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INDICE CONTEMPORÂNEA

5.01 NEOCLÁSSICO
INTRODUÇÃO 5.02 ROMANTICA
5.03 REALISTA
1. PRÉ HISTÓRIA 5.04 IMPRESSIONISMO
5.05 EXPRESSIONISMO
1. PALEOLÍTICO INFERIOR 5.06 CUBISMO
2. PALEOLÍTICO SUPERIOR 5.07 ABSTRACIONISMO
3. NEOLÍTICO 5.08 FAUVISMO
4. IDADE DOS METAIS 5.09 CONSTRUTIVISMO
5.10 SURREALISMO
2. ARTE ANTIGA 5.11 DADAÍSMO
5.12 OP ART
2.01 EGÍPCIA
2.02 GREGA 5.13 POP ART
2.03 ROMANA 5.14 INSTALAÇÃO
2.04 PALEOCRISTÃ 5.15 INTERFERÊNCIA
2.05 BIZANTINA 5.16 COBRA
2.06 ISLÂMICA 5.17 FUTURISMO
5.18 ART NAIF
3. IDADE MÉDIA 5.19 PINTURA METAFÍSICA

3.01 ROMÂNICA 5. ARTE BRASILEIRA


3.02 GÓTICA
6.01 PRÉ HISTPORIA
4. IDADE MODERNA 6.02 ARTE INDÍGENA
6.03 COLONIAL
4.01 RENASCIMENTO 6.04 HOLANDESA
4.02 MANEIRISMO 6.05 BARROCO
4.03 BARROCO 6.06 MISSÃO FRANCESA
4.04 ROCOCÓ 6.07 ARTE ACADÊMICA
6.08 MODERNISMO BRASILEIRO
6.09 EXPRESSIONISMO
6.10 ARTE NAIF

INTRODUÇÃO

O que é arte?
Criação humana com valores estéticos (beleza, equilíbrio, harmonia, revolta)  que
sintetizam as suas emoções, sua história, seus sentimentos e a sua cultura. É um
conjunto  de procedimentos utilizados para realizar obras, e no qual aplicamos nossos
conhecimentos. Apresenta-se sob variadas formas como: a plástica, a música, a
escultura, o cinema, o teatro, a dança, a arquitetura etc. Pode ser vista ou percebida
pelo homem de três maneiras: visualizadas, ouvidas ou mistas (audiovisuais). Hoje,
alguns tipos de arte permitem que o apreciador participe da obra. O artista precisa da
arte e da técnica para comunicar-se.

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Quem faz arte?


O homem criou objetos para satisfazer as suas necessidades práticas, como as
ferramentas para cavar a terra e os utensílios de cozinha. Outros objetos são criados
por serem interessantes ou possuírem um caráter instrutivo. O homem cria a arte
como meio de vida, para que o mundo saiba o que pensa, para divulgar as suas
crenças (ou as de outros), para estimular e distrair a si mesmo e aos outros, para
explorar novas formas de olhar e interpretar objetos e cenas.

Por que o mundo necessita de arte?


Porque fazemos arte e para que a usamos é aquilo que chamamos de função da arte 
que pode ser:
● feita para decorar o mundo
● para espelhar o nosso mundo (naturalista)
● para ajudar no dia-a-dia (utilitária)
● para explicar e descrever a história
● para ser  usada na cura de doenças
● para ajudar a explorar o mundo.

Como entendemos a arte?


O que vemos quando admiramos uma arte depende:
● da nossa experiência e conhecimentos
● da nossa disposição no momento
● da imaginação e
● daquilo que o artista pretendeu mostrar.
 
PROCESSO DE DIÁLOGO COM O TRABALHO DO ARTISTA
 
VOCÊ, O APRECIADOR
Exige esforço, dedicação e
diálogo com o trabalho, então
pergunte-se:
 Qual é o tema?
O Quais são os materiais utilizados?
O ARTISTA
TRABALH
Pode ter uma
O A obra tem título?
mensagem e toma
(obra de Quando e onde foi feita?
decisões
arte) Qual o seu tamanho?
Quais são as suas cores?
Como são as suas formas?
Você gosta?
Como ela faz se sentir?
Já viu algo parecido?
 
O que é estilo? Por que rotulamos os estilos de arte?
Estilo é como o trabalho se mostra, depois de o artista ter tomado suas decisões.
Cada artista possui um estilo único. Imagine se todas as peças de arte feitas até hoje
fossem expostas numa sala gigantesca. Nunca conseguiríamos ver quem fez o que,
quando e como. Os artistas e as pessoas que registram as mudanças na forma de se
fazer arte, no caso os críticos e historiadores, costumam classificá-las por categorias

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e rotulá-las. É um procedimento comum na arte ocidental.  Ex.: Renascimento,


Impressionismo Cubismo, Surrealismo, etc.

Como conseguimos ver as transformações do mundo através da arte?


Podemos verificar que tipo de arte foi feita, quando, onde e como. Desta maneira
estaremos dialogando com a obra de arte, e assim podemos entender as mudanças
que o mundo teve. 

Como as idéias se espalham pelo mundo?


Exploradores, comerciantes, vendedores e artistas costumam apresentar às pessoas
idéias de outras culturas. Os pregressos na tecnologia também difundiram técnicas e
teorias.  Elas se espalham através da:
● arqueologia , quando se descobrem objetos de outras civilizações.
● Pela fotografia, a arte passou a ser reproduzida e, nos anos 1890, muitas das
revistas internacionais de arte já tinham fotos 
● pelo rádio e televisão, o rádio foi inventado em 1895 e a televisão em 1926,
permitindo que as idéias fossem transmitidas por todo o mundo rapidamente,
os estilos de arte podem ser observados, as teorias debatidas e as técnicas
compartilhadas
● pela imprensa, que foi inventada por Johann Guttenberg por volta de 1450,
assim os livros e arte podiam ser impressos e distribuídos em grande
quantidade
● pela internet, alguns artistas colocam suas obras em exposição e podemos
pesquisá-las, bem como saber sobre outros estilos.

Os historiadores de arte, críticos e estudiosos classificam os períodos, estilos ou


movimentos artísticos separadamente, para facilitar o entendimento das produções
artísticas.

Não há coincidência com a linha do tempo histórica, pois


● a partir de 1848 consideramos o início da Arte Moderna e
● o movimento Pop Art o início da Arte Pós-Moderna.
Porém, optamos por apresentar a arte por meio da linha do tempo histórica, por
considerarmos ser mais didática.

4- IDADE MODERNA

4.1- RENASCIMENTO

O termo Renascimento é comumente aplicado à civilização européia que se


desenvolveu entre 1300 e 1650. Além de reviver a antiga cultura greco-romana,
ocorreram nesse período muitos progressos e incontáveis realizações no campo das
artes, da literatura e das ciências, que superaram a herança clássica. O ideal do
humanismo foi sem duvida o móvel desse progresso e tornou-se o próprio espírito do
Renascimento. Num sentido amplo, esse ideal pode ser entendido como a valorização
do homem (Humanismo) e da natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural,
conceitos que haviam impregnado a cultura da Idade Média.
Características gerais:
● Racionalidade
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● Dignidade do Ser Humano


● Rigor Científico
● Ideal Humanista
● Reutilização das artes greco-romana

4.1.1- ARQUITETURA
Na arquitetura renascentista, a ocupação do espaço pelo edifício baseia-se em
relações matemáticas estabelecidas de tal forma que o observador possa
compreender a lei que o organiza, de qualquer ponto em que se coloque.
“Já não é o edifício que possui o homem, mas este que, aprendendo a lei simples do
espaço, possui o segredo do edifício” (Bruno Zevi, Saber Ver a Arquitetura)

Principais características:
Ordens Arquitetônicas
● Arcos de Volta-Perfeita
● Simplicidade na construção
● A escultura e a pintura se desprendem da arquitetura e passam a ser
autônomas

Construções palácios:
● igrejas,
● vilas (casa de descanso fora da cidade),
● fortalezas (funções militares)

O principal arquiteto renascentista:


Brunelleschi - é um exemplo de artista completo renascentista, pois foi pintor,
escultor e arquiteto. Além de dominar conhecimentos de Matemática, Geometria e de
ser grande conhecedor da poesia de Dante. Foi  como construtor, porém, que realizou
seus mais importantes trabalhos, entre eles a cúpula da catedral de Florença e a
Capela Pazzi.

4.1.2- PINTURA
Principais características:
● Perspectiva: arte de figura, no desenho ou pintura, as diversas distâncias e
proporções que têm entre si os objetos vistos à distância, segundo os princípios
da matemática e da geometria.
● Uso do claro-escuro: pintar algumas áreas iluminadas e outras na sombra,
esse jogo de contrastes reforça a sugestão de volume dos corpos.
● Realismo: o artistas do Renascimento não vê mais o homem como simples
observador do mundo que expressa a grandeza de Deus, mas como a
expressão mais grandiosa do próprio Deus. E o mundo é pensado como uma
realidade a ser compreendida cientificamente, e não apenas admirada.
● Inicia-se o uso da tela e da tinta à óleo.
Outra característica da arte do Renascimento, em especial da pintura, foi o
surgimento de artistas com um estilo pessoal, diferente dos demais, já que o período
é marcado pelo ideal de liberdade e, consequentemente, pelo individualismo.

Os principais pintores foram:

Botticelli - os temas de seus quadros foram escolhidos segundo a possibilidade que


lhe proporcionavam de expressar seu ideal de beleza. Para ele, a beleza estava
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associada ao ideal cristão. Por isso, as figuras humanas de seus quadros são belas
porque manifestam a graça divina, e, ao mesmo tempo, melancólicas porque supõem
que perderam esse dom de Deus.
Obras destacadas: A Primavera e O Nascimento de Vênus.

Leonardo da Vinci - ele dominou com sabedoria um jogo expressivo de luz e


sombra, gerador de uma atmosfera que parte da realidade mas estimula a
imaginação do observador. Foi possuidor de um espírito versátil que o tornou capaz
de pesquisar e realizar trabalhos em diversos campos do conhecimento humano.
Obras destacadas: A Virgem dos Rochedos e Monalisa.

Michelângelo  - entre 1508 e 1512 trabalhou na pintura do teto da Capela Sistina,


no Vaticano. Para essa capela, concebeu e realizou grande número de cenas do
Antigo Testamento. Dentre tantas que expressam a genialidade do artista, uma
particularmente representativa é a criação do homem. 
Obras destacadas: Teto da Capela Sistina e a Sagrada Família

Rafael - suas obras comunicam ao observador um sentimento de ordem e


segurança, pois os elementos que compõem seus quadros são dispostos em espaços
amplo, claros e de acordo com uma simetria equilibrada. Foi considerado grande
pintor de “Madonas”.
Obras destacadas: A Escola de Atenas e Madona da Manhã.
 
4.1.3- ESCULTURA
Em meados do século XV, com a volta dos papas de Avinhão para Roma, esta re-
adquire o seu prestígio. Protetores das artes, os papas deixam o palácio de Latrão e
passam a residir no Vaticano. Ali, grandes escultores se revelam, o maior dos quais é
Michelângelo, que domina toda a escultura italiana do século XVI. Algumas obras:
Moisés, Davi (4,10m) e Pietá.

Outro grande escultor desse período foi Andrea del Verrochio. Trabalhou em
ourivesaria e esse fato acabou influenciando sua escultura. Obra destacada: Davi
(1,26m) em bronze.

 Principais Características:
● Buscavam representar o homem tal como ele é na realidade
● Proporção da figura mantendo a sua relação com a realidade
● Profundidade e perspectiva
● Estudo do corpo e do caráter humano

O Renascimento Italiano se espalha pela Europa, trazendo novos artistas que


nacionalizaram as idéias italianas. São eles:
● Dürer
● Hans Holbein
● Bosch
● Bruegel 

Para seu conhecimento

● A Capela Sistina foi construída por ordem de Sisto IV (retangular 40 x 13 x 20


altura). E é na própria Capela que se faz o Conclave: reunião com os cardeais
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após a morte do Papa para proceder a eleição do próximo. Possui alareira que
produz:
○ fumaça negra - que o Papa ainda não foi escolhido;
○ fumaça branca - que o Papa acaba de ser escolhido,
e que avisa o povo na Praça de São Pedro, no Vaticano
● Michelângelo dominou a escultura e o desenho do corpo humano
maravilhosamente bem, pois tendo dissecado cadáveres por muito tempo,
assim como Leonardo da Vinci, sabia exatamente a posição de cada músculo,
cada tendão, cada veia.
● Além de pintor, Leonardo da Vinci, foi grande inventor. Dentre as suas
invenções estão: “Parafuso Aéreo”, primitiva versão do helicóptero, a  ponte
elevadiça, o escafandro, um modelo de asa-delta, etc.
● Quando deparamos com o quadro da famosa MONALISA não conseguimos
desgrudar os olhos do seu olhar, parece que ele nos persegue. Por que
acontece isso? Será que seus olhos podem se mexer? Este quadro foi pintado,
pelo famoso artista e inventor italiano Leonardo da Vinci (1452-1519) e qual
será o truque que ele usou para dar esse efeito? Quando se pinta uma pessoa
olhando para a frente (olhando diretamente para o espectador) tem-se a
impressão que o personagem do quadro fixa seu olhar em todos. Isso acontece
porque os quadros são lisos. Se olharmos para a Monalisa de um ou de outro
lado estaremos vendo-a sempre com os olhos e a ponta do nariz para a frente,
e não poderemos ver o lado do seu rosto. Aí está o truque: em qualquer ângulo
que se olhe a Monalisa a veremos sempre de frente.
 
IMAGENS
A Degola dos Inocentes | Casamento da Virgem | Primavera | Virgem dos Rochedos |
Anunciação | Cristo (Mategna) | Escravo Atlante | Igreja Santa Maria Pace | Jardim
das Delícias | Monalisa | Nascimento de Vênus | Nossa Senhora Rolim | Os Cambistas
| Piedade | Piedade (Michelangelo) | Pilastras Vaticano | Santa Maria Fiori | São
Jerônimo | Virgem e o Menino | 
 

4.2 – MANEIRISMO

Paralelamente ao renascimento clássico, desenvolve-se em Roma, do ano de 1520


até por volta de 1610, um movimento artístico afastado conscientemente do modelo
da antiguidade clássica: o maneirismo (maniera, em italiano, significa maneira). Uma
evidente tendência para a estilização exagerada e um capricho nos detalhes começa a
ser sua marca, extrapolando assim as rígidas linhas dos cânones clássicos.

Alguns historiadores o consideram uma transição entre o renascimento e o barroco,


enquanto outros preferem vê-lo como um estilo, propriamente dito. O certo, porém, é
que o maneirismo é uma conseqüência de um renascimento clássico que entra em
decadência. Os artistas se vêem obrigados a partir em busca de elementos que lhes
permitam renovar e desenvolver todas as habilidades e técnicas adquiridas durante o
renascimento.

Uma de suas fontes principais de inspiração é o espírito religioso reinante na Europa


nesse momento. Não só a Igreja, mas toda a Europa estava dividida após a Reforma
de Lutero. Carlos V, depois de derrotar as tropas do sumo pontífice, saqueia e destrói

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Roma. Reinam a desolação e a incerteza. Os grandes impérios começam a se formar,


e o homem já não é a principal e única medida do universo.

Pintores, arquitetos e escultores são impelidos a deixar Roma com destino a outras
cidades. Valendo-se dos mesmos elementos do renascimento, mas agora com um
espírito totalmente diferente, criam uma arte de labirintos, espirais e proporções
estranhas, que são, sem dúvida, a marca inconfundível do estilo maneirista. Mais
adiante, essa arte acabaria cultivada em todas as grandes cidades européias.
 
4.2.1- ARQUITETURA
A arquitetura maneirista dá prioridade à construção de igrejas de plano longitudinal,
com espaços mais longos do que largos, com a cúpula principal sobre o transepto,
deixando de lado as de plano centralizado, típicas do renascimento clássico. No
entanto, pode-se dizer que as verdadeiras mudanças que este novo estilo introduz
refletem-se não somente na construção em si, mas também na distribuição da luz
e na decoração.

Principais características:
Nas igrejas:
● Naves escuras, iluminadas apenas de ângulos diferentes, coros com escadas em
espiral, que na maior parte das vezes não levam a lugar nenhum, produzem
uma atmosfera de rara singularidade.
● Guirlandas de frutas e flores, balaustradas povoadas de figuras caprichosas são
a decoração mais característica desse estilo. Caracóis, conchas e volutas
cobrem muros e altares, lembrando uma exuberante selva de pedra que
confunde a vista.
Nos ricos palácios e casas de campo:
● Formas convexas que permitem o contraste entre luz e sombra prevalecem
sobre o quadrado disciplinado do renascimento.
● A decoração de interiores ricamente adornada e os afrescos das abóbadas
coroam esse caprichoso e refinado estilo que, mais do que marcar a transição
entre duas épocas, expressa a necessidade de renovação.

Principais Artistas:

BARTOLOMEO AMMANATI , (1511-1592), Autor de vários projetos arquitetônicos


por toda a Itália, tais como: a construção do túmulo do conde de Montefeltro, o
palácio dos Mantova, a villa na Porta del Popolo. a fonte da Piazza della Signoria. Seu
interesse pela arquitetura o levou a estudar os tratados de Alberti e Brunelleschi, com
base nos quais planejou uma cidade ideal. De acordo com os preceitos dos jesuítas,
que proibiam o nu nas obras de arte, legou a eles todos os seus bens.

GIORGIO VASARI, (1511-1574), Vasari é conhecido por sua obra literária Le Vite
(As Vidas), na qual, além de fazer um resumo da arte renascentista, apresenta um
relato às vezes pouco fiel, mas muito interessante sobre os grandes artistas da
época, sem deixar de fazer comentários mal-intencionados e elogios exagerados. Sob
a proteção de Aretino, conseguiu realizar uma de suas únicas obras significativas: os
afrescos do palácio Cornaro. Vasari também trabalhou em colaboração com
Michelangelo em Roma, na década de 30. Suas biografias, publicadas em 1550,
fizeram tanto sucesso que se seguiram várias edições. Passou os últimos dias de sua
vida em Florença, dedicado à arquitetura.
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PALLADIO, (1508-1580), O interesse que tinha pelas teorias de Vitrúvio se reflete


na totalidade de sua obra arquitetônica, cujo caráter é rigorosamente clássico e no
qual a clareza de linhas e a harmonia das proporções preponderam sobre o
decorativo, reduzido a uma expressão mínima. Somente dez anos depois iria se
dedicar à arquitetura sacra em Veneza, com a construção das igrejas San Giorgio
Maggiore e Il Redentore. Não se pode dizer que Palladio tenha sido um arquiteto
tipicamente maneirista, no entanto, é um dos mais importantes desse período. A obra
de Palladio foi uma referência obrigatória para os arquitetos ingleses e franceses do
barroco.
 
4.2.2- PINTURA
É na pintura que o espírito maneirista se manifesta em primeiro lugar. São os
pintores da segunda década do século XV que, afastados dos cânones renascentistas,
criam esse novo estilo, procurando deformar uma realidade que já não os satisfaz e
tentando re-valorizar a arte pela própria arte. 

Principais características :
● Composição em que uma multidão de figuras se comprime em espaços
arquitetônicos reduzidos. O resultado é a formação de planos paralelos,
completamente irreais, e uma atmosfera de tensão permanente.
● Nos corpos, as formas esguias e alongadas substituem os membros bem-
torneados do renascimento. Os músculos fazem agora contorções
absolutamente impróprias para os seres humanos.
● Rostos melancólicos e misteriosos surgem entre as vestes, de um drapeado
minucioso e cores brilhantes.
● A luz se detém sobre objetos e figuras, produzindo sombras inadmissíveis. 
● Os verdadeiros protagonistas do quadro já não se posicionam no centro da
perspectiva, mas em algum ponto da arquitetura, onde o olho atento deve, não
sem certa dificuldade,encontrá-lo. 

Principal Artista:

EL GRECO, (1541-1614), Ao fundir as formas iconográficas bizantinas com o desenho


e o colorido da pintura veneziana e a religiosidade espanhola. Na verdade, sua obra
não foi totalmente compreendida por seus contemporâneos. Nascido em Creta,
acredita-se que começou como pintor de ícones no convento de Santa Catarina, em
Cândia. De acordo com documentos existentes, no ano de 1567 emigrou para
Veneza, onde começou a trabalhar no ateliê de Ticiano, com quem realizou algumas
obras. Depois de alguns anos de permanência em Madri ele se estabeleceu na cidade
de Toledo, onde trabalhou praticamente com exclusividade para a corte de Filipe II,
para os conventos locais e para a nobreza toledana. Entre suas obras mais
importantes estão O Enterro do Conde de Orgaz, a meio caminho entre o retrato e a
espiritualidade mística. Homem com a Mão no Peito, O Sonho de Filipe II e O Martírio
de São Maurício. Esta última lhe custou a expulsão da corte.
 
4.2.3- ESCULTURA
Na escultura, o maneirismo segue o caminho traçado por Michelangelo: às formas
clássicas soma-se o novo conceito intelectual da arte pela arte e o distanciamento da
realidade. Em resumo, repetem-se as características da arquitetura e da pintura. Não
faltam as formas caprichosas, as proporções estranhas, as superposições de planos,
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ou ainda o exagero nos detalhes, elementos que criam essa atmosfera de tensão tão
característica do espírito maneirista.

Principais características:
● A composição típica desse estilo apresenta um grupo de figuras dispostas umas
sobre as outras, num equilíbrio aparentemente frágil, as figuras são unidas por
contorções extremadas e exagerado alongamento dos músculos.
● O modo de enlaçar as figuras, atribuindo-lhes uma infinidade de posturas
impossíveis, permite que elas compartilhem a reduzida base que têm como
cenário, isso sempre respeitando a composição geral da peça e a graciosidade
de todo o conjunto.

Principais Artistas:

BARTOLOMEO AMMANATI, (1511-1592), Realizou trabalhos em várias cidades


italianas. Decorou também o palácio dos Mantova e o túmulo do conde da cidade.
Conheceu a poetisa Laura Battiferi, com quem se casou, e juntos se mudaram para
Roma a pedido do papa Júlio II, que incumbiu-o da construção de sua villa na Porta
del Popolo. Começaram assim seus primeiros passos como arquiteto.
No ano de 1555, com a morte do papa, voltou para Florença, onde venceu um
concurso para a construção da fonte da Piazza della Signoria. Seu interesse pela
arquitetura o levou a estudar os tratados de Alberti e Brunelleschi, com base nos
quais planejou uma cidade ideal. De acordo com os preceitos dos jesuítas, que
proibiam o nu nas obras de arte, legou a eles todos os seus bens.

GIAMBOLOGNA, (1529-1608), De origem flamenga, Giambologna deu seus


primeiros passos como escultor na oficina do francês Jacques Dubroecq. Poucos anos
depois mudou-se para Roma, onde se supõe que teria colaborado com Michelangelo
em muitas de suas obras. Estabeleceu-se finalmente em Florença, na corte dos
Medici. O Rapto das Sabinas, Mercúrio, Baco e Os Pescadores estão entre as obras
mais importantes desse período. Participou também de um concurso na cidade de
Bolonha, para o qual realizou uma de suas mais célebres esculturas, A Fonte de
Netuno.Trabalhou com igual maestria a pedra calcária e o mármore e foi grande
conhecedor da técnica de despejar os metais, como demonstram suas esculturas de
bronze. Giambologna está para o maneirismo como Michelangelo está para o
renascimento.
 
 
IMAGENS
Apresentação de Jesus no Templo | Basílica (Palladio) | Bibliotecário | Eva com a
Maça | Igreja Redentor | Laoconte | O Fogo | Palácio Uffizi | Pátio Palácio Pitti | Ponte
Trinitá
 

4.3 – BARROCO

A arte barroca originou-se na Itália (séc. XVII) mas não tardou a irradiar-se por
outros países da Europa e a chegar também ao continente americano, trazida pelos
colonizadores portugueses e espanhóis.
As obras barrocas romperam o equilíbrio entre o sentimento e a razão ou entre a arte
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e a ciência, que os artistas renascentistas procuram realizar de forma muito


consciente; na arte barroca predominam as emoções e não o racionalismo da arte
renascentista.

É uma época de conflitos espirituais e religiosos. O homem se coloca em constante


dualismo:
● Paganismo X Cristianismo e
● Espírito X Matéria.

Suas características gerais são:


● emocional sobre o racional;
● busca de efeitos decorativos e visuais, através de curvas, contracurvas, colunas
retorcidas;
● entrelaçamento entre a arquitetura e escultura;
● violentos contrastes de luz e sombra;
● pintura com efeitos ilusionistas, dando-nos às vezes a impressão de ver o céu,
tal a aparência de profundidade conseguida.

4.3.1- PINTURA
Características da pintura barroca:
● Composição em diagonal
● Acentuado contraste de claro-escuro (expressão dos sentimentos)
● Realista, abrangendo todas as camadas sociais

Dentre os pintores barrocos italianos:


Caravaggio - o que melhor caracteriza a sua pintura é o modo revolucionário como
ele usa a luz. Ela não aparece como reflexo da luz solar, mas é criada
intencionalmente pelo artista, para dirigir a atenção do observador.
Obra destacada: Vocação de São Mateus.
 Andrea Pozzo - realizou grandes composições de perspectiva nas pinturas dos tetos
das igrejas barrocas, causando a ilusão de que as paredes e colunas da igreja
continuam no teto, e de que este se abre para o céu, de onde santos e anjos
convidam os homens para a santidade.
Obra destacada: A Glória de Santo Inácio.

A Itália foi o centro irradiador do estilo barroco. Dentre os pintores mais


representativos, de outros países da Europa, temos:

Velázquez - além de retratar as pessoas da corte espanhola do século XVII procurou


registrar em seus quadros também os tipos populares do seu país, documentando o
dia-a-dia do povo espanhol num dado momento da história.
Obra destacada: O Conde Duque de Olivares.

Rubens (espanhol) - além de um colorista vibrante, se notabilizou por criar cenas


que sugerem, a partir das linhas contorcidas dos corpos e das pregas das roupas, um
intenso movimento. Em seus quadros, é geralmente, no vestuário que se localizam as
cores quentes - o vermelho, o verde e o amarelo - que contrabalançam a
luminosidade da pele clara das figuras humanas.
Obra destacada: O Jardim do Amor.

Rembrandt (holandês) - o que dirige nossa atenção nos quadros deste pintor não é
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propriamente o contraste entre luz e sombra, mas a gradação da claridade, os meios-


tons, as penumbras que envolvem áreas de luminosidade mais intensa.
Obra destacada: Aula de Anatomia.

 4.3.2- ESCULTURA
Predominam as linhas curvas, os drapeados das vestes e o uso do dourado. Os gestos
e os rostos das personagens revelam emoções violentas e atingem uma
dramaticidade desconhecida no Renascimento.

Bernini - arquiteto, urbanista, decorador e escultor, algumas de suas obras serviram


de elementos decorativos das igrejas, como, por exemplo, o baldaquino e a cadeira
de São Pedro, ambos na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Obra destacada: A Praça de São Pedro, Vaticano e o Êxtase de Santa Teresa.

Para seu conhecimento :

Barroco: termo de origem espanhola ‘Barrueco’, aplicado para designar pérolas de


forma irregular.
 
 
 
IMAGENS
Lição de Anatomia do Dr. Tulp | A Ronda Noturna | Mulher Banhando-se num Córrego
| O Bobo da Corte Sebastián de Morra | Vênus ao Espelho | Os Síndicos da
Corporação de Tecelões de Amsterdam | As Meninas | A Chegada de Maria de Médicis
a Marselha | Retrato de Susanna Fourment | ACabeça de uma Criança
 

4.4 – ROCOCÓ

Rococó é o estilo artístico que surgiu na França como desdobramento do barroco,


mais leve e intimista que aquele e usado inicialmente em decoração de interiores.

Desenvolveu-se na Europa do século XVIII, e da arquitetura disseminou-se para


todas as artes. Vigoroso até o advento da reação neoclássica, por volta de 1770,
difundiu-se principalmente na parte católica da Alemanha, na Prússia e em Portugal.

Os temas utilizados eram cenas eróticas ou galantes da vida cortesã (as fêtes
galantes) e da mitologia, pastorais, alusões ao teatro italiano da época, motivos
religiosos e farta estilização naturalista do mundo vegetal em ornatos e molduras.

O termo deriva do francês rocaille, que significa "embrechado", técnica de incrustação


de conchas e fragmentos de vidro utilizadas originariamente na decoração de grutas
artificiais.

Na França, o rococó é também chamado estilo Luís XV e Luís XVI.

Características gerais:
● Uso abundante de formas curvas e pela profusão de elementos decorativos, tais
como conchas, laços e flores. 
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● Possui leveza, caráter intimista, elegância, alegria, bizarro, frivolidade e


exuberante.
 
4.4.1- ARQUITETURA
Durante o Iluminismo, entre 1700 e 1780, o rococó foi a principal corrente da arte e
da arquitetura pós-barroca. Nos primeiros anos do século XVIII, o centro artístico da
Europa transferiu-se de Roma para Paris. Surgido na França com a obra do decorador
Pierre Lepautre, o rococó era a princípio apenas um novo estilo decorativo.
 
Principais características:
● Cores vivas foram substituídas por tons pastéis, a luz difusa inundou os
interiores por meio de numerosas janelas e o relevo abrupto das superfícies deu
lugar a texturas suaves.
● A estrutura das construções ganhou leveza e o espaço interno foi unificado, com
maior graça e intimidade.

Principal Artista:

Johann Michael Fischer, (1692-1766), responsável pela abadia beneditina de


Ottobeuren, marco do rococó bávaro. Grande mestre do estilo rococó, responsável
por vários edifícios na Baviera. Restaurou dezenas de igrejas, mosteiros e palácios.
 

4.4.2- ESCULTURA
Na escultura e na pintura da Europa oriental e central, ao contrário do que ocorreu na
arquitetura, não é possível traçar uma clara linha divisória entre o barroco e o rococó,
quer cronológica, quer estilisticamente. 

Mais do que nas peças esculpidas, é em sua disposição dentro da arquitetura que se
manifesta o espírito rococó. Os grandes grupos coordenados dão lugar a figuras
isoladas, cada uma com existência própria e individual, que dessa maneira
contribuem para o equilíbrio geral da decoração interior das igrejas.

Principais Artistas:

Johann Michael Feichtmayr, (1709-1772), escultor alemão, membro de um grupo


de famílias de mestres da moldagem no estuque, distinguiu-se pela criação de santos
e anjos de grande tamanho, obras-primas dos interiores rococós.

Ignaz Günther, (1725-1775), escultor alemão, um dos maiores representantes do


estilo rococó na Alemanha. Suas esculturas eram em geral feitas em madeira e a
seguir policromadas. "Anunciação", "Anjo da guarda", "Pietà".
 
4.4.3- PINTURA
Durante muito tempo, o rococó francês ficou restrito às artes decorativas e teve
pequeno impacto na escultura e pintura francesas. No final do reinado de Luís XIV,
em que se afirmou o predomínio político e cultural da França sobre o resto da Europa,
apareceram as primeiras pinturas rococós sob influência da técnica de Rubens.

Principais Artistas:

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Antoine Watteau, (1684-1721), as figuras e cenas de Watteau se converteram em


modelos de um estilo bastante copiado, que durante muito tempo obscureceu a
verdadeira contribuição do artista para a pintura do século XIX.

François Boucher, (1703-1770), as expressões ingênuas e maliciosas de suas


numerosas figuras de deusas e ninfas em trajes sugestivos e atitudes graciosas e
sensuais não evocavam a solenidade clássica, mas a alegre descontração do estilo
rococó. Além dos quadros de caráter mitológico, pintou, sempre com grande perfeição
no desenho, alguns retratos, paisagens ("O casario de Issei") e cenas de interior ("O
pintor em seu estúdio"). 

Jean-Honoré Fragonard, (1732-1806), desenhista e retratista de talento,


Fragonard destacou-se principalmente como pintor do amor e da natureza, de cenas
galantes em paisagens idílicas. Foi um dos últimos expoentes do período rococó,
caracterizado por uma arte alegre e sensual, e um dos mais antigos precursores do
impressionismo.
 
IMAGENS
Banhistas | Carta de Amor | Embarque Citera | Igreja Ottobeuren | Personagens de
Comédia Italiana
 

5- CONTEMPORÂNEA

5.1 – NEOCLÁSSICO

Nas duas últimas décadas do século XVIII e nas três primeiras do século XIX, uma
nova tendência estética predominou nas criações dos artistas europeus. Trata-se do
Academicismo ou Neoclassicismo, que expressou os valores próprios de uma nova e
fortalecida burguesia, que assumiu a direção da Sociedade européia após a Revolução
Francesa e principalmente com o Império de Napoleão.

Principais características:
● retorno ao passado, pela imitação dos modelos antigos greco-latinos;
● academicismo nos temas e nas técnicas, isto é, sujeição aos modelos e às
regras ensinadas nas escolas
● ou academias de belas-artes;
● arte entendida como imitação da natureza, num verdadeiro culto à teoria de
Aristóteles.

5.1.1- ARQUITETURA
Tanto nas construções civis quanto nas religiosas, a arquitetura neoclássica seguiu o
modelo dos templos greco-romanos ou o das edificações do Renascimento
italiano. Exemplos dessa arquitetura são a igreja de Santa Genoveva, transformada
depois no Panteão Nacional, em Paris, e a Porta do Brandemburgo, em Berlim.

5.1.2- PINTURA
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A pintura desse período foi inspirada principalmente na escultura clássica grega e na


pintura renascentista italiana, sobretudo em Rafael, mestre inegável do equilíbrio da
composição.

Características da pintura:
● Formalismo na composição, refletindo racionalismo dominante.
● Exatidão nos contornos
● Harmonia do colorido

Os maiores representantes da pintura neoclássica são, sem dúvida,

Jacques-Louis David - foi considerado o pintor da Revolução Francesa, mais tarde,


tornou-se o pintor oficial do Império de Napoleão. Durante o governo de Napoleão,
registrou fatos históricos ligados à vida do imperador. Suas obras geralmente
expressam um vibrante realismo, mas algumas delas exprimem fortes emoções.
Obra destacada: Bonaparte atravessando os Alpes e Morte de Marat

Ingres - sua obra abrange, além de composições mitológicas e literárias, nus,


retratos e paisagens, mas a crítica moderna vê nos retratos e nus o seu trabalho mais
admirável. Ingres soube registrar a fisionomia da classe burguesa do seu tempo,
principalmente no gosto pelo poder e na sua confiança na individualidade.
Obra destacada: Banhista de Valpinçon.

Para seu conhecimento


Forte influência da arquitetura neoclássica foi a descoberta arqueológica de
Pompéia. Diante daquelas construções, num erro de interpretação, os historiadores
de arte acreditavam que os edifícios gregos eram recobertos com mármore branco,
ocasionando a construção de tantos edifícios brancos. Exemplo: Casa Branca dos
Estados Unidos.
 

5.2 – ROMÂNTICA

O século XIX foi agitado por fortes mudanças sociais, políticas e culturais causadas
pela Revolução Industrial e pela Revolução Francesa do final do século XVIII. Do
mesmo modo, a atividade artística tornou-se complexa.
Os artistas românticos procuraram se libertar das convenções acadêmicas em favor
da livre expressão da personalidade do artista.
Características gerais:
● a valorização dos sentimentos e da imaginação; 
● o nacionalismo; 
● a valorização da natureza como princípios da criação artística; e 
● os sentimentos do presente.

 
5.2.1- ARQUITETURA
Característica principal da arquitetura:
● Revaloriza-se o gótico, considerado estilo genuinamente europeu.

Obra Destacada: Edifício do Parlamento Inglês


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5.2.2- PINTURA
Características da pintura:
● Aproximação das formas barrocas
● Composição em diagonal sugerindo instabilidade e dinamismo ao observador
● Valorização das cores, claro-escuro
● Dramaticidade

Temas da pintura:
● Fatos reais da história nacional e contemporânea da vida dos artistas
● Natureza revelando um dinamismo equivalente as emoções humanas
● Mitologia Grega

 
Principais artistas:

Goya  - trabalhou temas diversos: retratos de personalidades da corte espanhola e


de pessoas do povo, os horrores da guerra, a ação incompreensível de monstros,
cenas históricas e as lutas pela liberdade.
Obra destacada: Os Fuzilamentos de 3 de maio de 1808.

Turner - representou grandes movimentos da natureza, mas por meio do estudo da


luz que a natureza reflete, procurou descrever uma certa atmosfera da paisagem.
Uma das primeiras vezes que a arte registra a presença da máquina (locomotiva).
Obras destacadas: Chuva, Vapor e Velocidade e O Grande Canal, Veneza.

Delacroix  - suas obras apresentam forte comprometimento político, e o valor da


pintura é assegurada pelo uso das cores, das luzes e das sombras, dando-nos a
sensação de grande movimentação. Representava assuntos abstratos personificando-
os.
Obras destacadas: A Liberdade guiando o povo e Agitação de Tânger.
 
IMAGENS
Auto-Retrato | A Barca de Dante | A Maja Desnuda | A Liberdade Guiando o Povo | A
Mulher do Leque | Com Razão ou Sem Ela | A Morte de Sardanápalo | A Sombrinha
 

5.3 – REALISTA

Entre 1850 e 1900 surge nas artes européias, sobretudo na pintura francesa, uma
nova tendência estética chamada Realismo, que se desenvolveu ao lado da crescente
industrialização das sociedades. O homem europeu, que tinha aprendido a utilizar o
conhecimento científico e a técnica para interpretar e dominar a natureza, convenceu-
se de que precisava ser realista, inclusive em suas criações artísticas, deixando de
lado as visões subjetivas e emotivas da realidade.

São características gerais:


● o cientificismo
● a valorização do objeto
● o sóbrio e o minucioso
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● a expressão da realidade e dos aspectos descritivos

5.3.1- ARQUITETURA
Os arquitetos e engenheiros procuram responder adequadamente às novas
necessidades urbanas, criadas pela industrialização. As cidades não exigem mais ricos
palácios e templos. Elas precisam de fábricas, estações, ferroviárias, armazéns, lojas,
bibliotecas, escolas, hospitais e moradias, tanto para os operários quanto para a nova
burguesia.

Em 1889, Gustavo Eiffel levanta, em Paris, a Torre Eiffel, hoje logotipo da "Cidade
Luz".

5.3.2- ESCULTURA
Auguste Rodin - não se preocupou com a idealização da realidade. Ao contrário,
procurou recriar os seres tais como eles são. Além disso, os escultores preferiam os
temas contemporâneos, assumindo muitas vezes uma intenção política em suas
obras. Sua característica principal é a fixação do momento significativo de um gesto
humano.
Obras destacadas: Balzac, Os Burgueses de Calais, O Beijo e O Pensador.

5.3.3- PINTURA
Características da pintura;
● Representação da realidade com a mesma objetividade com que um cientista
estuda um fenômeno da natureza.
● Ao artista não cabe "melhorar" artisticamente a natureza, pois a beleza está na
realidade tal qual ela é.
● Revelação dos aspectos mais característicos e expressivos da realidade

Temas da pintura:
● Politização
● Pintura social denunciando as injustiças e as imensas desigualdades entre a
miséria dos trabalhadores e a opulência da burguesia. 

Principais pintores:

Courbet - foi considerado o criador do realismo social na pintura, pois procurou


retratar em suas telas temas da vida cotidiana, principalmente das classes populares.
Manifesta sua simpatia particular pelos trabalhadores e pelos homens mais pobres da
sociedade no século XIX. Courbet dizia: "Sou democrata, republicano, socialista,
realista, amigo da verdade e verdadeiro"
Obra destacada: Moças Peneirando o Trigo.

Jean-François Millet, sensível observador da vida campestre, criou uma obra


realista na qual o principal elemento é a ligação atávica (características de
ascendentes remotos) do homem com a terra. Foi educado num meio de profunda
religiosidade e respeito pela natureza. Trabalhou na lavoura desde muito cedo. Seus
numerosos desenhos de paisagens influenciaram, mais tarde, Pissarro e Van Gogh. É
o caso, por exemplo, "Angelus".
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IMAGENS
Pintura da Igreja de Gréville | As Respingadeiras | Honoré de Balzac | A Jovem Mãe |
O Beijo | Os Burgueses de Calais | Angelus | Enterro em Ornans | O Atelie do Artista |
Auto-Retrato 
 

5.4 – IMPRESSIONISMO

O Impressionismo foi um movimento artístico que revolucionou profundamente a


pintura e deu início às grandes tendências da arte do século XX. Havia algumas
considerações gerais, muito mais práticas do que teóricas, que os artistas seguiam
em seus procedimentos técnicos para obter os resultados que caracterizaram a
pintura impressionista. 

Principais Características:
● A pintura deve registrar as tonalidades que os objetos adquirem ao refletir a luz
solar num determinado momento, pois as cores da natureza se modificam
constantemente, dependendo da incidência da luz do sol.
● As figuras não devem ter contornos nítidos, pois a linha é uma abstração do ser
humano para representar imagens.
● As sombras devem ser luminosas e coloridas, tal como é a impressão visual que
nos causam, e não escuras ou pretas, como os pintores costumavam
representá-las no passado.
● Os contrastes de luz e sombra devem ser obtidos de acordo com a lei das cores
complementares. Assim, um amarelo próximo a um violeta produz uma
impressão de luz e de sombra muito mais real do que o claro-escuro tão
valorizado pelos pintores barrocos.
● As cores e tonalidades não devem ser obtidas pela mistura das tintas na paleta
do pintor. Pelo contrário, devem ser puras e dissociadas nos quadros em
pequenas pinceladas. É o observador que, ao admirar a pintura, combina as
várias cores, obtendo o resultado final. A mistura deixa, portanto, de ser
técnica para se óptica.

 A primeira vez que o público teve contato com a obra dos impressionistas foi numa
exposição coletiva realizada em Paris, em abril de 1874. Mas o público e a crítica
reagiram muito mal ao novo movimento, pois ainda se mantinham fiéis aos princípios
acadêmicos da pintura.

Principais artistas:

Monet  - incessante pesquisador da luz e seus efeitos, pintou vários motivos em


diversas horas do dia, afim de estudar as mutações coloridas do ambiente com sua
luminosidade. 
Obras Destacadas: Mulheres no Jardim e a Catedral de Rouen em Pleno Sol.

Renoir - foi o pintor impressionista que ganhou maior popularidade e chegou mesmo
a ter o reconhecimento da crítica, ainda em vida. Seus quadros manifestam otimismo,
alegria e a intensa movimentação da vida parisiense do fim do século XIX. Pintou o
corpo feminino com formas puras e isentas de erotismo e sensualidade, preferia os
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nus ao ar livre, as composições com personagens do cotidiano, os retratos e as


naturezas mortas. 
Obras Destacadas: Baile do Moulin de la Galette e La Grenouillière.

Degas - sua formação acadêmica e sua admiração por Ingres fizeram com que
valorizasse o desenho e não apenas a cor, que era a grande paixão do
Impressionismo. Além disso, foi pintor de poucas paisagens e cenas ao ar livre. Os
ambientes de seus quadros são interiores e a luz é artificial. Sua grande preocupação
era flagrar um instante da vida das pessoas, aprender um momento do movimento de
um corpo ou da expressão de um rosto. Adorava o teatro de bailados.
Obra Destacada: O Ensaio.

Seurat - Mestre no pontilhismo. Obra Destacada: Tarde de Domingo na Ilha Grande


Jatte.

Visconti (Brasileiro) - ele já não se preocupa mais em imitar modelos clássicos;


procura, decididamente, registrar os efeitos da luz solar nos objetivos e seres
humanos que retrata em suas telas. Ganhou uma viagem à Europa, onde teve
contato com a obra dos impressionistas. A influência que recebeu desses artistas foi
tão grande que ele é considerado o maior representante dessa tendência na pintura
brasileira.
Obra destacada: Trigal.
 
Para seu conhecimento
● O quadro Mulheres no Jardim, de Monet, foi pintado totalmente ao ar livre e
sempre com a luz do sol. São cenas do jardim da casa do artista.
● O movimento impressionista foi idealizado nas reuniões com seus principais
pintores e elas aconteciam no estúdio fotográfico de Nadar, na Rue de
Capucines, Paris.
 
IMAGENS
Monet 1 | Monet 2 | Ensaio | Nenúfares | O Palco | Final de Um Arabesco | Bailarina
Diante da Janela | As Bailarinas Verdes | Bailarina Espanhola | Duas Lavadeiras |
Bailarina Vestida em Repouso | A Ponte de Argenteuil | As Escarpas de Etretat | As
Amapolas | O Tanque das Niféias | Impressão, Sol Nascente

5.5- EXPRESSIONISMO

O Expressionismo é a arte do instinto, trata-se de uma pintura dramática, subjetiva,


“expressando” sentimentos humanos. Utilizando cores patéticas, dá forma plástica ao
amor, ao ciúme, ao medo, à solidão, à miséria humana, à prostituição. Deforma-se a
figura, para ressaltar o sentimento.
Predominância dos valores emocionais sobre os intelectuais.

Principais características:
● pesquisa no domínio psicológico;
● cores resplandecentes, vibrantes, fundidas ou separadas;
● dinamismo improvisado, abrupto, inesperado;
● pasta grossa, martelada, áspera;
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● técnica violenta: o pincel ou espátula vai e vem, fazendo e refazendo,


empastando ou provocando explosões;
● preferência pelo patético, trágico e sombrio

OBSERVAÇÃO: Alguns historiadores determinam para esses pintores o movimento


”Pós Impressionista”. Os pintores não queriam destruir os efeitos impressionistas,
mas queriam levá-los mais longe. Os três primeiros pintores abaixo estão incluídos
nessa designação.

Principais artistas:

Gauguin - Depois de passar a infância no Peru, Gauguin voltou com os pais para a
França, mais precisamente para Orléans. Em 1887 entrou para a marinha e mais
tarde trabalhou na bolsa de valores. Aos 35 anos tomou a decisão mais importante de
sua vida: dedicar-se totalmente à pintura. Começou assim uma vida de viagens e
boemia, que resultou numa produção artística singular e determinante das
vanguardas do século XX. Sua obra, longe de poder ser enquadrada em algum
movimento, foi tão singular como a de seus amigos Van Gogh ou Cézanne. Apesar
disso, é verdade que teve seguidores e que pode ser considerado o fundador do
grupo Navis, que, mais do que um conceito artístico, representava uma forma de
pensar a pintura como filosofia de vida. Suas primeiras obras tentavam captar a
simplicidade da vida no campo, algo que ele consegue com a aplicação arbitrária das
cores, em oposição a qualquer naturalismo, como demonstra o seu famoso Cristo
Amarelo. As cores se estendem planas e puras sobre a superfície, quase
decorativamente.No ano de 1891, o pintor parte para o Taiti, em busca de novos
temas, para se libertar dos condicionamentos da Europa. Suas telas surgem
carregadas da iconografia exótica do lugar, e não faltam cenas que mostram um
erotismo natural, fruto, segundo conhecidos do pintor, de sua paixão pelas nativas. A
cor adquire mais preponderância representada pelos vermelhos intensos, amarelos,
verdes e violetas. Quando voltou a Paris, realizou uma exposição individual na galeria
de Durand-Ruel, voltou ao Taiti, mas fixou-se definitivamente na ilha Dominique.
Obra Destacada: Jovens Taitianas com Flores de Manga.

Cézanne  - sua tendência foi converter os elementos naturais em figuras geométricas


- como cilindros, cones e esferas - acentua-se cada vez mais, de tal forma que se
torna impossível para ele recriar a realidade segundo “impressões” captadas pelos
sentidos.
Obras Destacadas: Castelo de Médan e Madame Cézanne

Van Gogh - empenhou profundamente em recriar a beleza dos seres humanos e da


natureza através da cor, que para ele era o elemento fundamental da pintura. Foi
uma pessoa solitária. Interessou-se pelo trabalho de Gauguin, principalmente pela
sua decisão de simplificar as formas dos seres, reduzir os efeitos de luz e usar zonas
de cores bem definidas. Em 1888, deixou Paris e foi para Arles, cidade do sul da
França, onde passou a pintar ao ar livre. O sol intenso da região mediterrânea
interferiu em sua pintura, e ele libertou-se completamente de qualquer naturalismo
no emprego das cores, declarando-se um colorista arbitrário. Apaixonou-se então
pelas cores intensas e puras, sem nenhuma matização, pois elas tinham para ele a
função de representar emoções. Entretanto ele passou por várias crises nervosas e,
depois de internações e tratamentos médicos, dirigiu-se, em maio de 1890, para
Anvers, uma cidade tranqüila ao norte da França. Nessa época, em três meses
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apenas, pintou cerca de oitenta telas com cores fortes e retorcidas. Em julho do
mesmo ano, ele suicidou-se, deixando uma obra plástica composta por 879 pinturas,
1756 desenhos e dez gravuras. Enquanto viveu não foi reconhecido pelo público nem
pelo críticos, que não souberam ver em sua obra os primeiros passos em direção à
arte moderna, nem compreender o esforço para libertar a beleza dos seres por meio
de uma explosão de cores. Obras Destacadas: Trigal com Corvos e  Café à Noite.

Toulouse-Lautrec - Pintava temas pertencentes à vida noturna de Paris, e também


foi responsável pelos cartazes das artistas que se apresentavam no Moulin Rouge.
Boêmio, morreu jovem.
Obra Destacada: Ivette Guilbert que Saúda o Público.

Munch - foi um dos primeiros artistas do século XX que conseguiu conceder às cores
um valor simbólico e subjetivo, longe das representações realistas. Seus quadros
exerceram grande influência nos artistas do grupo Die Brücke, que conheciam e
admiravam sua obra. Nascido em Loten, Noruega, Munch iniciou sua formação na
cidade de Oslo, no ateliê do pintor Krogh. Realizou uma viagem a Paris, na qual
conheceu Gauguin, Toulouse-Lautrec e Van Gogh. Em seu regresso, foi convidado a
participar da exposição da Associação de Berlim. Numa segunda viagem a Paris,
começou a se especializar em gravações e litografias, realizando trabalhos para a
Ópera. Em pouco tempo pôde se apresentar no Salão dos Independentes. A partir de
1907, morou na Alemanha, onde, além de exposições, realizou cenários. Passou seus
últimos anos em Oslo, na Noruega. Uma de suas obras mais importantes é O Grito
(1889). O Grito é um exemplo dos temas que sensibilizaram os artistas ligados a essa
tendência. Nela a figura humana não apresenta sua linhas reais mas contorce-se sob
o efeito de suas emoções. As linhas sinuosas do céu e da água, e a linha diagonal da
ponte, conduzem o olhar do observador para a boca da figura que se abre num grito
perturbador.

Kirchner  - foi um dos fundadores do grupo de pintura expressionista Die Brücke.


Influenciado pelo cubismo e fauvismo, o  pintor alemão deu formas geométricas às
cores e despojou-as de sua função decorativa por meio de contrastes agressivos, com
o fim de manifestar sua verdadeira visão da realidade. Tendo concluído seus estudos
de arquitetura na cidade de Dresden, Kirchner continuou sua formação na cidade de
Munique. Pouco tempo depois reuniu-se com os pintores Heckel e Schmidt-Rottluf em
Berlim, com os quais, motivados pela leitura de Nietzsche, fundou o grupo Die Brücke
(A Ponte, numa referência à frase do escritor: “...a ponte que conduz ao super-
homem”). Veio então a época em que os pintores se reuniam numa casa de
veraneio em Moritzburg e se dedicavam apenas ao que mais lhes interessava: pintar.
Dessa época são os quadros mais ousados de paisagens e nus, bem como cenas
circenses e de variedades. Em 1914 Kirchner foi convocado para a guerra, e um ano
depois tentou o suicídio. Quando suas mãos se recuperaram do ferimento, voltou a
pintar ao ar livre, em sua casa ao pé dos Alpes. Quando finalmente sua contribuição
para a arte alemã foi reconhecida, foi nomeado membro da academia de Berlim, em
1931, para seis anos mais tarde, durante o nazismo, ver sua obra ser destruída e
desprestigiada pelos órgãos de censura. Kirchner tentou mostrar em toda a sua
produção pictórica uma realidade de pesadelo e decadência. Sensivelmente
influenciado pelos desastres da guerra, seus quadros se transformaram num
amontoado neurótico de cores contrastantes e agressivas, produto de uma profunda
tristeza.No final de 1938 o pintor pôs fim à própria vida. Suas obras mais importantes
estão dispersas pelos museus de arte moderna mais importantes da Alemanha.
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Paul Klee - considerado um dos artistas mais originais do movimento expressionista.


Convencido de que a realidade artística era totalmente diferente da observada na
natureza, este pintor dedicou-se durante
toda sua carreira a buscar o ponto de encontro entre realidade e espírito. A exemplo
de Kandinski, Klee estudou com o mestre Von Stuck em Munique. Depois de uma
viagem pela Itália, entrou em contato com os pintores da Nova Associação de Artistas
e finalmente uniu-se ao grupo de artistas do Der Blaue Reiter. Em 1912 viajou para
Paris, onde se encontrou com Delaunay, que seria de vital importância para suas
obras posteriores. Klee escreveu: "A cor, como a forma, pode expressar ritmo e
movimento". Mas a grande descoberta ocorreria dois anos depois, em sua primeira
viagem a Túnis. As formas cúbicas da arquitetura e os graciosos arabescos na
terracota deixaram sua marca na obra do pintor. Iniciou uma fase de grande
produtividade, com quadros de caráter quase surrealista, criados, segundo o pintor,
em cima de "matéria e sonhos". Entre eles merecem ser mencionados Anatomia de
Afrodite, Demônios, Flores Noturnas e Villa R. Depois de lutar durante dois anos na
Primeira Guerra, Klee juntou-se em 1924 ao grupo Die vier Blauen, mas antes
apresentou suas obras em Paris, na primeira exposição dos surrealistas.
Paralelamente, começou a trabalhar como professor em Dusseldorf e mais tarde na
escola da Bauhaus em Weimar. Em 1933, Klee emigrou para a Suíça. Sua última
exposição em vida aconteceu em Basiléia, em 1940. Além de sua obra pictórica, Klee
deixou vários trabalhos escritos que resumem seu pensamento artístico. 

Amadeo Modigliani - iniciou sua formação como pintor no ateliê de Micheli, em


Livorno, sua cidade natal. Em 1902 entrou na Academia de Florença e um ano mais
tarde na de Veneza. Três anos depois mudou-se para Paris, onde teve aulas na
academia de Colarossi. Nessa cidade travou conhecimento com os pintores Utrillo,
Picasso e Braque. Em 1908 participou do Salão dos Independentes e lá conheceu
Juan Gris e Brancusi. Produziu então suas primeiras esculturas motivado pelas peças
de arte africana chegadas à França das colônias. Esse aspecto de máscara foi uma
das constantes nos seus retratos e nus sensuais. Modigliani teve em comum com os
cubistas e expressionistas o distanciamento das academias, a revalorização da cor e
o estudo das formas puras. Sua visão tão subjetiva dos seres humanos e a
emotividade de suas cores o aproximam mais do reduzido grupo de expressionistas
franceses, composto por Rouault e Soutine. Apesar disso, pode-se muito bem dizer
que sua obra, elegante, recatada e ao mesmo tempo misteriosa, pertence,
juntamente com a dos mestres Cézanne e Van Gogh, para citar alguns, à dos gênios
solitários. 

IMAGENS
A sesta | O funcionário dos correios | A casa de Vincent em Arles | A ansiedade | Ator
| Auto retrato - Munch | Banhistas sob as árvores | A cama do defunto | Cinco
mulheres na rua | Eros e Psiquê | Jacques Lipchetz e sua mulher | Auto retrato com
modelo | Leopold Zborowski | A morte no quarto da doente | Natureza morta | Nu
deitado | O peixe dourado | Pequeno porto | Retrato de Chaim Soutine | Retrato de
moça | Rua de Dresden | Senecio | Vapor e veleiros | A voz

5.6- CUBISMO

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Historicamente o Cubismo originou-se na obra de Cézanne, pois para ele a pintura


deveria tratar as formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros.
Entretanto, os cubistas foram mais longe do que Cézanne. Passaram a representar os
objetos com todas as suas partes num mesmo plano. É como se eles estivessem
abertos e apresentassem todos os seus lados no plano frontal em relação ao
espectador. Na verdade, essa atitude de decompor os objetos não tinha nenhum
compromisso de fidelidade com a aparência real das coisas.
O pintor cubista tenta representar os objetos em três dimensões, numa superfície
plana, sob formas geométricas, com o predomínio de linhas retas. Não representa,
mas sugere a estrutura dos corpos ou objetos. Representa-os como se
movimentassem em torno deles, vendo-os sob todos os ângulos visuais, por cima e
por baixo, percebendo todos os planos e volumes.
Principais características:
● geometrização das formas e volumes;
● renúncia à perspectiva;
● o claro-escuro perde sua função;
● representação do volume colorido sobre superfícies planas;
● sensação de pintura escultórica;
● cores austeras, do branco ao negro passando pelo cinza, por um ocre apagado
ou um castanho suave.
 
O cubismo se divide em duas fases:
● Cubismo Analítico - caracterizado pela desestruturação da obra em todos os
seus elementos. Decompondo a obra em partes, o artista registra todos os seus
elementos em planos sucessivos e superpostos, procurando a visão total da
figura, examinado-a em todos os ângulos no mesmo instante, através da
fragmentação dela. Essa fragmentação dos seres foi tão grande, que se tornou
impossível o reconhecimento de qualquer figura nas pinturas cubistas.
● Cubismo Sintético - reagindo à excessiva fragmentação dos objetos e à
destruição de sua estrutura. Basicamente, essa tendência procurou tornar as
figuras novamente reconhecíveis.  Também chamado de Colagem porque
introduz letras, palavras, números, pedaços de madeira, vidro, metal e até
objetos inteiros nas pinturas. Essa inovação pode ser explicada pela intenção do
artista em criar efeitos plásticos e de ultrapassar os limites das sensações
visuais que a pintura sugere, despertando também no observador as sensações
táteis.

Principais artistas:

Picasso - tendo vivido 92 anos e pintado desde muito jovem até próximo à sua
morte passou por diversas fases. Entretanto, são mais nítidas a fase azul, que
representa a tristeza e a melancolia dos mais pobres, e a fase rosa em que pinta
acrobatas e arlequins. Depois de descobrir a arte africana e compreender que o
artista negro não pinta ou esculpe de acordo com as tendências de um determinado
movimento estético, mas com uma liberdade muito maior, Picasso desenvolveu uma
verdadeira revolução na arte. Em 1907, com a obra Les Demoiselles d’Avignon
começa a elaborar a estética cubista que, como vimos anteriormente, se fundamenta
na destruição de harmonia clássica das figuras e na decomposição da realidade.
Podemos destacar, também o mural Guernica, que representa, com veemente
indignação, o bombardeio da cidade espanhola de Guernica, responsável pela morte
de grande parte da população civil formada por crianças, mulheres e trabalhadores,
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durante a Guerra Espanhola.


Outra obra destacada: O Poeta.

Braque - um artista que passou pela fase do cubismo analítico e sintético. Obra
destacada: Mulher com Violão.

Dos artistas brasileiros destacamos:

Tarsila do Amaral - apesar de não ter exposto na Semana de 22, colaborou


decisivamente para o desenvolvimento da arte moderna brasileira, pois produziu uma
obra indicadora de novos rumos. Em 1928 deu início a uma fase chamada
antropofágica. A ela pertence a tela  Abaporu cujo nome, segundo a artista é de
origem indígena e significa “antropófago”. Também usou de temática social nos seus
quadros como na tela Operários.

Rego Monteiro - um dos primeiros artistas brasileiros a realizar uma obra dentro da
estética cubista. Estudou em Paris, depois da Semana de Arte Moderna, sua vida
alternou-se entre a França e o Brasil. Foi reconhecido também naquele país, tem seus
quadros dentro do acervo de alguns importantes museus.
Obra destacada: Pietà.
 
IMAGENS

Pablo Picasso 1 | Pablo Picasso 2 | Georges Braque

5.7- ABSTRACIONISMO

A arte abstrata tende a suprimir toda a relação entre a realidade e o quadro, entre as
linhas e os planos, as cores e a significação que esses elementos podem sugerir ao
espírito. Quando a significação de um quadro depende essencialmente da cor e da
forma, quando o pintor rompe os últimos laços que ligam a sua obra à realidade
visível, ela passa a ser abstrata.

O Abstracionismo apresenta várias fases, desde a mais sensível até a intelectualidade


máxima.

Abstracionismo Informal ou Sensível, predominam os sentimentos e emoções. As


cores e as formas são criadas livremente. Na Alemanha surge o movimento
denominado "Der blaue Reiter" (O Cavaleiro Azul) cujos fundadores são os Kandinsky,
Franz Marc e Paul Klee. Uma arte abstrata, que coloca na cor e forma a sua
expressividade maior. Estes artistas se aprofundam em pesquisas cromáticas,
conseguindo variações espaciais e formais na pintura, através das tonalidades e
matizes obtidos. Eles querem um expressionismo abstrato, sensivel e emotivo. Com a
forma, a cor e alinha, o artista é livre para expressar seus sentimentos interiores,
sem relacioná-los a lembrança do mundo exterior. Estes elementos da composição
devem ter uma unidade e harmonia, tal qual uma obra musical.

Principais Artistas:

WASSILY KANDINSKY (1866-1944), pintor russo, antes do abstracionismo


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participou de vários movimentos artísticos como impressionismo, atravessou uma


curta fase fauve e expressionismo. Escreveu livros, como em 1911, Sobre o espiritual
na arte, em que procurou apontar correspondências simbólicas entre os impulsos
interiores e a linguagem das formas e cores, e em 1926, Do ponto e da linha até a
superfície, explicação mais técnica da construção e inventividade da sua arte.
Dezenas de suas obras foram confiscadas pelos nazistas e várias delas expostas na
mostra de "Arte Degenerada".

PAUL KLEE (1879-1940), pintor suiço, capaz de aliar o rigor artesanal a uma
absoluta liberdade de invenção, surpreende sempre pela multiplicidade de formas,
desde composições em que se insinua a representação figurativa até fascinantes
experiências com formas puras e inusitadas. Sua obra possui uma sistemática
rigorosa, são constantes as oposições entre ângulos retos na maior parte de suas
obras construtivistas e, em contraste, as sinuosidades predominantes em outros
quadros, como ainda se alternam os estudos de perspectiva e os de pura plasticidade
bidimensional, ou o jogo entre as imagens de pura linha e os contrastes cromáticos.
O artista deixou vários textos críticos e seus famosos Diários.

FRANZ MARC (1880-1916), pintor alemão, apaixonado pela arte dos povos
primitivos, das crianças e dos doentes mentais, o pintor alemão Marc escolheu como
temas favoritos os estudos sobre animais, conheceu Kandinski, sob a influência deste,
convenceu-se de que a essência dos seres se revela na abstração. A admiração pelos
futuristas italianos imprimiram nova dinâmica à obra de Marc, que passou a empregar
formas e massas de cores brilhantes próprias da pintura cubista. Os nazistas
destruíram várias de suas obras. As que restaram estão conservadas no Museu de
Belas-Artes de Liège, no Kunstmuseum, em Basiléia, na Städtische Galarie im
Lembachhaus, em Munique, no Walker Art Center, em Minneapolis, e no Guggenheim
Museum, em Nova York.

5.7.1- SUPREMATISMO
É uma pintura com base nas formas geométricas planas, sem qualquer preocupação
de representação. Os elementos principais são: retângulo, círculo, triângulo e a cruz.
O manifesto do Suprematismo, assinado por Malevitch e Maiakovski, poeta russo, foi
um dos principais integrantes do movimento futurista em seu país, defendia a
supremacia da sensibilidade sobre o próprio objeto. 
Mais racional que as obras abstratas de Kandisky e Paul Klee, reduz as formas, à
pureza geométrica do quadrado. Suas características são rígidas e se baseiam nas
relações formais e perceptivas entre a forma e a cor. Pesquisa os efeitos perceptivos
do quadrado negro sobre o campo branco, nas variações ambíguas de fundo e forma. 

Principal Artista:

KAZIMIR MALEVITCH (1878-1935), pintor russo. Fundador da corrente


suprematista, que levou o abstracionismo geométrico à simplicidade extrema. foi o
primeiro artista a usar elementos geométricos abstratos. Procurou sempre elaborar
composições puras e cerebrais, destituídas de toda sensualidade. O "Quadro negro
sobre fundo branco" constituiu uma ruptura radical com a arte da época. Pintado
entre 1913 e 1915, compõe-se apenas de dois quadrados, um dentro do outro, com
os lados paralelos aos da tela. A problemática dessa composição seria novamente
abordada no "Quadro branco sobre fundo branco" (1918), hoje no Museu de Arte
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Moderna de Nova York.

5.7.2- CONSTRUTIVISMO OU ABSTRACIONISMO GEOMÉTRICO


Onde as cores e as formas são organizadas de maneira que a composição resulte
apenas a expressão de uma concepção geométrica.

Principal Artista:

PIET MONDRIAN (1872-1944), pintor holandês, desenvolveu uma nova fase da arte
abstrata: o neoplasticismo. Depois de haver participado da arte cubista, continua
simplificando suas formas até conseguir um resultado, baseado nas proporções
matemáticas ideais, entre as relações formais de um espaço estudado. O artista
utiliza, como elemento de base, uma superfície plano, retangular e as três cores
primárias: vermelho, azul e amarelo - com um pouco de preto e branco. Essas
superfícies coloridas são distribuídas e justapostas buscando uma arte pura. Ele
procura, pesquisa e consegue um equilíbrio da composição perfeito, despojado de
todo excesso da cor, da linha ou da forma. Em 1940 Mondrian foi para Nova York,
onde realizou a última fase de sua obra: desapareceram as barras negras e o quadro
ficou dividido em múltiplos retângulos de cores vivas. É a série dos quadros boogie-
woogie.

A arte do néo-plasticismo de Mondrian vai ter uma influência considerável na


arquitetura e no desenho gráfico do século XX.

5.7.3- ARTE ABSTRATA AMERICANA


Em 1937, funda-se nos Estados Unidos, a Sociedade dos Artistas Abstratos. O
abstracionismo cresce e se desenvolve nas Américas, chegando à criação de um estilo
original. É a "Action Painting" ou pintura de ação gestual, criada por Jackson Pollock
nos anos de 1947 a 1950. 

Características da Pintura:
● Compreensão da pintura como meio de emoções intensas.
● Execução cheia de violenta agressividade, espontaneidade e automatismo.
● Destruição dos meios tradicionais de execução - pincéis, trincha, espátulas, etc.
● Técnica: pintura direta na parede ou no chão, em telas enormes, utilizando
tinta à óleo, duco, pasta espessa de areia, vidro moído.

Principais Artistas:

JACKSON POLLOCK (1912-1956), pintor americano, introduziu nova modalidade na


técnica, gotejando (dripping) as tintas que escorrem de recipientes furados
intencionalmente, numa execução veloz, com gestos bruscos e impetuosos,
borrifando, manchando, pintando a superfície escolhida com resultados
extraordinários e fantásticos, algumas vezes realizada diante do público. Desenvolveu
pesquisas sobre pintura aromática. Nos últimos trabalhos nessa linha, o artista usou
materiais como pregos, conchas e pedaços de tela, misturavam-se às camadas de
tinta para dar relevo à textura. Usou freqüentemente tintas industriais, muitas delas
usadas na pintura de automóveis. 

HANS HARTUNG (1904-1989), Pintor francês nascido na Alemanha. Um dos


25
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principais representantes do expressionismo abstrato na Europa. Conhecido


sobretudo pelo emprego de delicadas linhas negras em fundos coloridos. Grande
prêmio da Bienal de Veneza de 1960. Uma das influências mais fortes é Kandinski.
Para ele, a liberdade é conquistada pelo esforço do pintor, que faz da própria mão um
"pensamento em ação". Em seus quadros, é bem visível essa liberdade interior e
Hartung dá aos pretos diferenças de intensidade, transparência e consistência.

IMAGENS
Manube Mabe | Antonio Bandeira | Alexander Calder | Kandinski 1 | Kandinski 2 |
Samson Flexor | Kazimir Malevitch | Naum Gabo | Alfredo Volpi 1 | Alfredo Volpi 2
 

5.8- FAUVISMO

Em 1905, em Paris, no Salão de Outono, alguns artistas foram chamados de fauves


(em português significa feras), em virtude da intensidade com que usavam as cores
puras, sem misturá-las ou matizá-las. Quem lhes deu este nome foi o crítico Louis
Vauxcelles, pois estavam expostas um conjunto de pinturas modernas ao lado de
uma estatueta renascentista.

Os princípios deste movimento artístico eram:


● Criar, em arte, não tem relação com o intelecto e nem com sentimentos.
● Criar é seguir os impulsos do instinto, as sensações primárias.
● A cor pura deve ser exaltada.
● As linhas e as cores devem nascer impulsivamente e traduzir as sensações
elementares, no mesmo estado de graça das crianças e dos selvagens.

Características da pintura:
● Pincelada violente, expontânea e definitiva;
● Ausência de ar livre;
● Colorido brutal, pretendendo a sensação física da cor que é subjetiva, não
correspondendo à realidade;
Uso exclusivo das cores puras, como saem das bisnagas;
● Pintura por manchas largas, formando grandes planos;

Principais Artistas:

MAURICE DE VLAMINCK (1876-1958), pintor francês, foi o mais autêntico fauvista,


dizia: "Quero incendiar a Escola de Belas Artes com meus vermelhos e azuis." Adotou
mais tarde estilo entre expressionista e realista.

ANDRÉ DERAIN (1880-1954), pintor francês, dizia: "As cores chegaram a ser para
nós cartuchos de dinamite." Por volta de 1900, ligou-se a Maurice de Vlaminck e a
Matisse, com os quais se tornou um dos principais pintores fauvistas. Nessa fase,
pintou figuras e paisagens em brilhantes cores chapadas, recorrendo a traços
impulsivos e a pinceladas descontínuas para obter suas composições espontâneas.
Após romper com o fauvismo, em 1908, sofreu influências de Cézanne e depois do
cubismo. Na década de 1920, seus nus, retratos e naturezas-mortas haviam
adquirido uma entonação neoclássica, com o gradual desaparecimento da
gestualidade espontânea das primeiras obras. Seu estilo, desde então, não mudou.
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HENRI MATISSE (1869-1954), pintor francês, Nas suas pinturas ele não se
preocupa como realismo, tanto das figuras como das suas cores. O que interessa é a
composição e não as figuras em si, como de pessoas ou de naturezas-mortas.
Abandonou assim a perspectiva, as técnicas do desenho e o efeito de claro-escuro
para tratar a cor como valor em si mesma. Dos pintores fauvistas, que exploraram o
sensualismo das cores fortes, ele foi o único a evoluir para o equilíbrio entre a cor e o
traço em composições planas, sem profundidade. Foi, também, escultor, ilustrador e
litógrafo.

RAOUL DUFY (1877-1953), pintor, gravador e decorador francês. Contrastes tonais


e a geometrização da forma caracterizaram sua obra. Impressionista a princípio,
evoluiu gradativamente para o fauvismo, depois de travar contato com Matisse.
Morreu um ano depois de receber o prêmio de pintura da bienal de Veneza.
 

5.9- CONTRUTIVISMO

Trata-se de um abstrato geométrico que busca movimento perspectivo vibratório


através das cores e linhas. É a síntese das teorias abstratas e científicas da arte
moderna. É uma pintura em duas dimensões.

Artista destacado:

Mondrian - ele buscava o que existe de constante nos seres, apesar de eles
parecerem diferentes; cada coisa, seja ela uma casa, uma árvore ou uma paisagem,
possui uma essência que está por trás de sua aparência. E as coisas, em sua
essência, estão em harmonia no Universo. O papel do artista, para ele, seria revelar
essa essência oculta e essa harmonia universal.
Obras Destacadas: Árvores em Flor e Composição.

IMAGENS
Kazimir Malevitch | Naum Gabo | Alfredo Volpi 1 | Alfredo Volpi 2
 

5.10- SURREALISMO

Nas duas primeiras décadas do século XX, os estudos psicanalíticos de FREUD e as


incertezas políticas criaram um clima favorável para o desenvolvimento de uma arte
que criticava a cultura européia e a frágil condição humana diante de um mundo cada
vez mais complexo. Surgem movimentos estéticos que interferem de maneira
fantasiosa na realidade.

O surrealismo foi por excelência a corrente artística moderna da representação do


irracional e do subconsciente. Suas origens devem ser buscadas no dadaísmo e na
pintura metafísica de Giorgio De Chirico. Este movimento artístico surge todas às
vezes que a imaginação se manifesta livremente, sem o freio do espírito crítico, o que
vale é o impulso psíquico. Os surrealistas deixam o mundo real para penetrarem no
irreal, pois a emoção mais profunda do ser tem todas as possibilidades de se
expressar apenas com a aproximação do fantástico, no ponto onde a razão humana
perde o controle. A publicação do Manifesto do Surrealismo, assinado por André
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Breton em outubro de 1924, marcou historicamente o nascimento do movimento.


Nele se propunha a restauração dos sentimentos humanos e do instinto como ponto
de partida para uma nova linguagem artística. Para isso era preciso que o homem
tivesse uma visão totalmente introspectiva de si mesmo e encontrasse esse ponto do
espírito no qual a realidade interna e externa são percebidas totalmente isentas de
contradições. A livre associação e a análise dos sonhos, ambos métodos da
psicanálise freudiana, transformaram-se nos procedimentos básicos do surrealismo,
embora aplicados a seu modo. Por meio do automatismo, ou seja, qualquer forma de
expressão em que a mente não exercesse nenhum tipo de controle, os surrealistas
tentavam 
plasmar, seja por meio de formas abstratas ou figurativas simbólicas, as imagens da
realidade mais profunda do ser humano: o subconsciente.

Principais artistas 

Salvador Dali - é, sem dúvida, o mais conhecido dos artistas surrealistas. Estudou
em Barcelona e depois em Madri, na Academia de San Fernando. Nessa época teve
oportunidade de conhecer Lorca e Buñuel. Suas primeiras obras são influenciadas
pelo cubismo de Gris e pela pintura metafísica de Giorgio De Chirico. Finalmente
aderiu ao surrealismo, junto com seu amigo Luis Buñuel, cineasta. Em 1924 o pintor
foi expulso da Academia e começou a se interessar pela psicanálise de Freud, de
grande importância ao longo de toda a sua obra. Sua primeira viagem a Paris em
1927 foi fundamental para sua carreira. Fez amizade com Picasso e Breton e se
entusiasmou com a obra de Tanguy e o maneirista Arcimboldo. O filme O Cão
Andaluz, que fez com Buñuel, data de 1929. Ele criou o conceito de “paranóia critica“ 
para referir-se à atitude de quem recusa a lógica que rege a vida comum das pessoas
.Segundo ele, é preciso “contribuir para o total descrédito da realidade”. No final dos
anos 30 foi várias vezes para a Itália a fim de estudar os grandes mestres. Instalou
seu ateliê em Roma, embora continuasse viajando. Depois de conhecer em Londres
Sigmund Freud, fez uma viagem para a América, onde publicou sua biografia A Vida
Secreta de Salvador Dali (1942). Ao voltar, se estabeleceu definitivamente em Port
Lligat com Gala, sua mulher, ex-mulher do poeta e amigo Paul Éluard. Desde 1970
até sua morte dedicou-se ao desenho e à construção de seu museu. Além da pintura
ele desenvolveu esculturas e desenho de jóias e móveis.  
Obra Destacada: Mae West.

Joan Miró - iniciou sua formação como pintor na escola de La Lonja, em Barcelona.
Em 1912 entrou para a escola de arte de Francisco Gali, onde conheceu a obra dos
impressionistas e fauvistas franceses. Nessa época, fez amizade com Picabia e pouco
depois com Picasso e seus amigos cubistas, em cujo grupo militou durante algum
tempo. Em 1920 Miró instalou-se em Paris (embora no verão voltasse para Montroig),
onde se formara um grupo de amigos pintores, entre os quais estavam Masson,
Leiris, Artaud e Lial. Dois anos depois adquiriu forma La masía, obra fundamental em
seu desenvolvimento estilístico posterior e na qual Miró demonstrou uma grande
precisão gráfica. A partir daí sua pintura mudou radicalmente. Breton falava dela
como o máximo do surrealismo e se permitiu destacar o artista como um dos grandes
gênios solitários do século XX e da história da arte. A famosa magia de Miró se
manifesta nessas telas de traços nítidos e formas sinceras na aparência, mas difíceis
de serem elucidadas, embora se apresentem de forma amistosa ao observador. Miró
também se dedicou à cerâmica e à escultura, nas quais extravasou suas inquietações
pictóricas.  Obra Destacada: Noitada Esnobe da Princesa.
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Para seu conhecimento

 “O sonho não pode ser também aplicado à solução das questões fundamentais da
vida?” (fragmento do Manifesto do Surrealismo de André Breton, francês que lançou o
movimento).
 
IMAGENS
Retrato da Senhora Mills | A cadeira | Desmaterialização do nariz de Nero | Eu e a
aldeia | Aquarela | Auto retrato Salvador Dali |Cão latindo para lua | Carnaval de
arlequim | Crucificação | Figuras invertidas | Galatéia de esferas | Girafa em chamas |
Interior holandês | La Poètesse | Maternidade | Mercado de escravos | L´objet du
couchant | Objeto poético | A persistência da memória |A rainha Luiza da Prússia |
Auto retrato Miró | Rosto de Mae Est | Telefone-lagosta | A tentação de Santo Antonio
| A última ceia | Vênus de Milo | Sofá-lábios de Mae Est
 

5.11- DADAÍSMO

Formado em 1916 em Zurique por jovens franceses e alemães que, se tivessem


permanecido em seus respectivos países, teriam sido convocados para o serviço
militar, o Dada foi um movimento de negação. Durante a Primeira Guerra Mundial,
artistas de várias nacionalidades, exilados na Suíça, eram contrários ao envolvimento
dos seus próprios países na guerra. Fundaram um movimento literário para expressar
suas decepções em relação a incapacidade da ciências, religião, filosofia que se
revelaram pouco eficazes em evitar a destruição da Europa. A palavra Dada foi
descoberta acidentalmente por Hugo Ball e por Tzara Tristan num dicionário alemão-
francês. Dada é uma palavra francesa que significa na linguagem infantil "cavalo de
pau".  Esse nome escolhido não fazia sentido,  assim como a arte que perdera todo o
sentido diante da irracionalidade da guerra. Sua proposta é que a arte ficasse solta
das amarras racionalistas e fosse apenas o resultado do automatismo psíquico,
selecionado e combinando elementos por acaso.
O fim do Dada como atividade de grupo ocorreu por volta de 1921. 

Principais artistas:

MARCEL DUCHAMP (1887-1968), pintor e escultor francês, sua arte abriu caminho
para movimentos como a pop art e a op art das décadas de 1950 e 1960.
Reinterpretou o cubismo a sua maneira, interessando-se pelo movimento das
formas.O experimentalismo e a provocação o conduziram a idéias radicais em arte,
antes do surgimento do grupo Dada (Zurique, 1916). Criou os ready-mades, objetos
escolhidos ao acaso, e que, após leve intervenção e receberem um título, adquiriam a
condição de objeto de arte. Em 1917 foi rejeitado ao enviar a uma mostra um urinol
de louça que chamou de "Fonte". Depois fez interferências (pintou bigodes na Mona
Lisa, para demonstrar seu desprezo pela arte tradicional), inventou mecanismos
ópticos.

FRANÇOIS PICABIA (1879-1953), pintor e escritor francês. Envolveu-se


sucessivamente com os principais movimentos estéticos do início do século XX, como
cubismo, surrealismo e dadaísmo. Colaborou com Tristan Tzara na revista Dada. Suas
primeiras pinturas cubistas, eram mais próximas de Léger do que de Picasso, são
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exuberantes nas cores e sugerem formas metálicas que se encaixam umas nas
outras. Formas e cores tornaram-se a seguir mais discretas, até que por volta de
1916 o artista se concentrou nos engenhos mecânicos do dadaísmo, de índole
satírica. Depois de 1927, abandonou a abstração pura que praticara por anos e criou
pinturas baseadas na figura humana, com a superposição de formas lineares e
transparentes.

MAX ERNEST (1891-1976), pintor alemão, Adepto do irracional e do onírico e do


inconsciente, esteve envolvido em outros movimentos artísticos, criando técnicas em
pintura e escultura. No Dadaímo contribuiu com colagens e fotomontagens,
composições que sugerem a múltipla identidade dos objetos por ele escolhidos para
tema. Inventou técnicas como a decalcomania e o frottage, que consiste em aplicar
uma folha de papel sobre uma superfície rugosa, como a madeira de veios salientes,
e esfregar um lápis de cor ou grafita, de modo que o papel adquira o aspecto da
superfície posta debaixo dele.
 
IMAGENS
Francis Picabia | Choqq | Foutain | O menino carburador | Moedor de chocolate nº 2 |
A mulher monóculo | A noiva - Picabia | A noiva - Duchamp | Nu descendo a escada |
Paradoxismo da dor | Um rumor secreto
 
 
5.12- OP ART

A expressão “op-art” vem do inglês (optical art) e significa “arte óptica”. Apesar de
ter ganho força na metade da década de 1950, a Op Art passou por um
desenvolvimento relativamente lento. Ela não tem o ímpeto atual e o apelo emocional
da Pop Art; em comparação, parece excessivamente cerebral e sistemática, mais
próxima das ciências do que das humanidades. Por outro lado, suas possibilidades
parecem ser tão limitadas quanto as da ciência e da tecnologia.

Obras Destacadas: Mach-C do artista Vassarely e Pintura com Movimento


Transformável do artista Jacob Agam.
 
IMAGENS
Victor Vasarely 1 | Victor Vasarely 2
 

5.13- POP ART

Movimento principalmente americano e britânico, sua denominação foi empregada


pela primeira vez em 1954, pelo crítico inglês Lawrence Alloway, para designar os
produtos da cultura popular da civilização ocidental, sobretudo os que eram
provenientes dos Estados Unidos.

Com raízes no dadaísmo de Marcel Duchamp, o pop art começou a tomar forma no
final da década de 1950, quando alguns artistas, após estudar os símbolos e produtos
do mundo da propaganda nos Estados Unidos, passaram a transformá-los em tema
de suas obras. 

Representavam, assim, os componentes mais ostensivos da cultura popular, de


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poderosa influência na vida cotidiana na segunda metade do século XX. Era a volta a
uma arte figurativa, em oposição ao expressionismo abstrato que dominava a cena
estética desde o final da segunda guerra. Sua iconografia era a da televisão, da
fotografia, dos quadrinhos, do cinema e da publicidade. 

Com o objetivo da crítica irônica do bombardeamento da sociedade pelos objetos de


consumo, ela operava com signos estéticos massificados da publicidade, quadrinhos,
ilustrações e designam, usando como materiais principais, tinta acrílica, ilustrações e
designs, usando como materiais principais, tinta acrílica, poliéster, látex, produtos
com cores intensas, brilhantes e vibrantes, reproduzindo objetos do cotidiano em
tamanho consideravelmente grande, transformando o real em hiper-real. Mas ao
mesmo tempo que produzia a crítica, a Pop Art se apoiava e necessitava dos
objetivos de consumo, nos quais se inspirava e muitas vezes o próprio aumento do
consumo, como aconteceu por exemplo, com as Sopas Campbell, de Andy Warhol,
um dos principais artistas da Pop Art. Além disso, muito do que era considerado
brega, virou moda, e já que tanto o gosto, como a arte tem um determinado valor e
significado conforme o contexto histórico em que se realiza, a Pop Art proporcionou a
transformação do que era considerado vulgar, em refinado, e aproximou a arte das
massas, desmistificando, já que se utilizava de objetos próprios delas, a arte para
poucos.
 

Principais Artistas:

Robert Rauschenberg (1925) Depois das séries de superfícies brancas ou pretas


reforçadas com jornal amassado do início da década de 1950, Rauschenberg criou as
pinturas "combinadas", com garrafas de Coca-Cola, embalagens de produtos
industrializados e pássaros empalhados. Por volta de 1962, adotou a técnica de
impressão em silk-screen para aplicar imagens fotográficas a grandes extensões da
tela e unificava a composição por meio de grossas pinceladas de tinta. Esses
trabalhos tiveram como temas episódios da história americana moderna e da cultura
popular. 

Roy Lichtenstein (1923-1997). Seu interesse pelas histórias em quadrinhos como


tema artístico começou provavelmente com uma pintura do camundongo Mickey, que
realizou em 1960 para os filhos. Em seus quadros a óleo e tinta acrílica, ampliou as
características das histórias em quadrinhos e dos anúncios comerciais, e reproduziu a
mão, com fidelidade, os procedimentos gráficos. Empregou, por exemplo, uma
técnica pontilhista para simular os pontos reticulados das historietas. Cores
brilhantes, planas e limitadas, delineadas por um traço negro, contribuíam para o
intenso impacto visual.
Com essas obras, o artista pretendia oferecer uma reflexão sobre a linguagem e as
formas artísticas. Seus quadros, desvinculados do contexto de uma história,
aparecem como imagens frias, intelectuais, símbolos ambíguos do mundo moderno. O
resultado é a combinação de arte comercial e abstração.

Andy Warhol (1927-1987). Ele foi figura mais conhecida e mais controvertida do
pop art, Warhol mostrou sua concepção da produção mecânica da imagem em
substituição ao trabalho manual numa série de retratos de ídolos da música popular e
do cinema, como Elvis Presley e Marilyn Monroe. Warhol entendia as personalidades
públicas como figuras impessoais e vazias, apesar da ascensão social e da
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celebridade. Da mesma forma, e usando sobretudo a técnica de serigrafia, destacou a


impessoalidade do objeto produzido em massa para o consumo, como garrafas de
Coca-Cola, as latas de sopa Campbell, automóveis, crucifixos e dinheiro. Produziu
filmes e discos de um grupo musical, incentivou o trabalho de outros artistas e uma
revista mensal 

IMAGENS
Auto retrato de Andy Warhol 1 | Marilyn | Boa disposição de pele macia | Pop Art |
Tracer | Auto retrato Andy Warhol 2 | Elvis I e II | Garrafas de Coca-Cola verdes |
Jackie | Lata de sopa Campbell´s I | A última ceia
 

5.14- INSTALAÇÃO

São ampliações de ambientes que são transformados em cenários do tamanho de


uma sala.
É utilizada a pintura, juntamente com a escultura e outros materiais, para ativar o
espaço arquitetônico.
O espectador participa da obra, e não somente à aprecia.

Obra Destacada: Homenagem a Chico Mendes do artista Roberto Evangelista.

5.15- INTERFERÊNCIA

Como a pintura já não é claramente definível e deixou de ser a única fornecedora de


memoráveis imagens visuais. Alguns artistas interferem na paisagem, colocam
cortinas, guarda-sóis, embrulhos em locais públicos.Atualmente, ressaltamos Christo,
o único artista que se destaca com suas interferências.
Obras Destacadas:: Cortina no Vale, Ponte Neuf (Paris) embrulhada para presente,
Guarda-sóis colocados em um vale da Califórnia e mais recentemente o Reichstag
( Parlamento Germânico em 1988 - Berlim), que foi envolvido em tecido sintético com
duração de duas semanas.
 

5.16- COBRA

Movimento artístico criado na Holanda, Sigla de Copenhague-Bruxelas-Amsterdam,


grupo artístico europeu que surgiu entre 1948 e 1951. Ligado esteticamente ao
expressionismo figurativo, teve como principais representantes Asger Jorn, Karel
Appel e Pierre Alechinski. Assim como as obras de Jackson Pollock essa pintura é
gestual, livre, violenta na escolha de cores e texturas.

Principais Artistas:

PIERRE ALECHINSKY, pintor e gravador belga. Um dos mais jovens integrantes do


grupo Cobra, marcou sua obra pelo tachismo. Participou da XI Exposição
Internacional do Surrealismo, em 1965.

ASGER JORN, pintor dinamarquês. Sua obra é caracterizada pelo uso de cores vivas
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e formas distorcidas. Sofreu influência dos pintores James Ensor e Paul Klee.

KAREL APPEL, pintor holandês. Criador de uma obra vigorosa e colorida,


caracterizada pela figuração rude e simplificada. Realizou também esculturas em
madeira e metal.
 

5.17- FUTURISMO

O primeiro manifesto foi publicado no Le Fígaro de Paris, em 22/02/1909, e nele, o


poeta italiano Marinetti, dizendo que "o esplendor do mundo enriqueceu-se com uma
nova beleza: a beleza da velocidade. Um automóvel de carreira é mais belo que a
Vitória de Samotrácia". O segundo manifesto, de 1910, resultou do encontro do poeta
com os pintores Carlo Carra, Russolo, Severini, Boccioni e Giacomo Balla. 

Os futuristas saúdam a era moderna, aderindo entusiasticamente à máquina. Para


Balla, "é mais belo um ferro elétrico que uma escultura". Para os futuristas, os
objetos não se esgotam no contorno aparente e seus aspectos se interpenetram
continuamente a um só tempo, ou vários tempos num só espaço. O grupo pretendia
fortalecer a sociedade italiana através de uma pregação patriótica que incluía a
aceitação e exaltação da tecnologia.

O futurismo é a concretização desta pesquisa no espaço bidimensional. Procura-se


neste estilo expressar o movimento real, registrando a velocidade descrita pelas
figuras em movimento no espaço. O artista futurista não está interessado em pintar
um automóvel, mas captar a forma plástica a velocidade descrita por ele no espaço.

Principais Artistas:

GIACOMO BALLA , em sua obra o pintor italiano tentou endeusar os novos avanços
científicos e técnicos por meio de representações totalmente desnaturalizadas,
embora sem chegar a uma total abstração.Mesmo assim, mostrou grande
preocupação com o dinamismo das formas, com a situação da luz e a integração do
espectro cromático. A formação acadêmica de Balla restringiu-se a um curso noturno
de desenho, de dois meses de duração, na Academia Albertina de Turim, sua cidade
natal. Em 1895 o pintor mudou-se para Roma, onde apresentou regularmente suas
primeiras obras em todas as exposições da Sociedade dos Amadores e Cultores das
Belas-Artes. Cinco anos mais tarde, fez uma viagem a Paris, onde entrou em contato
com a obra dos impressionistas e neo-impressionistas e participou de várias
exposições. Na volta a Roma, conheceu Marinetti, Boccioni e Severini. Um ano mais
tarde, juntava-se a eles para assinar o Manifesto Técnico da Pintura Futurista.
Preocupado, como seus companheiros, em encontrar uma maneira de visualizar as
teorias do movimento, apresentou em 1912 seu primeiro quadro futurista intitulado
Cão na Coleira ou Cão Atrelado. Dissolvido o movimento, Balla retornou às suas
pinturas realistas e se voltou para a escultura e a cenografia. Embora em princípio
Balla continuasse influenciado pelos divisionistas, não demorou a encontrar uma
maneira de se ajustar à nova linguagem do movimento a que pertencia. Um recurso
dos mais originais que ele usou para representar o dinamismo foi a simultaneidade,
ou desintegração das formas, numa repetição quase infinita, que permitia ao
observador captar de uma só vez todas as seqüências do movimento..

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CARLO CARRA (1881-1966), junto com Giorgio De Chirico, ele se separaria


finalmente do futurismo para se dedicar àquilo que eles próprios dariam o nome de
Pintura Metafísica. Enquanto ganhava seu sustento como pintor-decorador
freqüentava as aulas de pintura na Academia Brera, em Milão. Em 1900 fez sua
primeira viagem a Paris, contratado para a decoração da Exposição Mundial. De lá
mudou-se para Londres. Ao voltar, retomou as aulas na Academia Brera e conheceu
Boccioni e o poeta Marinetti. Um ano mais tarde assinou o Primeiro Manifesto
Futurista, redigido pelo poeta italiano e publicado no jornal Le Figaro. Nessa época
iniciou seus primeiros estudos e esboços de Ritmo dos Objetos e Trens, por definição
suas obras mais futuristas. Numa segunda viagem a Paris entrou em contato com
Apollinaire, Modigliani e Picasso. A partir desse momento começaram a aparecer as
referências cubistas em suas obras. Carrà não deixou de comparecer às exposições
futuristas de Paris, Londres e Berlim, mas já em 1915 separou-se definitivamente do
grupo.  Juntou-se a Giorgio De Chirico e realizou sua primeira pintura metafísica. Em
suas últimas obras retornou ao cubismo.Publicou vários trabalhos, entre eles La
Pittura Metafísica (1919) e La Mia Vita (1943), pintor italiano. Representante do
futurismo e mais tarde da pintura metafísica, influenciou a arte de seu país nas
décadas de 1920 e 1930. UMBERTO BOCCIONI (1882-1916), sua obra se manteve
sob a influência do cubismo, mas incorporando os conceitos de dinamismo e
simultaneidade: formas e espaços que se movem ao mesmo tempo e em direções
contrárias. Nascido em Reggio di Calábria, Boccioni mudou-se ainda muito jovem
para Roma, onde estudou em diferentes academias. Logo fez amizade com os
pintores Balla e Severini. No início, mostrou-se interessado na pintura impressionista,
principalmente na obra de Cézanne. Fez então algumas viagens a Paris, São 
Petersburgo e Milão. Ao voltar, entrou em contato com Carrà e Marinetti e um ano
depois se encontrava entre os autores do Manifesto Futurista de Pintura, do qual foi
um dos principais teóricos. Foi com a intenção de procurar as bases dessa nova
estética que ele viajou a Paris, onde se encontrou com Picasso e Braque. Ao retornar,
publicou o Manifesto Técnico da Pintura Futurista, no qual foram registrados os
princípios teóricos da arte futurista: condenação do passado, desprezo pela
representação naturalista, indiferença em relação aos críticos de arte e rejeição dos
conceitos de harmonia e bom gosto aplicados à pintura. Em 1912, participou da
primeira exposição futurista. Suas obras ainda deixavam transparecer a preocupação
do artista com os conceitos propostos pelo cubismo. Os retratos deformados pelas
superposições de planos ainda não conseguiam expressar com clareza sua concepção
teórica. Um ano mais tarde, com sua obra Dinamismo de um Jogador de Futebol,
Boccioni conseguiu finalmente fazer a representação do movimento por meio de cores
e planos desordenados, como num pseudofotograma. Durante a Primeira Guerra
Mundial, o pintor se alistou como voluntário e ao voltar publicou o livro Pittura,
Scultura Futurista, Dinâmico Plástico (Pintura, Escultura Futurista, Dinamismo
Plástico). Morreu dois anos depois, em 1916, na cidade de Verona.

Fragmento "Fundação e manifesto do futurismo", 1908, publicado em 1909.


"Então, com o vulto coberto pela boa lama das fábricas - empaste de escórias
metálicas, de suores inúteis, de fuliges celestes, contundidos e enfaixados os braços,
mas impávidos, ditamos nossas primeiras vontades a todos os homens vivos da terra:
1. Queremos cantar o amor do perigo, o hábito da energia e da temeridade.
2. A coragem, a audácia e a rebelião serão elementos essenciais da nossa poesia.
3. Até hoje a literatura tem exaltado a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono.
Queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, a velocidade, o salto
mortal, a bofetada e o murro.
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4. Afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu de uma beleza nova: a


beleza da velocidade. Um carro de corrida adornado de grossos tubos
semelhantes a serpentes de hálito explosivo... um automóvel rugidor, que
parece correr sobre a metralha, é mais belo que a Vitória de Samotrácia.
5. Queremos celebrar o homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a
Terra, lançada a toda velocidade no circuito de sua própria órbita.
6. O poeta deve prodigalizar-se com ardor, fausto e munificência, a fim de
aumentar o entusiástico fervor dos elementos primordiais.
7. Já não há beleza senão na luta. Nenhuma obra que não tenha um caráter
agressivo pode ser uma obra-prima. A poesia deve ser concebida como um
violento assalto contra as forças ignotas para obrigá-las a prostrar-se ante o
homem.
8. Estamos no promontório extremo dos séculos!... Por que haveremos de olhar
para trás, se queremos arrombar as misteriosas portas do Impossível? O Tempo
e o Espaço morreram ontem. Vivemos já o absoluto, pois criamos a eterna
velocidade onipresente.
9. Queremos glorificar a guerra - única higiene do mundo -, o militarismo, o
patriotismo, o gesto destruidor dos anarquistas, as belas idéias pelas quais se
morre e o desprezo da mulher.
10. Queremos destruir os museus, as bibliotecas, as academias de todo tipo, e
combater o moralismo, o feminismo e toda vileza oportunista e utilitária.
11. Cantaremos as grandes multidões agitadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela
sublevação; cantaremos a maré multicor e polifônica das revoluções nas
capitais modernas; cantaremos o vibrante fervor noturno dos arsenais e dos
estaleiros incendiados por violentas luas elétricas: as estações insaciáveis,
devoradoras de serpentes fumegantes: as fábricas suspensas das nuvens pelos
contorcidos fios de suas fumaças; as pontes semelhantes a ginastas gigantes
que transpõem as fumaças, cintilantes ao sol com um fulgor de facas; os navios
a vapor aventurosos que farejam o horizonte, as locomotivas de amplo peito
que se empertigam sobre os trilhos como enormes cavalos de aço refreados por
tubos e o vôo deslizante dos aeroplanos, cujas hélices se agitam ao vento como
bandeiras e parecem aplaudir como uma multidão entusiasta.
É da Itália que lançamos ao mundo este manifesto de violência arrebatadora e
incendiária com o qual fundamos o nosso Futurismo, porque queremos libertar este
país de sua fétida gangrena de professores, arqueólogos, cicerones e antiquários.
Há muito tempo a Itália vem sendo um mercado de belchiores. Queremos libertá-la
dos incontáveis museus que a cobrem de cemitérios inumeráveis.
Museus: cemitérios!... Idênticos, realmente, pela sinistra promiscuidade de tantos
corpos que não se conhecem. Museus: dormitórios públicos onde se repousa sempre
ao lado de seres odiados ou desconhecidos! Museus: absurdos dos matadouros dos
pintores e escultores que se trucidam ferozmente a golpes de cores e linhas ao longo
de suas paredes!
Que os visitemos em peregrinação uma vez por ano, como se visita o cemitério no dia
dos mortos, tudo bem. Que uma vez por ano se desponta uma coroa de flores diante
da Gioconda, vá lá. Mas não admitimos passear diariamente pelos museus nossas
tristezas, nossa frágil coragem, nossa mórbida inquietude. Por que devemos nos
envenenar? Por que devemos apodrecer?
E que se pode ver num velho quadro senão a fatigante contorção do artista que se
empenhou em infringir as insuperáveis barreiras erguidas contra o desejo de exprimir
inteiramente o seu sonho?... Admirar um quadro antigo equivale a verter a nossa
sensibilidade numa urna funerária, em vez de projetá-la para longe, em violentos
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arremessos de criação e de ação.


Quereis, pois, desperdiçar todas as vossas melhores forças nessa eterna e inútil
admiração do passado, da qual saís fatalmente exaustos, diminuídos e espezinhados?
Em verdade eu vos digo que a frequentação cotidiana dos museus, das bibliotecas e
das academias (cemitérios de esforços vãos, calvários de sonhos crucificados,
registros de lances truncados!...) é, para os artistas, tão ruinosa quanto a tutela
prolongada dos pais para certos jovens embriagados por seus prisioneiros, vá lá: o
admirável passado é talvez um bálsamo para tantos dos seus males, já que para eles
o futuro está barrado... Mas nós não queremos saber dele, do passado, nós, jovens e
fortes futuristas!
Bem-vindos, pois, os alegres incendiários com seus dedos carbonizados! Ei-los!...
Aqui!... Ponham fogo nas estantes das bibliotecas!... Desviem o curso dos canais para
inundar os museus!... Oh, a alegria de ver flutuar à deriva, rasgadas e descoradas
sobre as águas, as velhas telas gloriosas!... Empunhem as picaretas, os machados, os
martelos e destruam sem piedade as cidades veneradas!
Os mais velhos dentre nós têm 30 anos: resta-nos assim, pelo menos um decênio
mais jovens e válidos que nos jogarão no cesto de papéis, como manuscritos inúteis.
- Pois é isso que queremos!
Nossos sucessores virão de longe contra nós, de toda parte, dançando à cadência
alada dos seus primeiros cantos, estendendo os dedos aduncos de predadores e
farejando caninamente, às portas das academias, o bom cheiro das nossas mentes
em putrefação, já prometidas às catacumbas das bibliotecas.
Mas nós não estaremos lá... Por fim eles nos encontrarão - numa noite de inverno -
em campo aberto, sob um triste galpão tamborilado por monótona chuva, e nos verão
agachados junto aos nossos aeroplanos trepidantes, aquecendo as mãos ao fogo
mesquinho proporcionado pelos nossos livros de hoje flamejando sob o vôo das
nossas imagens.
Eles se amotinarão à nossa volta, ofegantes de angústia e despeito, e todos,
exasperados pela nossa soberba, inestancável audácia, se precipitarão para matar-
nos, impelidos por um ódio tanto mais implacável quanto seus corações estiverem
ébrios de amor e admiração por nós.
A forte e sã Injustiça explodirá radiosa em seus olhos - A arte, de fato, não pode ser
senão violência, crueldade e injustiça.
Os mais velhos dentre nós têm 30 anos: no entanto, temos já esbanjado tesouros,
mil tesouros de força, de amor, de audácia, de astúcia e de vontade rude,
precipitadamente, delirantemente, sem calcular, sem jamais hesitar, sem jamais
repousar, até perder o fôlego... Olhai para nós! Ainda não estamos exaustos! Nossos
corações não sentem nenhuma fadiga, porque estão nutridos de fogo, de ódio e de
velocidade!... Estais admirados? É lógico, pois não vos recordais sequer de ter vivido!
Eretos sobre o pináculo do mundo, mais uma vez lançamos o nosso desafio às
estrelas!
Vós nos opondes objeções?... Basta! Basta! Já as conhecemos... Já entendemos!...
Nossa bela e mendaz inteligência nos afirma que somos o resultado e o
prolongamento dos nossos ancestrais. - Talvez!... Seja!... Mas que importa? Não
queremos entender!... Ai de quem nos repetir essas palavras infames!...
Cabeça erguida!...
Eretos sobre o pináculo do mundo, mais uma vez lançamos o nosso desafio às
estrelas."
Teorias da Arte Moderna, H.B.Chipp, Martins Fontes, 1993.
 
IMAGENS
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Automóvel + velocidade + luz | Dinamismo de um ciclista | Estado de ânimo II |


Funerais do anarquista Galli | A carga dos lanceiros | Manifestação intervencionista |
Retrato de Marinetti | Velocidade abstrata
 

5.18- ART NAIF

É a arte da espontaneidade, da criatividade autêntica, do fazer artístico sem escola


nem orientação, portanto é instintiva e onde o artista expande seu universo
particular. Claro que, como numa arte mais intelectualizada, existem os realmente
marcantes e outros nem tanto. 

Art naïf (arte ingênua) é o estilo a que pertence a pintura de artistas sem formação
sistemática. Trata-se de um tipo de expressão que não se enquadra nos moldes
acadêmicos, nem nas tendências modernistas, nem tampouco no conceito de arte
popular. 

Esse isolamento situa o art naïf numa faixa próxima à da arte infantil, da arte do
doente mental e da arte primitiva, sem que, no entanto, se confunda com elas.

Assim, o artista naïf é marcadamente individualista em suas manifestações mais


puras, muito embora, mesmo nesses casos, seja quase sempre possível descobrir-
lhes a fonte de inspiração na iconografia popular das ilustrações dos velhos livros, das
folhinhas suburbanas ou das imagens de santos. Não se trata, portanto, de uma
criação totalmente subjetiva, sem nenhuma referência cultural.

O artista naïf não se preocupa em preservar as proporções naturais nem os dados


anatômicos corretos das figuras que representa.

Características gerais:
● Composição plana, bidimensional, tende à simetria e a linha é sempre figurativa
● Não existe perspectiva geométrica linear.
● Pinceladas contidas com muitas cores.

Principal Artista:

Henri Rousseau (1844-1910), homem de pouca instrução geral e quase nenhuma


formação em pintura. Em sua primeira exposição foi acusado pela crítica de ignorar
regras elementares de desenho, composição e perspectiva, e de empregar as cores
de modo arbitrário. Estreou com uma original obra-prima, "Um dia de carnaval", no
Salão dos Independentes. Criou exóticas paisagens de selva que lembram tramas de
sonho e parecem motivadas pelos sentimentos mais puros. Nos primeiros anos do
século XX, após despertar a admiração de Alfred Jarry, Guillaume Apollinaire, Pablo
Picasso, Robert Delaunay e outros intelectuais e artistas, seu trabalho foi reconhecido
em Paris e posteriormente influenciou o surrealismo. 

5.19 – PINTURA METAFÍSICA

A pintura deve criar um impressão de mistério, através de associações pouco comuns


de objetos totalmente imprevistos, em arcadas e arquiteturas puras, idealizadas,
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muitas vezes com a inclusão de estátuas, manequins, frutas, legumes, numa


transfiguração toda especial, em curiosas perspectivas divergentes. A pintura
metafísica explora os efeitos de luzes misteriosas, sombras sedutoras e cores ricas e
profundas, de plástica despojada e escultural. Tem inspiração na Metafísica, ciência
que estuda tudo quanto se manifesta de maneira sobrenatural.

Principais Artistas:

GIORGIO DE CHIRICO (1888-1978), pintor italiano, nascido na Grécia, principal 


representante da "pintura metafísica", Giorgio De Chirico constitui um caso singular:
poucas vezes um artista alcançou tão rapidamente a fama para em seguida renegar o
estilo que o celebrizara e cair em um esquecimento quase absoluto. As suas obras
retratam cenários arquitetônicos, solitários, irreais e enigmáticos, onde colocava
objetos heterogêneos para revelar um mundo onírico e subconsciente, perpassado de
inquietações metafísicas. Também usada nas suas obras manequins, nus ou vestidos
à moda clássica, enigmáticos e sem rosto, que pareciam simbolizar a estranheza do
ser humano diante do seu meio ambiente.

GIORGIO MORANDI (1890-1964), pintor italiano. Notável por suas naturezas-


mortas, em que buscava a unidade das coisas do universo. Conferiu imobilidade e
transparência de formas, recorte intimista e atmosfera de luz cinza-clara às
naturezas-mortas que pintou usando como modelos frascos, garrafas, caixas e
lâmpadas velhas. 
 

6- ARTE BRASILEIRA

6.1- PRE-HISTÓRIA

O Primeiro Homem das Américas

Escavações feitas no boqueirão da Pedra Furada, no Parque Nacional da Serra da


Capivara, pela equipe da arquiteta Niède Guidon encontraram o que eles acreditam
ser restos de uma fogueira e pedras lascadas, datadas em mais de 50 mil anos. A
comunidade científica internacional se dividiu sobre o tema. Alguns rechaçam essas
pesquisas, ponderando que a suposta fogueira pode ter sido na verdade madeira
incinerada por um raio e que nada garante que as rochas não foram lascadas durante
a queda de um bloco. A questão por trás dessa briga é a elucidação de qual teria sido
a porta de entrada do homem na América. De um lado estão os que acreditam que foi
a travessia do estreito de Bering, entre 15 mil e 12 mil anos atrás - quando o nível do
mar chegou a descer 100 metros em relação ao atual -, tenha sido o único caminho
adotado. Para quem não aceita essa exclusividade, outra porta de entrada do
continente americano poderia ser a costa do Pacífico na América Latina, com
viajantes vindos do sudeste asiático e das ilhas oceânicas. Ou seja, a colonização
teria acontecido por povos diferentes em épocas diferentes. A situação começou a
tomar novos rumos com a descoberta da toca do Garrincho. Dentes com 15 mil anos
foram desenterrados e apresentados ao público. Com essa idade, são os fósseis
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humanos mais antigos do continente. Se confirmada, a presumida datação em 40 mil


anos das pinturas do sertões da Bastiana também será um grande indício de que o
homem pode ter vivido aqui bem antes do que na América do Norte. Se aceitos pela
comunidade internacional, os dentes e desenhos - que não podem ser causados por
raios ou quedas de blocos - representarão uma nova fase nos estudos sobre a
ocupação do continente.

As mais importantes pinturas rupestres do Brasil:


● PEDRA PINTADA (PA), aqui, em 1996, a arqueóloga americana Anna Rosevelt
achou pinturas com cerca de 11.000 anos.
● PERUAÇU (MG), tem vários estilos de pinturas entre 2.000 a 10.000 anos.
Exibe espetaculares desenhos geométricos.
● LAGOA SANTA (MG), suas pinturas de animais, conhecidas desde 1834, têm
entre 2.000 e 10.000 anos de idade.
● SÃO RAIMUNDO NONATO (PI), segundo Niède Guindon, da Universidade
Estadual de Campinas, possui vestígios humanos de 40.000 anos e pinturas de
15.000 anos.

Para seu conhecimento:


A tinta de pedra é feita de cacos de minério que forneciam as cores para as pinturas
rupestres: os artistas raspavam as pedras para arrancar os pigmentos coloridos, o
vermelho e o amarelo vinham do minério de ferro, o preto, do manganês. Misturado
com cera de abelha ou resina de árvores o pigmento virava tinta.

6.2- ARTE INDÍGENA

“Somos Parte Da Terra E Ela É Parte De Nós”


Os olhos e as mentes intelectuais da humanidade começaram no séc. XX a
reconhecer os povos nativos como culturas diferentes das civilizações oficiais e
vislumbraram contribuições sociais e ambientais deixadas pelos guerreiros que
tiveram o sonho como professores. Mas a maior contribuição que os povos da floresta
podem deixar ao homem branco é a prática de ser uno com a natureza interna de si.
A Tradição do Sol, da Lua e da Grande Mãe ensinam que tudo se desdobra de uma
fonte única, formando uma trama sagrada de relações e inter-relações, de modo que
tudo se conecta a tudo. O pulsar de uma estrela na noite é o mesmo que do coração.
Homens, árvores, serras, rios e mares são um corpo, com ações interdependentes.
Esse conceito só pode ser compreendido através do coração, ou seja, da natureza
interna de cada um. Quando o humano das cidades petrificadas largarem as armas do
intelecto, essa contribuição será compreendida. Nesse momento entraremos no Ciclo
da Unicidade, e a Terra sem Males se manifestará no reino humano.
 
A Visão Indígena Brasileira

O que é índio? Um índio não chama nem a si mesmo de índio. Esse nome veio
trazido pelos colonizadores no séc. XVI. O índio mais antigo desta terra hoje chamada
Brasil se autodenomina Tupy, que significa "Tu" (som) e "py" (pé), ou seja, o som-
de-pé, de modo que o índio é uma qualidade de espírito posta em uma harmonia de
forma.

Qual a origem dos índios? Conforme o mito Tupy-Guarani, o Criador, cujo coração
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é o Sol, tataravô desse Sol que vemos, soprou seu cachimbo sagrado e da fumaça
desse cachimbo se fez a Mãe Terra. Chamou sete anciões e disse: ‘Gostaria que
criassem ali uma humanidade’. Os anciões navegaram em uma canoa que era como
cobra de fogo pelo céu; e a cobra-canoa levou-os até a Terra. Logo eles criaram o
primeiro ser humano e disseram: ‘Você é o guardião da roça’. Estava criado o
homem. O primeiro homem desceu do céu através do arco-íris em que os anciões se
transformaram. Seu nome era Nanderuvuçu, o nosso Pai Antepassado, o que viria a
ser o Sol. E logo os anciões fizeram surgir da Águas do Grande Rio Nanderykei-cy, a
nossa Mãe Antepassada. Depois eles geraram a humanidade, um se transformou no
Sol, e a outra, na Lua. São nossos tataravós.

Esta história revela o jeito do povo indígena de contar a sua origem, a


origem do mundo, do cosmos, e também mostra como funciona o
pensamento nativo. Os antropólogos chamam de mito, e algumas dessas
histórias são denominadas de lendas.
 
6.2.1- ARQUITETURA
Taba ou Aldeia é a reunião de 4 a 10 ocas, em cada oca vivem várias famílias
(ascendentes e descendentes), geralmente entre 300 a 400 pessoas. O lugar ideal
para erguer a taba deve ser bem ventilado, dominando visualmente a vizinhança,
próxima de rios e da mata. A terra, própria para o cultivo da mandioca e do milho. 

No centro da aldeia fica a ocara, a praça. Ali se reúnem os conselheiros, as mulheres


preparam as bebidas rituais, têm lugar as grandes festas. Dessa praça partem trilhas
chamadas  pucu que levam à roça, ao campo e ao bosque.

Destinada a durar no máximo 5 anos a oca é erguida com varas, fechada e coberta
com palhas ou folhas. Não recebe reparos e quando inabitável os ocupantes a
abandonam. Não possuem janelas, têm uma abertura em cada extremidade e em seu
interior não tem nenhuma parede ou divisão aparente. Vivem de modo harmonioso.

 
6.2.2- PINTURA CORPORAL E ARTE PLUMÁRIA
Pintam o corpo para enfeitá-lo e também para defende-lo contra o sol, os insetos e os
espíritos maus. E para revelar de quem se trata, como está se sentindo e o que
pretende. As cores e os desenhos ‘falam’, dão recados. Boa tinta, boa pintura, bom
desenho garantem boa sorte na caça, na guerra, na pesca, na viagem. Cada tribo e
cada família desenvolvem padrões de pintura fiéis ao seu modo de ser. Nos dias
comuns a pintura pode ser bastante simples, porém nas festas, nos combates,
mostra-se requintada, cobrindo também a testa, as faces e o nariz. A pintura corporal
é função feminina, a mulher pinta os corpos dos filhos e do marido. Assim como a
pintura corporal, a arte plumária serve para enfeites: mantos, máscaras, cocares, e 
passam aos seus portadores elegância e majestade. Esta é uma arte muito especial
porque não está associada a nenhum fim utilitário, mas apenas a pura busca da
beleza.

6.2.3- A ALDEIA CABE NO COCAR


 A disposição e as cores das penas do cocar não são aleatórias. Além de bonito, ele
indica a posição de chefe dentro do grupo e simboliza a própria ordenação da vida em
uma aldeia Kayapó. Em forma de arco, uma grande roda a girar entre o presente e o
passado. "É uma lógica de manutenção e não de progresso", explica Luis Donisete
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Grupioni. A aldeia também é disposta assim. Lá, cada um tem seu lugar e sua função
determinados.

6.2.4- TRANÇADOS E CERÂMICA


A variedade de plantas que são apropriadas ao trançado no Brasil dá ao índio uma
inesgotável fonte de matéria prima. É trançando que o índio constrói a sua casa e
uma grande variedade de utensílios, como cestos para uso doméstico, para
transporte de alimentos e objetos trançados para ajudar no preparo de alimentos
(peneiras), armadilhas para caça e pesca, abanos para aliviar o calor e avivar o fogo,
objetos de adorno pessoal (cocares, tangas, pulseiras), redes para pescar e dormir,
instrumentos musicais para uso em rituais religiosos, etc. Tudo isso sem perder a
beleza e feito com muita perfeição.
A cerâmica destacou-se principalmente pela sua utilidade, buscando a sua forma, nas
cores e na decoração exterior, o seu ponto alto ocorreu na ilha de Marajó.
 
Ótimo site, visite: http://www.estadao.com.br/villasboas/ 
 
IMAGENS
Abano | Cerâmica Tapajônica | Cestos | Chefe Camaiura | Estátua Karajá | Jarra |
Quarup | Rede | Tartaruga Karajá | Xavantes

6.3- COLONIAL

Após a chegada de Cabral, Portugal tomou posse do território e transformou o Brasil


em sua colônia. Primeiramente, foram construídas as feitorias, que eram construções
muito simples com cerca de pau-a-pique ao redor, porque os portugueses temiam ser
atacados pelo índios. Preocupado com que outros povos ocupassem terras brasileiras,
o rei de Portugal enviou, em 1530, uma expedição comandada por Martim Afonso de
Sousa para dar início à colonização. Martim Afonso fundou a vila de São Vicente
(1532) e instalou o primeiro engenho de açúcar, iniciando-se o plantio de cana-de-
açúcar, que se tornaria a principal fonte de riqueza produzida no Brasil.

Após a divisão em capitanias hereditárias, houve grande necessidade de construir


moradias para os colonizadores que aqui chegaram e engenhos para a fabricação de
açúcar.
 
6.3.1- ARQUITETURA
A arquitetura era bastante simples, sempre com estruturas retangulares e  cobertura
de palha sustentada por estruturas de madeira roliça inclinada. Essas construções
eram conhecidas por tejupares, palavra que vem do tupi-guarani (tejy=gente e
upad=lugar). Com o tempo os tejupares melhoram e passam os colonizadores a
construir casas de taipa.Com essa evolução começam a aparecer as capelas, os
centros das vilas, dirigidas por missionários jesuítas. Nas capelas há crucifixo, a
imagem de Nossa Senhora e a de algum santo, trazidos de Portugal.A arquitetura
religiosa foi introduzida no Brasil pelo irmão jesuíta Francisco Dias, que trabalhou em
Portugal com o  arquiteto italiano Filipe Terzi, projetista da igreja de São Roque de
Lisboa.
 
Esquema de arquitetura primitiva:
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Dois eram os modelos de arquitetura primitiva. A igreja de Jesus de Roma (autor:


Vignola) e a igreja de São Roque de Lisboa, ambas de padres jesuítas.
Floresciam as igrejas em todos sos lugares onde chegavam os colonizadores,
especialmente no litoral.
Os principais arquitetos do período colonial foram: Francisco Dias, Francisco Frias de
Mesquita, Gregório de Magalhães e Fernandes Pinto Alpoim.
A liberdade de estilo dada ao arquiteto modifica o esquema simples, mas talvez pela
falta de tempo ou por deficiência técnica não se deu um acabamento mais
aprimorado.

Algumas das principais construções de taipas:


● Muralha ao redor de Salvador, construída por Tomé de Sousa;
● Igreja Matriz de Cananéia;
● Vila inteira de São Vicente, destruída por um maremoto e reconstruída
entre 1542 e 1545;
● Engenhos de cana-de-açúcar; e
● Casa da Companhia de Jesus, que deu origem à cidade de São Paulo.
 
Taipa
Construção feita de varas, galhos, cipós entrelaçados e cobertos com barro. Para que
o barro tivesse maior consistência a melhor resistência à chuva, ele era misturado
com sangue de boi e óleo de peixe.
Elas podem ser feitas com técnicas diferentes:
● A taipa de pilão, de origem árabe, consiste em comprimir a terra em formas
de madeira, formando um caixão, onde o material a ser socado ia disposto em
camadas de 15 cm aproximadamente. Essas camadas reduziam-se a metade
após o apiloamento. Quando a terra apilada atingia mais ou menos 2/3 da
altura do taipal, eram nela introduzidas transversalmente, pequenos paus
roliços envolvidos em folhas, geralmente de bananeiras, produzindo orifícios
cilíndricos denominados cabodás que permitiam o ancoramento do taipal em
nova posição. Essa técnica é usada para formar as paredes externas e nas
internas estruturais, sobrecarregadas com pavimento superior ou com
madeiramento do telhado. 
● A taipa de mão ou pau-a-pique que caracterizava-se por uma trama de paus
verticais e horizontais, eqüidistantes, e alternadamente dispostos. Essa trama
era fixada verticalmente na estrutura do edifício e tinha seus vãos preenchidos
com barro, atirado por duas pessoas simultaneamente uma de cada lado. A
taipa de mão geralmente é utilizada nas paredes internas da construção.

Forte São João


● No ano de 1531, após viagem através do Atlântico Sul, as naus de Martim
Afonso de Souza avistaram terras tupi-guaranis.O lugar, chamado
"Buriquioca"(morada dos macacos) pelos nativos, encantou os portugueses por
suas belezas naturais e exóticas.
● Apesar da bela paisagem, por motivo de segurança seguiram viagem, indo
aportar em São Vicente, no dia 22 de janeiro de 1532.
● Neste mesmo ano, Martim Afonso enviou João Ramalho à Bertioga a fim de
verificar a possibilidade de construir uma fortificação para proteger a nova vila
dos ataques Tamoios.
● Em 1540, Hans Staden, famoso artilheiro alemão, naufragou na costa brasileira
e foi levado à São Vicente. Lá, foi nomeado para comandar a fortificação em
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Bertioga.
● Em 1547, a primitiva paliçada de madeira foi substituída por alvenaria de pedra
e cal e óleo de baleia, o que originou o verdadeiro Forte. Primeiramente foi
chamado Forte Sant'Iago (ou São Tiago), recebeu a denominação de Forte São
João em 1765, devido à restauração de sua capela, erguida em louvor a São
João Batista.
● Em 1940, a fortaleza, considerada a mais antiga do Brasil, foi tombada pelo
Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)
● Aproveitando a comemoração dos 500 anos do Brasil, a Prefeitura de Bertioga e
o Iphan entregam para visitação o forte totalmente restaurado.

6.3.2- ESCULTURA
Os jesuítas ensinaram aos índios e negros o alfabeto, a religião e a trabalhar o barro,
a madeira e a pedra. O índio é muito hábil na imitação, mas, também muito primário
e rústico na execução. O negro adapta-se mais facilmente e é exuberante no
desenho, na arte, no talhe e nas lavras. Sob direção dos religiosos e de mestres,
vindos além-mar, o índio e o negro esculpiram muitos trabalhos, que são a base ao
enxerto da arte Barroca, em auge na Europa.
 
 
6.4- HOLANDESA

Na virada do século, os portugueses defenderam o Brasil dos invasores ingleses,


franceses e holandeses. Porém, os holandeses resistiram e se instalaram no nordeste
do país por quase 25 anos (início em 1624). O Conde Maurício de Nassau trouxe à
“Nova Holanda” artistas e cientistas que se instalaram em Recife. Foi sob a orientação
de Nassau que o arquiteto Pieter Post projetou a construção da Cidade Maurícia e
também os palácios e prédios administrativos.

Embora fosse comum a presença de artistas nas primeiras expedições enviadas à


América, Maurício de Nassau afirmou, em carta à Luiz XIV, em 1678, ter a sua
disposição seis pintores no Brasil, entre os quais Frans Post e Albert Eckhout.
Holandeses, flamengos, alemães, os chamados pintores de Nassau, por não serem
católicos, puderam facilmente dedicar-se a temas profanos, o que não era permitido
aos portugueses. Em conseqüência disso foram os primeiros artistas no Brasil e na
América a abordar a paisagem, os tipos étnicos, a fauna e a flora como temática de
suas produções artísticas, livre dos preconceitos e das superstições que era de praxe
se encontrar nas representações pictóricas que apresentavam temas americanos.
Foram verdadeiros repórteres do século XVII.
 

FRANS J. POST - Nascido em Haarlen, Holanda (1612-1680), foi pintor, desenhista e


gravador. Tinha 24 anos quando chegou ao Brasil, contratado por Nassau,
permaneceria até 1644. Era irmão do arquiteto Pieter Post. Sua principal tarefa era
nas novas terras do foi documentar edifícios, portos e fortificações. Destacou-se entre
os pintores de Nassau: é considerado o primeiro paisagista a trabalhar nas Américas.
Foi autor de cerca de 150 obras, costumava pintar pequenas figuras para funcionar
como pontos de atração nos quadros e deixa-los mais interessantes. Vários museus
do mundo mantêm em seus acervos obras de sua autoria. No Brasil podemos ver a
sua obra no MASP, em São Paulo e MNBA no Rio de Janeiro.
Obras destacadas: A cidade e o castelo de Frederik na Paraíba; Paisagem Brasileira
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com nativos dançando; Paisagem com Tamanduá; Mauritsstad e Recife.


 
ALBERT ECKHOUT - Nascido em Groninger, Holanda (1610-1666), foi artista e
botânico, veio para o Brasil em 1637 e permaneceu até 1644, como pintor contratado
por Maurício de Nassau. Aqui realizou grande parte de sua obra. Nela destacam-se
naturezas-mortas com frutas e legumes tropicais, representações dos tipos humanos
que habitavam o país e costumes. Ficou fascinado pelo o que encontrou no Brasil. O
Conde de Nassau freqüentemente ofereceu obras de Eckhout como presente à
nobreza européia. O rei da Dinamarca recebeu vinte pinturas retratando tipos
brasileiros e naturezas-mortas. O rei da França recebeu uma coleção de pinturas que
foi usada para fazer tapeçarias, as chamadas “Tapeçarias das Índias” tornaram-se
muito conhecidas e foram tão copiadas que os cartões originais se estragaram. Os
trabalhos de Eckhout contribuem para que os europeus se interessassem pelo Brasil.
Obras destacadas: Dança Tapuia; Composição com cabaças, frutas e cactos; Os dois
touros; Mameluca; Mulato; Índia Tapuia; Mulher Africana.
 

6.5- BARROCO

O estilo barroco desenvolveu-se plenamente no Brasil durante o século XVIII,


perdurando ainda no início do século XIX. O barroco brasileiro é claramente associado
à religião católica. Duas linhas diferentes caracterizam o estilo barroco brasileiro. Nas
regiões enriquecidas pelo comércio de açúcar e pela mineração, encontramos igrejas
com trabalhos em relevos feitos em madeira - as talhas - recobertas por finas
camadas de ouro, com janelas, cornijas e portas decoradas com detalhados trabalhos
de escultura. Já nas regiões onde não existia nem açúcar nem ouro, as igrejas
apresentam talhas modestas e os trabalhos foram realizados por artistas menos
experientes e famosos do que os que viviam nas regiões mais ricas.

O ponto culminante da integração entre arquitetura, escultura, talha e pintura


aparece em Minas Gerais, sem dúvida a partir dos trabalhos de:

 Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho - seu projeto para a igreja de São


Francisco, em Ouro Preto, por exemplo, bem como a sua realização, expressam uma
obra de arte plena e perfeita. Desde a portada, com um belíssimo trabalho de
medalhões, anjos e fitas esculpidos em pedra-sabão, o visitante já tem certeza de
que está diante de um artista completo. Além de extraordinário arquiteto e decorador
de igrejas foi também incomparável escultor. O Santuário do Bom Jesus de
Matosinhos, em Congonhas do Campo, é constituído por uma igreja em cujo adro
estão as esculturas em pedra-sabão de doze profetas, cada um desses personagens
numa posição diferente e executando gestos que se coordenam. Com isso, ele
conseguiu um resultado muito interessante, pois torna muito forte para o observador
a sugestão de que as figuras de pedra estão se movimentando.

Características da escultura de Aleijadinho:


● Olhos espaçados
● Nariz reto e alongado
● Lábios entreabertos
● Queixo pontiagudo
● Pescoço alongado em forma de V

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Manuel da Costa Ataíde - suas pinturas em tetos das igrejas seguiam as


características do estilo barroco, e aliavam-se perfeitamente às esculturas e
arquitetura de Aleijadinho. O Mestre Ataíde pintou várias igrejas de Minas Gerais com
um estilo próprio e bem brasileiro. Usava cores vivas e alegres e gostava muito do
azul. Ataíde utilizava tanto a tinta a óleo (que era importada da Europa) como a
têmpera. Os pintores da época nem sempre podiam importar suas tintas. Faziam
então suas próprias cores com pigmentos e solventes naturais aqui da terra. Entre
outros, usavam terra queimada, leite e óleo de baleia, clara de ovo, além de extratos
de plantas e flores. E é claro criavam suas próprias receitas que eram mantidas em
segredo. Talvez por isso é que se diz que não existe, no mundo inteiro, um colorido
como o das cidades mineiras da época do barroco.
Obra Destacada: Pintura do Teto da Igreja de São Francisco de Assis.

IMAGENS
Basílica de Congonhas | Cristo carregando a Cruz | Flagelação de Cristo | Igreja de
São Francisco | Matriz de Santo Antonio | Profeta Daniel | Última Ceia | São Francisco
| Teto de Igreja Ataíde | Igreja do Pilar | Igreja Matriz Conceição | Igreja Matriz Santo
Antonio | Órgão Tiradentes
 

6.6- MISSÃO FRANCESA

No início do século XIX, os exércitos de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal,


obrigando D. João VI (rei de Portugal), sua família e sua corte (nobres, artistas,
empregados, etc.) a virem para o Brasil.
D. João VI, preocupado com o desenvolvimento cultural, trouxe para cá material para
montar a primeira gráfica brasileira, onde foram impressos diversos livros e um jornal
chamado A Gazeta do Rio de Janeiro. Nesse momento, o Brasil recebe forte influência
cultural européia, intensificada ainda mais com a chegada de um grupo de artistas
franceses (1816) encarregado da fundação da Academia de Belas-Artes (1826), na
qual os alunos poderiam aprender as artes e os ofícios artísticos. Esse grupo ficou
conhecido como Missão Artística Francesa.

Os artistas da Missão Artística Francesa pintavam, desenhavam, esculpiam e


construíam à moda européia. Obedeciam ao estilo neoclássico (novo clássico), ou
seja, um estilo artístico que propunha a volta aos padrões da arte clássica (greco-
romana) da Antigüidade.

Algumas características de construções neoclássicas:


● Colunas (de origem grega): Estrutura de sustentação das construções.
Compõe-se de três partes : base, fuste (parte maior) e capitel (parte superior
com ornamentos).
● Arcos (de origem romana): Elemento de construção de formato curvo existente
na parte superior das portas e passagens que servem de sustentação.
● Frontões: Estrutura geralmente triangular existente acima de portas e colunas e
abaixo do telhado. Os frontões podem receber os mais variados tipos de
decoração.

Os pintores deveriam seguir algumas regras na pintura tais como: inspirada nas
esculturas clássicas gregas e na pintura renascentista italiana, sobretudo em Rafael,
mestre inegável do equilíbrio da composição e da harmonia do colorido.
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Principais artistas:

Nicolas-Antonine Taunay: (1775-1830) pintor francês de grande destaque na corte


de Napoleão Bonaparte e considerado um dos mais importantes da Missão Francesa.
Durante os cinco anos que residiu no Brasil, retratou várias paisagens do Rio de
Janeiro.

Jean-Baptiste Debret: (1768-1848) foi chamado de "a alma da Missão Francesa".


Ele foi desenhista, aquarelista, pintor cenográfico, decorador, professor de pintura e
organizador da primeira exposição de arte no Brasil (1829). Em 1818 trabalhou no
projeto de ornamentação da cidade do Rio de Janeiro para os festejos da aclamação
de D.João VI como rei de Portugal, Brasil e Algarve. Mas é em Viagem pitoresca ao
Brasil, coleção composta de três volumes com um total de 150 ilustrações, que ele
retrata e descreve a sociedade brasileira. Seus temas preferidos são a nobreza e as
cenas do cotidiano brasileiro e suas obras nos dão uma excelente idéia da sociedade
brasileira do século XIX.

Alguns dos artistas da Missão Francesa, vieram para o Brasil, no séc. XIX, outros
pintores motivados pela paisagem luminosa e pela existência de uma burguesia rica e
desejosa de ser retratada. É nessa perspectiva que se situa alguns artistas europeus
independentes da Missão Artística Francesa:
Thomas Ender, era austríaco e chegou ao Brasil com a comitiva da Princesa
Leopoldina, viajou pelo interior, retratando paisagens e cenas da vida no nosso povo
em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Sua obra compõem-se de 800 desenhos
e aquarelas.
Johann-Moritz Rugendas, era alemão, esteve no Brasil entre 1821 e 1825. Além do
nosso país, visitou outros países da América Latina, documentando, por meio de
desenhos e aquarelas, a paisagem e os costumes dos povos que conheceu.
 

6.7- ARTE ACADÊMICA

A partir da vinda de D. João VI, o Brasil recebe forte influência da cultura européia,
que começa assimilar e a imitar. A Academia e Escola de Belas-Artes abriu os cursos
em novembro de 1826. Os principais artistas acadêmicos:

Pedro Américo de Figueiredo e Melo - sua pintura abrangeu temas bíblicos e


históricos, mas também realizou imponentes retratos. 
Obra Destacada: Independência ou Morte (Conhecido também como Grito do
Ipiranga).

Vitor Meireles de Lima - sua obra mais conhecida é A Primeira Missa no Brasil; os
temas preferidos eram históricos, bíblicos e os retratos.
Obra destacada: Moema

Almeida Júnior - sua obra pictórica é grande e de temática variada, pois inclui
quadros históricos, religiosos e regionalistas. Produziu as obras: Leitura, as telas de
inspiração regionalista como Picando Fumo e O Violeiro.

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6.8- SEMANA DE 22 - MODERNISMO BRASILEIRO

Essa arte nova aparece inicialmente através da atividade crítica e literária de Oswald
de Andrade, Menotti del Picchia, Mário de Andrade e alguns outros artistas que vão se
conscientizando do tempo em que vivem. Oswald de Andrade, já em 1912, começa a
falar do Manifesto Futurista, de Marinetti, que propõe “o compromisso da literatura
com a nova civilização técnica”.

Mas, ao mesmo tempo, Oswald de Andrade alerta para a valorização das raízes
nacionais, que devem ser o ponto de partida para os artistas brasileiros. Assim, cria
movimentos, como o Pau-Brasil, escreve para os jornais expondo suas idéias
renovadores de grupos de artistas que começam a se unir em torno de uma nova
proposta estética.

Antes dos anos 20, são feitas em São Paulo duas exposições de pintura que colocam
a arte moderna de um modo concreto para os brasileiros:
● a de Lasar Segall, em 1913, e
● a de Anita Malfatti, em 1917.

A exposição de Anita Malfatti provocou uma grande polêmica com os adeptos da arte
acadêmica. Dessa polêmica, o artigo de Monteiro Lobato para o jornal O Estado de S.
Paulo, intitulado: “A propósito da Exposição Malfatti”, publicado na seção “Artes e
Artistas” da edição de 20 de dezembro de 1917, foi a reação mais contundente dos
espíritos conservadores.

No artigo publicado nesse jornal, Monteiro Lobato, preso a princípios estéticos


conservadores, afirma que “todas as artes são regidas por princípios imutáveis, leis
fundamentais que não dependem do tempo nem da latitude”. Mas Monteiro Lobato
vai mais longe ao criticar os novos movimentos artísticos. Assim, escreve que
“quando as sensações do mundo externo transformaram-se em impressões cerebrais,
nós ‘sentimos’. Para que sintamos de maneira diversa, cúbica ou futurista, é forçoso
ou que a harmonia do universo sofra completa alteração, ou que o nosso cérebro
esteja em ‘pane’ por virtude de alguma grave lesão. Enquanto a percepção sensorial
se fizer normalmente no homem, através da porta comum dos cinco sentidos, um
artista diante de um gato não poderá ‘sentir’ senão um gato, e é falsa a ‘interpretação
quem do bichano fizer um totó, um escaravelho ou um amontoado de cubos
transparentes”.

Em posição totalmente contrária à de Monteiro Lobato estaria, anos mais tarde, Mário
de Andrade. Suas idéias estéticas estão expostas basicamente no “Prefácio
Interessantíssimo” de sua obra Paulicéia Desvairada, publicada em 1922. Aí, Mário de
Andrade afirma que:
● Belo da arte: arbitrário convencional,  transitório - questão de moda.
● Belo da  natureza: imutável, objetivo, natural - tem a  eternidade que a
natureza tiver.
"Arte não  consegue reproduzir natureza, nem este é seu fim. Todos os grandes
artistas, ora conscientes (Rafael das Madonas, Rodin de Balzac, Beethoven da
Pastoral, Machado de Assis do Braz Cubas) ora inconscientes ( a grande maioria)
foram deformadores da natureza. Donde infiro que o belo artístico será tanto mais
artístico, tanto mais subjetivo quanto mais se afastar do belo natural. Outros infiram
o que quiserem. Pouco me importa”.
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(Mário de Andrade, Poesias Completas)

Embora existia uma diferença de alguns anos entre a publicação desses dois textos,
eles colocam de uma forma clara as idéias em que se dividiram artistas e críticos
diante da arte. De um lado, os que tendiam que a arte fosse uma cópia fiel do real;
do outro, os que almejavam uma tal liberdade criadora para o artista, que ele não se
sentisse cerceado pelo limites da realidade.
Essa divisão entre os defensores de uma estética conservadora e os de uma
renovadora, prevaleceu por muito tempo e atingiu seu clímax na Semana de Arte
Moderna realizada nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de
São Paulo. No interior do teatro, foram apresentados concertos e conferências,
enquanto no saguão foram montadas exposições de artistas plásticos, como os
arquitetos Antonio Moya e George Prsyrembel, os escultores Vítor Brecheret e W.
Haerberg e os desenhistas e pintores Anita Malfatti, Di Cavalcanti, John Graz, Martins
Ribeiro, Zina Aita, João Fernando de Almeida Prado, Ignácio da Costa Ferreira,
Vicente do Rego Monteiro.

Estes eventos da Semana de Arte Moderna foram o marco mais caracterizador da


presença, entre nós, de uma nova concepção do fazer e compreender a obra de arte.

 
6.9- EXPRESSIONISMO

Principais Artistas:
Lasar Segall - seu desenho anguloso e suas cores fortes procuram expressar as
paixões e os sofrimentos de ser humanos. Em 1924 assumiu uma temática brasileira:
seus personagens agora são mulatas, prostitutas e marinheiros; sua paisagem,
favelas e bananeiras.
Obras Destacadas: Bananal e Dois Seres.

Anita Malfatti - sua arte era livre das limitações que o academicismo impunha, seus
trabalhos se tornaram marcos na pintura moderna brasileira, por seu
comprometimento com as novas tendências.
Obra Destacada: A Estudante Russa.

Di Cavalcanti - as obras deste pintor ficaram muito conhecidas pela presença da


mulher mulata uma espécie de símbolo de brasilidade e, na opinião do jornalista Luís
Martins, um admirável elemento plástico.
Obras Destacadas: Pescadores e Nascimento de Vênus.
 
IMAGENS
Lasar Segall

6.10- ARTE NAIF

O surgimento do art naïf no Brasil foi posterior à Semana de Arte Moderna (1922). A
pintura de Tarsila do Amaral, por sua busca das formas simples e de uma temática
"primitiva", guarda algum parentesco com o art naïf, mas seria um equívoco inseri-la
nessa categoria. 

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Mais próxima dos naïfs está a pintura de Djanira, com seus santos, seus pescadores,
suas cenas de trabalho na roça, tudo tratado em composições bidimensionais, cores
planas e desenho simplificado.

Principais Artistas :

Cardosinho (1861-1947), primitivo ingênuo, começou a pintar aos 70 anos e chegou


a produzir cerca de 600 quadros. Uma de suas obras está na Tate Gallery, em
Londres. com suas fantasias beirando o surreal, copiadas de cartões-postais. 

Heitor dos Prazeres (1898-1966), é um artista que revela minúcias e detalhes da


realidade que retrata. A figura humana é o centro de seus trabalhos e, nela, dois
detalhes chamam a atenção do observador: o rosto quase de perfil e a forte sugestão
de movimento, resultante do fato das figuras estarem quase sempre na ponta dos
pés, como se dançassem ou simplesmente andassem. Sua arte deixa de lado os
preconceitos e os fatos tristes da realidade social. Ao contrário, procura mostrar um
mundo fraterno em que diferentes pessoas participam de uma mesma atividade.

Mestre Vitalino, criador de figurinhas de barro que representam pessoas e fatos da


região sertaneja de Pernambuco. Entre os personagens de Vitalino estão os
vaqueiros, os retirantes, os cangaceiros, que, isolados ou compondo uma cena, nos
comunicam o modo de ser da gente rústica do sertão.

Djanira, sua arte é dividida em dois períodos, no primeiro, da década de 40,


apresenta principalmente temas da vida carioca. As figuras sempre sugerem
movimento e são contornadas por forte traço escuro. Na segunda fase, da década de
50, apresenta sobretudo as atividades rurais das mais diferentes regiões do Brasil.
Nessa fase, suas cores são mais claras, mas os limites entre essas cores são bem
nítidos.
 
Para seu conhecimento:

O Museu Internacional de Arte Naif é um projeto do joalheiro e desenhista de jóias


francês Lucien Finkelstein, e começou a funcionar em janeiro de 1995, no Cosme
Velho, zona sul do Rio de Janeiro, numa casa tombada que já serviu de ateliê para o
pintor Eliseu Visconti (autor das pinturas do Teatro Municipal do Rio). Seu acervo, de
quase 10 mil quadros de artistas de cerca de 130 países, o torna o maior do mundo.
O Museu recebe uma média de 2.000 visitantes por mês. No verão, quase metade do
público é composta de turistas estrangeiros. No resto do ano, o forte é a visita de
grupos escolares. Lucien Finkelstein chegou ao Rio em 1948. Tinha 16 anos e veio a
passeio, visitar parentes. Gostou, resolveu ficar e comprou seu primeiro quadro naif,
uma pintura de Heitor dos Prazeres, "Sambistas". Dali para frente se tornou um
grande colecionador de pinturas.

IMAGENS
Quadro da série Retirantes | Terreiro de Café
 

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