943.)
4. Há um vetor zero Ι0>, tal que Ιx> + Ι0> = Ιx> para todos os vetores Ιx>
5. Para cada vetor Ιx> há um vetor negativo Ιy> (ou Ι-x>), tal que
Observação: A propriedade 10 não é óbvia, ela não pode ser deduzida das
outras nove propriedades e deve, portanto, ser postulada.
(A norma do vetor Ix> definimos, também em Cn, como sendo a raiz quadrada
de <xIx>: ||x|| = √(<xIx>) o que é um número real não-negativo. A norma
escreve-se também como || |x> ||. Um vetor Ix> é dito normalizado se ||x|| = 1.)
A Desigualdade de Schwarz:
Se Ix> = I0>, então ||x|| = 0 e <xIy> = 0, logo (1) é válida. O mesmo argumento
seria aplicável se Iy> for I0>. Suponha, agora, que nem Ix> nem Iy> é nulo e
que c e d são duas constantes arbitrárias. Devido à propriedade 3 do produto
interno podemos escrever
Esta relação é válida para qualquer valor de c e d, então, deve ser válida para
os valores especiais c = -<xIy> e d = <xIx>. Usando estes valores, obtemos
≤ d[-c*c + d*<yIy>]
(Desigualdade Triangular)
Demonstração:
Temos, então, ||x + y||2 = ||x||2 + ||y||2 +2Re <xIy>. Para todo número complexo
z = a + ib vale a = Re z ≤ |z| = (a2 + b2)1/2, onde o signo = será válido quando z
é real e positivo. Então
Consequentemente resulta
q.e.d;
6.1.1 Ortogonalidade
Uma combinação linear de um número finito de vetores é uma expressão
Num espaço vetorial V com produto interno, dois vetores Ix> e Iy> são ditos
ortogonais se <xIy> = 0, e escrevemos Ix> ┴ Iy>.
Um conjunto de vetores tal que quaisquer dois vetores são ortogonais é dito um
sistema ortogonal de vetores. Um sistema ortogonal de vetores é dito um
sistema ortonormal se cada vetor do sistema é normalizado (||xi|| = 1 para
cada Ixi> do sistema. Num sistema ortonormal vale <xiIxj> = δij . (δij é o
chamado símbolo delta de Kronecker. δij = 0, se i ≠ j e δij = 1, se i = j )
N
Ix〉 = ∑ aiIei 〉 (4)
i=1
Portanto
É fácil demonstrar que o conjunto {ai} é único. Pois se Ix> = ∑i bi Iej> for certo
com outro conjunto {bi}, então temos (subtraindo)
Pode-se definir uma base para um espaço vetorial infinito, exigindo que cada
vetor seja representado por uma combinação linear infinita dos vetores de
base.
Fig. 1
O vetor Ix> é projetado sobre os eixos x1 e x2. Os números <e1Ix> e <e2Ix> são
as coordenadas do vetor Ix> na direção dos eixos.
Os vetores <e1Ix> Ie1> e <e2Ix> Ie2> são as componentes de Ix> segundo os
eixos x1 e x2, pois temos Ix> = ∑j <ejIx> Iej> = <e1Ix> Ie1> + <e2Ix> Ie2>.
6- 7
<f Ig + h> = <f Ig> + <f Ih> e <f Ia g> = a <f Ig> (9)
Pois f*f = (Re f - i Im f)(Re f + i Im f) = (Re f)2 + (Im f)2, o que é positivo definido.
Utiliza-se também aqui o símbolo || f(x) || = <f I f>1/2 para designar a norma de f
ou o comprimento de f.
<f Ig> = ∫a,b f(x)* g(x) dx = 0 = ∫a,b g(x)* f(x) dx = <gIf> (12)
Então, se o produto interno é nulo, a ordem das funções não tem importância.
N
Para generalizar a equação 4: Ix〉 = ∑ aiIei 〉 para vetores em H, precisamos
i=1
substituir os vetores ortonormais {Iei>} por funções ortonormais {Ei(x)}. Mas não
é suficiente o conjunto {Ei(x)} ser um conjunto ortonormal, {Ei(x)} também deve
ser completo para que qualquer vetor de H pode ser escrito como combinação
linear dos Ei(x).
O conjunto {Ei(x)} é um conjunto completo se, e só se, para qualquer vetor h(x)
de H existe pelo menos um conjunto de escalares {ci} tal que
Eles, os ci, são os escalares < Ei I h>, assim como os <ejIx> na expansão Ix> =
∑j <ejIx> Iej>. Pois podemos escrever
∞
h( x ) = ∑ 〈Ei |h〉 Ei ( x ) (14)
i =1
(A notação Iψ> = ∑n cn Iξn> com cn = <ξnIψ> não é sempre a mais simples, por
isso usa-se a miúdo uma simplificação, por exemplo ψ(x,t) = ∑n (ξn,ψ) ξn(x) .)
Teorema de expansão
Prova:
∑i Iφi><φiI = I (20)
6- 11
O tensor P12 := Ie1><e1I+ Ie2><e2I projeta um vetor Ia> sobre o plano (e1,e2),
pois P12Ia> = Ie1><e1Ia>+ Ie2><e2Ia> = a1e1 + a2 e2. Os operadores P1 e P12
são operadores de projeção. Na mecânica quântica utilizamos a mesma
expressão.)
∞
2
∫ψ dx = 1 (21)
−∞
"Receita":
(Sabemos que <f Icg> = c <f Ig> e <cf Ig> = c*<f Ig>.) Das φi pedimos ser
ortogonais, ou seja <φ0Iφ0> = 0. Isso dá para a constante c a expressão c = -
<φ0If1>. Agora temos φ1 = N1-1/2 (f1- <φ0If1>φ0).
A norma de φ1 é
N1 = <φ1Iφ1> = <f1- <φ0If1>φ0I f1- <φ0If1>φ0>
k −1
1
ϕk = ( fk − ∑ 〈 ϕ j | fk 〉 ϕ j ) , (22)
Nk j= 0
k −1
onde Nk = 〈 fk | fk 〉 − ∑ | 〈 ϕ j | fk 〉 |2 (23)
j= 0
<fnIfn> = 2 ∫0,∞ exp(-x2)x2n dx = ∫0,∞ e-y yn-1/2dx o que pode ser sucessivamente
integrado por partes dando
Etapa 1.
Æ φ0 = π -1/4exp(-x2/2)
Etapa 2.
Etapa 3.
Note primeiro que todas as integrais <φiIfj> com i = par e j = ímpar (ou vice
versa) são zero.
Finalmente:
Problemas
Solução:
Problema 1:
n = 0: f0= x0 = 1
n = 1: f1 = x
n = 2: f2 = x2
n = 3: f3 = x3
Resulta, então :
Problema 2:
n = 0: f0= e-x/2
n = 1: f1 = e-x/2·x
n = 2: f2 = e-x/2x2
N2 = 4! -(2!)2 - 42 = 4
n = 3: f3 = e-x/2x3
<φ1If3> = ∫0,∞(x-1)e-xx3dx = 18
N3 = 36
Resulta, então :