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História Moderna e Contemporânea III (GHT 00613)

Unidade 4: A Segunda Revolução Industrial,1870-1910

David S. Landes. Prometeu desacorrentado. Rio de Janeiro, Nova Fronteira,


1994. Introdução, p. 5-47; cap. 5. Falta de ar e recuperação do fôlego, p. 239-
367.
(Original em inglês de 1969).
Introdução:

- “revolução industrial” (com letras minúsculas) => “complexo de inovações


tecnológicas que, substituindo a habilidade humana pelas máquinas e a
força humana e animal pela energia de fonte inanimada, introduzem uma
mudança que transforma o trabalho artesanal em fabricação em série e,
ao fazê-lo, dão origem a um economia moderna”. (p.5).
- “Revolução Industrial” (com letras maiúsculas) => o 1º exemplo histórico
do avanço de uma economia agrária e dominada pela habilidade artesanal
para uma economia dominada pela indústria e pela fabricação
mecanizada. A Revolução Industrial começou na Inglaterra no século
XVIII, de onde se difundiu para os países da Europa Continental e para
algumas áreas de além-mar. Num intervalo que mal chegou a duas
gerações [1 geração = 30 anos], transformou a vida do homem ocidental, a
natureza de sua sociedade e seu relacionamento com outros povos do
mundo” (p. 5-6).
Cap. 5. Falta de ar e recuperação do fôlego (p. 239-367)
Obs.: capítulo sobre a “Segunda Revolução Industrial”

- Entre 1873 a 1896 => crises e explosões de crescimento. Queda dos


preços e dos lucros.
- Recuperação econômica nos fim do século XIX => euforia geral => a era
eduardiana (1901 a 1910, no Reino Unido, durante o reinado do rei
Eduardo VII; rainha Vitória morreu em janeiro de 1901, sucessão; fim da
era vitoriana), a Belle époque (na França).
- Euforia da Belle époque x período da Grande Guerra e dos anos seguintes
ao conflito.
- Apesar do impacto da Grande Guerra, o “sistema [econômico] já estava
passando por uma dolorosa transformação”.
- séc. XIX => deflação aguda e prolongada entre 1817 e 1896, mas aumento
sem precedentes da população e da expansão econômica => aumento da
produtividade.
- Queda dos preços tem a ver com as singularidades da Revolução
Industrial.
- Grã-Bretanha, a 1ª a se industrializar => perdeu sua supremacia industrial
na década de 1890 para os EUA e a Alemanha, mas se manteve como
mediadora do comércio e das finanças mundiais.
Obs.: auge do poder econômico inglês => década de 1850.
- A partir de 1870, com exceção da siderurgia, “a indústria inglesa esgotou o
impulso trazido pelo grupo original de inovações que havia constituído a
Revolução Industrial”.
- Segunda Revolução Industrial => “uma série de grandes avanços abriu
novas áreas de investimento. Esses anos [final do séc. XIX e início do XX]
assistiram à vigorosa infância, senão ao nascimento, da energia e dos
motores elétricos; da química orgânica e dos sintéticos; do motor de
combustão interna e dos dispositivos automotores; da indústria de
precisão e da produção em linhas de montagem – um feixe de inovações
que mereceu o nome de Segunda Revolução Industrial” (p. 243).

- Conjunto de inovações marcou o início de segundo ciclo de crescimento


industrial.
- 1873-1890 => crise industrial, econômica; 1890-1914 => início de uma
nova aceleração industrial e econômica.
- A Alemanha: em 1870, sua economia estava muito atrás da inglesa
quanto à assimilação e disseminação da tecnologia da Revolução
Industrial. Em 1870, a Alemanha retomou seu crescimento industrial,
que ainda não havia se esgotado, “quando as novas oportunidades do fim
do século deram outro empurrão em sua economia”.

Obs.: imperialismo britânico => extroversão da economia durante todo o


século XIX. Nesse período, a Inglaterra anexou grandes áreas da Índia,
Oceania e África do Sul, e sua esfera de influência comercial ampliou-se para
a maior parte da América Latina, costa e do sul da África e leste asiático.
Obs.: no último terço do séc. XIX => a expansão comercial se alterou muito
=> o monopólio cedeu lugar à concorrência; além disso, a Inglaterra não era
mais sozinha a oficina do mundo.
Þ Passagem do monopólio para a competição deu o tom da iniciativa
industrial e comercial da Europa => marca da Segunda Rev. Industrial.
Þ “O crescimento econômico passou então a ser também a luta econômica
– uma luta que serviu para separar os fortes e os fracos, desencorajar
alguns e endurecer outros, e favorecer as nações novas e ávidas à custa
das antigas. O otimismo em relação a um futuro de progresso infindável
cedeu lugar à incerteza e a um sentimento de agonia, no sentido clássico
da palavra. Tudo isso fortaleceu – e, por sua vez, foi fortalecido – por
rivalidades políticas que se aguçaram, fundindo-se essas duas formas de
competição no surto final de avidez de terras e na caçada de ‘esferas de
influência’ que foram chamados de Novo Imperialismo” (p. 248).
Obs.: “Novo Imperialismo”, pois Landes se refere à expansão na Europa
iniciada no séc. XI.
- De 1876 a 1914, as potências colonialistas do mundo anexaram mais de
11 milhões de milhas quadradas de território”(p. 248).
- Expansão => significados políticos: o Sol nunca se punha no Império
britânico.
- Em 1870, os melhores mercados já tinham sido anexados ou
informalmente integrados à economia europeia em expansão. No
entanto, devido à pobreza desses países de além-mar, “às vésperas da
Primeira Guerra Mundial, as potências industrializadas do mundo ainda
eram as melhores clientes umas das outras”(p. 249). Assim como eram
“suas próprias melhores freguesias” [seus mercados internos].
- Europeus são os consumidores mais ricos do mundo; seu número e sua
riqueza aumentavam mais depressa do que nas áreas de além-mar. Entre
1870 e 1910, grande aumento da população da Europa, sobretudo, mas
não somente, nos países mais industrializados (Reino Unido e Alemanha);
grande aumento das rendas nacionais.
- “Mais importante do que o crescimento do poder global de compra foi a
mudança do padrão de consumo”.
- Elevação da renda per capita atingia até as camadas mais baixas da
população entre 1870 e 1910.
- Liberação de “somas crescentes para a aquisição de produtos
manufaturados em vez de alimentos, de confortos materiais em vez de
gêneros de primeira necessidade” (p. 249).
- Depois de 1875, queda dos preços de alimentos (grãos vindos da América
do Norte, sul da Rússia; carnes e outros alimentos das áreas tropicais e
semitropicais).
- “Foi preciso uma combinação de aperfeiçoamentos tecnológicos para
possibilitar esse aumento e diversificação radicais do abastecimento de
gêneros alimentícios na Europa: as ferrovias, que ligaram regiões
agrícolas interioranas ao mar; o transporte marítimo mais eficiente, que
levou a um aumento acentuado da capacidade e a uma queda
correspondente das taxas de frete; as novas técnicas de cultivo,
especialmente a lavoura irrigada em planícies desérticas; e os novos
métodos de conservação de alimentos, entre eles o enlatamento e a
refrigeração”(p. 249-250).
- Diante da concorrência de produtos externos, houve uma resposta
tecnológica de setores de produtos alimentícios europeus =>
especializações (ex.: Suíça e França: queijos); uso extensivo de
fertilizantes.
Þ “O resultado foi o mais elevado padrão de alimentação que o mundo já
havia conhecido” (p. 250).
Þ Melhoria dos transportes também reduziu o preço dos produtos
manufaturados.
Þ Processo sistemático de urbanização => as necessidades dos
consumidores aumentaram. Consumidores aptos e dispostos a comprar
acima da linha da necessidade (diferentemente do que ocorria nos
períodos anteriores).
Þ Inovação tecnológica => novos métodos de distribuição varejista => lojas
de departamento e cadeias de lojas (magazines com sucursais): preços
fixos, direito de devolução, embalagens padronizadas, encomendas
através de catálogos, vitrines, liquidações e propaganda. Comerciantes e
industriais cultivando mudanças de acordo com a moda; reputação de
marcas registradas e nomes comerciais.
Þ Relação entre a nova tecnologia industrial e o caráter do consumo.
Þ Grandes avanços – aço barato, indústria de precisão, energia elétrica –
nova gama de bens de consumo (bens de consumo durável) como a
máquina de costura, relógios baratos, bicicletas, iluminação elétrica).
Þ “Expansão da produção: primordialmente baseada nos bens de capital e
no complexo de demandas associadas às ferrovias; só foi possível nesse
novo tipo de mercado não ligado à subsistência básica” (p. 251).
- “O rigor da competição pelos mercados externos e a importância
concomitante crescente da demanda interna levaram a uma intensa
reação contra a liberdade econômica, e portanto, contra a insegurança de
meados do século. A liberalização do comércio mal fora atingida quando
a maré se inverteu” (p. 251).

- “Até na Inglaterra, a confiança no livre comércio ficou abalada” (p. 252).

- Encapsulação dos mercados nacionais e esforços para minimizar a


concorrência internacional.
- “Multiplicação dos cartéis de controle dos preços e da produção. Os cartéis
tiveram seu número e eficiência máximos na Alemanha” (p. 252).
- Cartéis: associações de empresas independentes. Cartel: acordo entre
empresas concorrentes para controle de preços e produção, divisão de
clientes e mercados
- Cartéis na Inglaterra menos rígidos na Inglaterra e muito rígidos na
Alemanha.
- Trustes: “instituições monopolistas ou de pretensões monopolistas que
agrupavam uma parcela considerável das empresas produtoras de
determinado ramo em vários graus de amalgamação” (p. 254).
- Truste: a fusão de várias empresas (concentração) de modo a formar um
monopólio com o intuito de dominar determinada oferta de produtos
e/ou serviços”.
- “Os trustes foram a resposta da Inglaterra à integração e à concentração
da indústria alemã” (p. 254).
=> passagem de um sistema industrial uninacional para outro multinacional.

Þ Mudança de vida em meio a uma transformação tecnológica => adaptação


difícil => ressentimentos e inimizades nascidos do equilíbrio alterado do
poder político.
Þ “as dores de crescimento de um sistema em processo de germinação” (p.
256).
- Nas últimas décadas do século XIX=> o avanço tecnológico prosseguia
também nas indústrias mais antigas (p. 256).

Progresso tecnológico entre 1890-1914:

a) Novos materiais e novas maneiras de preparar materiais antigos;


b) Novas fontes de energia e força;
c) Mecanização e divisão do trabalho.
NOVOS MATERIAIS:
A idade do aço;
Uma nova indústria química.

NOVAS FONTES DE ENERGIA E FORÇA:


O vapor e as máquinas a vapor;
Combustão interna e novos combustíveis;
Eletricidade.

MECANIZAÇÃO E DIVISÃO DO TRABALHO.

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