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O GUIA DO TÉCNICO

DE ÁUDIO DE IGREJA

O guia mais completo e didático para


técnicos gospel que você encontrará
ÍNDICE

Introdução....................................................................................03

Nível 01 - Olhando para o sistema de som.............................05

Nível 02 - Elevando o nível do som da minha igreja no palco:


Microfones e Acústica...............................................................16

Nível 03 - Aprofundando-se em áudio..................................25


INTRODUÇÃO

É um técnico começando? Assumiu a posição de técnico na


igreja e não sabe por onde começar? Já opera como técnico e
quer melhorar a qualidade do som na igreja? Você está no lugar
certo! O Guia do Técnico Gospel vai ajudar você a transformar a
experiência de liturgia na sua igreja, tirando suas dúvidas sobre
como começar no áudio e resolver os problemas mais comuns,
ajudando a obter conhecimentos técnicos e mostrando um
caminho de desenvolvimento pessoal.

Por que escrevemos este guia?


Este guia foi criado pensando exatamente nas
dificuldades que os técnicos de áudio de igreja
enfrentam na busca por conteúdo de confiança,
objetivo e compilado a respeito do mundo do áudio.

Para quem é este guia?


Este guia é voltado para os técnicos de áudio que
servem em suas igrejas (voluntários ou não) e que
buscam aprofundar seus conhecimentos a esse
respeito.

3
Quanto deste guia você deve ler?
Este guia irá abordar os principais pontos
que os técnicos de áudio de igrejas precisam
saber. Portanto, é extremamente importante a
leitura COMPLETA deste e-book, visto que as
informações irão se completando no decorrer.

Produção: Mundo da Música


Redação: Otávio Ricardo Góes (@o.goess)
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NÍVEL 1: OLHANDO PARA O
SISTEMA DE SOM

JOB DESCRIPTION: O PAPEL DO TÉCNICO DE SOM


Primeiramente, precisamos entender quem é o técnico de som.
Para isso, aconselho que você leia esta publicação.
Tendo como base a leitura indicada, quero abordar que o técnico
de som deve ser uma pessoa prevenida. E, para isso, estamos aqui
para ajudar você a resolver os principais problemas. Com isso, a
excelência só vai depender de você!

Alguns conceitos relevantes

Intensidade
É a força do som, o quão intenso esse som é.
Resumindo, o “volume”!

Timbre
É o que diferencia as fontes sonoras. Por meio dessas
características, conseguimos distinguir se é Maria ou
Clara quem está falando, e se é uma guitarra ou um
violão a tocar.

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Duração
É o quão duradouro um som é. Ex.: o som do violão
costuma ser mais duradouro se comparado ao som de
uma caixa de bateria.

Altura
Por meio deste conceito, identificamos se o som é mais
agudo (alto) ou mais grave (baixo). Essa característica
tem como origem a faixa de frequência que o ouvido
humano consegue compreender, entre 20Hz (mais
baixo/grave) e 20000Hz (mais alto/agudo).

Frequência
É a quantidade de repetições com que algo acontece.
No caso do áudio, quanto maior for a quantidade de
repetições, mais agudo é. Podendo ser de 20Hz a
20000Hz.

Fase
É o tempo em que o som sai da fonte sonora e chega
até a captação ou até nossos ouvidos.

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Polaridade
É o movimento da onda sonora, sendo positivos-
negativos (Compressão-Descompressão) ou negativos-
positivos (Descompressão-Compressão).

Compressão

Descompressão

Fonte: http://rrecording.blogspot.com/2011/06/fase.html

Nível de sinal
Existem 3 níveis de sinal: nível de microfone, nível
de linha e nível de potência. O nível de microfone é
o que a mesa de som está preparada para receber, é
um nível bem baixo. Nível de linha é o que trafega nas
saídas da mesa de som, apropriado para interligar os
equipamentos. O nível de potência é o nível de sinal
apropriado para excitar os alto falantes.

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O caminho entre a fonte sonora e o ouvido do fiel
(Fluxo de sinal / Signal Flow)

Microfone
O microfone é o equipamento responsável pela
transdução do som (gerado pela fonte sonora) em áudio
(som transformado em corrente elétrica).

Direct box
Um dos equipamentos extremamente importantes
nos sistemas de som. Ele é responsável por proteger e
balancear o sinal, tornando-os imunes a ruídos externos
e interferências eletromagnéticas. Outra função
extremamente importante do direct box é a adequação
do nível de sinal dos instrumentos a nível de microfone,
pois este é o nível adequado para conexão nas mesas
de som, sendo indispensável o uso do direct box na
conexão de todos os instrumentos e equipamentos de
áudio que são conectados ao multicabo e/ou à mesa de
som. Não é necessário o uso deste equipamento nos
microfones.

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Snake/Multicabo
Equipamento geralmente utilizado para interligação das
fontes sonoras com os pré-amplificadores das mesas
de som (consoles). Nada mais é que um cabo grosso
que possui, internamente, vários cabos balanceados
(abordaremos esse assunto detalhadamente em
seguida). A quantidade de pequenos cabos depende
das dimensões do multicabo (12 canais, 24 canais, 32
canais, 48 canais, etc).

Pré-amplificador
Pré-amplificador: Muitos o conhecem simplesmente
como “Ganho”. A maioria das entradas das mesas de
som (consoles) possui um pré-amplificador que está
aguardando por um nível de sinal de microfone (este
é um dos motivos do uso do Direct Box na conexão
de instrumentos). O pré-amplificador é responsável
por levar o nível do sinal ao ponto correto de trabalho
da mesa de som. Sendo, via de regra, 0dB nas mesas
analógicas e -18dB na maioria das mesas digitais.

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Dinâmicos
Alguns consoles possuem esse recurso, que é
subdividido, geralmente, em Gate/Expander e
Compressor. Responsáveis, como o próprio nome já diz,
pelo controle das dinâmicas do áudio.

Equalizador
É o recurso responsável pela regulagem de frequências
(Graves, médios e agudos. Geralmente, é utilizado para
obter um timbre a gosto ou fazer uma correção em
alguma(s) frequência(s).

Efeitos
Alguns consoles mais simples não possuem esse
recurso, no entanto, é bastante útil se utilizado da
forma certa e com educação. Pode ajudar e pode
atrapalhar em mesma medida.

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Saídas Auxiliares
São saídas a nível de linha que têm por objetivo
enviar o áudio, com regulagem independente, para
monitores (retornos), podendo ser utilizadas também
para transmissões ao vivo (inclusive, clique aqui para um
conteúdo detalhado), gravações, etc.

Fader
Esse componente é o responsável pelo controle de
volume, geralmente utilizado para o controle do nível
de saída das mesas de som que vai para as caixas
de som voltadas ao público (PA - Public Adress:
endereçamento ao público).

Master
Esta é a seção principal que controla o volume geral
de saída. Praticamente todas as saídas da mesa de som
possuem um controle master.

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Crossover
É aqui que é feita a divisão do áudio processado
na mesa de som e nos demais equipamentos de
processamento. Essa divisão é de extrema importância,
visto que o drive de compressão das caixas de som
não consegue reproduzir as frequências graves que
o Subwoofer reproduz, e vice-versa. Com isso, o
áudio precisa ser dividido por regiões de frequências
suportadas por cada componente da caixa de som.

Amplificação
O áudio que foi dividido anteriormente precisa ser
amplificado para fazer com que os componentes
das caixas de som o reproduzam. A potência de
amplificação correta depende exclusivamente do
sistema de som e do seu ambiente.

Transdução
Essa é a última etapa do processo, na qual o áudio
volta a ser som. É o inverso da função do microfone.
Essa etapa é realizada pelos falantes, sendo eles o
subwoofer, woofer, drivers e tweeters.

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LIGANDO O SISTEMA
O primeiro ponto a ser considerado quando pensamos na
parte elétrica é a integridade da rede elétrica. Não menos
importante, precisamos nos certificar sobre a segurança elétrica
dos equipamentos. É altamente recomendado que as tomadas
nas quais o sistema de som está ligado estejam devidamente
aterradas!

A respeito da sequência correta da ligação dos equipamentos,


o ideal é sempre ligá-los de acordo com o fluxo de sinal, sendo
respectivamente:

1.Mesa de som: certificar de que todos os canais de entrada estão


cortados (mutados) e os master faders devem estar abaixados;

2.Periféricos de acordo com o fluxo de sinal;

3.Amplificadores de potência ou caixas de som ativas.


É extremamente recomendada a utilização de protetores elétricos
para ligação elétrica de equipamentos de áudio em geral.

NO PALCO

Montando os microfones

Microfones com fio: NUNCA deixe seu microfone com fio (ou
qualquer microfone) cair no chão ou bater em alguma superfície,
pois pode ocorrer um dano desnecessário no equipamento. O uso
de conectores e cabos de boa qualidade também é extremamente
importante quando utilizamos microfones com fio, visto que uma
soldagem ruim ou uma conectorização ruim pode gerar ruídos e,

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até mesmo, a perda completa do sinal do microfone.

Microfones sem fio: A principal “lei” dos microfones sem fio é:


o receptor deve sempre ter visão direta ao microfone para que
se evite interferências no sinal. Juntamente com isso, uma dica
super importante é que o transmissor do microfone costuma ficar
localizado na parte inferior e não deve ter nenhum tipo de corpo
tampando-o, pois reduz a intensidade do sinal, podendo ocasionar
ruídos de fuga de frequência e/ou picotamento do sinal! Para
conexão do receptor à mesa, é de extrema importância utilizar
conexão balanceada.

NO CONSOLE

Preparando seu mix principal


A mix é, basicamente, o ajuste individual de cada canal para que
este se adeque da melhor forma possível ao conjunto de todos
os canais. É importante percebermos a mix como uma avenida
com diversas faixas. Quando se tem muitos carros na mesma
faixa, gera-se trânsito (bagunça). No entanto, quando esses carros
estão distribuídos nas diversas faixas, a fluidez do trânsito é muito
melhor. Portanto, olhe sua mix dessa forma, não sobrecarregue as
faixas de frequências, utilize o panorama para “abrir espaço” na
sua mix. Você também pode ler um conteúdo bem legal sobre mix
clicando aqui.

Mix dos monitores (Retornos)


Sobre a mix dos monitores de chão, o técnico precisa se atentar
primeiramente ao nível sonoro, visto que volume muito alto dos
monitores pode atrapalhar a mix do PA e, até mesmo, atrapalhar
a qualidade do som ouvido pelos cantores/músicos. Outro ponto

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importante é o cuidado que o técnico deve ter com a equalização
desses monitores a fim de evitar realimentações (microfonias),
mas, ao mesmo tempo, não mascarar o timbre real das fontes
sonoras (vozes e/ou instrumentos), para que o ministro não tenha
referência equivocada do seu som. Recomendo extremamente
a utilização de monitoração por fones de ouvido pelos músicos,
pois, assim, o volume do palco ficará mais baixo, facilitando a
monitoração daqueles integrantes que estão utilizando monitores
de chão.

Clique aqui para um conteúdo importante sobre mix de monitor.

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NÍVEL 2: ELEVANDO O NÍVEL
DO SOM DA MINHA IGREJA

NO PALCO: MICROFONES & ACÚSTICA

Que microfone usar?


Primeiramente, precisamos citar quais são as características mais
comuns dos microfones. Podemos caracterizá-los de acordo com
dois parâmetros:

1- Diagrama polar de captação: a forma como o microfone capta


o som ao seu redor.

Cardióide
Capta tudo que está diretamente à frente da cápsula e
rejeita o que está por trás.

Fonte: Shure

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Supercardióide
É mais direcional que os cardióides, captando
fundamentalmente os sons que estão diretamente à
frente, rejeitando sons das laterais, no entanto, capta
também fontes que estão diretamente atrás da cápsula
(180°); 30º

30º
-5

-10

60º -15
60º
-20

-25

90º 90º

120º 120º

150º 150º
180º

Fonte: Shure

Omnidirecionais
Captam tudo ao seu entorno (360°), é ideal para
medição de reflexões em salas, no entanto, nunca
utilizado em performances ao vivo. 0º
30º -5
30º
-10

60º -15
60º
-20

-25

90º 90º

120º 120º

150º 150º
180º

Fonte: Shure

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Bidirecionais
Este padrão capta tudo que está à frente e atrás mas
rejeita o que está dos lados.

30º -5
30º
-10

60º -15
60º
-20

-25

90º 90º

120º 120º

150º 150º
180º

Fonte: Shure

Shotgun
São microfones EXTREMAMENTE direcionais, captam
os sons frontais e rejeitam os sons laterais e traseiros.
São ideais para fazer captação de som de público em
alguma apresentação ao vivo, ou captação de ator
durante uma cena de novela, seu uso é versátil.

Fonte: http://fabiomazzeu.com/tipos-de-microfone/

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2- Tipos de microfone:

Dinâmicos
São os microfones mais versáteis
que existem e, portanto, utilizados
em cerca de 90% das aplicações ao
vivo. Podem estar na captação de
voz, bateria, guitarra, etc.
São bastante resistentes.

Condensadores
São microfones extremamente
sensíveis, utilizados principalmente
para captação de overheads da
bateria, vozes em estúdio, violão em
estúdio, etc.
Precisam de alimentação externa
por meio de Phantom Power (+48V)
disponível nas mesas de som.

Existem outros tipos de microfones, porém, são bastante raros na


sonorização da igreja.

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Para que direção apontar o microfone?
Para que o microfone tenha seu melhor rendimento, ele sempre
deve estar apontado com a cápsula “olhando” para a fonte sonora,
exceto se o objetivo for obter um resultado específico que precise
de um determinado posicionamento.

Outro ponto importante é considerarmos a eliminação de sons


indesejados à captação deste microfone. Por exemplo: caso esteja
microfonando uma voz e o cantor utiliza monitores de chão, é
importante posicionar a cápsula de frente para a boca da pessoa
e de costas para os monitores, a fim de minimizar a possibilidade
de realimentação (microfonia) e, também, a presença de sons
secundários naquele microfone.

No caso de microfonação de amplificador de guitarra, é preciso


considerar o timbre do falante do amplificador. Ao posicionar o
microfone mais ao centro do falante, obtém-se um timbre mais
médio/agudo. Já ao afastarmos para a borda, o timbre passa a ser
mais grave. Como é melhor? Teste e ouça!
Temos um artigo exclusivo sobre esse assunto, veja aqui

O quão próximo deixo o microfone?


Existe um fenômeno muito importante que os técnicos de áudio
precisam saber, e este é o Efeito de Proximidade.
Percebemos o efeito de proximidade quando aproxima-se, por
exemplo, o microfone à boca de um cantor e, ao ouvir o resultado,
percebe-se que soa mais grave e detalhado quando comparado
ao mesmo microfone posicionado da mesma forma, porém, mais
afastado.
Isso é bom ou ruim? A resposta é depende. Tudo isso pode ajudar
ou atrapalhar o timbre, a estrutura de ganho, a filtragem de
frequências, a equalização, compressão, etc.
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Como uma máxima, sempre que o microfone estiver próximo
da boca, obtém-se mais detalhes. No entanto, é possível obter
sobras de frequências graves que podem atrapalhar ou ajudar
a mix.
Temos um artigo exclusivo sobre esse assunto, veja aqui

Problemas acústicos de microfonação: cancelamento de fase


O assunto “cancelamento de fase” precisaria de um mês
de aulas intensas para ser destrinchado a fundo, mas,
basicamente, o cancelamento de ondas sonoras acontece
quando se tem duas ou mais ondas sonoras trafegando em
um mesmo ambiente. A interação entre essas ondas sonoras
pode causa somas ou cancelamentos, e esses cancelamentos
podem ser prejudiciais ou benéficos ao seu som.
Podem ser prejudiciais quando mascaram certas frequências
e, com isso, essas frequências deixam de ser escutadas em
sua plenitude. Ou podem ser benéficos quando, por exemplo,
utilizamos o cancelamento para tornar um determinado
som mais direcional, como é o caso do arranjo cardióide de
subwoofer.
Incoming Vibration

Cancellation Signal
Amplitude
Amblitude

Incoming Vibration and Cancellation Signal Transposed

Time

Fonte:https://www.avmakers.com.br/blog/cancelamento-de-fase-o-que-afeta-no-audio/

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Quantos microfones eu deveria usar?

Violões e outros instrumentos


Para violão ao vivo, não costuma-se utilizar microfone. Utiliza-
se o instrumento em linha (cabeado).
Piano
Em piano, costuma-se utilizar ao menos dois microfones para
captação. Estes devem ser posicionados separando o piano ao
meio (oitavas baixas e oitavas altas). Indicamos a utilização de
microfones condensadores de cápsula grande.

Bateria
Para bateria, costuma-se microfonar da seguinte forma: 1 bumbo,
2 caixa (caixa e esteira), 1 a cada tom, 1 a cada bumbo, 1 chimbal,
2 overheads (captação geral da bateria).

Coros
Os coros costumam ser microfonados por naipes (baixo, tenor,
contralto e soprano). A quantidade de microfones vai depender do
tamanho do coro. No entanto, indico a utilização de, ao menos,
um microfone por naipe, sendo este microfone condensador de
cápsula pequena.

Pastor ou padre
Um microfone dinâmico cardióide, a fim de melhor captar a voz e
eliminar sons indesejados.

A regra de ouro para microfonação


Cuidado com a integridade física dos seus microfones;
Para cantores e pastores, utilize o microfone próximo à boca.
Indicamos distância de, aproximadamente, 5 centímetros;

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Sempre que possível, utilize microfones com fio por conta da
qualidade sonora e integridade do sinal.

Microfone com fio X Microfone sem fio


Sempre indicamos microfones com fio para qualquer situação,
baseados na qualidade sonora e na integridade do sinal.
Utilize microfones sem fio apenas em casos de extrema
necessidade, quando o usuário precise de mobilidade. Nesses
casos, não economize no equipamento.
Ao comprar microfones sem fio, preste atenção à frequência de
transmissão, certifique-se de que não estejam dentro da faixa de
frequências destinada ao 4G.

NO CONSOLE: MIXAGEM E PROCESSAMENTO

O que é uma mix?


A mix é o processo pelo qual todo o áudio é misturado e
processado para uma devida finalidade, seja ela livemix (mixagem
ao vivo), Broadcast Mix (mixagem para transmissão ao vivo),
mixagem de uma gravação, etc.
Para isso, precisamos revisar alguns conceitos relacionados a isso:

Equilíbrio: uma mix precisa ter equilíbrio entre suas fontes


sonoras. Esse equilíbrio é dado de acordo com o estilo musical
que está sendo tocado. Portanto, é sempre importante ouvir
referências do som. Exemplo: no Pop Contemporâneo (alguns
conhecem como worship) a mix costuma mostrar mais as
guitarras, pads, bateria. Já a voz fica mais colada nos instrumentos,
sem tanto destaque, mas, ao mesmo tempo, aparecendo com
definição.

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Tom: O tom, pode não parecer, mas traz uma informação
importante. Na harmonia musical, os tons menores costumam
passar uma sensação de tristeza, introspecção. Será que essa
sensação combina com um som de bateria bastante destacado?
Pode ser que não. Mas, lembre-se: isso não é uma regra, portanto,
atente-se à sensação que a música passa e interprete-a na sua
mix.

Reverberação/Ambiência: A ambiência do local pode ajudar


muito no trabalho dos técnicos de áudio, porém, também pode
atrapalhar muito. Devemos sempre buscar usá-la ao nosso favor
quando possível, ou evitá-la quando não for satisfatória. Como
evitá-la? Não se esqueça da frase: “problemas acústicos se
resolvem com soluções acústicas”. Isso quer dizer que problemas
acústicos como reverberações só podem ser resolvidos por meio
de soluções acústicas, como tratamento acústico. Para isso,
recomendamos que seja feito por profissionais.
Porém, estamos falando de mix, então, como lidar com a
reverberação que é prejudicial? Para amenizarmos esse problema,
devemos trabalhar com o mínimo de intensidade sonora (volume)
possível, e posicionar todas as caixas de som de forma a evitar
com que o som seja direcionado a superfícies reflexivas - sempre
focando em direcionar as caixas para o público!

Níveis de sinais desiguais/Compressores: Para uma mix ser bem


feita, o primeiro passo é a chamada estrutura de ganho. Como o
assunto é avançado e profundo, recomendamos que você veja
este vídeo de Pedro Boechat.

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NÍVEL 3: APROFUNDANDO-SE
EM ÁUDIO

TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE MESAS DE


SOM

CONSOLES

Canais de input
Aqui estão as entradas da mesa de som. Costumam utilizar
conectores do tipo XLR balanceados e/ou P10 balanceado (TRS).

Canais de output
Estas são as saídas de áudio da mesa de som, podem ser saídas
auxiliares, saída master, saída de gravação, digital, etc.

Sessão master
É a sessão que controla o “geral” de determinada mandada de
sinal, podendo ser volume geral, processamento geral, efeito geral,
etc. Essa sessão pode ser de auxiliares, mandada para o P.A., para
gravação, etc.

Consoles digitais
Fizemos este artigo supercompleto que explica melhor sobre as
mesas de som digitais.

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CONEXÕES NA MESA DE SOM

Compressores e gates
Estes também são conhecidos como dinâmicos e, pelo próprio
nome, são responsáveis por controlar a dinâmica do som.
O gate é como se fosse um portão que se fecha quando abaixo
de um determinado ponto (Threshold) pré-configurado e se abre
a partir desse ponto, liberando a passagem do áudio. É muito
utilizado para eliminar ruídos indesejados e, em alguns casos, evita
a realimentação (microfonia).
O compressor é responsável por diminuir os níveis mais altos do
áudio em uma certa proporção chamada de Ratio, e atua a partir
de um determinado ponto chamado de Threshold.

Reverb e efeitos
Existe uma infinidade de efeitos, porém, os mais utilizados em
mesas de som para mixagem ao vivo são os reverbs e delays.
O reverb gera um efeito “molhado” ao som, trazendo a sensação
de profundidade, de uma sala grande ou menor. Os reverbs mais
comuns são o Hall (simula grandes salas como salas de concerto),
o Room (simula pequenas salas como a sala de um estúdio) e
o Plate (este não simula uma sala, mas o reverb de uma placa
metálica específica).

Conexões de console digital


Possuem conexões analógicas (XLR, TS e TRS, RCA), mas também
possuem conexões digitais feitas por USB (podendo ser utilizadas
para envio de áudio multipista para uma DAW). Pode ser via
conector RJ45 (conhecido como cabo de rede), que pode enviar
o áudio via protocolo AES-EBU, AES50, Dante, IP, etc., podendo
interligar equipamentos de áudio digitais e, até mesmo, com a
rede.

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Amplificadores
Os amplificadores se conectam à mesa de som por meio das saídas
master, podendo também ser conectados à saídas de subgrupo. É
extremamente importante a utilização de amplificadores corretos
ao seu ambiente para evitar distorções ou falta de pressão sonora.

EQUALIZADORES

Equalizador paramétrico
(Parametric EQ)
Possui controle de Ganho,
Frequência e Q (Largura de
banda)

Equalizador Semi-Paramétrico (Semi


Parametric EQ)
neste tipo de equalizador, há apenas
controle de ganho e frequência, sendo
o Q fixo.

Fonte: https://www.avmakers.com.br/blog/tag/semi-parametrico/

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Equalizador gráfico (Graphic EQ)
Este tipo de equalizador possui
as frequências e o Q fixos, sendo
possível ajustar apenas o ganho. Fonte https://warpsound.com.br/o-que-e-equalizador-e-quais-sao-os-seus-tipos-
saiba-tudo-sobre-equalizadores/

FILTROS

Filtro Passa Alta (High Pass


Filter) ou Corta Baixa (Low Cut)
Esse tipo de filtro elimina as
frequências graves a partir
da frequência escolhida pelo
técnico. Fonte https://www.sweetwater.com/insync/what-is-a-highpass-filter-when-should-
i-use-it/

Filtro passa baixa (Low Pass


Filter) ou corta altas (High Cut)
Esse tipo de filtro elimina as
frequências agudas a partir
da frequência escolhida pelo
técnico.

Como usar um equalizador


O equalizador deve ser utilizado para corrigir frequências e
“posicionar” a fonte sonora na mix. Para isso, aqui está um link
importante sobre faixas de frequências, clique aqui.

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ACÚSTICA DO AMBIENTE

FUNDAMENTOS DE ÁUDIO

Onda de som
No áudio, costumamos utilizar a senóide para exemplificar os
diversos conceitos envolvidos. São eles: a frequência, amplitude
(no áudio, medido como tensão V ou mV), fase, polaridade. Todos
esses conceitos já abordamos anteriormente.

Audição humana
O ouvido humano, em sua plenitude, tem a capacidade de ouvir
entre 20Hz e 20000Hz, porém, essa capacidade é diminuída de
acordo com os costumes da pessoa e sua idade.

Percepção de direção
Para este assunto, escolhemos um artigo da UFRGS para embasá-
los da melhor forma possível. Clique aqui.

Diferentes tipos de medição de dBs


Este é um assunto bastante extenso, complexo e importante,
portanto, segue o link para estudo mais aprofundado.

Ferramentas para medir SPL e nível de sinal


É importante medirmos o nível sonoro do ambiente que estamos
sonorizando, por motivos jurídicos, inclusive. Para isso, devemos
utilizar um sonômetro (decibelímetro). Esse aparelho mede o nível
de pressão sonora (SPL) do ambiente. Lembramos que estarmos
expostos a sons muito altos por um determinado período de
tempo, pode causar a surdez - sem contar que, dependendo do
local, podemos receber um processo jurídico.

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CABOS

Cabos desbalanceados
É um cabo que só possui dois condutores (o de sinal e a malha)
e, geralmente, é utilizado com conector P10 desbalanceado (TS)
ou RCA. Cabo desbalanceado é muito utilizado nas conexões
de guitarra com o pedalboard/pedaleira, contrabaixo com
amplificador, etc. Alguns utilizam cabos desbalanceados para a
conexão de microfones/instrumentos à mesa de som, atitude
extremamente equivocada, pois essa conexão é muito suscetível a
ruídos (chiados).

Tenho certeza de que, se você faz isso, provavelmente conectou


seu instrumento diretamente na mesa de som, outra atitude
equivocada que pode causar a queima da entrada da mesa de
som. O pré-amplificador da mesa é feito para receber nível de
sinal de microfone e, para isso, possui impedância adequada ao
sinal de microfone. Quando um instrumento, por exemplo, é
conectado diretamente à mesa de som, está enviando um nível
de sinal diferente do recomendado (e não adianta só abaixar o
volume).
O correto para essa ligação é a utilização de um equipamento
chamado DIRECT BOX (DI), que torna a conexão balanceada e,
também, adéqua o sinal recebido ao nível de microfone.

Fonte de Sinal Entrada

Saída
Sinal Ruído

Fio Desbalanceado

30
Cabos desbalanceados
Cabos balanceados possuem 3 condutores: sinal +, sinal - e malha.
São utilizados com conectores XLR (Canon) e/ou P10 balanceado
(TRS). Cabos balanceados são os ideais para utilização em
conexões de longa distância, porque têm como propriedade ser
imunes a ruídos. Conexões balanceadas foram desenvolvidas com
o intuito de eliminar ruídos na conexão e, por isso, devem sempre
ser utilizadas. É importante destacar que, para uma conexão ser
balanceada, não basta apenas o cabo ser balanceado, todos os
pontos da conexão também devem ser.

As mesas de som costumam ter suas entradas balanceadas. Se


o cabo utilizado for balanceado, só faltará a saída da sua fonte
de áudio ser balanceada. Instrumentos costumam não ter as
saídas balanceadas e, para torná-las balanceadas, é necessária a
utilização do já mencionado DIRECT BOX (DI), que torna um sinal
desbalanceado em balanceado e, por consequência, com que sua
conexão se torne balanceada.

Fonte de Sinal Entrada

Sinal +
+
Ruído
Saída
-
Sinal -

Fio Balanceado

Fonte: https://proaudiosp.com.br/qual-e-a-diferenca-entre-cabo-balanceado-e-desbalanceado/noticias/neimar-pro-audio/

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Insert
Algumas mesas de som analógicas têm a opção de inserirmos
dinâmicos, efeitos, equalizadores externos ou qualquer outro
equipamento de processamento de áudio de forma externa a cada
canal individualmente. Para isso, devemos utilizar uma conexão
denominada “insert” na mesa de som. Esse tipo de conexão possui

Fonte:https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcRlzraEZJOxMaMNQIlTt3JOBymH9SE-eKkTkbN201V3tPoaFBMb&usqp=CAU

uma característica especial em relação às outras conexões.


A conexão insert da mesa de som envia e recebe sinal, sendo
necessária a utilização de um conector do tipo P10 Estéreo (TRS)
juntamente com um cabo de 3 vias e, do outro lado, 2 conectores
P10 Mono (TS).
A conexão de envio (Send) de sinal ao equipamento externo
é feita pelo tip (ponta) do conector e a volta (Return) do áudio
processado é feita por meio do ring (anel central) do conector
que será plugado na mesa de som. Do outro lado do cabo,
deverão existir 2 conectores, sendo 1 assumindo papel de Send
e outro de Return. O conector Send é o que envia o áudio para
o equipamento externo, e deve ser conectado ao input do
equipamento. O conector Return é o que estará recebendo o
áudio processado e enviará de volta à mesa de som, e deverá ser
conectado à saída output do equipamento processando o áudio.

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Reprodutores de mídia (DVD, computador, blu-ray)
A maneira mais simples e segura de conectar os reprodutores de
mídia ao sistema de som é por meio de uma conexão estéreo e
balanceada. Para isso, são necessários 2 cabos mono, sendo 1
cabo para esquerda (L) e outro para direita (R). Cada um desses
cabos deverá passar Direct Box a fim de balancear o sinal, e enviar
através de cabo balanceado para a mesa de som. Entrarão 2 cabos
na mesa de som, sendo um cabo responsável pelo lado esquerdo
do som e outro cabo responsável pelo lado direito. No console,
será necessário utilizar o recurso de panorama (pan) de cada canal:
lado esquerdo pan para esquerda, lado direito pan para direita;

Cabos de áudio óptico


São feitos de fibra óptica e transmitem o áudio através da luz.
Esse tipo é muito utilizado em conexão de televisão à set top box.

Cabos de alto falantes


São cabos adequados à alta potência. Para isso, esse tipo de cabo
precisa ser mais robusto, calculado de acordo com a potência do
amplificador.
ATENÇÃO! Em hipótese alguma conecte a saída de amplificador
ao multicabo. Há a possibilidade deste superaquecer devido à
bitola do condutor, e pegar fogo!

Multicabo
Também conhecido como medusa, espaguete, banheira e outros
diversos nomes, tem por objetivo concentrar os cabos de áudio
em um único cabo. Lembrando que, no multicabo, não se deve

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trafegar sinais provenientes de amplificadores.

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CONCLUSÃO

Sim, a gente sabe que são muitos detalhes, nomes e aplicação de


física e matemática que, talvez, você não estivesse esperando.
Talvez, essa seja a beleza da profissão de técnico de áudio: o
complexo se tornando algo tão bonito, como a propagação de
mensagem ou a música, é claro.
Este é um guia introdutório para quem está começando no áudio
da igreja. E, para ilustrar ainda mais o assunto, finalizamos com
uma dica especial de post: 10 características para ser um bom
técnico de som de igreja.

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