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Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão

PJe - Processo Judicial Eletrônico

21/08/2021

Número: 0812162-83.2021.8.10.0040
Classe: AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE
Órgão julgador: Central de Inquérito e Custódia de Imperatriz
Última distribuição : 16/08/2021
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Furto
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
10ª Delegacia Regional de Imperatriz (AUTORIDADE)
BRIAN LEONARDO TOMAS BUENO (FLAGRANTEADO)
Ministério Público do Estado do Maranhão (TERCEIRO
INTERESSADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
51203 20/08/2021 18:39 Decisão Decisão
038
ESTADO DO MARANHÃO
PODER JUDICIÁRIO

CENTRAL DE INQUÉRITOS E CUSTÓDIA DA COMARCA DE IMPERATRIZ/MA

Fórum Henrique De La Roque - Rua Rui Barbosa, s/nº, Centro, CEP 65.900-440, Imperatriz/MA

Telefone: (99) 3529-2023 / E-mail: centralcustodia_itz@tjma.jus.br

Processo nº 0812162-83.2021.8.10.0040

[Furto ]

AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE (280)

REQUERENTE: 10ª Delegacia Regional de Imperatriz

REQUERIDO: BRIAN LEONARDO TOMAS BUENO

DECISÃO

Cuida-se de AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE lavrado em desfavor de BRIAN LEONARDO


TOMAS BUENO, qualificado nos autos, pela prática da conduta descrita no art. 157, caput, c/c o
art. 14, II, do Código de Penal Brasileiro, ocorrido no dia 15/08/2021, nesta cidade.

Realizada a audiência de custódia, no dia 16/08/2021, foi homologada a prisão em flagrante, e foi
decretada a prisão preventiva do autuado apenas a fim de viabilizar a sua identificação civil e
criminal (ID 50845338).

Foram juntados aos autos documentos que comprovam a realização da identificação do autuado.

É o relatório. Decido.

Consta dos autos que Brian Bueno foi preso em flagrante delito sob a acusação de ter tentado
subtrair, mediante o uso de violência, objetos pertencentes a transeuntes, configurando o crime
de roubo, prescrito no art. 157, caput, do Código Penal.

Em audiência de custódia, verificou-se que o crime é desprovido de gravidade em concreto, já


que não há relato de que o autor tenha empregado no crime arma ou praticado violência física
contra as vítimas. Além disso, o réu é tecnicamente primário e indicou o local onde habitualmente

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exerce atividades laborais e o endereço da residência de amigos, onde poderia ser localizado e
intimado dos atos do processo.

Nesse contexto, não se justificava a decretação da prisão cautelar do investigado senão para fins
de identificação criminal, porquanto Brian Bueno é cidadão estrangeiro, de nacionalidade
argentina, e não possuía nenhum documento que pudesse assegurar a sua identificação
adequada, nem mesmo passaporte. Assim é que, a despeito da ausência do periculum libertatis,
decretou-se a prisão provisória do réu até que fossem efetuados os procedimentos de
identificação.

Nos termos do art. 313, § 1º, do CPP, é cabível a decretação da prisão preventiva quando houver
dúvida quando não houver elementos suficientes para esclarecer a identidade da pessoa, in
verbis:

§ 1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa
ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado
imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da
medida.

Como se depreende da parte final do dispositivo, o preso deve ser imediatamente colocado em
liberdade tão logo seja realizada a sua identificação. Dessa forma, os documentos juntados pela
Polícia Civil, que procedeu à identificação criminal do réu (ID 50978259), bem como os
documentos encaminhados a este juízo pelo Consulado da Argentina em Recife (ID 51166983),
demonstram a devida identificação criminal e civil de Brian, cujo nome civil e outros dados
pessoais informados por ocasião de sua prisão correspondem aos registros oficiais, sendo o caso
se determinar a sua imediata soltura.

Portanto, entendo que, neste caso, para vincular o autuado ao processo, bem como com o fito de
coibir eventuais condutas delitivas, é suficiente e adequada ao caso, servindo de medida
fiscalizatória e assecuratória, a aplicação de medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP.

Ante o exposto, CONCEDO LIBERDADE PROVISÓRIA A BRIAN LEONARDO TOMAS BUENO


, sem fiança, condicionada às seguintes medidas cautelares:

a) obrigação de acostar aos autos, no prazo máximo de 05 dias após a sua soltura, indicação
precisa do endereço do amigo onde poderá ser intimado, o que pode ser feito na Secretaria
Judicial deste Juízo, de segunda-feira a sexta-feira, das 08h00 às 12h00min, ou através da
Defensoria Pública Estadual ou advogado, a fim de que acostem os documentos aos autos
eletrônicos.

b) obrigação de informar este Juízo sempre que mudar de endereço;

c) obrigação de requerer autorização judicial para ausentar-se da comarca;

d) obrigação de comparecer em Juízo, sempre que intimado;

e) recolhimento domiciliar noturno, das 20h00min às 06h00min;

Fica o autuado ADVERTIDO que o desatendimento das medidas impostas acarretará na a


decretação de sua prisão preventiva.

Encaminhe-se cópia desta decisão à autoridade policial competente, para que tome ciência da

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presente decisão, bem como observe o prazo para conclusão das investigações.

Solicite-se ao Delegado de Polícia, considerando a implantação do Processo Judicial


Eletrônico, até que os Delegados de Polícia efetivem o cadastro junto ao PJE e regularizem os
tokens, que sejam os inquéritos policiais e demais procedimentos encaminhados digitalizados a
este Juízo, para inserção no sistema eletrônico.

Intimem-se o Ministério Público Estadual e a Defesa.


Determino o acautelamento dos autos na Secretaria Judicial, aguardando a remessa do
respectivo Inquérito Policial.
Transcorrido o prazo in albis, determino desde logo a expedição de ofício à autoridade policial
competente, requisitando no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a remessa do Inquérito Policial
respectivo, sob pena de responsabilidade.
Sem manifestação, dê-se vista dos autos ao Ministério Público Estadual atuando perante a
Central de Inquéritos para manifestação e requerimentos que entender pertinentes.
Com a chegada da peça investigativa, havendo relatório final, seja com pedido de
arquivamento, indiciamento ou não indiciamento, REDISTRIBUA-SE.
Deverá a Secretaria Judicial quando do envio dos autos à Distribuição providenciar a juntada aos
autos de petições e expedientes eventualmente pendentes.
Havendo pedido de diligências ou dilação de prazo, bem como considerando o art. 1º, §1º, do
Provimento 50/2019, que estabelece a tramitação direta dos inquéritos policiais entre Delegacia
de Polícia e Ministério Público Estadual, todavia, considerando a impossibilidade no Sistema PJE
de lançar a movimentação Tramitação Direta, encaminhem-se os autos com VISTA AO
MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL, para manifestação e, se o caso de concessão de prazo,
estabelecer o prazo em que a autoridade policial deverá devolver o Inquérito Policial.
Manifestando-se o Ministério Público Estadual pela dilação de prazo, ENCAMINHE-SE OS
AUTOS À DELEGACIA DE POLÍCIA para conclusão das investigações, devendo o prazo ser
fiscalizado, nos termos do Provimento 50/2019, pelo Ministério Público Estadual, que poderá
requisitar a peça investigativa.

SERVE A PRESENTE DECISÃO DE ALVARÁ DE SOLTURA e TERMO DE


COMPROMISSO/MANDADO JUDICIAL, devendo ser encaminhado via MALOTE DIGITAL à
UNIDADE PRISIONAL, na forma determinada no provimento 24/2016 da CGJ/MA e art. 1º da
Resolução 108/2010 do Conselho Nacional de Justiça, que estabelece o prazo máximo de 24
horas para cumprimento do alvará de soltura.
Decorrido 24 horas da expedição do envio do alvará, deverá a Secretaria entrar em contato com
a Unidade Prisional, caso ainda não tenha sido informado a este Juízo, solicitando informações,
por meio de Ofício, quanto ao cumprimento do alvará de soltura, certificando todos os atos no
processo.

Ressalte-se, ainda, que o não cumprimento do alvará de soltura em 24 horas é conduta que se
amolda aos tipos penais previstos no art. 330 do Código Penal Brasileiro e art. 12, parágrafo
único, inciso IV, da Lei 13.869/2019, se tratando de garantia constitucional, sobretudo do princípio
da dignidade da pessoa humana, o cumprimento de alvará de soltura, no prazo MÁXIMO de 24
horas, sendo conduta desumana a manutenção de alguém preso ilegalmente, especialmente
quando a segregação acontece em um sistema carcerário já declarado como Estado de Coisas
Inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADPF 347.

DETERMINO, por fim, nos termos do art. 2º, §1º, da Resolução 108/2010, do Conselho Nacional
de Justiça, não sendo cumprido o alvará de soltura no prazo de 24 horas, deverá ser oficiado à
Promotoria da Execução Penal, à Coordenação de Monitoramento Carcerário e às representantes
do Conselho Nacional de Justiça, designada para acompanhamento do programa Justiça
Presente, para ciência e adoção das providências cabíveis.

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SERVE A PRESENTE DECISÃO DE MANDADO JUDICIAL/OFÍCIO.
Imperatriz/MA, 20 de agosto de 2021.

Juíza Denise Pedrosa Torres

Titular da Central de Inquéritos e Custódia

Comarca de Imperatriz/MA

SELO JUDICIAL GRATUITO

Nº 1760172

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