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de infraestrutura
e o risco de
corrupção e
inviabilidade
econômica:
uma análise exploratória
GTOP
Obras Públicas
Instituição executora
Centro de Inteligência Territorial (CIT)
Grandes obras de infraestrutura e o
risco de corrupção e inviabilidade
econômica: uma análise exploratória
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GTOP
Obras Públicas
2 Grandes obras de infraestrutura e o
risco de corrupção e inviabilidade
econômica: uma análise exploratória
Grandes obras de
infraestrutura e o
risco de corrupção e
inviabilidade econômica:
uma análise exploratória
Raoni Rajão
José Leomar Fernandes Júnior
Lidiane Pedra Vieira Melo
SUMÁRIO
RESUMO EXECUTIVO................................................................................................ 5
1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 6
5 CONCLUSÃO................................................................................................... 37
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 39
Grandes obras de infraestrutura e o
risco de corrupção e inviabilidade
econômica: uma análise exploratória
5
RESUMO EXECUTIVO
1
INTRODUÇÃO
Megaprojetos envolvem grande com- dos, pois se tem controle total do proces-
promisso de investimento, complexida- so, ou seja, decide-se pela continuidade
de de planejamento e execução elevada ou não de um megaprojeto. Envolve es-
e impacto duradouro na economia, no tudos de viabilidade técnica, econômi-
meio ambiente e na sociedade (BROO- ca, social e ambiental, seguidos da ela-
KES; LOCATELLI, 2015). Frequentemen- boração de um projeto de engenharia
te, os megaprojetos tomam a forma de básico capaz de subsidiar o processo de
obras de infraestrutura de transporte licitação pública e fornecer suporte ao
(ex.: aeroportos, rodovias, ferrovias) e cliente na busca por financiamento para
geração de energia (ex.: usinas nuclea- o empreendimento, seja com bancos co-
res, refinarias e hidrelétricas). merciais, bancos de desenvolvimento e
Os megaprojetos, que envolvem instituições de financiamento interna-
grandes volumes de recursos e desem- cionais.
penham papel estratégico no desen- Após o processo de licitação públi-
volvimento de toda a nação, têm como ca, o cliente assina o contrato principal
cliente financiador (i.e., Sponsor) enti- com uma ou mais empresas ganhado-
dades governamentais, grandes empre- ras, geralmente do setor de construção
sas privadas que atuam como concessio- ou engenharia, que eventualmente sub-
nárias de serviços públicos e parcerias contratam outras empresas para reali-
público-privadas. Em todos os casos é zar as partes principais do contrato, até
necessária a atuação governamental, o limite admitido pela legislação vigente
direta ou indireta, a partir de planeja- (STANSBURY, 2005). A referência capaz
mento e licenciamento ambiental. Além de impedir que as negociações e sub-
disso, competência e honestidade no contratações comprometam o desem-
planejamento da utilização dos recur- penho dos megaprojetos são o edital e
sos públicos são cruciais para o sucesso o projeto executivo o qual preferencial-
desses projetos, uma vez que envolvem mente deve ser executado por empresa
a quantificação e alocação dos custos a contratada e da confiança do cliente.
serem arcados pela sociedade.
Megaprojetos caracterizam-se pela
A fase inicial de planejamento é de- necessidade de análise comparativa das
cisiva para que os objetivos sejam atingi- modalidades de oferta da infraestrutu-
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ra, como, por exemplo, a escolha entre Além disso, são frequentes os ca-
os modos de transporte (rodoviário, fer- sos de corrupção nesse segmento da
roviário, hidroviário, dutoviário) de dada economia, o que afeta negativamente
safra agrícola ou produção mineral e as a sociedade em termos de crescimen-
formas de geração de energia (hidre- to econômico, violação de direitos civis
letricidade, nuclear, termeletricidade) e políticos, diminuição dos investimen-
para dada região do país. Em razão da tos estrangeiros e nacionais e piora da
complexidade, da multidisciplinaridade qualidade da infraestrutura pública
e por envolverem elevadas quantias de (SOHAIL; CAVILL, 2008). E não se trata
dinheiro, há alto risco de suborno, cor- de um problema exclusivo de um país
rupção e superfaturamento. ou de um tipo de infraestrutura, pois há
Deve-se destacar que a finalidade casos de destaque no Brasil e na Alema-
das etapas de projeto (básico e execu- nha, como atestam os casos da refinaria
tivo) é reduzir a complexidade e, con- Abreu e Lima em Pernambuco (RNEST),
sequentemente, o risco de má gestão, da Ferrovia de Integração Oeste-Leste,
suborno, corrupção, superfaturamento localizada entre os estados da Bahia e do
e reivindicações (claims) excessivas, o Tocantins (FIOL), e do aeroporto de Ber-
que só é possível mediante o conheci- lim, em que os gastos totais superaram
mento dos fatores intervenientes. Daí a em vários bilhões o orçamento original,
necessidade de estudos detalhados dos com prazos dilatados ou obras incom-
fatores econômicos e sociais que condi- pletas. Nos exemplos brasileiros, FIOL e
cionam a demanda, bem como dos as- RNEST, também foram comprovados su-
pectos geológico-geotécnicos, hidrográ- perfaturamentos em auditorias do TCU,
ficos, climáticos e ambientais da região culminando com condenações de agen-
do megaprojeto. tes públicos e empresários por corrup-
ção no âmbito da Operação Lava Jato.
Apesar de os megaprojetos de in-
fraestrutura serem relevantes para a A corrupção e a realização de pro-
promoção do desenvolvimento regio- jetos economicamente inviáveis geram
nal e nacional, a execução desse tipo prejuízos sistêmicos para toda a socieda-
de empreendimento muitas vezes gera de (TANZI; DAVOODI, 1998). Em primeiro
perdas econômicas substanciais. Essas lugar, a maior prevalência de esquemas
perdas incluem custos muito acima dos de corrupção está ligada ao aumento na
previstos nos orçamentos e prazos de alocação de investimento em megapro-
execução, retardando demasiadamente jetos de infraestrutura, mas ao mesmo
a entrada em serviço das obras e com- tempo a menos efetividade desses in-
prometendo duplamente a viabilidade vestimentos. Em segundo lugar, visto o
econômica ao aumentar os custos e di- maior ganho político e possibilidades de
minuir os benefícios. desvios oferecidas pelos megaprojetos,
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novas obras são iniciadas sem concluir tico dos fatores que contribuem para o
as já em andamento e, também, há re- surgimento de esquemas de corrupção
dução da manutenção de obras já con- e o comprometimento da viabilidade
cluídas. Desse modo, apesar dos novos de megaprojetos de infraestrutura. São
investimentos, ocorre deterioração das apresentados instrumentos desenvol-
infraestruturas e redução do crescimen- vidos pela academia e por setores pú-
to econômico. Em terceiro lugar, inves- blicos e privados para mitigar os riscos
timentos em megaprojetos inviáveis e de corrupção e de comprometimento da
ligados a esquemas de corrupção redu- viabilidade dos megaprojetos, havendo,
zem os recursos disponíveis para outros na sessão final deste relatório, a apre-
serviços essenciais, como educação e sentação de ferramentas de modelagem
saúde, gerando prejuízos para a socie- espacialmente explícitas para avaliação
dade no longo prazo. econômica de megaprojetos de infraes-
trutura de transportes e de apoio à au-
Por outro lado, esforços para comba- ditoria de projetos. A sequência do tra-
ter a corrupção e melhorar a qualidade balho (Produto 3) trará as experiências
dos megaprojetos de infraestrutura ge- concretas internacionais com o uso dos
raram resultados relevantes. Por exem- instrumentos aqui apresentados, sua
plo, levantamento realizado pela Trans- relevância, potencialidades e limitações
parência Internacional mostra que três no contexto brasileiro.
anos após o desmonte de um esquema
de corrupção em Milão, os custos de 1.1 Fatores causadores de corrupção
construção ferroviário, da rede de me- em megaprojetos de infraestrutura
trô subterrânea e da pista de pouso do
aeroporto da cidade caíram mais de 50% Megaprojetos normalmente apre-
(TRANSPARENCY INTERNATIONAL apud sentam diferentes fases, cada uma en-
TANZI; DAVOODI, 1998). volvendo diferentes times de geren-
ciamento e requisitando handovers
Além disso, a adoção de instrumen-
(transferência de responsabilidade)a
tos como o Five Case Model e o Reference
cada etapa concluída para que as em-
Class Forecasting pelo Reino Unido, Nova
presas contratadas possam seguir para a
Zelândia, entre outros, revela a possibi-
próxima fase. Mesmo que um único con-
lidade de se reduzirem os riscos de cor-
tratante realize todas as fases do projeto,
rupção e lançamento prematuro ligados
ele normalmente subcontrata diferentes
a megaprojetos (FLYVBJERG, 2006; HM
elementos, o que cria dificuldades de
TREASURY - HMT, 2013a).
controle e supervisão. Além disso, me-
O presente relatório tem como obje- gaprojetos envolvem uma série de cate-
tivo apresentar os principais referenciais gorias profissionais, com diferentes pa-
teóricos que podem ajudar no diagnós- drões de habilidade, códigos de conduta
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e integridade, não sendo comum uma A cadeia contratual de um megapro-
responsabilização geral ou centralizada jeto é complexa, com muitas ligações
pelos atos (STANSBURY, 2005). entre fornecedores e subcontratações. A
cada ligação existe oportunidade de al-
Stansburg (2005) ressalta uma série
guém pagar propina em troca de um fa-
de fatores que contribuem para a pro-
vorecimento ilegal. Além disso, o paga-
moção da corrupção dentro de mega-
mento de cada trabalho realizado pode
projetos. A grande maioria dos megapro-
gerar oportunidade de suborno a ser
jetos de infraestrutura é de propriedade
pago como retorno para aprovação de
governamental ou requer aprovação de
trabalho extra, aceitação de serviço de-
agências governamentais desde a eta-
feituoso, extensão de prazo ou acrésci-
pa inicial de planejamento até o uso do
mo indevido nos custos. Muitos compo-
produto final. A complexidade técnica e
nentes de uma obra são superpostos por
econômica dos megaprojetos dificulta
outros, o que dificulta a verificação se
e inibe a cultura da transparência. Ao
sua execução foi de acordo com o padrão
mesmo tempo, a falta de controle sobre requerido e, consequentemente, pode
as ações governamentais e a complexi- deixar empreiteiros tentados a lançar
dade financeira dos projetos facilitam a mão de materiais de qualidade inferior
ocorrência de desvios e corrupção. e subornar funcionários para atestarem
No Brasil, pela Lei de Diretrizes orça- que o trabalho foi realizado de acordo
mentárias (LDO), o TCU tem como atri- com as especificações. Esses fatores
buição informar à comissão Mista de Or- associados à falta de diligência corre-
çamento aqueles empreendimentos que ta dos executantes e de fiscalização de
exibem indícios de irregularidades gra- agentes públicos podem contribuir para
ves1. À medida que as deliberações dos que a corrupção se instale e que a obra
processos vão sendo prolatadas, o TCU seja realizada fora das especificações
comunica as irregularidades ao Congres- (STANSBURY, 2005).
so Nacional. Há vários anos o TCU envia ao Megaprojetos, em razão da comple-
Congresso o relatório denominado “Fis- xidade inerente, devem ser realizados
cobras”, sendo o plano de fiscalização por empresas competentes e consolida-
anual que contempla um grupo de ações das no mercado. Nem sempre, porém, o
de controle do TCU, objetivando verificar processo de escolha é baseado somente
o processo de execução de obras públi- na capacidade técnica comprovada pelo
cas financiadas total ou parcialmente muito bom desempenho das grandes
com recursos da União (TCU, 2020a). obras realizadas, podendo ser decor-
1. Irregularidade grave: fato indicativo de que a obra está sendo contratada ou executada de forma irregular, podendo
causar danos à sociedade. Os tipos de irregularidades graves estão descritas no artigo 118 da LDO (TCU, 2020b).
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Corrupção
Tráfico de Eleitoral
Influência
Advocacia Conclusão
Administrativa
Crimes
da Lei de
Corrupção Licitações
Ativa em
Transação Inserção de
Comercial Dados Falsos
Internacional em Sistemas de
Modificação Informações
ou Alteração Condescendência
Não Autorizada Criminosa
de Sistema de
Informação
Corrupção Crimes de
Peculato Responsabilidade
de Prefeitos e
Vereadores
Emprego
Irregular
de Verbas Improbidade
ou Rendas Administrativa
Públicas Corrupção
Ativa
Prevaricação
Facilitação de
Contrabando ou
Descaminho
Corrupção Violação
Passiva de Sigilo
Funcional
Capacidade Racionalização
DIAMANTE
DA FRAUDE
Pressão Oportunidade
2
VIESES E DETURPAÇÕES NA
EXECUÇÃO DE MEGAPROJETOS
DE INFRAESTRUTURA
Decisão para
análise de Detalhamento Business Decisão
Proposta Avaliação Decisão para Business Case do Business Decisão Case de para assinar Execução
Inicial Estratégica continuar Preliminar pequena lista para investir do Projeto Operação
de opções Case Implementação contrato
Estudos de Pré-viabilidade
Identificar benefícios
2. Obra pública entende-se como toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação de bem público
(TCU, 2014).
Grandes obras de infraestrutura e o
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a compatibilidade entre os recursos dis- mitido a partir de dados empíricos so-
poníveis e as necessidades da população bre casos pretéritos (FLYVBJERG, 2006;
afetada. Com a conclusão dos estudos e 2008).
definição da alternativa, deve-se prepa- No caso dos megaprojetos, esse viés
rar relatório com a descrição e avaliação otimista faz com que engenheiros, eco-
da opção selecionada, suas característi- nomistas e agentes políticos tendam a
cas principais, os critérios, índices e pa- desenhar cenários irreais que superesti-
râmetros empregados na sua definição, mam os benefícios, subestimam os cus-
demandas que serão atendidas com a tos. Para aumentar o sucesso dos em-
execução e pré-dimensionamento dos preendimentos, o processo de análise
elementos, isto é, estimativa do tama- das alternativas deve procurar identifi-
nho de seus componentes (TCU, 2014). car e avaliar o impacto das variáveis que
Muitas vezes, porém, esses estudos estão fora do controle direto do executor
sofrem com um forte viés otimista que do projeto, dirimindo o máximo possível
coloca o projeto em uma ótica positiva a imprevisibilidade (veja análise de risco
pouco realista. Uma vez que a cadeia de adiante). Como consequência do viés do
atos envolta com a tomada de decisão otimismo é comum que os proponentes
dos megaprojetos retrata um entrela- dos projetos ignorem esses riscos e as-
çamento de várias premissas, há ainda sumam como pressuposto que a execu-
uma impulsão desse viés do otimista ao ção da obra de infraestrutura será rea-
longo da vida útil do megaprojeto, es- lizada em condições ótimas (DENICOL;
pecialmente porque em sua fase preli- DAVIES; ILIAS, 2020; FLYVBJERG; BRU-
minar, diante da significativa escassez ZELIUS; ROTHENGATTER, 2003).
de informações, sobrexiste mais espaço O viés do otimismo é um autoenga-
para a ancoragem em tal viés, o que tor- no, não sendo intencional. São comuns
na o problema sistemático. O problema também casos em que funcionários, sob
torna-se particularmente agudo quando pressão ou cooptação de agentes políti-
visões pessimistas são suprimidas e opi- cos, explicitamente produzem análises
niões otimistas recompensadas e, como excessivamente otimistas de forma pro-
resultado, as pessoas perdem a capaci- posital. Estimativas e previsões iniciais
dade de pensar criticamente (HMT, 2011; são usadas de forma enganosa para in-
LOVALLO; KAHNEMAN, 2003). Esse viés formar a tomada de decisão e obter o
otimista, também conhecido como a fa- alinhamento e o apoio necessários das
lácia do planejamento no âmbito da in- partes interessadas (incluindo o contri-
fraestrutura, é causado pela predisposi- buinte), para prosseguir com o projeto
ção cognitiva encontrada na maioria das preferido. Ao subestimar o custo ou a
pessoas para julgar eventos futuros sob duração, pode-se conduzir a decisões ir-
uma luz mais positiva do que seria per- realistas, conflitantes e saturadas de in-
18 Grandes obras de infraestrutura e o
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teresses pessoais ou políticos. Esse tipo uma proposta de valor baixo, as emprei-
de uso instrumental de análise de cus- teiras muitas vezes mencionam a exis-
to-benefício é conhecido também como tência de supostos “fatores imprevisí-
deturpação estratégica e muitas vezes veis”, que não foram considerados nos
está ligado à formação de esquemas de contratos, e com base nisso solicitam
corrupção durante a execução de mega- aditivos (claims) ao contratante, aumen-
projetos de infraestrutura. Projetos de tando o custo total de modo a concluir
engenharia que substituam drastica- as obras. Essa estratégia também conta
mente os riscos e variáveis da execução algumas vezes com servidores estrategi-
de megaprojetos (ex.: chuvas sazonais, camente posicionados, que são respon-
prazos para licenciamento, característi- sáveis pela avaliação dos contratos ori-
ginais e sua aprovação. Assim, já foram
cas do terreno) fornecem oportunidades
comprovados casos cujo viés otimista é
para a criação de esquemas de corrup-
adotado de modo explícito desde o início
ção (FLYVBJERG; BRUZELIUS; ROTHEN-
do projeto, já prevendo reivindicações
GATTER, 2003).
futuras de modo a desviar recursos ou
Parte dos problemas surge durante garantir o resultado da concorrência de
o processo de licitação e execução das modo fraudulento (ROOKE; SEYMOUR;
obras. Após ganhar a concorrência com FELLOWS, 2004; TANZI, 1997).
3
MEDIDAS DE MITIGAÇÃO DO RISCO
DE PERDAS ECONÔMICAS COM
MEGAPROJETOS DE INFRAESTRUTURA
3. O VPL busca estimar o valor presente de um certo investimento ao considerar pagamentos futuros projetados,
descontados à taxa-desconto apropriada, menos o custo do investimento inicial em bens capitais (CAPEX). Um VPL
positivo indica que o projeto é economicamente viável. O TIR representa a taxa de desconto (i.e., juros) máxima no
qual um investimento ainda terá VPL positivo.
4. Sistemática Corporativa de Projetos de Investimentos do Sistema Petrobras.
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econômica: uma análise exploratória
Por que a mudança (incluindo a racionalidade por trás da intervenção)? Qual a situação atual?
Estratégica O que deve ser feito? Quais são os resultados esperados? Como esses resultados se encaixam
em políticas e objetivos governamentais mais amplos?
Qual o valor líquido para a sociedade (o valor social) da intervenção em comparação à continui-
Econômica dade do business as usual? Quais são os riscos e os custos desses riscos e como eles podem ser
mais bem gerenciados? Qual opção reflete o valor líquido ideal para a sociedade?
Um acordo comercial realista e creditável pode ser alcançado? Quais os riscos e quem será
Comercial
responsável por gerenciá-los?
Qual o impacto da proposta no orçamento do setor público em termos de custo total tanto de
Financeira
capital quanto de receita?
Gerencial Existem planos de entrega realistas e robustos? Como a proposta pode ser entregue?
Fonte: HMT (2018).
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mentos são encorajados a coletar dados reais, diminui-se o risco de vieses e de-
atuais para permitir futuras estimativas turpações estratégicas que resultam na
sobre otimismo. Enquanto isso, deve-se aprovação de megaprojetos de infraes-
usar os melhores dados disponíveis. trutura inviáveis.
A aplicação do RCF requer a melhoria Por fim, é importante destacar que
no processo de planejamento dos proje- o coeficiente de majoração dos custos
tos. Para isso, é necessário sistematizar do RCF retrata o ambiente e o momen-
e estruturar a documentação dos proje- to em que os dados foram obtidos. Dessa
tos com base em critérios e padrões que forma, os dados precisam ser constan-
possibilitem que os dados e os resulta- temente atualizados para retratarem
dos possam ser utilizados como base eventuais mudanças estruturais.
para projetos posteriores (KAHNEMAN, Tendo em vista o risco de deturpação
2012). Definir e compreender melhor o de métodos, é importante que os órgãos
escopo e aprimorar a análise de riscos de controle possam também realizar es-
dos eventos que podem ocorrer no pro- tudos técnicos de modo independente,
jeto também são fatores imprescindíveis a fim de verificar a idoneidade dos re-
para melhorar o planejamento e contri- sultados apresentados pelo Executivo e
buir para o sucesso do projeto. iniciativa privada no processo de licita-
O RCF não tenta prever todos os ção. Dessa forma, reforça-se a impor-
eventos incertos específicos que afeta- tância de que os projetos sejam sempre
rão o projeto em particular. Em vez disso, acompanhados de perto por entes inde-
ele coloca o projeto em uma distribui- pendentes, como é o caso dos Tribunais
ção estatística de resultados na classe de Contas (FLYVBERG, 2006). O ideal é
de projetos de referência (FLYVBERG, que os megaprojetos sejam monitorados
2006). Nos casos de aplicação desse durante todo o ciclo de vida do projeto,
método, como no Reino Unido, existe um permitindo que eventuais desvios de
comprometimento do poder público em viabilidade sejam identificados de forma
exigir a utilização de evidências de pro- tempestiva.
jetos anteriores para estudos de novos Na próxima seção, serão apresenta-
projetos (HMT, 2003a; 2018). Visto que dos modelos computacionais que podem
existe o risco de que grande parte da auxiliar no processo de auditoria de me-
amostragem contenha irregularidades, gaprojetos com foco nas infraestruturas
como superfaturamento, o RCF não pode de transporte. Esse tipo de infraestrutu-
ser utilizado como método para detectar ra foi selecionado visto que existem mais
fraudes. Contudo, ao introduzir nas fa- métodos maduros e mais possibilidade de
ses iniciais do projeto dados sobre cus- comparação entre projetos do que outros
tos, prazos e benefícios a partir de casos tipos de megaprojetos de infraestrutura.
Grandes obras de infraestrutura e o
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econômica: uma análise exploratória
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Realizar estudos não quer dizer que as análises estejam completas ou que sejam
confiáveis. Esses estudos podem sofrer influência de interesses pessoais, políticos,
entre outros aspectos que podem fazer com que a análise não demonstre as reais
previsões dos projetos, de forma que os custos sejam subestimados, os benefícios
superestimados, efeitos socioeconômicos não sejam considerados, impactos so-
cioambientais ignorados, riscos não sejam tratados (FLYVBERG; BRUZELIUS; RO-
THENGATTER, 2003; FLYVBERG; HOLM; BUHL, 2002).
O relatório de auditoria da Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura de Petróleo,
Gás Natural e Mineração (SEINFRAPETRÓLEO) do TCU sobre a Refinaria Abreu e Lima
(Refinaria do Nordeste - RNEST) traz um exemplo contundente desses problemas.
Durante o FEL3, quando foi feita a engenharia básica do projeto, o CAPEX aumentou
substancialmente, alcançando mais de US$ 13 bilhões, e o VPL passou a ser negati-
vo. Mesmo assim, o projeto foi aprovado para a próxima etapa, já que o TIR ainda era
de 7,4%, o que justificaria o projeto mesmo à taxa de desconto razoavelmente alta.
Nos anos seguintes, durante a implementação do projeto, o CAPEX continuou subin-
do, enquanto os benefícios estimados eram reduzidos substancialmente, sendo que
em 2015 a própria Petrobras já estimava VPL negativo de aproximadamente US$ 20
bilhões (TCU, 2016).
Essas mudanças radicais nas estimativas sugerem as seguintes situações: profunda
incapacidade técnica dos engenheiros e gestores da Petrobras em realizar análises
de viabilidade realistas (i.e., viés do otimismo) e/ou manipulação dos estudos de
viabilidade como parte do processo de instauração do esquema de corrupção (i.e.,
deturpação estratégica). Em ambos os casos fica clara a limitação do FEL e outros
métodos em garantir a objetividade e idoneidade dos gestores. Como constatado
pelos auditores do TCU, “o estudo da cadeia decisória da implantação das obras da
Rnest resultou na evidenciação de uma sucessão de atos irregulares de gestão que
contribuíram para a atual condição de inviabilidade econômica da refinaria” (TCU,
2016, p. 43).
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4
IMPORTÂNCIA DOS MODELOS
COMPUTACIONAIS NA AUDITORIA
DE PROJETOS DE INFRAESTRUTURA
DE TRANSPORTE
nos de 5.5 Km das estradas, sendo 85% no ria um ganho para sociedade de US$ 78
entorno de rodovias estaduais e federais. milhões, considerando o valor presente
Com base nesses mesmos dados, diferen- líquido em 25 anos. Porém, ao conside-
tes estudos simularam impacto ambiental rar o custo ambiental da obra principal-
da infraestrutura de transporte no desma- mente na forma de emissões de gases
tamento futuro, indicando os custos am- de efeito estufa causados pelo desma-
bientais gerados pelas emissões de gases tamento induzido pela pavimentação, o
de efeito estufa, perda da biodiversidade, projeto traz um prejuízo de US$ 1.1 bi-
regulação das chuvas, entre outros servi- lhão para sociedade. A mesma aborda-
ços ecossistêmicos (BARNI; PHILIP; GRA- gem foi utilizada também por Vilela et
ÇA, 2015; FEARNSIDE; GRAÇA, 2006). al. (2020) ao desenvolver a análise de 72
Alguns desses autores, como Soa- projetos de infraestrutura de transporte
res-Filho et al. (2004), identificaram na bacia Amazônica. O estudo compara
a importância da criação de unidades os investimentos com retorno positivo
de conservação (UCs) como “barreiras” para a sociedade, além de listar as obras
contra o desmatamento, que se irra- mais prioritárias com base no resultado
diaria de rodovias como a BR-163, entre da análise de custo-benefício.
Cuiabá e Santarém. Esses estudos foram Essas abordagens de simulação ci-
então adotados pelo governo no estabe- tadas podem se tornar um instrumento
lecimento de condicionantes ambientais importante no processo de auditoria de
para a obra, levando à demarcação de contas públicas. O software HDM-4 já
uma rede de UCs. é adotado para avaliar os contratos de
Mais recentemente, alguns estudos concessão de obras de infraestrutura de
buscaram expandir as abordagens tra- transporte, simulando estratégias de in-
dicionais de análise de custo-benefício tervenção nos pavimentos de uma dada
de modo a incluir também a simulação malha viária, ao longo do período de
de impactos ambientais na análise cus- concessão, e os custos de construção, de
to-benefício de investimentos em in- manutenção e reabilitação e, principal-
fraestruturas de transporte. Por exemplo mente, de operação dos veículos (consu-
Amend, Fleck e Reid (2013) demonstram mo de combustível, desgaste de pneus,
como a análise de custo-benefício apre- tempo de viagem, emissão de poluentes
sentada pelo Departamento Nacional etc.) em função da frota veicular e da
de Infraestrutura de Transportes (DNIT) condição dos pavimentos. O HDM-4 tam-
para a BR-319 chegaria a resultados di- bém pode auxiliar os auditores do TCU
ferentes caso fossem considerados os na avaliação de propostas submetidas
impactos ambientais. Ao analisar so- por concessionárias de rodovias quan-
mente o custo da obra e os benefícios do dos processos licitatórios. Todavia, o
econômicos da mesma o DNIT calcula HDM-4 tem sido utilizado pela Empresa
que a repavimentação da BR-319 tra- de Planejamento de Logística (EPL), pelo
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risco de corrupção e inviabilidade
econômica: uma análise exploratória
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Ministério de Infraestrutura, pela Agên- da BR-319 saindo de Porto Velho até Hu-
cia Nacional de Transportes Terrestres maitá, observou-se aumento do desma-
(ANTT), pelo Departamento Nacional de tamento no estado do Amazonas de 465%
Infraestrutura de Transportes, por orga- entre 2009 e 2019 (INSTITUTO NACIONAL
nismos estaduais e por concessionárias DE PESQUISAS ESPACIAIS - INPE, 2020).
de rodovias, principalmente para avaliar
Historicamente, o processo de es-
projetos específicos.
colha locacional para a construção de
Assim, diferentes projetos são anali- infraestruturas de transporte terrestre
sados de modo separado, mesmo nos ca- é influenciado principalmente por ques-
sos em que diferentes projetos compe- tões políticas ou seguindo o traçado de
tem pela mesma carga para tornarem-se rotas já estabelecidas anteriormente.
economicamente viáveis (ex.: Ferrogrão Muitas das principais estradas surgiram
e FIOL). Desse modo, acaba tornando- espontaneamente, inicialmente, como
-se pouco relevante para a avaliação do trilhas utilizadas pela fauna e populações
problema que o megaprojeto busca solu- nômades, e posteriormente sendo am-
cionar, em comparação às alternativas. pliadas e pavimentadas (RIBEIRO, 1995).
O uso de diferentes tratativas, pressu- Existe também alto grau de dependência
postos e dados de entrada por projetos no processo de evolução histórica das
de natureza similar torna mais difícil a estradas, sendo que as principais vias de
comparação entre eles e a identificação transporte no Brasil e na Europa seguem
de eventuais vieses e deturpações estra- o traçado da Estrada Real no Brasil e as
tégicas. Por exemplo: para se tornar eco- estradas construídas no período roma-
nomicamente viável, o estudo submetido no na Europa, respectivamente. Em um
pelo DNIT como parte do licenciamento contexto de integração econômica regio-
para pavimentação da BR-319 indica que nal cada vez maior, os custos de trans-
a rodovia irá ser utilizada como modo de porte tornaram-se uma das importantes
transporte de mais de 7 milhões de tone- barreiras do desenvolvimento em países
ladas de produtos agrícolas anualmente, com grandes extensões territoriais. Des-
além de supor que será possível mitigar se modo, foram desenvolvidos nos anos
95% do desmatamento potencial na re- 1930 métodos matemáticos provindos
gião (DNIT, 2008). da área de pesquisa operacional com o
Em comunicações oficiais, porém, o objetivo de simular o funcionamento das
próprio Ministério da Infraestrutura re- redes de transporte e, com isso, apoiar a
conhece que a hidrovia do Rio Madeira, tomada de decisão sobre investimentos
que é de fato a principal via de expor- em infraestrutura. Posteriormente, com
tação de soja e milho da região, possui o desenvolvimento e difusão dos com-
custo muito mais baixo de transporte putadores após os anos 1950, tornou-se
(DNIT, 2020). Ao mesmo tempo, a partir cada vez mais comum a aplicação de
da pavimentação dos primeiros trechos simulações computacionais de tráfico
36 Grandes obras de infraestrutura e o
risco de corrupção e inviabilidade
econômica: uma análise exploratória
intermodal (i.e., rodoviário, ferroviário, direções são permitidos. Com base nessa
hidroviário, etc.) no planejamento e no representação da realidade, o processo
processo decisório de investimentos na de simulação precisa definir uma fun-
infraestrutura de transporte (TRANSPOR- ção objetivo, que indica qual a variável
TATION RESEARCH BOARD - TRB, 2014). mais importante no processo decisório.
No caso de transporte de passageiros ou
O ponto de partida desses modelos
produtos perecíveis, a função objetivo
é a representação matemática da rede
pode ser o tempo de transporte ou a re-
de transporte que se busca simular, as-
dução do custo de transporte, indepen-
sumindo na teoria dos grafos a forma de
dentemente do tempo de viagem (TRB,
nós ou vértices, que indicam as localida-
2014).
des de origem e destino, e arestas, que
representam as vias de transportes em A FIG. 6 representa uma rede de
diferentes modais (BIGGS; LLOYD; WIL- transporte como um grafo direcional,
SON, 1986). Cada uma dessas arestas em que o valor das arestas é o tempo
pode incluir dados sobre o tempo e custo de transporte entre os vértices e os flu-
da viagem, capacidade de transporte da xos têm como origem o vértice A e como
via, entre outras variáveis, enquanto os destino final o vértice H. Nesse caso, é
nós devem conter a demanda e oferta de possível aplicar diferentes modelos para
transporte, normalmente, na forma de calcular o caminho ótimo entre esses
uma matriz de origem e destino. O gra- dois vértices (ex.: A, D, C, G, H).
fo pode ser direcional, no qual o fluxo só
pode ocorrer no sentido indicado pela Figura 6: Representação de uma rede de
seta, ou não, em que fluxos em ambas as transporte como um grafo
5
CONCLUSÃO
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