Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
IVO DA SILVA
PRODUTIVA
CUIABÁ-MT
2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
IVO DA SILVA
PRODUTIVA
CUIABÁ-MT
2011
IVO DA SILVA
PRODUTIVA
CUIABÁ – MT
2011
DISSERTAÇÃO APRESENTADA À COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM EDUCAÇÃO DA UFMT
IVO DA SILVA
A Deus, por mais este presente pelo qual serei eternamente grato;
Meu agradecimento especial à Prof. MsC. Rita Francisca Gomes Bezerra Gomes ela
atenção especial e os funcionários da FUNDETEC.
Esta pesquisa enfoca uma visão critica da reforma do ensino técnico e profissional proposto
pelo governo federal na década de 90, frente à variedade e à multiplicidade de aspectos
formativos exigidos pela reestruturação mundial produtiva e suas reflexões e, como se deu
essas alterações no currículo escolar, na organização didático-pedagógica do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso - IFMT-Campus Cuiabá "Octayde Jorge
da Silva". A lógica de reestruturação e o movimento do modo de produção capitalista, desde o
período manufatureiro até o atual capitalismo monopolista, evidencia importantes
transformações, marcadas principalmente pela divisão social e técnica do trabalho, a
associação de métodos científicos no âmbito da gestão das empresas e na articulação de
ciência e tecnologia no ambiente produtivo. Diversos autores nos orientaram na resposta da
pesquisa, entre eles: Frigotto (2002, 2004), Kuenzer (2000,2002,2004), Ciavatta (2005),
Machado (1992), Saviani (2004), Ramos (2005), Pochamann (2002) esses autores lidar com a
política de educação profissional, trabalho, juventude e educação no Brasil; Nosella (2004),
Gramsci (1978), Manacorda (1991), Marx (1857), Sennett (2006), Harvey (1992), Robert
(1998), autores que usam o materialismo histórico da sociologia do trabalho e que discutem a
reestruturação e a crise do capitalismo. A metodologia deste estudo contou com uma
abordagem qualitativa, que utilizou um estudo de caso, tendo como instrumentos de pesquisa:
análise de documentos, levantamento bibliográfico e entrevistas. A pesquisa confirmou os
levantamentos preliminares de que a reforma criou perplexidade em diversos segmentos da
escola, em função da nova ordem da educação profissional - a relação educação-trabalho-
mercado. Em verdade, é uma questão antiga e problemática da existência de um campo de
disputas teórico-ideológicas, em torno da temática, contudo, observou-se que após uma
década de implantação do Decreto 2208/97 o Ministério da Educação ratificou a vigência das
respectivas diretrizes, demonstrando concordância com seus princípios e conteúdos, e, de
certa forma, reduzindo o conteúdo do Decreto N. 5.154/2004. Assim, reforçou-se a ideia de
que a reforma anterior era boa, mas não foi implementada adequadamente. O estudo suscita a
necessidade de levar à frente uma nova abordagem frente às alterações da LDB, ou incorporar
a ele o conteúdo perdido quando da aprovação da Lei N. 9394/96 e do Decreto n º 2208/97,
cujo princípios básicos eram o direito à educação laica, gratuita, de qualidade, politécnica e de
formação omnilateral.
This research focuses a critical viewpoint about the reform on the technical and professional
teaching proposed by the federal government in the 90s, which faced the variety as well as the
multiplicity of the formative aspects required by the productive world reorganization and its
educational reflexions. In what way these changes affect the school curriculum, the didactic
and pedagogical organization of The Federal Institute for Education, Science and Technology
of Mato Grosso – IFMT- Campus Cuiabá “Octayde Jorge da Silva”. The reorganization logic
and the movement of capitalist production approach, since the manufacturing phase until the
current monopolist capitalism, evidence important alterations, marked mainly for the social
division and labor techniques, the association of scientific methods in the scope of the
business management within the joint of science and technology in the productive
environment. Various researches guided this research among them: Frigotto (2002, 2004),
Kuenzer (2000,2002,2004), Ciavatta (2005), Machado (1992), Saviani (2004), Ramos (2005),
Pochamann (2002) these authors deal with the professional education politics, youth, work
and education in Brazil; Nosella (2004), Gramsci (1978), Manacorda (1991), Marx (1857),
Sennett (2006), Harvey (1992), Robert (1998) are the ones who discuss the issues related to
the historical materialism of the sociology of the work, reorganization and the crisis of the
capitalism. The methodology of this study counted on a qualitative approach, which used a
case study, having as research instruments: documents analysis, bibliographical study and
interviews. The research confirmed the preliminary investigation that the reform created
perplexity into the diverse schools segments, in function of new order of the professional
education - the relation education-work-market. Indeed, it is an ancient and problematic issue
brought by the existence of a theoretician and ideological field of disagreements on the
thematic, however, it was observed that after one decade of the implantation of the 2,208/97
Decree the Ministry of the Education that ratified the validity of the respective guidelines,
demonstrating agreement with its principles and contents, and, of certain form, reducing the
content of Decree N. 5.154/2004. Thus, it was strengthened the idea of that the previous
reform was good, but it was not implemented adequately. The study brought out the need of
taking ahead a new approach facing the alterations of the LDB, or incorporating into it the
missing contents occurred by the approval of Law N. 9,394/96 and Decree N. 2,208/97 whose
basic principles were the rights to the laic education, gratuitous, of quality, polytechnical and
of omnilateral formation.
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................13
REFERÊNCIAS....................................................................................................................113
ANEXOS................................................................................................................................122
INTRODUÇÃO
Com objetivo de responder qual é o sentido desta reforma e como ela foi implantada
no âmbito do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFMT Campus Cuiabá
“Octayde Jorge da Silva”, a pesquisa enfoca uma visão crítica da reforma do ensino-técnico
profissional proposta pelo governo federal nos anos 90, frente à variedade e à multiplicidade
de aspectos formativos requeridos pela reestruturação do mundo produtivo e suas reflexões e,
como se deu essas alterações no currículo, na organização didática e pedagógica no IFMT –
Campus Cuiabá.
A lógica da reestruturação e o movimento do modo de produção capitalista, desde o
período manufatureiro até o atual capitalismo monopolista, evidenciam importantes
transformações, marcadas principalmente pela divisão social e técnica do trabalho, a
1
LDB nº. 9394/96, cap. III, art. 39, 40, 41 e 42.
2
Mercado de Trabalho: a educação visava somente à qualificação para o trabalho (profissionalização
compulsória – Lei nº. 5.692/71). Mundo do Trabalho: nova concepção em que este mundo vai se transformando
no mundo do conhecimento, e o saber é vertido em operações produtivas.
3
Portaria 646, de 14 de maio de 1997, do MEC, art. 3º: As instituições de educação tecnológica ficam
autorizadas a manter o Ensino Médio, com matrícula independente da educação profissional, oferecendo o
máximo de 50% do total da vagas oferecidas para os cursos regulares em 1997, observando o disposto na Lei
9394/96.
associação de métodos científicos no âmbito da gestão das empresas e na articulação de
ciência e tecnologia no aparelho produtivo.
Diversos autores nos orientaram na resposta da pesquisa: Frigotto (2002, 2004),
Kuenzer (2000, 2002, 2004), Ciavatta (2005), Machado (1992), Saviani(2004), Ramos(2005),
Pochamann 2002), Castro (2000) que tratam da política da educação profissional, juventude,
trabalho e educação no Brasil; Nosella (2004), Gramsci (1995), Manacorda (1969), Sennett
(2006), Harvey (1992), autores que se utilizam do materialismo histórico enquanto método de
análise do real, que estão no chamando campo da sociologia do trabalho e que discutem a
reestruturação e a crise do capitalismo.
1. Sexo 1. Masculino: 03
2. Feminino: 04
2. Faixa etária Até 45 anos: 01
Acima de 45 anos: 06
Dos setes entrevistados foram definidos todos como sujeitos, haja vista que todos
participaram efetivamente da comissão de implantação da reforma no IFMT – Campus
4
Cuiabá. Que serão identificados nessa pesquisa como: S1, S2, S3, S , S5, S6 e S7, de modo a
preservar suas identidades.
As características desses sujeitos são heterogêneas quanto à idade e o tempo de
professor no IFMT - Campus Cuiabá e, homogêneas, quanto à formação na Graduação e Pós-
Graduação. Quanto ao gênero prevaleceu o sexo feminino.
Ao tratarem da questão ética na pesquisa qualitativa, Bogdan e Biklen (1984, p. 77)
explicam alguns princípios gerais que orientam a investigação. Dentre estes se destaca o
primeiro, que se refere à identidade dos sujeitos:
as identidades dos sujeitos devem ser protegidas, para que a informação que o
investigado recolhe não possa causar-lhes qualquer tipo de transtorno ou prejuízo. O
anonimato deve não só o material escrito, mas também os relatos verbais da
informação recolhida durante as observações. O investigador não deve revelar a
terceiros, informações sobre os sujeitos e deve ter particular cuidado para que a
informação que partilha no local da investigação não venha a ser utilizada de forma
política e pessoal.
Esta abordagem é a mais adequada para o estudo mais sistemático dos dados, pois
detalhes do fenômeno podem ser significativos para minha análise, como bem justificam
Bogdan e Biklen (1984, p. 49): “a abordagem da investigação qualitativa exige que o mundo
seja examinado com a idéia de que nada é trivial, que tudo tem potencial para construir uma
pista que nos permite estabelecer uma compreensão mais esclarecedora do nosso objeto de
estudo”.
A presente investigação foi desenvolvida por dois processos simultâneos: a revisão
da literatura, que, desde o início dos trabalhos até sua conclusão, serviu como aporte teórico
metodológico para a reflexão e análise dos dados, e a pesquisa de campo, com o intuito de
aproximar do objeto para melhor analisá-lo e compreendê-lo.
A amostragem garante a eficiência na pesquisa, ao fornecer uma base lógica para o
estudo de segmentos de uma população, sem que se percam as informações (BAUER e
GASKELL, 2002). Por isso, busquei ouvir os anseios e angústias de boa parte dos sujeitos
pesquisados.
Como não só a realidade é complexa, mas também nosso olhar sobre ela, este estudo
exploratório nos propiciou um macro olhar sobre a problemática e, assim, nos auxiliou
significativamente na elaboração posterior do questionário a ser aplicado com todos os
sujeitos importantes para a compreensão do fenômeno.
Este estudo situa-se no âmbito da pesquisa qualitativa, através da realização de um
estudo de caso, tendo como instrumento da pesquisa/coleta de dados: a pesquisa documental,
a pesquisa bibliográfica e a realização de entrevistas semi estruturadas e gravadas. A pesquisa
confirmou os levantamentos preliminares de que a reforma criou perplexidade nos diversos
segmentos da escola, em função de nova ordem da educação profissional - a relação
educação-trabalho-mercado -.
Em verdade, é uma questão antiga e problemática da existência de um campo de
disputas teórico-ideológicas, em torno da temática, contudo, observou-se que após uma
década da implantação do Decreto 2.208/97 o Ministério da Educação ratificou a vigência das
respectivas diretrizes, demonstrando concordância com seus princípios e conteúdos, e, de
certa forma, reduzindo o conteúdo do Decreto n. 5.154/2004. Reforçou-se, assim, a ideia de
que a reforma anterior era boa, mas não teria sido bem implementada.
O presente estudo apresenta a seguinte estrutura:
Introdução - Uma abordagem histórica da problemática da pesquisa, delimitando o
recorte do objeto, os autores que orientam a visão crítica a ser construída sobre a reforma da
Educação Profissional nos anos 90, e como ela foi implantada no IFMT – Campus Cuiabá,
tendo com objetivo principal responder: Qual é o sentido dessa reforma? Aspectos
metodológicos da pesquisa e o delineamento da investigação. Discorremos sobre os
procedimentos metodológicos da pesquisa qualitativa com estudo de caso, os critérios da
escolha dos sujeitos, os objetivos dos instrumentos aplicados e o desenvolvimento do
procedimento metodológico.
Capítulo I – “As contribuições da literatura e o contexto da investigação como ponto
de partida”, aborda as reflexões sobre as referências teóricas adotado para o entendimento da
reforma da educação profissional iniciada pelo Governo Federal a partir dos anos 90, com
uma abordagem do conceito Gramsciano da escola unitária, sobre os elementos que
fundamentam uma visão socialista da educação. Discute o universo do trabalho e o
conhecimento e a necessidade de uma escola de Ensino Médio para todos.
Capítulo II – “A Educação Técnica no Brasil no contexto da reestruturação produtiva e
suas diferentes concepções”, discorre sobre fundamento teórico objetivando compreender a
reforma do ensino técnico no Brasil e suas consequências a partir da compreensão de como o
ensino profissional desenvolveu-se historicamente no Brasil, a partir das mudanças no mundo
do trabalho.
Capítulo III – “Apresentação da análise de dados” das entrevistas realizadas com os
professores do IFMT Campus Cuiabá que possibilitará o entendimento do percurso, dos
impasses, dos conflitos, das dificuldades e do contexto vivido pelos servidores na implantação
da reforma do ensino técnico, levada a efeito na gestão Fernando Henrique Cardoso e suas
conseqüências.
E, finalizando, são apresentadas as considerações finais deste estudo.
CAPÍTULO 1
Gramsci chama a atenção para a ‘ilusão’ de que tais escolas voltadas para a formação
profissional do homem do povo, destinadas a lhe dar uma formação técnica moderna,
adequada às transformações da indústria e aos novos empregos que se criam, aparecem como
‘democráticas’.
Na escola atual, graças à crise profunda da tradição cultural e da concepção da vida
e do homem, verifica-se um processo de progressiva degenerescência: as escolas de
tipo profissional, isto é, preocupadas em satisfazer interesses práticos imediatos,
tomam a frente da escola formativa, imediatamente desinteressada. O aspecto mais
paradoxal reside em que este novo tipo de escola aparece e é louvada como
democrática, quando, na realidade, não só é destinada a perpetuar as diferenças
sociais, como ainda a cristalizá-las em formas chinesas (1995, p. 136).
Gramsci insiste assim na necessidade de garantir, pelo menos nos níveis básicos de
ensino, a existência da escola formativa, desinteressada, que representa a verdadeira tendência
democrática.
A escola democrática, que deve ser assegurada a todos pelo Estado, quando este é
‘ético’ e ‘educador’, é aquela através da qual a sociedade coloca cada cidadão, em termos
gerais e pelo menos abstratamente, na condição de se tornar governante.
Esta é a compreensão radical de democracia que deve orientar as reivindicações
políticas e sociais das classes subalternas, entre as quais está a luta pela escola única e
comum, em que seja garantido aos filhos das classes trabalhadoras o acesso à cultura. Aqui a
cultura é visto como aquela próxima da vida e situada na história, cuja aquisição habita o
homem para interpretar a herança histórica e cultural da humanidade e definir-se diante dela.
Por isso, para Gramsci, cultura é
organização, disciplina do próprio interior, é tomada de posse da própria
personalidade, é conquista da consciência superior, pela qual se consegue
compreender o próprio valor histórico, a própria função da vida, os próprios direitos
e deveres. (...) O homem é sobretudo espírito, isto é, criação histórica e não natureza
(1995, p. 24).
É visível que há uma lacuna quanto à questão acima levantada. Disso decorrem
inúmeros outros problemas que certamente são gerados por políticas pretensamente
saneadoras, as quais, na verdade nada de concreto ainda configuraram. Muitos analistas não
concordam que as proposições da nova legislação sobre o fim da dualidade ainda não foram
atingidas e que, mormente, não poderá ser atingida pela forma como foi formulada e
implantada, como acentua, em um dos artigos, Kuenzer (2000, p. 67): “[...] pode-se afirmar
que a materialidade da escola média brasileira, produto histórico de um determinado modelo
organizacional social, econômico e político, não oferecem condições para a unitariedade, a
não ser em outro modelo de sociedade”.
Convém salientar que a origem dessa dualidade, no Brasil, se bem observada, tem
seu início na desigualdade brasileira já presente nas capitanias hereditárias e na escravidão.
Na educação, ela se estabelece com a criação das escolas profissionais e com a implantação
do Ensino Médio, o que gerou duas vertentes distintas que buscavam atender às necessidades
socialmente definidas pela divisão social e técnica do trabalho. Se, por um lado, o Ensino
Médio busca incluir os socialmente incluídos, por outro, o ensino profissional tenta treinar os
excluídos para o trabalho (KUENZER, 2000).
Mas, para compreender esta dualidade, é preciso perceber as trajetórias e
desenvolvimentos históricos do Ensino Médio e profissional brasileiro. Para isso, é necessária
a compreensão total do processo para entender o caráter político de suas concepções, por sinal
pautado no desenvolvimento social e econômico do País.
Assim, é importante determinar o momento histórico em que a dualidade de fato se
instala em nosso país. Isto posto, é preciso primeiramente fazer um resgate do ensino
profissional brasileiro, descrevendo fatos históricos e sócio-político-educacionais que
determinaram o surgimento da dualidade e que, dão conta de explicar as relações que ela
estabelece com a educação geral, num contexto de necessidades mais globais da realidade.
Nesse sentido, a busca do contexto socioeconômico e político que sedimentou a
construção do ensino, a organização curricular e as finalidades expressas nas duas LDBs, a
4.024/61 e a 5.692/71, que antecedem a lei vigente de dezembro de 1996, caracterizam a
evolução do sistema nacional escolar da educação brasileira, que, mais nos parece, vieram
para camuflar as desigualdades existentes.
Por isso, uma incursão não aprofundada na gênese histórica do ensino profissional no
período anterior a 1930 é necessária, como é necessário, também, expor alguns pressupostos
da falta de identidade do ensino em apreço, o qual historicamente, por força das leis e
reformas, por vezes se fundia com o Ensino Médio, por vezes caminhavam eqüidistantes.
Contudo, este postulado, mesmo diante das pesquisas e estudos recentes, ainda se mostra
longe de uma consolidação própria de cada modalidade de ensino (profissional e médio), pois
cada governo, ao assumir os destinos da nação, impõe novas diretrizes educacionais, de
acordo com seus preceitos ideológicos.
Sem conseguir chegar a lugar algum, a educação em crise navega ao balanço
prazeroso das ondas pessoais e particulares dos homens que conduzem os destinos das nações.
Ainda hoje, o Brasil se inclui entre os países de desenvolvimento industrial atrasado,
e o principal indicador disso foi sua convivência com o regime escravista até 1888, em que
prevaleceu nesse período, o primado do ensino humanista tradicional como símbolo da cultura
própria das minorias esquecidas.
Esta situação foi extremamente negativa para a educação brasileira, que estagnou
durante séculos. Assim, no século XIX surgem os primeiros debates e reformas educacionais
na perspectiva de uma orientação pedagógica científica marcada pela influência positivista e
pragmatista. Estas ações foram insuficientes para uma reforma substancial.
O modelo de produção que prevalece no Brasil, antecedendo 1930, é o denominado
agroexportador, implantado desde o período colonial.
A estrutura social predominante no período era pouco diferenciada, constituída por
escravos (classe trabalhadora), os senhores das ‘casas grandes’ (latifundiários), os donos de
engenhos, os administradores portugueses, representantes da Coroa na Colônia, e o clero, na
maioria constituída por jesuítas.
Sobre essas bases econômicas e sociais foram instaladas as bases educativas. Para o
tipo de educação que era destinada à elite, seguia a orientação do Ratio Studiorum4, cujo ideal
era a formação do homem universal, humanista de cultura geral, enciclopédico e alheio à
realidade da vida de colônia. A outra parte da população se educava no próprio trabalho, “no
aprender fazendo” (SAVIANI, 1997, p. 27).
Percebem-se, com este plano, as bases de um sistema educacional dual, com escolas
de ler, escrever e contar para as camadas pobres e índios colonizados de um lado e do outro,
colégios para as elites dominantes. Como se pode depreender, esta dualidade estrutural
encontrada na base de classe social desde aquela época vai influenciar na solidificação do
sistema nacional escolar de ensino nos anos trintas, produzindo duas formas de organização
do ensino: o ensino regular e o ensino profissionalizante, fato este que configura os primeiros
indícios da dualidade do sistema educacional de ensino.
Depois da abolição dos escravos, a taxa de analfabetismo era de 85% em relação à
população de 1.433.915 habitantes. Diante desse quadro, as políticas voltadas para a educação
profissional tiveram seu início (SAVIANI, 2000).
Segundo Kuenzer (2000), as primeiras escolas de formação profissional têm origem
em 1909, com a criação de 19 escolas de artes e ofícios, nas diferentes unidades da federação,
estas, precursoras das escolas técnicas federais5. A educação profissional nos discursos da
escola nova representava, sociologicamente, uma via de inclusão das classes menos
favorecidas na escolarização.
A década de 30 foi marcada pelos movimentos armados que se empenharam em
promover vários rompimentos políticos e econômicos com a velha ordem social oligárquica.
Esses movimentos, em seu conjunto, e objetivos afins caracterizaram a Revolução Brasileira,
que não só efetivou o capitalismo industrial no Brasil, como também criou condições para que
se modificassem o horizonte cultural e o nível das aspirações da população brasileira.
Com um cenário de expansão capitalista e de luta de classes, a expansão escolar se
deu de forma atropelada, improvisada, em que o Estado agiu, sobretudo com vista ao
atendimento das pressões do momento propriamente dito, do que propriamente com vistas a
uma política nacional de educação.
4
Projeto Político-Pedagógico da Companhia de Jesus, uma das primeiras multinacionais da história brasileira.
5
A partir de 2004, essas escolas foram transformadas em Centros Federais de Educação Tecnológica-CEFETs.
A nova constituição, implementada em 1934, pela primeira vez menciona que a
educação é direito de todos, devendo ser ministrada pela família e pelos poderes públicos.
Com a revolução e as mudanças no contexto socioeconômico e político, inaugura-se o
processo de estruturação do sistema nacional escolar de educação, com relevância dada à
formação profissional.
Nesse período, o ensino profissional tinha caráter essencialmente assistencialista, ou
seja, um ensino voltado para os menos favorecidos socialmente, com características de ensino
formativo e de preparação dos operários para o exercício profissional.
Em 1930, também época da criação dos Ministérios da Educação e Saúde Pública e
do Ministério da Indústria e Comércio, a possibilidade de estender o ensino profissional a
todos indistintamente, pobres, ricos e não apenas aos desafortunados, foi discutida por uma
comissão especial – O Serviço de Remodelagem do Ensino Profissional Técnico. Após um
ano da formação dos ministérios citados, criou-se o Conselho Nacional da Educação e se
efetivou a reforma educacional Francisco Campos6, que prevaleceu até 1942, quando
começou a ser aprovado um conjunto de leis orgânicas do ensino (SAVIANI, 1998).
Na busca de dar novos rumos para as políticas públicas no campo educacional, em
1932 foi lançado o ‘Manifesto dos Pioneiros’, o maior registro da transformação educacional
no Brasil para a efetivação de um sistema nacional de educação, como descreve SAVIANI
(1998, 37): “[...] dirigido ao povo e ao governo, não irá conclamar a organização em âmbito
nacional, como apresentará um programa que contém já as coordenadas de um verdadeiro
sistema nacional de educação”.
O esboço do Programa Educacional extraído deste manifesto de 1932 previa em dois
de seus três itens:
organização da escola secundária (12 a 18 anos) em tipo flexível de nítida finalidade
social, como a escola para o povo, não preposta a preservar e a transmitir as culturas
clássicas, mas destinadas, pela sua estrutura democrática, a ser acessível e a
proporcionar as mesmas oportunidades para todos, tendo, sobre a base de uma
cultura geral comum (3 anos), as seções de especialização para as atividades de
preferência intelectual (humanidades e ciências ou de preferência manual e
mecânica, cursos de caráter técnico).
Desenvolvimento da escola técnica profissional de nível secundário e superior,
como base da economia nacional, com a necessária variedade de tipos de escolas:
- De agricultura, de minas e de pesca (extração de matérias primas);
- Industriais e profissionais (extração de matérias primas);
- De transportes e comércio (distribuição de produtos elaborados), segundo métodos
e diretrizes que possam formar técnicos e operários capazes em todos os graus da
hierarquia industrial.
6
A reforma educacional Francisco Campos normatizou a organização do Ensino Secundário por meio do Decreto
Federal n° 20158/31, que estabeleceu as bases para o ensino profissional comercial e regulamentou a profissão
de contador.
Este esboço, associado a uma crescente reivindicação por acesso à escolarização, que
garante na constituição de 1934 a competência da União para legislar sobre as diretrizes e
bases da educação nacional, marcará presença na vida de nossa ordenação jurídica e indicará a
necessidade de normas comuns a toda a nação (SAVIANI, 1998).
O mesmo autor descreve que, ao se outorgar a constituição de 1937, o ensino pré-
vocacional e o profissional são em matéria de educação, o primeiro dever do Estado destinado
às classes menos favorecidas. Mas, essa missão deveria ter o aporte e a colaboração das
indústrias e sindicatos econômicos que precisavam criar escolas de aprendizes destinadas aos
filhos de operários - por esta ocasião surgiu a expressão “para os filhos dos outros” -, e não
para nossos filhos, dado que destinavam as escolas profissionais apenas para estudantes da
classe popular. A instauração do processo industrial desencadeado na década de 30 exigia
maiores e crescentes contingentes de mão-de-obra especializada.
À luz deste processo de industrialização e da criação de escolas vocacionais e pré-
vocacionais, ocorrem os Decretos-Lei, as Leis Orgânicas da Educação Nacional e, entre elas,
as normas do Ensino Agrícola, com o Decreto-Lei n° 9.613, de 28 de agosto de 1946. Se, por
um lado, o objetivo das Leis Orgânicas da Educação Nacional era formar as elites condutoras
do País, por outro, o objetivo do ensino profissional era o de oferecer formação adequada aos
filhos dos operários, denominados na época de os desvalidos da sorte, ou os menos
afortunados, aqueles que necessitavam precocemente ingressar na força de trabalho.
No início da República, o Ensino Secundário, o Normal e o Superior eram de
competência do Ministério da Justiça e dos Negócios Interiores. Já o ensino profissional,
estava subordinado ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio.
Com uma gestação lenta e penosa, pois, entre o encaminhamento e a aprovação
passaram-se treze anos, foi promulgada a Lei Federal 4.024/61, a primeira Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (CARNEIRO, 1998). Com esta lei, a equivalência entre os
estudos acadêmicos e profissionalizante passa a ser permitida, de fato e plenamente. Essa
LDB, para Carneiro (1998), equipara o ensino profissional do ponto de vista da equivalência e
da continuidade de estudos, para todos os efeitos, ao ensino acadêmico, encerrando a
dualidade entre o ensino para as elites condutoras do País e o ensino para os desvalidos da
sorte. Encerra-se a dualidade, contudo a realidade da desigualdade permanece inalterada e,
muito pelo contrário, a distância entre as camadas sociais se mostra crescente.
Com o advento da segunda Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a Lei Federal nº.
5.692/71, a profissionalização é incluída no Ensino Médio e, com isso, a educação
profissional não é mais exclusividade de instituições especializadas e passa a estender-se ao
segundo grau. O currículo mínimo do 2º Grau passa a ser composto de uma parte de educação
geral e outra de formação especial7. Esta lei foi oficialmente denominada lei da Reforma do
Ensino do 1º e 2º graus. Nela, o grande vetor de inspiração era o mercado de trabalho. Houve
forte resistência por parte da sociedade, pois ela estava desfocada de uma visão de
transformação das estruturas sociais e econômicas do País.
Por fim, com a LDB nº. 9.394/96, artigo 39, o ensino profissional é contemplado
com um capítulo específico: “a educação profissional, integrada às diferentes formas de
educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de
aptidões para a vida produtiva”8.
Certamente a relevância desta consagração decorre de profunda mudança por que
passa o mundo do trabalho. Carneiro (1998), ao analisar a lei, observa que neste artigo há a
necessidade de uma vinculação estreita entre a educação profissional e o desenvolvimento de
aptidões para a vida produtiva.
Há que destacar também que os currículos dessa área devem ser desenvolvidos a
partir de prévia definição das competências e das habilidades requeridas para o exercício
profissional em cada área específica. Isso impõe a necessidade de realização de estudos sobre
o mercado, de análise de novos perfis profissionais, de análise de tendências tecnológicas e de
avaliação da atual oferta de cursos, sem esquecer a necessidade de um diálogo conseqüente
entre escola/empresa.
Por vinte e cinco anos, a educação brasileira esteve ‘amparada’ pela Lei 5692/71,
longos anos estes que certamente tiveram seu momento histórico relevante, mas, para o
Ensino Profissional e Médio, a indefinição de seu papel como etapa de escolarização sempre
ficou à margem, especificamente quanto ao Ensino Médio.
Frigotto e Ciavatta (2004, p. 34), preocupados em superar o viés pragmático e
economicista do Ensino Médio, voltado para a formação do cidadão apenas produtivo, e com
a indefinição desta etapa educativa, alerta-nos de que
para tanto, é preciso que o Ensino Médio defina sua identidade como última etapa da
educação básica. Eles vêem que o Ensino Médio deve tratar de formar sujeitos
autônomos e protagonistas de novas relações sociais nessa sociedade, para que nosso
país deixe de ser conhecido como campeão de desigualdade econômico-social,
cultural e educacional – um gigante com os pés de barro.
7
A universalização compulsória do ensino profissionalizante em todo o Ensino Médio foi garantida na LDB
5.692/71 e regulamentada pelos pareceres e 853/71, que fixou um núcleo comum para todos os níveis e para o
território nacional em caráter obrigatório, e 47/72, que regulamentou as habilitações técnicas (parte
diversificada), e o Parecer 76/75, que regulamentou a função do auxiliar técnico.
8
Brasil. Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, artigo 39.
A superação da dualidade educacional ainda está por vir. Enquanto isso não ocorre, é
importante entender que, tanto o Ensino Médio, como o Ensino Profissional, devem preparar
o estudante para a vida. Por isso, a relevância de se refletir sobre a vida do Século XXI. Nessa
esteira, as duas modalidades de ensino devem atender não somente às carências humanas da
sociedade, mas, também, às necessidades de desenvolvimento das pessoas.
O artigo “Reforma do ensino médio nos anos de 1990: o parto das montanhas e as
novas perspectivas”, da coletânea Ensino médio e ensino técnico no Brasil e em Portugal
(ZIBAS, 2005), embora de interesse indireto para a presente dissertação, é relevante pela
formulação de uma visão crítica sobre a reforma do ensino médio de 1998.
Zibas partindo das contribuições formuladas por inúmeros pesquisadores traça um
panorama amplo e indica conceitos a serem recuperados: modelo de competência, Escola de
Jovens e da interdisciplinaridade.
Em 2004 o Governo Luiz Inácio Lula da Silva “revogou” o Decreto 2.208/97 e
promulgou o Decreto n.º 5154/2004, apresentando a sociedade uma síntese compreensiva da
disputa doutrinária envolvida na integração entre o ensino médio e educação profissional.
O texto do Governo Federal que fundamentou a revogação do Decreto 2.208/97
situa-se como emblemática expressão pontual de uma luta teórica em termos de pertinência
político-pedagógico dessa integração.
Em relação à educação básica, defendia-se um tratamento unitário que abrangesse
desde a educação infantil até o ensino médio. O debate teórico travado pela
comunidade educacional, especialmente dentre aqueles que investigavam a relação
entre o trabalho e a educação, afirmavam a necessária vinculação da educação à
prática social e o trabalho como princípio educativo. Se o saber tem uma autonomia
relativa face o ao processo de trabalho do qual se origina, o papel do ensino médio
deveria ser o de recuperar a relação entre conhecimento e a prática do trabalho. Isto
significaria explicar como a ciência se converte cem potência material no processo
de produção. Assim, seu horizonte deveria ser o de potencializar aos alunos o
domínio dos fundamentos das técnicas diversificadas utilizadas na produção, e não
no mero adestramento em técnicas produtivas. Não se deveria, então, propor que o
ensino médio formasse e técnicos especializados, mas sim politécnicos (ZIBAS,
2005, p. 28).
9
Citando Saviani: “Politecnia diz respeito ao domínio dos fundamentos científicos das diferentes técnicas que
caracteriza o processo do trabalho produtivo moderno, está relacionada aos fundamentos das diferentes
epistemológicos e pedagógicos, na defesa de um ensino que integre ciência, cultura,
humanismo e tecnologia, visando ao desenvolvimento de todas as potencialidades humanas,
aduzindo o texto ainda que:
por essa perspectiva, o objetivo profissionalizante não teria fim em si mesmo nem se
pautaria pelos interesses do mercado, mas constituir-se-ia numa possibilidade a mais
para os estudantes na construção de seus projetos de vida, socialmente
determinados, possibilitados por uma formação ampla e integral (ZIBAS, 2005, p.
31).
modalidades de trabalho e tem como base determinados princípios, determinados fundamentos, que devem ser
garantidos pela formação politécnica. Por quê? Supõe-se que, dominando esses fundamentos, esses princípios, o
trabalhador está em condições de desenvolver as diferentes modalidades de trabalho, com a compressão do seu
caráter, sua essência”.
elementos de uma educação politécnica, contem também os germens de sua
construção (ZIBAS, 2005, p. 32).
Assume que o ensino médio pode ser “tecnológico”, mas não ser “politécnico”.
Reafirma que a integração propiciada pelo Decreto nº 5154:
[...] é uma necessidade conjuntural – social e histórica – para que a educação
tecnológica se efetive para os filhos dos trabalhadores. A possibilidade de integrar
formação geral e formação técnica no ensino médio, visando uma formação integral
do ser humano, é, por essas determinações concretas, condição necessária para a
travessia em direção ao ensino médio politécnico e à superação da dualidade
educacional pela superação da dualidade de classe (ZIBAS, 2005, p. 32).
Entre essas correções, uma das mais relevantes, em razão do seu fundamento político
e por se tratar de um compromisso assumido com a sociedade na proposta de governo, foi a
revogação do Decreto n. 2.208/97, restabelecendo-se a possibilidade de integração curricular
dos ensinos médio e técnico, de acordo com o que dispõe o artigo n. 36 da LDB.
Por se tratar de um ato do Poder Executivo, a ele foi conferido um caráter de
transitoriedade, o que tem justificado a idéia de se propor ao Congresso Nacional um
anteprojeto de ‘Lei da Educação Profissional e Tecnológica’ – que, a exemplo da Lei da
Reforma Universitária, remonta à fragmentação do sistema educacional realizada pelas leis
orgânicas dos anos de 1940.
Segundo Frigotto (2005) a opção por um novo decreto que revogasse o 2.208/97, em
vez da simples regulamentação pelo Conselho Nacional de Educação dos artigos 36 e 39 a 42
da LDB, ou de uma lei específica para a educação profissional, teve, entre outras razões, a
consciência de que as forças conservadoras ocupariam espaço para fazerem valer seus
interesses, tanto no Conselho Nacional de Educação quanto no Congresso.
Nessa senda um novo decreto seria um dispositivo transitório que, enquanto
garantisse a pluralidade de ações e instituições de ensino, mobilizasse a Sociedade Civil em
torno do assunto. O que se pretendia era a (re)construção de princípios e fundamentos da
formação dos trabalhadores para uma concepção emancipatória dessa classe. Acreditava-se
que a mobilização da sociedade pela defesa do ensino médio unitário e politécnico, a qual
conquanto admitisse a profissionalização, integraria em si os princípios da ciência, do
trabalho e da cultura, promoveria um fortalecimento das forças progressistas para a disputa
por uma transformação mais estrutural da educação brasileira.
Assevera Ciavata (2009) que, isso, certamente, levaria a uma revisão profunda e
orgânica da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e não a uma lei específica
para a educação profissional. O fato é que, após um ano de vigência do Decreto n.
5.154/2004, a mobilização esperada não ocorreu. O que se viu, logo a seguir, foi o inverso. De
uma política consistente de integração entre educação básica e profissional, articulando-se os
sistemas de ensino federal e estaduais, passou-se à fragmentação iniciada internamente, no
próprio Ministério da Educação.
Com efeito, a partir de 28 de julho de 2004, três dias após o Decreto n. 5.154/2004
ser exarado, foi anunciado o Programa Escola de Fábrica com um modelo restrito à
aprendizagem profissional. Além disso, passou-se a enfrentar uma nova e complicada
conjuntura: a reestruturação do MEC colocou a política do ensino médio na Secretaria de
Educação Básica, separando-a da política de educação profissional.
Algumas medidas tomadas pelo Ministério da Educação posteriormente
comprovaram que a política de integração não seria prioridade e que não estavam claras as
concepções das equipes dessas secretarias sobre o tema. Anteriormente à reorganização
ministerial, a estratégia pensada para a consolidação da concepção de ensino médio e
educação profissional sob os princípios do trabalho, da ciência e da cultura implicava dar
alguns passos.
Primeiramente, seria necessário encaminhar ao Conselho Nacional de Educação uma
proposta de Diretrizes Operacionais e de revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais
coerentemente com a nova concepção. Em segundo lugar, o Ministério deveria fomentar a
implantação do ensino médio integrado em sua própria rede e nas redes estaduais.
No caso da rede federal, o Programa de Melhoria e Expansão da Educação
Profissional (PROEP) poderia ser utilizado como fonte de financiamento dessa iniciativa,
juntamente com o processo de convencimento político, tanto das instâncias dirigentes quanto
da comunidade em geral. É certo que, no caso dos dirigentes, tal como se viu durante a
discussão sobre a revogação do Decreto n. 2.208/97, esse convencimento não ocorreria sem
desgaste, em razão do movimento de acomodação conservadora à reforma do governo
anterior, por eles liderado, conforme demonstram alguns estudos. 3 Porém, provavelmente, se
teria as comunidades das instituições federais como aliadas, uma vez que a luta pela
revogação do Decreto n. 2.208/97 partiu especialmente de seus servidores e estudantes.
No caso das redes estaduais, além do PROEP, também o Programa de Melhoria do
Ensino Médio (PROMED) poderia redirecionar seus objetivos e prioridades de financiamento.
Com efeito, ainda ao início do ano de 2004, quando o ensino médio e a educação profissional
eram geridos conjuntamente pela SEMTEC, um acordo foi discutido com as secretarias
estaduais de Educação do Paraná e do Espírito Santo, por proposição destas, tratando do
interesse desses sistemas de ensino em implantar o ensino médio integrado com apoio
financeiro, político e pedagógico do Ministério da Educação (Ferreira & Garcia, 2005).
Elaborou-se, então, um projeto de assessoramento a essas secretarias pelo Ministério
da Educação, com foco nas áreas de maior complexidade na elaboração da política
educacional dos sistemas de ensino e do projeto político-pedagógico das escolas, quais sejam:
currículo, formação de professores, identidade e memória escolar. O projeto era composto por
objetivos e ações que contribuiriam para o desenvolvimento de propostas curriculares de
ensino médio integrado sob os princípios da ciência, do trabalho e da cultura, contemplando-
se a formação continuada de professores e o resgate coletivo da memória e da identidade da
escola.
Com esses propósitos, em 17 de agosto de 2004, o ministro da Educação assinou
convênios com os secretários de Educação dos Estados do Paraná, do Espírito Santo e de
Santa Catarina, prevendo-se o repasse de recursos financeiros para apoiar a implantação do
ensino médio integrado nesses estados. Decorrido um ano após esse ato, os convênios não
foram efetivados. Paradoxalmente, o MEC anunciou o interesse de mais um conjunto de
secretarias estaduais de Educação pela implantação do ensino médio integrado, a partir do que
a Secretaria de Educação Básica passou a realizar seminários sobre as diretrizes dessa política
nos respectivos estados.
A despeito da complexidade política e pedagógica que caracteriza o tema, o que
ocorreu foram discussões aligeiradas e, por vezes, encaminhamentos para a organização do
ensino médio em três séries anuais seguidas por mais um ano de estudos profissionalizantes.
Reiteramos que a sobreposição de disciplinas consideradas de formação geral e de formação
específica ao longo de um curso não é o mesmo que integração, assim como não o é a adição
de um ano de estudos profissionais a três de ensino médio. A integração exige que a relação
entre conhecimentos gerais e específicos seja construída continuamente ao longo da
formação, sob os eixos do trabalho, da ciência e da cultura (RAMOS, 2005, p. 122).
No que se refere a sua função de coordenar a política nacional, o que lhe confere o
dever de propor diretrizes curriculares ao Conselho Nacional de Educação e de agir para
conquistar a hegemonia de suas concepções, o MEC declinou de exercê-la com relação à
formação integrada, delegando a esse órgão tal prerrogativa. Ocupando esse espaço, o CNE
exarou e o ministro da Educação homologou o Parecer n. 39/2004 da Câmara de Educação
Básica, do Conselho Nacional de Educação, e a Resolução n. 01/2005, que atualizaram as
Diretrizes Curriculares Nacionais vigentes (Brasil, CNE, 1998 e 1999) às disposições do
Decreto n. 5.154/2004, contraditoriamente, nos termos adequados à manutenção das
concepções que orientaram a reforma realizada no governo anterior por meio do Decreto n.
2.208/97.
Ao solicitar ao CNE,
em caráter de urgência, manifestação da Câmara de Educação Básica, com vistas à
adequação das Diretrizes Curriculares Nacionais no que se refere à Educação
Profissional Técnica de nível médio [ao Decreto n. 5.154/2004], para orientar os
sistemas de ensino e as escolas na imediata implantação do referido Decreto, a partir
do próximo ano letivo” (Brasil, CNE, 2004, p. 1),
O fio condutor da análise gramsciana sobre a sociedade atual, denominada por alguns
teóricos de ‘sociedade da informação’ ou ‘do conhecimento’, deve conjugar por um lado o
conceito de ‘democracia’ e ‘hegemonia’ e, por outro, sublinha o nexo entre a ‘hegemonia’ e a
‘economia’. Desse modo, se o capitalismo prescinde cada vez mais das qualificações e
habilidades dos trabalhadores, a construção de uma hegemonia proletária deve transcender a
formação técnica deles. Urge, assim, a construção de uma formação política capaz de
evidenciar (e difundir) uma perspectiva pautada no trabalho e na constituição de uma
sociedade que supere as contradições capitalistas.
No sistema hegemônico escreve
Gramsci referindo-se a uma sociedade capaz de não cristalizar e exasperar, mas de
valorizar produtivamente as próprias contradições – existe democracia entre o grupo
dirigente e os grupos diretos, na medida em que (o desenvolvimento da economia) a
legislação (que exprime tal desenvolvimento) favorece a passagem (molecular) dos
grupos diretos a grupo dirigente” (idem, p., 1056). Pode-se dizer que a sociedade do
conhecimento para ele é a ”sociedade civil” na qual os governantes no sentido
econômico e político estão muito próximos dos governados, ou simplesmente que
esta sociedade requer um “mercado determinado” e não simplesmente um mercado
exposto à fortuna do “livre jogo” entre a demanda e a oferta do trabalho
(BARATTA, 2000, p. 209).
10
O trabalho é parte principal da ontologia do ser social. A aquisição da consciência se dá pelo trabalho, pela
ação sobre a natureza. O Trabalho, nesse sentido, não é emprego, não é apenas uma forma histórica do trabalho
em sociedade - é a atividade essencial pelo qual o ser humano se humaniza, cria, se expande em conhecimento,
se aperfeiçoa. O trabalho é a base de um novo tipo de ser, de uma nova concepção de história. Na crítica à
economia política, o trabalho é valor de uso, por oposição ao trabalho assalariado, que é valor de troca (Marx,
1980)
O processo de intensa acumulação na Era de Ouro possibilitou o revolucionamento
da base técnica produtiva, através da introdução de tecnologia de base microeletrônica
associada à informatização. Foi possível, assim, a substituição das tecnologias de base
eletromecânica,
portanto, de base rígida, por uma tecnologia de base flexível.
Esse processo significou uma profunda reestruturação no sistema econômico
mundial, com o predomínio da automação, de novos mercados, da aceleração do ritmo da
produção e inovação dos produtos. Significou também a diminuição do tempo de giro – fonte
da lucratividade capitalista – na produção e conseqüentemente no consumo, resultando assim,
na diminuição da meia vida dos produtos, através da obsolescência planejada. Para Harvey
a acumulação flexível foi acompanhada na ponta do consumo, portanto, pôr uma
atenção muito maior às modas fugazes e pela mobilização de todos os artifícios de
indução de necessidades e de transformação cultural que isso implica. A estética
relativamente estável do modernismo fordista cedeu lugar a todo o fermento,
instabilidade e qualidades fugidias de uma estética pósmoderna que celebra a
diferença, a efemeridade, o espetáculo, a moda e a mercadificação de formas
culturais (1993, p. 146)
Portanto, o capital passou a necessitar cada vez menos do trabalho vivo, na medida
em que o trabalho morto aumenta enormemente a produtividade. Assim, se é verdade que as
profundas mudanças observadas no mundo trabalho, decorrentes do processo de
reestruturação ocorrido no âmbito do capitalismo, no qual se inclui, dentre outros aspectos, a
revolução tecnológica, o padrão de acumulação flexível, a globalização da economia, tiveram
como objetivo a sua própria recuperação (Antunes, 2001), não menos certo é a constatação de
que isso acentuou a sua crise.
Diante desse quadro de transformações no mundo do trabalho, novas exigências se
voltaram para a formação humana, demandando um novo tipo de profissional com novas
qualificações. Da mesma forma que na gênese do fordismo, demandava-se um novo tipo de
homem e trabalhador, a emergência da acumulação flexível e o acentuado desenvolvimento
tecnológico têm colocado a necessidade de um novo tipo de profissional, adequado às
constantes mudanças no processo produtivo.
2.6 - Relevância científica e social da pesquisa
11
Então Ministro da Educação no período de 2003 a 2004.
matrícula visando ao atendimento dessa necessidade, agora é obrigado a concorrer a duas
matrículas. Para a maioria, ao fazer a opção por ambas as formações concomitantemente, a
dupla jornada escolar, ocorreu em condições precárias (alimentação imprópria, permanência
desconfortável na mesma escola, ou translado cansativo de uma escola para outra, além dos
custos financeiros). Na impossibilidade de enfrentar tais condições, os filhos das classes mais
desfavorecidas acabam abandonando, seja a educação regular, seja a educação profissional,
restando a esses, na melhor das hipóteses, a escolaridade mínima obrigatória e os cursos de
qualificação profissional.
Não há duvida de que a configuração dos processos produtivos no Brasil, os tipos de
oportunidades que se apresentam aos jovens e as suas necessidades de cultivar uma identidade
própria aliadas à de construir múltiplas opções para o seu futuro, exige que retorne a
possibilidade do ensino médio preparar o cidadão para o exercício de profissões técnicas, tal
como já apregoa a LDB12, desde que assegurada a sua formação geral. Sob essas condições, a
oferta do ensino médio integrada à formação profissional é uma necessidade propalada pelos
próprios jovens. Nesse sentido, o Governo Federal, em 2004, corrigiu tal distorção através do
Decreto nº. 5154, de 23 de julho de 2004, que revogou o Decreto nº. 2.208/97.
Ao longo do período em que vigorou o impedimento da modalidade integrada, o
CEFET-MT procurou soluções para o atendimento da necessidade de profissionalização.
Começou a oferecer cursos técnicos ministrados em concomitância com ensino médio, ou
após sua conclusão.
No Brasil, segundo dados do Ministério da Educação, 2003, 70 milhões de jovens e
adultos não concluíram a educação básica. Fala-se de um público que hoje, teria na educação
profissional uma possibilidade não somente de formação para o trabalho, mas também e,
principalmente, de elevação de escolaridade.
A escola pública enquanto elemento constitutivo da cidadania social, não pode
conceber a educação profissional visando apenas àqueles que conseguem resistir aos diversos
fatores que permeiam a vida dos jovens dos cursos técnicos.
Para alguns a fase da crítica da educação profissional já passou. Será? Faz-se
necessário passar da ‘fase romântica à fase clássica’ como afirma Gramsci (1994, p.124) a
propósito da escola ativa.
Ainda se está na fase romântica da escola ativa, na qual os elementos da luta contra a
escola mecânica e jesuítica se dilataram morbidamente por causo do contraste e da
12
Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei n.º 9394 de 1996.
polêmica: é necessário entrar na fase “clássica”, racional, encontrando nos fins
atingir a fonte natural para elaborar os métodos e as formas.
Neste capítulo será feita uma análise crítica mais detalhada dos documentos legais
(Leis, Decretos e Portarias) que se referem ao ensino técnico-profissional e à educação
tecnológica no país. Far-se-á também a análise das entrevistas.
Nos relatos percebe-se a ênfase dada pelos professores de que a reforma implantada
no IFMT - Campus Cuiabá foi realizada sem uma discussão ampliada, sendo um processo de
caráter exógeno a vontade do desejo escolar, com exceção do S6.
A terceira questão abordada aos sujeitos tinha por objetivo instigar os professores,
que tinham participado da implantação, e após dez anos de efetivas mudanças, pudessem
avaliar sobre a retirada da proposição do cunho propedêutico das matrizes curriculares
dos cursos subsequentes.
[...] A retirada das disciplinas propedêuticas trouxeram muitos desafios aos
professores que se viam diante de alunos despreparados, para compreensão das
disciplinas técnicas. Pensaram em colocar um módulo básico para nivelamento dos
alunos da turma, mas isso não ocorreu. S1.
[...] Talvez necessária ainda que não plenamente como ocorreu. A formação técnica
passa, também, pela formação do cidadão, por meio das disciplinas propedêuticas.
S2.
[...] Com a retirada dos conteúdos propedêuticos dos cursos técnicos o Brasil deixou
de formar (vigência do decreto 2208/97) cidadãos com forte base de conhecimentos
técnicos e humanos, que verticalizando o conhecimento ou não, são os melhores
profissionais no mundo do trabalho. S3.
[...] Em uma palavra foi um “desastre”. Em qualquer tarefa específica, técnica ou
tecnológica, a maior parte do acervo pessoal depende de conhecimentos transversais
e acessórios para que a demanda seja bem atendida, i.e., engenheiro, médico, técnico
de nível médio só serão bem sucedidos profissionalmente se ao lado do conteúdo
técnico possuírem também conhecimentos de história, geografia, matemática,
química, física, biologia e português entre outras matérias propedêuticas. S4.
13
Construtivismo - Constrói situações de aprendizagem, observa como os alunos se deparam com os problemas
Parte dos conhecimentos prévios que servem de ponte para novas aprendizagens Oferece ajuda ao aluno,
facilitando a expressão do aluno, permitindo-lhe refletir através de perguntas. Promove atividades conjuntas,
para que aprendam uns com os outros. Ambiente alfabetizado rico em materiais escritos. Multiplicidade de
atividades de aprendizagem.
14
Segundo o Informativo, “a Escola Técnica Federal de Cuiabá face as mudanças do ensino técnico tem
discutido como se dará o processo, objetivando fazer um curso médio com “verniz”tecnológico, baseado na
qualidade que garanta a especificidade da Escola” e “Três questões básicas estão sendo discutidas: como será o
currículo do ensino médio, como se dará a concomitância ensino técnico/ensino médio e, a questão da Escola
diante da qualificação profissional”.
[...] Os cursos subseqüentes (técnico pós-médio) tinha por objetivo a preparação
específica para o mercado de trabalho, desenvolvendo competências e habilidades
específicas para o exercício de uma determinada função no sistema
produtivo/mercado de trabalho. Assim, as disciplinas de formação geral e
humanísticas não tinham função (desenvolver competências profissionais) nestes
cursos. S5.
[...] esta idéia se baseou no fato de que muitos candidatos buscavam os cursos
técnicos quando já tinham o nível médio completo. Logo, seria possível ter duas
formas de oferta: integrada e subseqüente. A primeira opção só foi cumprida quando
da alteração do decreto 2208 para 5154. Esta mudança permitiu pela primeira vez
priorizar as pessoas que já estavam no mundo do trabalho virem para a escola buscar
um formação profissional sem estar vinculada ao nível médio. A evolução disto foi o
PROEJA. S6.
[...] Com a retirada dos componentes curriculares de cunho propedêutico dos cursos
subseqüentes, ficou evidente a ênfase da reforma em qualificar mão de obra para
atender à demanda do mercado de trabalho. Ou seja, era preciso formar técnicos
competentes, porém na prática. Assim, os conhecimentos de base comum, como
Língua Portuguesa e Matemática, por exemplo, só tinham relevância se fossem
utilitários para o desenvolvimento da prática. S7.
A quinta pergunta tinha por objetivo instigar dos professores sujeitos se no Campus
tinha alguma discussão sobre a escola unitária e politênica no contexto dos Institutos
Federais.
[...] Uma escola pode ser unitária e politécnica, depende da direção do olhar e de
quem olha. Unitária e única no objetivo a que se propõe – formar e politécnica
sempre na ação de formar alunos em diferentes cursos. Uma escola como o IFMT –
Campus Cuiabá que tem diferentes cursos em deferentes áreas é politécnica. É o
desafio de cada professor, que por vezes, ministra aulas para cursos de áreas
diferentes. S2.
[...] Não existe discussão sobre estas escolas, pelo menos neste Campus. Entretanto,
percebe-se através das nossas ações o esforço em atender toda a demanda da
sociedade, principalmente os menos privilegiados, no sentido do acesso a esta
escola. Por outro lado, não encontramos soluções para a permanência destes
estudantes, de forma, que possam concluir seus estudos e garantir a sua cidadania.
S3.
[...] Resposta: Meu caro perguntador, essa questão vicejou apenas entre aqueles que
gozavam do prestígio de participar de reuniões em Brasília e que tais, onde se
organizavam os encontros, ou nos sindicatos. Para a patuleia essa discussão não foi
levada a efeito. Lembremos que o processo de implantação curricular, levado a
efeito pelo governo FHC, não permitia a discussão de alternaitvas ao modelo
pensado pelos organismos multilaterais (BID e outros assemelhados). S4.
[...] A escola unitária visa a formação técnica e geral (humana) de maneira integrada,
ou seja, a integração de conhecimentos. Na politécnica, pelo menos da maneira que
entendo a formação é sistêmica ou holística, porém, desdobradas em competências e
habilidades específicas para a função técnica. S5.
[...] Esta discussão já é muito antiga. A Politécnica nasce na Europa no início do
século XX. De lá para cá esta discussão de saber tudo acerca de algo ou de como
saber um pouco de tudo se firmou e não tem conclusão. De fato da mesma forma
que os métodos evoluíram (indutivismo; dedutivismo e transdutivismo) a educação
deveria evoluir. Assim, esta discussão deve ser superada, pois não se trata de
escolher a politécnica ou a escola unitária. Trata-se de escolher o que corresponde
as possibilidades de uma nova escola. Não das escolas do passado. S6.
[...] Esses temas não são discutidos na instituição por falta de uma política questões
que dizem respeito ao ensino. Falta embasamento teórico para se promover
discussões a esse respeito. Os que têm ampliado seus conhecimentos acerca desses
temas o fazem por conta própria, já que na instituição não há uma política de
formação continuada de servidores. S7.
A sexta pergunta tinha por objetivo instigar dos professores quanto a concepção do
papel da Educação Profissional frente ao mercado de trabalho.
[...] A Educação profissional deve estar sempre antenada com as novas tecnologias,
porém não podemos preparar nossos alunos para atender exclusivamente ao mercado
de trabalho. S1.
[...] O papel da Educação Profissional frente ao mercado de trabalho é essencial,
deve-se formar para a vida e nesta o trabalho é fundamental. E, trabalho e
remuneração advêm, principalmente, da formação técnica. A formação profissional
irradia para toda a família, quando a pessoa passa a contribuir para melhoria
econômica/social. S2.
[...] Entendo que a Educação Profissional tem que estar sempre atenta na oferta de
seus cursos de forma a estar proporcionando a formação de cidadãos aptos a
ingressarem no mundo do trabalho com competência. S3.
[...] Resposta: A primeira questão que me ocorre é por que não há uma política que
envolva de modo integrador a educação, o trabalho, a indústria, a agricultura e
pecuária e o comércio? Eu respondo: porque isso levaria a efeitos contrários aos
interesses do capitalismo transnacional. Senão vejamos: a implantação de uma
indústria na cidade de Lucas do Rio Verde exigiu a contratação por parte desta
indústria de trabalhadores especializados e claro a cobrança de que as escolas
técnicas deveriam formar trabalhadores para essa indústria. Ora isso não é formação
profissional, de fato trata-se de preparação para posto de trabalho que deve estar, e
certamente está, planilhada como custo indireto da referida indústria. S4.
[...] Não há como dissociar educação profissional do mercado do trabalho. Ela tem
por função desenvolver os conhecimentos técnicos do indivíduo para atuar de
maneira competente no mercado de trabalho, porém o mercado de trabalho não deve
ser o determinante dos currículos da EP. Deve haver, isto sim, uma retroalimentação
entre ambos. S5.
[...] A educação profissional deve trazer condições de exercer o direito ao trabalho
seja como empreendedor ou como empregado. Não basta saber tudo da ciência ou
da cultura é preciso aplicar isto na vida. Este é o papel da educação profissional. S6.
[...] A meu ver, a Educação Profissional deve formar profissionais em condições de
se inserir e permanecer no mundo do trabalho, de promover mudanças que visem a
melhorias sociais, principalmente. Para que isso se efetive, a Educação Profissional
precisa formar cidadãos emancipados de fato e de direito. S7.
A oitava questão tinha por objetivo instigar os professores sujeitos sobre nova
concepção pedagógica delineada pelo Decreto 5.154/2004 superou internamente ao
currículo a dualidade entre as concepções educacionais de uma formação para a
cidadania e outra para o mundo do trabalho? (Segundo o Ministério da Educação os
conteúdos do ensino médio e os da educação profissional de nível técnico são de
“naturezas diversas”).
[...] Acredito que sim. S1.
[...] Para ocorrer a integração entre o ensino médio e a educação profissional de
nível técnico de acordo com o Decreto nº 5.154/2004 foi necessário mudar a
concepção político-pedagógica, de ao “mesmo tempo” para articulação entre essas
modalidades. S2.
[...] Essa solução é ruim (Decreto 5.154/2004), enquanto que a da modularização é
péssima. O Brasil sofre do complexo da ex-prostituta, que não pode ver a cor
vermelha que já imagina a vida vivida como cortesã. Ora, nós tínhamos leis da
educação profissional- do período de chumbo- que não eram de todo ruins e que
podiam ser melhoradas, a 5.692/71 e 7.044/82. A LDB/1996, acoplou a educação
profissional mas a separou como sistema da educação geral e isso foi péssimo
porque deu guarida para as soluções via decreto que operam ao sabor da agenda de
quem está a governar. Esse mesmo grupo que criou o Decreto 5.154/2004, pode, se
quiser, e nada os impede, pelo menos no que diz respeito ao Congresso Nacional,
colocar outro decreto nos quais as conquistas que se tem de ruim tornem-se
péssimas. S4.
[...] Acredito que o diversas seja no sentido de áreas de conhecimento (ciências da
natureza e suas tecnologias, ciências humanas, etc.) que têm funções na formação do
indivíduo enquanto cidadão que convive na sociedade, por outro lado, tem-se a
formação técnica que objetiva a formação para mercado de trabalho. S5.
[...] Esta superação foi muito importante do ponto de vista conceitual. Como foi dito
anteriormente a substituição da base legal da EP permitiu importantes ajustes. Na
escola porem, tudo continua como antes. A escola se recusa a mudar e passar a fazer
educação inclusiva. Prefere manter a sua tradição de atender as elites. S6.
[...] Infelizmente, essa ruptura da dualidade não ocorreu na prática. Nós, professores,
não conseguimos enxergar o ensino de forma abrangente, em que os conhecimentos
tanto de base comum como das áreas técnicas deveriam se imbricar na composição
de um currículo voltado para a formação plena do cidadão. S7.
A décima questão tinha por objetivo específico instigar os professores sujeitos sobre
o acesso e permanência dos alunos nos cursos subseqüentes do IFMT – Campus Cuiabá
e como era antes da reforma.
[...] Antes da reforma o aluno precisava ter concluído o curso para se habilitarem,
isso incentivavam os mesmos a concluírem seus cursos. Após a reforma os números
de vagas não tiveram aumentos significativos, as ofertas de cursos novos quase não
ocorreram, e as evasões foram muitas, por motivos diversos. S1.
[...] Em educação qualquer que seja o resultado é melhor que não ter. A desistência
por motivos diversos, até emprego vale a pena. Nos cursos subseqüentes a saída é
sempre menor que a entrada para a maioria dos cursos. Antes da reforma o IFMT –
Campus Cuiabá ofertava mais integrado que normalmente tem pouca evasão.
Observando apenas quantitativo, atualmente tem mais evasão que antes da reforma,
mas se forem analisadas outras varáveis como a modalidade, por exemplo, pode ser
que não. A reforma democratizou o ensino, principalmente para os que não tiveram
oportunidade. S2.
[...] AGORA _ Para ingressar nos cursos técnicos forma subseqüente o candidato
faz um prova que aborda os conhecimentos das três áreas do ensino médio, na qual
deve acertar no mínimo 20% da prova. Dessa forma é insignificante dentro do
universo, os alunos que não atinge essa porcentagem. Portanto, o acesso é possível.
Entretanto, a permanência não, pois a maioria abandona o curso. As causas são
várias: dificuldade de aprendizagem; conseguem ingressar nos cursos superiores;
encontram trabalho e assim vai o rol das justificativas.
ANTES não ofertávamos os cursos subseqüentes, o aluno concluía o ensino do 2º
grau junto com uma profissão. Os alunos que cursavam no período diurno
concluíam o curso quando o curso era de três anos. Quando os cursos passaram para
quatro anos, geralmente os que tinham um poder aquisitivo melhor, pediam
transferência. Quanto os alunos do período noturno a evasão era muito grande, já
teve tempo em que tive apenas um aluno no último semestre (noturno) de
agrimensura. S3.
[...] Eu sou ex-aluno de curso técnico antes da reforma. Era possível, estudar,
receber uma bolsa por estágio e se preparar para uma universidade se fosse o caso.
Foi o meu caso: sou engenheiro civil. A maioria, porém não entrou para a um curso
superior imediatamente, mas após um tempo de exercício profissional como técnico
de nível médio. A permanência era boa se considerarmos os atuais índices, mas é
preciso levar em conta que os elementos culturais da sociedade atual são diferentes
da minha geração; hoje há presença de alunos jovens adultos, alguns não tão jovens,
muitos mais velhos que os próprios professores, i.e., o universo do alunado hoje é
mais heterogêneo que, e.g., há duas décadas. Os alunos carreiam para o contexto
escolar crises existenciais, econômicas e sociais em níveis que exigem preparação
para além de sala de aula dos docentes. Eis aí um problema da educação profissional
a clamar por soluções. S4.
[...] Pelos poucos dados disponíveis, acredito que não houve muita diferenciação
entre a evasão escolar e a permanência dos alunos na escola. Acredito que a reforma
não tenha interferido diretamente nesta situação. S5.
[...] Antes da reforma não tinha subseqüente. a permanência ainda é o ponto critico,
e difícil para a escola trabalhar com quem já tem conhecimento. Reconhecer os
saberes não e algo fácil, principalmente se os docentes são jovens e detentores de
forte conhecimento acadêmico - sem vivência. Como reconhecer o que não se tem?
S6.
[...] A procura é muito grande. Infere-se disso que a sociedade vê a instituição como
possibilidade de adquirir uma qualificação que lhe permite se inserir em um mundo
de aceleradas mudanças. No entanto, a evasão acentuada nesses cursos tem
proporcionado alguns questionamentos: seria defasagem de conhecimentos por parte
dos alunos, como muitos alegam? Seria falta de uma política pedagógica condizente
com a realidade do mundo do trabalho? Faltam mais investimentos em laboratórios,
por exemplo? A estrutura dos cursos ofertados não corresponde às expectativas dos
alunos? Essas questões precisam ser desveladas, a fim de combater o alto índice de
evasão na maioria dos cursos técnicos subseqüentes, já que a procura é grande. S7.
[...] Vejo que estão hoje bem estruturados, com currículos que atendem aos anseios
dos alunos e quando da conclusão os mesmos estão preparados para o mundo do
trabalho, com conhecimentos diversificados para enfrentares os desafios das suas
profissões. Precisamos avançara em cursos novos, precisamos de mais vagas para o
estágio obrigatório, entre outros estamos sempre preocupados com o futuro dos
nossos alunos. S1.
[...] A organização pedagógica necessita, com urgência, re-organização. E o ensino
dos cursos subseqüentes está razoável, precisam de melhores laboratórios, de
laboratoristas e atualização/capacitação institucional para professores. E, ainda
maior aproximação com o setor empresarial que contrata os técnicos formados. S2.
[...] Estamos construindo, estamos sempre retificando os desacertos. S3.
[...] Vejo como ausente. No dia-a-dia da labuta docente estamos a navegar
solitariamente. Percebe-se, nitidamente, que não há um liame que faça a
transdisciplinaridade entre as diversas disciplinas. A meu juízo isso ocorre por vício
de sistema e também pelos anos de processo dicotômico que vivemos na Reforma da
Educação Profissional do Governo de FHC. Hoje os docentes não se reúnem nem
para tomar café e isso leva um processo pedagógico acrítico e estéril, incapaz de
responder pela demanda social que clama por profissionais que atuem de forma
integrada. S4.
[...] MUITO DEFICIENTE. Na verdade na atualidade não há proposta pedagógica
de ensino na Instituição. S5.
[...] desastrosa. Sem qualquer intenção de manter o estudante na escola ou de
valorizar as suas experiências anteriores. S6.
[...] Estão voltados para a formação de mão de obra “qualificada” em que os
conhecimentos são reduzidos ao mínimo a fim de responder à urgência do mercado
de trabalho. S7.
A décima terceira questão tinha por objetivo instigar os professores a falar sobre a
seguinte pergunta: Antes da reforma da educação profissional (1997) o IFMT – Campus
Cuiabá tinha uma referência de cursos técnicos para Cuiabá e para o Estado de Mato
Grosso, o que mudou e qual a sua concepção dessas mudanças?
A partir dos levantamentos e análise dos dados coletados nos documentos oficiais,
dos fundamentos teóricos que serviram de suporte a este trabalho, e tendo por base a reforma
da educação profissional do ensino-técnico implantada pelo Governo Federal nos anos 90, no
Plano Global da reestruturação produtiva, concluímos que estamos vivenciando uma intensa
transformação no processo produtivo, com consequentes transformações no trabalho humano
e na qualificação profissional requerida em virtude do impacto das novas tecnologias. Nesse
sentido, nos arriscamos a afirmar que a reforma acontece em resposta a uma demanda do setor
produtivo.
A categoria trabalho, tida como um indicador para mera preparação de mão-de-obra
começa agora a assumir um papel mais relevante: ele se transforma em norteador do princípio
educativo, porém, no nosso entendimento, não determinante deste.
Segundo Kuenzer (1989, p. 32-33) “tal princípio, obviamente não repousa mais na
simples aprendizagem de operações isoladas, parciais, mas na compreensão dos princípios
teóricos, científicos, que estão na base dessas operações”.
É chegado o momento de revermos a nossa prática pedagógica no sentido de
consolidar o ensino tecnológico como uma alternativa eficaz para a educação pública
brasileira, ajudar o país a encontrar o seu caminho para o desenvolvimento e alavancar a
mobilização social das camadas menos favorecidas e carentes de um ensino de qualidade,
público, gratuito, polivalente e omnilateral, sem o qual não poderão galgar os degraus para a
verdadeira cidadania.
A escola como Instituição responsável pela transmissão dos conhecimentos e
tecnológicos sistematizados, deve organizar-se de forma a atender àqueles desafios
anteriormente referidos, adotando uma nova atitude profissional frente aos paradigmas
científicos e às exigências do mundo do trabalho para que o aluno trabalhador não seja
somente um consumidor acrítico da ciência, da tecnologia e da produção cultural modernas.
As instituições do ensino técnico e tecnológico não devem se restringir ao simples
ato de treinar, uma vez que a atitude cerceia a criatividade, reduz as possibilidades de
autonomia e, em decorrência, enseja a falta de flexibilidade do trabalhador.
A educação profissional não pode ser vista e redimensionada sem que se leve em
conta a política educacional como um todo, é preciso rever paradigmas da exclusão que
marcaram a sociedade brasileira desde a colonização.
Novos procedimentos adotados às atividades da produção implicam uma nova
postura dos agentes de educação da área tecnológica, visando a versatilidade e a uma grande
capacitação técnica, caso contrário, pouquíssimos profissionais estarão aptos a passar pelo
funil imposto pela atual revolução tecnológica.
A educação é fundamental na formação do cidadão, ao capacitá-lo a participar do
exercício da cidadania através das decisões políticas. É a importância dessa formação
formativa que as classes dominantes procuram sempre anular ou diminuir, restringindo o
acesso à educação aos contingentes elitizados da população.
Nesse diapasão, Freire (1983) se manifesta dizendo que é a partir do momento em
que o homem reflete criticamente sobre sua realidade e confronta-se com ela, que ele se
constrói a si mesmo e chega a ser sujeito. Na medida em que o homem, integrado em seu
contexto, reflete sobre esse contexto e se compromete, ele passa a ser dono do seu universo.
Então, afim de que o homem possa participar ativamente do seu contexto sócio-histórico e da
transformação da realidade, é necessário que ele tome consciência dessa realidade e consiga
refletir criticamente sobre ele e o mundo.
Corroborando com o raciocínio Aranha (1993, p.39) que diz: “uma das
características dos estados autoritários é impedir e silenciar os pensadores, para garantir a
obediência passiva dos cidadãos; é preciso impedir que os homens se tornem sensatos”.
É por isso também que o ensino, desde o nível fundamental até o superior, revela
tendência de tratar a educação exclusivamente como forma de capacitação para o trabalho,
sem relacionar diretamente a ação produtiva com o exercício da cidadania.
Enquanto prevalecerem as funções divididas do homem que pensa e do homem que
executa, será impossível evitar a dominação, pois sempre existirá a idéia de que só alguns
sabem e são competentes, e, portanto, decidem e a maioria nada sabe, é incompetente, só
restando obedecer.
Deste modo a escola cabe entender que a formação do trabalhador inclui a formação
para a cidadania, mesmo porque sem trabalho digno não existe cidadania, e o trabalhador
deseja e tem direito a essa formação, sendo dever do estado assegurá-las.
Não se pode, no entanto, pensar a escola como o único instrumento que propicie a
formação e o desenvolvimento das condições de cidadania, incluindo aqui a formação para o
trabalho. Isto deve ficar claro.
Uma das condições necessárias para transformar os indivíduos da classe subalterna
em cidadãos, é levá-los a participar de um processo de ensino-aprendizagem que integre a
escola e vida, um processo que integre saber, fazer e ser.
Conforme Martins (2000, p.99),
uma escola cidadã, ou melhor, um processo de ensino aprendizagem que pretende
potencializar a classe subalterna em sua luta pela liberdade concreta, deve descartar
qualquer proposta de ensino que colabore com a fragmentação ainda maior de sua
visão de mundo; só assim teremos uma educação capaz de forjar indivíduos para a
atuar em condições objetivas, consolidando assim uma nova hegemonia no coletivo
social.
Isso pode ser representado neste momento, quando o governo federal anuncia a
revogação do Decreto 2208/97. Que essa nova reforma possa ser, apesar do atual momento
experimentado pelo capitalismo e de todas as contradições do atual governo, resultado de
amplo debate na sociedade e significar a materialização de um projeto, que possibilite a
formação de um homem produtivo, tanto técnica como intelectualmente. Portanto, de uma
educação capaz de formar um cidadão crítico e participativo, para além dos interesses
puramente econômicos. Porém, isso só saberemos, futuramente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAETANO, Edson. Educação e trabalho no canteiro de obras. Rio de Janeiro, Sótese, 2005.
CARMO, Paulo Sérgio. O Trabalho na Economia Global. São Paulo: Moderna, 1998.
CHAUÍ, M. Democracia é conflito, não ordem. Folha de S.Paulo. São Paulo, 03 ago. 2003.
CHOMSKY, Noam. A luta de classes: entrevistas a David Barsamian. Porto alegre: Artmed,
1997
CUNHA, Luis Antonio. Ensino Médio e Ensino Profissional: Da Fusão à Exclusão. Texto
baseado na apresentação à mesa redonda Ä nova LDB”, realizada durante a 20ª Reunião
Anual da ANPED, Caxambu, 21-25 set. 1997.
COUTINHO, Carlos Nelson. A democracia na batalha das idéias e nas lutas políticas do
Brasil de hoje. In FÁVERO, Osmar; SEMERARO, Giovanni (orgs.). Democracia e
construção do público no pensamento educacional brasileiro. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2002,
p. 11-39.
DEL PINO, Mario. Política educacional, emprego e exclusão social, IN: A cidadania negada:
política de exclusão na educação e no trabalho/ Pablo Gentili & Gaudêncio Frigotto (Orgs.) –
São Paulo: Cortez, 2001.
DELUIZ, Neise. O modelo das competências profissionais no mundo do trabalho e na
educação: implicações para o currículo. Boletim Técnico do SENAC, Rio de Janeiro, nº 3,
set/dez, 2001, p. 3-25.
__________________________________________________________. A gênese do
Decreto 5154/2004: um debate no contexto controverso da democracia restrita. In: Ensino
médio integrado: concepção e contradições. São Paulo: Cortez, 2005.
HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo,
Companhia das Letras, 1995.
MÁXIMO, Antônio Carlos e CAMPOS, Aidê Fátima de; O drama da educação profissional
em Mato Grosso: 1995-2002. – Brasília: Liver Livro Editora, 2005.
MILITÃO, Maria Nadir de Sales do A. A Reforma do Ensino Técnico. Trabalho & Educação.
Revista do NETE – jul/dez – 1996.
PERRENOUD, Philipe. Pedagogia diferenciada: das intenções à ação. Trad. Patrícia Chittoni
Ramos. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
SAVIANI, Demerval. A Nova Lei da Educação: trajetória, limites e perspectivas. Ed. Autores
Associados. 8 ed. São Paulo: Reformulada Campinas, 2003.
_________________. Da Nova LDB ao Novo Plano Nacional de Educação: Por uma Outra
Política Educacional. São Paulo: Atores associados, 1998.
Sites consultados:
MATRIZ CURRICULAR
MATRIZ CURRICULAR
MATRIZ CURRICULAR
MATRIZ CURRICULAR
MATRIZ CURRICULAR
MATRIZ CURRICULAR
MATRIZ CURRICULAR