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CURSO DE FUNDAÇÕES
VOLUME 2
Outubro 2002
APRESENTAÇÃO
Neste segundo volume de nosso CURSO DE FUNDAÇÔES são apresentadas as estacas mais
usualmente encontradas e utilizadas em nosso mercado.
Especial ênfase foi dada ao controle das estacas cravadas, através das negas e repiques medidos
durante a cravação e ao seu término.
Esta avaliação, usualmente feita através das denominadas fórmulas semi-empíricas, com base no
SPT, é mostrada em detalhe, com exemplos de aplicação, para os principais métodos existentes.
O denominado método dos coeficientes médios, desenvolvido pelo autor, é também mostrado.
O curso deverá ser complementado por um terceiro volume a ser editado em 2003.
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ÍNDICE
CAPÍTULO VI
FUNDAÇÕES EM ESTACAS
Aspectos executivos (equipamentos, processo e controles)
Pg
1- INTRODUÇÂO
1.1- Estacas de deslocamento 5
1.2- Estacas de não deslocamento 5
CAPÍTULO VII
FUNDAÇÕES EM ESTACAS
Dimensionamento geotécnico: capacidade de carga – carga admissível
Pg
1- INTRODUÇÃO 42
2- CAPACIDADE DE CARGA 42
3- CARGA ADMISSÍVEL 43
1 – INTRODUÇÃO
Estacas são fundações profundas, executadas por meio de equipamentos e processos apropriados,
específico, cada um deles, do tipo da estaca.
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FIGURA 1 – Perfuratrizes mecanizadas a trado
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2.1.5 - Dimensionamento
A carga admissível corresponderá à menor carga resultante da aplicação dos critérios geotécnico e
estrutural, conforme a seguir indicados:
Critério geotécnico: consiste em verificar a carga admissível sob o ponto de vista geotécnico, isto
é, a carga que será suportada pelo solo. Este cálculo é realizado, através de uma das fórmulas semi-
empíricas apresentadas no capítulo seguinte.
Critério estrutural: consiste em verificar a carga admissível sob o ponto de vista estrutural, (carga
nominal) isto é, como pilar sem flambagem.
Exemplo de aplicação
Calcular a carga nominal de uma estaca a trado φ 50cm armada com 6 φ 10mm (Sf =4,71cm2)
CA50 e executada com concreto fck ≥ 13 Mpa. Calcular a redução nesta carga se a estaca não for
armada.
Sc = π/4*(0.5)2 = 0.1963 m2 = 1963 cm2
fc = 0.85*130/(1.4*1.6) = 49 kg/cm2
Sf = 4,71 cm2
f'yk = 4200 kg/cm2
Qnom =1963*49 + 4,71*4200/1,15 = 108474 kg ≅109 t (estaca armada)
Sf = 0
Qnom =1963*49 = 96187 kg ≅ 96 t
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SONDA OU
PITEIRA
TUBO
Concreto
Revestiment Piteira Autoadensavel
fck ≥ 12MPa Funil
o
Remoção
revestimento
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FIGURA 4 – Cravação do revestimento e limpeza da piteira
A perfuração prossegue até a profundidade final prevista para a estaca, sendo o revestimento
cravado até onde necessário para impedir o desmoronamento das paredes laterais, bem como,
prover a guia da ferramenta de escavação (piteira).
A concretagem é então iniciada, logo após o término da escavação e após a limpeza do fundo de
maneira a remover toda água ou lama eventualmente presente.
Utiliza-se concreto fck ≥ 15Mpa, com consumo de cimento de não menos que 300kg/m3 e
consistência plástica (abatimento ≥ 12cm).
No caso de, ao final da perfuração, existir água no fundo do furo, não sendo possível sua remoção
através da piteira, utiliza-se inicialmente um concreto mais seco e, despreza-se a contribuição da
resistência de ponta, quando computando a capacidade de carga da estaca no seu dimensionamento
geotécnico.
A concretagem da estaca compreende o preenchimento da tubulação com concreto plástico e a
remoção dos tubos, cuidando-se para que após retirada de cada segmento do revestimento seja
processada a complementação do concreto dentro da tubulação.
Durante a puchada da tubulação, o operador acompanha com a mão no cabo que sustenta o pilão,
deixado sobre o topo da coluna de concreto, a tendencia de eventual subida do concreto junto com o
tubo (o pilão funciona neste momento como embolo). Caso alguma tendencia de subida do concreto
seja percebida pelo afrouxamento do cabo, a operação é imediatamente paralizada, e o concreto é
adensado por pancadas do pilão em seu topo, antes de se voltar a puchar a tubulação.
As estacas podem ser armadas quando necessário e a armadura, prevista com recobrimento mínimo
de 3 cm, deve permitir a livre passagem em seu interior do soquete ou pilão.
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2.2.2 – Diâmetros, comprimentos e cargas nominais mais comuns
A tabela a seguir apresenta os diâmetros e cargas nominais mais encontrados no mercado.
2.2.6 – Dimensionamento
O dimensionamento geotécnico será efetuado por uma das fórmulas semi-empíricas apresentadas no
capítulo seguinte.
O dimensionamento estrutural é análogo ao mostrado para as estacas a trado, adotando um
coeficiente de minoração da resistência do concreto (γc) de 1,8 e fck máximo de 15Mpa, sendo na
prática, adotadas as cargas nominais anteriormente referidas
Assim, a carga admissível será a menor entre a nominal e a obtida pelo critério geotécnico adotado.
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2.3 – ESTACAS TIPO RAIZ E MICRO ESTACAS
São estacas executadas por perfuratrizes, utilizando tubos de aço, dispondo de coroa de widia na
ponta, introduzidos por rotação e injeção d’água. A figura 5 a seguir mostra o equipamento usado.
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A concretagem é mantida até enchimento do tubo de perfuração e retorno de argamassa sã (sem
excesso d’água).
Inicia-se então a remoção do tubo de perfuração e, a cada tubo removido aplica-se pressão por meio
de ar comprimido (pressão limitada a cerca de 3 Kg/cm2), até que se constate vazamento da
argamassa por fora do tubo de perfuração.
Durante a remoção, após a aplicação da pressão, promove-se a complementação do nível da
argamassa dentro do tubo.
A figura 7 mostra perfuratriz executando estaca tipo raiz.
Nas micro estacas, usualmente executadas com diâmetro máximo de cerca de 15cm, a concretagem
é feita com calda de cimento (fator água / cimento aproximadamente 0,5 l / kg), utilizando tubo de
injeção dispondo de válvulas (manchetes). Após a injeção denominada primária ou de bainha, que
consiste no preenchimento do tubo de perfuração por calda, logo após a “pega” da calda (cerca de 8
a 12h), procede-se a injeção secundária através do tubo de injeção, em cada manchete, utilizando
obturador duplo (vedação abaixo e acima da manchete). Desta forma garante-se que a pressão da
injeção secundária seja mantida. Esta injeção é realizada com bomba capaz de elevadas pressões,
normalmente acima de 30 kg / cm2, necessárias para romper a bainha formada pela injeção
primária.. Esta característica, pressão mantida, e a utilização de calda, é o que distingue as micro
estacas das estacas raiz, onde a pressão apicada pelo ar comprimido não é mantida e a concretagem
é executada com argamassa.
Especial cuidado deve ser tomado, quando empregando micro estacas, atravessando solos de baixa
resistência, no que se refere à possibilidade de flambagem, face à esbeltez do fuste.
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FIGURA 7 – Perfuratriz executando estaca tipo raiz
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2.3.4 – Contra-indicações e desvantagens
Quando da ocorrência de camadas muito espessas de material de baixa resisência onde
exista possibilidade de flambagem.
Custo relativamente elevado quando comparado a soluções convencionais.
Elevado consumo de água e energia elétrica.
Necessidade do adequado tratamento (sedimentação) do grande volume da água de retorno
da perfuração, com elevado teor de solo em suspensão, antes de sua condução à rede de
escoamento, para evitar entupimentos na mesma.
2.3.6 – Dimensionamento
O dimensionamento geotécnico será efetuado por uma das fórmulas semi-empíricas apresentadas no
capítulo seguinte.
O dimensionamento estrutural para estacas utilizando aço com com resistência característica até 500
MPa e percentagem de aço em relação à seção da estaca de até 6% pode ser feito através da fórmula
a seguir proposta por Alonso (1993):
A tabela da figura 8 apresenta cargas máximas calculadas pela fórmula anteriormente proposta
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FIGURA 8 – Cargas estruturais admitidas em estacas raiz
Capacete
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2.4.1 – Processo executivo
Consiste na cravação, no subsolo, dos elementos da estaca, por meio de sucessivos golpes do pilão
do bate estacas, sobre a cabeça da estaca, protegida por capacete especial, que alem da função de
amortecimento do golpe, serve de fixação e guia da estaca, durante a cravação, prendendo-a à torre
do equipamento. Quando necessário, são executadas as emendas, por solda, entre dois elementos
sucessivos.
Nega – Denomina-se nega a penetração permanente de uma estaca para 1 golpe do martelo
de cravação.
Através das denominadas fórmulas dinâmicas pode-se estimar a nega que corresponderia a
uma dada capacidade de carga da estaca. A fórmula mais utilizada é a devida a Hiley,
apresentada a seguir:
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Qd = (ef * W * h) / ( s + c ) * (W + e2 P) / (W + P) onde
Tipo da estaca Capacete sem coxim de madeira Capacete com coxim de madeira
Aço 0,55 0,32
Concreto 0,40 0,25
A avaliação preliminar de c1, c2, c3 pode ser feita por:
c1 = a*Qd / Sc sendo
Sc = área da seção transversal do capacete (cm2)
Qd = capacidade dinâmica da estaca ( t )
a = parâmetro obtido da tabela a seguir
c1 = perda elástica no capacete (mm)
Qd = 2,5*Qadm sendo
Qadm = carga estática admissível na estaca
Cumpre registrar que a validade desta relação somente tem sentido como valor médio, pois a carga
estática admissível em função da carga dinâmica apresenta variação bastante extensa, o que torna o
valor médio pouco confiável. Assim uma estaca que apresente nega muito baixa, implica em Qd
muito elevado o que poderá, entretanto, não corresponder a um valor de Qadm também elevado,
como por exemplo quando a nega foi medida com a estaca apoiada em matacão, sob o qual ocorra
solo compressível. Neste caso a carga estática Qadm poderá ser muito baixa devido ao recalque
esperado.
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Exemplo de aplicação
Calcular a nega de cravação de uma estaca premoldada de concreto centrifugado Ø ext = 30cm,
Øint = 18cm, prevista com 12m, para carga de 40t, bate estacas de queda livre com martelo de
3500kg, altura de queda de 50cm, utilizando capacete Ø = 34cm, com coxim de madeira. Admitir
que a estaca irá trabalhar por atrito lateral e ponta.
Dados
Q = 40t
L = 12m
Ø ext = 30cm
Ø int = 18cm
W = 3,5 t
h = 0,5 m
Teremos
ef = 0,75
Qd = 2,5 * 40 = 100 t
e = 0,25
Se = π / 4 * ( 302 - 182 ) = 576 cm2
a = 18,1 mm*cm2 / t
Portanto
c1 = 18,1 * 100 / (π/4 * 342) = 2,0mm
c2 = 100000*0.75*1200/(576*250000) =0,625cm= 6,25mm
c3 = 2,5mm
c = 0,5 * (2,0+6,25+2,5) = 5,4mm
P = 12 * 0,0576 * 2,5 = 1,73t
s = [(0,75*3,5*0,5) / 100 * (3,5 + 0,252 *1,73) / (3,5+1,73)] - 0,0054 = 0,0091 - 0,0054 = 0,0037m
s = 3,7 mm por golpe ou 3,7cm para 10 golpes
Observação importante : caso a nega calculada seja negativa, significa que a energia disponível
(W*h) não é suficiente para a cravação da estaca.
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cravação
direção do
folha de papel pregada na
movimento
estaca
do lapis
estaca
lapis
cavalete
Superfície do terreno
VISTA FRONTAL VISTA LATERAL
GRÁFICO GERADO
Energia
Wh1
Wh2
Wh3
W h0
0 S3 S2 S1 Nega
Valor de c
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A validade da estimativa da carga admissível de uma estaca com base na nega e, vice versa, da nega
requerida para uma dada carga admissível mostra-se bastante questionavel devido aos fatores a
seguir indicados:
- A perda de energia para vencer os atritos internos do bate estacas é empiricamente fixada em
25% (ef = 0,75). Medições reais disponíveis em ensaios denominados provas de carga
dinâmicas (PDA) mostram que a perda real é muito variável e depende fundamentalmente de
cada equipamento.
- A relação entre a carga dinâmica estimada e a correspondente carga estática admissível é
extremamente variável, conforme já mencionado, sendo o valor de 2,5 indicado por Hiley,
meramente indicativo do valor médio real, dentro de um intervalo de variação muito amplo.
- Finalmente a nega de interesse, correspondendo, quase sempre, a uma elevada carga dinâmica
será de valor muito baixo o que impossibilita uma medida de precisão e, como seu valor
mostra-se, em cada situação específica, proporcional ao da carga dinâmica, esta também será
imprecisamente avaliada.
Assim, a estimativa da carga admissível das estacas, com base em suas negas de cravação, tem sido
utilizada muito mais como elemento de controle da cravação e não como um valor
determinístico.
Estacas cravadas com negas homogeneas revelam capacidades de carga também homogeneas o
que é desejável.
Na prática corrente de fundações se a nega prevista ocorre na profundidade estimada para a estaca,
por um dos processos estáticos, com base no SPT, revela-se mais um elemento de confirmação de
que a estaca possui capacidade de carga adequada. Em caso contrário serve como alerta de que
algum problema não previsto está interferindo e, em consequência deverá ser pesquisado e
analisado. Tal problema, em geral, refere-se a mudanças no solo não mostradas pelas sondagens
utilizadas, presença de obstáculos tais como pedras, etc. ou, mesmo quebra da estaca na cravação.
Repique elástico
Nelson Aoki, introduziu o conceito de repique elástico, que modernamente tem complementado o
controle dinâmico da cravação de estacas e, que não apresenta muitos dos incovenientes já
mencionados para as negas.
O repique elástico K é definido como
K = c2 + c3
c3 = 2,5mm,
c2 = K - c3
Sendo c2 a deformação elástica da estaca devida ao esforço Qd, pode-se escrever conforme lei de
Hook
c2 = (Qd * l) / ( Se * E) onde
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Qd = carga dinâmica atuante na estaca
l = comprimento elástico da estaca
Se= área da seção transversal da estaca
E = módulo de elasticidade do material da estaca.
A figura 12 ilustra o processo, onde os valores de atrito lateral, necessários ao cálculo do diagrama
de esforço normal podem ser obtidos pelo processos para determinação da capacidade de carga das
estacas com base no SPT.
estaca Qu
Diagrama de
esforço normal
na estaca Diagrama de
atrito lateral na
estaca
L
Qpu Qlu
Exemplo de aplicação 1
Para a mesma estaca do exemplo de aplicação anterior, (cálculo da nega) estimar qual deverá ser o
repique elástico.
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Solução
Dados
Q = 40t
L = 12m
Ø ext = 30cm
Ø int = 18cm
Portanto
Se = π / 4 * ( 302 - 182 ) = 576 cm2 = 0,0576 m2
Qd = 2,5 * 40 = 100 t
Admitindo
c3 = 2,5mm
E = 250000 kg/cm2 = 2,5 * 106 t/m2
Exemplo de aplicação 2
Em uma estaca premoldada de concreto de seção 40 x 40 cm, mediu-se com 12m de comprimento
um repique de 9mm e uma nega de 1,0mm por golpe de martelo de 4,0 t, com. altura de queda de 75
cm. Admitindo-se que a estaca trabalhe essencialmente por ponta, que o módulo de elasticidade de
seu concreto seja 220000 kg/cm2 e que se esteja utilizando capacete de seção 43 x 43 cm, pede-se
estimar através da nega e do repique sua carga admissível.
Solução
Dados
Se = 40 * 40 = 1600 cm2
Sc = 43 * 43 = 1849 cm2
L = 12 m
l = 1 * 12 = 12 m
K = 9 mm
s = 1,0 mm
E = 220000 kg/cm2
W = 4,0 t
h = 0,75 m = 750 mm
P = 0,16 * 12 * 2,5 = 4,8 t
Teremos
c2 = 9 – 2,5 = 7 mm = 0,65 cm ( admitiu-se c3 = 2,5 mm )
Qd = (0,65 * 1600 * 220000) / 1200 = 190666 kg ≅ 191t
Q = 191 / 2,5 ≅ 76 t ( Valor estimado pelo repique )
c1 = 18,1 * Qd / 1849 = 0,0098 Qd
c = 1/2 * ( 0,0098Qd + 7 + 2 ) = 0,0049Qd + 4,5 mm
2
Qd = (0,75 * 4 * 750) / (1,0 + 0,0049Qd +4,5) * (3 + 0,25 * 4,8) / (3 + 4,8)
Qd = 952 / (0,0049Qd + 5,5)
0,0049 Qd2 + 5,5 Qd - 952 = 0
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Qd ≅ 152 t
Q = 152 / 2,5 ≅ 61 t (Valor estimado pela nega)
2.4.6 – Dimensionamento
O dimensionamento geotécnico será efetuado por uma das fórmulas semi-empíricas apresentadas no
capítulo seguinte.
A carga nominal, no caso das estacas de concreto, é indicada pelo fabricante em seu catálogo,
função do concreto e armadura utilizados.
No caso de estacas de aço (perfis e trilhos) tem sido usual, na prática, adotar como carga nominal,
em toneladas, o mesmo valor que o peso do perfil ou trilho em kg/m. Esta consideração equivale a
adotar uma tensão admissível no aço de 800 kg/cm2, não se reduzindo a área da seção para levar em
conta a corrosão, conforme indicado na NBR6122.
São estacas moldadas no solo, executadas por bate estacas capazes de cravar no terreno tubo de aço
inteiriço, de parede grossa, com ponta fechada por bucha de brita e areia, através de golpes de um
pilão sobre esta bucha. As fotos da figura 13 mostram detalhes destes equipamentos
23
2.5.1 – Processo executivo
O processo executivo das estacas tipo Franki compreende a cravação de um tubo de aço inteiriço e
de parede grossa, possuindo a ponta fechada por “bucha seca” de brita e areia, através de golpes de
um pilão caindo sobre sobre esta bucha.
Atingida a profundidade prevista para a estaca o tubo é então preso ao sistema de tração do bate
estacas e a bucha é expulsa.
Em seguida, concreto muito seco, traço aproximadamente 1: 2: 4 em volume, com fator água /
cimento 0,2 l / kg é introduzido no tubo e uma base ou bulbo é alargada na ponta da estaca.
A armação é em seguida colocada e ancorada à base por meio de uma “contra base” e a
concretagem do fuste é iniciada com concreto de mesmo traço, um pouco mais úmido (fator água /
cimento 0,45 l / kg) que vai sendo apiloado, à medida em que o tubo vai sendo removido.
A figura 14 ilustra o processo exposto acima
24
As fotos das figuras 15 e 16 mostram detalhes do pilão, tubo e armação utilizada
Pilão
Tubo
25
A figura 17 apresenta características da armadura padrão usualmente empregada.
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2.5.2 – Aplicação e vantagens
O processo não é indicado somente para atravessar espessas camadas de solo mole saturado, onde o
controle da continuidade da concretagem do fuste da estaca pode não ser possível. Neste caso, uma
variante é, às vezes, empregada (estaca com fuste vibrado, também entre nós denominada mista).
Consiste em cravar o tubo e executar a base, como no processo padrão, fazendo o enchimento do
fuste com concreto plástico e empregando vibrador de parede acoplado ao tubo durante sua retirada
ou, mesmo, utilizando concreto auto-adensável , neste caso sem vibrador.
2.5.5 – Dimensionamento
O dimensionamento geotécnico será efetuado por uma das fórmulas semi-empíricas apresentadas no
capítulo seguinte.
As cargas nominais usualmente empregadas foram apresentadas no item 2.5.4
E = n*W*h onde
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E = Energia de cravação do tubo
n = número de golpes para cravação de 50 cm do tubo
W = peso do pilão
h = altura de queda do pilão
A cravação pode ser considerada concluída quando tendo sido alcançada a profundidade prevista
para a estaca se obtém, no mínimo em dois trechos consecutivos de 50cm do diagrama as energias
mínimas apresentadas na tabela a seguir:
s = nega
h = altura de queda
W = peso do pilão
P = peso do tubo
Q = carga na estaca
Sp = área da ponta (base)
Se = área do fuste da estaca
Sp = π * Rp2
Rp = raio da base considerada esférica
Rp =[(3*Vb) / (4*π)]1/3
Vb = volume da base da estaca
O peso do tubo pode ser estimado, conhecido seu comprimento e seu peso por metro, dado na tabela
a seguir:
Diâm. Estaca (mm) Peso tubo por metro (kg/m)
350 175
400 225
450 290
520 365
600 450
28
Exemplo de aplicação:
Estimar as negas para alturas de queda de 1,3 e 5m, para uma estaca de 520mm de diâmetro, a ser
cravada com tubo de 12m, com pilão de 3000kg, volume de base de 450 litros e carga de 130t.
Temos:
P = 12*365 = 4380 kg
W = 3000 kg
Vb = 450 l
Q = 130 t
Adotar na obra
Nega para 10 golpes de 1m - 2,1 cm
Nega para 1 golpe de 3 m - 6,3 mm
Nega para 1 golpe de 5 m - 10,5 mm
Diagrama de base: consiste em determinar a energia para injetar os últimos 150 litros de concreto
na base da estaca.
Esta energia corresponde ao nº de golpes do pilão multiplicado pela altura de queda (usualmente de
6m) e pelo peso do pilão.
Assim 20 golpes de um pilão de 3 t, caindo de 6m de altura corresponde a uma energia de 20x6x3 =
360 tm.
A NBR6122 exige que esta energia seja no mínimo de 500tm para estacas de diâmetro superior a
450mm e 250tm para estacas de diâmetro até 450mm.
Permite ainda que sejam adotados valores proporcionais, ou seja, para expulsar os últimos 75 litros
seriam, por exemplo, necessárias energias de 250tm. e 125tm. respectivamente.
Teoricamente esta energia mínima pode ser determinada pela fórmula proposta por Nordlund:
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Tipo de solo Valor de K
Pedregulho 9
Areia média a grossa 11
Areia fina a média 14
Areia grossa 18
Areia média 22
Areia fina 27
Areia muito fina 32
Silte com areia média a grossa 14
Silte com areia fina a média 17
Silte com areia fina 24
Argila rija a dura 20
Solo Residual 600/N ≤ 20
Exemplo de aplicação
Estimar o número mínimo de golpes necessário para injetar os últimos 150l de concreto em uma
base com volume total de 450l, em uma estaca tipo Franki φ 600mm, sabendo-se que a carga na
estaca é de 170t e mesma se encontra apoiada em camada de solo residual apresentando SPT = 20.
A base será executada com pilão de 3,25t caindo de altura de 6m
Dados:
Q = 170t
W = 3t
h = 6m
V = 150l
Vt = 450l
N = 20
K = 600/20 = 30 adotar 20
30
Controle do levantamento: consiste em controlar, através de nivelamento da ponta superior de um
dos ferros da armadura, eventual levantamento da mesma, indicativo de subida da estaca induzida
pela cravação de estacas próximas.
Recomenda-se, quando constatado levantamento, que estacas situadas num raio de 6 diâmetros em
torno de uma delas somente sejam cravadas no mínimo 24 horas após a concretagem dela e, que a
cravação seja conduzida de forma a não confinar local onde estacas ainda serão cravadas, por
exemplo como acontece quando se cravam estacas de um conjunto, da periferia para o centro. O
problema é especialmente grave quando a densidade de estacas é elevada e, principalmente quando
atravessando camadas pouco compressíveis de solo, ou camadas saturadas de solos de baixa
permeabilidade.
O levantamento causa, em geral, perda de capacidade de carga da estaca afetada, podendo mesmo,
como já constatado algumas vezes, provocar o seccionamento e a separação do fuste com a base.
Constitui tipo de estaca no qual o fuste é formado pela injeção, sob pressão, de concreto de elevado
abatimento (22±2cm), consumo mínimo de 400kg de cimento por m3, confeccionado com
agregado de diâmetro máximo igual à brita 0 ou pedrisco, através de tubo Ø4 a 5", sobre o qual
encontra-se montada hélice contínua e que foi previamente introduzida no terreno, tal como um
parafuso, através de equipamento especial, mostrado nas fotos das figuras 18 e 19 a seguir.
FIGURA 18 – Equipamento para execução de estacas tipo hélice contínua (porte médio)
31
FIGURA 19 – Equipamento para execução de estacas tipo hélice contínua (pequeno porte)
Para tal são necessários torques elevados e a introdução prossegue até o torque máximo admissível
no equipamento ser atingido. Neste momento se reduz a velocidade de avanço momentaneamente,
para aliviar o torque pela quebra do atrito lateral desenvolvido na interface trado-solo, soltando-se
em seguida a mesa que está sendo puxada pelo "aparafusamento", ocasião em que o torque volta a
subir com o aumento da velocidade de avanço. O processo prossegue pela repetição deste ciclo de
redução momentânea de velocidade e torque e, acréscimo subseqüente, até que a cota de paralisação
da estaca seja atingida.
Daí decorre uma primeira conclusão importante: quanto maior torque disponível no equipamento,
menos alívios serão necessários e, em conseqüência, menor o desconfinamento causado no terreno e
maior capacidade de carga terá a estaca.
Concluída a introdução do trado inicia-se a concretagem por meio de concreto especial bombeado
pelo tubo central, à medida que se vai removendo o trado sem rodar. Excepcionalmente, no caso do
trado ficar preso (em geral como conseqüência de desconfinamento na perfuração que permite a
volta do concreto pela interface trado-solo), permite-se girar em sentido contrário ao de perfuração
para soltar a ferramenta.
32
Durante a concretagem procura-se manter positiva a pressão de injeção e um sobreconsumo
(consumo de concreto acima do volume teórico) também positivo, em geral, no mínimo 10%.
Caso ocorra pressão negativa causada pelo abaixamento da coluna de concreto, não mais contínua
dentro do tubo, devido a concreto escapando pela interface solo-trado (desconfinamento na
perfuração ou solo lateral de muito baixa resistência), deve-se parar a remoção do trado, aguardando
a retomada de pressão positiva, mesmo que o sobreconsumo aumente muito.
Às vezes o concreto chega a sair na superfície do terreno, impedindo a retomada de pressão
positiva. Neste caso a remoção do trado deve ser bem lenta e o sobreconsumo muito elevado para
que se tenha garantia de não causar o seccionamento total ou parcial da seção da estaca,
principalmente em solos onde a parede da escavação não permanece estável.
È importante realçar que nas estacas hélice contínua o sobreconsumo não deve ser encarado como
desperdício, mas sim, como elemento de garantia do total preenchimento da estaca e, inerente ao
seu processo executivo.
Concluida a concretagem, que deve ser levada até a superfície do terreno, após remoção da terra aí
acumulada, proveniente da limpeza do trado à medida que vai sendo extraido, procede-se a
colocação da armadura necessária, que deve ser suficientemente rígida para permitir que seja
introduzida no concreto. O sucesso de tal operação depende fundamentalmente, além da rigidez da
armadura, da plasticidade do concreto e da rapidez com que se inicia a introdução, após término da
concretagem (usualmente no máximo cerca de 10 minutos). O formato da armadura (ponta
ligeiramente virada para dentro) e recobrimento de no mínimo 7,5 cm são, também, fatores
importantes. A introdução da armadura é usualmente feita empurrando-a manualmente e com o
auxílio da caçamba de uma retro-escavadeira, normalmente deixada à disposição e também
utilizada para a rápida remoção da terra anteriormente ao início da colocação da armadura.
33
Figura 21 – Colocação da armadura nas estacas tipo hélice contínua
3 voltas
Ferragem principal
(aço CA50 soldável)
Estribo em hélice
soldado externamente
(aço CA25)
2 voltas
3 voltas
34
2.6.2- Aplicação, vantagens e desvantagens:
É processado eletrônicamente através de sistema especificamente fornecido para tal e, cujo controle
central é exercido por computador existente na cabine da máquina (figura 23).
35
O controle compreende em monitorar e apresentar na tela do computador, “on line”, informações
sobre a perfuração e a concretagem da estaca, permitido ao operador altera-las conforme cada
circunstância específica.
Tais infomações versam, durante a perfuração, sendo disponíveis os valores atuais e suas variações
com a profundidade:
Velocidade de avanço
Torque desenvolvido
Velocidade de rotação
É ainda mantido controle da verticalidade da perfuração da estaca, através de sensor eletrônico,
processando-se as correções requeridas no prumo da torre sempre que necessário.
Durante a concretagem são disponíveis, também em valores atuais e com suas variações com a
profundidade, as seguintes informações:
Velocidade de extração do trado (velocidade de subida).
Pressão no concreto medida no sensor situado no início do tubo sifão colocado antes do
tubo de concretagem da ferramenta de perfuração, que permite monitorar a continuidade da
coluna de concreto.
Pode ainda ser observado:
Volume de concreto já bombeado (somente o valor instântaneo).
Valor do sobreconsumo atual
Gráfico indicativo da falta ou excesso de concreto em cada profundidade, relacionado ao
diâmetro teórico da estaca.
Todas estas informações, alem de disponíveis “on line”, permitindo a tomada de decisões na
operação, ficam gravadas em meio magnético, propiciando a posterior impressão de boletins da
estaca, contendo as informações sobre sua condições de execução. A figura 24 a seguir mostra um
destes boletins.
Figura 24 – Boletim
final de uma estaca
36
2.6.4 – Diâmetros usuais e cargas nominais
As cargas nominais são obtidas, conforme NBR 6122, como a a carga admissível em um pilar sem
flambagem:
Diâm.(cm) 30 40 50 60 70 80
Qadm. (t) 45 80 130 180 240 320
É efetuado, usualmente por uma das fórmulas semi-empíricas, baseadas no SPT e apresentadas no
capítulo seguinte.
São estacas que são escavadas através de perfuratrizes e ferramentas (trados e caçambas), nas quais
a estabilidade das paredes e fundo da escavação é propiciada pela lama bentonítica que preenche a
perfuração.
Estacões: são estacas circulares com diâmetro, em geral, variando de 0,60 a 2,00m
perfiradas por rotação.
“Barretes” ou estacas-diafragma: são estacas com seção transversal retangular ou
alongada, escavadas por meio de ferramenta especial denominada “clamshell”. São, em
geral, executadas em seções variáveis entre 40x250 cm, até 60x320cm.
37
c. Concretagem submersa através de tubo tremonha, com o concreto sendo introduzido na
estaca, de baixo para cima, expulsando a lama, que vai sendo bombeada de volta para os
tanques.
A lama deve ser preparada com bentonita sódica em pó e água, numa concentração variável entre
aproximadamente 3 e 8%, em misturadores de alta turbulência, necessitando, para obter máxima
hidratação da bentonita, dependendo da energia utilizada na mistura, tempo de descanso de até 24
horas.
Suas características, conforme indicações da NBR6122, deve situar-se entre os seguintes limites:
Densidade, determinada na balança de lama, 1,025 a 1,10 g/cm3.
Viscosidade, medida no funil de Marsh, 30 a 90 segundos.
pH, medido com papel para teste, 7 a 11.
“Cake” (película impermeável formada sobre superfícies porosas), medido no “Filter Press”,
1 a 2 mm de espessura.
Teor de areia, medido no “Barold Sand Content”, até 3%.
O concreto a ser utilizado deve apresentar:
Consumo de cimento mínimo de 400 kg/m3.
Abatimento (“slump”) de 20 ± 2 cm.
Diâmetro máximo do agregado não superior a 10% do diâmetro interno do tubo tremonha.
Agregado graudo com formas arredondadas, evitando-se formas lamelares.
Areia natural na proporção de 35 a 45% do peso total dos agregados.
Não utilizar pó de pedra
Utilizar fator água/cimento abaixo de 0,6 l/kg.
38
A figuras 26 mostra equipamentos para execução de “estacão” e estaca “barrete”.
39
2.7.2 – Aplicação, vantagens e desvantagens
O processo é especialmente indicado para cargas elevadas, ou, quando condições adversas do
subsolo tornam difícil ou anti-economico o emprego de outro tipo de fundação.
Com utilização de ferramentas especiais e/ou revestimento constituido por camisa de aço
recuperável, cravada previamente, ou introduzida concomitantemente com a perfuração, por meio
de entubadeira, pode-se executar estacas em qualquer condição, quer seja em local com presença de
lâmina dágua, matacões ou outras obstruções não ultrapassaveis por outros tipos de estacas, bem
como se consegue embutir a ponta da estaca em rocha.
Para cargas pequenas e médias o custo destas estacas não se mostra, em geral, competitivo.
2.7.3 – Controles
Após colocação da armadura inicia-se a concretagem que não deve sofrer interrupções, sendo o
concreto lançado pelos caminhões diretamente no funil disposto na extremidade superior do tubo
tremonha.
Antes do lançamento de cada caminhão deve-se verificar visualmente o aspecto do concreto e medir
o seu abatimento que deve atender as exigências da NBR6122 (20 ± 2 cm).
Durante a concretagem deve ser mantido rigoroso controle da subida do concreto dentro da estaca,
comparando-o com o teórico, para determinar o “overbreak”, bem como da posição da ponta do
tubo tremonha, mantida sempre imersa no concreto.
Qualquer anomalia ocorrida deve ser anotada para permitir a tomada de alguma decisão indicada
em função da anomalia.
As cargas nominais são obtidas, conforme NBR 6122, como a a carga admissível em um pilar sem
flambagem:
40
Sc = seção transversal da estaca
fc = tensão admissível no concreto = 0.85*fck/(1.4*1.8)
Sf = seção de aço utilizada
f'yk = tensão de escoamento do aço à compressão.
É efetuado, usualmente por uma das fórmulas semi-empíricas, baseadas no SPT e apresentadas noe
capítulo seguinte.
BIBLIOGRAFIA
41
CAPÍTULO VII
1- INTRODUÇÃO
Diversos autores tem procurado estabelecer modelos teóricos aplicáveis, destacando-se Prandtl
(1921), Reissner (1924), Caquot (1934), Buisman (1935), Terzagui (1943), Meyerhof (1951),
Berezantsev (1961) e uma das mais recentes, devida a um engenheiro brasileiro, Ricardo Salgado
(1993).
A resistência de uma fundação profunda sempre se manifesta por duas parcelas, uma devida ao
atrito lateral do solo adjacente e outra por resistência de ponta do solo subjacente.
Sabendo-se que as resistências do tipo passivas são sempre superiores às em repouso e, estas
também superiores às ativas, conclui-se que para uma mesma condição de solo, comprimento
e dimensão, as estacas cravadas apresentam maior capacidade de carga que as em repouso e
as escavadas.
Entretanto, se considerado do ponto de vista ecológico, isto é, com relação a ruídos, vibrações e
incômodos a vizinhos, a tendência é justamente a contrária.
Dentro de um mesmo tipo de estaca, cravada ou escavada, a capacidade de carga dependerá ainda
do processo executivo e dimensão (induzindo maior deslocamento ou desconfinamento) e, ainda
da natureza do solo (argiloso ou arenoso).
2 - CAPACIDADE DE CARGA
A capacidade de carga de uma fundação profunda, interpretada como a soma de uma resistência por
atrito lateral mais uma resistência de ponta é definida como a máxima carga que a fundação pode
suportar. Escreve-se:
A máxima carga que uma fundação profunda pode suportar corresponderá à sua carga de ruptura
física, assim entendida como a máxima carga para a qual não se consegue mais nenhum
incremento, com ocorrência contínua e incessante de deformações, ou analogamente ao já discutido
para as fundações diretas, uma resistência convencional definida por uma deformação não mais
julgada aceitável.
42
Costuma-se admitir esta deformação como sendo 10% do diâmetro da fundação, no caso de
cravada ou escavada em solos argilosos e, de até 30% no caso de fundações escavadas em solos
arenosos.
3 - CARGA ADMISSÍVEL
A carga admissível de uma fundação profunda segue os mesmos princípios já discutidos para
fundações diretas, ou seja, devem ser observados os critérios de ruptura e recalque
Sua determinação pode der feita também pêlos processos ditos teóricos, consistindo no cálculo, por
uma das fórmulas teóricas disponíveis, da capacidade de carga da fundação e de seu recalque, para
que através dos critérios acima mencionados de ruptura e recalque, possa ser estabelecida a carga
admissível.
Entretanto, na prática corrente, tem sido muito mais empregadas as denominadas fórmulas semi-
empíricas que permitem o cálculo direto da carga admissível, com base em correlações diversas
disponíveis, fruto da experiência acumulada no estudo do comportamento de várias fundações já
executadas, bem como, em provas de carga de comprovação.
Qu = Qlu + Qpu
Qadm = Qu / 2.5
43
Qlu = α l * λ l *p*L/(L-1)Σ ( fs* l )
fs = adesão solo-estaca
l = comprimento de estaca com adesão fs
Σ ( fs* l ) = soma dos valores do atrito lateral calculados ao longo do fuste da estaca
( q p ) med. acima = média dos valores q p calculada em um intervalo (8*dp) acima da ponta
da estaca
( q p ) med. abaixo = idem (3.5*dp) abaixo da ponta da estaca
Os valores de adesão fs e resistência de ponta qp foram ajustados por Velloso com base em dados
obtidos na área da Refinaria Duque de Caxias e Açominas, como a seguir:
TIPO DA ESTACA αl αp
Premoldada (concreto ou aço) 1,00 1,00
Franki 1,00 1,00
Hélice Contínua 0,85 0,50
Escavadas sem revestimento 0,50 0,50
Escavadas com revestimento ou lama 0,70 0,50
Raiz 0,90 0,50
TIPO DO CARREGAMENTO λl λp
Compressão 1,00 1,00
Tração 0,75 0,00
44
TIPO DO SOLO Cs(t/m2) C p (t/m2)
ARGS 0,63 25,00
ARGA 0,63 25,00
SAG 0,70 30,00
SAR 0,80 40,00
AREA 0,85 45,00
ARS 0,85 50,00
ARE 0,50 60,00
ARP 0,50 60,00
Exemplo de aplicação 1
Calcular a carga admissível à compressão, de um estaca tipo Franki, Ø600mm, com base alargada
com 450 litros, com 12m de comprimento, executada em local onde o subsolo seja representado
pela sondagem mostrada no perfil indicado na figura 27.
p = π * 0.6 = 1,88m
L = 12m
Vb = 0,45m3 = (4/3)*π*R3
dp = 2* [(3*0,45 / 4*π)]1/3 = 0.95m
sp = π * 0.952 / 4 = 0,709m2
αl = αp = 1,00
β = 1,016 - 0,016 * 95/3,6 = 0,59
λl = λp = 1,00
8*dp = 8*0,95 ≅ 8m
3,5*dp = 3,5*0,95≅3m
Qlu = 1*1*1,88*12/11[(2+2+3+5+4)*0,63 + (6+8+10)*0,8 + (12+15+15)*0,85] = 133 t
(Cp*N)med. acima = [(15+15+12)*50 + (10+8+6)*40 + (4+5)*25] / 8 = 410,6 t/m2
(Cp*N)med. abaixo =( 17 + 19 + 25 )*50 / 3= 1016,7 t/m2
Qpu = 1,0*0,59*[(410,6 + 1016,7) / 2]*0,709 = 299 t
Qu = 133+ 299 = 432 t
Qadm = 432 / 2,5 = 173 t
0
-1 2
.2 2
-3 3 Argila siltosa, muito mole a mole, marrom
-4 5
-5 4 NA
-6 6
-7 8 Silte arenoso, pco compacto, rosa - Solo Residual
-8 10
-9 12
-10 15
-11 15 Areia siltosa, medianamente compacta a muito
-12 17 compacta, amarela e branca
-13 19
-14 25 Solo Residual
-15 35
-16 45/20
-17 45/15
-18 45/10
Figura 27 – Perfil de sondagem do exemplo de aplicação 1
45
4.2 – FÓRMULA DE AOKI – VELLOSO
Nelson Aoki e Dirceu Velloso - 1975 - An approximate method to estimate the Bearing Capacity
of Piles - 5th Panamerican Conference on Soil Mechanics and Foundation Engineering -Buenos
Aires, Tomo I, pp 367-376.
Qu = Qlu + Qpu
Qadm = Qu / 2
qp=K*N
fs=α∗qp=α*K*N
TIPO DA ESTACA F1 F2
Premoldada (concreto ou aço) 1,75 3,50
Franki 2,50 5,00
Hélice Contínua 2,00 4,00
Escavadas sem revestimento 3,00 6,00
Escavadas com revestimento ou lama 3,00 5,00
Raiz 2,00 4,00
Exemplo de aplicação 2
Calcular a carga admissível da mesma estaca do exemplo 1, com base na mesma sondagem (figura
27), utilizando a fórmula de Aoki - Velloso
Qlu=1,88*12/(11*5)*[(0,04*22)*(2+2+3+5+4)+(0,022*55)*(6+8+10)+(0,02*80)*(12+15+15)]=45t
46
Qpu = 0,709 / 2,5 * 80*17 = 386 t
Qu = 45 + 386 = 431 t
Luciano Decourt e Renato Quaresma - 1978 - Capacidade de Carga de estacas a partir de valores
do SPT. - VI Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações - Rio de
Janeiro, pp 45-53
Luciano Decourt - 1982 - Prediction of the Bearing Capacity of the piles based exclusively on N
values of the SPT. - 2th European Symposium on Penetration Testing - Amsterdam, pp 19-34.
Qu = Qlu + Qpu
Qadm = (Qlu / 1.3) + (Qpu / 4)
fs = (β*N/3+β)
qp = α*K*N
TIPO DE ESTACA ARGS ARGA SAG SAR AREA ARS ARE ARP
α β α β α β α β α β α β α β α β
Prem.(concreto/aço) 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
Franki 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
Hélice Contínua 0,85 1,00 0,85 1,00 0,60 1,00 0,60 0,90 0,50 0,80 0,50 0,80 0,50 0,70 0,50 0,70
Esc. s/ revestimento 0,85 0,80 0,85 0,80 0,60 0,65 0,60 0,65 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50
Esc.c/ revest.ou lama 0,85 0,90 0,85 0,90 0,60 0,75 0,60 0,75 0,50 0,60 0,50 0,60 0,50 0,60 0,50 0,60
Raiz 0,85 1,30 0,85 1,30 0,60 1,20 0,60 1,20 0,50 1,10 0,50 1,10 0,50 1,00 0,50 1,00
A resistência de ponta deve ser calculada como a média entre o valor da ponta, um metro
acima e um metro abaixo.
Recomenda-se que se N for menor que 3 utilize-se 3 e, se for maior que 50, utilize-se 50.
47
Exemplo de aplicação 4
Calcular a carga admissível da mesma estaca do exemplo 1, com base na mesma sondagem
(figura27), utilizando a fórmula de Decourt - Quaresma
Qu = Qlu + Qpu
Qlu = p * L * fs
Qpu = sp * qp
fs = β * Ns medio
qp = 0.5 * [ (α * N ) med. acima + (α * N ) med. abaixo ]
48
Exemplo de aplicação 4
Calcular a carga admissível da mesma estaca do exemplo 1, com base na mesma sondagem (figura
27), utilizando a fórmula de Alberto H. Teixeira.
Urbano Rodrigues Alonso - 1996 - Estacas Hélice Contínua com monitoração eletrônica.
Previsãoda Capacidade de Carga através do ensaio SPTT. - 3º Seminário de Engenharia de
FundaçõesEspeciais e Geotecnia - São Paulo, Vol. II, pp 141-151.
Urbano Rodrigues Alonso - 1996 - Estimativa da adesão em estacas a partir do atrito lateral
medido com o torque no ensaio SPTT. - Revista Solos e Rochas da ABMS, vol. 19 nº1, pp 81-84.
Qu = Qlu + Qpu
Qadm = Qu / 2 ou Qadm = (Qlu / 0.8) , considerar o que for menor.
Qlu = 0.662 * p * L * fs
Qpu = sp * qp
fs = α * Ns medio
qp = 0.5 * [ (β * N ) med. acima + (β * N ) med. abaixo ]
49
Exemplo de aplicação 5
Calcular a carga admissível da mesma estaca do exemplo 1, com base na mesma sondagem(figura
27), utilizando a fórmula de Urbano R. Alonso.
No caso em que medições de torque forem disponíveis ( ensaio SPTT ) a fórmula de Alonso se
escreve:
fsmed = média das adesões fs ao longo do fuste da estaca (comprimento L), sendo
A resistência de ponta é calculada pela mesma relação já vista, em função do SPT, se não tiver
sido obtido o valor de Tmin .
(β* Tmin ) med. acima = média dos valores ( β* Tmin ) calculada em um intervalo (8*dp)
acima da ponta da estaca
( β * Tmin ) med. abaixo = idem (3.0*dp) abaixo da ponta da estaca
Exemplo de aplicação 6
Na sondagem da figura 28, calcular a carga admissível em estaca hélice contínua pela fórmula de
Alonso, utilizando os valores de SPT e Torque, para Ø = 80cm e L = 19m
50
N(SPT) Tmax (kgm)
0
-1 4 2
.2 7 6 Argila arenosa, pouco siltosa, mole, marrom (Aterro)
-3 8 8
-4 9 8 Argila siltosa, pouco arenosa, média, marrom
-5 10 9
-6 6 10
Silte argiloso, pouco arenoso, médio, amarelo. Solo residual
-7 6 12 NA
-8 9 18
-9 11 29
-10 11 24
-11 10 23
-12 9 23
Silte arenoso, (areia fina e média), medianamente compacto a
-13 10 22 muito compacto amarelo, rosa, cinza e branco
-14 9 17
-15 10 19 Solo residual
-16 12 23
-17 14 25
-18 15 26
-19 20 32
-20 40/25 40
51
dp = 80 cm
sp = 0,5 m2
p = 2,51 m
L = 19 m
8*dp = 8 * 0,8 ≅ 6 m
3,5*dp = 3,5 * 0,8 ≅ 3 m
4.6 - COMPARAÇÕES
A tabela a seguir permite comparar os diversos processos, com base no SPT, conforme calculados
nos exemplos de aplicação 1 a 5:
O autor estabeleceu uma fórmula denominada ''dos coeficientes médios'' correspondente a uma
avaliação média entre os diversos processos apresentados anteriormente
Qlu = p * L * fs onde
fs = adesão média ao longo do fuste da estaca
fs = Σ ( Cs * N ) / (L-1)
52
Cs = coeficientes médios de atrito lateral (tabela abaixo reproduzida)
Σ ( Cs * N ) = soma dos produtos ( Cs * N ) , computados ao longo do fuste da estaca.
Qpu = sp * qp
qp = 0.5 * [ (Cp * N ) med. acima + (Cp * N ) med. abaixo ]
Cp = coeficientes médios de ponta (tabela abaixo reproduzida)
(Cp* N ) med. acima = média dos valores (Cp* N ) calculada em um intervalo 5 dp
acima da ponta da estaca
(Cp * N ) med. abaixo = idem 5 dp abaixo da ponta da estaca
Exemplo de aplicação 7
Calcular a carga admissível da mesma estaca do exemplo 1, com base na mesma sondagem (figura
27), utilizando a fórmula dos Coeficientes Médios
53
4.9 - CÁLCULO INFORMATIZADO
BIBLIOGRAFIA
54